o iii acordo ortográfico da língua portuguesa · em geral através do latim, ... palavras. a...

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Incoerências de A a Z III Acordo Ortográfico (1990) está em fase experimental desde 01/01/2009, com promessa de ser efetivado em 01/01/2016. O texto do Acordo contém muitas dificuldades. O meu interesse pelo Acordo Ortográfico surgiu por uma obri- gação profissional. Em setembro de 2006, fui convidado pela Cúria Geral da Ordem Capuchinha, com sede em Roma, para prestar o ser- viço de tradutor para a língua portuguesa. Eu fiz esse serviço de 2007 a 2013, no primeiro sexênio do Pe. Geral, Frei Mauro Jöhri. Esse tra- balho me deu oportunidade de ler todo o VOLP = Vocabulário Oficial da Língua Portuguesa. A obrigação de usar a linguagem correta, segundo as normas atuais, levou-me a ter que me aprofundar no Acordo Ortográfico, que já estava na fase de aprovação pelo Congresso. A organização da língua portuguesa Portugal existe como povo desde 1139, depois da batalha de Ouriques, contra os Mouros e, aos poucos consolidou-se como reino in- dependente, sobretudo, após o reconhecimento do Papa Alexandre III em 1179. Antes disso Portugal era um pequeno Condado, cujas povoa- ções principais eram Porto e Coimbra. A língua portuguesa formou-se do O III Acordo Ortográfico da língua portuguesa FREI HERMINIO BEZERRA DE OLIVEIRA * * Tradutor e Etimologista.

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  • Incoerncias de A a Z

    III Acordo Ortogrfico (1990) est em fase experimental desde 01/01/2009, com promessa de ser efetivado em 01/01/2016. O texto do Acordo contm muitas dificuldades.

    O meu interesse pelo Acordo Ortogrfico surgiu por uma obri-gao profissional. Em setembro de 2006, fui convidado pela Cria Geral da Ordem Capuchinha, com sede em Roma, para prestar o ser-vio de tradutor para a lngua portuguesa. Eu fiz esse servio de 2007 a 2013, no primeiro sexnio do Pe. Geral, Frei Mauro Jhri. Esse tra-balho me deu oportunidade de ler todo o VOLP = Vocabulrio Oficial da Lngua Portuguesa.

    A obrigao de usar a linguagem correta, segundo as normas atuais, levou-me a ter que me aprofundar no Acordo Ortogrfico, que j estava na fase de aprovao pelo Congresso.

    A organizao da lngua portuguesa

    Portugal existe como povo desde 1139, depois da batalha de Ouriques, contra os Mouros e, aos poucos consolidou-se como reino in-dependente, sobretudo, aps o reconhecimento do Papa Alexandre III em 1179. Antes disso Portugal era um pequeno Condado, cujas povoa-es principais eram Porto e Coimbra. A lngua portuguesa formou-se do

    O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    Frei Herminio Bezerra de oliveira*

    * Tradutor e Etimologista.

  • Revista do Instituto do Cear - 2014242

    latim popular e atravs do galego, falado na Galcia (Espanha), com a qual o Condado confinava e tinha uma unidade lingustica. O incio do portugus 1189 (Carolina Michalis) e para outros em 1199. Pode-se dizer que a lngua portuguesa teve seu incio no final do sculo XII, entre 1175 e 1200.

    Fonte: Gramtica Histrica - Ismael de Lima Coutinho, (p. 53).

    Em ordem de importncia, eis as lnguas que deram origem ao portugus: o latim, de onde vm cerca de 80% de suas palavras; o grego, em geral atravs do latim, de onde vm 16% de seus vocbulos, o ga-lego e o provenal. Os outros 4% vm de outras lnguas: rabe, sns-crito, gtico, tupi, bantu, iorub, hebreu, francs, alemo, ingls, ita-liano, japons, holands...

    A lngua portuguesa teve a sua primeira gramtica elaborada por Ferno de Oliveira com o ttulo de: Grammatica da lingoagem porto-gueza (1536). Ele comeou a organizar a nossa fontica. A segunda foi escrita por Joo de Barros: Cartinha para Aprender a Ler (1539). Mais

  • 243O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    tarde Duarte Nunes de Leo, *1530 1608, deu a sua colaborao pu-blicando: Orthographia do Portugus (1576) e, depois, a sua obra mais completa, Origem da Lngua Portuguesa (1606), onde discute pro-nncia, concordncia e procura organizar a nossa ortografia. O nosso alfabeto era basicamente o alfabeto latino, com 23 letras, incluindo o k, e o y, mas no o w. Esse alfabeto era acrescido de uma srie de dgrafos: CH, LH, NH, PH, RH, TH, para indicar a origem grega de algumas palavras. A lngua espanhola d status de letra ao dgrafo ll.

    Uma lngua se organiza atravs da etimologia e da fontica. As lnguas organizadas mais recentemente tendem a privilegiar a fontica; as mais antigas, a etimologia. Assim, o francs tem tanto PH, RH e TH. Esse foi o ponto nodal dos debates para elaborar os Acordos Ortogrficos.

    A primeira organizao oficial da lngua portuguesa

    No Brasil, a Academia Brasileira de Letras, fundada em 20/07/1897, apresentou, em 25/04/1907, uma resoluo para suas pu-blicaes oficiais, com nove pontos sobre a ortografia da lngua. Entre outros: eliminar as letras k, y, w; suprimir as consoantes geminadas ex-ceto rr e ss; anular as consoantes duplas no pronunciadas; ab-rogar o h do meio de palavras compostas, pois se escrevia deshumano, inhbil, deshonra; escrever: Deus, cu, meu, teu, seu, em vez de Deos, ceo, meo, teo, seo. A resoluo foi tomada por 12 acadmicos, entre eles: Machado de Assis, Euclides da Cunha, Athur Azevedo, Ingls de Souza, Slvio Romero e Jos Verssimo.

    Em Portugal o foneticista e lexicgrafo portugus Aniceto dos Reis Gonalves Viana lanou um livro intitulado: ORTOGRAFIA NACIONAL (1904). Seu livro causou escndalo, pois, pelas normas da poca deveria ser escrito: ORTHOGRAPHIA NACIONAL.

    Ele propunha a simplificao da escrita do portugus com a adoo de 4 regras bsicas:

    1 A eliminao dos grupos: ph; rh; th; e do y. Na poca se es-crevia: pharmcia, rheumatismo, rhombo, rhonco, theologia e tambm, lagryma, cysne, hymno, lyrio, martyr, mytho, xysto...

    2 A eliminao das consoantes dobradas, exceto rr e ss. Na poca se escrevia: accionar, callo, cavallo, coleccionar, delle, direc-cionar, gallo, nullo, sella, valle, vella, velludo, villa...

  • Revista do Instituto do Cear - 2014244

    3 A eliminao das consoantes no pronunciadas que no in-fluenciam na pronncia da vogal anterior. Na poca se escrevia: aco, affectar, affeioar, aggregar, alludir, applaudir, atteno, corruptella, collina, gotta, Igncio, immediato, innocente, installar, sabbado, setta...

