carroll thompson - feridas satânicas

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FERIDAS SATNICAS

Fevereiro 1999

Original: "The Bruiser of Satan" CTM Publishing P. O. Box 763954 Dallas, Texas, 75376-3954, USA

Traduo: Aparecida Arajo dos Santos Reviso: Magdalena Bezerra Soares, Paulo Csar Corga, Eber Cocareli, Uma Martins de Souza

Reservados todos os direitos de publicao GRAA ARTES GRFICAS E EDITORA LTDA.Rua Torres de Oliveira, 271 - Piedade Rio de Janeiro - RJ - CEP: 20740-380 Caixa Postal 3001 - Rio de Janeiro - RJ - 20010-974 Te).: (Oxxi1) 3899-5375/2594-1303 - Fax: (Oxx21) 2591-2344

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NDICE

FERIDAS SATNICAS...................................................................................................3 NDICE..............................................................................................................................4 DEDICATRIA................................................................................................................5 INTRODUO.................................................................................................................5 AQUELE QUE FERE: O INIMIGO.................................................................................6 AS VTIMAS SO OS INOCENTES..............................................................................8 A CHAGA DA REJEIO............................................................................................13 FERIDO E AMARGURADO.........................................................................................21 LIBERTANDO-SE DAS MGOAS..............................................................................25 FERIDO E CURADO.....................................................................................................30 BARREIRAS QUE IMPEDEM OS RELACIONAMENTOS.......................................35 A CURA DA MULHER NO RELACIONAMENTO CONJUGAL..............................43 A CURA DO HOMEM NO............................................................................................48 RELACIONAMENTO CONJUGAL..............................................................................48 CURA INTERIOR..........................................................................................................51

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DEDICATRIADedico a Jude que sofreu muito e amou intensamente

INTRODUOO objetivo deste livro trazer para os dias de hoje a profecia de Isaas 61.1-3: O Esprito do Senhor Jeov est sobre mim, Porque o Senhor me ungiu, Para pregar boas novas aos mansos: Enviou-me a restaurar os contritos de corao, a proclamar liberdade aos cativos, E a abertura de priso aos presos; A apregoar o ano aceitvel do Senhor E o dia da vingana do nosso Deus; A consolar todos os tristes; A ordenar acerca dos tristes de Sio. Que se lhes d ornamento por cinza, leo de gozo por tristeza Vestido de louvor por esprito angustiado; Afim de que se chamem rvores de justia Plantao do Senhor, Para que ele seja glorificado. Essa profecia foi escrita para aqueles que esto aflitos, contritos de corao e aprisionados em suas prprias dores. A promessa para aqueles que recebem o Senhor beleza, alegria, louvor e segurana. Esse livro ilustra como algum pode receber libertao interior e cura no Senhor Jesus. Que voc possa receber todas as promessas do Senhor. Todos os nomes citados no livro so fictcios.

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Captulo Primeiro

AQUELE QUE FERE: O INIMIGOCerta noite teve um sonho muito estranho. Pelo vo de uma porta aberta, eu podia ver vrias cobras rastejando por todo lado e, enquanto observava, uma delas entrou no quarto em que eu estava. minha direita, vi um beb engatinhando em direo cobra. Foi quando notei que a serpente virou-se para o beb, e percebi que a situao era desesperadora. Com uma ferramenta de jardinagem numa das mos empurrava a cobra para fora e, com a outra, tentava agarrar o beb, esforando-me para manter um longe do outro. Acordei no meio dessa luta e tentei discernir o significado do sonho. Descobri que se tratava de uma mensagem de Deus, advertindo que Satans tentaria ferir nosso quinto filho, que estava por nascer. Agora, o fato de nosso inimigo existir no est baseado em sonhos. Sua existncia to antiga quanto a histria do homem. No jardim do den ele apareceu em forma de serpente e enganou o primeiro casal. Seu interesse, desde o princpio, era a destruio total da criao de Deus. A guerra comeou no den. Deus confirmou essa luta incessante quando disse: E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente: esta te ferir a cabea, e tu lhe ferirs o calcanhar (Gn 3.15). Inimizade e hostilidade contnuas existiriam. A semente da mulher, referindo-se diretamente a Cristo, feriria a cabea da serpente. A serpente, por sua vez, feriria Seu calcanhar. O negcio de Satans ferir. Ele injeta certos elementos destrutivos no corao, disseminando mgoas que podem durar a vida inteira. Esses elementos so imperceptveis primeira vista, mas, ao fim, o inimigo obteve um lugar de onde pode oprimir e controlar a vida de sua vtima. Na rea emocional, esses elementos podem ser descritos como: rejeio, amargura, dio, insegurana, medo, etc. No mbito espiritual, Satans trabalha com o orgulho, o egosmo, a rebeldia, etc. Se Satans achar lugar nos sentimentos de algum, ele ir controlar completamente sua vida. A essncia espiritual do homem descreve sua natureza real; o que ele por sua escolha. No entanto, a essncia emocional de um homem se forma sem entendimento consciente ou vontade. Ele pode ser vitimado, ferido ou aprisionado emocionalmente por outras pessoas que o inimigo usa como instrumentos. As crianas so suas vtimas. Satans um ser espiritual e seu trabalho de natureza espiritual. O homem tambm um ser espiritual, por isso o inimigo tem acesso imediato

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a ele por esse caminho. Ao lidar com os problemas humanos, verificamos que eles so primariamente de natureza espiritual. O corpo est associado ao esprito e torna-se veculo das expresses, desejos e aes do esprito. As Escrituras referem-se a ele como o corpo desta morte (Rm. 7.24), indicando o princpio espiritual da morte e do pecado que operam no corpo. O termo "carne" sinnimo do princpio da concupiscncia e de pecado nas cartas de Paulo. Portanto, conclumos que a parte fsica do homem um fator relativamente insignificante em considerao a seus problemas. O homem um ser primariamente espiritual, e seus problemas so dessa natureza. As feridas emocionais que Satans inflige so, frequentemente, fatores que contribuem em larga escala com os diversos problemas espirituais do homem. De que modo Satans dissemina essas feridas? Vejamos algumas maneiras.

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Captulo Segundo

AS VTIMAS SO OS INOCENTESSeu nascimento no fora desejado. Rejeio foi o que Sue conheceu desde o princpio. A vida poderia ter-lhe sido agradvel naquela pequena cidade americana: coleguinhas, um irmo que ela amava e avs carinhosos. Mas o inimigo lhe tinha planejado uma vida de rejeio, de culpa, de dio de si mesma e de medo. Sue tinha as ansiedades naturais de uma criana receber o amor do pai e da me e ter a segurana de um lar. Mas isso lhe foi arrancado das mos quando os problemas surgiram; sua casa se encheu de dio e o lar ficou dividido. Sue conheceu apenas a punio impiedosa e as censuras cruis de sua me, enquanto era desprezada por seu pai. Muitas vezes a garotinha se esgueirava para os fundos da casa, a fim de sarar suas feridas e recuperar-se das ladainhas incessantes e cheias de ira. No havia paz na casa. Ao contrrio, uma certa nuvem agourenta a cobria, esperando pelo momento exato de irromper-se com destruio. Bem, pelo menos ela tinha suas amiguinhas e seu irmo. Uma das ordens frequentemente repetidas era: "No cheguem perto do rio!" Crianas que eram, Sue, seu irmo e seus amigos esqueceram as advertncias, e foram brincar perto do rio. Logo entraram na gua e se afastaram da margem. A correnteza derrubou-os e carregou-os para longe. Sue, seu irmo e seus outros trs colegas conseguiram se arrastar para fora do rio, mas sua melhor amiga se afogou. A ira de seus pais, que colocaram sobre ela toda a responsabilidade pelo incidente, trouxe-lhe tamanho sentimento de culpa e remorso a respeito da morte de sua amiga que Sue comeou a se odiar. Ela e seu irmo foram colocados em um colgio interno, depois que sua me abandonou o lar. Era tempo de guerra e o pai foi convocado pelo exrcito. Medo e solido preenchiam cada dia; revolta, desobedincia e punio se sucediam, em um ciclo interminvel. A vida tornou-se insuportvel. Um dia, o fio pelo qual a vida de Sue estava presa arrebentouse com a notcia de que seu av tinha morrido. Ele era o nico ser vivo que ela sabia que realmente a amava, e, naquele momento, partira. A vida chegara ao fim para aquela garotinha de oito anos de idade, e ela comeou a planejar sua fuga do colgio. Mas no poderia escapar das feridas profundas de sua vida e da dor de sua alma. Por ser rejeitada pelos outros, passou a rejeitar a si mesma; tendo recebido dio, comeou a odiar-se e aos outros; por ter sido to acusada, comeou a culpar-se por tudo. Depois de algum tempo, chegou ao

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desespero total, a ponto de tentar o suicdio. Nesse momento, Deus a salvou da morte e comeou a restaur-la. As verdades que so compartilhadas neste livro vieram luz a partir da experincia de ajudar Sue e tantas outras a alcanar a cura que buscavam no Senhor Jesus. O indivduo ferido emocionalmente percorre uma montanha russa de emoes, que o leva do alto do xtase s profundezas da depresso, subindo e descendo constantemente, deixando a depresso, a misria, o medo, a frustrao e a ansiedade em seu rastro. A instabilidade emocional origina-se nesses fortes sentimentos oscilantes, que dificilmente so controlados. De onde eles vm? Por que aparecem? O que se pode fazer a esse respeito? Deve-se ficar atormentado com isso uma vida inteira? Essas dvidas aparecem quando se comea a lutar para agir com maturidade e para ser a pessoa que a sociedade espera que seja. O conflito interior a acompanha inexoravelmente at explodir de forma que afete os relacionamentos e crie problemas. Os problemas emocionais mais ntimos geralmente se manifestam como problemas nos relacionamentos. Voc tem medo das pessoas? Tem sentimento de culpa? Sente-se desvalorizado? Tem medo de receber ou dar amor? Essas perguntas quanto ao relacionamento com outros podem apontar alguma rea ferida de seu passado que nunca foi curada e que permanece afetando cada relacionamento que voc estabelece. Somos criaturas relacionveis. Faz parte da natureza do homem alcanar outros, responder, dar e receber. Na verdade, nossa vida construda entre relacionamentos, sendo o mais importante o que acontece entre uma criana e seus pais. Depois vem o relacionamento com os irmos, amigos e, finalmente, o casamento. Muitos problemas emocionais surgem da relao pai-filho. Desse relacionamento, a criana deve receber amor, segurana, identificao prpria, auto-estima, autodisciplina tudo que a transforme em uma pessoa amadurecida emocionalmente. Se essas qualidades estiverem faltando, a criana sofrer e ter problemas quando ficar adulta. Os traumas advindos do relacionamento entre pais e filhos podem ser os mais severos e duradouros da vida de quem os tem. Os fatos a seguir so exemplos verdicos de feridas e traumas surgidos no relacionamento entre pais e filhos. Mary tentou o suicdio trs vezes, alm de se entregar bebedeira, numa tentativa de se esquecer de si mesma. Ela reclamava de um grande vazio interior. Vinda de um lar destrudo, lembrava de seu pai como uma pessoa incapaz de demonstrar amor. As palavras de rejeio eram contnuas: "Saia daqui!", "Voc no minha filha!" "Odeio voc!" Isso tornou-se uma dor insuportvel que destruiu todo o senso de

