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O homem que se banha no lago estrelado a religião dos sonhosCássio “cisco” de Bitencourt de Almeida

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O homem que se

banha no lago

estrelado —a religião dos sonhos—

Cássio “cisco” de Bitencourt de Almeida

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Conteúdo

O homem que se banha no lago estrelado ............................... 3

A bondade e o amor próprio ou a moralidade como paixão .... 39

A natureza ideal dos omni ......................................................... 40

Poesias ....................................................................................... 42

Livro de poesia: os Ignorantes ................................................ 43

Livro de poesia: poesias ingênuas ........................................... 59

Livro de poesia: Primeiras poesias .......................................... 64

Poesia socialista: ..................................................................... 70

Livro de poesia: outras poesias ............................................... 76

Livro de poesias: cantos ........................................................ 100

O PROBLEMA DO OLHO DA PEDRA ..................................... 107

Notas sobre qualia ................................................................. 118

O cristianismo com sentido ..................................................... 120

As origens do cristianismo .................................................... 122

As cinco parábolas mestras do cristianismo .......................... 126

O Jesus simbolista de niethzsche ........................................... 133

O que são os evangelicos ...................................................... 134

Jesus como psicólogo ............................................................ 139

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O homem que se banha no

lago estrelado —a religião dos sonhos—

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Livro de poesias: o homem que se banha no lago estrelado

Introdução

Fiquei decidi a fazer uma religião para mim contando com

tudo que fosse crível sobre deus nas minhas investigações.

Embora eu deva dizer se quizer esclarecer para voces que

nenhuma delas me veio de uma revelação. Tudo o que fiz veio

sim das minhas crenças as mais profundas, de tal modo sobre tudo

que creio sobre deus. Sobre o poema do lago estrelado tão

confuso pela sua compreensão podemos dizer que e apenas mais

uma poesia. Disso entramos em tantos problemas, pois se uma

poesia pode salvar. Se e possível que a literatura tenha a

capacidade de resolver dilemas morais, com poesia. Então temos

um ritual que salva. O lago estrelado existe? Se salva ele existe.

Alem disso escrevi sobre o que acredito ser a resolução de

uma serie de dilemas morais. Todos os poemas me vieram da

experiencia e tem um contato espontâneo comigo. Como poderão

ver não sou profeta antes tudo que fiz aqui vem de minhas crenças

mias profundas, ela e por assim dizer minha religião pessoal e que

levam em conta minhas investigações sobre sonhos e universais.

Por exemplo se o universais representam a deus o que pode

significar o ―querer estar onde não se quer estar‖? Isso so pode ser

o sonho.

Essa minha religião tem um zeitgeist diferente de qualquer

outra tendência mal definida e importante para definir todo culto.

Ele representa tudo, pois aqui fiz uma religião tão complicada

quanto a de Paulo.

A idéia do poema do lago estrelado e a de que consigamos

nos conectar ao berçario(esta idéia de deus e importante aqui) e

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com isso atingirmos o ser total, o que dissolve o ser mau e institui

no seu lugar o ser bom num nível original e orgânico.

Esta proposta também encerra seu valor no seguinte: de que

não existem atos maus (ou bons) diante de deus. E do mesmo

termos uma visão diante dele, somos completamente dissolvidos

pela sua presença.

O resultado do ritual de ligação com o berçário é uma

antropologia, a antropologia verdadeira na verdade, a de descobrir

a grande crença na vida, e por que estamos alem dos valores.

A crença ainda reside em não sermos contingenciados

absolutamente pela natureza, mas sim que sofremos do não-ser

quando da aproximação de um ato que nos violenta, a idéia de

títere tem papel aqui.

Um ser nunca se aproxima do mau mesmo quando este for

realiza-lo. Ele passa a não admitir o seu ser, e será para ele

sempre uma parte obscura de si. De outro lado ele realiza-lo pode

se revelar depois como âmago. A realização desse âmago é parte

da conduta transcendental.

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Frases

Minha religião é o puro sonho,

Quando virem os centauros saltarem pelos portões,

Eu serei visto voando pelos céus.

O mistério do diabo

Oh grande deus! Quem fizestes a grama e as arvores frondosas. E

[que colhestes o néctar

Em cada canto de ti vejo a luz e a imensidão

E um lugar desabitado.

Pois tudo cresce e até o tronco que sobe da terra em direção dos

[anjos esculpidos.

Azas ao alto em direção ao outro, e fechadas sobre um mistério do

[sacerdote.

Aqui colhidas da terra essas pequenas sementes para cultivar tua

[bondade

Teu filho sincero vaga no deserto para quem vê-lo.

E novamente tu decidiste provar o filho do homem, mandado o

[destino separado no mistério.

Um filho das trevas cultivado com a promessa da palavra

[escondida.

O que serve a ele. Mil tropas infernais. E todos os demônios

[querendo seguir os desígnios

Esta perto dele e ninguem pode vir socorre-lo

Jejua no deserto Jesus, quando o diabo vem prova-lo

E a primeira provação e uma maça, como se fosse dada por um

[amigo.

E nas palavras dele qualquer afetação nem maldade repugnante,

[de quem fora expulso do céu.

Ele sabe como ninguém o que é sofrer.

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Mas o designio que ele busca não e outro que for compreender o

[homem.

E ele pergunta enfim ao santo sobre os santos—tu compreendes o

[meu mistério de existir?

O filho do homem tem a boca quieta de tão grande palavra e

[saber.

E espera como o zangão que algo venha lhe a mente.

Palavra escondida, de um misterio encoberto com o véu.

Jesus come uma sopa dada pelo demônio das trevas

E então responde—eu te conheço. Eu sei quem é você.

Palavras suficientes para expulsar embora o demônio.

O senhor das trevas que tem um plano

O que guardou a deus no peito das trevas

E descansa nos prados imensos.

O homem que se banha no lago estrelado—reflexões

sobre o mandamento de não matar.

Oh grande deus e titan! O que prescreveste de tua própria mão

A verdade que é absoluta, e garantia de vida

De tudo que é caro e bom

Atacando tudo que fosse maledizente, fez com a própria maldade

O divino mandamento,

Que fez mais divino, a palavra dizendo: —a ninguem fosse matar!

E eu fico com a cabeça em tormento

Pensando neste crime terrivel

E tão fatal—o matar

Agora que ando eu para o final

E também passo pela sensação de que devo tomar o banho

Poderia por acaso haver conceito mais ambíguo

Para tomar como lei?

Mas do mesmo modo deus não dizer a verdade?

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Mas que é nas horas mais íngremes que ele se faz valer

Quando o mais incerto acontecer

Com todos os fios rebentando e as águas desvanecendo

Com os homens postos para a guerra

Seguindo com a cantinela que prossegue

Assim eu abro o escrito de meu deus e encontro ali suas

Palavras escritas

Uma palavra que quando cumprida é sempre eterna

Pois nenhum homem pode confrontar-lhe

Ou seguir-lhe em diante

Com quê um dia alguém fez de ultrapassar a margem?

O que não é natural

Mas o natural também não nos força?

Com todas as vezes o livro aberto, eu vejo suas palavras

Quando pedem que eu faça

Mas ele disse para não fazer

E eu assim entendo que o que disse foi bom

Pois nos preparou

Para o momento

Quando deveremos banhar-nos no lago estrelado.

O templo de seu Toninho

Que paisagem fazer, onde habitar a almas celestes

Para realizar os feitos da boa nova

Um prédio novo, nisso reside sabedoria

Nos encantos do outro mundo

E assim meditar, pois tudo e a mesma forma

Com o imenso saber de povos celestes

Nisso residindo em singela presença

De espíritos humildes

E assim o conhecimento e passado pela literatura e o sonho

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Uma satisfação que encontram aliviando a mente

E que é o melhor para deus

Oh que tudo governa, sem dar contas a ninguém

De todo sofrer e a espera com o sentido do mundo

Eu guardo, por que nos fez como os animais

Igual todos os outros

Com o destino do simples perecer

Até passar pela modorra para o eterno

Pois são muitas as multidões de vozes

Que com saber constante

Realizam os feitos de deus

Com a palavra tendo no coração sincero

O aguardo, o choro e o lamento

Pensamento de menino

Pensar é ouvir e também falar pela boca

Embora se pise pelos pés

Com figuras trocadas com meninos num jogo

Que se pode obter aquilo por que esperávamos

Um trabalho de abelhas que fizemos

com brinquedos de pau

Agora estão estatelados

e as pipas a voar alto

Sempre com a certeza de que as tardes

são longas e quentes.

O padre e a missa

Para a missa vêm a aldeia o padre com seu burrinho

Com a tinta em uma cruz preta

Numa bacia dourada

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Vinha em seu caminho sentado a donzela

Logo esparzindo a água benta

Como se fosse um cristal

Que se grudavam as plantas feito o orvalho

De noite será a missa,

Por que o sol deve se deitar retumbante

Era como se dormissemos a canção triunfante

Que fazia até aos calombos da estrada

Fazer o padre saltar do cansaço

Enquanto delas continuasse

trazendo consigo seu livrinho de couro

a imagem da caveira com dois ossinhos.

Poema oco

Poema feito sobre um milhar de cascalho

Tudo que piso é o corvo

As pessoas que eu ferir

A chuva pode cair

Em pingos de prata

Mas se eu for descoberto pelos teus desejos

Deixa-me rasgado o peito

Por que o universo é negro e sombrio

Pedido

Carregar nos ombros

O que me fere o peito e descobrir o amor

Escondido onde não esperei

Pelo meu peito fazendo casinhas de gulliver

Até bater a minha porta. Pra fora!

Teu suspiro perto de mim, leve no meu rosto

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Tremendo em caricias

E sempre difícil eu me entregar

Para ser feliz e tirar esse peso de mim

Eu quero ser feliz e teu marido.

Amor a distancia

Eu posso sentir o borbulhar de milhares de bolhas

Que vem crescendo dentro de ti

E tomando toda a atmosfera

E ao me encostar no teu peito senti-las esfriar

Um cubo perfeito. Da forma do teu amor

Ficando sempre comigo

Teu licor a escorrer pela face me ilumina

E já estou de novo perto de ti

Sentindo sempre esse borbulhar de bolhas

E ficar para sempre assim.

Ditos

Grandezas sem fundo não tem valor.

Qualquer um pode obtê-las

O corvo e o precipício

O corvo coça o bico

Que tem certos grãos grudados nele

O ocultado percebido

Antes que lhe venha a alma

A contemplação da orbita.

Um universo tão disperso e negro

Pintados nos lábios de donzela

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De um girar imenso

O casamento

Sobre teus ombros escalam elefantes,

Trazendo colares de contas

Onde deixei teu travesseiro e doces

Arrumados pro meu canto

Enquanto esperavas comendo bombons

E eu perder-me nos teus braços

Na púbis perfumada e os braços charmosos

Até o grelo descoberto pelo besouro hércules

E ficar defronte de teu sultão

O qual nenhum animal da savana se compara

O vôo da ave rara

Até que o vôo do pavão

Traga-me com os teus cabelos

Do imenso ao destino

Um triunfo igual à porta.

E quando todos estiverem distantes

A conceber bebes

Eu levarei o amor

Como as estrelas cintilantes

Ficando a brilhar resplendente no céu

E o imenso reflexo do luar

Lá no alto das estrelas

Eu estarei aqui

Agora esperando com o coração

Neste imenso vento nebulosa

O castigo de dor

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Até a porta aos meus pés

O cara de macaco

A cara posta do macaco

Com os músculos da face saltadas

Tirando a todas as folhas douradas

O robustecido sulco de face ordinaria

Esperando que eu lhe dissesse para não passar por ali

Com seu minúsculo membro encoberto

Do tamanho do grão de arroz

Quando puder vir o intendente requisitar

Eu poderei voltar as terras áridas

De meus pais, e voltar a ser camponês

Com as borboletas pousando nos fios

Que fazem os violões.

O pegasus

Até que das janelas

possam pular as estrelas,

e encobertas no brilho

Possamos ver de azas o pegasus

E alado voando romper as fronteiras

Da madeira quebrada. Com a alegria efusiva

Salta da minha boca pela garganta,

A resplendente satisfação da verdadeira vida:

Cumprida em presente que se adiante no futuro

O sacrifício solene

Quando eu esperava o sacrifício

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Você me disse que saísse da frente

Ou do lado esquerdo

Esperando pelo banho que viesse

Mas eu te disse que não sou garoto

de recado e quando viesse

Você o veria comigo enfrentando o dragão

Até das nuvens vindo a desarmonia

Com todas as almas caindo

Por dentro de um suspiro no penhasco

A vida difícil

Devo retirar o disco da minha cara

E olhar por baicho da aparência

A dita cuja encoberta

O que saberei eu afinal? De vida

Toda resignação com os

pensamentos

Que colocados dentro do cofre

à sete chaves não causem incomodo

Por percorrer o mundo

O que não fizesse com os animais

Um tipo de arranjo satisfeito

Para me pedir os mesmos sentimentos

esperaria que eu fosse idiota

Por quem vê que não posso fazer nada

Um confronto intestinal

Que passa pelas moscas que

Se nutrem da alma.

Onde eu descobri o coração que carrega

A mancha do sol chamuscado

E borrado das nuvens.

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A Cavalaria

Pode a cavalaria passar por uma floresta incendiada

Sem encontrar nelas o denso negror?

Ou ouvindo o galope dos cavalos

Igual um canto dos espíritos

Possa voltar ao mesmo lugar?

Podemos continuar a acreditar

E aprendermos a viver

Conquistando de novo mesmo espaço

E um lugar no céu

As nuvens que foram brancas

O barco

Queria estar no outro lado do mundo

Singrando as terras do Japão ou alem da costa do cabo

Com o globo para me encostar

E nas embarcações pelas quais

Eu podia entrar como bom marujo

Pedindo para sair na tempestade

O que eu não fizesse mais de mim

Por que também são pombas

Que voam, quando eu tocava minha flauta mágica

Cabendo na minha mão

Me fazendo ficar com as pernas alongadas

O grilo

O grilo faz um gesto com que se faz amigo

Onde nos mesmos descobrimos sem querer

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uma caridade que entorpece,

e te fazendo faz sentir

polegar no mundo dos polegares

Até quando se esmagar

Por que já não podemos mais ouvir ele cantar

Um que foi o melhor que existe

Acabado no desperdício que todos nos fizemos

Esquecidos da felicidade que ele podia trazer

O grilar que já sabíamos

O amor

O amor e assim como um passarinho com uma flor trazida

Costado ao pé do morro

E intenso e recluso, o deboche que faz dos outros

Por que teve conquistado a bela mulher

Quando da partida da montanha sagrada

Todas as vezes o passarinho as brigas via.

Mesmo pelo encanto da musica das ninfas

Aos que tiveram os jogos do flamingo imitado

E que ficaram mais abaicho de vós

Ficando nas azas da esperança, de nunca bater

O vôo de azas tão graciosas.

O canto dos santos

De novo o destino cumprido

Para procurar a imensa jóia dos bons

Perola brilhante no santuario

Para todos os crentes para expulsar

A maldade

Oh maldade és tão cheia de mistérios e impenetrável certeza

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Quem te sabe? foi deus quem te fez

E por ela eu não temo

A seleção natural com a flores roxas

E a bondade segurando a paz na pomba

O teu colar meu deus me auxilia e me torna menos cativo

Da dor imensa no meu peito

Com tua reza para meu deitar debaicho do teu manto suntuoso

Oh deus branco, que sabes de todos os designios

E que me fizeste para te auxiliar.

O solitário

O solitário escala o morro

Para ficar mais perto dos seus problemas

E mais distante da cidade

O que ficar mais perto do seu próprio eu

Andando com as solas gastas

Cruzando as quatro estelas

A ficar entorno de si

O que depois ele dedicara a entregar a alguém

Com cada parte indo mais um pouco

Até não sobrar mais nada

A cor negra

Na passagem de um alto monte descobriste

Uma caverna escura

E retirada a pedra do milagreiro

Para descobrir a messalina

Com seus cabelos negros e sedosos

Um desalinho de escravizadora senhora

Como assim tem os povos barbaros se pintado

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Com a tinta preta dos polvos

O lago na casa interna

Dentro de mim cresce um lago

Com seus água pés e algas

Que saindo de mim nutrem toda erva

Mas somente a quem quizer é mostrada

Uma parte de mim que ainda amedronta

O tigre de Ling

E essa terrível sensação de que a todo instante

Me corre o perigo do tigre

Me encontrar a presa

E me ter visto na floresta de bamboos

Outrora tão tranqüila, agora visto se quebrarem

Deixando a mostra sua madeira

Estella

Minha estrela estella

Me encanta com teus lábio de ébano

E perfeito qual uma perola branca

E macio o teu beijo

Eu quero somente meu

Meu ciúme e quase tudo

E so minha

Para nas tuas costas me entregar

E na tua pele fazer meu céu

Toda casta e pura

Com o brilho da musa

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Como a celeste helena de tróia

Que fez deuses entrarem em guerra

Tua beleza pode fazer sucumbir mil exércitos

Teu quarto será tua cela

E tu para sempre minha no meu harém

O soldado

Agora o vento cruza sem tocar as penas das aves

E a areia escorre por entre os brocados fazendo suas estripulias

Com tudo quieto e sem clamor de fogo

Pois todos os eventos são passados

E ninguém mais aparece ao acampamento

E somente os lobos ousam se aproximar

Com ninguem mais a passeio

E tudo que era queimado agora se reduziu a cinzas

E aparece ressurgida

Por que nada mais vai acontecer,

E nem agora algo que seja semelhante aquilo

Tal tragédia e infortúnio que marcou a vida daquele rapaz

O que é triste mesmo.

Nuvem e mar

Nuvens brancas surgem no céu pálido

Anunciando a primavera

Vem subindo pelas vagas um vento quente e cheio de vida

E com ele todas as pombas cantando nos parapeitos

Que estiveram voando de um canto a outro

De lugar para lugar

Com cada estação nos seus bicos

E nos trazendo a leveza de quando

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Quebramos nas ondas

O que fizeres da vida

Uma misteriosa nuvem rompe a madrugada

Revelando mistérios de quem caiu da escada

E resguardo de quando a mãe por mais fizera

O que fizeste por mim o mesmo que a alma

E denovo te encontro seguindo com o mesmo destino

Com teu brilho matutino a porta de um cometa

Mas tão sem brilho das tuas antigas ilusões.

O saber na adversidade

Oh triste gosto de terra

Em cada granulo na minha lingua

Se fazendo sentir com brusquidão

Com o trabalho admirado de dias

Do teu enfim caminho retornado

De tanto saber-te guiar-se

Sedução

O esplendor me seduz

Qual coroa que inteira é quebrada

Como figura crendo sobre as folhas da floresta da manha

E um fruto pego com a mão, mesmo que seja odienta

Ou qual hortiga que faz coceira a todo intruso

Por que todas as coisas tenho arrumadas dentro de ti

O esplendor me seduz

O quanto sabes que espero por teu retorno de tua ida

Mesmo que não saibas, como o cânhamo

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...me seduzes

Com tal destreza é tua luz no escuro.

Sobre a bondade

Existem três tipos de bondade no mundo, duas das quais

entram em conflito com a seleção natural:

O altruísmo—ajudar sem esperar nada em troca, isto

obscurece a mim enquanto ajudo, e uma atividade

transcendental.(esta em conflito com a seleção)

A ajuda mutua—auxilio mutuo é compreendido pela

seleção, as especies se ajuntam para beneficio, mas como bem é

considerado menor

O dever ser—inicialmente o benefício tinha o significado de

dever ser, era a maneira pela qual a bondade dominava, como a

melhor escolha. É um mandamento divino.