    4 Regularizao da acentuao grfica.Portugual comeou a discutir as normas lxicas da lngua. Foi

    nomeada uma Comisso presidida por Aniceto dos Reis Gonalves Viana, que aceitou a sua proposta. A sistematizao foi feita e oficiali-zada por Portugal em 1./09/1911. O Brasil, no foi sequer convidado a participar. Apenas recebeu o comunicado das decises um pouco antes de sua publicao.

    A deciso de Portugal encontrou resistncia tanto l, como aqui. Aps muita relutncia, o Brasil aprovou essas normas, em 1915. As discusses continuaram e o poeta Osrio Duque Estrada autor da letra do hino nacional atravs da ABL, Universidades e outros setores na-cionais, conseguiu fazer com que o Governo brasileiro abolisse essas normas em 1919.

    Acordo Ortogrfico de 1931 O desejo de unificao da grafia de nossa lngua continuou vivo.

    Por isso, em 1929 foi reunida uma Comisso internacional (Portugal e Brasil), para propor um Acordo sobre a normatizao unificada da lngua portuguesa, a exemplo do que conseguiram os 22 pases de lngua espanhola. Aps longas e difceis tratativas o Acordo foi publi-cado em 30/04/1931. Esse I Acordo praticamente ratificou as normas emanadas por Portugal em 1911, que privilegiavam a fontica, com pe-quenos reajustes, entre eles, a excluso das letras: k, w, y.

    Nessa Comisso, teve papel importante o dramaturgo portugus, Jlio Dantas +1876 1962 autor da clebre pea teatral A Ceia dos Cardeais (1902) obra traduzida em muitas lnguas e encenada no Brasil pelo ator Procpio Ferreira. Depois, Jlio Dantas foi embaixador no Brasil de 1941 a 1949, quando se aposentou da vida pblica.

    Em 1932 deu-se, no Brasil, a Revoluo Constitucionalista. A nova Constituio de 1934 ordenou que a ortografia do portugus no Brasil fosse a mesma da Constituio de 1891. A Academia Brasileira de Letras, Universidades, Juristas, professores e vrios outros setores

  • 245O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    protestaram contra isso e em 1938 foi estabelecido que voltaria a vi-gorar o Acordo Ortogrfico de 1931. Pode-se imaginar a confuso que se estabeleceu com essa deciso.

    Acordo Ortogrfico de 1945

    No incio da dcada de 1940 apesar da II Guerra Mundial Portugal e Brasil decidiram reunir-se para tentar outra vez, um Acordo Ortogrfico. Depois de anos de debates e discusses, em agosto de 1945, na hora de assinar o documento, o que era para ser um acordo virou desacordo. No centro da polmica estavam as consoantes mudas sobretudo o c e o p. O Brasil queria retirar, seguindo a proposta de Portugal de 1911 ratificada em 1931 mas Portugal no aceitava. Portugal queria abolir o trema, mas o Brasil no concordava.

    O Acordo foi, finalmente, assinado em setembro de 1945, mas dando liberdade de seguir a eufonia ou a etimologia. Foi a que nas-ceram as duas lnguas: o portugus de Portugal e o do Brasil. Por isso, em Portugal eles dizem e escrevem: aco, activo, factor, baptismo e ptimo e, no Brasil, ns dizemos e escrevemos: ao, ativo, fator, ba-tismo e timo.

    Portugal aboliu o trema e o Brasil continuou com ele at esse Acordo. A escolha que o Brasil fez aps o II Acordo, acabou por nos beneficiar no III Acordo de 1990, o qual privilegiou mais a fontica do que a etimologia. O portugus do Brasil sofre modificao em 0,5 de suas palavras; j o de Portugal, trs vezes mais, isto , em cerca de 1,5 das palavras da lngua.

    Em 1971, o presidente Emlio G. Mdici fez uma minirreforma: eliminou o trema de palavras como saudade e vaidade... Excluiu o acento circunflexo de palavras como: almoo, doce, gosto, endereo, ele, dele, nele, pelo... Suprimiu o intil acento grave dos advrbios ter-minados em mente e de diminutivos como avozinha... Descobriram que ele de nada servia.

    Na verdade, os sinais grficos so convenes ou criaes que passam a ter o valor que lhe atribudo, quando tm seu uso consoli-dado. Em grego, por exemplo, o sinal de interrogao o ponto e vr-gula = [;]. As lnguas eslavas e outras tm acentos no , no , no , no

  • Revista do Instituto do Cear - 2014246

    , no , no , no , no ... uma coisa que para a nossa lngua impen-svel, acentuar uma consoante.

    Certamente um grego vai achar estranho, o nosso sinal indicativo de interrogao [?] no lugar de seu [;]. Assim como para os espanhis, inicialmente muito estranho que o portugus no use o sinal de inter-rogao invertido [] antes de uma frase interrogativa, como fazem eles. Em portugus um s entre duas vogais tem som de z, j em espanhol, nunca tem.

    Acordo Ortogrfico de 1990

    O sonho de termos uma s lngua portuguesa persistiu e pelo

    final da dcada de 1980, sete pases de lngua Portuguesa Timor Leste no participou reuniram-se para elaborar o III Acordo Ortogrfico. Depois de anos de discusso, a Comisso elaborou um texto com XXI Bases e com mais de 100 normas. Portugal conseguiu impor a elimi-nao do trema, abolido l em 1945. Houve a deciso acertada de read-mitir as trs letras cassadas desde 1931: k, w, y.

    A Comisso que elaborou o texto, na sua inocncia, determinou que ele entraria em vigor em 1994. Os Congressos de diversos pases demoraram muito a aprovar o texto. E at o final de 2014 Angola e Moambique ainda no o tinham aprovado. Esse texto o que est sendo dado a conhecer atravs das escolas e dos meios de comunicao. Ele s comeou a ser divulgado para a populao em 2009, quando entrou em uso em fase experimental. Foi prometido que entraria em vigor em 1./01/2013. Posteriormente essa data foi remarcada para 1./01/2016. Eu tenho dvidas sobre a sua efetivao. O texto con-fuso, contraditrio, lacunoso e omisso em vrios pontos.

    Contradies, omisses e pontos obscuros A fonte mais segura para a pesquisa sobre a grafia das palavras da

    lngua o VOLP = Vocabulrio Oficial da Lngua Portuguesa, que existe desde 1945 e periodicamente atualizado. Se a lngua unificada o Acordo foi feito para se ter uma nica lngua portuguesa os VOLPs deveriam ser idnticos. Mas isso no acontece com os VOLPs de Portugal e do Brasil.

  • 247O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    Os termos: ejeo, ejetado, ejetar, ejetvel, ejetlito, ejetor, tm grafia nica para o VOLP de Portugal e grafia dupla para o VOLP do Brasil, com um c, antes do e do t.

    No VOLP do Brasil, mido tem grafia nica, j o de Portugal, admite a forma dupla: hmido ou mido. O VOLP do Brasil admite as formas duplas: cibra/cimbra, intacto/intato, o de Portugal, s cibra e intacto. No VOLP de Portugal aparece baptista e batista; baptistino e batistino, no do Brasil apenas a forma batista e batistino. No VOLP do Brasil a forma dupla lectivo/letivo, no de Portugal apenas forma le-tivo. Pelo uso tradicional seria o inverso.

