o imaginário tecnológico do fórum social mundial ii: rede pós-moderna de comunicação?

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  • 7/31/2019 O imaginrio tecnolgico do Frum Social Mundial II: rede ps-moderna de comunicao?

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    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    O IMAGINRIO TECNOLGICO DO FRUM SOCIAL MUNDIAL II:

    REDE PS-MODERNA DE COMUNICAO?

    Ms. Paula Jung Rocha

    PPGCOM da PUCRS

    Introduo

    Pensar o imaginrio tecnolgico implica considerar a questo do desenvolvimento das

    tcnicas de comunicao/informao e a sua relao com os fenmenos societais. Cada fase

    do desenvolvimento tecnolgico corresponde a uma certa caracterstica principal. Na

    modernidade, o avano tecnocientfico faz com que a humanidade alcance um nvel de

    progresso sem precedentes, a chamada fase de conforto. Na contemporaneidade, perodo que

    pode ser tambm denominado como de transio da modernidade para a ps-modernidade, os

    caminhos tecnolgicos j consagrados tomam rumos diferentes. Passados os primeiros

    momentos de medo e fascinao diante da relao homem-mquina, vive-se, hoje, em umambiente que comporta a socialidade e a tecnossocialidade. As novas tecnologias

    proporcionam, alm do aspecto da ubiqidade, o nascimento da cibercultura (ou

    tecnossocialidade).

    As redes de comunicao, estabelecidas como ideais da modernidade, a fim de ligar o

    mundo e suas partes, se efetuam, na contemporaneidade, tambm no ciberespao, ampliando

    ainda mais a possibilidade de troca de conhecimentos e a democratizao do direito de acesso

    informao.Em meio a esse contexto e pertinncia da reflexo sobre as novas tecnologias de

    comunicao e informao, a inteno deste trabalho sua problemtica compreender e

    explicar o imaginrio tecnolgico da segunda edio do Frum Social Mundial como uma

    possvel rede de comunicao ps-moderna.

    Uma vez que se acredita na possibilidade da concretizao do evento se dar em funo

    de uma retribalizao de grupos da sociedade atravs do desenvolvimento das redes de

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    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    comunicao, o interesse desta pesquisa o de investigar a importncia da questo

    tecnolgica nos espaos (texto e contexto) do Frum.

    Analisa-se o imaginrio tecnolgico do FSM II1 a partir do discurso proferido nas

    conferncias relacionadas temtica das tecnologias de comunicao e dos ambientes de

    socialidade e de tecnossocialidade, observados nas prticas e nas formas dos grupos que

    participaram do evento.

    Sendo este evento uma manifestao da diversidade de grupos da sociedade civil, que

    tem por unidade valores polticos e ideolgicos, ocorrido numa poca de intensa globalizao

    das relaes mundiais, faz-se necessrio reconhecer uma nova maneira de estar-junto na

    contemporaneidade. Agregao de indivduos a partir de uma ordem que parece privilegiar ascoisas prximas, domsticas (ideal comunitrio) em um ambiente de emoo, sentimento em

    relao ao outro, tanto no plano presencial quanto nos encontros virtuais proporcionados pela

    disseminao de imagens e de contatos no ciberespao.

    Principalmente, o resgate dos valores arcaicos (tribalismo, imaginrio, ldico, onrico),

    os quais no foram, de todo modo, anulados pelo racionalismo moderno, esto sendo

    revalorizados na contemporaneidade. Isso se verifica nas prticas de socialidade e

    tecnossocialidade, que contemplam as relaes sociais que se efetuam a partir deidentificaes plurais e momentneas, em nvel presencial ou atravs da mediao

    tecnolgica.

    O fundamento metodolgico desta pesquisa encontra-se no paradigma da

    Complexidade e na Sociologia Compreensiva, porque somente os princpios que entendem a

    dialgica e a autonomia/dependncia dos fenmenos contemporneos desenvolvidos por

    Morin cruzam-se com a razo sensvel na qual debrua-se Maffesoli para explicar e

    compreender o resgate de valores arcaicos, no-racionais, irracionais, no-lgicos e ilgicosque se cristalizam na contemporaneidade.

    Com a inteno de se aproximar do objeto de estudo, utiliza-se a tcnica de observador

    participante, a fim de se estabelecer uma atitude de simpatia e de descrio das formas

    encontradas por ocasio da segunda edio do Frum Social Mundial, do dia 31 de janeiro a 5

    de fevereiro de 2002. Durante os seis dias do acontecimento, passou-se pelo local de maior

    concentrao de atividades, a Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, onde

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    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    ocorreram as principais conferncias, seminrios, oficinas, pronunciamentos e passeatas,

    assim como pelo palco de shows na orla do Guaba e tambm pelo Acampamento

    Intercontinental da Juventude.

    Essas experincias levaram ao questionamento a respeito do ambiente de afetividade e

    de diversidade que se captava nas aglomeraes de sujeitos de distintas raas, etnias,

    religies, gneros, com mltiplas propostas, ao mesmo tempo em que se notava a presena

    considervel de aparatos tecnolgicos, que estavam ali justamente para mediar e transmitir as

    relaes que se davam em plano presencial para o universo virtual, sobretudo o ciberespao.

    Atravs da anlise desse ambiente de socialidade e tecnossocialidade, e ainda com a

    abordagem do discurso sobre as tecnologias de comunicao proferido nas confernciasselecionadas, pretende-se verificar se possvel considerar o imaginrio tecnolgico do

    Frum Social Mundial II como uma rede de comunicao ps-moderna.

    A insustentvel leveza da modernidade

    Em uma poca de polmicas, envolvendo a criao de clones humanos e a produo

    de alimentos transgnicos, celebra-se o avano nas pesquisas de mapeamento do cdigogentico e participa-se da maior expanso tecnolgica do homem sob Terra e no seu entorno.