O cisne e a guerra

Com o canto do cisne ecoando a distancia

Nos faz escurecer a aparência das coisas luminosas

O sentido que sobre a luz azul chega as estrelas

Com nervos a minguar o broto da pétala arrancada

Suspira a jovem donzela encantada

Por que tem todos convencido que no presente

Quanto negro respeite a sutileza

Até que a flor cumpra seu propósito

A efetividade do másculo que persuadiu a ninfa

Pois ela faz mais por si do que quando

Louvava a fadiga do deus caído

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O templo

Oh deus me fizestes com o corpo ferido

E o lamento de ter visto o outro lado

Mas o que podia fazer?

Quando me vistes, eu com o beijo

Até o peito

Diante de ti trago os presentes

Os homossexuais foram

Ao templo a procura de consolo

O que for do teu agrado

Até ao templo

Para que as duas almas se juntem

E quando fizermos de chegar

Ao outro lado sermos água.

Olhar mais a frente

Olhando para a velha menina

Com olhar binocular

A bolha ferida azulada

De tão sombria estatua,

Como as tranças das vassouras

E o direito esvaziado

Traz a certeza de que

já não escorre mais água

A flor roxa

Encontrei uma flor com folhas roxas

E dela me aproximei

Ficava numa fonte coberta de musgos e podridão

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Mas eu pensando como eram cristalinas as suas águas toquei na

oferenda

Enquanto ela se distanciava a correr

E assim de mim escapou como era o esquecimento

Um cristal puro.

A borboleta desconfiada

O esquecimento e explícito

Tão marcado quanto carvão negro

O que nem nada pode revolver

Eu pertenço as borboletas

Que viram crisálidas

E no seu ultimo momento

Vem acasalar com a sua espécie.

O começo

O homem permanece irritado

Tendo diante de si um novo paradigma

Desta vez de não poder cruzar o mundo

Então das fontes devem brotar revoadas de pássaros

A fazer metafisica com fundamento

Deixando em todos

a sensação da coroa perdida

O passarinho

Musgo misturado com sementes

E o passarinho levando o galho

Deixando cair; fazem alguém tropeçar.

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O massacre de alexandria

A grande biblioteca de Alexandria

De conhecimento tão sincero e com a visão de todos os sentidos

Em um mundo tão solitário

E uma imagem de sofreguidão sem par, era para todos aqueles

que amam o saber a questão de vida ou morte

Naqueles séculos

Os conhecimentos de astrologia, biologia, misticismo.

Ocultos do mundo e que poderiam ter contado tanto a nos

Perderam-se na fúria

Quando sua protetora hipátia foi morta

Foi o bispo Cirilo que o incentivou

Queimando em fúria e arrogância

A turba imensa

Que cruzou a cidade e o porto onde tantos barcos levavam as

pessoas ao mundo

E tiraram a carne de hipatia com conchas

Brancas como a alma dela

Aquela que morreu por amar ao conhecimento

E tudo que tem de divino no mundo

As características de deus

Deus serve para criar o mundo—a verdade

O caráter de deus não é bom, o caráter de deus é ser anódino.

Isso da a deus sua idéia primordial, deus é o berçário.

Deus serve para criar a tríade no mundo: o bom, o mau e o neutro

Todos eles são omni, adquirem o caráter de deus.

A busca da verdade não necessariamente envolve a bondade. Em

cada um dos omni se adquire o caráter de deus.

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De deus saem labaredas, elas são as entidades, demônios ou anjos

conforme se guiem na busca dessa verdade, eles se tornaram

potencias.

A crença na bondade como a potencia superior de deus que

complete o circulo dos valores e a crença suprema.

Os grandes do céu e do inferno competem para serem as

verdadeiras representações de deus.

Se a maldade desmerece a deus e procura o ateismo ela não pode

ser a potencia dominante.

Então a maldade só pode existir no mundo terreno enquanto não

se sabe deste outro mundo, a maldade no outro mundo é

simulação.

O universal e o sonho

Eu não vejo outro motivo pelo qual deus fez este mundo senão o

sonhar.

Desde as estrelas brilhando no céu

Até o mais fundo do nosso peito nas profundezas

Pelo qual motivo por acaso admiramos o centurião romano

valente que sabemos que morrera?

Onde encontramos o universal—Ele quer dizer: o querer estar

onde não se quer estar.

Isto é a base do mundo, o sonho.

Então tenhamos esta liberdade de sonhar.

Seleção e o divino

A seleção natural não é um omni, ela é uma ferramenta para

procurar a verdade, mas ela mesma pode ser cega.

A razão divina

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O objetivo da razão e ter unidade

Quando tiveres proferido todos os sermões e fizeres a volta

Esteja certo de ter fechado o circulo

Mandamento de neutralidade

Em determinado momentos devemos ser neutros, a momentos em

que não e possível ser bom senão sendo neutro, isto encontra

resposta no fato da neutralidade ser um omni.

O casamento

Este e um ritual para o casamento de homossexuais

A missa deve prosseguir com os procedimentos habituais

O casal deve apresentar uma pedra ao padre, na pedra deve estar

escrito o desenho de um Coração.

Eles devem por essa pedra na bacia dourada e acender o fogo

Ela deve queimar e depois a pedra deve ser tirada e quebrada

―Agora vocês estão com o espirito do pai e esse fogo queimara

dentro de vocês até a hora final, vocês são os filhos do amor‖

*quebrar a pedra significa quebrar a ordem do mundo.

—Os teus caminhos são elevados pai. O sentido mais elevado das

coisas.

Oh grande coração eterno

O galo canta três vezes a noite

Todos houvem sua voz

Pois tem imenso poder

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Oh deus branco! Diante de ti estamos postados de corpos e

mentes

Te adoramos e damos graças

Realiza para nos o maior dos rituais

Tu que tens o fogo na bacia dourada

A luz brilhantina

Agora diante de ti, um casal posto

por que quer tuas bençãos

arranja um ritual para eles

e que possam assim compartilhar contigo

da mesma felicidade

assim fazes que sejam iguais

*Eles devem ter as mãos atadas por uma faicha enrolada durante

toda cerimônia. Ao final um pedaço dessa faicha deve Ser atada

numa pomba e ser solta. Isto significa que os desiguais se uniram.

Esta parte significa a unidade absoluta. Estará completo o ritual.

*Quando o ritual tiver se tornado aceito e reificado a primeira

parte deve acabar e no lugar da pedra deve ser posto apenas as

alianças no fogo. Porem o ritual de atar as mãos e soltar a pomba

deve ser mantido.

Quando os homossexuais se casarem de sua união que parece

profana e negada se criara disso a angustia, essa angustia eu quero

que seja o cerne da minha religião. Essa relação homossexual só

pode ser entendida como melancolia do individuo. Ela será

sempre um transcender a deus.

Das transformações

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Os omnis se misturam na natureza e às vezes se interpenetram não

sendo possível as vezes senão ser bom sendo mau, mau sendo

bom, e neutro sendo bom ou mau.

A escolha de krishna de escolher morrer pela flecha foi uma

escolha de neutralidade, mas esta escolha de neutralidade somente

clarifica seu caráter benéfico.

Escolher o bem é escolher morrer e tomar uma posição neutra, era

a posição das vestais.

A vida

O principio de vida é a conservação, a multiplicação infinita, algo

irracional. Que não poderia habitar o mundo.

Deus fez então que o principio de vida fosse a vida e a morte. A

morte contém a vida, mas com isso a subverteu—para que a vida

seja vida ela deve ser purificada. Deus quer exaltar a vitoria do

principio de vida sobre o de morte.

E isso que consigo observar do negro universo de krishna.

A defesa da neutralidade

O neutro não tem um reino, não tem causa.

Ele não cria uma posição para si, porem é um omni.

Mas ele se faz representar no mundo pelo gênio

Os profetas vem ao mundo pelo omni neutro.

Para igreja

A igreja deve separar-se de qualquer obrigação de legislar o

mundo moralmente, separar as pessoas que querem seguir o

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preceito a pureza, —valores defendidos com a própria vida. As

vestais, dos valores normais.

Todos os valores naturais devem ser acompanhados de rituais,

estes rituais são rituais purificadores, decantam o profano do

sagrado. Todos sofrem do amago, a melancolia que é um

transcender a deus.

Questão do aborto:

O ritual de aborto não tem representação, ela é um não querer da

mulher. O sacerdote deve aceitar, ocasião em que deve se vestir

de preto, isso será feito só entre os dois.

A questão do aborto e uma das questões mais importantes da

religião, por que envolve a crença na criação da vida. E isso se

converte na apologia de todas as fontes de criação e conservação

de vida.

As objeções são:

— de que ninguém controla a vontade do individuo

—de que a concepção não é determinada por deus.

Acredito que não existe momento da concepção do feto. Deus não

diz o que cada ser humano vai ser.

Segundo não existe a idéia de inferno verdadeiro. Logo também o

pecado nesse mundo como punição divina. O pecado existe por

que nos tornamos maus, por isso fazemos o ritual do lago

estrelado por que negamos a concepção que obriga o homem a

tornar-se mau. O pecado tem seu valor per se.

Sobre a natureza sintética da realidade.

Deus fez nosso mundo em vista das possibilidades, os sonhos,

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Com efeito o mundo tem tantas idéias de deus quanto possível, e

ele não quis que perdêssemos nenhuma delas.

Toda idéia de deus posta no mundo real é obcecante, e

concomitante negadora de todas as outras visões de deus,

negadora dos sonhos.

Por isso nossa realidade e sintética, ela serve como um papel para

escrever nossas idéias em cima, os sonhos.

Nossa realidade serve assim para criar todas as perspectivas de

deus. Mas como fabula.

O sonho

Tenha uma visão visionaria das coisas

Enquanto todos os homens amavam os universais sem saber o que

eram, eu os procurei

Eu sentia um impulso forte em mim de querer realizar todos os

sonhos que a religião prometia

Eu quis mergulhar no vale profundo, eu quis saber que os heróis

vencem e a paz reina

Eu me desacreditei de muitas coisas, mas sempre vi que em cada

pensamento que tinham havia algo que eu podia buscar desse

sagrado e que as palavras deles eram de certa forma reais

Eu sou um politeísta absoluto, todos os deuses são reais, todas as

visões sagradas são reais.

Assim eu trago a minha religião, o homem que se banha no lago

estrelado.

Ver tudo

A forma e tudo

Devemos perceber os espíritos

Quando adquirimos este tesouro

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Que e de tudo correr para o bem.

Sobre o mundo

Ninguém esta mesmo pronto para a verdade

De ponto a ponto, Deus fez o mundo de matéria solida.

Oh grande krishna! tu aprecias,

E as flores azuis brilham.

A vontade de deus

Por que deus não nos criou

Com formas perfeitas como as azas das aves?

Deus prensa as formas e as torna perfeitas

Este é um mistério que eu não sei responder,

Eu tenho apenas a esperança de que exista esse céu.

Seleção qualitativa

Pensemos se somos em nossos

valores rebaichados a qualidades

A seleção natural não invalida o valor,

Ela passa por um ápice onde todos valem

É novamente a questão do mau

Sobre evolução

A questão entre o design inteligente e a evolução e puramente

semântica

Mesmo que haja deus ainda perguntamos, como os animais

evoluem—através de violência

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A religião serve apenas aos seres sensientes que procuram de

alguma forma se afastar daquela violência primitiva

Devemos ter sobre isso os olhos da antropologia

O bem se guarda a margem de toda essa violência

Com todos os saberes construidos pela humanidade

Os mestres do Tao, budistas, seitas que conseguem viver uma

vida descansada longe disto. Isso tem beleza.

Sobre um achado na escuridão

Foi notavel oque aconteceu depois do advento da seleção natural

Diante de um ciência tão absoluta, e tão intrínseca

Se desfez todos os laços que uniam o cientifico ao mundo

O saber instrumental chegou ao pico no mundo

Os homens só ficam com a escolha de terem de seguir os fins

últimos, essa torre erguida pela seleção, com todas as sombras

Ou então ficar e gozar de um sol a margem.

Foi notável o que aconteceu então

Longe de uma explicação poder atingir de qualquer forma a

seleção. Esse desligamento da ciência criou algo notável. Pela

primeira vez as pessoas apelavam a própria realidade para definir

sua idéia de natureza. A forma da vida passou a contar para a

moral.

Se estamos sujeitos a encadeamentos de morte ou se ela é um

momento único de cada ser. Se toda tradição que prega os

momentos da vida tem valor

Isso é uma nova forma de entendimento da vida.

Sakyamuni

Oh grande Buda! tu é que me traz paz

Olhando toda as vezes teus olhos fechados no instante

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Que guarda o silencio de todas as coisas

Contemplando teu amor fraternal

Eu sei que o que buscar encontrarei de paz

O silencio de uma ostra, um perola escondida

Na tua face.

Conhecer as religiões

Jesus, krishna, Buda, Maomé

Eu busquei nos valores de todos os povos

O caminho para paz.

De cada um, um preceito.

Mesmo quando tudo pareceu perdido

Em cada um eu buscava tirar forças.

Dos meus conhecimentos

Do sagrado uma seiva surgiu

Esta é meu poder.

Todo sofrimento do homem

Eu levo em conta.

Natureza dos omni

A realização dos omni e realização da natureza sintética de deus.

Isolar valor.

Bondade

O QUE É A BONDADE AFINAL?—e olhar o mundo, seguir

contingentemente o mundo?

Se assim sofremos tanto, com toda maldade.

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Por acaso quando os espíritas representam seus mestres mais

evoluídos, os espíritos melhores. Não sentimos com eles que

encontramos a paz?

E logo também amparo por sabermos que foram capazes de

encontrar essa bondade. Essa bondade é diferente desse

contingenciamento que sofremos.

E um tal individuo que tivesse a capacidade de transformar isso

numa força de si—isso não seria um ato de grandeza?

E este ser que seria alguém que fizesse isso não seria alguém por

que esperariamos?

Certamente se tivéssemos seres assim procurando essa grandeza

ainda mesmo que fossemos ateus, poderíamos nos sentir

tranqüilos pois teríamos em quem nos amparar.

Devemos ter esses personagens. Por tanto amigos procurem esta

grandeza.

O sentido da vida

Estou convencido que não encontraremos o sentido do mundo

numa palavra. Nem encontraremos numa caixa. Pode alguém

pensar por acaso que após aberta possa descansar? Estou certo

que deus fez do nosso sentido o sentido das coisas. Onde

encontramo-nos banhando com as pernas e braços abertos

invejando o vôo dos pássaros. E que o sentido do mundo se

encontra na sua própria estrutura. E que deus nos fez como seres

da pergunta—por que?

Bondade natural

Quais são as formas da bondade natural?

Encontramos a bondade através do sexo—dois animais precisam

juntar-se para gerar outro;

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Atraves da cooperação intraespécies—toda espécie animal se

baseia na cooperação de seus membros—porem com seres de fora

da espécie tende a prevalecer a violência—mas as espécies

animais de espécies diferentes também se ajudam. Todo corpo

humano é formado de colônias de organismos que ajudam no

funcionamento do corpo e não existimos sem eles. Nos não

existimos sem eles e eles sem nos.

Ainda existe cooperação entre espécies. Através do fazendeiro

que oferece abrigo ao seu gado em troca de cuidado. Tirando leite

e oferecendo a ela abrigo.

O próprio planeta somente funciona se houver entre todos os

animais certa harmonia. Nenhum animal pode dominar

completamente seu meio ambiente. E todo animal mesmo o leão

oferece ao ambiente o equilíbrio necessário para ele continuar a se

perpetuar. O planeta e um organismo vivo.

As abelhas carregam o pólen das plantas ajudando a disseminar

todas as plantas pelo planeta. Por baicho de todas as coisas

podemos ver motivos evolucionistas. Mas que tem seu sentido no

fato de que tem um sentimento bom por trás.

—a bondade e um dever ser, isso tem sua imagem perfeita na

tragédia grega. Ou através de caronte o barqueiro do inferno que

levava as almas para o outro mundo.

Ela e um pequeno ato significativo que vale para toda a vida.

Ela pondera toda vida.

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Conclusão

O que devemos compreender desta filosofia que eu passei a

voces. Primeiro que procuramos a bondade. A bondade se revela

como um dos carateres de deus(omni) que o homem deve buscar.

Deve busca-la como grandeza. Mas isso nos revela mais. Por que

o que quis dizer com a idéia de que pelo ritual do lago estrelado

negamos aquela verdade que diz que precisamos ser maus? E o

que é ser mau? Acho que e possível ser bom e mau ao mesmo

tempo. Possuir somente parte de cada um deles dentro de si. O

que mostro com o ritual do lago estrelado.

A bondade e um valor de transformação e não acaba porque

se acha limitada dentro de certas fronteiras. Algum coisa não te

limita como mais bom ou menos bom, mas sim você é bom por

um valor geral, nesta busca deste valor geral você tem de recorrer

a idéia de que seu grande valor e positivo. A bondade e um ato de

transformação. Os atos não nos condenam a sermos maus. Mas

sim os atos podem ser vistos sobre o prisma de que coisas ruins

acontecem. O ritual do lago estrelado se encontra como medida

para realizarmos a bondade.

Alguém que realiza o ritual do lago estrelado transcendeu o bem

e o mau, alguém que não tem transcendencia não consegue

seguir o bem, nele bem e o mau se indistinguem. Para quem

realiza o lago estrelado qual a necessidade de procurar o bem?

Ele procura por que é um omni de deus. Você realiza com isso

uma parte orgânica da vida que é a natureza de deus no mundo.

A bondade é grandeza.

Existem quatro formas pela qual a bondade e seguida: primeiro

você segue o bem ignorando o mau; mas se você realizar atos

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maus também tudo se confunde, e diante disso o homem obteve

três respostas, os ateus disseram que as duas palavras não tem

significado e assim tudo caiu no vazio, os teistas o mandamento

divino, os homens voltam as suas relações mas sob o comando de

deus, e nos que acreditamos num deus impessoal que devemos

realizar o omni. Mas o omni não é um fazer para algo: omni quer

dizer caráter de deus. Voltamos as nossas relações, mas

procurando realizar o caráter de deus, o transcende e o terreno,

tornando toda vida sagrada.

Primeiro acreditamos que o mandamento de deus seja mágico,

mas logo compreendemos que é sob o comando de deus que

estamos. Ele se ergue como uma arvore a florecer, onde o bem

leva até deus. Nos que cremos no omni acreditamos que essa

mesma busca esta no homem, mas que ela e igual a natureza

humana. Transcendente e terreno unido.

A bondade e um seguir, mas ela também é um ser. O problema de

ponderar a bondade surge disso; ela deve ser a vantagem? Se

fosse assim não seriamos responsáveis. Isso é o que ata o ser ao

seguir. Que sofremos por cada uma das coisas que somos.

Não pensem que eu disse que todo homem pode adquirir o

caráter de deus como se pudesse se reificar com isso; eu disse

sim que atraves dos omnis toda teologia se tornou orgânica

gerando a discussão entre todos os homens. Atraves do debate

filosófico. Toda teologia se tornou orgânica com isso.

Arriscarei dar uma resposta de como tudo se encaixa. Deus fez o

mundo pensando em todas as possibilidades. Ele fez isso através

dos sonhos. Se a idéia do universal que representa deus e o

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“querer estar onde não se quer estar” temos que a idéia de deus

e o sonho. Esta e a idéia de deus. Isto para penetrar na sua

mente. Agora como ele fez o mundo? ele não nos pos no topo ou

no pé da escala do bom e do mau, mas no centro. Para que

possamos suportar todas as visões do mundo, até o inferno. Ou o

céu que nos causa prazer. Aqui dizemos que temos sentimentos

pelos sonhos. Esta e minha idéia cosmológica total.*

*deus e claro fica fora desta escala, somente podendo ser visto de

esguelha por toda sua visão ser obcecante.

