o golpe de 1930

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História do Brasil - Fernando 05.09.08 O Golpe de 1930 O décimo primeiro presidente do Brasil, Washington Luís, governou de 1926 até sua deposição em 1930. No início de seu mandato, WL expulsa a coluna Prestes e segura novo financiamento com os Estados Unidos para apostar na safra de '31 do café que seria comprado em grande parte pelos Estados Unidos. Mas em 1929 aconteceu a crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque e o grande investimento no café fracassou já que não haviam compradores para a produção. 1930 foi um ano de eleições presidenciais. Paulistas, prevendo os maus tempos para o café, decidem quebrar a oligarquia café com leite e nomearam Júlio Prestes do PRP para o cargo. Minas Gerais se aliou, então, ao Rio Grande do Sul que lançou a candidatura de Getúlio Vargas. Para aumentar a base de apoio, Vargas escolhe João Pessoa como seu vice. Essa pequena aliança lutou para adquirir mais apoio. Uma parte dissidente do PRP constituído pela classe média paulista e por donos de indústrias iniciaram o Partido Democrático que apoiou Vargas. Além disso, oligarquias dissidentes de vários estados que foram excluídas pela política dos governadores também se tornaram aliadas formando a Aliança Liberal. As eleições foram marcadas pela corrupção pelos dois lados. No final, Júlio Prestes e o PRP são vitoriosos. Vargas e Pessoa admitem a derrota, mas vários acasos mudam o que sucedeu. Antes mesmo de assumir o poder com Prestes, o PRP iniciou uma onda de perseguições políticas aos membros e apoiadores da Aliança Liberal. Em um episódio separado, João Pessoa é assassinado em Recife. Vargas utilizou o ocorrido e o contexto tenso do país para se encontrar com os tenentes do movimento tenentistas que foram forçados a deixar território nacional. A grande maioria alia- se a Vargas e em 3 de outubro iniciam uma marcha para o Rio de Janeiro para impedir a posse do presidente eleito. A coluna enfrentou pequenos conflitos no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. Ao chegar em São Paulo, recebeu notícia de que Washington Luís tinha sido derrubado por uma junta militar. Vargas passa então por São Paulo sem nenhum conflito, já que os defensores de Washington Luís não tinham nenhuma reação de lealdade com a junta que o removeu do poder. Vargas assume, então, a presidência iniciando a República Nova, que durou de 1930 até 1964. Os primeiros quinze anos da República Nova podem ser chamados de Era Vargas e foram marcados pelo populismo, trabalhismo, nacionalismo e centralismo do governo. A filosofia do governo era dispersada através do rádio e logo Vargas semeou enorme apoio. Os primeiros quatro anos da Era Vargas foram em estado de Governo Provisório. Durante esse período, GV tratou de forjar várias alianças para colocar em prática suas reformas para o país. Os tenentes que ajudaram-no a tomar posse foram premiados com cargos de interventores do Estado, substituindo os governadores e prefeitos do antigo regime. Vargas também conseguiu o apoio da Burguesia Industrial. Em 1930 inicia-se a industrialização definitiva do Brasil com a substituição de importações. Dessa vez, o capital utilizado para a infraestrutura veio de recursos públicos e o governo implantou medidas protecionistas para apoiar o crescimento das fábricas de bens de consumo que floresciam. A classe média finalmente conseguiu a reforma que tanto almejava. Vargas implementou o primeiro Código Legislativo do país em 1932. Esse código permitiu o voto feminino e tornou o voto compulsório para todos. Além disso, o voto se tornou secreto. Verdadeiro à sua denominação de populista, Vargas lançou com a Carta de 31 o início das leis trabalhistas no país. Ele criou o Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio que regulou o trabalho infantil, implantou a licensa maternidade, diminuiu a carga horária para 8 horas por dia e garantiu férias remuneradas para todos os trabalhadores das cidades. Com isso, Vargas ficou conhecido como o pai dos pobres. O outro lado da moeda das leis implementadas foi a proibição das greves e a atrelação dos sindicatos trabalhistas ao Estado por meio de pelegos. Essas medidas renderam ao presidente outro apelido: Mãe dos ricos. A inspiração das medidas vieram do fascismo de Mussolini e suas Cartas de Lavoro. A implementação das leis e a prática de

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Page 1: O Golpe de 1930

História do Brasil - Fernando05.09.08

O Golpe de 1930

O décimo primeiro presidente do Brasil, Washington Luís, governou de 1926 até sua deposição em 1930. No início de seu mandato, WL expulsa a coluna Prestes e segura novo financiamento com os Estados Unidos para apostar na safra de '31 do café que seria comprado em grande parte pelos Estados Unidos.

