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0 INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O GESTOR como ofensor nas (os) finanças/resultados das organizações Autor: LEANDRO SILVA DO REGO Professora Orientadora: Ana Claudia Morrissy Rio de janeiro, Julho/2010

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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O GESTOR como ofensor nas (os) finanças/resultados das organizações

Autor: LEANDRO SILVA DO REGO

Professora Orientadora: Ana Claudia Morrissy

Rio de janeiro, Julho/2010

1

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O GESTOR como ofensor nas (os) finanças/resultados das organizações

Trabalho apresentado ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para a obtenção do certificado de conclusão do curso de Finanças e Gestão Corporativa

Autor: LEANDRO SILVA DO REGO

Rio de janeiro, Julho/2010

2

RESUMO

O Poder nas organizações pode ser entendido como um veículo de

resolução de conflitos ou de acentuação dos mesmos. Ele influencia a forma de

trabalhar das pessoas, também o Clima Organizacional, conseqüentemente o

seu resultado financeiro. Contudo, apesar de extensamente tratados na

literatura Administrativa, os temas Liderança e Poder carecem de estudos

empíricos. Este trabalho se propõe a discutir a relação observada entre

Liderança e relações de poder dentro de uma organização. Inicialmente, é feita

uma discussão conceitual sobre estes temas. Em seguida, é discutida a

diferença entre chefia e liderança, estilos de liderança e o poder.

3

METODOLOGIA

Este trabalho trata de uma pesquisa reproduzida em função de

experiências e fundamentação teórica utilizado por diversos livros. Pode ser

utilizada para o aprimoramento de relacionamento entre gestor e sua equipe,

permitindo um melhor desempenho de ambos e quem ganha com isso e a

instituição a empresa quais ambos representam. Deve ser lido e analisado de

como atitudes aparentemente simples podem se tornar em uma grande “bola

de neve” e causar prejuízos incalculáveis tanto do lado financeiro, quanto

pessoal (emocional)

4

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO _________________________________________________ 5

1. ASDIMENSÕES DA LIDENÇA: ASPECTOS A CONSIDERAR _______ 6

2. CHEFIA E LIDERANÇA: UMA QUESTÃO POLÊMICA _____________ 8

2.1. CHEFIA __________________________________________________ 9 2.2. LIDERANÇA _______________________________________________ 9 2.3. HABILIDADES DO LÍDER ______________________________________ 11 2.4. EQUIPES AUTOGERENCIADAS _________________________________ 12

3. ESTILOS DE LIDERANÇA ___________________________________ 15

3.1. LIDERANÇA AUTOCRÁTICA____________________________________ 15 3.1.1. O líder Autocrático ____________________________________ 16

3.2. LIDERANÇA DEMOCRÁTICA ___________________________________ 17 3.2.1. O líder Democrático ___________________________________ 18

3.3. LIDERANÇA LIBERAL ________________________________________ 19 3.4. LÍDER EMERGENTE _________________________________________ 19 3.5. LÍDER SITUACIONAL ________________________________________ 20

4. PODER __________________________________________________ 23

4.1. LIDERANÇA E PODER _______________________________________ 24 4.2. PODER E AUTORIDADE ______________________________________ 25 4.3. TIPOS DE PODER __________________________________________ 26 4.4. A NECESSIDADE DE PODER PARA O DESEMPENHO GERENCIAL _________ 28

5. CONCLUSÃO _____________________________________________ 31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________ 33

5

INTRODUÇÃO

O papel do líder e seu estilo de liderança são fundamentais para

desenvolver e influenciar o Clima Organizacional. Contribui para a motivação

da equipe, para o comprometimento dos funcionários, para a confiança na

empresa, a segurança o sentimento de valorização do funcionário conquistado

através de respeito e credibilidade e naturalmente nos resultados financeiros.

As lideranças de uma empresa, quando conscientes de seu papel perante o

Clima Organizacional e a motivação de seus subordinados, estão envolvidas

diretamente não apenas com a qualidade de seus produtos e serviços, mas

também com a qualidade do Relacionamento, Comunicação e Trabalho

Integrado de seus funcionários. As Organizações, entretanto, utilizam um

conjunto de normas nem sempre eficazes. Muitas formas de Poder

empregadas pelas chefias e lideranças visam apenas o controle de seu meio e

a disciplina das atitudes de seus agentes. A forma de deliberar Poder, confiar

responsabilidades, definir obrigações e ceder vantagens torna tão tenso o

Clima da organizacão que impede qualquer mudança ou melhoria. O Poder,

portanto, é o veículo de resolução dos conflitos ou de acentuação dos mesmos.

Ele influencia a forma de trabalhar das pessoas, quem consegue o quê e

quando, tornando o ambiente de trabalho aversivo, competitivo, amistoso ou

prazeroso.

6

1. ASDIMENSÕES DA LIDENÇA: ASPECTOS A CONSIDERAR

Segundo Gramsci "Todos os homens são intelectuais, mas nem todos os

homens desempenham na sociedade o papel de intelectuais".

Há quem afirme que os primeiros estudos sobre liderança surgiram em

1904, mas na realidade os estudos mais sérios, com fundamentação científica

neste campo, datam da década de 1920 a 1930, quando se iniciaram as

célebres observações nas fábricas de Hawthorne da Western Electric, no

Estados Unidos.

Depois do modelo antigo de administração – originário da Revolução

Industrial, em que haviam autoridades e subordinados – a valorização do

trabalho em equipe tem tomado conta das relações trabalhistas. As empresas

já perceberam que precisam de liderança, de pessoas que saibam dosar

persuasão e alianças, em diferentes posições e setores.

A liderança é um aspecto da administração. É um mecanismo capaz de

harmonizar as necessidades dos indivíduos com as exigências da organização.

É um processo abrangente que ocorre praticamente em todos os segmentos da

sociedade: na família, na escola, na empresa enfim, em todas as integrações

sociais. Ela se manifesta sempre que uma pessoa procura, de qualquer

maneira, influenciar o comportamento de outra, ou de um grupo, com vistas a

alcançar objetivos.