Existem outras elaborações cosmológicas que podem servir de

reflexão:

—Ele não precisa dar resposta. E um deus impessoal.

—O mundo sendo a junção de todos os omnis e em sua natureza

irracional, tanto quanto deus. A natureza de deus e ser anódino.

Isso cria uma teologia orgânica e uma explicação orgânica para

o sentido do mundo. O mundo e mutação.

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A bondade e o amor próprio ou a moralidade como paixão

Faço este artigo para definir algumas coisas confusas do

lago estrelado como seguir o omni. Em parte e da melhor forma o

omni pode ser seguido como sendo o amor próprio, querendo

adquirir o caráter de deus. Mas isto mesmo alguns podem alegar e

uma coisa vulgar. Bem vulgar seriam eles, isto na verdade e a

melhor coisa que já aconteceu.

Para estes seguir o bem sem pensar e a melhor coisa do

mundo não se importando mesmo se existe mau ou não. Mas na

verdade e por que não entenderam o conceito de omni. Quando

dizemos que buscamos o caráter de deus, isto nos leva ao mundo.

somos pessoas. Mas buscar o caratê de deus que e bom não e o

mesmo que se engrandecer com ele. Diante disso algumas coisas

tem de ser esclarecidas.

Quero que entendam que buscar o omni e buscar ser um

personagem. Quem você quer ser.

Diante disso prego a inevitabilidade de definição ser.

toda pessoas antes de realizar-se na realidade precisa saber

quem é. O ato que for realizar e um querer ser alguém. Os atos

diferem em sua natureza do ser. O ato e a realização do ser. Mas

não podem ser ambos o mesmo fenômeno! Então o ato realizado

do omni não e egoísmo ou amor próprio. O amor próprio reside

no ser.

E isto se deve a natureza do omni que realiza o caráter de

deus no mundo, donde a forma das ações são tanto sagradas

quanto terrenas

Então toda vez que quero realizar o caráter de deus meu ato

será um ato de bondade genuína, mas o omni meu será meu amor

próprio. A esta ligação de fenômenos chamarei seiva.

A seiva representa a natureza naturalística dessa religião.

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A negação de toda moralidade como amor próprio leva a

indefinição do ser. A grande refutação dos omnis pode advir da

idéia de que a bondade e o amor próprio não são conciliáveis. E

de que não e justo agir por amor próprio. Mas esse amor próprio e

sempre o que define o ser. Os atos do contrario são a verdade de

quando eu ponho a postos essa realização.

Querer seguir uma personagem heróica não pode ser algo

ruim. Nem ajuda pensar que pelo fato de ser um omni esteja

agindo por amor próprio, mas sim o omni e um guia.

Mesmo que eu haja por amor próprio não significa que ele

não seja bondade genuína, pois a verdade e que os fenômenos

mesclam-se no individuo.

O que estamos tratando e de uma imagem de ser que ao

mesmo tendo evidencia e contradiz a grandeza que busco.

Verdadeiramente não é o maior dos atos eu doar-me para alguma

coisa? e isso é grande.

Mas esclarecer essa grandeza e finalmente afirma-la como

fazemos e difícil. Eu busco realizar o omni por amor próprio, mas

esta imagem do omni e a imagem do amor mais belo; só pode ser

que eu siga esta imagem. E esta imagem e de que eu me dedique a

bondade. o omni é afirmação da grandeza da bondade.

A natureza ideal dos omni

Busquei em outro artigo esclarecer algumas circunstancias

que tornam os omnis de natureza contraditória e difícil apreensão.

Procuro neste artigo alguma conciliação de valor sobre os omnis.

Se tivermos de admitir que buscamos os omnis como amor

próprio então temos que nunca se realiza verdadeiramente. Ou

seja a natureza do omni permanece sempre ideal. Mas isso não

nega a filosofia dos omni ou sua forma de apreensão senão sim

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que temos de entender que a maneira de realizá-lo aparece

diferente do que pensávamos.

Primeiro admitimos que omnis compõe a natureza do

mundo, e que deus quer que os busquemos. Devemos pensar em

alguma forma de amalgamar isso numa teoria que simbolize que

realizamos o omni de forma a ser ele mesmo a representação pura

da bondade. se vamos admitir que e um ideal (eu gosto da idéia)

isso seria lisongeador, pois atrairia justamente o tipo de pessoa

que queremos, aventureiras e heroicas.

O omni e o ideal que ainda que buscado esta sempre acima

de tudo. Ou seja a maneira de realizar omni será sempre o ideal. E

ele somente e realizável em parte.

Devemos pensar em toda forma orgânica da mistura de

mundos. Se o omni realmente pode ser considerado um ato

genuíno de bondade, afinal e todo nosso querer realizar o bom,

ainda que nossa intenção seja o omni. Ele e uma idéia que esta a

frente de si mesma.

Podemos simbolizar isto no fato de que seguir o omni e já

seguir a bondade.

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Poesias (Outras poesias)

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Livro de poesia: os Ignorantes

Jorge amado

Jorge amado canta

Todos os filhinhos

Todos sinceros com coração em gosto

Alegres brincando

E a chuva a cair e molhando a paçoca

O mingau cozido esfriou

Botado na janela

Esperando a chuva passar

Canto a todos os filhinhos alegres

A todos os violões todos os sons

O giro imenso

E corpos se movendo

O sorriso de meu rosto não se apaga por nada

O pedido sincero que faça

E que respeite

Os meus filhinhos

Todos alegres, seu dorso

De animal corpanzil

A voz que ecoa imensa na floresta se ouve aqui também, invadiu

[a cidade

Vive nos becos nas ruas desprestigiado.

Ninguém ouve

Ele caminha

Sempre sozinho

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Ruim

Eu rio mesmo, eu rio sincero

O riso desfaz cadeias

Livra as pessoas das prisões, se converte em liberdade

Eu cuspo,

O intelectual lisonjeiro

Encantado

O refinado elemento cru de sincero mundo decomposto

Até mesmo de levar o timão até o fim

Levando desproposito

O negocio nem é dizer de fazer isso ou aquilo, mas de fazer o

[certo

Eu me volto e te encontro de costas

Tua cartola e teu jibão bem abotoado

Me dando adeus.

Mulambos

La vão dois mulambos

Pegam suas bicicletas saem a fazer alguma coisa

A mulher diz: pra que tantos livros que ele nunca vai ler?

Mas o que importa, os dois conversam entre si

Dialogo de bestas umas pelas outra’

São alguma coisa em si,

Mas de outro

Do lado talvez

O que importa é que proferem palavra

—Insolentes são.

Ignorância

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La vem o meu irmão

Dizendo:—você sabe o caminho das pedras?

Eu perguntei comigo o que era aquilo

Ele era formado em administração

Mas nunca teve muita saber

Eu fiquei impressionado com seu saber místico

Ou de como se podia tirar palavras de onde se não tem nada

Mas que fazem pensar no futuro ou destino dele,

Destino de todos.

E todas aquelas coisas eram algum tipo de presente

E tão burro e tão ignorante

E eu pensei comigo

—tão ignorante!

O muambeiro

Encontrei um garoto na praia que vendia queijo quente

E quando veio fazer negocio pensei nele e no negocio que

fazíamos

Ele que não se aproximasse muito

Pois fazíamos tudo a distancia

Também assim com quem vende rede

Algumas azuis me fazem

Pensar nos peixes

E nas vidas deles distante lá no nordeste

E perdido aqui comendo o que é nosso

Todos tão infelizes

tão infelizes

Sem lhes darmos nada.

Os cães

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Caminhavamos pela calçada eu e meu irmão

E eu lhe contei que agora escrevia poesia

E ele me disse que não imaginava por que alguém fazia poesia

E suas palavras tinham algo de amargo

Caminhávamos os dois em chinelas e descalços como cães

Com a metafísica na cabeça

Mas pareciamos mesmo dois cães.

verdade

E possível eu negar quer todos os meus sentimentos existam

E que eu seja mesmo falso

Mas seria de uma sinceridade não menos falsa

Das verdades desse mundo que me fizeram ser quem sou

Quem anda perdido e sofre da vontade de partir os pensamentos,

Talvez não perceba que tudo se junta e

às vezes as contradições por mais fortes que sejam

Dentro da gente não se unem numa coisa nova

Apartir daí e que se inicia uma coisa nova

Que talvez não haja uma única verdade

e que estas dividido pelo meio entre coisas igualmente

importantes.

O mar no horizonte

Caminhando na praia paro de novo

Na frente da casa

Onde um velho guarda tesouros do mar

Um barco,uma escuna e outras coisas de marinheiro

E eu envergonhado pois sou de baicha posição

Fico vigiando ali para roubar

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Posto o pé na frente da muralha

E insolente olho para o mar

Esta tudo em minha frente

Ou serei tudo isso que pensam de mim?

Tudo passa ao meu lado sempre

Tudo passa ao meu lado sempre

Eu queria que tudo passasse e estar num outro lugar

A cara injusta

A cara do cinismo pode rir na sua cara

Pode usar terno

E com decoro conseguir entrar em todos os salões

Mas até pouco pode

Com seu corpo de peixe

Ou revoando nas azas de uma garça

Tudo que é caído e injusto

Perdido e numa poça de lama esta

O rio

Pois aí se atiram distancias que até todos os homens sabem

Que cruzarem o meu rio e se esvair

Mas de mim ninguém sai

A praia

Algumas mulheres passam

Tomando banho nos chuveiros públicos

E tudo que se pode fazer e esperar

Ou os que ainda passam

Indo para casa

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Aqui onde se vê todas boas coisas da vida

Os bares e caipiras

E todos bebendo

A festa de carnaval

Uma festa de encher os olhos

Com as lagrimas da alegria

O velho carrinho folião entrando

E na passarela todos seguindo o filão

So que de pensar naquilo tudo

Com a multidão girando, e todas as mulheres rindo, com tantos

calungos

Eu so posso pensar que no meio de toda aquela alegria fica uma

tristeza

Enquanto o pandeiro toca

Tibum, tibum

O carnaval de toda alegria

O caminho da escola

Denovo pelo caminho de meus estudos

E entrando pelo esgoto

Onde numas ruas vive gente tão miserável

La vai denovo o pai batendo na mulher

Com todas as vezes a discução

E a criança berrando

E pedindo—não faça pai! Não faça pai!

E quando eu não pedi desculpas

Por que me dói tanto ver inocentes assim

Que todas as vezes passando por ali

Eu penso ter um lança

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A juventude perdida

Com todas as batalhas perdidas

Onde não ficou nenhuma

Até quando pensei que pudesse chorar enfim

É que havia tanto para sofrer

Até mais do meu coração não poder aguentar

Com todo desejo de viver e se renovar

Até que o vazio tomou conta da minha alma

E assim saber que não existe recomeço sincero

Quando me pego denovo nos estudos

Eu descubro

Eu não lembro mais o que é ser adulto

O enterro de um hermano

Lastimavel! com todo direito a choro

Ao funeral do miserável

Com as graças do deus

Até que o sol ponha-se e ele tornar

As flores e os charutos cubanos

Flores branquinhas, eu pego uma

E dou-lhe um beijo. Elas me respondem

Quando pergunto:

Quem inventou o mundo?

Santidade

Entro no centro espírita

Tiro meu calçado e desaboto-o a minha blusa para entrar na sala

[escura

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Onde se crê estão os espíritos encarnados nos médiuns

Eles me falam, perguntam coisas querendo saber de meu dia à dia

Eu fico tão encabulado

Oh o que saber? eu sou cheio de crimes

Crime tem em mim

A faca mortal.

Eles não tem conselhos pra mim eu sei

Sei o que é real

Que o mundo é assim

Mas estou em paz, eles nunca me julgaram, eu o criminoso.

E eu devo ainda voltar pra guerra, eu fui posto aqui e eles me

[chamam ―senhor‖.

Eu vim para trazer paz ao mundo.

Eu mecho com a faca

E ameaço até mesmo eles

A faca deve voliar ainda

Vocês nunca se envolveram com isso

E por isso eu os respeito

Sou... vocês são a única coisa que me trás paz

Ainda esta tudo para acabar

Caminho

Só me resta estar sozinho

Eu e aquela flor na praia

Eu sempre fui duro

Mas agora estou compadecido

Com meu sentimento revestido de traça

E perdido estou dentro de um brilhar eterno

A someter o pensamento da praia

Vendo agora

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Que eu devia ter sempre andado

Para o satisfeito

E cumprir o meu destino.

Agora sou Moíses

E sempre serei

Meu brilho serve para Glorificar todos os pobres

Glorificar todos os pobres.

A promessa

Queira escrever um livro como fazem os pesquisadores

conscienciosos em toda parte. Na minha cidade tiveram já

encontrado vários achados, de hominídeos que deixaram para tras

muitos sambaquis...

E assim penso como seria bom se eu fizesse uma coisa dessas,

com certeza algo que me levaria anos. Isso me da uma vontade

muito forte de me perder e ser assim.

Passo por alguém e continuo, ela leva cruzando o seu livro que

vai lendo e eu me viro e atravesso a esquina

E penso que não a tempo para nada e como queria que tudo

passasse

Pegarei meu carro e irei à próxima cidade, para assim voltar a

mim.

ódio

Todos os homens tem odio

Um tipo que acontece assim sem pensar

Mas que tem uma parte profunda de si

Até quando se dá conta

O que não é melhor

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Mas este ódio profundo

Suspira dentro

e os ventos que ele solta se dissipam

Sobre a forma de vapor

E de novo tu esta feito

Contigo de novo a bruta alma

O lobo

Que cara rudimentar tem o lobo

Com todas as gotas de melancolia

Escorregando por todos os cantos

Até a canção de independência

Fazendo escarnecer a

crua verdade da carne

Dentro do negro mar

A baleia no mar

E sua barriga branca com o vazio dentro

E ela nada na água como o barco

Do mundo

Com as silentes vozes das pessoas em eco

A o imenso eco da baleia no fundo,

No fundo.

Amigo

Vidas partidas.

Eu não sei quando voce partiu, mas algo de mim você levou com

você

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Pois todas as vezes que vejo uma foto tua me sinto ali mesmo

contigo seja pelo amor ou inveja

Eu agora sinto que perdi a vida, e que talvez tu tenhas sido tudo

que restou de mim.Uma memória

Mas com minha vida que não acaba, talvez por que a tua continua

Oh dor lancinante! que todas as vezes percebo que não consigo

separar-me de ti. Tenho tanta dor de estomago.

De termos os mesmos olhos e a mesma dor

E eu perceber que agora tenho tão pouco de ti.

Pois eu sou alguém que não tem passado, nem presente, nem

futuro

Pobreza

Há tanta humilhação

De levados a casa do patrão para receber deles os restos

Em que todas as vezes eles vem nos entregar de bom coração um

biscoito ou a lasanha que sobrou do outro dia.

A tanto ódio, dá dessa boa vontade

Por que a boa vontade minha era

De eu só querer ter mesmo uma casa e um trabalho que tivesse

junto de mim como flores azuis no jardim.

Mas de ficarmos próximos deles diminuindo a todo instante

Por que na verdade nem sabemos ler ou conseguimos nos

comparar

E assim somos levados nessa humilhação

Que não acabara jamais.

A subida

Vou a praia e subo o morro

Por La passeiam muitas pessoas, turistas vindos do verão

Eu me encosto na pedra, esperando ser observado

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Mas com tanto medo

Que prefiro me esconder caminhando e subindo mais pra cima

Uma verdadeira vista panorâmica se tem lá de cima

Com todos miúdos La de baicho

E eu fico pensando por que não pude ser assim

Me escondendo de medo.

O bar

Na cidade existem muitas coisas e eu participo delas sem saber

Voltando pelo mesmo caminho percebo uma rua onde se reúnem

os bêbados;

E La havia tantas casas de familia

Ficava Numa rua vazia, de uma curva com cercado

E onde alguém poderia se perder

Lugar de pobres, Lá havia uma mulher

Certamente de algum dos bebados

Eu posso ver que no bar alguns saem e voltam para casa

É um destino de nunca mais se encontrar.

Quem entra e quem sai do bar

O inquilino

Um argentino veio por aqui alugando um quarto

E ficamos próximos, e todas as vezes que saia me contava das

noitadas

Todos conversavam comigo

Um dia ele aparece com outro garoto, boliviano

Trazia consigo uma bolsa de badulaques, pulseiras e miçangas

que vendia na praia

Era um daqueles hippies

Eles me cumprimentam e o garoto não quer entrar

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Mas pede para o seu amigo algo de comer

Eu posso perguntar então de onde ele vem

Da bolívia diz ele

E eu faço a pergunta chave para mim

Como se sustenta? Ele me mostra a bolsa

Me conta de tudo, foi ao mundo e cruzou todos os lugares

O inquilino chega com um pedaço de carne para ele.

Um pernil com um osso partindo no meio

Então perguntam para mim quem sou e como era

E eu conto da faculdade e do trabalho

Mas a verdade e que por não dominar qualquer coisa eu tremo

Não sei dizer a verdade apenas

E confundo palavras...girando sem parar.

O garoto vira para o outro e diz: oh esta se fazendo!

Eu não escuto, ou melhor finjo

Faço o jogo comigo mesmo

Ele come a carne até o osso e vai embora

Eu cuido quem passa pois sou o porteiro do prédio.

Pequenas lembranças

Quando éramos crianças brincávamos com os vizinhos ricos

E eles nos levavam a muitos lugares

Cuidavam tanto de nos por que éramos os afligidos

Mas um dia na casa de uns amigos

Um sitio que ficava bem distante da cidade e muito bonito

Descobrimos um mistério

Começava a nossa aflição pois não sabíamos o que veríamos ali.

E veio uma alemoa recepcionar-nos com seus dois filhinhos

Eles logo foram aos nossos amigos sem se importar conosco

Jogaram video game e convidaram a gente para tomar banho na

sanga

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Suas conversas eram sobre coisas que não entendiamos

E disso nunca se abria para nos

Pareciam os dois meninos muito alegres e efeminados, e tudo que

diziam era vago

E quando nos chegamso a sanga nos atiramos na água. Havia um

balanço de pneu

Onde podíamos nos apoiar, tocávamos água nos outros

Todos batendo com as mãos na água, riam felizes

Mas uma estranha sensação existia em mim,

Que eu não sei por que mas um medo, de apreensão e estranheza

Que ficou em mim esta lembrança

Agora voltado para conversar com vocês sobre aqueles meninos

ricos.

Genio

Os intelectuais podem fazer de suas conversas o sonho

Mas o que conseguimos nos?

Tão mal formados, não temos a quem recorrer, não temos mãe

As nossas leituras são feitas dos pedaços que outros deixaram

E vemos um pântano do lado de nossa casa todas as vezes que

procuramos olhar

Por que haveríamos de perder mais tempo?

Que tudo siga seu curso, por que quando formos nos encontrar

ainda será o terror

Somos os que pensaram na vida intelectual na sombra da vida

E a nossa única verdade e que somos burros

E que toda nossa conversa e sempre desnecessária

E vergonhosa

Somos quem será louco para sempre

A dar azas a imaginação longínqua.

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Caminho perdido

La vou eu perdido. Não escuto. Como uma voz me chamando eu

percorro o caminho. Me levam para algum lugar e compromisso

que eu evito.

As pessoas passam, a rodoviária esta em frente. Eu cruzo a rua e a

esquina

Parado na frente de um ponto de onibus

Ele e de madeira boa, elegante. Um lugar limpo.

Meu pedacinho de nobreza, por isso passo por ali

E me dirijo para casa usando os mesmos chinelos

Os pensamentos voltam num instante

Quando saia da lagoa em direção ao mercado ali vi uma

vegetação boa

E toda noite escura, somente eu e ninguém.

