o futuro da globalização - hirst e thompson

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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CAMPUS V CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SOCIAIS APLICADAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS DISCIPLINA: GLOBALIZAÇÃO E R.I. PROFESSORA: ELIA CIA PERÍODO: III TURNO: NOTURNO CAROLINE DE OLIVEIRA BRITO FICHAMENTO O Futuro da Globalização

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Fichamento de resumo do artigo "O Futuro da Globalização", de Hirst e Thompson. O texto propõem uma análise dos caminhos que esse fenômeno percorreu e dos caminhos que estão por vir, entendendo o conceito de globalização como os processos que promovem interconexões internacionais. Três questões centrais são examinadas no texto. A globalização contemporânea é incomum comparada a episódios passados como de 1850 a 1914? Segundo os autores, nesse período, houve um acelerado crescimento no comércio, no fluxo de capitais e nas migrações comparável ou ainda maior que atualmente. E houve também uma reação política e a adoção generalizada de polícias protecionistas. Os processos da globalização contemporânea estão minando as economias nacionais e, portanto, esvaziando o papel dos estados? Ao contrário, o papel dos estados como atores internacionais centrais é reforçado. No entanto, tanto a economia global quanto os governos nacionais terão de enfrentar desafios cruciais neste século, com destaque para a mudança climática. Tais mudanças tentem a fomentar conflitos e, assim, reforçar o papel do Estado, mas em um contexto em que a governança em todos os níveis será mais difícil de ser alcançada. A globalização econômica tende a aumentar ou diminuir? Baseados em argumentos sobre os efeitos das fronteiras e os limites para a expansão do comércio, os autores indicam que podemos estar próximos dos limites de uma globalização viável.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARABACAMPUS VCENTRO DE CINCIAS BIOLGICAS E SOCIAIS APLICADASCURSO DE GRADUAO EM RELAES INTERNACIONAISDISCIPLINA: GLOBALIZAO E R.I.PROFESSORA: ELIA CIAPERODO: IIITURNO: NOTURNO