Isso significa que companhias que prezam políticas nas quais o erro é

perdoável, que haja oportunidades de crescimento e não críticas aos pontos

fracos, são aquelas que possuem o maior número de líderes.

Embora existam muitos conceitos e definições, observamos que a

liderança:

7

a) é caracterizada pela atitude integrada e dirigida para um objetivo

comum ao líder e ao grupo;

b) depende da aceitação integral do líder pelo grupo, de modo a se

conseguir uma integração do esforço e;

c) se processa dentro de um ambiente condicionado por forças sociais,

formais e informais.

Isso nos leva a crer que em princípio a liderança não é outra coisa se não

a função exercida pelo líder. O líder lidera por se destacar e influenciar um

grupo. Portanto, a proeminência e a influência são duas condições essenciais à

caracterização do líder. Podemos, assim, dizer que liderar é conduzir uma

pessoa ou grupo a agir de determinada maneira em uma determinada situação.

Conseqüentemente, diante destas análises, deduzimos que se pode

aprender a liderar e que, para liderar não bastam, apenas, as qualidades do

líder, é necessário haver uma situação onde, o clima social e os objetivos

passam a ser fatores preponderantes.

8

2. CHEFIA E LIDERANÇA: UMA QUESTÃO POLÊMICA

Ao nascer, a função de chefia foi denominada de capatazia, ou seja, o

ascendente do líder foi chamado de capataz. Depois passou a ser chefe.

Usamos ainda várias expressões como: supervisor, inspetor gerente etc.

Embora isto aconteça, percebemos que estas expressões, aos poucos, estão

sendo esquecidas, para dar lugar a liderança. Isto é, desaparece o chefe,

nasce o líder.

Por este motivo muitos ainda confundem, chefia e liderança como

sinônimos. Na verdade, surgem muitas contradições quando se tenta

conceituar esses dois termos. Porém, o certo é que, nem todo chefe é líder.

Poderá sê-lo, desde que haja no sentido de obter participação, envolvimento e

adesão do grupo, no alcance dos objetivos. Para facilitar uma melhor

compreensão deste estudo vamos distinguir os termos: chefiar e liderar.

Chefiar "é simplesmente, fazer um grupo funcionar para que sejam atingidos

determinados objetivos. Enquanto, que o liderar, é mais do que isso é a

habilidade de exercer influência e ser influenciado pelo grupo, através de um

processo de relações interpessoais adequadas para a consecução de um ou

mais objetivos comuns a todos os participantes". Segundo Gramsci

"O critério metodológico sobre o qual se deve basear o próprio exame é este: a supremacia de um grupo social se manifesta de dois modos, como ‘domínio’ e como ‘direção intelectual e moral’. Um grupo social domina os grupos adversários, que visa a ‘liquidar’ ou a submeter inclusive com a força armada, e dirige os grupos afins e aliados. Um grupo social pode e, aliás, deve ser dirigente já antes de conquistar do poder governamental (esta é uma das condições principais para a própria conquista do poder); depois, quando exercer o poder e mesmo se o mantém fortemente nas mãos, torna-se dominante, mas deve continuar a ser também ‘dirigente’" (Gramsci, 2002 p.62-63).

9

Na tentativa de entender melhor as diferenças de comportamentos entre

chefe e líder, apresento a seguir, um quadro com a abordagem de alguns

enfoques.

2.1. Chefia

Segundo Bernardi "o mais importante para que alguém goste, respeite e

admire a empresa onde trabalha é, talvez, ter um ótimo chefe direto" e continua

"é com chefe que as pessoas convivem no dia-a-dia. É ele que as orienta, ou

conforme o caso, desorienta. É o chefe que as ajuda a crescer ou a estagnar.

Que as faz terem vontade de ficar ali ou saírem na primeira oportunidade". E

acrescenta...”Se ele for competente, souber lidar com as pessoas, orientar e

souber aproveitar o que elas têm de melhor, for bom administrador e justo, os

subordinados vão gostar cada vez mais da empresa. Mas, se o chefe for

desmotivador, autoritário, não souber estimular e não tiver as qualidades

profissionais e humanas básicas, o pessoal vai deixar a empresa na primeira

oportunidade. Não importa o quanto entende do negócio”.

2.2. Liderança

Segundo Oliveira "O líder deixará de ser manipulador e começará a

administrar os talentos pessoais de forma otimizada. Considerar cada

funcionário como portador de talento pessoal dar a cada um a visão total do

negócio e exata dimensão da sua participação; permitir o questionamento das

decisões empresariais e estar disposto e revê-las, quando for necessário;

incentivar a contribuição após a chegada de novas idéias e implementá-las,

desde que viáveis; permitir que cada um sinta se importante e parte de um time

coeso, bem como reconhecer e premiar aos méritos individuais e da equipe".

10

Em Plena era da globalização devemos batalhar para que todos ganhem, não

tem sentido alguém querer crescer sozinho quando faz parte do contexto.

CHEFE: tem a visão de que: LÍDER: tem a visão de que

Administra recursos humanos Lidera pessoas

Precisa ganhar sempre Precisa ganhar mais do que perder

Tem todo o poder Tem competência

Conflitos trazem aborrecimentos Conflitos são lições

Crises são riscos Crises são oportunidades

Pessoas trabalham por

dinheiro

Pessoas trabalham também

por dinheiro

Tem subordinados e chefes Têm parceiros

Este paralelo mostra, claramente, os diferentes pontos de quem chefia e

de quem lidera. No nosso entendimento é absolutamente indispensável realizar

um esforço para ampliar a visão das empresas no sentido de acreditar que

além das qualificações de gerenciamento, são necessárias também as

qualidades de liderança, a fim de que a eficiência e eficácia sejam alcançadas

e o êxito seja um fenômeno concreto.

Segundo Gramsci "o intelectual orgânico identifica-se na sociedade por

sua função de organizador em todos os campos da vida social – organizador

na vida econômica, na vida cultural, na vida administrativa, a partir do projeto

da classe burguesa que detém a hegemonia ou da classe que luta pela sua

conquista". (Carvalho, 1983, p.69).