Denovo o trabalho a minha mente, pensado de dias e manhas. E o

que quero afinal?

Todo trabalho dos homens compartilhado, tudo ligado.

Digo que tudo me é perdido como uma gota no oceano

Onde eu queria estar, nas profundezas, e perdido esquecido pela

eternidade e longe das pessoas.

Mas continuo nessa sequencia, trabalho árduo porque tenho de

ganhar ainda o que é justo

Sinto uma vontade de ser comido pela terra, afinal tudo continua

na sina imensa sem que se chegue a solução. A mente desperdiça,

os sentidos morrem, somente resta o enterro.

Na praia

Estava em casa quando meu amigo me chamou para ir a praia

La tomávamos banho com uns amigos que ele me apresentou

Eu como não era chegado me mantinha a distancia

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Até que fosse descoberto em mim o que me faltava

de coragem para fazer deles meus amigos

na água me acheguei perto de uma garota por trás, e não disse

nada

ao que uma outra que via o que eu fazia alertou a outra e esta riu e

ironizou a mim e quem eu era

eu senti que a água era como um lago e que meus olhos brancos

ficaram vermelhos pela água. E piscava, piscava.

São estes tristes momentos da existência que nos marcam

Quando mesmo o ato mais singelo não e capaz de purificar.

Eu

Oh meu deus! Eu sou tão pequeno

Do tamanho de um mindinho

E não há nada que me redima

A voz que fala das pessoas chega até mim

Fazendo de mim travessuras e me

Pregando de novo o rabo de burro nas costas

Até as gargalhadas insolentes

E que eu não posso responder

Até por que de eu ser

Como as almas dos fantasmas

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Livro de poesia: poesias ingênuas

Ano mil

Novamente estou no caminho da lagoa e os pensamentos perdidos

[como

Uma nevoa,

E a visão de Jorge da Prússia

Levando o pensamento como folha

Oh Onde eu queria estar perdido como os demais

E o garoto vem. Aparece a

Minha frente

Consabido que ele tem algo

E que me entristece

Que eu não sou

—O que sou tão somente?

A minha vida...

Ai minha vida!

Quantas vezes caminhando por aqui

Aqui terei consolo? baicharei a cabeça? descobrirei novo

[encanto?

A crista do cabelo repousa na água

O vel sem sentido das sensações torpecidas.

Teu ultimo jubilo me leva pra perto de ti

Me deixa distante dos meninos

Tudo acabado, tudo acabado como presente.

Solidão da madrugada

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Uma nuvem glacial passa agora por cima de minha casa, pelos

[telhados

Na minha solidão aqui em casa

Eu danço com os pés

De balé...

Eu novamente e minha vida, ela passa

Sem sucúbus

E perdida está num transe diabólico sem reservas, e os

[intrometidos

Mandados embora

Eu quero esquecer, mas me vem lembrar toda noite

Que as intromissões

São se feitas, sem reservas

Aqui perdido

Em confeitaria

Artesanaria

E um ruste perdido de pensamentos

Em pensamentos convertidos

Sem esguelha

Tudo um destino reunido e guardado em livros de escrever e

[receituário

Que irei incender para todos

Até se mostrar o intelectual

Azarão

Até eu descobrir como fazer uma descarga de todo estes

[sentimentos

Agüentai o meu gênio poético

Até muito suspiro

O gaiteiro sorridente com sua fisionomia conte que te viu e me

[dizer

Agora que sabia

Que a descoberta do amor

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Me fez poesia

Homem rasteiro

La vai o homem que arremeda o mundo, ele não sabe que o que

[faz e sujeira

Mal estar profundo que corrompe

Dos teus lábios sinceros podes tirar uma tripa

Igualmente sincera, e dar de presente

Ao que te aproveite,

Rosnado silencio na noite

Fadiga de inadmissíveis dimensões, perdendo o extra-planar

Teu gosto de chumbo me enerva

E teus fios concentrados na cabeça desfazem o mundo que tinha

[tanta tenção

Agora acabou, acabou o mundo,

Somente resta destruição.

Rápido balido somente em solidão

Eu conheci uma menina

Que te contava historias e te fazia mais feliz

Agora perde este teu rompante e te entrega

A conupcie te espera entregue a doces e flores

A alegria da escola escondendo a perdida imagem do retrato

Menino caminhando por um caminho

E encontrado de volta do caminho

Alienígenas

Flutua oh disco cinzento

Teus tripulantes conhecendo os segredos das estrelas.

Vindo com raios orgônicos e a roupa tripulada.

Juízos até onde o destino puder dar conta.

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E a casa do cachorro em silencio ficará vazia.

Mas quanto a vos! Os ouvidos...

Escuta. Escuta.

Vêm chegar o sinal as antenas

Do silencio.

Por que tudo é uma cor do espaço.

E por dentro nada.

E do imenso ao destino

Vindo realizar o que sempre quis.

Quando vos vieres nas luzes imensas

Não deixeis de dar o lírio

Com a mão pousada.

Pois quero lhes dar um beijo.

Mensagem celeste

Oh! Povo da terra

Quando aceitaras a tua missão profética

De cumprir junto às estrelas

Com teus irmãos

Teu próprio sentido de espaço?

Mas o astronauta vasculha pelo outro lado da espaçonave

Com a terra imensa e azul

Em orbita.

Oh! Mensagem de paz

Nos que fazemos as colheitas e pulsamos

Nos que dormimos ao sol

E sonhamos

Até que as nuvens descarreguem

Em parafusos a harmonia

E que até a lagarta

Se transforme em borboleta.

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Fazemos um pequeno origami

De pássaro

Nas mãos e te lançamos.

Dedos

As garças têm bico de agulhas

E sorvem como o beija flor

O encanto da blusa

Para em sapatos de cristal botar

O orbe de clara espessa

Enquanto o amor em noz

Gira no redemoinho

Da fonte

E eu colocar o dedo

Para impedir o caminho.

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Livro de poesia: Primeiras poesias

Bagre

Bagre é um peixe que vive em águas noturnas

De onde o profundo

Vem em orbitas falar do inanimado.

Para deixar seu caldo mais grosso

Põe-se algumas migalhas de pão.

Metafísica do sofrimento

Mãos que entram pelos ouvidos

Escondendo os cabelos

Uma mascara de um grito

Pregos e ferrolhos

Trancafiando um pássaro.

Uma cruz e espinhos

A alma dos mortos caminha

O vento sopra e tornou uma sombra

Metafísica que torna sangue os ferros da alma.

Oh! Arvore de cujos galhos secos saem gemidos

A noite te leva luzes e levanta os mortos

Teu cânone e escrito

E dentes caninos proferem as canções

A lua é amarela

Os distantes prados

Em que andavam os cavaleiros

Perdidos dentro de ti

Agora somente romance

O objeto que o cavaleiro segura

É uma carta de rei

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que quebra todas as construções.

O passarinho que me leva pra longe

Quando eu ouvia um som

Um passarinho

De espírito, vinha até minha janela

E me dizia morbidamente

Que vinha me levar a alma

—Ô passarinho, tem um ofuda1 contigo?

Bem sabes a vida

A melhor das épocas é ouvir Ramones

E colocar a mão

Num fogão

E então as panelas de teflon

Oh! E as mãos

Não queimar

Por que o som que ouvimos

Vinha

Do ninho.

Por que tudo que separa

—Estou contigo.

Oh! Me diz

Que aqueles

Ainda são os

Mesmos beijos?

O sitio

Andávamos ao sitio de carro

Todos os finais de semana não sem brigar com o pai

1 Talismã japonês, proteção contra os mortos.

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Por que não gostávamos de ir

Mas sabíamos que o sol

As folhas tornavam mais fortes e amigas.

Por que ficávamos debaixo dos abacateiros

E tudo era tão grande

Que fazia uma sombra escura donde,

Cresciam teias de aranha.

E o chão era todo molhado

Do Barro negro.

E o dono do sitio a tanto nos queria

E tudo agradava, pois até as galinhas atrás de nós iam

E dos insetos fugíamos por que tudo corria atrás de nós

E encontrar ele lá dentro

Da casinha,

Pois quando a tristeza passava

A gaita tocava,

E sua melodia ao churrasco dava vida

Por que bebíamos coca cola

E de tudo

Conversávamos

E quando as vacas se aproximavam fazíamos graça

Por que sabia que descíamos ladeira na palmeira

E éramos felizes.

Filhos de Eva

Quantos são os filhos de Eva

Que ouvem nas cordas

Que tiram da fonte

Para todos os cantos de flores no circulo

Até que a gaiola

Venha impedir o caminho?

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Na passagem do paraíso até para fora

Um se aventura mais que outros,

Com o canto do passarinho

Até a goela

Mais estridente!

Fazendo ouvir a todos do paraíso

Que de fora do recanto

Vê-se

Umas pedras perigosas.

O canto dos espinhos

Vermes estão sobre a tumba

Imberbes...

O pensamento do canto ainda não se achegou,

Até quando os corvos ficarem presos no teto do santuário

Desperdiçando seu talento.

Quando os violões

Darão sua nota mais felta.

E os sonidos dos cantos

A coroa para a cantora,

Para vesti-la para a igreja.

E todos os vermes estourarem,

No mármore se movendo

Duros de estatuas!

E quando o padre recitar o cânone,

Será somente pela certeza do canto

Que a minha alma

Celebra

Os espinhos.

Musculatura do sexo

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Músculos torneados que por dentro correm fios de prata

Eu te aconselho a seres incólume, por que a donzela

E o semém,

Da arvore da vida que se escorre pelos vidros azuis

Podeis tirar somente uma satisfação,

Que da garça voando até o encontro de ti,

A carta encontrada sobre a mesa

Encontraste sem que te fosse escondido.

Agora descoberto, teus músculos devem

Ser mais fortes e juvenis

A Velha

Quando tiveres sono tranca a fechadura,

Pois o cachorro, pode se soltar

Ou quando teu pensamento em nuvens

Tiver mais o encanto da borboleta

Ou contrariares o azul,

Fechando sobre ela a mão branca.

Podeis estar certa...

Que os fios dos teus cabelos ainda que velha

Te pertencem e a mais ninguém.

Podeis estar certa.

Dragão

A cobra que existe em mim já rolou

Varias vezes pelo chão

Como se fosse dragão, a procura

De suas azas brancas.

Enquanto o tempo transcorria

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Vertendo de um filete na fonte

Que ficava perto de casa

E me encontrava todo dia,

Fazendo dos cabelos a maneira

De se encontrar,

Com as duas hostes da alma do paraíso

Ligando o portal dos funerais

Através das frutas: pêra,

Tangerina e abacaxi.

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Poesia socialista:

Verdade

Verdades irreais, mermânidas, as conselheiras do tempo eterno,

[até do sacrificar;

De soluções feito trapo de renda em que se encobrem as crianças

[mortas,

Fazendo jubilar com feitio grave o gordo descomposto.

Até a espera de que as eternidades morram

Triste caminho cruzado com águas, de uma verdade primitiva

Quem sabe verdade,

Quem sabe prisão.

Um vulto se acerca

A gritaria começa, o gigante se apresenta.

5 mil anos

Baba Vanga o que tu vaticinou?

De formas incríveis,

E os planetas contando historias

Com teu futuro reservado

De prosperidade em dobro

Eu colho as palavras proféticas

Na esperança de que se renovem sempre iguais

Mais que teus cabelos puxados

Os teus olhos cegos continues

A ver, o escuro que também e olhar pra eles.

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Uma pedra gema contada esperando a comunidade galáctica dar o

[sinal

E as tropas em reservas

Até da estrela vir o brilho cintilante,

E com a arma de vermelho destruir o planeta

Até ai existe espera de séculos e anos sem fim,

Sem intrometer-se, nos cuidados do que e sempre igual,

Mas tudo gira e a seleção continua,

Agora sem força, fazendo dividir em blocos pequenos,

Que cabem ou carregam.

A alma cintila sobre a água

Oh futuro humano

Oh futuro humano

Taciturno

Sou um maldito rato esgueirado pelos cantos, me esquivando

pelas ruas

Eu sou assim,

Sou mesmo um comedor de pão velho

E eu como

Tão fustigado e nervoso

De todos à minha volta,

Desconheço completamente de quem cruza até do meu lado da

[rua

Mas com rompantes de intelectual ainda

Afinal quem me deu de comer essa sopa?

Eu faminto devoro

Só que na cama deito e regojizo tudo que fazem esses infelizes, os

[Intelectuais.

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Estou morto

E fustigaram tudo de mim; e de mim tiraram tudo

De mim não sobrou nada nessa terra destruída

E perdido estou para sempre,

Oh que aflição! Se conhecesse os nomes ao menos...

Mas não, passaram por mim como sombras

Sou alguém que não guarda nada

Nem endereço nem fantasia de obras

Eu sou raro mesmo

Sou um maldito taciturno.

O alienado

O alienado e sorridente, lhe tiraram qualquer coisa

E se desfizeram de tudo dele

Para ele perdido tropeçar

Nas roupas de alguém,

Ou vestido como outro

E assim de leve, com o rosto coberto de pomada, maquiado

Ele descobre o filtro de ser suficiente

De ter sorrisos...

Ele persiste até que no fim esta desconsolado, com terem dado a

[ele o mesmo sermão

O dos seus,

Que eles são mesmo

Bons, alegres, ligeiros...

E que tem uma profunda estima por ele

E essa profunda estima que mais chama a atenção

E é por ela que se cai!

Ou se sabe mesmo que quase antes de que tudo fosse feito havia

[um abismo em que se pedia que se escalasse com os dedos

E as pedras cortantes

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E tudo acabado até com o rosto fincado numa turba escura

O alegre, o sorridente

O que descobriu o segredo

De todos os outros e agora sorri para si como recompensa

Por ter uma casa fechada não espera que se machuque

Abrindo essa casa uma manha se pode encontrá-lo

E com ele desfazê-lo.

Revolta de santo Pedro

Não ouço o que Pedrinho diz

Pedrinho não sabe de nada. Sabe nada.

Por que? Por que ele não tem aquele comedimento. Aquele das

madames e suas festas de arromba

Aquele comedimento de perceber as circunstâncias

Pedrinho levanta muro todo dia

Não se importa com o prato servido no almoço

Vive alvoroçado até de descobrirem ele

Legitimo defensor da sua causa

Mas se Pedrinho pudesse dar o troco a quantos não iria assustar?

E eles então teriam de jogar seus balaios ao lado

Mas Pedrinho se aquieta, Pedrinho sabe da luz que luze

Ah

Pedrinho perdido,

Pedrinho perdido.

O trabalho técnico

Uma gota cai aqui, cai em mim, cai em todos os lugares

O trabalho técnico se agiganta

Dureza

Fazendo intromissão em todos os indutos

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Conseguindo colocar

Seu impacto em todas as ações

E determinando tudo que fazemos

Os ladrões

La vão os grandes falsos falando de política

Uma verdade elementar que eles espertamente negam

Que a política so existe por que serviu aos crassos e assaltadores

da coisa publica

Hoje vão insolentemente querendo instruir o povo

Do melhor dos mundos

A propriedade privada e a competição, esquecendo que na coisa

privada não existe corrupção por que já não há o que roubar

Quando já se deu a chave do cofre aos ladrões

E de que hoje tanto quanto na antiga Roma

Existiam os mesmos parasitas, na outra

E agora existem também sobre a máscara da eficiência

Uma coisa que é sempre igual.

O filme

Quando Sabino filmou Jorge amado

Foi no seu sitio de campo

Com todos

Estavam rindo um do outro lado

Eram dois

Com a ditadura precária atrás

E Jorge levando seus sobrinhos

Dando pulos no laguinho

Camus

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Pobre Camus

O homem revoltado

De vez em quando pulando

De um lugar pra outro

Caia dualizado

Oh pobre homem! você não estava do outro lado?

E de vez em quando pifava

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Livro de poesia: outras poesias

A metafisica

Kant sentado na sua escrivaninha

Esta descoberta toda metafísica!

Por que não me permito ser feliz?

A compaixão segurada no peito

So que me valeria mais descer uma ladeira

Que ficar e descobrir a oração de são Francisco

Os homens de cara de porcelana fazem sua filosofia

Com um belo coco nos seus espíritos

Tão marrom...

E se for assim?

Sofrimento arrepiante

Quero sofrer, quero sofrer tanto!

Para nas mãos carregar o disco circular

E o coração grande e sagrando

Pois a certeza de pisar com a sola me levara para o outro lado da

[lua.

e que te fará cair mais fundo no abismo

E eu ser um astronauta lunar.

O ego e o monge

O grande tabaco tem um monge

É a maior das filosofias da terra

Para fazer do maior de todos os mundos

O ―mundo‖

Por que eu quero

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Com tantas cabeças a rolar

Até tudo desaparecer

Até com meus grilhões se for

E minha alma perecer

O bordel a noite

Uma tribo na áfrica tem um costume

De fazer um bolinho com ervas e estume

Cheia de nutrientes para se alimentar

E que também dividem num saquinho de pó

Eu caminho por um caminho de bordeis e luzernas

Entre todos os prostibulos,

Eu so quero encontrar uma puta para conversar comigo

E só comigo, comigo

Ela me afastará de tudo

Ou quando souber a verdade

Ela se afastará

Mesmo se ela fosse virgem ou uma onça bebendo leite

Mas que não se pode tirar

Uma puta para ser só sua.

A pérola da morte

Alguns homens gostam de morrer outros querem ser incensados

Coloque uma perola na boca do monge

Que ele entregará no palácio dos deuses

Os seus manuscritos amarelos ficaram

O leão e a santa

Novamente venho até aqui nesta nuvem

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E encontro nossa senhora atrás dessa grade

De onde flores de camélias voam no ar

Para todas as direções

Fazendo os pobres então

Eles tão escuros

E cheios de pecados retornarem.

E enfim descansarem os dorsos

Guardando a cova como um leão.

Orientais de papel

Japoneses tem suas belas mulheres de papel

Que puxam com o vento

E colocadas nas mãos

Dançam para eles

Ou trancafiadas em casa

Se preparando para quando chegar o festival

Então começa a festa

Se entregando a harmonia

Queria com essas mulheres decorar uma casa

Ou para mim fazer um belo vestido de noiva.

O sol sombrio

Encontrei um tronco na praia donde saia uma luz branca

E onde eu tentava toca-lo

Eu sentia me fugir os pés e as mãos

Até que as mãos coloquei

E senti que uma luz que saia dele me aliviava a testa

Com o sol tão fechado

E brilhasse

E perdido

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Era tanto o suor que escorria da minha testa.

A praia solitária

Encontrei um tronco na praia do qual me aproximei

Brilhava com uma luz branca

E dele me aproximava

E quando subi nele para ver o mundo

Pude ver que na praia soprava um vento distante

Sentia-me perdido do mundo

e como se o vento me atravessasse.

As flores para o doce

Estava a colher flores para meu amor

Mas quando as fui entregar

Ela me recebeu severamente

E disse que ela não as podia aceitar

Por que o tempo acabou

O que delas ficou passará para ti disse eu

Ela disse que eu lhes roubei a seiva

Mas eu lhe contei que gastarei o tempo delas contigo,

Meu amor!

Mas meu amor não me ouviu, e deixou-me

E assim ficará até acabar o tempo que tirei delas.

O fel e as uvas

As perucas de Luis 14 podiam decidir quem era o criminoso

Para a cruz

E quem também receberia a algibeira de couro

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Só que não podia decidir quem comia das uvas sagradas do

[banquete real

Ou quanto mais as brancas damas

Que se entregavam

A ciência.