    O VOLP de Portugal segue a regra geral para as expresses com dois elementos: no-cooperao, no-eu, no-euclidiano, no-fico, no-fumante, no-governamental, no-linear... (Base, XV,1). O VOLP do Brasil contrariando a regra traz as mesmas expresses, sem hfen. Com certeza, no so essas as nicas divergncias entre eles.

    Termos oriundos da mesma raiz com grafias diversas

    Apresento, a seguir, uma srie significativa de palavras da mesma raiz latina, nas quais algumas tm grafia dupla e outras no. s vezes trata-se de um verbo que tem grafia nica no infinitivo, como (refletir) e grafia dupla no particpio passado (reflectido ou refletido).

    No entendemos os critrios para essas decises. Quem usa a lngua fica confuso e inseguro. impossvel decorar tantas excees ilgicas e nem sempre temos um VOLP mo.

    Coactar tem forma nica, mas tem forma dupla coacto/coato. Contrafao tem forma nica, mas tem forma dupla, contra-

    factor/contrafator.Didatilia tem forma nica, mas tem forma dupla didctilo/

    didtilo. Difrao tem forma nica, mas tem forma dupla, fraco/frao.Direcional tem forma nica, mas tem forma dupla: multidirec-

    cional/multidirecional. Ductor tem forma nica, mas tem forma dupla ducto/duto. Das 302 palavras derivadas de elctrico constantes no VOLP

    foram poupadas do c: eletricidade; eletricismo; eletricista, eletrici-trio e os compostos, bioeletricidade e zooeletricidade.

  • Revista do Instituto do Cear - 2014248

    Algumas delas tm forma nica com c: electrocintilografia; electroexciso; electrofotfuro; mas de se estranhar a forma dupla de: electrforo/eletrforo.Eletrocirrgico tem grafia nica, mas tem forma dupla: electrocirurgia/eletrocirurgia.Electrocopista tem grafia nica, mas tem forma dupla: electrocpia/eletrocpia.Electrodinamomtrico nica, mas tem forma dupla: electrodinam-metro/eletrodinammetro. Electrofluorescente tem grafia nica, mas dupla: electrofluorescncia/eletrofluorescncia Ereo tem grafia nica, mas tm forma dupla: erectil/eretil; erecto/ereto; erector/eretor.Ejeco/ejeo e todos os seus cognatos tm a forma dupla opcional. Faturar tem grafia nica, mas tem forma dupla o derivado, factura/fatura.Fruto tem grafia nica, mas o seu composto tem forma dupla: uso-fructo/usofruto.Heterodactilia tem grafia nica, mas tem forma dupla: heterodctilo/heterodtilo. Hexadactilia tem grafia nica, mas tem forma dupla: hexadctilo/hexadtilo.Injetar tem grafia nica, mas tem forma dupla o derivado, injector/injetor. Lactao tem grafia nica, mas tem forma dupla o derivado, lact-floro/latfloro.Noturnal, noturnncia, noturnidade e noturno seguindo a eufonia tm forma nica.Noctifobia, noctfobo, noctfilo, noctforme, noctfugo, noctgeno, noc-tgero, noctiluco, noctiluzir, noctivagante, noctivagar, noctividente, noctivgilo, noctiviso, noctvolo, noctria, noctrico... seguindo a eti-mologia, elas conservam o c da sua raiz latina: noctis.

    Curiosamente, outras palavras dessa mesma raiz latina tm forma dupla: noctambulao/notambulao; noctambulante/notambulante; noctam-bular/notambular; noctmbulo/notmbulo; noctvago/notvago, todas derivadas da mesma raiz noctis.

  • 249O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    O VOLP no traz noturnamente. Essa variedade de formas causa estranheza e nos confunde.

    Palavras da raiz latina (noctis) e comeando com o mesmo pre-fixo tm trs critrios diferentes:

    a) seguindo a eufonia, como dizemos noturno (sem pronunciar o c), no escrevemos nocturno;

    b) seguindo a etimologia, pois elas vm do latim, noctis = noite, con-serva-se o c da raiz;

    c) sistema misto, isto , pode-se usar ou no o c da raiz, portanto, com ou sem c e est certo.

    Objeto tem grafia nica, mas seu derivado tem forma dupla: ob-jectar/objetar.Obstupefao tem grafia nica, mas o derivado tem forma dupla: faco/fao. Recoleco tem grafia nica, mas o derivado tem forma dupla: reco-lecta ou recoletaRedentor tem grafia nica, mas o derivado tem forma dupla: re-dempto/redento. Refletir tem grafia nica, mas tem forma dupla: reflectido/refletido (par-ticpio passado).Refratometria tem grafia nica, mas tem forma dupla: refractmetro/refratmetro.Retalgia tem grafia nica, mas seu derivado tem forma dupla: rectal/retal.Sectil tem grafia nica, mas seu derivado tem forma dupla: in-sctil/instil.Setorizar tem grafia nica, mas seu derivado tem forma dupla: sector/setor. Transdutvel tem grafia nica, mas tem forma dupla: transductor/transdutor.Tridactilneo tem grafia nica, mas tem forma dupla: tridactildeo/tridatildeo.Trissectar tem grafia nica, mas o derivado tem forma dupla trisseco/trisseo.Tumefato tem grafia nica, mas tem forma dupla: tumefaco/tumefao.

  • Revista do Instituto do Cear - 2014250

    Vivissectar tem grafia nica, mas tem forma dupla: vivisseco/vivisseo.

    Outro caso curioso o das palavras em omni. Tm grafia dupla:mnibus/nibus; omnicolor/onicolor; omnidirecional/onidirecional; omniforme/oniforme; omnilngue/onilngue; omnmodo/onmodo; omnipalrante/onipalrante; omniparente/oniparente; omnipessoal/oni-pessoal; omnipotncia/onipotncia; omnipresena/onipresena; om-nisciente/onisciente; omniscpio/oniscpio; omnissapincia onis sa -pincia; omnividncia/onividncia; omnivoracidade/onivoracidade; omnvoro/onvoro.

    Porm, outras palavras com o mesmo prefixo latino omni s tm forma nica: onifulgente, onifulgor, ongrafo, onipatente, onipro-dutivo, onssono, onvago e onvomo.

    O dicionarista Antnio Houas, grande autoridade no assunto, no registra as palavaras em omni. Ele remete o termo omni, forma oni.

    As palavras designadas no VOLP como de dupla grafia esto sempre corretas com uma grafia ou outra. Voc deve andar com o VOLP, livro de 28x20 cm, 877 pginas, que pesa 2,05 kilos. Ser que os professores e corretores de provas de todos os pases aceitam essa duplicidade?

    Essas incoerncias tornam a lngua cheia de excees e contradi-es, dificultando seu uso correto, sobretudo para os estrangeiros. Qual a lgica para a dupla ou tripla forma? Como se pode explicar isso? Com a lngua nificada, os estudantes dos oito pases lusfonos tero a garantia de que seus textos sero corrigidos com o mesmo critrio em qualquer pas.

    A duplicidade opcional de grafia em centenas e centenas de palavras:

    A: abjeco/abjeo; accepo/acepo; accessvel/acessvel; acces-

    srio/acessrio; afecto/afeto...B: bactericida;batericida; bijeco/bijeo; birrefraco/birrefrao;

    bissectriz/bissetriz...