Mas em 1929 aconteceu a crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque e o grande investimento no café fracassou já que não haviam compradores para a produção.

1930 foi um ano de eleições presidenciais. Paulistas, prevendo os maus tempos para o café, decidem quebrar a oligarquia café com leite e nomearam Júlio Prestes do PRP para o cargo. Minas Gerais se aliou, então, ao Rio Grande do Sul que lançou a candidatura de Getúlio Vargas. Para aumentar a base de apoio, Vargas escolhe João Pessoa como seu vice.

Essa pequena aliança lutou para adquirir mais apoio. Uma parte dissidente do PRP constituído pela classe média paulista e por donos de indústrias iniciaram o Partido Democrático que apoiou Vargas. Além disso, oligarquias dissidentes de vários estados que foram excluídas pela política dos governadores também se tornaram aliadas formando a Aliança Liberal.

As eleições foram marcadas pela corrupção pelos dois lados. No final, Júlio Prestes e o PRP são vitoriosos. Vargas e Pessoa admitem a derrota, mas vários acasos mudam o que sucedeu. Antes mesmo de assumir o poder com Prestes, o PRP iniciou uma onda de perseguições políticas aos membros e apoiadores da Aliança Liberal. Em um episódio separado, João Pessoa é assassinado em Recife.

Vargas utilizou o ocorrido e o contexto tenso do país para se encontrar com os tenentes do movimento tenentistas que foram forçados a deixar território nacional. A grande maioria alia-se a Vargas e em 3 de outubro iniciam uma marcha para o Rio de Janeiro para impedir a posse do presidente eleito.

A coluna enfrentou pequenos conflitos no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. Ao chegar em São Paulo, recebeu notícia de que Washington Luís tinha sido derrubado por uma junta militar. Vargas passa então por São Paulo sem nenhum conflito, já que os defensores de

Washington Luís não tinham nenhuma reação de lealdade com a junta que o removeu do poder. Vargas assume, então, a presidência iniciando a República Nova, que durou de 1930 até 1964.

Os primeiros quinze anos da República Nova podem ser chamados de Era Vargas e foram marcados pelo populismo, trabalhismo, nacionalismo e centralismo do governo. A filosofia do governo era dispersada através do rádio e logo Vargas semeou enorme apoio.

Os primeiros quatro anos da Era Vargas foram em estado de Governo Provisório. Durante esse período, GV tratou de forjar várias alianças para colocar em prática suas reformas para o país. Os tenentes que ajudaram-no a tomar posse foram premiados com cargos de interventores do Estado, substituindo os governadores e prefeitos do antigo regime.

Vargas também conseguiu o apoio da Burguesia Industrial. Em 1930 inicia-se a industrialização definitiva do Brasil com a substituição de importações. Dessa vez, o capital utilizado para a infraestrutura veio de recursos públicos e o governo implantou medidas protecionistas para apoiar o crescimento das fábricas de bens de consumo que floresciam.

A classe média finalmente conseguiu a reforma que tanto almejava. Vargas implementou o primeiro Código Legislativo do país em 1932. Esse código permitiu o voto feminino e tornou o voto compulsório para todos. Além disso, o voto se tornou secreto.

Verdadeiro à sua denominação de populista, Vargas lançou com a Carta de 31 o início das leis trabalhistas no país. Ele criou o Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio que regulou o trabalho infantil, implantou a licensa maternidade, diminuiu a carga horária para 8 horas por dia e garantiu férias remuneradas para todos os trabalhadores das cidades. Com isso, Vargas ficou conhecido como o pai dos pobres.

O outro lado da moeda das leis implementadas foi a proibição das greves e a atrelação dos sindicatos trabalhistas ao Estado por meio de pelegos. Essas medidas renderam ao presidente outro apelido: Mãe dos ricos.

A inspiração das medidas vieram do fascismo de Mussolini e suas Cartas de Lavoro. A implementação das leis e a prática de

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O Golpe de 1930

corporativismo através dos sindicatos enfraqueceu os setores de esquerda, principalmente o PCB.

Getúlio visou o apoio também das elites cafeeiras. Para isso, instalou o Conselho Nacional do Café em 1931, que compraria e queimaria os excedentes da produção. Além disso, haveria um controle da produção e um equilíbrio da oferta e procura. Essa foi uma medida extremamente intervencionista, mas que precedeu o modelo Keynesiano que sucedeu o Liberalismo de Adam Smith.

Os cafeeicultores, no entanto, não se contentaram com as medidas e queriam destronar Vargas. O pretexto foi o desaparecimento de uma constituição durante os primeiros anos da Era Vargas. Conflito só eclodiu em São Paulo com a Revolução Constitucionalista de '32.