O rei do gosto

No teatro uma perna se distende sobre as cadeiras

Sem reparar que era o rei

Que dele sorriu

Mas o ator não viu de quem zombava

E a pena máxima que era o gosto

Caluniado

Com todas as vezes que o desejo e reprimido

Se recorre sempre por baicho

Ao coração

Que ferido retorna e com ar redobrado

Fazendo o infeliz passar uns tempos

Na galé.

Ter fé e perseverança

Ter fé e como estar atado a uma linha

Que nos faz aderir ao espaço

Puxando-nos com a correnteza do mar

E fazendo-nos colocar na porta de horizontes.

E um fim perplexo

Com as bolhas do ar da praia,

Subindo ao topo apenas para respirar

Acabando caminhos

Até chegarmos pela estrada de arco-iris ao portal

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E podermos do universo tomar parte

O choro de cupido

Se o ódio fere, imagine o que não faz o amor,

Que não pode ser ouvido?

Ouvindo um estranho relâmpago do cupido

Que fez águas

Nas estranhas correntezas do letes

E uma correria nas festas das musas

Com cupido escondendo sua face

De tão irônica,

Por que os dois lados da moeda se revelam

Que enquanto um vive outro sofre

Mas qual quisera morrer?

Os dois jovens entregaram-se

E as flores

Vieram recobrir o leito

Que pereceram

Por que eram tão mais belas as nuvens

Enquanto eram entregues aos botões.

A beleza

Grandes poetas, pequenos poetas

Se incumbiram uma missão

De achar uma alma que coubesse num livro

Com o livro fechado

Partindo a alma

Tendo as mesmas paginas indelicadas que só sua alma pensa em

[ter proveito

Para o amar.

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E quer eu acredite

Que so com esta visão destas camélias

Saibam de alguma coisa

Ou o pior... Saberem o que é gosto!

Por que não sabem o que e sentimento

Nem a dor ou a aflição.

A sociedade do azul

Que faz os seus bilhetes entre cartas de baralho brancas

Por que ninguém se importa com o que faz.

Ou sofrer ou viver

Mas fingir e ofender.

Quero que esta gente me tema.

O chapéu do papa

Ave! Deus onipotente e branco

Tuas espadas teêm o corte

Dos teus círculos

Escalam aranhas

E seus mil olhos

Fazem o teu escudo

O espaço para o destino

Repousa com sua leveza exuberante

Tuas vestes sobre a água.

Sobre tua cabeça repousa o mindinho

E toda tua alma ligada ao corpo

Procurando liberdade

E tuas mãos estendidas implorando

A volta planetária

E assim segurar os sete cadeados do céu

Para com a força de teus braços musculosos

Faça saltar da testa tua ametista

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Que pelos séculos dure

E seja vista

A completar o circulo dos céus

Fazendo do aguilhão do cruzeiro

O seu cabedal para os deuses.

O caminho do cristo

Cristo caminhando num deserto

Ele vem trazendo suas marcas de cravos nas mãos

E seus cabelos tão escuros e sujos de pó

Sua face incardida e a alma

Devorando o alimento

Com tanta fome

Mas uma arvore cresce para alem da cidade caldeia

Com a imagem do corvo num caldeirão

Fogo para o que é mutuo

Os muros da cidade foram cercados de lanceiros

Por que ninguém deve passar

Por que Ramsés decretou

Que ninguém que viesse por esse caminho passasse

Um muro que erguido pelos egípcios em palavras antigas

Que contem toda sabedoria

Imagens de abelha e inseto

Com o traço do salvador

Escritos para o final

Quando o rio da pedra saltar

Vindo de todos os vales e direções

Até o jardim do paraíso

A pirâmide dourada

Esculpida com a imagem escrita

Saudações! de um povo nobre

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Que em pirâmides de cristal contaram seus segredos.

As garras do metal

Tu lobisomem de pelos prateados

A lua pende uma tranca

E tuas garras insolentes

Manchadas

Numa poça de água

O teu coração com a cara do lobo

Esta entregue para todo sempre

E a coroa que cresce no muro de musgo

Para saltar sobre os espinhos

Vir cair nos teus cabelos encaracolados

E deitar no teu amor;

Será a guerra para todo sempre

Escorrendo em filetes de sangue

Até sair da traquéia

Com um ódio sempre novo.

Quantos são os anos?

Curvado entre o poente

E o escurecer, com o som madrigal

O som que esta mais alto que nunca

O som do metal.

Os maoris

Na ilha de Sumatra existem maoris

De enorme estatura

Verdadeiros gigantes de pedra bruta.

Que podem envergar com o peso um carro.

E na ilha e difícil caminhar

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Sem pisar por todo barro

Que inunda qual uma ameba por todos os lados

E eu penso vendo aqueles olhos fechados

Onde foi encantado

Os objetos do universo

E penso que somente com um olhar languido

Podemos pensar que fosse confusão.

O macaco

Um macaco tinha um corcunda e com as mãos fazia isso

Tirava um bolha de cuspi e jogava nas pessoas

Olha macaco corcunda quanto do teu ódio ainda vais despejar nos

[outros?

Mas o macaco tirou uma bolha de cuspi da boca e jogou em mim.

Isso acontece quando dois homens são irmãos

E se encontram pela primeira vez no espelho

Ou numa colheita, quando as feridas sangram

E o canivete tiver cortado os pulsos, até quando o sol no poente se

[levantar

E ambos forem embora

E o macaco acabar de pensar que às dobradiças da vontade

Nada se curvará; por que tudo volta

Mas sem contradição.

A cobra e o fumo

Mr Hyde fumando seus charutos no bar

Com seus fortes músculos e com as cartas de baralho

Tão impenetrável as palavras

E com toda multidão por trás

De virem ajeitar seus cabelos

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Ou até pelo menos saber onde fica

Seu chifre de rinoceronte

Aguardai, ele tirar seu terno mexido.

O mais novo,

Certamente refletindo o golfinho azul.

As bruxas

Terei uma puta até sexta feira

Que é quando as bruxas saem as farras

Isto até que ela vire abobora

Por que fui enganado que na sexta elas me tinham algo especial

[para dar

E meu pinguilim tiraram

Agora todas as vezes que quero

Acabo tendo de fazer antes de sexta

Que é o dia em que se vestem de preto

E saem com suas vassouras a cantar

Levando consigo o seu corvo

Aquelas que tem corvo não precisam de ter par

Mas somente em nuvens negras e uma coroa

Para voar as bruxarias e serem sempre feias

O shinigami

A grande figura do shinigami

Pintado por quatro artistas de gênio

Fazendo da representação cada qual o seu melhor

E os pinceis as cores: preta, vermelha e branca

Ao deus da morte

O pincel de nagasawa pinta só o que vê

E outro põe o caule

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com a pintura no vaso.

Cada um dizendo a sua medida que o certo e morrer

Mas deixando as garças decidirem.

O esculpidor

Ponha cinco ripas de madeira dentro de um vaso

E deixe se desconsolar pelo desespero

A cabeça em forma de nodoa me vem contar lembranças

Que oculto andava pelos teus cabelos

So que para lembrar os gregos,

Levando consigo todos os nomes.

E todos caindo pelo rosto nos cabelos encaracolados

Teu terno e esculpido rosto

As noites estão adormecidas

E ninguém vem te provocar no teu leito

Somente eu que sou leve e me faço esconder

O teu corpo amostra, eu falo com voz sentimental

Eu o saber que queres me entregar

Tu em forma e rígido e os desejos fixos transformados em olhos

Que já não podes esconder.

Krishna

Oh krishna! tu não queres me levar na tua virmana

Para conhecer todos os locais do espaço?

E bem longe daqui nas terras alienígenas

E férteis paragens nutridas pelo sol.

Com todos os planetóides.

Assim será até que tua corte levante a cortina

E eu comer do banquete com as flores

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Eu posso mesmo desabotoar meu lenço encantado com a beleza

[de uma donzela

Mas somente em ti vejo a beleza

Tirando os brincos e o negros pixains

Com a beleza pintada do azul e o vermelho

Este Negro existir.

O ganges

Caminhando pelo Ganges sem crença

E todas a barracas a beira do lago com a cremação

E rezavam e velavam e eu vi pequenas pedrinhas azuis no chão

E elas me causavam tanto incomodo

E observei a fonte que dava muitas águas

Onde um brâmane encoberto de pó enrolava o saco.

Com todas as certezas indo embora nos seus cabelos presos

E só o que tenho comigo são minhas mãos e calos

E já nem o temperamento que me leve pelos caminhos a noite

Que cheguem até as estrelas cintilantes.

Sonhos de colegio

Fui encontrado por ti

Eu tinha os olhos virados para ti quando me vistes

Pisando nos meus cadarços e meu tênis

Somente encontrando sentido nos versos

De uma mensagem numa garrafa. Todas as vezes que eu cheguei

meu corpo no teu, no chiclete na tua camisa.

E os meus cabelos louros escorrendo pela tua língua

E por causa dos estudos

O tempo que nos dedicávamos a nós, não podia ser maior

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Até na sala juntos. Ou no quarto isolados, tu lavando a magoa que

me aborrecia. Tão distante de todos os amigos que queria que

fossem meus. Com todas as vezes o destino a procura da lonjura

[do teu pensamento.

Até que o ano acabou,

Com cada um seguindo pelo seu destino.

Mas deixando em mim a certeza de estar vivo.

O judaismo

Felizes na sua crença

Delicia doce, na comunidade judaica

Com a palavra proferida pelo talmud

E o sonho de todos os profetas

Mas um bairro pouco freqüentado

So de pensar em jantar e reza feita

As toalhas do bet sabbath postas

Com todos os amigos escondidos

De tudo que é enfadonho

Uma sanitária

vi-a virando pelo caminho

estava tão certo da mortalha de Moises

oh meu senhor! a chama queima a vinha.

pássaros

Ter uma revoada de pássaros como a mente

Fazendo das palavras as penugens

Sobre todos um hífen

E so caminhar para mais longe

Assim até não velos mais

E ficarem distantes

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Como o sal da praia ou agüentar no peito

Pois todos os dias sem alguma coisa

E a casa vazia, com todos os quadros pendurados na parede

Somente para ficar mais limpo

Tu so pode estar certo estando na praia

E com tuas camisas

Sempre brancas, brancas

Um pássaro que vive em direção vertical

Voando para cada vez mais perto de mim

E eu não ter mais onde me esconder.

A lapide branca

Novamente vejo o pássaro levantando vôo

E eu sentindo que minto

E que passo pelo circulo

E denovo cair no redemoinho

Para se quebrar na maré

Um albatroz levanta suas azas

O que ele quer comer?

No espelho quebrado das nuvens

Ele me mostra

O que esta feito para quem quizer ver

Os vivos aparecerão

Os mortos ficaram reticentes

Na lapide se pode ler:

Uma alma que tinha falta.

Azas para a terra

Quando a ave tiver levantado as azas

Nasceram trigo e arvores

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E um laço entre os pombos de entregar um beijo para cada

bochecha. Pois não se entorta o sentimento das azas colocadas na

terra para que voe. Fluindo um rio da amendoeira e das ameixas

pretas. O sentido do verso esta na arvore, quando a paz for feita

será de novo entregue a Hermes.

Nos ombros de gigantes

Quero eu ficar sobre os ombros de gigantes

E que pelos seus joelhos

Naturalistas e musculosos

Visto sem decoro

Dêem-me para ver a vista de mil cidades

Por que as barbas dos gigantes

Desgrenhadas e com traços raivosos

Deixa vislumbrar os tantos que queriam estar ali

So que ninguém pode se sustentar sobre os ombros de gigantes

Até quando saltarmos

Fazendo tremer meio mundo

Até ali eu comerei o cereal e as lebres

Vivendo no ninho da águia

E me criando na coragem e na fé

Até que os gigantes se cubram com as peles do guepardo

Cavaleiro de deus

Cavaleiro

De lábios escritos com lápis

A tua semelhança com Carlos magno

Era determinada

E a alma qual ave parda

Os traços escritos

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Dos antepassados

E a benção das arvores

Levando o cordão envolto

Que tu só pode pagar

Pela divida

Levando o carro que passa pelos corpos nas rodas

E contigo todo envolto

Pois tu pobres fizeste um estoque de trigo

Em que voltaste

Perdendo a conta.

Tens um burrinho e uma carroça

E uma promessa de uma criada que traz o café

O vinagre, com o banquete estragado

De vagens e tomates

Do celebre Henrique vii Rei

Do galo, a missa da manha e os astros corpusculares

Acabando por fazer de todo o ouro que o homem daria

Eu digo-vos — Uma tempera!

Qual cruz incrusta de brilhantes

E que só se pode querer pela morte dos filhos.

A terra milagrosa

Chegando dom Pedro ao Brasil

E todo cheio de insígnias

E observando protuberante mata

Se fez em choros

Vindo dos índios corridos

Das florestas borbulhantes de todas as folhas

Pois tudo era visto na corte

Com todas as damas e os banquetes

E nas mesas se perdia o caminho

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De tantos pardaizinhos esvoaçantes

Assim se comoveu e prometeu uma mudança

E assim fez por enganar a todos

Convencendo a todos de que tudo não era ilusão

Os vestidos das damas eram tão cheios

E de tão pouco combinado com o decorado

Que teve por resultado que ninguém se entendeu

Desde então estão todos os brasileiros assim

Desentendidos e sofrendo desta fadiga do temperamento

Uma vida recalcada

Dei uma ultima olhada pra traz somente por mais uma tragada.

Até que o sol possa me desfazer o corpo de vampiro.

E que só eu tenha que fazer é me fechar denovo numa tumba. E

[seguir por mais uma eternidade

Afinal já são tantos os olhos lacrimosos, que não passaram pela

[festa encantada.

Esta e a historia de todos nos, os que ficamos. E todo nosso rosto

[virado para o crepúsculo

Até quando todos os beijos tiverem deixados as suas marcas

[desaparecerem.

E eu tiver caído finalmente no abismo, para que eu não tenha mais

[volta. E trancado dentro de um quarto escuro.

E até que todas as arvores e troncos sejam cortados

E tudo seja destruído e afundado dentro de uma escuridão

[devassadora

Quando não podia mesmo pensar que minha vida podia ser pior.

Até com todas as ondas da praia cobertas de sangue até os meus

[joelhos

Eu te conheço. Você e aquele que passava por mim sempre todas

[as vezes

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E que todas as vezes quando passei pela montanha azul estava lá

Fazendo aparecer minha dor na costela

Agora eu bebo meu brandy, fumo e canto com os meninos

E quem e o vitorioso?

Mas agora eu tenho a poesia, sou poeta

Por que é a minha alma e é o que sou. E ela é como um campo

[chinês de arroz, com todos os trabalhadores fazendo seus

[trabalhos dedicados. Continuando por milhares de séculos sem

[fim.

Agora eu tenho meu violão, e você vem. Oh quer aprender musica

[agora? Esta interessado agora.

Chega ser triste como esses filhos da puta olham para traz

Querendo entrar na loja de novo e comprar mais um brinquedo de

[plástico

Pensando que um coração tenha tantas entradas quanto um

[moinho

Com todos os cifões abrindo aos ventos, e sua guela saltada como

[um passarinho morto

Você não tem talento, eu que tenho e por isso fomos diferentes

Se agora seu cachorro esta perdido na estrada eu nem quero saber,

[na verdade nunca liguei

E se você quer usar isso, achando que pode transformar isso num

[colar de ouro eu digo que você não pode

Certas pessoas especiais nascem com azas de morcego e podem

[ver debaicho da pele das pessoas

E assim descobrem que outras não tem nada de especial e que

[levam ao confronto.

Cada um deve estar no seu lado, e quem subir primeiro no dragão

[ficará com tudo.

A caminho da Escola

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Novamente passando pelo caminho da escola

Seguindo pela calçada

E as graminhas na pedra

Olhando pra cima e todos os fios de tensão

Que eu não conseguia lembrar e que me trouxeram de novo para

[aquele tempo

Afinal todas elas tem um hífen

De eu não conseguir encontra-los

E isso faz tão distantes o sol de meus pés

Embora percorressem o mesmo lugar

E assim lamentei do meu presente.

De não poder mais retornar ao meu passado

Fino e entregue num bilhete.

O palácio imperial

Eu tive de fazer uma entrevista no palácio real; a raposa com seu

robe amarelo e sua mascara me olhava com seu bigodinho.

E quando eu perguntei se ele me podia informar a causa. Ele me

disse que ficasse tranqüilo e me deu um lápis

Com o que eu escrevi meu nome num documento imperial.

E disse:

Que a oferenda do gato deve ser entregue com bombons

E depois disso leva-los ao templo. Os bombons devem ser em

numero de cinco e belamente decorados.

Depois que sai pensei em ir no bingo

Mas fui levado até o mar. Por que tudo estava repleto de peixes, e

com uma pequena vara de pau decidi pescar. E assim pude ver

todos os pescadores de nagano.

E era tão bom salpicar meus pés na areia.

O poema perfeito

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Sabe o que é mais difícil de suportar

Eu te direi o que é mais difícil de suportar

E olhar os rostos de todos

E ver neles as mesmas caras

E com todas elas tendo a mesma cara de Manoel de barros

E todos os pensamentos e até por dentro

Quanto mais duro escrever algo espetacular

E chegar na redação e ter o trabalho pronto

Pois descobri que dentro de mim dorme uma arvore

E que estou definitivamente preso

E o que fiz da minha vida, com a maneira mais fácil

E que se tornou tudo na mais difícil de viver

E que é mais fácil eu odiar todos

E fazer obstáculos a eles, para eu para-los

Mas quando deito a cabeça no travesseiro eu vejo o terror

E todos eles em cada verso

Pois você sempre come uma fruta amarela da cesta

E que em meio ao monte de qualquer forma é ruim

E o meu corpo todo coberto de pomada

Por que afinal, de procurar todos os conceitos do mundo

encontrar logo os meus?

Afinal que tu falasse de ti!

Talvez por que na verdade eu seja tudo que existe e tu não exista

[sem mim

A mim o ser do qual todos os poemas falam mal.

A dor no gelo

Ficar do lado do muro

E eu ser fraco

Sem me importar

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Bem na verdade eu sei que sou assim

Eu me sentia assim quando tinha as mãos frias

Até que tive você para esquentalas

e estive de novo no lago

Quando eu cai, no lago gelado, para morrer

A qualquer hora eu serei visto nadando, para eu encontra-lo.

Quando a lua de prata

Tiver levado embora toda confusão do meu peito

Ainda assim, que eu não supere a dor

Eu continuarei, mesmo sendo o frio

A aquecer o meu peito

O que estiver dentro de mim

Me acorrentando numa vastidão

Para eu te encontrar inteira dentro do meu ser

O vento na grama

Até quando minha alma escorrer pela grama

Sem saber aonde chegar

Ou o que venha do acontecido

Somente posso crer com a imensa bolha na cabeça

Que se esvai de todas as águas e fontes

Mesmo com a lança atirada no zimbabue

Que a terra me coma

O que cai sempre mais perto

Com a grama em toda planície ventando

E o vento que sempre corre nela

Me enxugue as lagrimas e me torne mais velho

Do gênio que acorda na cama

Tão ignorante das palavras

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Trocando versos

E a rima de uma bela paisagem

Com coisas a girar

E que segue

Igual a palavra descoberta de um gênio sem igual

Mas eu acordo na cama

E olho pra mim

E meu destino continua

Mas sem guia

Eu sou alegre de gosto

E por mim passa um dia de sol

Mesmo que eu

Não saiba o que é o melhor

Para o mundo

Ceticismo

Até onde a onda chega no beiral

O tomado pensamento que segue diante

Para tirar das partes ou descobrir das suas

Que todos os pensamentos próximos tiravam de uma voz

Que ficava cada vez mais silenciosa

A patrulha cossaca

Oh almas pequenas me dêem algum consolo

Ando acabado de mim mesmo

O cantar de voces me chama

Clama por mim

E eu vou adiante até chegar no lugar desejado

E encantado com tudo a minha frente

A imensa multidão de pessoas em volta

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Quando eu fui czar sem coroa

E todo meu coração se partiu

Nesta noite de tantas luzes na cidade

De são petersburgo

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Livro de poesias: cantos

i

Eu não entendo o negro,

Eu não entendo a cor,

Mas eu entendo a pele Ferida,

O marrom melado

O liquido que,

Que escorre da face

Incendiando com fogo

O carvão fungido de dor

ii

Respirar com as mesmas

Faces dos índios o branco de cor

Perolada, das bandeiras

Ao reino português

A flor; o bentevi

A dor sentida qual ferida

Que me sangra a todo tempo

Eu sei o caminho e destino

Até de ver as pessoas

Marchando para acabar

iii

Que me importa afinal que as pessoas sejam

Assim? Bebida eu quero!!