Reconhecemos que também o chefe deve liderar para que o seu grupo de

trabalho possa otimizar suas potencialidades e plena satisfação no trabalho.

Não podemos mais conceber um chefe que não conheça nem pratique os

princípios da liderança no sentido de obterem as melhores condições humanas

de trabalho. Daí a necessidade do chefe aprender a ser líder. Assim, podemos

concluir que não há chefia e liderança. A liderança é um processo de chefia. E

o líder é um intelectual orgânico que gera mudanças de caráter relativamente

11

permanentes e se relacionam ao modo de organização social. Exemplo:

mudança do chefia para liderança.

2.3. Habilidades do Líder

O trabalho do líder envolve mais do que determinação. É preciso ter

visão, comprometimento, comunicação, integridade, realidade e intuição. O

líder é antes de tudo um visionário, pois se permite pensar no futuro e se

compromete a realizá-lo. O comprometimento gera responsabilidade, poder e

confiança, fazendo com que as metas estabelecidas possam ser atingidas.

Outro fator importante na liderança é a comunicação, que significa manter as

pessoas informadas, dando e recebendo feedback adequados, explicando

decisões e políticas com franqueza e transparência. O líder tem um papel muito

importante no que se refere a comunicação, devendo expressar de forma clara

as crenças e os valores do ambiente em que atua. É preciso que transmita uma

direção firme, envolvendo a todos numa causa única e criando um clima de

confiança que permita a troca de feedback, promovendo um clima de

cooperação em que a crítica é encarada como uma forma de crescimento

interpessoal. A boa comunicação transmite mensagens claras, que concorrem

para que as pessoas trabalhem produtivamente e de forma harmoniosa, sem

incompreensões e interpretações equivocadas. Por isso, é preciso que o líder

saiba lidar com situações em que é necessário o levantamento de informações

adequadas e confiáveis para que possa tomar decisões acertadas.

O processo de comunicação passa a ser um intercâmbio de idéias pelo

qual o líder cria uma visão e os colaboradores desenvolvem e compartilham

idéias sobre a melhor forma de efetivá-la. A comunicação é uma função

gerencial de suma importância nos dias atuais, pois à medida que se acelera a

velocidade das mudanças no mundo dos negócios a informação passa a ser

transmitida com mais rapidez do que nunca. As constantes mudanças e

turbulências no ambiente empresarial exigem mais comunicação e,

12

conseqüentemente, maior habilidade para o repasse das mesmas. A facilidade

de acesso e disponibilidade da tecnologia ajudam a criar ambientes atualizados

e competitivos, mas a maneira como as pessoas se relacionam é fator

indispensável para que haja convivência interpessoal. A comunicação

interpessoal depende da atuação direta das pessoas com as pessoas. Por isso

os líderes precisam fomentar a volta dos colaboradores satisfeitos, inspirando

ao pessoal confiança, respeito e espírito de equipe, sendo receptivos e levando

adiante as melhores idéias, promovendo maior comprometimento e alcance

dos objetivos. Para ser um líder, é necessário desenvolver atitudes e

habilidades que auxiliem na condução de um grupo de pessoas, buscando

tomar decisões e ações acertadas, tendo em mente objetivos orientados para

resultados. Para tanto, uma inteligência privilegiada não basta. É necessária a

combinação com outras qualidades pessoais, como espírito democrático,

entusiasmo pelo trabalho em equipe, habilidade em inspirar confiança,

competência técnica, habilidade de delegação, controle emocional,

autenticidade, compreensão da natureza humana, respeito pelo ser

humano, habilidade em propor e estimular idéias, habilidade em ensinar e

despertar melhores talentos.

2.4. Equipes Autogerenciadas

O líder deve transferir a coordenação e o controle das atividades para os

membros da equipe, promovendo ajustes para manter o equilíbrio, estimulando

e oferecendo acesso a novas lideranças, desprendendo-se continuamente de

seu poder único para a tomada de todas as decisões. Esse estilo de liderança

traz um novo conceito de condução das equipes de trabalho, em que o líder

reconhece e admite que as pessoas são capazes e têm competências,

possuem um potencial criativo e estão envolvidas com a organização e seus

objetivos, além de estarem buscando sempre mais responsabilidades. Tais

equipes são denominadas de equipes autogerenciadas.

13

Uma equipe autogerenciada é constituída de um grupo íntegro de

colaboradores responsáveis por todo um processo ou segmento de trabalho

que oferece um produto ou serviço a um cliente interno ou externo. Em níveis

diferentes, os membros da equipe trabalham em conjunto para melhorar as

suas operações, lidar com os problemas do dia-a-dia, planejar e controlar suas

atividades. Em outras palavras, eles são responsáveis não apenas pela

execução do trabalho, mas também por gerenciar a si próprios.

Há duas características marcantes que um líder deve promover na

formação de uma equipe autogerenciada. A primeira é que as pessoas

trabalhem com energia e confiar nelas. Líderes eficazes devem ter fortes

valores e fé na capacidade de crescimento das pessoas em conjunto de forma

contínua e diária. É preciso que haja comprometimento com os resultados

individuais e organizacionais e que seja instaurado um clima de confiança entre

os membros, favorecendo a troca de feedback constante para o

desenvolvimento contínuo da equipe. A segunda característica é o

envolvimento de todos no processo, dando a sensação de propriedade do

produto ou serviço, provocando uma identidade com a qualidade e a

produtividade oferecidas.

A evolução do processo de equipes autogerenciadas e a participação do

líder podem ser representadas por meio das seguintes fases:

1.ª fase: estrutura tradicional

O ambiente é desprovido de energização. O líder situa-se acima do grupo

de trabalho e separadamente dele.

2.ª fase: o líder no centro

As informações passam pelo líder, que também serve de canal de

comunicação entre a alta direção e o grupo. Existe ainda uma clara distinção

entre o que o líder faz e o que as outras pessoas fazem.

14

3.ª fase: transição

O líder delega autoridade para a tomada de decisão sobre atividades

básicas. Alguns membros do grupo passam a assumir responsabilidades que

tradicionalmente eram do líder.