    Iniciada a partir do desenvolvimento das novas tecnologias de comunicao e de informao,

    a Internet, um dos principais expoentes da gerao ciberntica, surge dentro dos redutos

    militares, se consagra como rede de comunicao e torna-se um elemento fundamental a

    influenciar o imaginrio da sociedade ps-moderna.

    Todavia, frente a esses progressos tecnolgicos, muito importantes para a evoluo

    da humanidade, ainda no se conseguiu resolver os principais problemas que atingem grandeparte da populao mundial e que s tendem a aumentar as desigualdades entre ricos e pobres.

    A fome, os conflitos tnicos, religiosos e territoriais, responsveis pelas mortes de milhares de

    civis, a falta de moradia e de saneamento bsico, a ocorrncia de doenas epidmicas e

    endmicas, as catstrofes ecolgicas, etc., so alguns dos exemplos que evidenciam o atraso

    social por que se passa.

    1

    Abreviao para Frum Social Mundial II.

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    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    Diferentes sistemas polticos e dogmatismos ideolgicos mostraram, durante o sculo

    passado, e continuam a provar na atualidade, a carga de insuficincia que trazem consigo. Na

    tentativa de reagir a essa situao de impasse e de falta de resolues concretas, a sociedade

    se rene em grupos menores e prope que os cidados criem seus prprios movimentos: redes

    de comunicao para defender seus interesses, causas e direitos, movidos por um ideal

    comunitrio2. Um sentimento de cidadania planetria parece aumentar conforme o

    crescimento da globalizao, fato que vem confirmar a ambivalncia por trs das relaes

    contemporneas.

    Contextualiza-se o Frum Social II dentro do perodo em que se vive, o qual se

    entende como um tempo marcado pelo avano da globalizao, guiado, principalmente, poruma ordem econmica dita neoliberal e com caracterizaes que remetem chamada

    condio de ps-modernidade.

    Maffesoli (1995) tem uma opinio coerente sobre a impossibilidade de se explicar o

    mundo de hoje com os olhos voltados ao passado, tempo esse deveras comprometido com as

    filosofias econmicas. Para ele, as transformaes, ocorridas principalmente a partir da

    Segunda Guerra Mundial, trazem tona as incertezas de um mundo sedimentado apenas em

    estruturas racionais.Com a falncia dos discursos modernos, que prometiam um mundo redentor, aliada

    velocidade das inovaes tcnicas, o homem contemporneo procura relacionar a sua vida a

    preceitos presentestas (culto ao hedonismo, valorizao do domstico, barroquizao da

    existncia, vnculo comunitrio, imerso no universo das redes tecnolgicas de comunicao,

    prevalncia da esttica, resgate dos valores dionisacos, ldicos, onricos, etc.) porque

    parecem ser mais condizentes com o estilo de vida atual3, o qual agrega o racional, o

    irracional, o no-racional, o lgico, o no-lgico e o ilgico.Faz-se pertinente compreender um momento mpar na histria, que acontece com a

    passagem da modernidade para a ps-modernidade, e considerar os indicativos de uma poca

    em transio. Na efervescncia das variveis contemporneas, se manifestam as cristalizaes

    2 Conceito proposto por Michel Maffesoli (A conquista do presente, 2001) para tratar do vnculo sentimental que rene osgrupos, as comunidades nas sociedades.3 Lembra-se que o estilo de vida atual, denominado por alguns autores como ps-modernidade, apenas uma etiqueta, umrtulo que serve de denominao para um estado de coisas que se apresenta na contemporaneidade. No h nenhum rigor em

    afirmar por que se valorizam determinados valores, mas sim em constatar tal evidncia.

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    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    sociais, tecnolgicas, polticas e econmicas, que constituem as formas formantes que

    influenciam o fundo e o imaginrio da atualidade.

    O imaginrio ps-moderno

    Este novo tempo que se apresenta aos olhos, s telas, aos monitores, aos pagers e s

    maquinas fotogrficas digitais contempla as geraes shopping centers. Os espetculos

    musicais e esportivos transmitidos ao vivo para a populao mundial, as mobilizaes para

    salvar a natureza da ambio progressista, os jogos eletrnicos, as paradas GLS, as salas de

    conversas no ciberespao, os clones, o sexo virtual, o turismo ecolgico, os correioseletrnicos, as raves, as eleies on-line, a revalorizao do mstico e do oriente, etc., so

    indcios da retomada do imaginrio, do ldico, do onrico e do coletivo na

    contemporaneidade.

    O resgate desses valores, at ento tidos como primitivos, acompanha o ritmo e o

    descompasso desse novo tempo que se apresenta. Uma das explicaes para a reinvestida em

    atitudes e comportamentos deveras comprometidos com o sentimento pode estar relacionada

    com o fato de que a modernidade esgotou a valorizao econmica a ponto de fazer com queuma potncia social, de maneira catica, exprimindo-se, por vezes, nos excessos, por vezes

    na indiferena, na ironia ou na derriso (MAFFESOLI, 2001a: 19), inicie um processo de

    renascimento na ps-modernidade.

    Aps mais de dois sculos de dominao econmico-poltica (MAFFESOLI, 1995:

    12), a contemporaneidade sinaliza a falncia dos valores modernos para compreender e

    explicar os fenmenos sociais que se estendem para alm das fronteiras do institudo. Mesmo

    que o establishmentse esforce para frear qualquer reao, no h como negar que o destinodo mundo mudou (MORIN, 2001: 59).

    A passagem do tempo medieval, de carter esttico, para a modernidade, se observa a

    partir de uma profunda transformao dinmica, com o desenvolvimento dos meios de

    transporte e dos meios de comunicao. J a ps-modernidade reflete um tempo, chamado por

    Maffesoli (2001a) de einsteinizado, ou seja, relativizado, preocupado com o presente, um

    carpe diem. O prazer no mais adiado para hipotticos amanhs cantantes, vivido bem

    ou mal hoje. Da tambm o hedonismo contemporneo.