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dignidade daquela jovem e quase a levou destruio. Uma outra moa lamentava que desejava casar-se, mas ainda tinha muito medo do casamento, Gostaria de ajudar as pessoas, mas sentia que no tinha nada para dar. Queria ter comunho com Deus, mas ainda no conseguia crer que Ele a amava. Proveniente de um lar destrudo, carregava a culpa de ter tido de escolher a me e rejeitar o pai. Isso lhe causou um cisma na alma que nunca foi curado e a fez temer o relacionamento conjugal. Certo homem tinha exploses de violncia e de ira que atormentavam sua vida e ameaavam seu casamento. Sua infncia fora uma histria de surras, rejeio e amargura vindas de sua me, que o havia concebido fora do casamento. Sua vida emocional estava cheia de feridas, e ele disseminava traumas sobre os outros em sua famlia. Outra jovem passou dois anos na ala psiquitrica de um hospital em depresso contnua. Ela no conseguia relacionar-se com os outros, chegou ao ponto de rejeitar seus pais e tentar suicdio diversas vezes. Esse estado to grave teve origem na prtica de abuso sexual praticado por seu pai quando ela era pequena. Tornou-se emocionalmente incapaz de lidar com o trauma e recusava-se at mesmo a lembrar do incidente. O inimigo de nossas almas tenta disseminar suas feridas nas pessoas, especialmente em crianas inocentes; mutilando-as de tal maneira que, emocionalmente, elas no consigam desenvolver-se normalmente. Feridas profundas infligidas em almas delicadas produzem prejuzos emocionais e sintomas dos quais nunca se consegue recuperar, a no ser que se encontre uma soluo espiritual. Por meio desses traumas, Satans encontra uma brecha para atormentar e controlar suas vtimas. Mas Jesus veio para trazer cura emocional. Cristo pisou na cabea de Satans, por intermdio de Sua obra redentora, assim como Deus prometera no den. Os problemas mais comuns so os medos enraizados tambm em experincias do passado que atormentam as pessoas. Por exemplo: Uma senhora crist era atormentada pelo medo da morte. Por ser firme em sua f e fervorosa em seu relacionamento com Deus, no havia razo aparente para aquele medo. O Esprito de Deus revelou que, aos seis anos de idade, ela havia sido levada casa de um homem que morrera; urna onda de temor tragou-a, e ela correu para fora da sala, em estado de choque e ofegando. Aquele medo importunou-a por muitos anos. Satans pode at mesmo atingir um beb ainda no nascido. A prtica do aborto vem destruindo milhares de vidas, mas a pessoa que no foi desejada e nasce pode ter sintomas terrveis de rejeio. A me no

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apenas mantenedora de uma vida, mas comunicadora de bem-estar. Ela pode comunicar amor ou rejeio; sua prpria opresso, seus medos e inseguranas. Por exemplo, nosso terceiro filho sofre de autocomiserao. Ele incapaz de receber correo de qualquer tipo sem reagir com autocomiserao, criando um problema na disciplina. Ele nosso nico filho que responde dessa maneira. A explicao aparente uma circunstncia anterior a seu nascimento, quando sua me passou por algumas experincias desagradveis que a jogaram em autocomiserao e rejeio, A criana nasceu depois da situao resolvida, mas quando as coisas se voltam contra ele, sua reao a autocomiserao, como sua me fazia quando estava grvida. Essa premissa uma opinio baseada apenas em observaes pessoais, o que torna difcil prov-la, mas tenho verificado que quase todos os filhos adotivos sofrem de rejeio. Lembro-me, particularmente, de um dos muitos exemplos que poderiam ser dados. Uma jovem fora adotada desde a infncia por pais cristos que a amavam e transmitiam esse amor e carinho de todas as maneiras possveis. Mas ela foi totalmente incapaz de receber seu amor e abandonou o lar. Ela nem recebia, nem dava amor. No tinha condies de mudar a si mesma e foi incapaz de at mesmo considerar a hiptese de se casar. Por meio das feridas, Satans tem modos de formar o conceito que a pessoa tem de si mesma; a auto-imagem determina grandemente o que ela ser. O trauma da rejeio a deixar com a auto-imagem de inutilidade e inferioridade. Muitos caem na sndrome do fracasso, por fazerem um conceito equivocado de si mesmos. As crianas podem considerar-se burras, idiotas, feias, inaceitveis, etc. Essas opinies so formadas pelos comentrios dos pais como "seu burro", "seu idiota", "voc nunca vai aprender nada", "voc no presta pra nada", etc. Tais palavras agem como uma maldio sobre a criana para transform-la na imagem das palavras faladas. As palavras podem ferir profundamente; com isso o inimigo de nossas almas encontra um lugar para operar. Depois que a barreira foi levantada, fica muito difcil derrub-la. Toda vez que eu falava em um lugar diferente, o medo me assaltava, e, mesmo depois de anos dando palestras, o medo no diminua. Depois de analisar a mim mesmo, vi que tinha medo de cada novo evento que empreendia. Quando orei, pedindo a Deus uma resposta, o Senhor mostroume que aquele medo de novas experincias comeou no nascimento. Visto ser o primeiro filho, minha me no estava preparada para dar luz, exceto com muito temor. Sem o conforto de um hospital, ela quase morreu antes que eu nascesse. O medo daquele acontecimento deixou uma impresso

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inconsciente em mim e fazia de cada situao ou experincia nova um tormento de temores que se expressavam em pensamentos do tipo: "Eu no consigo! Eu no consigo!" at que o Senhor me curou completamente daquela situao. Nosso subconsciente se torna um reservatrio de todas as experincias passadas, de onde as respostas emocionais fluem para as situaes presentes. Encontramos uma barragem de impulsos vindos de pensamentos padronizados, criando e renovando sentimentos de depresso, ira, ressentimentos e medos. Nossa resposta no mais racional; no estamos mais sob controle. Nossas respostas emocionais surgem como ondas que nos engolem. Essa situao foi criada por experincias do passado armazenadas no subconsciente, e o consciente repete constantemente certos pensamentos padronizados de preocupao, medo, ansiedade, rejeio, etc, que surgem vindos do subconsciente. O Senhor quer que sejamos livres. Sua vontade como o fator governante de sua prpria vida, deve ser livre para governar suas aes e decises. Enquanto voc alimenta traumas do passado, o inimigo tem meios para atorment-lo e oprimi-lo.

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Captulo Terceiro

A CHAGA DA REJEIOA ferida mais profunda que pode ser infligida por nosso inimigo a rejeio. Debbie tinha trs anos de idade, quando seu pai beijou-a, despedindo-se. Ela nunca o conhecera bem e, l no fundo, sentia que nunca a amara. Algum tempo depois do divrcio, sua me casou-se novamente. Suas expectativas de amor paternal foram destrudas quando foi molestada por seu padrasto. Aos treze anos, arrumou suas malas, fugiu e comeou a viver com vizinhos. A maior parte de sua vida, a partir daquele instante, consistia em mudanas constantes, de um lugar para outro. Seu irmo tambm sofreu; ele desenvolveu um bloqueio mental e comeou a agir como um garotinho. A vida de Debbie estava caindo aos pedaos; a solido e a rejeio ocupavam seus dias, e ela comeou a afastar-se de todos. Era atormentada pelo medo do perigo. Sentia pontadas no corao e terrveis dores de cabea. Pensamentos lascivos ocupavam sua mente. Quando buscava a Deus, sentia-se acusada: "Voc est em pecado diante de Deus, Ele no a ama." A opinio da garota em relao a si mesma dependia do amor e da aceitao de seu pai. A rejeio destri a auto-imagem. Basicamente infeliz, o mundo de Debbie estava vazio. Por ter sido rejeitada por seu pai, acabou desenvolvendo uma imagem negativa de si mesma. A dvida que lhe causava medo era: "Se meu pai no pode me amar, quem poder? Qualquer prospecto de um futuro casamento estava, no mnimo, muito obscuro. Ela no conseguia acreditar que algum fosse capaz de am-la. Ser que estaria condenada a viver sem conhecer a segurana do amor? Debbie, como muitas garotas que so rejeitadas, tornou-se promscua. Comeou a usar seu corpo para obter a afeio que no pde receber da maneira normal. Os relacionamentos com os homens nunca foram duradouros; ela no podia entregar-se ou acreditar que algum pudesse am-la realmente. Aqueles momentos de intimidade fsica deixavam-na sempre vazia e solitria. Levou muito tempo para Debbie se convencer de que algum podia am-la. Sua auto-imagem havia sido destruda pela rejeio de seu pai. Como nunca conhecera o amor paterno, no tinha amor-prprio. Sem ele, o ingrediente bsico para receber amor estava faltando. Uma imagem negativa de desvalor e feiura tinham de ser posta de lado. Teve de enfrentar a si mesma e chegar ao ponto de auto-aceitao. Um fator primordial para alcanar esse ponto foi receber o amor e a aceitao do Pai Celestial. Ela

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sentiu-se, pela primeira vez, verdadeiramente amada e aceita. A criana pode sofrer a rejeio de diversas maneiras, mas o divrcio quem produz os resultados mais duros. Um relacionamento familiar quebrado sempre deixa uma ruptura na formao emocional da criana, que a importuna com inseguranas e temores. Em muitos casos, para escapar desse dilema, ela vive em um mundo imaginrio, que ela mesma constri, ficando despreparada para enfrentar a vida caiando for adulta. A criana no somente se sentir rejeitada por aquele que parte, mas a mgoa e a amargura do que fica so quase sempre transmitidas, ensinando, portanto, a criana a odiar. Seus efeitos so desastrosos na vida de uma criana. Os muitos ingredientes que formam a vida emocional so provenientes do relacionamento entre pai e me. Pais que foram rejeitados geralmente comunicam rejeio a seus filhos. Caso aps caso de rejeio, a pessoa quase sempre diz: "Meu pai no conseguia demonstrar amor." Mais tarde, a pessoa pode concluir que seu pai a amava de fato. Mas se os pais no comunicam amor a um filho, cria-se um vcuo em sua essncia emocional que a deixa interiormente vazia e emocionalmente mutilada. Esse vazio, criado pela rejeio, d lugar ao inimigo para atormentar com auto-rejeio, auto-imagem negativa, solido, depresso e um mundo imaginrio. s vezes os pais pensam que esto demonstrando amor, dando coisas materiais ao filho. Nesta gerao de prosperidade material, mais crianas sofrem rejeio do que em qualquer outra poca. Os pais esto muito ocupados em ganhar dinheiro e em atender a todos os desejos pessoais da famlia; a vida e os laos familiares, porem, nunca estiveram to desgastados como em nossos dias. Coisas no substituem a transmisso de amor e aceitao. E necessrio dar um pouco de tempo e um pouco de si mesmo para comunicar amor. Creio que as crianas sentem-se rejeitadas quando seus pais so alcolatras. O vcio do lcool parece indicar outro problema pessoal que os pais procuram encobrir, ou faz com que a pessoa perca a comunicao com sua famlia. A comunicao quase sempre fracassa em uma famlia onde h bebedeira, e as crianas, sem dvida, sero rejeitadas. Outros pais estabelecem padres elevados para seus filhos e mostram aceitao s quando esses padres so alcanados. A criana se tornar muito competitiva, a fim de ganhar a aceitao dos pais. Ela associa amor e aceitao ao desempenho e, quando o fracasso vem, tende a rejeitar-se, em razo de seu desempenho ter sido rejeitado. Certa vez, uma jovem muito bonita, que parecia ter tudo indo bem na vida, procurou-me no escritrio para aconselhar-se. Fiquei surpreso quando ela disse: "Tenho medo de ser rejeitada; sinto-me muito insegura no