4.ª fase: parceria

O líder torna-se um parceiro do grupo, que passa a decidir sobre como

executar seu trabalho e a assumir responsabilidades e decisões que

tradicionalmente eram do líder, aumentando a energização do grupo.

No momento em que a empresa decide adotar as equipes

autogerenciadas, torna-se necessário rever a maneira como o trabalho é

realizado e modificar diversos sistemas organizacionais para servirem de

suporte a essa definição. Todos os colaboradores são importantes para o

sucesso da implementação desse modelo. Cada membro da equipe deve ser

capaz de compreender e desempenhar todas as tarefas dentro desta,

especialmente os líderes. Um dos principais papéis do líder é fomentar a

solidariedade da equipe, estimular a reformulação de processos, não esconder

os problemas e, por conseguinte, aumentar a produtividade como um todo.

Uma questão crítica a ser considerada no processo de implementação é a

transferência da liderança formal para a liderança informal, aquela que surge

naturalmente. Porém, essa transformação não ocorre do dia para a noite.

É preciso dar tempo para que as habilidades necessárias sejam

desenvolvidas e descobertas entre as pessoas que compõem as equipes. O

líder de uma equipe autogerenciada é aquele que, em primeiro lugar, troca o eu

individual pelo nós corporativo, energizando toda a força de trabalho,

aumentando a confiança das pessoas e preparando-as para serem bem-

sucedidas.

15

3. ESTILOS DE LIDERANÇA

“Pensamentos tornam-se ações, ações tornam-se hábitos, hábitos tornam-se caráter, e nosso caráter torna-se nosso destino" (HUNTER, 2004, p.125)

Para salientar e fixar bem as diferenças entre os vários estilos de

liderança resolvi enfatizar alguns tipos de liderança para facilitar a

compreensão do panorama geral deste assunto.

3.1. Liderança Autocrática

Aquele que determina as idéias e o que será executado pelo grupo, isso

implica na obediência por parte dos demais. É extremamente dominador e

pessoal nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada membro do grupo.

Muitos condenam esta postura, e acham inválido este tipo de comportamento.

Sua origem remonta da Antigüidade. Apesar deste comportamento ser

considerado inadequado, o seu uso tem provado certa eficiência em algumas

ocasiões, e com certo tipo de pessoas lideradas. Pensemos por exemplo, em

um grupo relutante no cumprimento de seus deveres e que não quer colaborar

nem assumir responsabilidades.

O líder autocrático é mais conhecido como "chefe". Seria aquele condutor

que define o que e como deve ser feito. Podemos supor que se é ele quem

define tudo, este acredita ser a sua opinião sempre a mais correta e ainda

serem seus subordinados pouco merecedores de confiança. Fica nítido que

atenção principal deste líder está voltada para as tarefas e não para as

relações humanas de seu grupo. Baseia seu poder geralmente na posição

(cargo) que ocupa.

16

3.1.1. O líder Autocrático

1. fixa os objetivos do grupo tendo em vista os seus interesses próprios, a

sua causa.

2. procura impor a sua vontade. Sua autoridade apóia-se na capacidade

em receber obediência.

3. Adota a concepção de que reforçar a disciplina é à base do moral do

grupo.

4. Aplica, principalmente, forças externas, de que os subordinados são

objeto e sobre os quais exerce o seu poder.

5. Vale-se predominantemente da coação e apenas excepcionalmente da

persuasão.

6. Interessa-se apenas pelo resultado.

7. Coloca facilmente o bem estar da organização à frente do bem estar de

seus membros.

8. Dirige a organização subordinando os indivíduos a fins previamente

determinados.

9. Demonstra uma confiança intrínseca nos subordinados.

10. Somente sabe pensar em termo das relações usuais entre senhor e

servidores.

11. Comanda, manipula e manobra os subordinados.

12. Insiste na obediência cega com completa subordinação à sua

vontade; qualquer critica ou indagação lhe parecerá insolente e perigosa.

Busca uma obediência imposta.

17

13. Transforma as pessoas em simples peças de rotina, sujeitas a um

sistema de controle qualquer.

14. Limita a liberdade de ação dos subordinados por meio de regras

rígidas e minuciosas. Insiste constantemente na disciplina ao pé da letra.

15. Preocupa-se em ser necessário. Procura manter os subordinados

numa dependência constante, pois seu posto somente estará garantido na

proporção em que souber jungir os outros à sua vontade.

16. Encara a empresa como uma série de indivíduos e setores

inteiramente separados.

17. Inacessível. Julga, erroneamente, que a aproximação com os

subordinados lhe diminui a autoridade.

18. Promove um ajustamento arbitrário de interesses antagônicos,

baseando-o na importância social de cada individuo ou grupo em questão e

tendo como resultado intrigas, acomodações, conchavos.

19. Não leva em conta as diferenças individuais, preocupando-se apenas

em distribuir tarefas indistintamente e exigir-lhes o cumprimento.

3.2. Liderança Democrática

Aquele que determina, junto com o grupo, as diretrizes, permitindo o

grupo esboçar as técnicas para alcançar os objetivos desejados. É impessoal e

objetivo em suas críticas e elogios. Para ele, o grupo é o centro das decisões.

Acreditamos que a ação do líder democrático é de suma importância para o

progresso da organização. De acordo com Gramsci "Uma massa humana não

distingue e não se torna independente, por si, sem organizar-se; e não existe

organização sem intelectuais".

Podemos dizer que o líder democrático possui uma visão do ser humano

e de si. Podemos supor que não acredita ser o dono da verdade e que todos

18

possuem condições de agir com autonomia e responsabilidade. Sua atenção

está voltada principalmente para as relações interpessoais e vê seu poder

baseado na credibilidade que o grupo lhe atribui.

3.2.1. O líder Democrático

• Fixa os objetivos do grupo tendo em vista a causa comum.

• Procura aliciar a cooperação voluntária e a simpatia dos

subordinados, assim alicerçando a sua autoridade.

• Alicerça a disciplina do grupo numa solidariedade de propósitos.

• Procura assegurar um sólido moral do grupo, para que dele

resulte a disciplina.