  • 251O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    C: cibra/cimbra; caracterial/caraterial; ceptro/cetro; coleco/co-leo; contacto/contato...

    D: dctilo/dtilo; dactiloteca/datiloteca; deflectir/defletir; dejectvel/dejetve; dialectal/dialetal...

    E: efraco/efrao; ejeco/ejeo; electrocirurgia / eletrocirurgia; epacta/epata...

    F: factvel/fatvel; flectvel/fletvel; fleugma/fleuma; fraco/frao; fructose/frutose...

    G: genuflectir/genufletir; gimnandro/ginandro; gimnpode/ginpode; gimnptero/ginptero...

    H: hctico/htico; heptadctilo/heptadtilo; heteroinfeco/heteroinfeo...I: ictercia/itercia; incorrupto/incorruto; intelecto/inteleto; introjeco/

    introjeo...J: jactncia/jatncia; jactancioso/jatancioso; jactar-se/jatar-se; jacto/

    jato; jactura/jatura...L: lctea/ltea; lacticnio/laticnio; lactfloro/latfloro; leccionar/le-

    cionar; lectivo/letivo...M: manufactura/manufatura; microelectrmetro / microeletrmetro

    (Portugal microelectrmetro)N: narcolptico/narcoltico; neptunais/netunais; nictfilo/nitfilo; noc-

    tvago/notvago...O: omnmodo/onmodo; omnvoro/onvoro; optimismo/otimismo; p-

    timo/timo; P: pr-requisito/prerrequisito; prospecto/prospeto; punctiforme/punti-

    forme; punctura/puntura... Q: quimiotactismo/quimiotatismo; quinta-essncia/quintessncia; quo-

    tidiano/cotidiano... R: radioelectrocardiograma/radioletrocardiograma; rarefacto/rarefato;

    refraco/refrao; S: seco/seo; septiforme/setiforme; septupleta/setupleta; sbdito/s-

    dito; subtil/sutil...T: tctica/ttica; tctil/ttil; tcnico-tctico/tecnico-ttico; tetradactilia/

    tetradatilia... U: uretrorrectal/uretrorretal, mas vesicorretal forma nica; usufructo/

    usufruto... V: vectao/vetao; vector/vetor; vindicta/vindita; viviseco/

    viviseo...

  • Revista do Instituto do Cear - 2014252

    Z: zigodactilia/zigodatilia; zigotactismo/zigotatismo; zooelectricidade/zooletricidade...

    A duplicidade opcional de acentos em centenas e centenas de palavras:

    A: Abdmen/abdmen; anacrnico/anacrnico; annimo/annimo; Antnio/Antnio...

    B: Babilnia/Babilnia; bangal/bangal; beb/beb; binio/binio; bnus/bnus; bong/bong...

    C: Colnia/colnia; carat/carat; comit/comit; congnito/congnito, consom/consom

    D: Daltnico/daltnico; decnio/decnio; demnio/demnio; dos-metro/dosmetro...

    E: Eugnio/Eugnio; ecnomo/ecnomo; efmero/efmero; eletr-nico/eletrnico...

    F: Febrnio/Febrnio; Filmon/Filmon; fenmeno/fenmeno; fotog-nico/fotognico...

    G: Gnova/Gnova; gnero/gnero; gnesis/gnesis; gnio/gnio; gi-rofl/girofl; gliss/gliss...

    H: Hipmenes/Hipmenes; habitu ou habitu; helnico/helnico; ho-mnimo/homnimo...

    I: Ifignia/Ifignia; idneo/idneo; incmodo/incmodo; insnia/in-snia; irnico/irnico...

    J: Jernimo/Jernimo; Jansnio/Jansnio; Jnatas/Jnatas; japnico/japnico; jnio/jnio...

    K: Kelvinmetro/kelvinmetro, knosis/knosis...L: Lapnia/Lapnia; lacnico/lacnico; laqu/laqu; lmure/lmure;

    litognese/litognese...M: Macednia/Macednia; manico/manico; mand/mand; matri-

    mnio/matrimnio...N: Nicmaco/Nicmaco; nanmetro/nanmetro; nen/nen; nnia/

    nnia; nipnico/nipnico...O: Olnio/Olnio; obcnico/obcnico; odmetro/odmetro; mega/

    mega; nix;nix; nus/nus...P: Pacmio/Pacmio; pav/pav; psich/psich; piqu/piqu; plutnio/

    plutnio; pur/pur...

  • 253O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    Q: Qunia/Qunia; quatrinio/quatrinio; quinqunio/quinqunio; que-lidnio/quelidnio...

    R: Rmulo/Rmulo; Rondnia/Rondnia; radiofnico/radiofnico; ra-dimetro/radimetro...

    S: Sneca/Sneca; smen/smen; septnio/septnio; sicnio/sicnio; sinfnico/sinfnico...

    T: Teotnio/Teotnio; tacmetro/tacmetro; tnia/tnia; tnue/tnue; talassmetro/talassmetro...

    U: Udmetro/udmetro; ultrassnico/ultrassnico; urmico/urmico; ufmano/ufmano...

    V: Vnus/Vnus; Vernica/Vernica; vneto/vneto; vnula/vnula; vmito/vmito...

    X: Xnia/Xnia; xantognio/xantognio; xilarmnico/xilarmnico; xi-lofnio/xilofnio...

    Z: Zaznia/Zaznia; zennico/zennico; zoognico/zoognico; zoon-mico/zoonmico...

    Isso deixa entrever que a Comisso do III Acordo (1990) passou pelo mesmo impasse ocorrido quando do II Acordo em 1945. Por desa-cordo ela apelou para formas duplas de grafia e de acentos. No h expli-cao plausvel para acentos diversificados numa palavra. O acento apenas indica a slaba forte, seja ele agudo, grave ou circunflexo. A Comisso po-deria ter escolhido no par ou mpar, um s acento. Foi uma deciso pouco feliz, pois elimina a desejada unificao. O texto d permisso tcita para interpretaes diversas, estabelece excees sem justificativas plausveis, permite duplicidades dbias e leva a correes diferenciadas de textos.

    Eu no quero ser pessimista, mas a confuso estabelecida pelo texto do Acordo enorme. Isso pe em risco a sua assimilao, condio para a sua aceitao plena. Os otimistas acham que um passo o me-lhor que se conseguiu dar para uma unificao futura. Quem sabe no IV Acordo se chegue to sonhada unificao do portugus. Seria muito bom que ele viesse logo.

    Uma deciso simples poderia ter evitado isso: Aps a elaborao do texto pela Comisso, ele deveria ter sido submetido s Academias de Letras, s Universidades, aos professores e aos muitos estudiosos da lngua, de cada pas, para ser avaliado e receber as sugestes e propostas de melhora. Com certeza ele teria sido aperfeioado, e muito.

  • Revista do Instituto do Cear - 2014254

    O complicado uso do hfen em portugus Aqui eu vou apenas apresentar alguns pontos confusos das regras

    do hfen nas duas Bases, a XV e a XVI. Das 100 regras do Acordo, mais de 30 delas so sobre o uso do hfen.