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relacionamento com os rapazes. Sinceramente, no acredito que eles possam me aceitar como sou e me difcil acreditar que o amor das pessoas seja genuno." Logo descobri que seu pai era um perfeccionista que mostrava aprovao somente quando ela se desempenhava bem. Ele apontava constantemente as coisas ruins que ela fazia, de modo que seu autoconceito foi desfeito com dvidas. Embora exteriormente fosse bonita e tranquila, interiormente era muito insegura e temerosa. A dvida lhe atormentava como uma assombrao: "Ser que algum conseguiria me amar exatamente como sou?" A pessoa que cresce sob o signo do perfeccionismo geralmente ver a Deus da mesma maneira. Elas no podem acreditar que Deus pode amlas exatamente como so, por isso trabalham constantemente para alcanar a aceitao de Deus. Quando o suficiente feito, sentem-se aceitas por um momento. Mas quando no atingem completamente seu padro preestabelecido, comeam imediatamente a sentir-se novamente rejeitadas. So levadas a se esforar e a trabalhar constantemente; no h descanso no seu relacionamento com Deus; no conseguem receber o amor de Deus. No conseguem dizer: "Deus me ama apenas pelo que sou, no tenho de conquistar Seu amor; no tenho de me fazer de bonzinho. Deus me ama apenas pelo que sou." O perfeccionista baseia seu relacionamento em seu desempenho. O amor de Deus incondicional, mas ele no capaz de aceitar isso incondicionalmente. Disciplinar rejeitando tambm faz com que a criana sofra emocionalmente. Em vez de seguir os princpios bblicos de disciplina, os pais simplesmente cessam de se comunicar com a criana e, geralmente, se aproximam dela com atitudes negativas de rejeio e de fracasso. A rejeio transmitida pelos pais destruir o senso de dignidade da criana e far com que ela perca toda a motivao para a vida. Pais sbios se lembraro que o senso de dignidade da criana nunca deve ser destrudo. A disciplina e o amor devem andar juntos. Dessa maneira, a criana no ser ferida pela punio. Vamos agora considerar os resultados da rejeio. Primeiro, a rejeio resulta em imaturidade emocional, impedindo seu desenvolvimento. A tendncia para a autocentralizao sempre um sinal de imaturidade pode surgir fora da rejeio. O fracasso no estabelecimento e manuteno de relacionamentos duradouros, aliado falta de habilidade para dar e receber amor so sinais de imaturidade emocional. Somente uma pessoa amadurecida pode estabelecer relacionamentos estveis. Amor, aceitao e aprovao so necessrios para o crescimento emocional. Uma garota que no tenha recebido amor de seu pai, buscar esse

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amor no casamento, o que gera um problema no relacionamento conjugal. Algum j disse que "h uma garotinha e um garotinho, uma mulher e um homem em cada cama de casal Isso significa simplesmente que cada pessoa tem reas de imaturidade emocional nas quais ele ou ela ainda tem necessidades bsicas e respostas correspondentes s de uma criana. Muitas vezes acontece de uma moca que no foi aceita por seu pai sentir-se atrada por um homem muito semelhante a ele, justamente em razo dessa necessidade de infncia que no foi satisfeita. Aps o casamento, ela pode vir a questionar-se porque teria se casado com tal pessoa. E o ciclo de rejeio continua. Como segundo resultado, a rejeio criar um vcuo emocional que ningum conseguir preencher. Por ter sido rejeitada, a pessoa comea a procurar algum para preencher esse vazio nunca muitas, somente uma ou duas. Se for um amigo, o relacionamento logo se torna muito ntimo e a pessoa rejeitada comea a construir sua vida inteira ao redor da outra. Ela se torna muito possessiva quanto ao amigo, ressentindo-se por qualquer amizade fora desse relacionamento por parte do outro. O amigo se v abafado e preso por esse relacionamento e logo comea a recuar. Toda vez que o amigo se comporta com frieza ou tenta se afastar da pessoa rejeitada, isso o suficiente para sua alma sensvel sentir-se ofendida, e o relacionamento geralmente se rompe em meio a uma exploso de ira e cime. A mesma situao pode acontecer em um casamento. A esposa, por exemplo, por no ter recebido o amor paterno, comea a se apegar demais ao marido e a exigir constante ateno dele. Ela se torna completamente dependente do marido; baseia toda sua vida nele. Seu vazio interior faz com que ela exija muito mais do que ele lhe possa dar. Depois disso seguese a manipulao, e ele se torna quase um dolo quando corresponde. Do mesmo modo, torna-se quase um escravo para atender seus caprichos ou suas exploses de ira e dio. Podemos ver os problemas que podem acontecer. A Bblia diz: Por trs cousas se alvoroa a terra, e a quarta no a pode suportar: [...] pela mulher aborrecida, quando se casa (Pv 30.21,23). O marido se torna passivo ou aguenta os ataques de ira de sua esposa. O amor que tem domnio sobre o outro no amor. Lembro-me de um caso em que o casamento durou vinte e cinco anos nessas condies. Sally exigia ateno total de Bill. Esperava que ele preenchesse o vazio que estava dentro dela desde sua infncia. Quando ele chegava em casa do trabalho, ela preparava seus pratos preferidos, acomodava-o em sua poltrona favorita e o servia. Em compensao, exigia sua ateno de uma maneira muito possessiva; tinha cimes de qualquer um que precisasse do tempo dele. O marido no podia ter amigos ntimos nem passar algum

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tempo fora. Em casa, ele, pouco a pouco, se tornou cada vez mais passivo, completamente dominado por Sally. Ela no permitia que ele disciplinasse ou mesmo se comunicasse com os filhos. Desde que eles nasceram, ela deixou claro que eles seriam dela e que no pretendia compartilh-los. Sua possesso reduziu seu marido a um estado de completa passividade. Ela exigia sua ateno total, no entanto no lhe dava amor. O relacionamento se tornara uma via de mo nica, ela baseou sua vida nele, e no tinha nada para lhe dar em troca. O problema da rejeio pode destruir um casamento. Como no exemplo acima, o casamento desintegrado, perdendo sua vitalidade e vida, levou perda da espontaneidade e individualidade. Sally chegou a ponto de ter um colapso nervoso completo, mantendo-se base de drogas. Cheia de ira, dio e amargura, ao mesmo tempo em que amava, ela odiava seu marido. Mais uma palavra a respeito de rejeio e casamento. Quem sente-se rejeitado pode assumir uma atitude muito passiva no relacionamento conjugal, no ter iniciativa, no tomar decises, ficando completamente satisfeito em ser qualquer coisa que a outra pessoa quer que seja. Esse estado passivo tambm cria um relacionamento de mo nica que logo perde sua vitalidade e vida. Com a falta de qualquer espontaneidade e individualidade, o casamento perde o significado. Aps algum tempo, o cnjuge pode perder o interesse e, por uma razo no aparente, abandonar o lar. Isso , geralmente, um choque para aquele que tentava ser tudo o que dele era esperado. Essa passividade, que causa a perda da individualidade total, pode ter origem na rejeio. O vazio criado pela rejeio pode levar a pessoa a lutar por sucesso, para ser o melhor profissional de sua rea, para sobressair-se, para alcanar reconhecimento. Pode ser uma fora condutora interior. Dedicao extrema ao trabalho ou carreira pode indicar vazio interior. Outros tentam preencher o vazio com prazeres e auto-satisfao. A glutonaria pode ser um problema. Alguns tornam-se totalmente envolvidos em atividades que deveriam ocupar apenas parte de seu dia como esportes, jogos, bebida, etc. Alguns inclinam-se para crculos sociais a fim de preencher esse vazio, de tal maneira que a popularidade e o reconhecimento tornam-se seus alvos mais importantes. Outros se inclinam para o sexo, tornando-se promscuos no af de preencher o vazio. Algumas pessoas se inclinam at mesmo para a religio, a fim de encontrar um lugar onde se sintam necessrias e possam ocupar um lugar de destaque. Algum assim precisa estar numa posio em que seja requisitada, para que assuma a imagem de salvador no relacionamento com outras pessoas. Isso uma fora motriz no preenchimento do vazio interior.

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Um terceiro resultado da rejeio a solido e o medo, com barreiras construdas para proteo contra mgoas futuras. Desconfiana e medo dos outros levam a pessoa a retirar-se para uma distncia segura dentro da barreira. Porm, no seu interior, a pessoa est solitria, insegura, precisando do amor de algum. Exteriormente, permanece uma crosta de dureza e indiferena queles que possam tentar se aproximar. Gente desse tipo encontra-se vivendo dois papis. O medo da rejeio domina sua vida e contribui para que ela no saia de sua camada protetora. Um quarto resultado da rejeio a auto-rejeio; a pessoa perde seu valor prprio. Ou seja, chega a aceitar a rejeio dos outros como indicao de seu valor prprio, o que produz uma auto-imagem negativa e, s vezes, um esprito crtico. Enquanto a auto-imagem negativa reduz ou.limita cada potencial que a prpria pessoa possa ter, o esprito crtico, que pode apontar para ela mesma ou para outros, muito mais destrutivo. Quando a pessoa olha para si mesma, geralmente valoriza seus pontos fracos e fracassos, comparando-se constantemente a outros. Se ela se considera melhor do que os outros, o orgulho crescer; se considerar-se inferior, a auto-rejeio aumentar ainda mais. De uma forma ou de outra ela se frustra. No poupando a si mesma dessa avaliao dolorosa, ter uma tendncia a ser crtica com os outros. Padres elevados sero levantados; ela se erguer, pisando nos outros. Sua ambio rebaixar todos para que possa ter um senso de dignidade. Este alerta das Escrituras pode nos livrar de muitas dores: Porque no ousamos classificar-nos, ou comparar-nos com alguns, que louvam a si mesmos; mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos, esto sem entendimento (2 Co 10.12). A auto-rejeio conduz para o fundo de um poo repleto de negativismo, murmuraes e orgulho derrotista. Perder a prpria identidade o quinto resultado da rejeio. A identidade da criana, menino ou menina, encontra-se no pai. Quando ele no comunica amor e aceitao, uma crise de identidade surgir. A criancinha tentar ser aquilo que lhe traga a aprovao dos pais. Posteriormente, aos dez anos de idade, ela buscar identidade em seu grupo de amigos. Quando adulto, buscar identidade em uma profisso, igreja, clube ou em algum outro lugar. O homem precisa ter identidade prpria. Quando isso lhe falta, podese unir psicologicamente a algum e imit-lo. Exemplos extremos de falta de identidade seriam a homossexualidade e a esquizofrenia. No entanto, muitas pessoas que se sentem rejeitadas lutam consigo mesmas, tentando criar uma pessoa aceitvel aos outros. A opinio das pessoas torna-se um fator decisivo. Elas lutam para se encaixar em moldes nos quais elas