• Esforça-se por despertar a energia humana dos subordinados

com os quais exerce seu poder.

• Vale-se predominantemente, da persuasão e apenas em

circunstâncias excepcionais da coação.

• Preocupa-se, igualmente, com o processo pelo qual o resultado é

obtido.

• Envida esforços para que o bem estar da organização e de seus

membros sejam uma e mesma coisa.

• Guia e desenvolve os subordinados de tal forma que, participando

da formação de finalidades, também participe de sua realização.

• Alimenta uma grande fé na natureza humana.

• Trata os subordinados como seres humanos que pensam e

sentem.

• Dirige, educa e estimula os subordinados.

• Está sempre disposto a explicar seus atos, porque sabe que isso

atende aos interesses dos subordinados e da causa comum.

• Procura Libertar e dirigir a energia humana no sentido de um

objetivo comum.

• Humano na concepção da disciplina procura ampliar a latitude de

ação dos subordinados.

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• Dirige de forma a focalizar a pessoa dos subordinados, ajudando-

os a desenvolver, ao máximo, a sua capacidade.

• Encara a empresa como um organismo, onde um ideal comum

alicerça a atividade conjunta.

• Acessível. Facilita, por todos os meios, a aproximação com

auxiliares e subordinados.

• Promove a criação de uma comunidade de objetivos, tendo como

resultado a cooperação e a integração progressiva.

• Considera as capacidades diversas dos subordinados, aos quais

proporciona tarefas e oportunidades adequadas.

3.3. Liderança Liberal

O líder liberal não se envolve com as atividades de áreas de seus

funcionários e exerce pequenas influências, é conhecido como "deixa rolar",

tendo, portanto menor visibilidade por parte dos funcionários. Transfere sua

autoridade para os liderados, conferindo-lhes o poder de tomar decisões. Ser

liberal implica a decisão de abdicar deliberadamente do poder de tomar

determinadas decisões, que são delegadas para os liderados.

3.4. Líder Emergente

É aquele que surge e assume o comando por reunir mais qualidades e

habilidades para conduzir o grupo aos objetivos diretamente relacionados a

uma situação específica. Por exemplo, num caso extraordinário, onde

determinadas ações devem ser traçadas de imediato.

20

3.5. Líder Situacional

É aquele que assume seu estilo de liderança dependendo mais da

situação do que da personalidade. A postura deste líder brota ante as

diferentes situações que ele detecta no dia-a-dia. Possui um estilo adequado

para cada situação. Segundo Chiavenato (1979:534) "... não só demonstra que

a liderança eficaz é situacional, mas também prevê orientação quanto ao mais

apropriado estilo em cada situação particular".

Uma das teorias contingenciais mais recentes é uma tentativa de integrar

boa parte do que sabemos sobre liderança. Essa abordagem, chamada de

liderança situacional, enfoca três fatores básicos:

Forças atuantes sobre o administrador. O comportamento do

administrador, numa situação particular, será influenciado pelas forças que

operam em sua personalidade.

Entre estas forças estão:

1. O sistema de valores – O administrador acredita em participação no

processo decisório? O que é um dia de trabalho bom? O administrador se

preocupa com o crescimento pessoal dos subordinados?

2. Confiança nos subordinados – Os administradores diferenciam-se pelo

seu respeito e confiança nos subordinados. Estas atitudes se refletem na

maneira pela qual eles avaliam a capacidade e a competência geral dos

subordinados.

3. Tendências de liderança – Há alguns lideres que preferem dirigir de

perto o trabalho dos outros. Para se sentirem bem, têm de controlar o trabalho.

Outros administradores parecem gostar de dar oportunidade aos subordinados

para que se envolvam com o trabalho e a ele se dediquem.

21

4. Segurança – A capacidade de fazer com que os subordinados

participem do processo decisório é uma característica que tem tons de

segurança. Alguns lideres tem enorme necessidade de conhecer exatamente

como o trabalho está indo. Tem baixa tolerância pela ambigüidade e isto os

leva a controlar os subordinados de perto. Outros são capazes de tolerar o

comportamento imprevisível dos subordinados que participam.

A força nos subordinados. Os administradores devem considerar as

características individuais e os padrões de comportamento dos subordinados.

Há várias forças que afetam a personalidade destes últimos. Além do mais,

cada subordinado tem um conjunto de expectativas sobre como o

administrador deve desempenhar o seu papel. O administrador deve procurar

também aprender alguma coisa sobre as necessidades dos subordinados com

relação à independência, à responsabilidade, a autonomia, as metas e aos

objetivos de carreira.

As forças da situação. Entre as forças situacionais importantes que

afetam a eficácia da liderança estão:

• A organização. As organizações têm valores, normas e metas que

aparecem nos comunicados de política, na descrição de tarefas e nas

avaliações de desempenho. Estes fatores tendem a influenciar o estilo

de liderança adotado.

• Eficácia do grupo. Um grupo considerado eficaz pode receber

maior autonomia do que um ineficaz. Neste sentido é importante saber o

que o grupo está realizando e por que eles não estão procurando várias

metas.

• A tarefa. O tipo de tarefa pode determinar o grau de autonomia

delegado aos subordinados. O líder esperto procura avaliar as

possibilidades do grupo e a tarefa a decidir se o grupo pode realizá-la.

Delegar tarefas que não podem ser bem cumpridas pelo grupo, em

virtude de suas limitações pode levar à frustração, atitudes pobres e até

ao absenteísmo.

22

• Tempo. Se a decisão tiver de ser imediata, o envolvimento dos

outros, no processo decisório, pode tornar-se difícil, se não impossível.

Em tais situações, é difícil usar o estilo participativo de liderança.

23

4. PODER Gramsci afirma que:

"Intelectual é todo aquele capaz de refletir sobre suas ações e transformá-las. Assim, todos os homens são intelectuais, contudo, nem todos desempenham esta função. Do não exercício dessa função não se pode inferir uma incapacidade de julgar dos homens, mas somente que o conceito de intelectual é distinto do conceito de função do intelectual. Quanto à função, Gramsci identifica a existência de dois tipos de intelectual, o orgânico e o tradicional".