    Nas regras do hfen existem excees sem justificativas. Por que escolher expresses para serem exceo da regra, sem motivos plaus-veis? O hfen foi supresso e sobretudo acrescentado, sem que se com-preenda claramente o motivo.

    A Base XV, 1 diz: usa-se o hfen nas palavras compostas por jus-taposio que no contm formas de ligao: decreto-lei, tenente-co-ronel, amor-perfeito, afro-luso-brasileiro...

    Exceo dessa regra: Os compostos que perderam a noo de composio: girassol, madressilva, mandachuva, paraquedas, paraque-dista, pontap...

    Em muitos casos h dvidas sobre se uma expresso perdeu a sua noo de composio.

    O VOLP traz expresses de dois termos sem o hfen: no coope-rao, no eu, no euclidiano, no fico, no fumante, no governa-mental, no linear, no metal, no viciado... E no dada nenhuma ex-plicao para isso. Isso seria apenas uma distrao dos elaboradores?

    O VOLP do Brasil traz expresses semelhantes s citadas acima, com outro critrio: sem-barba, sem-cerimnia, sem-fim, sem-lar, sem--modos, sem-nome, sem-ptria, sem-terra... todas com hfen, seguindo a regra geral. Qual delas seria a exceo da regra? Qual o motivo?

    As duas expresses bsicas da teoria econmica de Karl Marx, inexplicavelmente tm grafia diferente: mais-valia (com hfen) e no valia (sem hfen), no VOLP do Brasil. Qual seria a explicao possvel para essa diferena?

    Essas contradies revelam uma sem-gracice, sem nenhuma razo de ser. Elas dificultam a aprendizagem da lngua, e, sobretudo, so contra a pretendida unificao, to desejada.

    A Base XV, 6, diz: Nas locues de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas... no se emprega em geral o hfen, salvo algumas excees consagradas pelo uso: gua-de-colnia; arco-da--velha; cor-de-rosa, mais-que-perfeito, p-de-meia, ao Deus-dar, queima-roupa.

  • 255O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    Ora, existem tantas outras iguais: gua de cheiro; lua de mel, andar na linha, camisa de fora, dor de cotovelo, entra e sai, fechar o palet, fora da lei, ir e vir... to tradicionais quanto elas, que poderiam ter sido contempladas com hfen! Ou teriam elas sido castigadas?

    Alm disso, constatamos casos muito complexos de duplicidade de grafia: centroafricano (sem hfen), significa da Repblica Centro-Africana e centro-africano (com hfen) significa da frica Central. Qual a razo dessa duplicidade? Parece ser apenas o capricho da Comisso que elaborou o texto. Seria uma norma adrede preparada, para pegadi-nhas em concursos?

    A Base XVI, 1f, diz: Usa-se o hfen, nas formaes em que os prefixos tnicos/tnicos acentuados graficamente ps-, pr-, pr-, quando o segundo elemento tem vida parte, (ao contrrio do que acon-tece com as correspondentes formas tonas que se aglutinam com o elemento seguinte): ps-graduao, pr-escolar, pr-natal, pr-afri-cano... Essa uma norma um tanto subjetiva, que causa muita confuso e depende de interpretao pessoal.

    Palavras que poderiam ser escritas com k, w, y

    Com a readmisso dessas letras ao alfabeto portugus, muitas palavras por sua origem poderiam ser escritas com k, w, y. Mas quem vai determinar isso ser o uso e, com ele, a aprovao da Academia Brasileira de Letras. Para o momento, basta que o leitor saiba disso e fique atento tendncia na mudana de grafia. Eu que leio jornal todo dia, j vejo articulistas e jornalistas escrevendo: kilo, kilograma, kil-metro... Como se escrevia antes do k ser cassado.

    Palavras de origem grega

    Alektoromancia, dikastrio, karo, kabira, kaldu, kalednia, kalkografia, kaos, kamomila, karter, karisma, kssia, katlise, kata-plasma, katarro, katarse, katstrofe, katatonia, katecismo, katekmeno, kategorema, kategoria, katekese, katequisador, katequisar, kateter, kate-to, keloide, kelnio, kerigma, Kersoneso, kiasma, kiastro, kilade, kilo, kilocyklo, kilgono, kilograma, kilolitro, kilmetro... kilpode, kiloton, kilovat, kilovolt, kmica, kimiotaxia, kiralgia, kiromancia, kiromante,

  • Revista do Instituto do Cear - 2014256

    kisto... kloro, kloruremia, koanoide (em forma de funil), klera, kolor-ragia, kolorreia, kolossal, koluria, kondrografia, kondroide (em forma de cartilagem), koriambo, Korinto, korografia, krestomatia, kromtico, kromatina, kromatmetro, kromio/kromo, logokilia...

    Do alemo, rabe, hebreu, holands, ingls, japons, russo, snscrito e turco

    Criket, folklore, harakiri, Hokaido, hokey, ianke, ikebana, kara-ok, karat, karateca, karma, kastina, kefir, kermesse, kibutz, kimono, kiosque, uisky...

    Do bantu, iorub, kicongo, kimbundu e umbundo

    Kabaa, kabaceira, kabinda, kadiado, kaju, kandeia, kanjica, ka-lundu, kalunga, kapoeira, karuru, katimba, kiabu, kikongo, kilombo, kizila, kitute, kizumba, kimbanda, kindim, kizomba, komboio, maka, makina, mukama...

    Do tupi, da lngua geral, do guarani e outras lngua indgenas

    Vrios: jaguatirika, jakar, jakarepinima, jakartinga, Jekery, jiki (armadilha), katinga, kaiara, kaipora, kapivara, karim, katandu-va, katita, katol, kauim, kaxinguel, kip (cardo rasteiro), kiriri (silen-cioso, calado), koit, kuandu, kunh, kurim, kurimat, kurumim, ku-rupa, kurupira, kururu, kutia, marakaj, maritaka, mok, mukura, paka, perereka, tetekuera (o que j foi corpo), tokaia...

    Cobras: akutiboia, jakiranaboia, jararaka, jararakuu, kaninana, sakaiboia, sukuri, sukurijuba, sukuritinga, surukuku...

    Formigas e Insetos: karapan, kibukibura, kupim, mukirana, mu-risoka, mutuka, taioka, tapiukaba, tataoka, tatukaba, tapiukaba e traku.

    Aves: akau, aguapeoka, anak, bakurau, jaguakati, jakamim, jaku, jakupema, jakutinga, kabor, kapote, karkar, makasica, makuk-gua, makuko, marakan, peitika, pikuiguau, pikuipitanga, sabaku, sa-biasika, sok, takuara, takuaratinga, tapikuru, tukano...

    Comidas e bebidas: karib, karim, kauim, mandioka, min-dukuruera, pirakui, tapioka, tikira, tukupy...

  • 257O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    Frutas e batatas: aratikum, bakaba, bakury, jetika (batata doce), jetikuu, katol, kupu, kupuau, kupua, makaxeira, mandakaru, man-dioka, marakuj, matury, mukun, pakovan, peki/piki...

    Palmeiras: bokaiuva, katol, mukaj, mumbaka, tukum, tuku-m, uakum, urikury...