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possam ser aceitas. Um sexto resultado da rejeio a instabilidade, um relacionamento com Deus cheio de altos e baixos. Essa instabilidade ocorre pelo fato de se crer que Deus no pode am-la como ela . O relacionamento com Deus baseia-se no seu desempenho. A vida da pessoa rejeitada caracteriza-se em obrigaes e atividades constantes, numa tentativa de relacionar-se com Deus. Se ela trabalhar muito ou desempenhar-se bem, ela acredita que Deus a aceitar. O amor incondicional e a aceitao total por Deus esto fora de sua compreenso. Um bom cristo perguntou-me certa vez: "Por que no sou curado? Sei que Deus cura os outros! Respondi: "A rejeio em sua vida destri sua f. Na verdade, voc no acredita que Deus ir cur-lo. mais fcil voc acreditar na ira de Deus do que em Sua misericrdia. mais fcil acreditar que Deus no o ama do que o contrrio/ Aqui est um homem que nunca conheceu o amor paterno porque seu pai nunca teve tempo para ele quando era garoto. Em vez de aceit-lo, seu pai sempre dizia: "Voc um burro!" Por ter sido rejeitado por seu pai terreno, era difcil acreditar que Deus realmente se preocupava com ele. Sua f foi destruda pela rejeio. Torna-se necessrio considerar um ponto extra sobre esse assunto. O relacionamento com o Pai Celestial edificado no relacionamento com o pai terreno. Aqueles que cresceram sob rejeio no tm nada em que possam edificar um relacionamento espiritual com Deus. Eles tendem a ver o Pai Celestial da mesma maneira que veem o pai terreno. Levam muito tempo para ver a Deus como seu Pai. Uma jovem expressou seu problema dizendo: "Posso orar a Jesus como Salvador, mas a Deus como Pai impossvel para mim." A imagem de pai que ela possua estava distorcida devido ao rompimento do convvio que tivera com seu pai natural. necessrio edificar um bom relacionamento paternal, porque assim como acontece na vida natural, acontece na vida espiritual. A identidade prpria encontra-se no pai. Concluindo, o homem criado imagem de Deus. Suas necessidades bsicas satisfazem-se por meio da comunicao do amor e da aceitao. Quando a rejeio aparece, a pessoa privada de amor, segurana, aceitao, identidade e reconhecimento as cinco necessidades bsicas da alma. Quando elas so cortadas, a pessoa no consegue desenvolver a maturidade emocional. A rejeio uma das feridas mais profundas que pode ser infligida pelo inimigo. O resultado mutilao e destruio no ser total da vtima.

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H graus de rejeio, e o inimigo capaz de afligir proporcionalmente com solido, medo, insegurana, inferioridade, timidez, depresso, etc. Esses elementos agem como veneno, injetados no sistema emocional. Nenhum homem foi feito para ser rejeitado; seu sistema no suportar. O homem foi feito para ser amado e aceito.

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Captulo Quarto

FERIDO E AMARGURADONessa gerao, o exemplo mais vergonhoso de selvageria e brutalidade aconteceu no Camboja. No comando desse regime sanguinolento estava um homem que responsvel pela morte de milhes de pessoas de seu prprio povo. Quem esse Khieu Samphon do Camboja? Seus colegas de classe lembram-se dele como um garoto quieto que nunca reagia aos pontaps, murros c maus-tratos dos outros garotos. J crescido, era descrito como solitrio. Nunca teve relacionamentos com o sexo oposto e dizem que sexualmente impotente. Aquele menino quieto que nunca reagia, aquele jovem que permanecia solitrio, tinha um vulco de amargura e dio remoendo as feridas do passado e que entrou em erupo, trazendo destruio a seu prprio povo. Ningum consegue viver amargurado; veneno para a alma. Pode transformar completamente o carter de uma pessoa. Frieza, severidade, falta de perdo e dio caracterizam a pessoa que amargurada. O veneno da amargura aparecer na fala da pessoa, desde que o assunto da conversa esteja relacionado com suas feridas e injrias pessoais. A vingana ser dirigida queles que forem considerados responsveis pelos ferimentos. Outros so jogados nessa correnteza de amargura, produzindo solidariedade em meio a guas amargas. A amargura a primeira a ser detectada na fala da pessoa. Depois vm os gestos e as atitudes. difcil tolerar um esprito amargurado, a no ser que se tenha um. O amargurado tem facilidade para atrair outros com os mesmos problemas. Em nossa gerao, surgiram muitos grupos que arrastam jovens para dentro de seu convvio. Um destes grupos, os "Meninos de Deus", comeou com David Berg, que, no comeo, era um sincero homem de Deus. Pastor de uma pequena igreja da Aliana Crist, lutava para sustentar sua famlia. Apesar de a igreja crescer e ter muitos membros em condies de contribuir bem, eles no se preocupavam em ver se as necessidades da famlia do pastor eram satisfeitas. A famlia no tinha o que comer e vestir. A mgoa do jovem pastor comeou a aparecer em seus sermes, enquanto censurava as pessoas por suas falhas no compromisso cristo. Estas respondiam com o mesmo esprito, recusando-se a serem condenadas semanalmente do plpito. Finalmente, pediram para que o jovem partisse. A ferida de sua alma tornou-se mais profunda em seu ser, fazendo-o oscilar entre a f e a incredulidade, entre o atesmo e Deus, e pensar em se unir a algum grupo radical. Por fim, decidiu iniciar seu prprio grupo, que

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seguiria os princpios cristos. Dentro do grupo, circulavam jovens que tambm estavam machucados, amargurados e com repugnncia da sociedade; e a comunho da amargura comeou. Da amargura vem o engano. David Berg tachou a sociedade de perdida. Os lderes do grupo, que deveriam levantar o padro de retido, caram na imoralidade. Os valores morais foram colocados de lado, e o ocultismo no demorou a aparecer. Finalmente, o fundador proclamou-se o profeta de Deus para essa hora, que recebia a Palavra diria de Deus para Seu povo. A imoralidade e o engano j haviam arruinado o grupo todo. Aqui podemos ver os resultados da amargura: da amargura ao engano, do engano imoralidade. O preo da amargura alto. Nenhuma alma consegue ingerir seu veneno e viver. Para o cristo, ela a peste negra. A amargura tambm ergue muros de isolamento ao redor das pessoas. Elas se escondem atrs desses muros, desconfiando dos outros e temendo ser feridas novamente. Fecham-se dentro de si mesmas; a solido enche sua vida. A amargura deixa uma trilha de relacionamentos rompidos. Quem dela sofre no pensa muito antes de abandonar uma pessoa ou excluir outra; sua dureza e severidade so expostas. A pessoa amargurada sofre com esses rompimentos, e mudanas irrompem em sua prpria vida. Primeira: relacionamentos rompidos traro trevas para a vida. Lemos nas Escrituras: Mas aquele Que aborrece a seu irmo est em trevas, e anda em trevas, e no sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos (l Jo 2.11), A rejeio uma forma de dio. Quando se escolhe o rompimento de um relacionamento, escolhe-se odiar. Ningum consegue odiar sem que as trevas escuream sua vida. Muitas pessoas pensam que um relacionamento rompido traz poucas consequncias, mas um engano. A consequncia mais trgica percebida quando a pessoa amargurada perde sua perspectiva de vida, e assim todos seus relacionamentos tornamse deturpados. Ela comea a agir sem sabedoria; no v a si mesma nem os outros como realmente so. Seu julgamento torna-se errneo. Sua vida perde a direo e ela cai, confusa e desorientada. A escurido encheu sua vida de dio e de relacionamentos rompidos. Segunda: relacionamentos rompidos faro com que a pessoa se torne insensvel. No se pode manter uma srie de relacionamentos quebrados sem tornar-se insensvel. Uma crosta dura se forma sobre a alma. A pessoa fica inconsciente das feridas que est causando nos outros com suas atitudes, palavras e aes. Totalmente fechada dentro de si mesma, torna-se absolutamente egocntrica, incapaz de considerar os sentimentos e as necessidades dos outros. Essa insensibilidade da alma faz com que a pessoa

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perca a capacidade de sentir; e a alma que no sente est morta. Terceira: um relacionamento rompido causa imaturidade. A maturidade emocional vem de uma interao sadia com os outros, e o crescimento emocional cessa quando a pessoa se recusa a manter um relacionamento saudvel. Em outras palavras, ningum amadurece no isolamento. Porventura o divrcio, em nossa gerao, no fala de imaturidade? O egosmo e a exigncia de direitos pessoais no caracterizam os dias atuais? Onde esto os traos de abnegao, compromisso, perdo e confiana que so os ingredientes bsicos de um relacionamento duradouro? A imaturidade e os relacionamentos rompidos andam de mos dadas. H um preo a pagar pela maturidade; necessrio compromisso, sofrimento contnuo e perdo, at que ambas as partes estejam amadurecidas o bastante para contribuir para o bem-estar e a felicidade recprocos. Compromisso nos relacionamentos o caminho para a maturidade. A amargura a maior arma de destruio que o inimigo tem sua disposio. Nenhum homem de Deus consegue permanecer firme amargurado. Os ossos branqueados de muitos servos de Deus esto esparramados na trilha da amargura. o caminho para a morte espiritual. Um casal jovem e bonito atendeu ao chamado de Deus para ir a um pas estrangeiro. Fizeram, com grande expectativa, muitos sacrifcios para ir. Ao chegar, foram designados para trabalhar com um missionrio mais velho. Acharam que ele estivesse extraviando-os, e ao trabalho que estavam fazendo. No podiam fazer parte daquela fraude, embora a permanncia deles no pas dependesse do consentimento do missionrio. Encontraram decepo aps decepo at que, finalmente, retornaram desiludidos e feridos. Aps a volta, a mulher ficou seriamente enferma. Houve uma luta repleta de amarguras e mgoas. Teriam eles sido abandonados por Deus? O inimigo por pouco os oprimiu completamente, at que veio a cura e libertou-os das mgoas. O inimigo sabe como .atacar e infligir dor. Quando um ponto vital atingido, o resultado, geralmente, a amargura. A amargura o veneno da alma, um veneno que penetra completamente no ser do indivduo. A consequncia mais sria que isso afasta o homem de Deus. Essa advertncia dada na Palavra de Deus: Tendo cuidado de que ningum se prive da graa de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem (Hb 12.15). Perceba que isso afasta o homem da graa de Deus e torna-se uma fonte de problemas e tormentos constantes para a alma. A passagem precedente ao texto acima descreve a pessoa prestes a

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cair e adverte: Portanto tornai a levantar as mos cansadas, e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas para os vossos ps [...] Segui a paz com todos [...] (Hb 12.12-14). Aqui est a resposta: Segui a paz. No deixe a amargura produzir dio e relacionamentos rompidos; mantenha a paz com todos a todo custo. Deve-se estar consciente da amargura em relao a Deus como resultado de circunstncias adversas ou de frustraes na vida. Tende-se a esquecer que Deus no o responsvel por todo o mal que est no mundo. A experincia de J um exemplo para todos os homens. Ele recusou-se a acusar a Deus de injusto. Mesmo no entendendo, esperou pacientemente pela salvao de Deus. Seus amigos tentaram persuadi-lo de pecado ou julgamento. Sua esposa tentou desvi-lo de confiar em um Deus que permitisse tais coisas. Mesmo assim, permaneceu submisso e confiante, crendo no carter de Deus em ser justo e misericordioso para aqueles que clamam a Ele. Recusou-se a ficar amargurado. O objetivo do inimigo no foi alcanado; J derrotou-o, recusando a amargura. Essa uma lio para todos os cristos. Nunca procure encontrar uma falha em Deus; no se torne Seu acusador. A amargura para com Deus o destruir. Ele no seu inimigo. espere nEle, e Ele ser a sua salvao. A questo : voc consegue confiar no carter de Deus nos dias maus como nos dias de bonana? Voc realmente conhece o carter de Deus?