O líder tem a opção de escolher o tipo de característica intelectual quer

seguir orgânicos ou tradicionais. Cada grupo social ao se autonomizar, quer

dizer, ao se reconhecer como grupo autônomo irredutível a qualquer outro, cria

para si, através das instituições de ensino, intelectuais que lhe dão

homogeneidade e consciência da própria função, não apenas no plano

econômico, mas também nos planos social e político. A este tipo de intelectual

Gramsci dá o nome de intelectual orgânico, ou seja, consciente de sua função.

Contudo, cada grupo social que se autonomiza encontra intelectuais

preexistentes, representantes de uma continuidade histórica que se

consideram autônomos e independentes de qualquer grupo, ou seja de

qualquer visão de mundo . A relação entre os intelectuais e o mundo da

produção é mediatizado, por sua vez, pelo conjunto das superestruturas, da

qual os intelectuais são funcionários . Assim, uma visão de mundo, para

conquistar a hegemonia, isto é, a predominância dentre todas as outras, o que

lhe confere um caráter de direção da sociedade depende, basicamente, da

coerência e consistência que os intelectuais conseguem conferir a esta visão.

Podemos observar que raramente um líder possui apenas um estilo, que

seja sempre autocrático ou sempre democrático. Ou ainda que, embora seja

predominantemente democrático, não possa também possuir uma grande

24

atenção para a tarefa. Esta "mescla" de estilos na mesma pessoa pode ser

extremamente benéfica. A defesa de apenas um estilo como sendo o mais

adequado é praticamente impossível, já que existem inúmeras situações pelas

quais um grupo pode estar passando e que exigirá uma forma ou outra de

liderança. Fatores como a maturidades dos membros do grupo, o

relacionamento grupal, as crenças e valores pessoais, as diferentes tarefas que

serão cumpridas e os prazos para execução, entre outros, deverão certamente

influenciar no comportamento do líder. Com este raciocínio, podemos analisar

as diferentes situações com que nos defrontamos diariamente e

conseqüentemente, os estilos mais adequados para lidar com cada uma delas.

Podemos por exemplo verificar o grau de motivação, o comprometimento e o

preparo técnico da equipe que lideramos.

4.1. Liderança e Poder

Embora os termos líder e liderança sejam freqüentemente usados na

literatura sobre comportamento organizacional, bem como na conversa do dia-

a-dia, em muitos casos há uma quantidade razoável de mal-entendidos sobre a

noção de liderança. Embora haja um grande número de definições para o

termo, a liderança pode ser considerada como um processo de influência,

geralmente de uma pessoa, através do qual um indivíduo ou grupo é orientado

para o estabelecimento e atingimento de metas. Há, evidentemente, uma série

de maneiras diferentes como isso pode ser conseguido: há diversos tipos de

liderança, vários deles podendo operar simultaneamente; os grupos

freqüentemente têm objetivos múltiplos, que podem ser tratados por diversos

lideres e assim por diante. A chave, porém, é o tema subjacente a todas as

definições de liderança: (1) a liderança é uma relação entre pessoas em meio

às quais a influência e o poder foram distribuídos de maneira desigual numa

base legítima (contratual ou consensual); e (2) a liderança não ocorre no

isolamento (ou seja, não há líderes sem seguidores).

25

4.2. Poder e Autoridade

Como sugerimos acima, as questões de poder e autoridade estão

diretamente ligadas ao conceito de liderança. Poder é a capacidade de

influenciar diversos resultados. Se ele for sancionado formalmente por uma

organização (contratual) ou informalmente apoiado por indivíduos ou grupos

(consensual), será descrito como poder legítimo. A autoridade se refere a

situações onde uma pessoa (ou grupo) recebeu formalmente uma posição de

liderança. Dentro desse contexto, o poder executivo ou gerencial é muitas

vezes distinguido do poder "simples" por seu enfoque exclusivo. Ele se refere

ao poder dirigido para criação e manutenção de uma organização ativa, e na

direção de transformação dessa organização no seu potencial máximo.

Portanto, o poder executivo consiste em compreender o que a organização é,

visualizar o que ela pode ou deve se tornar, e iniciar os processos que

percorram o caminho entre ideais da organização e a realidade.

Embora o indivíduo possa receber a posição formal, isso não implica

necessariamente em que ele vá ser eficaz ao liderar outros ou ao exercer

influência sobre eles. Esta distinção é freqüentemente citada em termos da

diferença entre líderes nomeados e naturais. Líderes nomeados referem-se

àqueles indivíduos que ocupam um papel organizacional específico, tais como

executivo, gerente, supervisor e assim por diante. A descrição de cargo desse

papel dá ao indivíduo a autoridade de executar certas tarefas organizacionais.

Em muitos casos, entretanto, outras pessoas são definidas como líderes pelos

demais membros do grupo ou da organização. Estes líderes naturais podem

não ter o papel formal nem a autoridade da posição do líder nomeado, mas

recebem o poder dos demais membros da organização devido a sua

capacidade de conseguir a realização da tarefa ou a manutenção da rede

social do grupo.

26

4.3. Tipos de Poder

Embora as lideranças nomeada e natural, especificamente num grupo ou

organização, possam estar nas mãos de um mesmo indivíduo, freqüentemente

são assumidas por pessoas diferentes, com fontes diferentes de poder. Como

vimos acima, a forma mais comum de poder para líderes nomeados é o poder

da posição ou da autoridade formal. Esta forma de poder é impessoal, e não se

baseia nas características do indivíduo. Líderes nomeados também podem

utilizar o sistema de recompensas formais da organização (por exemplo,

promoções, aumentos de mérito) ou punições (por exemplo, ameaça de

demissão) para influenciar as pessoas a fazerem certas coisas. Essas bases

de poder são respectivamente chamadas de poder de recompensa e de

coerção. Embora os líderes naturais também tenham controle sobre algumas

recompensas (por exemplo, reprovação social), seu poder é baseado mais nas

características pessoais que nas organizacionais.