Quero morrer e afinal ser posto sobre a terra

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―Aqui tem palmeiras onde canta o sabia‖

Essa linda musica que eu ouço vem de onde?

Oh subir ao céu!

Para que eu possa pegar nas mãos

De novo o pássaro

O amor

iv

Eu vi um macaco descendo da arvore

E era um brasileiro

E timido me fez ser amigo

E eu tocando suas mãos

E ele com toque gelado

Me querendo fazer dele

Eu sou teu, não me negas!

Mas tu bem sabes que tudo é perdido?

Enfim eu disse: amarra

Um cordão no pulso

v

Papagaios! Papagaios!

Chuvas de papagaios

Eu só posso ver cristal

Que escorre

Eu descubro em cada canto

Uma palavra nova

Com que nomear o brasil

Uma palavra feita de dor

E que fará novo

Tudo de novo

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Feito a criança na placenta

Meu bafo imenso de cachaça

Faz suspirar o demonio

As mães e todas

Com todas as vezes que

Elas põem as roupas no varal

vi

Existe algo de medíocre em todo homem que se esconde

A face com o semblante de alma cega

Quase faca mortal

Com as feridas incaladas dentro do peito

E o rancor de ter perdido todos os princípios

Essa magoa tem de ser lavada com amor

Algo da boca das pessoas que sai fazendo-as

Ficar mansas e suspirantes

E quem sabe mais bonitas e brilhantes

vii

Existia um boiadeiro que tinha uma vaquinha e uma viola

A viola tocava de dia, até o crepúsculo das almas

Feito o som de sinos

O raio da vaca empacava com o berro

Que ele dava

Fazendo-a voltar para a ribanceira

Até que os dias se faziam repetidos

E similares ao horóscopo chinês

Com toda gente amotinada

E o caminho do sertanejo

Alagado

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viii

A essência de corpos fixos

Colocados sobre um cabide de onde se pode resgatar diversas

carnes

Até que saltem da garganta o arrependimento

De ter feito de voz tão íngreme o sentido

Do colapso

O sangue jorra, a vida passa.

O boi muje.

ix

Em minha casa

Monteiro lobato se colocava sobre um altar

Que ficava junto das bonecas e todas as outras coisas preciosas de

crianças

E todas as vezes pedíamos que fizesse algo por nos quando a

criatividade faltava

Até das surras escapulíamos

Quando todos os sons faziam pensar que era mesmo

A fabula o melhor da terra.

xi

Não tenho mais sons dentro de mim,

Morreram todos, Foram todos

Condenados a forca.

Eu sou tão duro

Como o diabo, A pedra

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Mas também de mim esperava que saísse harmonia

E que ela cantasse as coisas do Brasil

A terra e o verde,

A massa amorfa que me absorve

E que me coloca aqui denovo

Dizendo—Olha tu aqui!

xii

As aves sagradas e brancas voam no céu

Deixando a quem esta em baicho estranha impressão

Neste pais sem palavras, a harmonia

Se faz de dentro para o fundo da alma

E é triste ver que as aves não

Podem embelezar, brancas que são,

Nossa imaginação.

O triste destino de algo trancado.

xiii

Eu sou um bandeirante!

Irei até onde nenhum brasileiro foi,

Por não ter coragem de se aventurar.

Conhecer a dor, o sofrimento

Correr atrás da anta

Sentar junto daqueles antropófagos

E até sorrir com eles

Eu acho sinceramente que

Não sejam tão repulsivos

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xiv

O fato mental pulando de cabeça em cabeça

Sem ser percebido

Fez com a alma

Que jorrasse como água

E tornou a todos translúcidos

Fazendo que todos os homens

Não pudessem mais se perceber

O que terei de fazer eu?

Certamente nada de sabedoria

Que torna as pessoas de outra substancia

Quem sabe ouro.

xv

Eu tenho um certo conflito com esta gente boa, de casa

Lado a lado, uma tremenda tragédia!

Eivada de negro e sangue

Eu posso passar passivo mas incomoda

Quando tantos pedem que aconteça

O mundo com a cor branca

Das almas penadas

xvi

Eu posso descobrir o sol debaicho do teu rosto

Mas tu não mostras a mim

O que pensar então quando

Falta tanta comunicação?

Teu beijo tem esse gosto que eu sinto doce

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Mas também pelo teu lábio.

xvii

Ser impotente, quando um gigante faz travessuras

E arrasa todas as construções que tu tinhas dedicado tanto a

construir. A lastima do Brasil!

O sangue e o suor. Os braços que fazem uma nação torcida

E doente. Rasgando véu.

Eu só quero fazer o melhor.

xviii

Se ninguém tomar força. Os pássaros que fogem dos azuis

Que ninguem quer ver mas que esta

O canto da ave que levanta o vôo

Eu quero também voar e me erguer

Assim o Brasil se torna melhor.

xix

A bondade mudou tanto

Com tantos problemas

Até de eu trazer um pão da venda

Por que todas as vezes estou ao lado

Com as pessoas

E a certeza de mudar o mundo

Ficou para traz

Mas com os sentimentos feridos

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O PROBLEMA DO

OLHO DA PEDRA Autor—Cássio de Bitencourt de Almeida

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Determinando o olho da pedra

Devemos compreender que o processo que pode começar

tendo origem na luz, espalhando-se pela retina, e terminando em

sinapses no cérebro, seja a responsável pelo processo que nos dá a

visão. Seria pretensioso determinar que estes processos

responsáveis por toda atividade dos qualia viesse de certas

conexões dos axônios. Dispensamos a inúmeras relações que

acontecem não somente no globo ocultar mas mesmo no interior

dos neurônios para determinar sua origem concreta. Mas vamos

determinar que em alguma parte encontraremos os qualia. Para

isso façamos uma desconstrução do corpo humano. Os axônios

somente parecem como uma perspectiva para determinação dos

qualia. Procuramos adentrar profundamente sua forma.

Tomando que seja nesta relação eletrônica que ocorre na

mente e admitindo circunstancias particulares, podemos

apresentar que os qualia tem origem não no corpo do homem mas

em outro algo. Os neurônios não estão nos gânglios, logo também

não estão nas mitocôndrias. Eles estão empenhados em outras

funções que não são correspondentes com os qualia. Por isso

cortemos tudo que não for eficiente ou não achamos que

encontremos qualquer padrão que fosse necessário para estipular

o pensamento. Assim acabamos somente com os axônios e sua

relação eletrônica. Nem mesmo a visão do olho e necessária a

visão. Tudo que não é necessário deve ser retirado por que é uma

coisa desnecessária, não são um produto exclusivo do cérebro.

Acabamos mesmo com tudo que não esta somente na mente. Se

fosse diferente da perspectiva que quero que compreendam

haveria por isso a possibilidade de que encontrássemos ali alguma

coisa dos qualia. Assim fazemos se quizermos determinar que os

qualia são uma propriedade da matéria e não uma qualidade

subjetiva. Assim uma característica da matéria. E de outro lado

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qualquer coisa que não aceite o mesmo tem de aceitar a

probabilidade de uma inferência natural na natureza.

Frank Jakson levantou uma hipótese curiosa, é a de uma

jovem, que teria aprendido a experiência dos qualia após ter se

tornado uma especialista, mas sem conhecer suas possibilidades

por ter vivido a vida inteira dentro de uma casa escura.

Definitivamente este não se apresenta como um problema

resolvível no mundo físico. Mas no pensamento.

Disso se conclui que por sua conclusão episteme se extender

ao infinito não chegaríamos a não ser numa circularidade onde

nos veríamos presos. Um problema semelhante se encontra no

design inteligente, a dificuldade de caracterizar qualquer coisa

além do físico num mundo que não tem maneira de se representar

a não ser por ele. Mas por isso não faríamos nada a não ser um

design sutil onde compreenderíamos que as coisas simples partem

para complexas e que da mesma forma estas formas algumas não

encontraríamos na natureza por exemplo, o que faz um pintor com

sua cor não pode ser exemplificada pelo que faz uma abelha e

consequentemente o que o pintor pinta. Mesmo que o céu seja

complexo isso não reside em um indicio de complexidade nele,

mas isso seria provar que existe sim uma ordem de complexidade

numa escala ascendente, e conjuntamente que não existe

explicação no fato de utilizarmos cores senão por que nos

queremos utilizá-la.

Mas voltemos à questão de design, não é possível analizar o

analizante, assim do mesmo estar sujeito a determinado meio.

Não é possível esclarecermos uma paisagem partindo do design,

conquanto são avaliadores específicos dentro deste mundo. E o

que mostra o mundo com suas perspectivas que estas podem ser

ou não ser. Mas que e só sobre nossas perspectivas que julgamos

que ele seja ou não. E sobre suas perspectivas que negamos que

um mundo como vemos seja um design. Certamente um deus

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veria isso diferente por que ele veria tudo sob perspectiva deste

design. Ali ele não tem este plus ultra. E este mundo aquém ele

deve subordinar. Mas isso e só nossa perspectiva para o design,

isso não e um endosso.

O que tentaremos e fazer uma inversão da questão. Senão e

possível determinar o caráter subjetivo dos qualia, pois o ―azul

prova que exista o azul‖, desdobraremos as categorias sobre os

quais embasamos o sentidos. As sensações são separadas na

cabeça, no cérebro, nos neurônios, nas sinapses, até onde

chegarmos? Chegaremos a questão mente corpo assim. E logo

também a ruptura com o conceito de que deve ser a mente que

deve criar o conceito de qualia, não a motivos para crer nela,

poderia estar isso do outro lado do universo. Mas se tivermos de

admitir isso teremos de admitir de que ela existe. Mas não

subjetivamente. Sua negação e sua eliminação como conceito,

logo também de qualquer palavra associada ao conceito. Mas se

fora assim como a matéria criara em torno disso? ela criara

conceitos de uma legislação onde nos situamos, mas se for assim

logo não estamos pensando na realidade, e tudo que fazemos e

divagar! Por que a mente faria isso? Podemos compreender que a

toda determinação conceitual corresponde uma determinação

material.

Como categoria temos de admitir a existencialidade da

matéria, como principio existencial. Assim fazemos o inverso e

subimos pelas categorias. O pensar os qualias é um processo

consciente? Mas se não for assim somos um computador

funcional. Não podemos negar o homem como maquina. As

categorias não podem ser desdobradas em funções mas funções

em categorias.

Definindo os qualia como espaço

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Mas se desfizéssemos as categorias, talvez por uma

organização fisiológica certamente que não poderíamos ter disso

uma determinação dos corpos.

Já sabemos que a mente deve operar em um determinado

espaço, podemos chamar ―cabeça‖, apartir disso perguntamos em

que parte deve operar este espaço, se tomarem a distancia entre si

por exemplo? A estrutura da mente é determinada por sua relação

física. Mas devemos pensar aqui em outra categoria do espaço.

Algo fora do espaço dimensional, ao menos fora destas três

dimensões. Uma quarta. Se quizermos chegar a alguma relação

satisfatória é certo que não chegaremos a lugar algum se nos

mantivermos em questões transcendentes, ―o espaço mental‖, a

―paranormalidade‖ isso são divagações. Devemos compreender

seu lugar real no espaço. Uma dimensão física. Este espaço não

pode ter uma relação diferente por causa de cada causa

acontecendo, se diferenciar por situações não seria física.

Determino que cada átomo do universo leva consigo um potencial

qualia consigo que atua com outros átomos qualia, e isso não será

encontrado por pensarmos que esteja na ―cabeça‖. Mas sim por

que esteja em cada átomo de ponto a ponto. Um átomo qualia não

fará determinada vez uma coisa ora outra. Assim seria impossível

a mente se definir, ou seja que também não haveria a mente, mas

sim consideramos que por que exista este agrupamento

determinado entre átomos eles adquirem este potencial. Isso nos

leva a questões:

Os qualia se deteminam pela estrutura do cérebro? Falamos

aqui o que o desencadeia num processo, pode se levar em conta

com isso sua estrutura seu design. Para isso determinada forma

espacial? Isso determina que somente a mente e mesmo assim só

em circunstancias particulares de mente seria possível criar a

mente-qualia. Do mesmo determinado pensamento por exemplo,

possuir uma cabeça oblongada. E assim pensamos também se os

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qualia trabalhariam diferente, levando em conta cada diferença

trabalhando ora assim depois diferente. Isso leva a pensarmos que

cada área da mente que trabalhe esteja ligada do contrario esta

ligação se operando sem ligação provaria que podemos ter

relações que não necessitam de uma presença física. Digamos que

eu poderia ser dividido e pensar mesmo assim tendo metade do

cérebro em paris outro em Portugal, isso por que fisicamente

ainda seriam paralelos em suas funções. Funcionaria? Assim se os

qualia estão unidos ou separados e do mesmo modo pensarmos o

por que desta contigüidade. Devemos pensar aqui numa idéia que

subverte nossa percepção dos qualia para os ―tradicionalitas‖, se

os qualia não estão ligados pelo espaço físico tridimensional mas

possuem dentro de si seu próprio espaço, deixa de ter importância

seu caráter subjetivo. Eles já são espaço! Isso nos arremete de

volta a física e nos obriga a pensar denovo na pergunta se os

átomos qualia existem. E isso não deixa escapatória aos

subjetivistas, se tivessem de admitir isso teriam de admitir que

posso falar dos qualia como espaço de qualquer modo.

Teoria da contagem de qualias

Assim podemos determinar que os qualia estão sujeitos a

uma estrutura espacial de onde podemos inferir sua experiência

subjetiva. Mas muito importante determinar também como eles

funcionam. Cada átomo qualia esta solto no espaço e trabalha

com outro átomo qualia, mas cada átomo não esta sujeito a

qualquer das três dimensões. E nesta dimensão fora da dimensão

espacial todos se juntam em grupos, pela sua forma, vertendo o

espaço. Criando todas as formas, cada átomo e como uma pintura.

Todos eles criando milhares de construções de formas a todo

tempo. Isto seria um inferência caótica e desestruturada, devemos

ver ai que nenhum átomo qualia cancela outro, todos os desenhos

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interagem juntos, do contrario somente pensaríamos que tendo

sua cabeça e eles estando bem juntos na sua mente se fariam

perfeitos a ti, mas deveria considerar que por também existir isso

na natureza não teria em cada parte da natureza as tuas migalhas

como se fossem espalhadas ao chão? Assim pensamos ali tem um

Cássio, naquela maça, na arvore.

Assim determinamos que e somente pela ação que tomamos

que somos o que somos, e isso acaba e todos os qualia se situam

de novo em outra parte. São criaturas que tem existências

complexas nesse mundo por exemplo, foi somente a reunião dos

qualia ali naquele momento que te fez mas isso indica que existia

uma forma preestabelecida desde que o universo e universo para

ser assim. Cada átomo qualia leva as possibilidades de todos os

indivíduos de todas as eras, como se fosse uma biblioteca

ambulante. Agora digamos que eu tome uma ação, bem para ela

há um qualia, não só esta mas toda vez que ajo tomam forma

milhares de outros também, mas como determinar qual será o

verdadeiro, o verdadeiro Cássio? somente quando tomar a ação

seguinte. Isto validara o Cássio que esteve atrás, mas note, todos

os seres agiram existindo em conjunto eu com milhares de eu(s).

Elaboro a teoria de que existam não somente uma única pessoa

Cássio no mundo mas milhares desta ou do contrario direi que

sejá cada grão que exista o que me gerou, e do contrario não seria

criada nenhuma forma?

Assim se determina que e só pela ação que serei eu naquele

momento que tomarei forma no meu corpo naquele instante. O

corpo opera para que seja justo eu e não outro que seja quem

funcionara na devida situação. E por isso existe estrita simetria

entre as quatro dimensões do espaço, o espaço qualia. Devemos

ver ai que a idéia que comporta até que a mente e uma categoria

falha, devemos ver que o processo de qualia não e um processo

continuo de uma estrutura. Isso realizaria experiências de menor

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numero. O processo pelo qual o qualia opera e um processo total

de alinhamento de todos os átomos qualia em determinado

momento. Mas e também um processo partido em que diversos

momentos, animas, as animações que são cada cena que

colocadas juntas parecem sim formar um ser consciente, são sim

deslocamentos de momentos dos qualia. Isso também põe fim ao

conceito de consciência como algo alem do mecânico. A

consciência e um processo ilusório de seres mecânicos, e o

processo de qualia também é um processo mecânico, assim

resolvemos por fim e definitivamente todos os problemas do

materialismo e apresentamos finalmente resolvida a questão do

problema da consciência. Com efeito não creio que nossas

experiências vão alem desses cálculos, todas acontecem pelo

corpo.

Considero assim o processo seletivo do meu corpo de cada

qualia como processo de contagem dos qualia é o responsável por

determinar quem sou. Nada mais aqui. A resposta que procurar a

nível quântico apontara na mesma direção, ainda devem advir da

ciência descobrimentos nessa área, mas apartir do momento que

temos o qualia como um objeto podemos acessá-lo pela física.

Isso claro tem implicações tremendas para a realidade

humana. Imagine por exemplo que aja a minha mesma contagem

em lugar e situação diferentes, havera aquele cassio que pensara e

acreditara estar vivo naquele momento talvez imaginando estar

em casa ou comendo uma torta. Mas aquilo não passara de uma

imagem turva produzida quem sabe em algum lugar inóspito de

júpiter, ou melhor numa pedra. O problema do olho da pedra. Se

os qualia estão soltos e não tem qualquer forma de agrupa-los

fisicamente temos de admitir que eles são capazes de gerar todas

as formas milhares de vezes com todas as situações, assim existira

um você naquela pedra. Não a mais como saber o que é real. Mas

pensemos o seguinte ainda, pensemos na sincronia das dimensões,

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para aceitar que aja você um ser complexo deve se aceitar que os

qualia agruparam-se para formar você, mas que nenhum qualia

antes disso não era capaz de fazer você, então cada átomo qualia

tem desde sua origem uma forma e todos os átomos relacionando-

se juntos também para formar todos os seres que existem. Todo

átomo desde a criação sabia onde iria parar. De modo que esta ai

criado em você. Se e verdade que existe sincronia e que os qualia

se agrupam para formar você, e se não se burlam conforme a

situação, e não pode ser senão não haveria como determinar

qualquer inferência, então eles têm em si a estrutura da mente! O

universo existe para ter vida!

Conclusão

Teriamos se quizessemos descobrir o verdadeiro significado

da irredutibilidade da consciência de fazer uma pesquisa que

mapeasse seu caminho genético desde as primeiras teorias sobre a

relação mente corpo, esta pesquisa abordaria desde descartes,

passando por espinoza os pragmatistas, etc assim chegaríamos a

constatação como acontece com todas as idéias geniosas a

descobrir que ela teve um antecessor do qual tirou seus recursos.