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Captulo Quinto

LIBERTANDO-SE DAS MGOASEles eram amigos muito ntimos; as duas mulheres e seus maridos divertiam-se juntos nos passeios e partilhavam muitas coisas em comum. Parecia haver uma ligao comum entre as duas famlias. Joy trabalhara arduamente nos anos anteriores, financiando os estudos de seu marido; agora, aqueles anos de trabalho rduo estavam sendo recompensados, uma vez que ele gozava dos benefcios de uma profisso lucrativa. Os filhos vieram para aumentar a alegria do casal. Parecia que a vida daria o que h de melhor para ela e sua famlia. Tudo era perfeito. Ela comeou a receber cada vez mais amigos de seus filhos noite. Por seu marido estar trabalhando at tarde, aceitava a solido pacificamente. De repente, seu mundo caiu. O marido pediu-lhe o divrcio; apaixonara-se por sua melhor amiga e decidira casar-se com ela. Veio o divrcio; dois lares foram destrudos e Joy ficou sozinha. Seu futuro maravilhoso desvaneceu-se; todo aquele trabalho rduo para ajudar a carreira de seu marido tambm fora em vo. Sua melhor amiga lhe trara e ela ficara s, com uma mgoa to profunda que lhe parecia ser impossvel recobrar-se. Aquela ferida poderia ter destrudo sua vida, se ela no soubesse como se livrar das mgoas. A reao natural a vingana carregada de amargura e de dio. Mas ela descobriu a liberdade para viver novamente, sem as feridas e amarguras. Joy aprendeu o caminho do perdo. Na medida em que entregava as mgoas a Deus e escolhia perdoar seu ex-marido, experimentava o poder curativo do Senhor. Dela saiu o peso enorme da rejeio e das mgoas e ela passou a experimentar o amor de Deus to profundamente que sua vida mudou completamente. Ao invs de comunicar amargura a seus filhos, passou a ensin-los a perdoar e a amar o pai. H, na Bblia, a histria de uma mulher que deixou sua terra natal com seu marido e dois filhos. Longe de sua terra e de sua parentela, o marido e os filhos morreram. Quando voltou para casa, disse a seus amigos: No me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso. Ela escolheu carregar a amargura da perda e mudou seu nome para Mara, que significa amargo. No necessrio mudar de nome; h um caminho para ser livre das feridas e da amargura. Jesus contou a parbola de um homem que tinha um servo. Este devia o equivalente a dez milhes de dlares a seu senhor. Quando o servo percebeu que no poderia pagar, suplicou a misericrdia de

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seu senhor e ele lhe perdoou toda a dvida. Lemos nas Escrituras: Ento o senhor daquele servo, movido de ntima compaixo, soltou-o e perdoou-lhe a dvida (Mt 18.27). Aquele senhor poderia ter lanado o servo na priso, vendido sua mulher e seus filhos como escravos; poderia ter dado vazo ira e mgoa vingando-se. Ao invs disso, escolheu libertar o servo e perdo-lo. Na passagem acima, h duas palavras-chaves que nos apresentam o segredo de como ser liberto das feridas e amarguras. Primeiro, o senhor soltou o servo. Essa palavra, no original, significa "deixar livre, libertar algum de alguma coisa". Tem a conotao de soltar um cativo de suas cadeias. O senhor da parbola deixou o servo livre de sua dvida. Depois, o senhor perdoou-lhe a dvida. Uma coisa conformar-se com a perda de uma quantia em dinheiro, mas outra, bem diferente, ter a atitude correta corri a pessoa que lhe causou a perda. O senhor no guardou nenhum ressentimento em relao a seu servo. Ele no somente deixou-o livre da divida, mas tambm no guardou nada contra o homem. Perdo, no texto original, tem o sentido literal de "deixar ir, mandar embora". Tambm traduzido como "cancelar, remir, desculpar". O senhor escolheu deixar o homem ir livre de qualquer obrigao. O homem estava desculpado. Eis aqui, ento, os dois passos para se ficar livre das feridas e amarguras. Primeiro: libere tudo o que a pessoa lhe deve. Segundo: deixe a pessoa livre de todas as obrigaes para com voc. Desse modo, voc estar abrindo mo de receber o que por direito lhe pertence e permitindo que a pessoa se v sem obrigaes. Essa a chave para ser liberto. Se voc tem dificuldade para perdoar o que a pessoa lhe deve, caminhe a segunda milha. Jesus disse: E ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te o vestido, larga-lhe tambm a capa; e se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas (Mt 5.40-41). A verdade ensinada aqui que se deve ir alm do que requerido. Isso tambm se aplica ao perdo. Dois amigos eram scios em uma empresa. Aps algum tempo, decidiram dissolver a sociedade e vender o negcio. Um deles ajeitou as coisas de modo a conseguir muito mais aes do que lhe era devido, o que deixou o outro scio profundamente magoado e sofrendo com o prejuzo. A justia poderia ter resolvido o caso, mas o scio que sofrer a perda era cristo, e sentia que deveria seguir a determinao das Escrituras de no ir a juzo (l Co 6). Depois de orar sobre o problema, decidiu esquecer o dinheiro e perdoar o ex-scio. Embora tendo feito o que sabia que era correto e agradvel a Deus, achou difcil perdoar completamente seu ex-scio; ainda sentia rancor por tudo. Depois de mais oraes, resolveu caminhar a segunda milha. Seu ex-

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scio estava se mudando para uma cidade distante e suas despesas com a mudana seriam considerveis. O cristo resolveu pagar-lhe as despesas, enviando-lhe o dinheiro. Imediatamente, sentiu-se completamente livre da situao. Ao caminhar a segunda milha, todas as recordaes da primeira foram esquecidas. O perdo libera o ofensor de tudo que deve. O amor cristo, demonstrado ao fazer o bem, liberta o ofendido do peso do rancor. O verdadeiro cristo no sofrer o dano simplesmente, far isso alegremente e ir alm do que for requisitado. Isso traz libertao total. A parbola que o Senhor apresentou um exemplo da graa de Deus e de Sua compaixo pelo pecador. No h condio alguma para o pecador pagar o que deve; totalmente impossvel. Deus tem todo o direito de lanar o pecador no inferno, mas Ele atende com misericrdia e perdo a cada um que a Ele se aproxima, suplicando por isso. Deus vai alm do perdo; Ele coloca o pecador diante de Si como justo e transforma-o em filho de Deus, dando-lhe o direito de comparecer diante de Seu trono. Que maior exemplo de perdo e amor a um condenado poderia ser encontrado? Mas h um aspecto decepcionante na parbola de Mateus. Ao invs de perdoar como fora perdoado; exercer misericrdia como recebera misericrdia, o servo encontrou um de seus conservos que lhe devia cerca de 18 dlares em prata e imediatamente exigiu o pagamento. No demonstrou misericrdia e encerrou seu amigo na priso at que pagasse toda a dvida. O servo tinha fracassado em aprender a perdoar; continuava com a determinao de obter tudo o que era direito seu. Recusou-se a abrir mo disso. Eis aqui uma advertncia ao povo de Deus: tendo recebido o perdo de Deus, cuide para que no se esquea de perdoar aqueles que lhe devem. Atente em conceder a mesma misericrdia que recebeu do Pai. Comparando o que Deus lhe perdoou, a ofensa de qualquer pessoa em relao a voc como os 18 dlares comparados aos 10.000.000. No h como o cristo no perdoar; a misericrdia de Deus o impele a perdoar tudo. Vem agora a advertncia: E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, at que pagasse tudo o que devia. Assim vos far tambm meu Pai celestial, se do corao no perdoardes, cada um a seu irmo, as suas ofensas (Mt 18.34-35). Se algum se recusa a perdoar, isso libera o atormentador contra sua vida. Os atormentadores so os espritos de opresso que atuam contra aqueles que se agarram a seus direitos, recusando-se a perdoar e a ter misericrdia. Encontramos aqui o problema de muitas pessoas. Elas mantm as feridas do passado, levando uma vida cheia de amargura, requerendo seus direitos e sofrendo o tormento do inferno em sua alma. Nenhum psiquiatra pode ajud-las, nem as drogas, nada; elas esto sofrendo tormentos porque no perdoaram. Satans encontrou um lugar para atorment-las por intermdio da amargura.

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Enquanto as feridas forem lembradas, haver ligao com o passado. No haver liberdade para se viver o presente, A amargura do passado flui nas relaes presentes. Aqueles que no querem ser contaminados afastamse. Conviver com o dio e o desejo de vingana ligado ao passado muito difcil. Haver ligao com cada pessoa do passado que o tenha magoado, e mesmo a morte do ofensor no o libertar da dor. O fato surpreendente que voc ficar semelhante quele a quem voc est ligado por no ter perdoado. Discuti com uma jovem casada que estava enfrentando problemas conjugais: "Perdoe seu marido assim como Deus lhe perdoou." Mas ela no acreditava que fosse possvel perdoar-lhe a falta de amor e a infidelidade; seu casamento acabou desfeito pelo divrcio. Em apenas um ou dois anos, ela comeou a praticar as mesmas coisas que odiava em seu marido. A amargura de sua alma uniu-a a seu marido, mesmo aps a separao. Reter o pecado de algum nos torna semelhante a ele. O divrcio no a soluo; o perdo, sim. Vamos agora ao princpio que explica a verdade presente neste captulo: Perdoe e torne-se como Deus; retenha o pecado de algum e torne-se como aquele que cometeu o pecado. O perdo nos libera do outro. A falta dele nos prende ao ofensor. O perdo uma escolha, no um sentimento. Quando algum resolve em seu corao que ir perdoar, Deus comea a criar Sua imagem e Seu carter naquele indivduo. O perdo um atributo da forma de ser de Deus. Devemos ter Sua semelhana e mostrar Sua misericrdia. Uma experincia dolorosa pode ser transformada em uma bno, se o carter de Deus for formado em ns por intermdio da experincia. Agora vamos observao final: O perdo libera Deus. Em primeiro lugar, seu perdo em relao aos outros libera o perdo de Deus para voc. Porque, se perdoares aos homens as suas ofensas, tambm vosso Pai celestial vos perdoar a vs; se, porm, no perdoardes aos homens as suas ofensas, tambm vosso Pai vos no perdoar as vossas ofensas (Mt 6.1415). A obra de Deus na vida de algum est sustada pela falta de perdo, e seu prprio pecado tambm permanece imperdovel. A obra da graa impedida pela falta de perdo. Deus trabalha sob o princpio da misericrdia e do perdo. O objeto de Sua misericrdia deve demonstrar misericrdia, o objeto de Seu perdo deve mostrar perdo para continuar a receb-lo. Aquilo que recebemos de Deus devemos conceder aos outros. A redeno e o perdo so coexistentes na vida do crente. Em segundo lugar, seu perdo libera o perdo de Deus aos outros. A palavra de Deus diz: Tudo o que ligardes na terra ser ligado no cu, e tudo o c\ue desligardes ma terra ser desligado no cu (Mt 18.18). A mo de Deus Impedida pela falta de perdo de algum. Lembro-me de uma me totalmente atormentada pelo dio e pela amargura. Seu ex-marido tomara

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dela suas duas filhas por meio de fraude e obtivera a guarda legal das meninas. Ela ficou ressentida com a madrasta, que ocupou seu lugar, e acabou perdendo todos os privilgios, ate mesmo o de ver suas filhas. Perdoar parecia-lhe impossvel. Essa situao perdurou por muitos anos. Apesar disso, perguntei-lhe: "Voc vai escolher perdoar seu marido, que ficou com as crianas? Voc perdoa essa madrasta, que ocupou seu lugar? Voc escolhe perdoar?" Ela ficou muito hesitante, mas, depois, respondeu com voz bem fraca que faria essa escolha. Tendo tomado essa deciso, Deus interveio na situao e, em um ms, o ex-marido e a esposa levaram suas filhas para visit-la. A comunicao foi restabelecida, e a me pde demonstrar amor sincero madrasta de suas filhas. Deus curou-a atravs do perdo. Em terceiro lugar, seu perdo libera a cura de Deus em voc. Este o princpio bblico: soltai e soltar-vos-o (Lc 6.37). A palavra soltar aqui a mesma da parbola de Mateus 18, onde o senhor soltou o servo. Quando se solta algum por meio do perdo, Deus solta a ferida que surgiu por intermdio daquela pessoa. o princpio que Deus segue: Deixe livre a pessoa que o feriu, e depois Deus o libertar de suas feridas. O primeiro passo uma escolha que voc faz, depois Deus est livre para ministrar a cura em sua alma, tirando a ferida, expulsando a amargura e o dio, e colocando amor em seu lugar. Transformao to maravilhosa s pode acontecer quando voc escolhe o perdo. Pois quando voc faz essa escolha, Deus entra em cena. E Ele sempre muda as coisas.