• Poder do conhecimento é baseado no domínio de um indivíduo sobre

certos assuntos, se isso for percebido como um recurso valioso. Como

essa perícia pode estar nas mãos de pessoas de status inferior, sua

influência informal pode criar situações incongruentes de status.

• O poder de referência é baseado no magnetismo ou carisma pessoal.

Em muitos casos, as pessoas se identificam com uma outra devido a

certos traços pessoais ou característica da personalidade. Esse carisma

pode ser muito potente, a ponto de influenciar pessoas, mesmo que

estas não se encontrem sob o controle direto ou formal daquela, É

freqüente os líderes naturais terem uma combinação de poder de

referência e conhecimento, o que pode criar uma base forte para

exercerem influência sobre os outros.

Cada uma destes cinco tipos trata o poder variável independente, ou seja,

o poder como a capacidade de fazer as coisas acontecerem e obter trabalhos

realizados. Por outro lado, o poder também tem sido visto como variável

dependente ou situacional (em termos de natureza de situação específica

27

dentro de uma organização que dá poder a um grupo ou indivíduo). Neste

contexto, presume-se que os indivíduos, grupos ou subunidades dentro de uma

organização tenham poder com base em fatores como:

• Capacidade de lidar com a incerteza. Se uma unidade de registro

ou previsão de uma organização de vendas puder prever com exatidão o

ciclo de demanda de ma certo produto, ela terá poder a partir de sua

capacidade de lidar com a incerteza.

• Substitubilidade. A dificuldade de uma pessoa ser substituída por

qualquer outra da organização dá poder a primeira (quanto mais

insubstituível maior poder).

• Centralidade organizacional. Quanto mais central uma pessoa ou

grupo for para os trabalhos ou processo da organização, maior será o

seu poder.

• Interdependência do papel e da tarefa. Se as atividades de uma

pessoa ou grupo dependerem das atividades de outra pessoa ou grupo,

supõe-se que o segundo terá um controle maior sobre diversas

contingências, o que é mais uma dimensão de poder.

Também pode ser feita uma outra distinção entre o poder aberto e

reservado. O poder aberto se refere às situações em que o poder é utilizado

para produzir resultados preferidos face a conflitos entre partes distintas. Em

outras palavras, o poder aberto é usado no intuito de derrotar a oposição.

Controlando as fontes de poder relevante, tais como o acesso a informações,

arenas políticas, recompensas e castigos, e conhecimento especializado, os

gerentes freqüentemente tentam triunfar face à competição e conflito. O poder,

todavia, também pode ser usado para assegurar que não ocorram conflitos.

Este aspecto do poder é chamado de poder reservado, não pela forma com

que o poder é usado por si, porém mais devido às circunstâncias e aos

objetivos desejados. Enquanto o poder aberto é usado em situações de conflito

evidente, com a intenção de derrotar a oposição, o poder reservado é

empregado antes que suja um confronto direto, para evitar conflito.

28

Se certas metas puderem ser legitimadas a ponto de não serem

questionadas, mesmo por um opositor em potencial, os gerentes podem ter

sucesso em obter resultados desejados usando seu poder para evitar que o

conflito apareça. Neste contexto, o conflito é evitado através de condições,

percepções e preferências que moldam as pessoas a ponto de estas aceitarem

"a ordem existente". Os indivíduos que se utilizarem do poder aberto tenderão

a depender das interdependências de recursos, ao passo que os que fizerem

uso do poder reservado tenderão a depender mais dos aspectos simbólicos do

poder, tais como o uso de histórias e mitos para administrar os significados que

as pessoas atribuem às diversas coisas e situações.

Assim, o poder pode ser conceitualizado como sendo a causa de certos

comportamentos ou como um resultado de certos fatores situacionais.

Provavelmente é mais correto pensar no poder como uma variável tanto

independente como dependente. Os cientistas comportamentais e estudiosos

do comportamento organizacional, portanto, precisam determinar como o poder

será tratado nas diversas situações. Num sentido real, o estudo de um poder é

parte de um processo de interpretação e avaliação dos meios e fins. Pode ser

visto como um conceito isolado, ou como parte da dinâmica da liderança e da

influência, bem como de outras facetas do comportamento organizacional

como dinâmica de grupo, tomada de decisões e soluções de conflitos.

4.4. A Necessidade de Poder para o Desempenho Gerencial

Líderes eficazes tendem a ter uma grande motivação por poder. Como

indicam as pesquisas, eles também têm, freqüentemente, uma baixa

necessidade de afiliação, acoplada a uma grande inibição à atividade. Em

outras palavras, uma pessoa com probabilidades de ser um líder deseja poder,

não tem necessidades sociais muito intensas, e deve ser capaz de trabalhar

independentemente. Gramsci define que "No processo transformador ou

revolucionário, os intelectuais teriam o papel de dado a sua capacidade

29

técnica, atuar como elemento pensante e organizador das classes subalternas.

Sua missão não é profissional, mas, como partícipes da construção de uma

nova cultura pelo partido de massas, teriam a função de dirigir as idéias e as

aspirações da classe à qual pertencem organicamente, tendo em vista que

todos os homens são intelectuais, pensam, embora nem todos desenvolvam

plenamente essa capacidade, dado a hegemonia burguesa".

Ao mesmo tempo, os líderes precisam ser capazes de restringir, sem

embaraço, seu uso do poder, de modo que não sejam percebidos como

impulsivos, coercivos ou manipulativos. O padrão geral é chamado de

síndrome do motivo da liderança. A imagem é uma pessoa que utiliza o poder

com cautela, vendo-o como a capacidade de obter coisas para outros ou para

uma causa, em lugar de para o próprio benefício ou dominância. Ao mesmo

tempo, esta síndrome sugere que a necessidade de poder precisa ser maior

que a necessidade de afiliação, visto que os líderes precisam permanecer

socialmente certa distância dos outros. Como sugere a pesquisa, os líderes

que têm a síndrome do motivo da liderança tendem a ficar mais satisfeitos e a

ser mais eficazes do que os que não a têm.