    Peixes: akar, akary, araku, baku, guaraku, guarapiku, jakund, jaraki, juki, jurupoka, kamurupim, kar, pirak/porak, pirakava, pi-rakuka, paku, piraruku, tambaki, tukunar...

    Plantas: jakarand, jakaretuba, japekanga, japika, jarakati, ja-taysika, jekitib, jikitaia (tipo de pimenta), juk, kaaguau, kaaguap, kaaing, kaajuara, kaaobi, kaapi, kaapu, kamar, karapinima, katan-duva, katigu, kiri, kiriba, kopaba, kuau, kupuau, makambira, ma-nak, mukuba, mukug [j], mukun, mukuri, oitycika, oitykor, paka-vira, peki, pekirana, sapukaya, takuara, takuary, takuaruu, tararuku, tiririka, urukatu, uruku, urukurana.

    Povos indgneas: arikm (AM), bakairi (MT), chakramekra (MA), jaiks (PI), Juks (CE), kabixis, kaets, Kaingangs (SC/PR/SP), kamayuar (MT), kamak (BA), kampa (AC), kamp (RO), kanelas e karajs, (MA), karakara (AM/GO/MT), Karamuru e ka-riris (PE/PB/CE), katuixis, kayaps e kawannis (AM/MT/PA/TO), kaxixs, kaxuiama (PA), kenkatej, kokraimoro, krahs e krenak, (TO), kuikuru (MT), kustenau, makamekra (TO/MA), makuxis (RR), maxakali, nukini (AC), okrem (BA), purekamekra (MA), ti-kunas (AM), truks (PE/BA), tupinikins, xaray (MT), xocs (SE), xukuru (PE).

    Cidades: Akary, Juks, Jukeri, Jukitiba, Kaik, Kamaary, Ka-mak, Kamucim, Kanind, Kipap (lugar cheio de cardos rasteiros), Kixaba (pouso, lugar de dormir), Kraholndia, Krates, Mukm (fogo fora da oca), Pirakuruka, Yk, Ypu...

    Antropnimos: kapixaba, karioka...Utenslios: arapuka, arataka, jakum, kic (faca), kop (cabana),

    kuia, marak, piker, piku, pataku, kix, muirakita (artefato feito com pedra verde), tukum...

    Com a readmisso do y - por sua etimologia - as palavras abaixo poderiam ser escritas com y. Esperemos a tendncia do uso e a deciso da Academia Brasileira de Letras.

  • Revista do Instituto do Cear - 2014258

    Do grego

    zymo, cyclo, cyklone, cylindro, cynfilo, cysne, cystite, cytologia...

    Dynamite, dynamizar, dynastia, dysenteria, dysfagia, dysfasia, dysfonia, dyslalya, dyslexia, dyslogia, dyspneia, dysuria...

    Gynsio, gyneceu, gynecofobia, gycologia, gynecomania, gyrino, gyro, gyroscpio...

    Hbrido, hydra, hydrulico, hdrico, hydrocele, hydrocisto, hydrodinmica, hydroeltrico, hydrfilo. hydrognio, hydrografia, hydrologia, hydromancia, hydromania... enfim, as 808 palavras ini-ciando com hidro, que esto no VOLP.

    Hyena, hgido, hygiene, hygrmetro, hmen, hyno, hyoide, hyprbole, hypertermia... enfim, as 376 palavras iniciando com hiper, que esto no VOLP.

    Hypoabissal, hypoacusia, hypocondria, hypocrisia... enfim, as 718 palavras comeando com hipo, que esto no VOLP.

    Hysteria... Lyceu, lynfa, lynce, lyra...Myalgia, mycose, myelina, myelite... myocrdio, myografia,

    myoma, mope, myrade, myrra, mystrio, mstico, myto, mytologia, myxoscopia (=voyeurismo)... nynfa, nynfeta, nynfomania...

    xydo, oxygnio, oxtono, pygmeu, pyloro, pycyto, pyor-reia, pyra, pyrmide, pyrbolo, pyrogneo, pyroide, pyrofobia, pyromania...

    Sybarita, sycmoro, slaba, sylepse, sylogismo, smbolo, sy-metria, sympatia, synfonia, syntoma, Synagoga, sncope, sndico, sndrome, Syndrio, synergia, snodo, synnimo, synopse, syn-tagma, syntaxe, sntese, syringa, syrtes [pl. banco de areia], sys-tema, sstole...

    Tyflite, tyflgrafo, tyflologia, tyfo, tyfoide, tyfonemia, tylpodes, tylose, tmpano, typo, typografia, typologia, typometria, typmetro, typtologia (comunicao atravs de pancadas)...

    Xylgrafo, xylologia, xylomancia (adivinhao pela madeira), xylfago, xylofnio, xylose...

    Palavras africanas: Yans e yorub.

  • 259O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    Do tupi-guarani

    Ateno: Algumas das palavras abaixo terminadas com y po-deriam ser acentuadas ou no. Eu optei por no acentuar. Uma possvel legislao futura decidir essa questo.

    Animais, abelhas: jaboty, tapyr, ty... jatay, jaty, mandaguary, mondury/mundury... gyboia.

    Aves: guyrapuru, jandaya, jurity, maguary, mayria, patury, tuym, tuyuyu, yapakanyn

    Frutas batatas e comida: aay/assay/assahy, bakury, manayba, matury, tucupy

    Peixes: akary, lambary, mandy, pirahyba, maturyPlantas: aypim, gityrana, jatay, jataysika, jataypeba, jatuayba,

    muricy, oity, oitycica, oitykor, pindahyba, sapukaya, sarandy, tayoba, tayuya, takuary, tauary, tinguy, umary

    Palmeiras: airy, inday, janary, makayba, urikury, yariv/jerivPovos Indgenas: aymara (na Argentina, Bolvia e Chile, cerca

    de 2 milhes), goytacaz (GO/TO), kamayuar (MT), payacu (RN/PB), yanay (PA), yanomani e yawanawa (AM/AC).

    Casa e Utenslios: tapiry (choupana), tipity (aparelho de palha para espremer mandioca), vatapy (instrumento musical).

    Diversos: Jacyara (tempo de lua), Jacygu (lua cheia), Jacyparana (rio da lua), Jurupary, Janayna, mambay (rio das samambaias), pacuy (rio dos pacus, peixe), pekiry/pikiry (rio do peki), Pikeroby (nome pr-prio), suruy/sururuy (rio dos sururus), tamanduatey (rio do tamandu verdadeiro), taperyryca (pedra escorregadia), tyryrycal, uisky, voley, Yara (sereia e depois nome de mulher), yate, yene (moeda japonesa), yole, ypueira (terra que j foi frtil), yputinga (fonte de gua branca, clara), ytui (cascatinha)...

    Cidades e localidades: Acajutyba, Acaray, Anhemby (rio abaixo), anutyba, Apody (mundo florido), Araay (rio dos aras), Aracaty, Atybaia (uma planta), Itaypu (fonte das pedras)...

    Bariry (rio da barragem), Baruery (rio dos mosquitos), Batovy (o que verde), Beberybe (rio das raias)...