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Captulo Sexto

FERIDO E CURADOEle foi ferido como ningum. Assim que a serpente O reconheceu como a semente prometida mulher (Gn 3.15), ela perseguiu o Filho do homem de todas as maneiras possveis. Estava determinada a ferir-lhe a cabea, no Seu calcanhar. Ele foi rejeitado desde o princpio. Numa manjedoura, entre animais, Ele nasceu, sendo colocado onde eles se alimentavam. No havia lugar para o Filho de Deus. Era apenas um minsculo pedacinho de vida que enfrentou um mundo hostil. O profeta Isaas escreveu: Foi subindo como renovo perante ele, e como raiz duma terra seca (Is 53.2). A terra seca descreve adequadamente a condio do corao das pessoas em relao ao Filho do homem no havia lugar para Ele. Quando estava com quase um ano de idade, Sua vida foi ameaada por um rei inquo e Seus pais tiveram que fugir do pas. Depois que o rei morreu, Jesus e Seus pais retornaram para sua terra natal, mas com muita precauo, temendo as autoridades. Foi criado em uma cidade pobre, atrasada e desprezada. Seu pai terreno era carpinteiro e, com ele, Jesus aprendeu um ofcio. As responsabilidades de famlia caram sobre Ele aps a morte de Jos. Trabalhou em Seu ofcio, ganhando o po com o suor de Seu rosto. Cuidou de Sua me e dos irmos mais novos at eles crescerem. A vida sempre Lhe fora dura; da manjedoura at ento, Ele experimentara a dureza da vida. Parecia que a serpente estava esperando para ver o que aquele homem faria; talvez ela estivesse enganada e aquele no fosse o Filho de Deus. Um dia, toda dvida desapareceu quando o homem dirigiu-se ao rio Jordo e foi batizado. Quando saiu da gua, uma voz do cu dizia: Este meu filho amado, em quem me comprazo. O prazer do Pai era a nica coisa que tinha; a motivao de Sua vida. Demnios eram expulsos, pessoas eram libertadas, doentes eram curados, os aleijados andavam, os cegos viam, pois Deus tinha aparecido para Seu povo. Aps o batismo, Ele retornou a Nazar, entrou na sinagoga, tomou o livro e leu ao povo: O Esprito do Senhor sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do corao, a apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos cegos; a pr em liberdade os oprimidos (feridos); a anunciar o ano aceitvel do Senhor (Lc 4.18-19). Declarou-se guerra ao inimigo do homem. Ele veio para libertar os feridos. Deve, porm, sofrer por isso. No foi bem recebido; Sua cidade

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natal no acreditava nEle. Os lderes religiosos ficaram com inveja e, trs anos depois, exigiram Sua morte. Em troca do bem que fez, recebeu blasfmias: Este no expulsa os demnios seno por Belzebu. Foi interrogado, rejeitado, no teve onde reclinar a cabea. Finalmente, a presso tornou-se to grande que um de Seus prprios discpulos concordou em entreg-Lo nas mos de Seus inimigos. Foi julgado diante de muitos acusadores falsos; espancado, humilhado, cuspido. O dio e a rejeio humanas caram sobre Ele. Finalmente, quando estava pendurado na cruz, no momento da morte, olhou nos olhos dos homens que O acusavam e que O rejeitavam e perdoou-os. Para completar, morreu experimentando a rejeio de Seu Pai. O profeta disse bem: Era desprezado, e o mais indigno entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos [...] e modo pelas nossas iniquidades: o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados (Is 53.3, 5). Ele foi ferido para que voc pudesse ser liberto. Foi castigado para que voc pudesse ter paz; pisado para que voc pudesse ser sarado. Ele no sofreu por si mesmo; sofreu por voc. Por aqueles que choram, para que se lhes d ornamento por cinza, leo de gozo por tristeza, vestido de louvor por esprito angustiado; afim de que se chamem rvores de justia, plantao do Senhor, para que ele seja glorificado (Is 61.3). Naqueles que tiveram a vida reduzida a cinzas por Satans, Ele capaz de recriar a beleza; para aqueles que choram, Ele dar o leo de gozo; para aqueles que esto deprimidos e vencidos, Ele d um manto de louvor. Essas so as provises de Deus para o abandonado, ferido e doente. H cura para voc, meu amigo. Ele foi rejeitado por voc. Receba hoje a cura. Primeiro, perdoe aqueles que o rejeitaram. Cite o nome deles diante de Deus e perdoe a cada um, individualmente, por cada injustia praticada contra voc. Seja especfico, deixe o Esprito de Deus revelar a injustia. Ore assim: "Sonda me, Deus [...] e v se h em mim algum caminho de dor" (Sl 139.23-24 traduo literal). medida que o Esprito de Deus trouxer memria essas lembranas, siga o princpio bblico: Soltai, e soltar-vos-o (Lc 6.37). Quando voc liberar, por meio do perdo, aqueles que o machucaram, Deus o libertar das feridas. Repetindo: seja especfico e d a Deus tempo para trabalhar nessas reas de sua alma. Ele capaz de descobrir cada ferida, ainda que esteja enterrada profundamente nela. Segundo, transfira toda rejeio ao Filho do homem. Ele suportou a rejeio que era sua para que voc pudesse ser livre. As Escrituras dizem: Porque o Senhor te chamou como a mulher desamparada e triste de esprito; como a mulher da mocidade, que desprezada (Is 54.6). Ele

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promete: Porque te restaurarei a sade, e te sararei as tuas chagas, diz o Senhor; pois te chamam a enfeitada, dizendo [...] por que ningum j pergunta (Jr 30.17) Transfira toda sua rejeio a Ele, e Ele o curar. Terceiro, aceite o amor de Deus em sua vida. Saiba que voc foi aceito no Amado (Ef 1.6), e no h rejeio diante do Pai. Ele o ama pelo que voc . No preciso conquistar seu amor; voc no precisa ser bonzinho; Ele o ama apenas pelo que voc . Ele Se comprometeu com voc. Se Ele entregou Seu Filho, como nos no dar tambm com ele todas as coisas (Rm 8.32)? Voc foi aceito; no h rejeio diante do Pai. V at Ele; receba Seu amor e ame-O. Ele o remiu para si mesmo, para que pudesse ter comunho com voc. Abra o sei' Corao e conte-Lhe seus segredos. Saiba que Ele Se preocupa com voc. Quarto, perdoe-se e aceite-se. Abaixo todas as mentiras de Satans em que voc acreditou. Voc uma nova criatura em Cristo; agora uma obra das mos de Deus, e Ele capaz de fazer de voc aquilo que Ele quer que voc seja. Deixe Deus trabalhar. Pare de se rebaixar; pare de se odiar por todos os seus erros e imperfeies. Tire as mos da propriedade de Deus, e deixe-O transform-lo em Seu filho. Pare de lutar; tenha pacincia: "Ele obter beleza das cinzas' Deus o vestir com Sua justia, de modo que voc possa dizer: Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus: porque me vestiu de vestidos de salvao, me cobriu com o manto de justia, como um noivo que se adorna com atavios e como noiva que se enfeita com as suas joias (Is 61.10). Regozije-se no Senhor e seja paciente. Deus ainda no terminou. No segundo captulo deste livro, falei sobre pessoas que foram vtimas do inimigo. Crianas ainda, Satans pde feri-las profundamente. H cura para as feridas delas, e para as suas. Deus, geralmente, no apaga a memria, mas pode e tirar a dor. Satans aproveita-se da memria para atormentar, para oprimir e causar medo, Ele encontrou uma brecha nela. Deus pode curar sua memria e quebrar o lao do opressor em sua vida. Primeiro, convide Jesus para ir com voc at a poca em que o incidente ocorreu. A Bblia diz: Jesus Cristo o mesmo ontem, e hoje, e eternamente (Hb 13.8). Ele capaz de transcender todo o tempo. No Lhe difcil voltar em sua memria e desfazer a obra que o inimigo tenha feito em uma poca especfica. Depois, deixe a presena do Senhor encher o lugar. Veja-O em sua companhia; deixe-O confort-lo. Receba Seu amor e cuidado neste momento. Lembre-se, sofrimento sem a presena ou o conforto de algum traz rejeio, solido e insegurana. Deixe a presena do Senhor trazer alvio imediato. Voc j observou uma criana quando se machuca? Antes de sua me chegar, ela grita e chora como se estivesse morrendo. Assim

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que ela o apanha, todo o medo e o machucado parece que somem. Observe que o sofrimento no deixa nenhuma ferida se o ofendido tem o conforto de algum que o ama. O sofrimento sem consolo que deixa marcas na alma. Lembro-me de uma me que estava passando por dificuldades para criar suas duas filhas. Assumindo uma posio superprotetora, acabava ferindo-as, sendo muito impaciente e meticulosa. Ela estava inconsciente de suas atitudes contraditrias em relao a suas filhas. Em nossa sesso, fiquei sabendo que, quando menina, ela no tinha direito de sair e brincar com as outras crianas. Assim que chegava da escola, tinha de lavar a loua, limpar a casa e tomar conta de um irmo deficiente mental. Sua infncia foi cheia de trabalhos penosos e trevas. Essa me retrocedeu emocionalmente ao passado. Quando criana, era prisioneira dentro de uma casa com loua suja, camas desarrumadas, cho sem varrer, e responsvel por um irmo que no se relacionava com ningum. Morava em uma casa de trevas e pesar. Diariamente era obrigada a enfrentar essa situao sozinha. Era como uma prisioneira trancada em uma priso sem nenhum meio de escapar. Veio, ento, o Senhor e libertoua daquela priso; quebrou as correntes de seu cativeiro, tirou o fardo pesado de sua servido. O ressentimento e a amargura foram tirados de sua alma. Ela pde ento aceitar a responsabilidade de ser me. Tudo isso aconteceu quando ela abriu o corao para o Senhor e pediu-Lhe libertao e cura. O Esprito de Deus capaz de penetrar nas partes mais profundas de nossa alma. Em terceiro lugar, faa do amor do Senhor sua experincia pessoal. O amor mais forte que a dor. Quando se recebe o amor do Senhor a dor desaparece, assim como acontece com a criancinha que pra de chorar quando a me a apanha. Deixe o Senhor apanh-lo e confort-lo. Lembrese do que Ele disse: Enviou-me a restaurar os contritos de corao (Is 61.1). Foi para isso que Ele veio. Ele ama voc tanto quanto as outras pessoas. Deixe o amor do Senhor encher sua memria e voc ser curado. Em quarto lugar, no pense nas mgoas do passado. Ao pensar nelas, voc estar dando oportunidade para Satans abrir velhas feridas. Sentimentos de amargura podem retornar. Deve-se, conscientemente, recusar a pensar no passado. A Bblia diz: No vos lembreis das cousas passadas, nem considerais as antigas (Is 43.18). Cada vez que uma m recordao lhe vier memria, diga: "Obrigado, Senhor, por curar aquela ferida." Ore pelas pessoas envolvidas e entregue seus pensamentos a Deus. Concluindo/ ofereo quatro sugestes prticas para que voc receba sua cura. Primeira, torne-se como uma criancinha. Para entrar no reino dos cus devemos "agir como meninos" (Mt 18.3). Seja simples como uma criana. Segunda, pea a algum para orar com voc. Quando tiver de