CAROLINE DE OLIVEIRA BRITO

FICHAMENTO

O Futuro da Globalizao

JOO PESSOA PB2015FICHAMENTO DE RESUMOHIRST, Paul; THOMPSON, Grahame. The Future of Globalization. Cooperation and Conflict: Journal of the Nordic International Studies Association, 2002, vol. 37(3): 247 265. Em O Futuro da Globalizao, Hirst e Thompson propem uma anlise dos caminhos que esse fenmeno percorreu e dos caminhos que esto por vir, entendendo o conceito de globalizao como os processos que promovem interconexes internacionais. Trs questes centrais so examinadas no texto. A globalizao contempornea incomum comparada a episdios passados como de 1850 a 1914?Segundo os autores, nesse perodo, houve um acelerado crescimento no comrcio, no fluxo de capitais e nas migraes comparvel ou ainda maior que atualmente. E houve tambm uma reao poltica e a adoo generalizada de polcias protecionistas. Os processos da globalizao contempornea esto minando as economias nacionais e, portanto, esvaziando o papel dos estados?Ao contrrio, o papel dos estados como atores internacionais centrais reforado. No entanto, tanto a economia global quanto os governos nacionais tero de enfrentar desafios cruciais neste sculo, com destaque para a mudana climtica. Tais mudanas tentem a fomentar conflitos e, assim, reforar o papel do Estado, mas em um contexto em que a governana em todos os nveis ser mais difcil de ser alcanada. A globalizao econmica tende a aumentar ou diminuir?Baseados em argumentos sobre os efeitos das fronteiras e os limites para a expanso do comrcio, os autores indicam que podemos estar prximos dos limites de uma globalizao vivel. A partir de uma perspectiva ctica em relao s alegaes da literatura globalista, principalmente a respeito da dissoluo das economias nacionais, os autores focam em duas questes primrias: o futuro da governana internacional e os limites provveis para a globalizao econmica. Para eles, no h razo para assumir que a crescente interconexo internacional tenha uma dinmica inerente que prevalea sobre todas as foras contrapostas. Ao apresentar um histrico da Globalizao, eles concluem que a economia internacional no um estado natural da relao entre os Estados, tendo sido restaurada, por exemplo, no ps II Guerra, sob presso militar liderada pelos EUA e por polticas nacionais dos Aliados. Alm disso, tem base em uma intensa assimetria. Prova disso seria o fato dos maiores poderes industriais, com exceo parcial do Reino Unido, terem criado seus setores manufatureiros sob um regime protecionista, apesar das regras da Organizao Mundial do Comrcio proibirem tais estratgias e forarem pases em desenvolvimento a produzirem para mercados de exportaes em nichos de baixos valores relativos. improvvel, portanto, que tais processos de globalizao tenham diminudo o enorme fosso entre os mundos desenvolvido e em desenvolvimento. Segundo Hirst e Thompson, se a globalizao concebida como um processo que promove intercmbios alm das fronteiras e agncias transterritoriais em detrimento dos estados-nacionais, ento se poderia antecipar uma forte reao adversa medida que pblicos estabelecidos a nvel nacional experimentassem uma perda dos benefcios da governana domstica e aumentassem a exposio s presses internacionais.houvesse realmente um sistema global de mercado e uma liberalizao real das economias nacionais, isso desencadearia presses e foras de mercado que reduziriam o poder estatal, fazendo com que ficassem vulnerveis a ameaas polticas. Isso apresenta os limites inerentes globalizao concebida como um processo que leva ao declnio das economias nacionais e do poder do Estado. Para os autores, a economia internacional depende do poder estatal e, para existir, o liberalismo econmico precisa ser institudo e defendido; para sobreviver, seus efeitos negativos precisam se submeter s polticas pblicas dos Estados. Como mostraram as polticas adversas Globalizao no fim do sculo XIX, esta pode retroceder e pode ser impedida; pode tambm ser revertida, como demonstraram os anos do entre-guerras.Como tendncias a longo prazo, os autores reconhecem mltiplas ameaas estabilidade global, as quais tenderiam a aumentar no decorrer do sculo XXI. Entre elas, a mudana climtica e suas consequncias climas turbulentos, inundaes devido elevao dos nveis do mar, desertificao e escassez de gua, perda de terra cultivvel e a disseminao de doenas; o aumento da populao mundial, piorando ainda mais a questo do deslocamento de pessoas em razo das mudanas climticas; e a provvel manuteno da desigualdade de renda mundial. Longe de legitimarem um movimento em direo a uma liderana cosmopolita e uma nova ordem internacional, tais tendncias ameaam a todos globalmente, mas paralisam a vontade poltica. suposta tambm a probabilidade do poder de governar a economia internacional se manter entre as naes ricas e os corpos supranacionais que elas fundam e controlam, como FMI ou o Banco Mundial; assim como do exerccio desse poder ser desafiado pelos principais estados de fora da OCDE (China, ndia e Rssia) e por movimentos de protestos e coalises de ONGs atravs do globo.Os autores preveem o esgotamento dos recursos naturais e os impactos ambientais causados pelos excessos que o liberalismo econmico fomenta como fonte de protecionismo por parte dos governos nacionais, que procurariam proteger suas populaes e monopolizar os recursos. Nesse contexto, se destaca o poderio tecnolgico, militar e martimo norte-americano como estratgico para dominao; entretanto, h limites para esse poder, a exemplo do terrorismo, como o que aconteceu no evento de 11 de setembro de 2001. Com uma abordagem notoriamente realista dos conflitos que tais crises desencadeariam globalmente, em um cenrio quase apocalptico, Hirst e Thompston destacam o terrorismo, os movimentos migratrios e as crescentes manifestaes como fatores que imporiam perdas pesadas mesmo a exrcitos avanados como o norte-americano. Nesse contexto, as relaes se tornam cada vez mais conflituosas ao ponto de os Estados repudiarem convenes de direitos humanos e regulaes legais internacionais. Em face da afronta terrorista e massas de pessoas deslocadas, muitos Estados no estaro dispostos a continuar a se inscreverem para convenes internacionais e escorregaro para regimes autoritrios contra estrangeiros, apoiados pelos seus cidados assustados. Dessa forma, sem normas e regras comuns, a governana econmica se deterioraria e as convenes internacionais de cunho liberal se tornariam insustentveis sem a devida abertura dos mercados nacionais. O processo de regionalizao surge como a consequncia lgica para a governana, mesmo diante de uma crise global. Os autores afirmam, embasados por dados do Banco Mundial, que o fluxo internacional no tem aumentado, e explicam a contrao econmica segundo a importncia dada s fronteiras e territrios nacionais, que representam um entrave para o comrcio. Nessa perspectiva, pode-se concluir que a globalizao, no sentido concebido por liberais econmicos extremos e seus crticos radicais, na verdade no aconteceu. Longe de ser um sistema integrado dominado por foras de mercado ingovernveis, o mundo estaria dividido em trs grandes blocos comerciais, dominados por Estados-nao: NAFTA, Japo, enquanto um Estado de forte economia, e Unio Europeia. Assim, os autores defendem ser necessrio uma melhor anlise dos dados nas teorias aplicadas ao comrcio internacional, tendo em vista que os modelos vigentes preveem nveis muito maiores do que os reais. Segundo eles, ao contrrio do que disseminado, os dados demonstram que, quanto maior a distncia entre os Estados, menor a interao econmica entre eles. A concluso a de que o comrcio internacional realmente limitado pelas questes fronteirias e que as reais restries ao desenvolvimento do comrcio global so mais provavelmente as variveis institucionais, culturais, polticas ou geogrficas que as variveis econmicas diretas.