A irredutibilidade e uma falácia por que ela não tem de onde tirar

suas desculpas. A irredutibilidade entra em problemas constantes

pelas suas falhas ao desdobrar seu pensado em categorias.

Qualquer teoria deve conseguir fazer a conversão de categorias

em funções e vice versa do contrario e uma idéia falsa. Se nega o

pensado também negasse a usá-lo como tal. Se tiro o pensado do

mundo faço isso por compreender ipso facto que o pensado e o

mundo são existências diferentes. E concomitantemente eu não

posso compreender mesmo que seja diferente, de outro modo eu

destruiria o ser. Mas é mesmo por que eu tenho o meu ser que

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compreendo que existe este local fora de mim onde existe o

mundo.

Sempre houveram as mais diversas teorias convergindo

entre si sobre a perspectiva do que fosse o pensamento. São as

mais importantes:

1)Os gnósticos—A melhor teoria até agora. Possuem determinado

conceito de dentro e fora, embora não saibam o significado de sua

idéia mística.

2)Os programadores—Acreditam que os pensamentos são

funções. Que o pensamento possa ser desdobrado no seu caráter

mecânico.

3)Os cientistas da mente—Os mais vulgares. Acreditam que o

pensamento é uma experiência subjetiva.

Defino os qualia como espaço interagindo com a matéria.

Mas quando digo isso não faço apenas por ênfase no que digo.

Esta experiência qualitativa esta sujeita a uma quarta dimensão, e

não a um relacionamento com as dimensões espaciais. Mas

devemos nos prevenir aqui, ela e tão material quanto qualquer

outra. Você poderia pega-la. Este espaço possui suas próprias

características de espaço, não sendo tridimensional, mas

unidimensional até onde podemos intuir com nossos sentidos, e

possui formas conforme a matéria mais ou menos se ajunte, como

disse não acontecendo pelo movimento dos átomos mas sim pela

coligação dos qualia no espaço, uma semelhança com a

gravidade, uma deformação no espaço. Agora suponhamos para

provar que é mesmo um espaço, o que poderia acontecer com este

espaço? Digamos que houvesse um cataclisma que afetasse esse

espaço, como um buraco negro que tragasse essa dimensão?

poderíamos pensar que isto destruiria todo espaço mas também

pensar que tudo continuaria bem. Mas imaginem ai que sem a

experiência de qualia, as pessoas interagiriam ainda, mas sem que

houvesse qualquer experiência real acontecendo, um universo

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funcional somente com a aparência de qualia, o leiteiro entregaria

o leite, sorriria alegre, mas sem espírito. Tudo isto e possível. O

mundo físico claro continuaria a existir, os qualia não podem

alterar isso. Devemos pensar com isso que exista uma enorme

sincronicidade nos qualia para que tudo siga devidamente dentro

de suas funções. Isto é que põe nosso mundo sobre eixos sólidos,

e quem sabe sobre um tropel tão complicado quanto o plano de

mundo daqueles geômetras. Um mundo que exige explicação.

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Notas sobre qualia

Meu objetivo com esta nota e esclarecer algumas das

circunstancias dos qualias. Que os materialistas, monistas etc não

precisam procurar uma nova teoria, ao contrario ela já estava

presente na humanidade desde a idade media. O que fazem e não

admitir.

A teoria dos qualia vista por um perspectiva subjetivistas

não passa da idéia de sujeito ―qualia‖ desprovida do seu

predicado ―mundo‖, mas se o sujeito não pertence ao mundo só

pode ser causa de si.

Disto presumirem que qualias são qualidades—na verdade

somente comprováveis segundo a exterioridade dos objetos, o

―cérebro‖, esquecem por exemplo, que ao pregarem o mundo

como uma qualidade, pregam que o mundo já e alguma coisa,

uma realidade telúrica. Eles então tem de comprovar como essa

realidade se opera.

Qualquer realidade pode existir desde que comprovada pela

externalidade; as qualidades de qualia não são comprováveis

externamente. Aqui entramos no problema pois não e isso mesmo

que pregam? Se eles não podem provar sua tese de que os qualia

são expressões de categorias externas eles não tem nada. Ao

contrario pregamos que os qualia são características interiores dos

objetos.

Os subjetivistas ao pregarem que os qualia são apenas

fatores subjetivos, na verdade não se livram dos problemas

enfrentados ao dizer que os qualia são ―reais‖. Em qualquer caso,

nos veriamos de novo tendo de ponderar o por que digamos um

objeto não teria um qualia também. Isso por que na verdade são

os problemas de acreditarmos numa realidade telúrica, o que é?

que a relidade concreta seja também uma qualidade.

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Este será o caminho que voces terão a seguir: ao definir os

qualias numa mesma ordem com o físico, se vêem no problema

de ter de defini-la. Isso so pode Ser feito apelando ao

materialismo dialético dogmático. O que podem fazer alem disso

e dizer que ela não é um ente. Mas fazendo isso caíram numa

contradição metodológica, terão de inserir um novo ente para

calar este ente. Contradizem a navalha de ockam.

Na verdade é um belo truque pregar que a realidade

qualitativa é a uma realidade concreta, separá-las e dizer que são

iguais — falta de caráter.

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O cristianismo com

sentido2

2 Inicialmente este foi um trabalho realizado para o curso de personalidade do curso de psicologia da faculdade ulbra torres, o trabalho tinha prazo de duas semanas e deveria consistir numa abordagem da personalidade de uma determinada figura histórica, eu escolhi Jesus, mas como tivemos de nos reunirmos em dupla tive de abandonar a idéia muito ousada e fazer outro trabalho, dessa vez escolhi Hellen keller. O trabalho deveria ser apresentado em sala de aula.

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Introdução

A historia do cristianismo e obscura remonta aos primeiros

tempos ainda depois da queda do segundo templo e não foi bem

sucedida em parte. Ela foi criada por adeptos suspeitos do culto

judaico, em geral pessoa de baicha condição como disse nietzsche

as camadas mais baichas e inferiores, da sociedade judaica e após

isso romana. Ainda assim o culto cristão conseguiu se erigir como

a religião prevalecente em todo mundo ocidental desbancando

antigos e forte cultos tradicionais de povos muito poderosos como

os romanos que foram todos convertidos. E incrível que este culto

tenha tido tanta penetração entre um povo escravista. Mas a

historia de jesus também e cercada de mistérios, alguns dizem que

e lenda mas outros afirmam que ele foi o maior homem que já

existiu. Essa trabalho tenta em parte elucidar algumas questões

referentes a personalidade de Jesus e desmontar outras

falsificações historicas e assim delinear qual seria o retrato do

cristo. Ele foi uma figura polemica, mataram-no com um lança e

colocaram numa cruz e depois de alguns dias o enterraram mas

então o acharam caminhando fora da tumba e em seguida relatam

as escrituras que subiu ao céu. Ele esta vivo ainda dizem alguns,

sua historia so acabara com o final dos tempos. Mas todos nos

que procuramos saber a verdade vamos em busca de índicos que

possam nos aproximar dos fatos reais, recentemente se achou uma

tumba com as inscrições do que seria um possível irmão gêmeo

de jesus o que coloca suspeitas sobre a identidade de jesus.

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As origens do cristianismo

O surgimento do cristianismo remonta aos episódios de

consolidação da tora. Depois de terem sido concluídos os textos

canônicos dessa obra, uma fraude em grande parte tanto em

historia quanto em sentidos. Da enorme divergência dos textos,

todos feitos de maneira improvisada uns querendo tapar os furos

dos outros, abrindo mais brechas ainda. Se deu motivo aos judeus

a uma interpretação diferente da consolidada pelos sacerdotes,

que era extremamente básica e pouco dada aos desvios. A causa

dessas muitas brechas se abriu caminho a diversas interpretações.

Apartir da interpretação da torá se abriu caminho para duas

vertentes do judaísmo;

—o humanismo

—o misticismo.

Na verdade as duas coisas podem ser a mesma, o

humanismo místico-judaico, baseado na interpretação da tora. Ele

tem sua base justamente na interpretação, de que deus faz mistério

no livro.

O segredo do espaço, das estrelas cintilando nos céus esta

escrito nas escrituras e nos devemos desvenda-lo.

O livro tem uma grande falha—o messias; que deixa em

aberto para toda sua reinterpretação futura.

Este livro ainda contem um enorme serie de fatos

extraordinários. A idade de ouro judaica, ou melhor os grandes da

época judaica. Toda historia judaica esta marcada pelo forte

humanismo. A bíblia como construção cristã desviada do

humanismo e recente, ela precisa introgetar nisso uma nova forma

de ideologia. O cristianismo paulino tem base no páelismo. Que

são a mistura de dois conceitos não interligados logicamente,

forçados a convergir, precisando por isso fazer uma apelação

psicológica. Mas cada vez mais reflexionados mais percebidos

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como antagônicos e desconectados. E que não acabam, levando o

individuo a psicose. O cristianismo e isso. Mas a bíblia judaica,

até mesmo naquelas passagens mais caras como a morte de Abel

por Caim estão inclinadas a uma fusão humanista.

Ainda a historia judaica apresenta um serie de personagens

humanizados.

Salomão—o sábio

Davi—o herói, o escolhido.

Sanção—o forte.

O forte surge em todas as epopéias da antiguidade. Ele é o

amigo do herói, o único digno de compartilhar o respeito daquele.

Ele será arjuna para os hindus, será Heitor para aquiles. O forte e

o único que rivaliza em poder com o herói e talvez até o

sobrepuje, note que os japoneses mostraram o forte sempre como

o irmão mais velho, ele não foi o ―escolhido‖ essa é a diferença.

Até mesmo para as tropas de Napoleão isto tem validade

com todos os generais sendo subservientes aos feitos de Napoleão

e compartilhando da gloria com ele.

Isto também será utilizado para a interpretação de João

batista como amigo de Jesus.

Naquele caudal que devia ser de interpretações sobre o que

devia ser a palavra de deus surgiram dois humanistas geniosos.

João batista e jesus.

Esse individuo vivia no deserto e se alimentava de mel e

gafanhotos. Ele não era um ermitão qualquer, sua figura faria

inveja a muitos estóicos, se vestia com a pele de um leão e

pregava a palavra de deus.

E interessante a maneira como Da Vinci retrata João batista,

segundo Kennet Clark o que davinci queria representar em João

batista era a revelação, o que vinha trazer a verdade, e preparava o

caminho.

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A imagem de João batista retratada por davinci e de um

humanismo libertador, um jovem belo e satírico. Diferente

daquele João batista mostrado como asceta julgando o rei Herodes

de adultero. Avaliemos essa passagem a mais emblemática da

fase de João, onde ele demonstra toda sua arrogancia diante de

um rei ofensivo.

Ele o acusa de adultério, ele faz isso sem se importar de

falar diante de um rei, não existem normas diante da palavra.

Qualquer cidadão mesmo naquela época teria um mínimo de

decência e compreendido a verdade. A de se entregar a dor de ter

uma lei repudiada pelos poderosos.

Quando João batista dizia isso, isso não vinha de dentro da

religião judaica ou da tradição, mas de fora da tradição. Da

verdade, em que apareciam como humanistas subordinando tudo.

Isso colocava João batista muito acima de Herodes e de toda

tradição, e permitia a João ser alguém alem do vulgar.

Aqui é a verdade quem esta falando, tudo o que farás é isto.

Nunca estes dois humanistas se subordinariam a tradição

judaica. Assim entendemos o que quis dizer Jesus, quando salvou

o cabrito, mas perguntado se viera para destruir a lei disse: em

verdade digo que nenhuma palavra passará. Mas que ele mesmo

não a cumpre.

A verdade de salvar um cabrito era maior que a palavra

escrita, embora a palavra escrita tivesse de ser respeitada por que

era a palavra daquele povo e de deus.

Mas eram palavras que só tinham valor enquanto

representavam o poder.

Agora falemos deste outro que será o maior gênio do

humanismo judaico—jesus. Como nos disse Nietzsche Jesus

pregava um filosofia muito parecida com a de lao-tsé. Para Jesus

não havia outra forma de interpretação da bíblia (da vida) que não

a interpretação pessoal, individual.

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Jesus consegue pregar o sermão da montanha e ainda fazer a

parábola do mau lavrador. Ele não só pede que façam a obra que

o senhor deixa-os a cargo como promete tornar a vida deles ainda

pior se não fizerem.

Do mesmo modo que lao-tsé diz que se deve utilizar o poder

pessoal para cortar peixes Jesus prega que a individuo deve

interpretar a realidade apartir de si. O mundo exterior não existe.

O que caracteriza os quatro evangelhos e o seu helenismo, o

antigo testamento se caracteriza por apresentar os milagres de

maneira fajuta, sob a forma de ameaça. Os milagres devem se

fazer criveis e os feitos devem se superar a si próprios. No entanto

nos evangelhos os milagres aparecem de maneira singela, e

realista. A fé aqui e renovada, nunca houve aqui duvida de que

havia milagre enquanto no antigo testamento já podemos ver

indícios de duvida acerca da fé.

Eu fico pensando as vezes nos antigos cristãos que podiam

olhar as escrituras e ficar tranqüilos, lendo uma passagem do

evangelho aquela em que o anjo desce numa fonte, ―havia um

anjo ali que descia numa fonte...‖ ele cita até mesmo os detalhes,

que o anjo descia. A água tremula. Toda figura de uma pureza e

ingenuidade estarrecedora.

Ali já esta a idéia de pecado. Paulo teria de ter inventado os

evangelhos para tira-los dali. Porem o evangelho não pode ser

considerada como uma obra que fora feita tendo todos os fatos em

mente. Jesus morre pelo pecado, mas o pecado ainda não foi

definido. Não em termos humanistas.

O evangelho apresenta o pecado como um termo

humanista—na verdade so pode Ser esta a origem do pecado, mas

logo transitória do humanismo. Um termo ilógico.

Para que o pecado permaneça, para que Jesus salve a

humanidade—com as suas conseqüências e não sem elas, o

pecado recebera uma carga de vigarice inimaginável.

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O paulismo surge então. O paulismo surge como o positivo

de todas a coisas negadas por Jesus. Enquanto Jesus não concebia

todas as coisas que ainda teriam de ser feitas em nome do pecado

Paulo concebeu um plano de arrumar tudo dentro de uma teoria

conveniente. O cristianismo não surgiria sem o pecado, mas o

pecado e um termo inconcluso dentro da filosofia de Jesus.

Os quatro evangelhos não estão para o pecado. Os quatro

evangelhos estão para o humanismo e para a verdade. Mas esta

verdade e uma verdade que não conhece falhas. Por que nunca

entrou em conflito de fé. Ela não conhece as trapaças. Não sabe

que a religião não e verdadeira, nunca na verdade houve um

conflito sobre o abandono de deus, Jesus não sabia o que era isso.

Embora tudo isso seja o que prega o cristianismo.

Na verdade a crença cristã acaba por ser a crença de

convictos, talvez daqueles mesmos que viviam nas catacumbas de

Roma para não serem mortos pelos romanos. E que talvez nunca

tenham saído da escuridão.

As cinco parábolas mestras do cristianismo

Existem cinco parábolas mestras que trazem uma instrução

precisa dos conhecimentos de Jesus e que podem inseri-lo dentro

do humanismo.

O primeiro mistério para compreender as parábolas de Jesus

tão confusas em sua interpretação e considera-las sempre dentro

da linha humanista que irei prescrever. De fato a leitura de Jesus

se torna tão simples quanto possível depois disso. Tirando as

palavras de Nietzsche segundo o qual Jesus era um simbolista eu

não vejo outra teoria tão pura quanto a minha.

O grande mistério se encontra nas parábolas em que Jesus

parece ambíguo quanto a validade da lei judaica. E nelas que

Jesus se prova humanista assim como joão batista.

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O que Jesus faz e sempre utilizar o humanismo como

primeira ferramenta. Atravez do humanismo, o individuo sempre

se vê como a frente, e dessa perspectiva de deixar pra traz as

ambiguidades das escrituras que deveríamos tomar as parábolas

de Jesus, pois a verdade e que ninguém pode se convencer que

Jesus não tenha dito de crueldades incríveis também.

( Mateus 5:1 -11) E Jesus, vendo a multidão, subiu a

um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os

seus discípulos; E, abrindo a sua boca, os ensinava,

dizendo:

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é

o reino dos céus;

Bem-aventurados os que choram, porque eles serão

consolados;

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a

terra;

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,

porque eles serão fartos;

Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles

alcançarão misericórdia;

Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles

verão a Deus;

Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão

chamados filhos de Deus;

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por

causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;

Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e

perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra

vós por minha causa.

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Ao mesmo tempo que Jesus faz o sermão da montanha a

prova absoluta do amor, algo que só um humanista conseguiria

fazer. E ainda considerando que o humanismo de Jesus era uma

nova forma de humanismo que considerava o individuo apartir de

tudo. ela pode estabelecer essas palavras de amor irrestritos e não

contraditório. O sermão da montanha não se relativiza. Mesmo

nas partes tristes ele se esquece do mau. Não existem elementos

negativos nele.

Mas logo também Jesus faz parábolas cruéis como a

parábola dos talentos

Mateus, 25: 14-30—―O Senhor age como um homem

que, tendo de fazer longa viagem, chamou seus servos

e lhes entregou seus bens. Depois de dar 5 talentos a

um, 2 a outro e 1 a outro, a cada um segundo a sua

capacidade, partiu logo. Então, o que recebeu 5

talentos negociou e ganhou outros 5. O que recebera 2

ganhou outros 2. Mas, o que recebera 1, cavou um

buraco na terra e aí o escondeu. Passado longo tempo,

o amo daqueles servos voltou, chamando-os às contas.

O que recebera 5 talentos lhe apresentou os outros 5,

dizendo: senhor, confiaste-me 5 talentos; aqui estão,

mais outros 5 que ganhei. Respondeu-lhe o amo: servo

bom e fiel; já que foste fiel com pouca coisa, confiar-

te-ei muitas outras; compartilha da alegria do teu

senhor. O que recebera 2 talentos, a seu turno lhe

disse: senhor, entregaste-me 2 talentos; aqui estão

mais 2 que ganhei. O amo lhe respondeu: bom e fiel

servo; já que foste fiel com pouca coisa, confiar-te-ei

muitas outras; compartilha da alegria do teu senhor.

Veio em seguida o que recebeu apenas 1 talento e

disse: senhor, sei que és severo, que ceifas onde não

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semeias e colhes onde nada espalhastes; temendo, fui

e escondi o teu talento na terra; aqui o tens: restituo o

que te pertence. O amo, porém, lhe respondeu:

servidor mau e preguiçoso; sabendo que ceifo onde

não semeio e que colho onde não espalho, devias pôr o

meu dinheiro nas mãos dos banqueiros, a fim de que

eu retirasse com juros o que me pertence. Tirem-lhe,

pois, o talento e o dêem ao que tem 10 talentos;

porque, a todo o que tem, dar-se-lhe-á mais e terá em

abundância; e ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que

parece que tem. E, quanto ao servo inútil, lançai-o nas

trevas exteriores: ali haverá choro e ranger de

dentes.”

Nesta parábola se prova que um senhor pode até mesmo

fazer mau ao seu súdito, jesus não promete restituição equivalente

mas o que profere e muito próximo da vingança. Porem essas

verdades não eram senão manifestações do seu humanismo.

Quando Jesus e perguntado por exemplo se era certo colher

espigas no sábado este diz que o homem e senhor do sábado.

Lucas 6:1-9—Certo sábado, enquanto Jesus passava

pelas lavouras de cereal, seus discípulos começaram a

colher e a debulhar espigas com as mãos, comendo os

grãos.

Alguns fariseus perguntaram: "Por que vocês estão

fazendo o que não é permitido no sábado? "

Jesus lhes respondeu: "Vocês nunca leram o que fez

Davi, quando ele e seus companheiros estavam com

fome?