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    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    Marca da modernidade, o individualismo perde espao no momento em que se

    reconhece que o homem no o senhor do universo. O reordenamento social aponta para o

    reconhecimento do outro a partir de uma identificao de afetos e interesses compartilhados.

    Os indivduos se aproximam com a inteno de se solidarizar com a causa do outro. O lao

    social passa a ser emocional. O contrato no vale para confirmar uma identificao que pode

    ser passageira e mltipla. No mais a autonomia eu sou minha lei que prevalece, mas a

    heteronomia: minha lei o outro. A decepo poltico-econmica leva revalorizao das

    coisas domsticas, da proximidade (MAFFESOLI, 2001a: 25).

    Aceitar a condio de ps-modernidade implica considerar diversos aspectos que a

    caracterizam. Ao estabelecer que h realmente uma alternncia do dado social, necessrioestudar os fatos que conduzem tal mudana, os quais podem ser analisados atravs dos

    fenmenos culturais refletidos a partir de uma dimenso no-racional presente na sociedade,

    chamada de imaginrio. Fala-se em imaginrio e cultura porque so estes elementos, segundo

    Maffesoli (1995), que produzem e interagem com a concepo de mundo que se tem em cada

    poca.

    Quanto falncia dos grandes temas explicativos da modernidade: Estado-Nao,

    instituio, sistema ideolgico, Maffesoli (2001a) constata na ps-modernidade a prevalncia,sobretudo, de trs aspectos: o retorno do local, a importncia da tribo e a bricolagem

    mitolgica.

    O local seria o primeiro indcio da heterogeneizao galopante que percorre as nossas

    sociedades (MAFFESOLI, 1996: 49). Pode-se reconhecer a importncia desse valor atravs

    de diferentes discursos sociais que remetem a termos como pas, territrio e espao,

    caracterizando assim uma espcie de identidade planetria. Observa-se a repetio desses

    termos quando se fala tanto em relaes em nvel global quanto na nfase ao que estprximo, comunidade, tribo da qual se faa parte. Nestes casos, o lugar serve como

    vnculo. Como diria Morin, preciso contextualizar e no apenas globalizar (2001: 49).

    A retomada do local um dos pontos principais tratados pelas conferncias do FSM II.

    Principalmente os encontros de povos considerados marginalizados africanos, ndios e

    muulmanos indicam a importncia da dimenso da localidade, a qual j se sabe que pode

    causar transtornos de ordem global. Das misrias do Terceiro Mundo aos ataques nucleares e

    atmicos, os efeitos locais invadem o civilizado Primeiro Mundo. Algumas manifestaes

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    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    observadas no FSM II demonstram que tudo isso se exprime de uma maneira mais ou menos

    paroxstica, porm, em todos os casos, existe algo do transe antigo, que tinha essencialmente

    por funo reforar o estar-junto daqueles que participavam dos mesmos mistrios

    (MAFFESOLI, 1995: 16).

    Frente ao ideal democrtico, abalado pela fora da sua prpria natureza, o autor

    questiona se no est sucedendo um ideal comunitrio na contemporaneidade. O ideal

    comunitrio d novamente sentido aos elementos arcaicos, que se acreditavam totalmente

    esmagados pela racionalizao, de modo a incitar que as pessoas se renam em prol de

    causas diversas, desde fanatismos religiosos, reivindicaes lingsticas, apegos aos

    territrios, at as ondas de consumistas que se observa nas megalpoles, que mais parecem serconstrudas a partir deshopping centers (MAFFESOLI, 1995: 56).

    A multiplicao de organizaes no-governamentais, de programas miditicos

    solidrios, de concertos pelas grandes causas humanitrias, de eventos como o Frum Social

    Mundial e, considerando-se a atrao, a adeso e a repulso que promovem, indicam a

    prevalncia do ideal comunitrio que se expande na atualidade a partir da diversidade de

    grupos que se manifestam.

    Essa homossocialidade vista na sociedade a partir de um movimento que exclui eatrai, criando assim vrias tribos, que por motivos distintos compartilham o mesmo

    sentimento. No Frum Social Mundial II h uma amostra desse universo, que comporta, ao

    mesmo tempo, uma homogeneizao e, por outro lado, a heterogeneizao de grupos, que so

    obrigados a estar em co-presena, gerando uma forma de simpatia universal, strictu sensu,

    experimenta-se em conjunto (MAFFESOLI, 1995: 55).

    O carter plural da contemporaneidade est representado de diversas formas no FSM

    II, no momento em que se reconhece a fora coletiva, no caso a sociedade civil fragmentadaem vrias tribos, que promovem a convivncia de idias estranhas.

    A bricolagem mitolgica trata dessa estrutura social articulada com o ressurgimento

    das tribos a partir da constatao da decadncia das grandes ideologias, uma vez que as

    ideologias na contemporaneidade passam por um momento de transfigurao.

    Numa perspectiva fenomenolgica, que analisa o que e no o que deveria ser,

    Maffesoli (2001) considera o cotidiano como o lugar a partir do qual se fundam os vnculos

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    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    sociais. O autor demonstra que o cotidiano como lugar da recriao de si e da manuteno da

    identidade permite a resistncia, que perdura apesar ou contra toda a mitologia progressista.

    Em oposio a este pensamento, encontra-se Jean Baudrillard (1997). O perodo

    contemporneo define-se como uma era ps-orgistica, no qual a sociedade convive na

    simulao de um mundo real. A passividade da massa vista pelo autor no como uma

    astcia, mas como reflexo de um total sentimento de neutralidade e de vazio que invade o

    indivduo e a sociedade.

    Baudrillard inclina-se mais para uma herana de pensamento na tradio crtica de

    Guy Debord, o qual afirma que o reinado da aparncia, definidor da contemporaneidade,

    apresenta-se como uma dimenso alienante do modus vivendi social. A espetacularizao dacultura, da economia, da arte, enfim, da vida humana como um todo, tem no circuito da mdia

    sua principal vitrine.