    Caatyba (matagal), Cabugy (rio das vespas), Cajayba, Cambyra (galho espinhento), Capivary (rio da capivara), Carcaray (rio do car-car), Carandyru, Cariacyca, Cariay (rio do homem branco), Carnayba,

  • Revista do Instituto do Cear - 2014260

    Caturay (rio da palmeira catol), Cauype (rio onde se bebe cauim), Cayru (recipiente de cauim), Coaracy (nome prprio masculino = sol forte), Corurype (rio do sapo), Cotegype (bebedouro dos cuatis), Cruay (rio das cruzes)... Embirycyca (planta)...

    Gravatay (rio dos gravats), Guaracyaba (cabelos do sol), Guyratinga (gara branca), Gurupy (lugar onde os bagres se reproduzem)...

    Imbuy (rio da madeira imbuia), Indyaroba (corruptela de an-dyroba = folha de morcego), Irajay (cortio de abelhas), Iraty (ninho de abelhas), Itaberay (rio da pedra luzente), Itabyra (ponta de rocha), Itaboray (rio da pedra bonita), Itacaramby (pedra redonda), Itacy/Itaicy (fileira de pedras), Itaguay (rio amarelo), Itagy (machado de pedra)... Itayaba (recipiente de gua), Itaytuba (pedregulhal), Itajay (rio dos tajs), Itajuype (rio do ouro), Itambacury (rio dos tambaquis), Itapagype/Itapeby/Itapevy (rio da laje), Itapeceryca (pedra escorregadia), Itapy e Itapyra (ponta de pedra), Itaky (pedra aguada), Itatyra (pedras amonto-adas), Ytinga (rio claro), Itykyra (gua que respinga), Ityruu (morro grande), Itaoby/Itoby (pedra verde)...

    Jacarecyca (resina de jacar), Jacarey (rio do jacar), Jaceguay (lua cheia), Jacy, Jacyaba (cabelos da lua), Jacuype (rio do jacu), Jaguary/Jaguarybe (rio da ona), Jaguaryuna (rio da ona preta), jekitay (rio da jequitaia = formiga amarela), jenypabu (rio do jenipapo), Jekytynhonha (corredeira do jekyty), Jupyra...

    Makayba, Maypor (cidade bonita), Mairy, Mangaray (rio dos mangars, planta), Mangaratyba, Maragogy/Maragogype (rio do mara-cuj), Marapendy (lagoa clara), Marycor (cidade nova), mearym (rio da caa), Miraguay (rio do miraguya, peixe), Myrandyba (bosque, flo-resta), Mirityba/Miritiyba (palmeira), Mogy (rio das cobras), Mogykiaba (pouso no rio das cobras), Morumby (mosca verde), Mucuricy (sementes de mucury), Mucurype (rio das mucuras), Mutuype (rio do mutum)...

    Narandyba (laranjal), Natinguy (untado com tingui, planta entor-pecente natural), Nhanduy (rio das emas)...

    Oiticyca (planta da fam. das morceas) Paracamby (espuma), Paraguay e Paraguary (rio dos papagaios),

    Paranay (rio pequeno), Paraty, Paranahyba, Peruybe (gua dos tuba-res), Piray (rio dos peixes), Pirajyba (peixe assado), Pirangy (rio das

  • 261O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    piranhas), Piripypau (ilha do brejo), Pitymbu (que fuma ou fumaa), Potengy (rio do camaro)...

    Quaray (rio da furna)... Rorayma (formador do papagaio)... Sairy (rio das lgrimas), Sambayba (planta), Sambaki (ostra),

    Sambakixaba (casca de conchas), Sapucay (rio das sapucaias), Sepery (rio de Sep, que era um cacique guarani), Sepetyba (sa-pezal), Sergype/serigy (rio dos siris), Sernambityba (lugar de muita concha sernambi)...

    Tabyra/Itabyra (pedra suspensa), Taguay (rio amarelo), Tambaky (casca de ostra), Tapiray (rio das antas), Takuaray (rio das takuaras), Taracuatyba (onde abundam as formigas taracus), Tatuyby (terra do tatu), Tatajyba (arco de fogo), Taypu (fonte de pedra), Timbuy (rio dos gambs), Tinguacyba (planta medicinal da fam. das rutceas), Torytama (regio do farol), Trairy (rio das trairas), Tramanday (rio do besouro taramanday), Tucuruy (rio gelado), Tucuruvy (gafanhoto verde), Tupacyguara (me de Deus), Tupacyreta (regio da me de Deus), Turyau (facho grande, farol), Tuyuti (barro branco), Tybagy (rio das uvaias, planta fam. das mirtceas), Tybau (rio das frutas), Trycy (fileira de montculos), Tyet (gua boa), tyryryca (planta rasteira nociva s hortalias)...

    Ubay (rio das canoas), Ubyrajara (senhor da lana), Ubyrat (lana rija), Uybay (rio das flecahs), Uyrauna (pssaro preto), Uyrapiranga (pssaro vermelho), Uruguay (rio do caramujo)...

    Yau (rio grande), Ybotyrama (canteiro de flores), Ybura (olho dgua), Ybyapaba, Ybyapina, Ybyassusc (terra frtil), Ybycaray, Ybycu (rio da areaia), Ybymirim, Ybypitanga, Ybypor, Ybyrayara (senhor da lana), Ybyrapuera, Ybyrataia, Ybytinga (terra branca), Ybyuna (terra preta), Ycapu (poo fundo), Ycara (rio do poo), Ygarau, Yguau, Yguape (rio dos musgos), Yguaracy, Yguatemi (an-tigo bebedouro), Yguatu (cachoeira dos musgos), Yjuy (rio da es-puma), Ypanema (rio impraticvel), Ypaumirim (ilha pequena), Ypiranga (rio vermelho), Ypir, Ypixuna (rio preto), Ypojuca (gua pouca), Yporanga (rio bonito, idem Ypor), Ypu (fonte, manancial), Ypueira (rio extinto), Ypumirim, Ytoror (nascente de gua), Ytu (ca-choeira), Ytuau, Ytuber/Ytuberaba (cachoeira grande), Ytuim (cas-catinha), Ytumbiara (cachoeira espraiada), Ytumirim, Ytupeva (cacho-eira baixa), Ytupiranga (cachoeira vermelha), Ytuporanga (cachoeira

  • Revista do Instituto do Cear - 2014262

    bonita), Yturama (futura cachoeira), Ytutinga (cachoeira banca), Ytuverava (cachoeira brilhante), Yuna (rio preto), Yvaypor (rio bonito das frutas), Yvap (caminhos dos musgos), Yvat (elevado), Yvatuva (frutal, pomar), Yvoty, (flor)...

    Essa pequena amostra nos d uma ideia da riqueza lingustica autctone que foi abafada, com a eliminao das letras k, w, y, do nosso alfabeto.

    As limitaes do VOLP

    Com o II Acordo Ortogrfico (1945) foi decidido elaborar a lis-tagem completa das palavras e expresses oficiais da lngua portuguesa. Pela proposta, ela deveria conter todas as palavras da lngua. Lendo o VOLP (2009) fui anotando palavras que no constam. Eis algumas delas, antigas e novas. Centenas de palavras - algumas antigas - ficaram ausentes dessa listagem.