As tendências atuais e as pressões que o gerente de hoje enfrenta

ressaltam a relevância da verdade rudimentar proposta por Chester Barnard

em sua obra clássica The Funstions of the Executive: os gerentes são

essencialmente importantes até seus seguidores lhes concederem a autoridade

de conduzir. Isso cria um paradoxo para os gerentes, pelo poder ser

efetivamente exercido numa organização somente quando aqueles que são o

alvo do poder consentirem no seu uso. A realidade das organizações

complexas é que a autoridade formal investida num certo cargo raramente dá a

um indivíduo poder suficiente para conseguir que as coisas sejam feitas. Em

função de dois "fatos da vida" básicos da organização, a divisão do trabalho e a

limitação de recursos, os gerentes, em diversos graus de intensidade,

dependem de seus superiores, subordinados desses colegas, e uma série de

elementos externos como fornecedores, clientes, concorrentes, sindicatos e

autarquias para realizarem seu trabalho. A "falta de poder" resultante, ou seja,

30

diferença entre o poder que lhes foi atribuído pelo cargo, e o poder necessário

para atingir metas e objetivos da organização, determina que os gerentes

precisam ser capazes de adquirir e manter um poder suficiente para

administrar de maneira positiva os conflitos inevitáveis que surgirão entre

grupos tão diversos, porém interdependentes.

As bases de poder são necessárias para o atingimento da metas e

objetivo da organização, contudo, não são dadas gratuitamente aos gerentes.

A realidade é que elas precisam ser gradativamente acumuladas através de

uma grande variedade de atos e habilidades como: (1) obter informações e

idéias; (2) avaliar quem realmente tem poder relevante para diversas questões

específicas; (3) criar boas relações de trabalho com aqueles que tenham

interesses envolvidos; (4) imaginar e criar programas de ação válidos; (5)

aperfeiçoar as habilidades de diagnóstico e interpessoais; (6) construir redes

de cooperação e apoio; e (7) manter uma boa imagem e um bom histórico. A

imagem de poder criada a partir dessa perspectiva é a de "um sistema de

unidades interagindo em evolução", a habilidade de juntar diversas pessoas

num modo cooperativo com a "força sedutora de uma visão comum com a qual

eles possam apreciar o próprio significado". O uso de poder neste contexto é

muito distante da idéia de indivíduos solitários com lampejos de esplendor; em

lugar disso, o poder é parte de um processo comportamental sistemático,

paralelamente ligado à liderança.

31

5. CONCLUSÃO

O espaço de trabalho é um campo fértil de revelação de distintas formas

assumidas de Poder. Nele se estabelecem formas de resistência e pressão e

surgem estratégias da conquista de autonomia na realização das tarefas. Uma

forma muito comum é a tendência de resistência e oposição serem substituídas

por arranjos organizacionais que acabam sendo efetivos na obtenção de

consentimento, complacência e subordinação. Assim, compreender como se

dão as relações de trabalho e o Clima de uma Organização passa a ser de

fundamental importância quando é objetivo da empresa garantir o

desenvolvimento profissional e pessoal dos seus participantes. Compreender

que os seres humanos comportam-se e relacionam-se diferentemente uns com

os outros e que esta diferença é visivelmente influenciada pela forma de Poder

empregada dentro da organização torna o risco de conflitos interpessoais muito

mais reduzido e detectável. Assim, o Poder é uma realidade presente em todos

os âmbitos da vida humana e interfere nas formas de ser e atuar das pessoas e

dos grupos. O processo de influência social e o estilo de Poder empregado nos

níveis organizacionais vêm, portanto, interferir decisivamente sob o clima

organizacional, sob desempenho das pessoas e no desenvolvimento da

organização. A interface Poder e Clima Organizacional, portanto, deve ser

considerada como um dos fatores de preocupação, estudo e compreensão da

comunidade acadêmica e dos praticantes da gestão. Segundo CHIAVENATO:

"A liderança existe em função das necessidades existentes em determinada situação. Trata-se de uma abordagem situacional. A liderança depende da conjugação de características pessoais do líder, dos subordinados e da situação que os envolve. O líder é a pessoa que sabe conjugar e ajustar todas essas características. Não há um tipo único e exclusivo para cada situação".

A liderança e a participação eficaz em grupo dependem essencialmente

da competência interpessoal do líder e dos membros. O trabalho em equipe só

terá expressão real e verdadeira se e quando os membros do grupo

32

desenvolverem sua competência interpessoal, o que lhes permitirá alcançar a

tão esperada e propalada sinergia, em seus esforços colaborativos, para obter

muito mais que a simples somas das competências técnicas individuais como

resultado conjunto do grupo.

Numa palavra a hegemonia de um grupo social equivale à cultura que

esse grupo conseguiu generalizar para outros seguimentos sociais. A

hegemonia é idêntica a cultura, mais é algo mais que a cultura por que, além

de tudo, inclui necessariamente uma distribuição específica de poder, de

hierarquia e de influência. Em suma captamos que existindo maior liberdade de

ação e participação maciça do grupo, a organização, terá maiores

oportunidades de êxito. Para isto, é necessário que o profissional da

organização seja um líder participativo, aberto, flexível em seu comportamento,

inovador na suas decisões e que resgate o processo da liderança pra cultivar a

objetividade, a determinação, o alto controle e a alto confiança na busca

constante de bons resultados.

Sem duvida, podemos afirmar que este assunto é muito amplo, motivo

pelo qual não podemos esperar que o profissional da organização se familiarize

de imediato. Entretanto, não há razão pra que ele não conheça os enfoques

essenciais da liderança discutidos neste estudo que consideramos limitados,

mas suficientes para iniciar um trabalho, considerável sobre o tema, nas

unidades de organização. Até mesmo porque, em qualquer área do

conhecimento conhecer não basta. É preciso que o profissional seja capaz de

colocar o conhecimento em prática.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Edição. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, Serv. de publicações, 1972.

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Tradução de Carlos Roberto Vieira de Araújo. – São Paulo; Editora; Atlas –

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LAROSA, Marco Antonio; AYRES, Fernando Arduini. Como Produzir uma Monografia: Passo a Passo... Siga o Mapa da Mina. 7ª edição. Rio de janeiro: Wak, 2008.

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