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enfrentar um perodo difcil de seu passado, a presena de um amigo intercedendo por voc ser de grande ajuda. Terceira, permita que Deus use sua imaginao. Quando voc Lhe entrega seus pensamentos, o Esprito Santo pode usar as capacidades da mente para trazer cura para sua alma. Quarta, lembre-se de que Ele sofreu por suas feridas (l Pe 2.24). Se Ele sofreu por voc, ento, porque quer curar aquelas feridas e mgoas do passado. Em resposta orao: Sonda-me, Deus [...] e v se h em mim algum caminho de dor, Deus trar cura para sua alma. Por ser filha adotiva, certa jovem nunca fora capaz de acreditar que seu pai adotivo a amava. Recebeu a cura depois de ouvir uma de minhas fitas. Ela escreveu: "No me lembrava de meu pai dizendo que me amava nem me abraando ou carregando-me no colo. A nica ateno de que me lembrava que dele recebia era para corrigir-me. Ento eu disse: 'Jesus, por favor, ajude-me a lembrar. Com certeza, pelo menos uma vez, ele deve terme pegado no colo e dito: 'Querida, eu amo voc'." "Seguiram-se vrios minutos de silncio; ento eu disse: 'Jesus, quero apenas saber a verdade/ O conhecimento mais terno que j experimentei tomou- me por completo e, l no fundo, o Esprito Santo me disse: Filhinha, seu pai amou voc tanto quanto ele a ama agora. No era de sua natureza, quando mais jovem, demonstrar ateno a ningum, exceto sua me. Agora feche os olhos e lhe mostrarei o quanto ele a amava. "Obedeci e, quando o fiz, me vi quando criana, em p, ao lado de meu pai. Ele me apanhou e disse: 'Eu amo voc, querida', e depois me abraou e me acariciou. Essa presena do Senhor foi to forte e bonita que durou por muito tempo. Ondas suaves me lavaram (minha alma), curando e fazendo-me sentir o amor que eu nunca havia experimentado em minha vida."

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Captulo Stimo

BARREIRAS QUE IMPEDEM OS RELACIONAMENTOSFomos criados para ter relacionamentos. Contudo, o trabalho do inimigo resulta em solido, desconfiana, medo, rejeio, feridas e amarguras, o que deixa a pessoa incapaz de edificar bons relacionamentos. Ela se retrai para trs das barreiras do medo, a fim de proteger-se, tentando se esconder dos outros. Isso contraria a natureza do homem, e ele sofre diariamente nessa situao. A verdade que Deus no pode terminar a obra de cura e libertao at que aquelas barreiras tenham sido derribadas e a pessoa comece a amar, a confiar e a se comunicar como Deus faz. Criados Sua imagem e semelhana, fomos feitos para amar, confiar e nos comunicar como Deus. Assim deve comear a obra de restaurao. Deve-se dar o passo da f para sair de trs da barreira de proteo e expor-se ao amor e comunicao com os outros. Permanecer no medo e recusar-se a sair equivale a perder aquilo que o Senhor realizou. Quando se escolhe sair, necessrio estar preparado para enfrentar diversas barreiras na construo de bons relacionamentos. A primeira barreira o medo. Certa vez J disse: Porque o que eu temia me veio; e o que receava me aconteceu (J 3.25). Quando se d o primeiro passo para fora, sobrevm o pior dos medos, e a primeira reao ser desistir e fugir. Se isso acontecer, voc continuar a fugir como sempre fez em toda a vida. Esse o momento para parar e enfrentar o medo da rejeio, o medo de aceitar amor, o medo do fracasso, o medo de fazer alguma coisa errada, o medo de se machucar e o medo de ser conhecido. Medo enfrentado medo vencido, mas aquele que guiado pelo medo como o animal caado, que no tem descanso. O Senhor deseja libert-lo de todos os seus medos. H um escape: Tome uma deciso firme de sair de trs das barreiras, apesar dos seus temores. Isso dar espao para a f atuar. Creia que Deus dar a vitria completa; creia que Ele far o impossvel.1.

2. Enfrente o medo de frente. Qual a pior coisa que lhe pode acontecer? O Senhor no estar presente supervisionando tudo? Quando enfrentar diretamente seu medo, voc perceber que ele no passa de uma sombra, e quanto mais luz puser nele, menos visvel se tornar. 3. Decida pagar o preo, no importa o custo, para ser livre. Chegue ao ponto sem retorno. Faa como aquele capito da Marinha

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britnica, que, quando enfrentou o navio inimigo, ordenou que a bandeira fosse pregada no mastro. No haveria rendio; ele lutaria at morte. 4. Permanea na Palavra de Deus. Examine as Escrituras que tratam do medo e reivindique Suas promessas. Eis algumas passagens: Porque Deus no nos deu o esprito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderao (2 Tm 1.7). O Senhor est comigo: no temerei o que me pode fazer o homem (Sl 118.6). O receio do homem armar laos, mas o que confia no Senhor ser posto em alto retiro (Pv 29.25). O medo no provm de Deus; Ele d fora, amor e pensamentos corretos. Uma senhora era constantemente atormentada com o medo de gente. Autocrtica ao extremo, sofria terrivelmente com medo de ser rejeitada. Na igreja ou em outras reunies, sempre sentava-se na ltima fileira e sempre atrs de todos. Conhecia a rejeio desde a infncia. Seu pai era duro e crtico; outras crianas a rejeitaram por causa de sua famlia. As palavras de sua me continuavam soando em seus ouvidos: "Voc acha que algum vai, algum dia, gostar de voc?" No colegial, quando a aceitao muito importante, sentava-se na frente da sala. Sem que percebesse, a menina atrs dela comeou a fazer troa dela diante do resto da classe. Quando percebeu o que estava acontecendo, pensou: "Deve haver alguma coisa horrvel em mim!" Ela no teve coragem de sentar-se na frente de mais ningum depois daquele fato. Aps orar pela cura e libertao, ela escreveu dizendo que est sentando-se na fileira da frente na igreja. Ela deu o passo da f e saiu de seus medos. A segunda barreira para edificar bons relacionamentos o medo de gente. As pessoas so vistas como uma ameaa segurana e ao bem-estar; como uma fonte de feridas e desentendimentos. Consequentemente, a vtima se afasta com medo. Quem tem uma opinio negativa de si mesmo vencido pela inferioridade e por um senso de inutilidade na companhia de outros. incapaz de interagir ou de se comunicar. O acanhamento e a timidez superam-no. s vezes, elas tentam atingir as expectativas de algum e perdem sua prpria identidade. uma situao miservel de existncia. Esta barreira deve ser quebrada. H um escape: 1. Levante-se em Nome de Jesus e liberte-se do medo dos homens. Declare sua liberdade e autonomia no Senhor. O Salmo 27.1 nos encoraja com estas palavras: O Senhor a minha luz e a minha salvao; a quem temerei? O Senhor a fora da minha vida; de quem me recearei?

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2. Lembre-se de que o homem um simples mortal como voc. As Escrituras dizem: Quem pois s tu, para que temas o homem, que mortal, ou o filho ao homem que se tornar enfermo? E te esqueces do Senhor que te criou? (Is 51.12-13). Percebemos que o temor ao homem leva-nos a esquecer o Criador. Quando se coloca o homem ao lado de Deus o que acontece? No h comparao. Deus diz: Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, s tu, para que temas o homem,..? (Is 51.12).Quando adquirimos uma perspectiva correta, vemos o homem como ele realmente. 3. Pare de olhar para o homem como se ele tivesse sua vida nas mos. Novamente as Escrituras advertem: Deixai-vos, pois ao homem cujo flego est no seu nariz; porque em que se deve ele estimar? (Is 2.22). Sua vida no depende do homem; voc deriva sua vida de Deus. Ele faz voc permanecer firme. 4. Pare de se comparar com os outros. Voc estar propenso a idolatrar a outra pessoa ou a critic-la. A Bblia diz: Mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos, esto sem entendimento (2 Co 10.12). Aceite o fato de que voc diferente em muitas coisas; h alguma coisa singular em voc com a qual se pode contar. Voc tambm tem algo para dar. 5. Comece a ver as pessoas como Deus as v. Voc ficar surpreso ao encontrar muitas pessoas que, como voc, foram feridas, rejeitadas e desprezadas. A compaixo do Senhor vir sobre voc e lhe dar a liberdade para amar. A terceira barreira nos relacionamentos a auto-imagem negativa. Tais pessoas desejam saber o que os outros pensam a seu respeito; elas se tornam inseguras e temerosas diante de outros. Temem encontrar-se com outras pessoas e no permitem que outros se aproximem delas. Como ela no pode aceitar-se, tem certeza de que ningum a aceitar tambm. Consequentemente, foge dos relacionamentos. Essa pessoa sofre com o medo, a timidez, a inferioridade e a falta de confiana. Ela realmente duvida que algum possa am-la se conhec-la. H um escape: 1. Pare de se olhar como um fracasso. Sua auto-imagem geralmente criada pela opinio de outras pessoas e por experincias de infncia. As palavras faladas pelos familiares podem funcionar como maldio sobre a vida de algum. No importa o que tenha acontecido, Deus, agora, est em cena. As Escrituras dizem: graas a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo (2 Co 2.14). Deus far de voc um vencedor. 2. Veja voc mesmo como Deus o v uma nova criatura. Se algum est em Cristo, nova criatura (2 Co 5.17). Reconhea-se em

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Cristo; jogue fora a imagem do velho homem. Quando voc liberar a imagem do velho homem, pea a Deus para mostrar-lhe como Ele o v. Deus lhe mostrar um homem ou mulher de Deus com grande valor. Ele v o homem ou mulher que Ele est criando. Assuma seu lugar diante de Deus e no d lugar aos pensamentos negativos. Aceite a viso de Deus a seu respeito e torne-se a pessoa que Ele v que voc pode ser. Deixe a feiura sair de seu pensamento e comece a ver a beleza de Jesus em voc e em sua vida. A quarta barreira para bons relacionamentos a resposta: "No consigo amar as pessoas!" O dio ocupou seu corao devido ao rancor e s amarguras. Agora escolha substituir o dio pelo amor. O fator principal que repele o amor o medo da rejeio. Por ter sido rejeitado no passado, a memria daquela experincia aloja-se no corao, no permitindo-o corresponder. Voc fechou seu corao. Algum disse certa vez: "Cada vez que abro o corao acabo me machucando." Voc deve lembrar-se de que preciso arriscar-se a fim de amar. Os benefcios de um relacionamento valem todos os riscos. A solido e o medo so piores do que qualquer risco envolvido. H um escape: 1. Aprenda a amar as pessoas como Deus ama voc incondicionalmente. A Palavra de Deus diz: Um novo mandamento vos dou; que vos ameis uns aos outros: como eu vos amei a vs, que tambm vs uns aos outros vos ameis (Jo 13.34). Em outras palavras, seu amor por elas no depender de realizao. Elas no tero de cumprir qualquer expectativa; voc as amar simplesmente pelo que so. Seu amor no depender do amor dos outros. Voc os amar como Deus ama voc. 2. Pea a Deus para mostrar-lhe Seu amor pela pessoa que o feriu. Quando voc vir o corao de Deus, seu prprio corao se expandir. Amor e compaixo fluiro do seu corao. Quando se ama o prximo, as feridas so curadas. 3. Lembre-se, o amor uma escolha antes de se tornar um sentimento. O sentimento surge aps a escolha. Quando se faz a escolha para amar, ativa-se o corao para sentir amor novamente. 4. Encontre algum para ajud-lo; algum que esteja passando pela mesma situao. No forme uma dupla de desconsolados, mas partilhe com a outra pessoa a verdade que Deus permitiu voc conhecer; incentive-os e ore com eles. Enquanto voc intercede pelos outros, o mesmo Esprito interceder por voc. 5. Nunca rejeite os que eventualmente rejeitam voc. A rejeio uma forma de dio; rejeitar o prximo escolher odi-lo. Escolha amar ao invs de rejeitar.