    Maffesoli (1996) reconhece a forma ldica e o resgate dos valores dionisacos na

    contemporaneidade quando diz que a prpria sociedade torna-se um jogo de simulao a

    partir da intensidade dos jogos eletrnicos, da flutuao das bolsas econmicas e das

    encenaes polticas. O hedonismo mundano o prazer de estar-junto, cujo destaque se d

    atravs do jogo das imagens e da sua disseminao virtica. A lgica da teatralizao ps-moderna, na qual as personas utilizam mltiplas mscaras, est na ordem do dia, dentro de

    um tempo que se identifica atravs da tica e no da moral. Segundo o autor, a moral

    universal e aplicvel em todos os lugares e em todos os tempos. J a tica particular, s

    vezes momentnea, que fundamenta uma comunidade e elabora-se sobre um territrio dado,

    seja ele real ou simblico (MAFFESOLI, 1996).

    No se pode afirmar que o Frum Social Mundial se caracteriza, hoje, como uma

    tendncia. O que se observa que o imprinting cultural est sendo atingido de modoconsidervel. A cada edio do evento, mais pessoas sentem-se comprometidas com as

    propostas defendidas nos debates e nas conferncias. O calor cultural mobiliza os indivduos

    participao, devido ao seu apelo social. No h como no se identificar com pelo menos

    algumas das atividades desenvolvidas ao longo do Frum. A complexidade est justamente

    em ampliar e questionar as vises/concepes do mundo atravs de um olhar contemplador de

    todos os aspectos da humanidade.

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    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    Pode-se dizer que a ps-modernidade no comporta apenas a existncia de um grande

    sistema poltico ou de uma ideologia totalitria. Essa efervescente realidade contempornea

    proporciona a convivncia de valores contraditrios. Sendo o FSM II uma das formas dessa

    expresso da caracterizao ps-moderna de existncia, este espao no poderia excluir a

    multiplicidade e a polissemia das diversas tribos que o compem. O estar-junto de todas as

    tribos contribui para a reformulao do imprintingcultural e da construo do imaginrio a

    partir destas distintas realidades, que convivem harmonicamente dentro de sua lgica interna.

    Esse equilbrio pode ser resultado da astcia da massa, que participa da tragdia da

    vida conforme as ondulaes do caos e da tranqilidade, como lembra Maffesoli (1995), ou,

    ainda, esse comportamento aparentemente inerte evidencia a indiferena, o vazio das massas,conforme diz Baudrillard (1990). Duas verses que tambm no se excluem.

    Uma vez que se coloca diante do homem contemporneo um futuro aberto a mltiplas

    possibilidades, pode-se dizer que o Frum Social Mundial apresenta nuances de um vitalismo

    societal (MAFFESOLI) que se sobressai, durante alguns momentos, em relao passividade

    geral da massa (BAUDRILLARD). Do pessimismo moderno, os adeptos de uma espcie de

    ps-modernismo ilustrado pretendem refabricar o otimismo. Desse modo, reintroduzem o

    culto da esperana, onde, possivelmente, s existam incertezas (SILVA, 1991: 17).Nota-se a emergncia de um novo estar-junto baseado na tica da esttica, uma

    espcie de simpatia em relao ao outro. A emoo vivenciada coletivamente, dentro de um

    ambiente afetuoso, cujos prazeres e penas so experimentados em comum (MAFFESOLI,

    1995: 76), seja atravs de manifestaes presenciais (shows, greves, passeatas, reunies), ou a

    partir da disseminao do uso das tecnologias do imaginrio (televiso, rdio, cinema,

    Internet, publicidade, etc.), os quais transmitem imagens e eventos que passam a ser

    compartilhados coletivamente. Como o prprio nome indica, so as mensagens imagticas,sonoras e textuais , divulgadas atravs das tecnologias de comunicao, elementos

    fundamentais na construo do imaginrio.

    Fala-se, neste caso, principalmente da valorizao da imagem, renegada durante a

    modernidade, hoje resgatada e tida como vetor religante e vnculo de comunho. De modo

    que o ressurgimento comunitrio (no aspecto de tribalismo) observado na contemporaneidade,

    do qual o Frum Social Mundial pode ser um exemplo, passa a formar-se a partir de um

    conjunto de imagens, que por acrscimos sucessivos chegam a constituir uma conscincia

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    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    coletiva (MAFFESOLI, 1995: 33), fazendo com que a cada edio do evento aumente o

    nmero de participantes, ouvintes e tambm de jornalistas, os quais acabam por alimentar o

    imaginrio e, conseqentemente, por interferir na conscincia coletiva atravs da

    divulgao de notcias e imagens.

    Ao tomar como referncia a teoria de Maffesoli sobre o processo de tribalizao, do

    qual se falou no primeiro captulo, no qual se viu que os indivduos da sociedade

    contempornea procuram agregar-se a grupos pelos quais possuam algum tipo de sentimento,

    de afinidades afetivas, e tambm levando-se em considerao a argumentao de McLuhan e

    Lvy sobre o aspecto de retribalizao da humanidade a partir do desenvolvimento

    tecnolgico dos meios frios, poderia-se especular se o acontecimento do Frum SocialMundial no se d exatamente em funo de um tribalismo urbano poltico deflagrado na

    contemporaneidade (ps-modernidade), devido influncia do imaginrio tecnolgico.

    Supondo que a profecia de McLuhan esteja mais do que nunca se concretizando em

    termos de estruturas tecnolgicas, deve-se pensar a respeito do papel fundamental das

    tecnologias do imaginrio na busca de estabelecer uma conscincia coletiva universal na

    imensa aldeia global que o planeta Terra. Sentimo-nos planetrios porflashes. assim que

    existe a aldeia global de McLuhan unida e dividida como uma aldeia, atravessada deincompreenses e de inimizades como uma aldeia (MORIN, 2000: 42).