    A: antiecolgico, antieducativo, anti-religioso/antirreligioso, autoacei-tao, autoimagem...

    B: bioagiografia, bacteriofobia, belarussense (natural de Belarus), bio-carburante, biodesel...

    C: cianofobia, ciberbulismo, cleptocracia, coenvolvimento, co-her-deiro, criptorquidia...

    D: dacriofobia (fobia de lgrimas), demod, demomania, dissincronia...

    E: eclesiocentrismo, electroexecuo, enoteca, esclerodactilofobia (f. de dedo duro), extrarringue...

    F: facomania (mania de comer fava), filoteia (amiga de Deus, de 1630), fotorrecordao...

    G: galactomania, garibaldinismo, geocultural, geoengenharia, gipso-teca, governncia...

    H: heliomania, hemerofobia, hemitriteia, hemoteca, hierofobia, hiper-mido, homem-bomba...

    I: incontactvel, indigomania/indigofobia; inter-reagente, irrepetvel, insetofobia, insusceptvel...

    J: jatoplanador, jararaca-papuda, jogo-duplo, jogo-limpo, jogo-rpido, jogo do bicho...

  • 263O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    K: kacum (ave, de 1618), kerigma, knose, ketchup, kiribati, kit, kulturkampf...

    L: lactomania, lagenomania (mania por garrafas), lipossuco, lito-fobia, logomaquia, ludbrio...

    M: macrofobia, manzoniano, martiriofobia (fobia de testemunhar), mi-rademania, monoliguismo...

    N: nanofobia/nanomania, narcofobia, nectofobia, neocianito, neocate-cumenal, neoeleito, ninchar.

    O: objetor, ocrofobia (fobia de amarelo), orictofobia (fobia de fsseis), oromania, orquidofobia...

    P: paleomania, pedonal, pinquio, plagiofobia, plurireator, protorregra, psicomanaco...

    Q: quefirofobia/quefiromania, qunose/knose, quenomania, quiro-fobia, quorum...

    R: radiorrelgio, reacolher, reexplicar, religiofobia, religiomaquia, ressistematizao...

    S: semissecreto, semi-habitual, semiobnubilado, sicofagomania, socio-eclesial, socioeducativo...

    T: tacicema (formiga, 1587), talassomania, talibano, taperizao (G.Rosa), telecmera, telerreceptor.

    U: ubapitanga, ufofobia, ulissipofobia/ulissipomania, unidctilo, uri-tinga (peixe), uterofobia...

    V: vaca-louca, vacinomania, via-crucis, via-sacra, videofobia, videovi-gilncia, viva-voz...

    W: walkman, webcmera, webmaster, winebar, wireless, workshop, worshop

    X: xelelu, xantofobia/xantomania (f./m. de amarelo), xilarnea, xilo-fobia/xilomania...

    Z: zantoxleas (botnica), zelosamente, zelozia, zenlia (botnica), ze-quim (moeda), z-ruela...

    O VOLP de Portugal traz o termo sitiirgia e o do Brasil siti--irgia. Ambas as formas so inapropriadas. O termo vem da juno de duas palavras gregas: plural de stos = alimento + do verbo = repelir, portanto, repulso de alimentos. O correto deve ser: sitieirgia ou siteirgia, essa segunda forma mais eufnica.

  • Revista do Instituto do Cear - 2014264

    Eu afirmo isso baseado nas normas para a formao de palavras e numa autoridade, Ramiz Galvo (1909). Os dicionrios do Aurlio, Antnio Houas, Antenor Nascentes, Alvaro Magalhes, Frei Domingos Vieira e Silveira Bueno, no trazem essa palavra.

    Na pgina 674, coluna 3, consta prerrequisito duas vezes, alm da segunda forma pr-requisito. Mesmo se o VOLP apenas uma lis-tagem, em muitos casos careceria uma mnima informao, nos casos de hominimia e de segunda forma de uma palavra. Na pgina 605, co-luna 4, a palavra otomria (sic); no seria otometria? A segunda forma de optometria. Como saber?

    guisa de concluso

    Se esse III Acordo Ortogrfico no for confirmado e corre risco de no ser efetivado pelo desacordo interno, que aparentemente se tentou superar com a estranha duplicidadade de normas j valeu a pena, pois, embora no unificando a lngua, ele j prestou-lhe um ser-vio. Se no for consolidado in totum, vrias de suas boas propostas restaro. Eis algumas delas:

    1) A readmisso das letras: k, w, y. Elas nunca deveriam ter sado do nosso alfabeto. A sua reinsero depender do uso pelo povo e da confirmao pela ABL. Eu vejo em jornais, e livros: kilo, kilograma, kilmetro, kilowat, kilobyte... e kileragem = a atividade do killer.

    2) A no acentuao das palavras paroxtonas em ei, eia, oi, oia e oide. Exemplos: ideia, assembleia, boleia, colmeia, Jureia, hacaneia, cefaleico, alcaloide, androide, ictioide, Idoia, jiboia, pinoia Joice, joia, Nagoia, facoide, tabloide, zebroide... (Base, IX, 3).

    3) A no acentuao das formas verbais em e tnico fechado em hiato com a terminao em da terceira pessoa do plural do presente do indicativo: anteveem, circunveem, creem, deem, descreem, desdeem, desproveem, leem, preveem, tres-leem, reveem, veem... (Base, IX,7). Ateno: a 3 pessoa do pl. do ind. pres. de ter, vir e compostos, acentuda: abstm, advm, contm, convm, detm, entretm, intervm, mantm, provm, tm, vm.

  • 265O III Acordo Ortogrfico da lngua portuguesa

    4) A no acentuao das palavras paroxtonas em vogal tnica fechada com a grafia o: abalroo, abenoo, abotoo, acorooo, acoo, assoo, caoo, coo, coroo, destoo, doo, enjoo, desaco-rooo, ensaboo, entoo, esboroo, escoo, esmoo, esterroo, ferroo, heroo, magoo, moo, perdoo, povoo, reboo, remoo, revoo, roo, sobrevoo, voo, zoo... (Base, IX,8).

    Essas so as principais normas j assimiladas e em uso. Elas so importantes pois simplificam a lngua. Essas regras permanecero, mesmo se esse III Acordo no foi efetivado.

    Lamentvel no III Acordo Ortogrfico foi a supresso do trema. Ele importante no s para as palavras estrangeiras, mas tambm para exprimir o som gutural tpico das linguas indgenas. Sem o trema, eloqente pode virar um elo quente; delinqente = delinqente; intranqilo = intranqilo; ungento = ungento; lingia = lingia... As palavras mal pronunciadas dificultam a comunicao, por falta desse importante sinal indicativo de que a vogal tremada, necessariamente deve ser pronunciada separada de sua vizinha. Muitas as pessoas inclusive formadas e bem instrudas no se apercebem disso.

    Para finalizar se algum tem dvida de minha posio eu afirmo: sinceramente, sou a favor da unificao grfica da lngua por-tuguesa, pois isso traz vantagens para os lusfonos do mundo. Uma seria pleitear o status de lngua oficial da ONU, considerando o nmero de falantes. Mas como penso ter demonstrado aqui com as normas desse III ACORDO, lamentavelmente a nossa lngua no est grafica-mente unificada.

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