Ele entrou na casa de Deus e, tomando os pães da

Presença, comeu o que apenas aos sacerdotes era

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permitido comer, e os deu também aos seus

companheiros".

E então lhes disse: "O Filho do homem é Senhor do

sábado".

Noutro sábado, ele entrou na sinagoga e começou a

ensinar; estava ali um homem cuja mão direita era

atrofiada.

Os fariseus e os mestres da lei estavam procurando um

motivo para acusar Jesus; por isso o observavam

atentamente, para ver se ele iria curá-lo no sábado.

Mas Jesus sabia o que eles estavam pensando e disse

ao homem da mão atrofiada: "Levante-se e venha para

o meio". Ele se levantou e foi.

Jesus lhes disse: "Eu lhes pergunto: o que é permitido

fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar a vida ou

destruí-la? "

Mateus 5:17-20—Não julgueis que vim abolir a Lei ou

os Profetas. Não vim para os abolir, mas sim para

levá-los à perfeição. Pois em verdade vos digo:

passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota,

um traço da lei 6 Aquele que violar um

destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar

assim aos homens, será declarado o menor no Reino

dos Céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar

será declarado grande no Reino dos Céus. Digo-vos,

pois, se vossa justiça não for maior que a

dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos

Céus.

Na mesma ocasião Jesus também confessa que não veio para

alterar nenhuma palavra da lei. Uma contradição irresolvivel.

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Somente com a leitura de Nietzsche podemos desvendar esse

mistério. O do Jesus simbolista

―ele não conhece a cultura nem de ouvir dizer, ele não

necessita de luta nenhuma contra ela—ele não a nega.‖

―falta a ideia de que uma verdade pudesse ser provada

atraves de razoes, as suas provas são luzes interiores,

sentimentos interiores de prazer e auto-afirmação –

apenas provas de força.‖ (Pag 60 nietzsche anticristo

LP&m poket)

São apenas provas de força para Jesus e nada tem validade

real. Nem mesmo sua palavra.

Isso corrobora com a idéia de João batista também acusar

Herodes de adultero. Essas parábolas tão cruéis são apenas

humanismos. No humanismo agimos como potencia.

João 8:1-11 Jesus, porém, foi para o monte das

Oliveiras. 2 Ao amanhecer ele apareceu novamente

no templo, onde todo o povo se reuniu ao seu redor, e

ele se assentou para ensiná-lo. 3 Os mestres da lei e

os fariseus trouxeram-lhe uma mulher surpreendida

em adultério. Fizeram-na ficar em pé diante de todos

4 e disseram a Jesus: "Mestre, esta mulher foi

surpreendida em ato de adultério. 5 Na Lei, Moisés

nos ordena apedrejar tais mulheres. E o senhor, que

diz? " 6 Eles estavam usando essa pergunta como

armadilha, a fim de terem uma base para acusá-lo.

Mas Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão

com o dedo. 7 Visto que continuavam a interrogá-lo,

ele se levantou e lhes disse: "Se algum de vocês estiver

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sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela". 8

Inclinou-se novamente e continuou escrevendo no

chão. 9 Os que o ouviram foram saindo, um de cada

vez, começando com os mais velhos. Jesus ficou só,

com a mulher em pé diante dele. 10 Então Jesus pôs-

se de pé e perguntou-lhe: "Mulher, onde estão eles?

Ninguém a condenou? " 11 "Ninguém, Senhor", disse

ela. Declarou Jesus: "Eu também não a condeno.

Agora vá e abandone sua vida de pecado".

Outra parábola mestra será o perdão da mulher adultera. E

outra prova de como Jesus destrói a lei judaica. De fato levaram

aquela mulher para que Jesus a julgasse porem o que ela fazia era

pecado. Em qualquer mente, o fato de ser meretriz queria dizer

pecado, isso era um lei pétrea. O pecado era absoluto tanto quanto

a lei. E fazendo qualquer violação Jesus se colocava contra a lei.

Ocorre então que enquanto Jesus reflete sobre a situação Jesus se

ajoelha e começa a desenhar no chão. O que significa? Que

enquanto fosse um violador da lei não teria qualquer força.

Mesmo que Jesus se insurgisse digamos pronunciado-se contra a

lei ela o vulgarizaria e o submeteria. Ele ter dito que os pecadores

podiam atirar a pedra não seria suficiente. Embora Nietzsche diga

que isto tornava Jesus grande.

Quando Jesus escreve no chão ele procura uma forma de

violar a lei para se insurgir. Ele encontra nisso o personalismo. O

eu te perdo-o. essa foi a forma de Jesus sobrepujar a lei judaica e

alcançar a meretriz. Ele faz isso como menino. Ele era um menino

escrevendo no chão.

(Marcos 4:21-25) “Continuou: Porventura vem a

candeia para se pôr debaixo do módio ou debaixo da

cama? não é antes para se colocar no velador? Pois

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nada está oculto, senão para ser manifesto; e nada foi

escondido, senão para ser divulgado. Se alguém tem

ouvidos para ouvir, ouça. Também lhes disse: Atendei

ao que ouvis. A medida de que usais, dessa usarão

convosco; e ainda se vos acrescentará. Pois ao que

tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem, até aquilo que

tem, ser-lhe-á tirado.”

A ultima parábola que fecha o nosso discurso do

cristianismo como humanismo e a parábola da candeia. Essa

parábola é curiosa por que Jesus se compara a uma coisa. ela

sempre me chamou atenção pela sua carga imagética. Imagine se

comparar a um candeeiro. E logo após isso Jesus promete o

consolador. Podemos ver a idéia do candeeiro como rocha. Como

a força do humanismo. De se manter sempre em frente. A

parábola do consolador também reflete isso, não posso deixar de

constar que existe nela um elemento de ruptura, todas as culturas

também prometem messias e retornos. Mas como obra humanista

o consolador significa apenas se manter na linha, continuar.

O Jesus simbolista de niethzsche

Segundo nietzsche o clero judaico deturpou o passado de

israel, para fazer caber nele a religião (nietzche pag48 anticristo

lpm&poket)

Jesus era segundo nietzsche um simbolista—um ser que

flutuava em simbolos e impalpabilidades.

O evangelho traz um embrutecimento de um jesus frágil

A boa nova é que não a oposições,

A fé não é conquistada com lutas—esta ai, esta desde o

principio.—uma fé dessas não se encoleriza, não disputa, não se

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defende; ela não traz a espada—ela nem faz ideia em que medida

alguma vez poderia provocar dissensões. Ela não da provas de si,

nem por milagre, nem por recompensa ou promessa. Ela propria e

a cada instante o seu milagre sua recompensa, sua prova, seu

reino de deus.

Essa fe não formula a si mesma—ela vive, ela se opõe a

formulas.

O fato de que nenhuma palavra seja tomada ao pe da letra é

pre condiçao para que esse antirrealista chegue a dizer algo.

Jesus é um espirito livre—nada que e solido lhe importa; a

palavra mata, tudo que e solido mata

Ele resiste a toda palavra dogma, lei, fe. Ele fala apenas do

que e interior –vida, luz, verdade; todo o resto da realidade tem

para ele apenas o valor de um símbolo, de uma parábola.

O idiota—semelhante simbolismo se encontra fora de toda

religião, de todo conceito de culto, toda historia, toda ciência

natural, toda experiencia de mundo , todos os conhecimentos,

toda política, toda psicologia, todos os livros, toda arte—o seu

saber e justamente a pura tolice.(pag 60 nietzsche, anticristo

l&pm poket)

Ele não conhece a cultura nem de ouvir dizer, ele não

necessita de luta nenhuma contra ela—ele não a nega.

Falta a idea de que uma verdade pudesse ser provada atraves

de razoes, as suas provas são luzes interiores, sentimentos

interiores de prazer e auto afirmação –apenas provas de força.

A conseqüência disso e uma nova pratica, o cristão age ele

se distingue por agir de outro modo. Ele nao opõe resistência,

nem com palavras nem em seu coração, a quem lhe quer mau.—

tudo no fundo uma so norma , conseqüência de um só instinto.

O que são os evangelicos

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O surgimento dos cultos evangélicos, se classifica como

fenômeno de massa recente, e tem seu apogeu no inicio do século

xxi com a criação de diversas igrejas. Inicialmente de origem

protestante os cultos evangélicos brasileiros se distinguiram dos

demais cultos por terem ligações mais sutis com a população de

baicha renda. Pregando o evangelho da prosperidade angariaram

para si enorme numero de seguidores.

Os mais conhecidos destes cultos são a igreja universal e a

assembleia de deus do bispo Edir Macedo. Todos estes cultos tem

uma forma de atuar diferente tendo forte teor carismático. Meu

objetivo não e dizer o que cada um é, mas sim delinear só

contornos que tornam possível um culto desses na modernidade.

É um engano pensarmos que eles surgiram de uma vontade

eucarística espontânea, ao contrario eles surgiu de um esforço

moderno por reaver a religião. O culto católico já e bem

conhecido foi atravez de seus contornos e sincretismo que ele

pode se instaurar e criar um reino, que tem durado dois mil anos.

E preciso ver as bases em que esta assentado o cristianismo ai, na

base das imagens de culto representando os santos e no paulismo.

Atraves da arte o cristianismo pode propagar sua doutrina e

assim se fazer conhecer em seus mistérios. Isso tem um enorme

papel, pois essa figura sincrética crista será degradada com o

protestantismo.

Já dizia niethzsche que Lutero representava a imagem

depravada do sacerdote incapaz de realizar o culto de abandono

da carne. Um Ser cheio de prazeres sexuais, incontrolável,

vagabundo e ordinário.

Ele não seria alguém realizado, mas alguem que pela força

tenta reaver seus sentidos. suas obras não passam de tentativas de

unir o profano a fé—a razão. Um individuo sujo como esse não

consegue realizar isso.

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Os cultos protestantes então surgem como uma depravação,

eles significam já o primeiro abandono da fé. Quando a fé não

pode se deixar representar através da arte ela degenera. Os cultos

protestantes significando já o primeiro confronto com a ciência

representam essa perda também do cosmos da fé. Os religiosos já

não conseguem mais representar o mundo. Sua visão mistica, seja

dos milagres, ou da interferência de deus esta sendo costeada por

um valor oculto. Isso causa um sofrimento exorbitante.

Na verdade e bem merecido que esses indivíduos passem

por isso. Por vulgares que são. Esse valor oculto do mundo e na

verdade a ciência ou um mau que nega toda fé. Eles já são ateus e

não sabem disso.

Diante disso a única proteção dos cultos foi sempre sua

arte, a maneira como ela representa os mistérios. Na verdade e por

que os cristãos tem um religião fortemente embasada no sagrado e

isso se prontifica representando-se externamente que eles

conseguem seguir em diante com a fé.

Apartir de Lutero temos uma repressão de toda carga

artística da fé, que passa a ser racional.

E nisso que devemos representar os cultos evangélicos,

como nenhum culto evangélico pode se fixar na sua forma,

tradição, culto, etc. o que leva ao cristianismo. O evangelismo só

pode cair numa afirmação de força.

Aqueles pastores não são escolhidos a toa, eles são

ignorantes propositalmente, eles devem ser sujos, bandidos,

corruptos, por que assim impedira de toda forma adquirir fixidez.

O culto evangélico não e só pior que o islã, o islã pode criar

sua cultura, um culto evangélico não descansará quando não

destruir toda forma viva, e a própria forma do evangelho.

Na verdade os cultos evangélicos estão em constante

pressão contra o evangelho. O fato deles deturparem o evangelho

e uma afirmação dessa força. E uma curiosidade que os cultos

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protestantes tenham caído no culto da razão e na liberdade de

expressão. Essa sua forma nasceu sob pressão do catolicismo e

dos reis, mas sob si mesmo impera a pressão dessa força que

dissolve toda razão num culto carismático.

Essa incapacidade de os cultos evangélicos darem fixidez a

suas representações descamba para fora da bíblia, como não

podem intepreta-la. Isso já esta esvaziado, seja pela ciência seja

pelos outros cultos ou pela escolha do culto de tomar a idéia de

força como única medida, eles tem dificuldades para se

representar, e passam a querer fazer isso afastados do evangelho.

E uma tentativa de criar uma nova religião e um novo culto

as diversas doutrinas e superstições que envolvem os cultos. Por

exemplo a vela de sete dias, onde os participantes se reúnem para

obter uma benção em troca de uma vela acesa. O culto do paletó

preto, onde o pastor passa pelos participantes e eles caem quando

passa. Toda essas tentativas tem base em criar um culto novo,

forças mágicas novas. Essas forças mágicas novas seriam

baseadas na restituição. O que é contrario a todo culto cristão. E

na verdade a todo forma de religião embasada na individualidade

prima e não no valor de troca.

Na verdade esses indivíduos são o rebotalho da sociedade,

os mais vulgares, maus, demoníacos, perversos. Esses individuos

são fascinados por essa forma cruel de capitalismo, eles buscam

ter lucro, e a individualidade destes diz respeito somente ao que

lhes esta mais próximo.

Na verdade essa teoria da prosperidade já oculta maioria

dos ensinamentos do evangelho, pregando uma nova religião que

pode tirar todo seu valor destas novas superstições, a vela, o

paletó, etc e seguindo disso atraves de sua força mágica baseada

na restituição. A base de todo milagre e não esperar resposta de

deus, ao contrario o servo evangelico espera obter favores de

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deus. Imaginar que deus conceda favores e um sacrilégio para a

maioria das religiões e não diferente no cristianismo.

Essa forma dos cultos evangélicos representarem essas

formas mágicas e toda particular, eles tentam vez que outra

através de um culto na verdade inserir uma forma ritual

especifica. Essa forma e mágica, supersticiosa. Eles tem crenças

que deslizam para outros cultos como macumbas etc. ainda crêem

em bruxarias.

Essas bruxarias aparecem como produtos de satanás. O

problema e que se satanás age sobre formas menos obscuras, isso

deixa em aberto que satanás pode utilizar-se de formas agradáveis

e logo então isso e motivo para desdizer todas as formas. Logo

mais força. A desculpa de satanás e desculpa para se privar de

qualquer avaliação da questão para gerar mais força.

Os cultos evangélicos tem base num realismo que flerta

com a naturalismo, eles convergem e se mutilam. É grosseiro.

Isso e a única palavra encontrada para dizer disso, esse tipo de

visão vil somente surge da parte mais baicha e brutal da

sociedade. Isso na verdade tem sua razão na modernidade no

confronto civilizacional que tem sido esse transcorrer de ciência e

cultura.

Ela não surgiu de um ambiente inospito, mas do caos da

cidade, não existe serenidade nestes cultos. Tudo aqui rejeita a

forma, ela se sente acusada. Eles são homens—sem mente, no

melhor dos termos. Quando o homem na incapacidade de se

pautar em qualquer base na sociedade recorre a demência. Eles

desligam todos os valores de sua condição real. Por isso gritam

nos cultos senhor! Gloria!

Todos os valores evangélicos se movem num Caldo

cerebral—aquele tipo de afetação nervosa que sentimos quando

estamos gripados, e vem aquele cheiro de cérebro até as narinas.

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Tudo isso é essa força que não e de transformação mas de força

cerebral, obsessiva. Roubando as energias do individuo.

Os cultos e claro são estes homens pedindo esta energia,

esta força. No templo do seu Toninho disseram que os exus

comandam os cultos evangélicos.

É bem verdade que seja isto, a base da crença nestes capetas

e que eles tomem a energia acediando os indivíduos. Eles se

agarram a pessoa e ficam sobre ela tomando sua energia, com isso

a obcecando. E o que eles sabem fazer. É na verdade sua filosofia,

se comprazem fazendo esse mau.

Jesus como psicólogo

Jesus era um grande entendedor das verdades interiores do

homem, embora não fosse culto conseguia penetrar e as vezes

revelar os sentimentos ocultos das pessoas, até enchergar a

mancha que cada um carrega no seu coração. Isso e um grande

feito e para quem consegue realiza-lo deve se admitir talento.

Porem não poucos foram os que fraudaram as palavras de

jesus ao longo da historia, Jesus se evidencia como um grande

realizador de transferências, fazendo as pessoas acreditarem nele,

e assim descobrindo que poderiam ser melhores. Infelizmente

seus ensinamentos por confusos que eram só puderam ser

deturpados. Temos a maior prova de seus conhecimentos quando

profere o sermão da montanha. Ali consegue o prodígio de

instruir uma lei justa para o povo que se distinguia de todas as

demais. Naquela época ainda valia a lei de talião e por séculos

ainda continuara as escravidão porem foi o cristianismo que

conseguiu mais do que qualquer outro adentrar esse seio oculto do

homem donde surgiu o conceito de igualdade. Isto e tão caro a

nos.

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A personalidade de Jesus se evidencia por um singeleza sem

tamanho mas também uma ferocidade incrível, podemos dizer que

existiam elementos contraditorios nele. E também pela

falsificação histórica também reconhece Nietzsche e difícil

prognosticar-lhe um perfil real e humanizado. Geralmente

tendemos a cair na divinização e mesmo os ateus tendem a ver

figuras religiosas como santos ainda que de pau oco. Isto e figuras

que se entregam a rituais mortificações e etc. mas podemos dizer

que Jesus não fazia nada disso, na verdade deveria Ser um figura

bem humana e quem sabe até mesmo favorável ao amor livre.

E provável que tivesse também muito amor por sua mãe, e

também sofresse ao longo da vida pela perda do pai real, e não o

imaginário. Deve ter sido difícil para Jesus não ter um pai

humano se e verdade que desde pequeno era instruído por Maria

de que era filho de deus. Isso pode gerar um complexo de

insifuciencia de cuidado paterno que ate mesmo poderia justificar

a apresentação anterior que fizemos dele. Por exemplo dizendo

que isto não passava de um compensação ou escape desta falta de

amor. Podemos dizer que tinha um ego bem constituído afinal foi

capaz de se levantar em rebelião contra as leis de um povo inteiro.

Embora tenha pagado com a vida por isso. Até o final se manteve

firme e na cruz confirmou sua promessa, a quem quer que queira.

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Conclusão

Este trabalho procurou mostrar uma face de jesus

negligenciada por muitos, em geral tudo hoje cheira a uma

religiosidade morbida e petrificada, procurei evidencia que a

filosofia de Jesus era pulsante e cheia de vida. Ele se distinguia

por Ser um tipo unico no mundo honesto e cheio de amor para

com o proximo tendo tido uma morte que não lhe foi merecida.

Toda humanidade em geral rejubila-se com a paixão de cristo,

mas como disse nietzsche:―o único cristão morrera na cruz‖. Pois

o que foi instaurado em seu lugar foi sua idolatria e seu culto.

jesus nunca buscou Ser visto como deus isso e um indicio de

egolatria do qual Jesus não sofria. Se era mesmo o filho de deus

não a quem possa provar, talvez ele mesmo se houver o outro

mundo. a face do cristianismo desde então se embotou e foi

perdida por sua falsificação historica o paulismo. Os preceitos de

jesus no entanto se lidos com cuidado apontam sempre para esta

mesma verdade e por isso as obras cristas sempre serão uma

pólvora que nunca apagara. Os sentimentos de jesus para com a

humanidade eram os melhores possíveis isto esta longe de

cogitação se sua aplicabilidade era a melhor para ser utilizada

pelas pessoas a discução aberta teria de dizer algo mais. A

personalidade de Jesus era cativante. Sua sutileza se expressando

atravez de parábolas para que fosse melhor compreendido se

fazendo não entender para guardar seus ensinamentos do vulgo

tudo isto ele pensou. Queria de fato que fosse entendido somente

pelos verdadeiros filhos do deus.