    O imaginrio tecnolgico do Frum Social Mundial II

    Tendo como ponto de partida a definio provisria de que a ps-modernidade poderia

    ser a sinergia de fenmenos arcaicos e do desenvolvimento tecnolgico (MAFFESOLI,

    2001a: 21), acredita-se que os dois enfoques possam contribuir para o aprofundamento daquesto envolvida com o imaginrio tecnolgico do FSM II, como uma possvel rede de

    comunicao ps-moderna.

    Uma vez que a relao entre tecnologia e a sociedade se d sempre num caminho de

    influncias bidirecionais. Os imaginrios social e tecnolgico se constrem atravs de

    interferncias mtuas e complexas (LEMOS, 2002: 225), pretende-se relacionar a temtica

    da tecnologia com o ressurgimento do tribalismo contemporneo, sobretudo a emergncia de

    cls polticas que promovem aspectos de uma tecnossocialidade, visto que, alm dos

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    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    encontros presenciais, os grupos participantes do FSM utilizam meios tecnolgicos para

    estabelecer redes de comunicao.

    Socialidade e tecnossocialidade no ambiente do FSM II

    A atmosfera de celebrao s causas humanitrias faz-se presente no mundo

    contemporneo. Seja atravs de programas de televiso,shows artsticos, festas beneficentes,

    grandes eventos, etc., h quase que permanentemente a divulgao de campanhas de

    solidariedade envolvendo aes da mdia e da sociedade civil. De acordo com Maffesoli

    (1995), essa atmosfera de afetividade demonstra que est havendo um reencantamento domundo, que se acreditava anulado devido repercusso de uma srie de fatos que abalou a

    humanidade nos ltimos cem anos, sobretudo as duas guerras mundiais.

    Valores arcaicos e no-lgicos, como tribalismo, retorno ao local, ideal comunitrio,

    bricolagem mitolgica, imaginrio, onrico, ldico, indicam que o racionalismo no

    predomina nas relaes contemporneas e, assim sendo, os fenmenos societais (o FSM II

    pode ser um exemplo) refletiriam o nascimento de um estilo esttico que contemplaria tais

    valores.Mesmo ao se considerar as opinies divergentes dos autores sobre a proliferao de

    campanhas de solidariedade na atualidade, no h como negar a chamada atmosfera de

    reconhecimento do outro que se faz realidade na contemporaneidade, sobretudo no Ocidente,

    a partir do desenvolvimento das tecnologias de comunicao, as quais disseminam

    informaes e mensagens para todo o mundo, via satlite, a cabo, por fibra ptica.

    O Frum Social Mundial, movimento organizado por grupos da sociedade civil, uma

    manifestao dessa recorrncia s prticas e aos discursos que envolvem o reconhecimento dooutro e que, por isso, trata de divulgar nos seus espaos (presencialmente ou virtualmente) a

    necessidade de se aceitar a diversidade, no apenas de religies, mas principalmente de outras

    concepes de mundo.

    Morin diz que a realizao do Frum Social Mundial pode ser considerada como uma

    rede de comunicao, uma vez que, sendo um espao para debates, o imprintingcultural dos

    sujeitos acostumados a uma certa viso de mundo, teria a chance de resistir a imposies

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    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    exteriores, buscando assim participar e interferir naquilo que no lhe parecer correto4. Os

    assuntos, antes restritos aos experts, seriam compartilhados com os cidados. Uma questo de

    democracia, sugere o autor.

    Na noite de abertura do evento houve a conexo online, atravs da Internet, com Nova

    York, por ocasio do acontecimento simultneo do Frum Econmico Mundial5. Com a

    instalao de um telo, o pblico presente no anfiteatro pde acompanhar a realizao do

    encontro virtual. Mesmo com algumas dificuldades de transmisso (interferncias e perda da

    conexo por alguns instantes) e tambm de traduo simultnea, pois os correspondentes em

    Nova Iorque no falavam portugus, a conversa no ciberespao agradou a multido, que

    vibrava com as suas declaraes.Com a referida passagem, pode-se constatar que a socialidade observada no evento de

    abertura se deslocou tambm para o espao virtual, atravs da Internet, indicando, dessa

    forma, a emergncia da tecnossocialidade, que se aproxima do termo cibercultura, descrito

    por Lvy, no segundo captulo do trabalho, como aquelas relaes sociais que se efetuam no

    ciberespao.

    A intermediao tcnica no impediu que a emoo e o reconhecimento do outro,

    sentimentos dos grupos presentes, fossem anulados a partir da interferncia dos aparatostecnolgicos. Pelo contrrio. A partir do encontro no ciberespao, pessoas de todo o mundo

    puderam assistir simultaneamente transmisso, congestionando por alguns instantes a rede e

    causando, assim, freqentemente, a perda da conexo.

    Nota-se a prevalncia do imaginrio dionisaco (sensual e tribal) nas prticas do FSM

    II. E so exatamente as novas tecnologias que vo desempenhar um papel muito importante

    nesse processo. Ao invs de inibir as situaes ldicas, comunitrias e imaginrias da vida

    social, elas vo agir como vetores potencializadores dessas situaes de socialidade. Uma vezque se torna difcil reunir um grande nmero de pessoas de diversas nacionalidades num local,

    as redes telemticas so recursos que viabilizam o projeto de aldeia global, sonhado por

    McLuhan (1964). Ao menos por alguns, instantes as barreiras geogrficas e espaciais so

    anuladas pela interveno de conexo em tempo real.

    4 Resposta de Edgar Morin pergunta feita por Paula Jung Rocha, por ocasio do Seminrio Internacional de Comunicaorealizado em setembro na PUCRS.5 Sabe-se que a ocorrncia dos eventos deu-se porque partiu dos organizadores do primeiro Frum Social Mundial estipular a

    data de acordo com o Frum Econmico Mundial, inicialmente sediado em Davos, na Sua.

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    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    A cibercultura no tem por objetivo isolar indivduos, porque nela atua socialidade. O

    mesmo raciocnio se estende para a tecnossocialidade, que parece colocar a tecnologia

    contempornea como instrumento de novas formas de socialidade e de vnculos associativos

    e comunitrios (LEMOS, 2002: 86).

    Destaca-se que o Frum Social Mundial utiliza-se muito das novas tecnologias para

    ampliar os seus horizontes. Alm do aspecto de sociabilidade, relaes objetivas e racionais

    que se do entre indivduos e grupos na rede e presencialmente, os quais esto ligados a

    interesses mais contratuais engajados efetivamente em determinadas causas , a socialidade,

    cuja efervescncia se d a partir de identificaes passageiras e diversas, tambm se faz

    presente nas relaes contemporneas, at mesmo no contexto do FSM II.O que originalmente era restrito a uma minoria engajada, poderia estar, naquele

    momento de acontecimento presencial do FSM, sob os holofotes da mdia que est a cobrir o

    evento e, assim, amplia-se a conscincia coletiva da qual fala Maffesoli (1995).

    As diversas entidades, ONGs e demais segmentos da sociedade civil que participaram

    dessa segunda edio do FSM estabelecem uma rede de comunicao atravs da Internet

    anterior e posterior concretizao do evento presencialmente. O prprio site do FSM

    www.forumsocialmudial.org.br o principal veculo de informaes a respeito dasatividades relacionadas ao evento. As inscries, propostas para oficinas, os endereos

    eletrnicos das entidades organizadoras do Frum, so disponibilizadas aos cidados a partir

    dosite.

    Localizado prximo ao anfiteatro, no parque da Harmonia, estava armado o

    Acampamento Intercontinental da Juventude. Num ambiente descontrado e informal, jovens

    de diversas nacionalidades, que vieram participar do FSM II, se acomodaram em barracas e

    espaos de lazer para trocar experincias de vidas. Na roda de chimarro, proporcionada pelosgachos, jovens africanos, franceses, italianos, finlandeses, entre outros, trataram de assuntos

    variados. Osoftware livre de interesse de muitos. A palestra sobre esse assunto realizada

    primeiramente nas acomodaes do acampamento. O acampamento foi um dos locais que

    mais representou as caractersticas de festa, orgia, tribalismo e bricolagem mitolgica,

    argumentadas por Maffesoli como vnculos comunitrios que agregam as pessoas e aumentam

    o desejo de estar-junto na contemporaneidade.

    http://www.forumsocialmudial.org%2Cbr/http://www.forumsocialmudial.org%2Cbr/
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    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    Com essa constatao, no se pretende desqualificar os milhares de indivduos que se

    acomodaram no acampamento e os visitantes que passaram por l, mas enfatizar que, embora

    se possa dizer que havia uma razo de cunho poltico e ideolgico para se estar l, muitas

    reunies e atividades demonstravam que aspectos de ordem no-lgica e noracional

    pairavam sob suas atitudes, uma vez que se observavam encontros festivos que aconteciam

    paralelos aos encontros, ditos cientficos.

    Um dos motivos que poderiam explicar o grau de envolvimento dos participantes do

    acampamento implica reconhecer que muitos deles, estudantes de vrias regies do pas e do

    mundo, j haviam trocado alguma experincia anterior a partir da conexo ao site

    www.acapamentofsm.org.br, que tem por objetivo organizar previamente o acampamento.Igualmente no decorrer do ano de 2002 osite continuou com suas atividades na rede, de modo

    a estender seu trabalho para a edio de 2003. Tambm, o destaque de suas atividades levou o

    Acampamento Intercontinental da Juventude a receber cotas de patrocnio, com a finalidade

    de melhorar as condies da rea que abrigaria os prximos visitantes.

    A celebrao do presente observada no FSM II, nos vrios pontos nos quais tem-se o

    encontro de participantes das mais diversas causas. Pode-se at mesmo afirmar que o

    sentimento dos delegados (pessoas inscritas com antecedncia ao evento atravs do site)condiciona muitos outros indivduos ao sentimento de uma espcie de solidariedade com as

    necessidades e lutas alheias. A atrao ou a repulso demonstram como o conglomerado de

    pessoas suscita paixo ou averso, enfim, um tipo de emoo. Um ambiente com variados

    elementos distintos um cenrio comum ps-modernidade, a qual aceita a convivncia dos

    contraditrios.

    Pretende-se esclarecer que o FSM II pode ser um espao de celebrao do presente em

    busca de um mundo melhor que se tenta construir a partir de reflexes que possam indicar osmotivos pelos quais este modelo, que parece restringir o pensamento contemporneo, no

    conseguiria mais explicar a realidade atual. O estar-junto se torna essencial para que o

    movimento possa atingir um maior nmero de pessoas, ao afetar a sensibilidade do cidado

    que se sente parte integrante de determinada causa, buscando o reconhecimento do outro.

    Com isto no se pretende afirmar que o FSM II no possui valores polticos e

    ideolgicos fortes. Reconhece-se o predomnio da esquerda no ambiente do Frum; todavia,

    este trabalho salienta que no apenas os cidados simpticos esquerda participam do Frum.

    http://www.acapamentofsm.org.br/http://www.acapamentofsm.org.br/http://www.acapamentofsm.org.br/
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    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    Multiplicam-se as identidades culturais quando se pode ser, simultaneamente, um indivduo

    descontente com a economia mundial, um militante homossexual, um defensor da ecologia,

    um negro, um muulmano, uma mulher asitica, um favorvel utilizao do software livre,

    etc., levando muitas vezes a no se ter uma causa maior para se engajar no movimento, e sim

    muitas, ou ainda nenhuma. O sentimento de solidariedade em relao ao outro est presente e

    pode atingir quem, por uma razo ou outra, no tenha se envolvido com as manifestaes.

    O ideal comunitrio surge na contemporaneidade para conviver com o institudo ideal

    democrtico, decretado por Maffesoli (1990) como beira do colapso, porque no consegue

    mais sustentar a polifnica e desordenada existncia contempornea.

    Pode-se dizer que o FSM II comporta a convivncia dos ideais citados. H, realmente,quem esteja envolvido com os valores modernos, tratados no primeiro captulo. No entanto,

    no h como negar a emergncia do ideal comunitrio (MAFFESOLI), visto por Morin

    (2000) como a conscincia de uma identidade planetria que prope que se tenha

    responsabilidade com os princpios e no somente com as coisas que regem o mundo.

    As definies que servem para tratar da socialidade contempornea, os miniconceitos

    desenvolvidos por Maffesoli auxiliam na compreenso da dinmica que permeia o processo

    da sociedade entre as formas e os contedos. Uma vez que h interao, ou seja, as formas soformantes, acredita-se que as formas descritas como cristalizaes de comportamento na

    contemporaneidade indicam a consolidao de um estado de coisas, que no se limita mais

    denominao de modernidade.

    Discurso tecnolgico do FSM II

    Ao analisar o discurso referente s conferncias realizadas no Frum Social MundialII, destaca-se a importncia do imaginrio tecnolgico, principalmente da questo da

    comunicao, na elaborao das propostas proferidas.

    Uma vez que se observa a relevncia dos meios de comunicao na construo de uma

    imagem coletiva, que devolve humanidade o espelho ou a extenso dela mesma, como

    afirmam Maffesoli (1990) e McLuhan (1964), pode-se pensar a respeito da disseminao de

    um pensamento dominante (dito neoliberal e globalizado) atravs, principalmente, da

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    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    repercusso das tecnologias do imaginrio, que esto intensamente presentes na

    contemporaneidade.

    No entanto, as novas tecnologias, sobretudo a Internet, parecem possibilitar uma

    contracorrente divulgao da idia que favorea apenas aos ideais de um pensamento nico.

    Tal como se observa na argumentao de Lvy (2000), essa idia amplamente discutida

    pelas conferncias realizadas no FSM II.

    Ao inverter a ordem entre emissor e receptor, a Internet torna vivel que a mensagem

    seja elaborada e transmitida a partir de qualquer terminal de computador que esteja em

    conexo com o ciberespao, eliminando, assim, qualquer direcionamento a priori

    estabelecido. A circulao de informaes no obedece hierarquia da rvore (um-todos) esim multiplicidade do rizoma (todos-todos) (LEMOS, 2002: 73). Sendo assim, o FSM, que

    afirma no ter muito espao na mdia tradicional para divulgar seus pontos de vista, utiliza-se

    do ciberespao para fazer circular sua contra-informao.

    A preocupao do Frum Social Mundial II com a temtica da comunicao reflete-se

    nos documentos que pertencem ao Eixo III A afirmao da sociedade civil e dos espaos

    pblicos, nas seguintes conferncias: Democratizao das comunicaes e da mdia: foco e

    amplitude, Otro mundo solo ser posible com otra informacin e Produo cultural,diversidade e identidade, as quais analisam a situao contempornea da mdia,

    principalmente o papel das novas tecnologias e o seu relacionamento com os cidados.

    Nestas conferncias so salientados alguns pontos que devem ser discutidos para se

    compreender a atual configurao do espao comunicacional, que se converte, segundo o

    texto, no paradigma do futuro, ou seja, na sociedade da informao, devido importncia

    que a comunicao e a informao, tidas como mercadorias dentro de um mundo globalizado,

    tm na sociedade contempornea.Conforme o documento, a informao fundamental para o funcionamento da

    democracia. Numa era de reestruturao global dos meios de comunicao em escala sem

    precedentes, com a propriedade da mdia concentrando-se em poucas mos, o

    acompanhamento crtico da mdia torna-se um elemento central da democracia. Salienta-se

    ainda a importncia da comunicao no processo de globalizao, pois quem tem controle

    sobre a transmisso da informao, do conhecimento e da infra-estrutura tem uma forte

    influncia sobre o desenvolvimento social, cultural e poltico.

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    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    O mundo tornou-se uma enorme rede com diversos links estabelecidos a partir da

    insero desses novos media e, tambm, com a permanncia ampliada dos antecessores. O ser

    humano passa a se afogar no turbulento oceano de informaes e de comunicao sem, muitas

    vezes, entender o efeito que acarreta no seu imaginrio. A sua vida passa a estar em conexo,

    se quiser, 24 horas por dia, condicionando, por sua vez, o avano do pensamento dominante,

    porm aberto s possibilidades de proliferao de uma contra-informao que se faz possvel

    com a Internet.

    O fato de megacorporaes converterem a informao em mercadoria, com contedo

    homogeneizado e acesso restrito a uma minoria branca do norte, advertido pelas

    conferncias, que insistem na busca de um modelo alternativo de comunicao baseado nadivulgao de informaes, sem a censura do oligoplio das empresas de comunicao. Da a

    importncia da tecnologia digital, sugerida como o meio mais eficiente contra essa imposio

    e homogeneizao comunicacional/cultural, visto que a tecnologia digital proporciona uma

    dupla ruptura: no modo de conceber a informao (produo por processos microeletrnicos)

    e no modo de difundir as informaes (modelo todos-todos). Fala-se at mesmo de um

    domnio dos meios de produo pelo pblico (LEMOS, 2002: 85), o que no seria um

    exagero constatar quando se observa a quantidade de usurios que se apropriam do(ciber)espao para divulgar uma diversidade de idias. Neste caso, os meios de produo,

    esto, em tese, disponveis, com a ressalva de que se necessita de provedores e que se paga, na

    maioria das vezes, para se utilizar o servio da Internet. Assim como nas televises a cabo e

    abertas, nas emissoras de rdio, nos jornais e nas revistas se compram espaos.

    Falou-se tambm sobre a proposta de construo de uma sociedade de informao

    baseada nos princpios de transparncia, diversidade, participao e solidariedade que

    contemplem igualmente os gneros, culturas e religies, na qual todos teriam direito comunicao. E, ainda, destacou-se o interesse na desarticulao da concentrao poltica dos

    meios e dos sistemas de comunicao, incluindo osoftware livre e a produo de contedos.

    Quando se constata que as conferncias realizadas durante o evento indicam que o

    imaginrio tecnolgico do FSM II est aberto ao auxlio das novas tecnologias para divulgar a

    contra-informao, da qual se trata exaustivamente, pode-se pensar que a Internet no

    comporta atividades polticas, uma vez que se restringe, muitas vezes, o seu uso ao lazer, ao

    entretenimento e a servios como e-mail. Todavia, o ativismo poltico uma realidade para

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    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    muitos grupos e movimentos sociais, que contam com a rede como seu principal veculo de

    comunicao. Como lembra Lemos, comunidades como Eco Net, PeaceNet, GreenNet e

    outras FreeNets pululam em todos os lugares do mundo (2002: 157), fazendo com que a rede

    de comunicao se amplie cada vez mais no ciberespao, assim como se acredita que ocorre

    com as idias do FSM.

    Segundo consta no documento a respeito da democratizao da informao, o cenrio

    contemporneo comporta uma nova situao na relao intrnseca que se estabelece entre

    comunicao, sociedade e tecnologia, na qual se observa maior interatividade dos receptores.

    O texto claro: Os atores sociais, com as novas tecnologias, no so mais passivos.

    A questo sobre a Internet foi de muita importncia para os conferencistas do FSM II, assimcomo serviu de pauta para alguns seminrios, uma vez que se sabe que grande parte das redes

    que se apresentam de forma presencial nos eventos promovidos pela organizao do Frum

    so amplamente divulgadas atravs do ciberespao (os endereos eletrnicos esto citados

    neste captulo).

    Devido ao seu carter de autonomia e livre expresso, a rede mundial de computadores

    ocupa uma funo primordial nos tempos atuais para a agregao de indivduos, engajados em

    distintas causas, por todo o globo terrestre. Pode-se at mesmo dizer que o FSM faz parte dacibercultura, isto , uma nova forma de cultura vivel a partir do desenvolvimento das novas

    tecnologias da informtica.

    As mudanas que vemos hoje no mundo, como o prprio FSM, no seriam possveis

    sem a Internet. Considera-se essa a frase principal do material selecionado porque, alm de

    indicar a relevncia do papel da Internet, observa-se que a tecnossocialidade uma realidade

    no evento, uma vez que as pessoas se comunicam e trocam idias no ciberespao.

    A Internet foi apontada como o meio mais eficaz para a produo da contra-informao. Todavia, ressaltou-se que o meio no suficientemente seguro: deve-se ter

    cuidado com a divulgao da verdade, desafios inerente a esse meio, pois no h princpio que

    assegure veracidade.

    Para finalizar a anlise sobre o imaginrio tecnolgico do Frum Social Mundial II e,

    ao mesmo tempo, justificar a importncia desta pesquisa, ressalta-se a concluso a que se

    chegou ao final do estudo acerca das conferncias selecionadas.

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    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    Conforme parte do discurso, segundo a qual a comunicao tem-se convertido em um

    dos setores mais dinmicos, com profundas repercusses em todas as ordens da vida social,

    qualquer implicao social deve levar em considerao os aspectos comunicacionais, a mdia

    e o universo da informao tm papel fundamental na construo da sociedade

    contempornea.

    preciso aceitar a realidade de que os novos e os antigos media executam o interesse

    de proliferao de um pensamento nico, do qual j se falou, mas faz-se igualmente

    necessrio reconhecer as infinitas possibilidades das novas tecnologias, sobretudo a Internet.

    Consideraes finais

    verdade que no h como controlar completamente o ciberespao, ao menos por

    enquanto, o que pode ser bom ou ruim. O que se pretendeu analisar neste captulo foi como o

    FSM II se relaciona com as tecnologias do imaginrio, chegando-se provisria afirmao de

    que o imaginrio tecnolgico do FSM II pode ser visto como uma rede de comunicao ps-

    moderna ao retribalizar presencialmente e virtualmente tribos que se identificam e

    reconhecem o outro. Grupos e indivduos que tm seus distintos ideais comunitrios oudemocrticos e, sobretudo, que acreditam na importncia de sua participao numa sociedade

    democrtica, que permite o desenvolvimento dos meios de comunicao e, assim, abre uma

    brecha contra a homogeneizao do pensamento dominante.

    Mais do que em qualquer outro momento da histria da humanidade, as aldeias que

    formam a imensa aldeia global tm espao para compartilhar seus sentimentos e expandir

    os aspectos de socialidade que caracterizam a nascente sociedade ps-moderna.

    Graas s novas possibilidades abertas pelas tecnologias telemticas, comunidadesplanetrias podem formar-se a partir de interesses comuns e gostos compartilhados. A relao

    , neste sentido, mais emptica do que contratual. Vemos, assim, crescer sob os nossos olhos

    uma tica da esttica eletrnica que mostra que, na cibercultura, a dimenso social agregadora

    um dos fatores mais importantes de seu desenvolvimento (LEMOS, 2002: 165).

    O FSM II parece ser uma rede que promove o encontro presencial entre a diversidade

    de participantes, os quais trocam experincias, idias e afetos, sem que haja apenas um acordo

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    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    racional entre as partes e, igualmente, uma rede que utiliza a tecnologia, sobretudo a Internet,

    a fim de expandir sua comunicao e seu aspecto de socialidade para o ciberespao.

    Quem sabe o Frum Social Mundial, na representao de

    www.forumsocialmundial.org.br, em companhia dos demaissites que esto linkados na sua

    pgina, e principalmente as tribos, politizadas ou no, que surfam pelo universo virtual em

    busca de participar do debate promovido pelo Frum, estejam ampliando a socialidade

    presencial para a tecnossocialidade, configurando assim uma espcie de gora democrtica

    desterritorializada?

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    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Tecnologias da Informao e da Comunicao, XXVI CongressoAnual em Cincia da Comunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

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