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6. Procure passagens bblicas que possam lhe dar certeza do amor de Deus. Voc ser incentivado a amar a Deus e a partilhar Seu amor com os outros. Eis algumas passagens: Como o Pai me amou, tambm eu vos amei a vs; permanecei no meu amor (Jo 15,9). Levou-me sala do banquete, e o seu estandarte em mim era o amor (Ct 2.4). A quinta barreira para bons relacionamentos a falta de comunicao. Alguns confessam: "Nunca me abro com ningum." hora de mudar. Fomos feitos semelhana de Deus, e a comunicao um de Seus atributos. Ele nos deu o veculo de expresso prpria para que possamos nos comunicar. A pessoa que fechada e tem medo de expressar seus sentimentos e ideias vive para si mesma. Sem comunicao, os relacionamentos no podem ser estabelecidos. O entendimento e a confiana entre duas pessoas s podem ser estabelecidos quando elas se comunicam. H um escape para a barreira da comunicao: 1. Agradea a Deus por ter sido criado Sua imagem; voc tem a habilidade dada por Deus para se comunicar. 2. Comece a partilhar com Deus seus sentimentos mais ntimos. 3. Saia do mundo dos sonhos; entre em contato com a realidade.4.

Procure partilhar com as pessoas o que for de interesse comum. 5. Seja um bom ouvinte.

6. Procure pessoas que estejam lutando como voc, e ajude-as a se comunicar. A sexta barreira para bons relacionamentos a desconfiana das pessoas. Depois de ser ferida e rejeitada, inconscientemente a pessoa se afasta, como se houvesse um outro lao esperando por ela no prximo relacionamento. Novamente, o medo o grande problema. O medo permanece como barreira para no haver confiana; a escolha deve ser feita entre os dois. A confiana e o amor so ingredientes necessrios em qualquer relacionamento. Elas so as virtudes mais valiosas da alma. Qualquer pessoa que vive sem elas pauprrimo e perdeu a razo de viver. Essas virtudes devem ser cultivadas, e quando elas comeam a crescer, possvel experimentar a liberdade e gozo da vida. Deve-se confiar antes de ser capaz de abrir o corao outra pessoa. Por causa das feridas e da rejeio, aprende-se a fechar o corao e a manter-se distante de todos. Pode-se at chegar a pensar: "Ningum me amar com sinceridade se souber quem eu sou." H sempre uma convico

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subjacente de no ser amado nem aceito. E a desconfiana se torna co de guarda do corao e d o aviso toda vez que algum aparece. H um escape: Escolha abrir o corao aos outros. Encontre uma pessoa que mostrou alguma preocupao pelo seu bem-estar e comece a partilhar algumas coisas de seu corao.1.

Resista ao medo de ser trado. O medo tentar fazer voc fechar seu corao.2.

3. 4. 5.

Comece a crer que algum pode am-lo. Aproxime-se dos outros com f. Aceite os outros,

Nancy entrou em depresso profunda; uma sensao de temor e melancolia a oprimia. No incio de sua adolescncia, tentou o suicdio. Achava que estava no fim e sentia que no podia confiar em ningum. Era incapaz de se abrir para se comunicar. Pensava que seu corao fosse de pedra, incapaz de sentir. As feridas e as mgoas do passado levaram-na a se afastar de todos. No conseguia confiar em Deus, nem acreditar que Deus ou qualquer outra pessoa pudesse am-la. Por intermdio da orao para a cura interior, ela comeou a abrir seu corao. Sua vida foi transformada em amor, a dureza em suavidade, a amargura em docilidade. Foi capaz de fazer um compromisso com Deus e retornou sua cidade natal para partilhar esse amor com outros. Quando finalmente se casou, a obra completa do amor de Deus em seu corao foi revelada. Precisamos aprender a confiar. Tive um exemplo bem claro sobre isso com uma gata abandonada que vinha a nossa casa toda noite para ser alimentada. Ela no permitia que ningum se aproximasse dela, porque estava machucada; a desconfiana e o medo das pessoas estavam estampados em cada gesto. No entanto, a fome era mais forte que o medo. Quando decidi aliment-la, aceitou a comida. Seu medo desapareceu, e houve confiana e amabilidade. A confiana foi to imediata que na manh seguinte ela estava com seus trs filhotes na varanda para serem alimentados. Os filhotinhos tambm tiveram de aprender a confiar. Para eles o processo foi mais lento, pois foram ensinados a temer as pessoas. As pessoas esto como aquela gata machucadas e com medo. Se elas conseguirem receber de algum, haver uma oportunidade para se obter a confiana perdida. A stima barreira para bons relacionamentos a prpria imaginao. O inimigo pode usar sua imaginao para mant-lo atrs das barreiras de proteo. Quem passou pela rejeio torna-se mais sensvel a qualquer indiferena de outra pessoa, o que ser interpretado como rejeio. A mente

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pode captar o menor sinal uma palavra, uma atitude ou um gesto e interpret-lo de tal modo que toda a opresso de rejeio lhe sobrevenha. uma batalha manter a mente sobre controle. As Escrituras dizem: Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento obedincia de Cristo (2 Co 10.5). Voc precisa fazer isso. Mantenha sua mente segura e recuse-se a deixar o inimigo colocar pensamentos de rejeio em sua mente. Recuse-se a sair de seu descanso no Senhor. Helen ficava atormentada ao imaginar o que as outras pessoas poderiam pensar dela. Por ter sofrido muitos abusos vexatrios e relacionamentos destrutivos que acabaram com toda sua auto-estima como pessoa, tinha dificuldade para se aceitar ou para crer que algum pudesse aceit-la. O medo lhe vencia literalmente, se tivesse de estar diante dos outros para conversar. At mesmo os pequenos grupos lhe causavam pavor. Toda vez que surgia uma oportunidade de comear um relacionamento com um rapaz, seus medos enchiam sua imaginao de pensamentos de indignidade e rejeio. Ela descobriu o escape para receber a cura e o perdo do Senhor e permitir que Ele a transformasse em uma nova criatura. Deus mudar seu viver, se voc esperar. O Senhor colocou-a em uma posio onde tem de conversar constantemente com as pessoas. s vezes doloroso, mas Deus a est ajudando a sair do esconderijo. Concluindo, lembre-se: Cristo em vs, esperana da glria (Cl 1.27). Ele o nico que muda seu viver. Ele veio para reinar em cada rea de sua vida. Quando o inimigo luta, saiba que Cristo est estendendo seu reino e domnio em outra rea de sua vida. Quando o inimigo se insurge contra voc, no tente venc-lo com a fora de vontade; seria intil. No tente usar lgica ou persuaso, ele o convencer de suas mentiras. Quando o inimigo aparecer, mande-o para Aquele que reina em voc. Diga-lhe: "Apresente-se a Cristo e Ele tratar disso." Enquanto voc mantiver sua posio em Cristo, o inimigo no poder toc-lo. Deixe o Senhor vencer a batalha. Agora, o escape: Coloque um guarda em seus pensamentos. Saiba que voc o alvo do inimigo.1.

Recuse-se a deixar que o inimigo use sua imaginao para trapacear e atorment-lo.2.

3.

Recuse-se a expressar sua imaginao aos outros.

4. Refugie-se em Cristo. Ele seu protetor. Em Cristo no h rejeio, h descanso. 5. Tenha pacincia, e o Senhor lhe mostrar a verdade quanto ao

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problema. 6. Continue aproximando-se das pessoas e no deixe o inimigo fechar seu corao. 7. Entregue toda sua rejeio ao Senhor; deixe-O carreg-la. Lembre-se de que Eleja fez isso uma vez, portanto voc no tem de faz-lo; seja vitorioso. 8. Tenha pensamentos de amor a respeito daqueles que sua mente acusa de rejeit-lo. 9. 10. recue. A oitava barreira para bons relacionamentos o autoritarismo. Aquele que sofre de rejeio propenso a agarrar uma pessoa e segur-la, construindo toda sua vida em torno dela. De um relacionamento possessivo surgiro mais feridas, porque a outra pessoa no ser capaz de viver de acordo com as expectativas do outro nem cumprir seus anseios. Cimes e mgoas surgiro, se a pessoa procurar amizades fora do relacionamento. Isso no justo nem para voc nem para a pessoa envolvida. Livre-se de mais dores. No construa sua vida em torno de uma pessoa. O escape: No limite os relacionamentos de sua vida a uma pessoa. Construa um forte relacionamento com Deus; direcione sua vida a Ele e Nele.1.

Resista a qualquer pensamento de crtica. Mantenha sempre o terreno conquistado; nunca

2.3.

Aprenda a dar ao invs de receber. Mantenha suas amizades com suavidade; no as prenda, nem

bajule. 4. Desenvolva interesses alheios ao relacionamento imediato, como passatempos, atividades na igreja, na escola.

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Captulo Oitavo

A CURA DA MULHER NO RELACIONAMENTO CONJUGALO maior e mais ntimo relacionamento que uma pessoa pode ter o casamento. Ele estava no plano de Deus, pois o homem no foi feito para viver s. No ntimo de cada pessoa h o interesse pelo casamento, porque o homem um ser relacionvel. O pecado e as consequncias da queda trouxeram ao mundo do homem uma srie de fatores que transformaram-no em um ser de relacionamentos desfeitos. A culpa, a condenao, a indignidade, a rejeio, a desconfiana e a auto-rejeio tornaram-se ativas dentro da alma humana, que imediatamente comeou a enfrentar problemas nos relacionamentos. Seu relacionamento com Deus tornou-se obscuro com o medo e a culpa. O homem escondeu-se de Deus. No houve interesse em manter a comunicao. Seu ser interior estava fechado pelo medo da rejeio e da condenao. Os olhos do homem estavam direcionados para si mesmo, e ele viu que estava nu. Usou folhas de figueira para cobrir-se. O medo de ser reconhecido e a tentativa de cobrir-se tm sido a vida do homem desde ento. Os homens passam sua vida inteira tentando cobrir-se. Folhas de figueira no so a resposta. Este acrstico foi concedido por uma querida irm: [fig leaf significa folha de figueira, em ingls]:

Ele descreve claramente a pessoa que teme a intimidade. Um relacionamento com uma pessoa como essa difcil, porque pode no haver comunicao e entendimento verdadeiros. Ela cria uma fachada que no permitir que as pessoas se conheam interiormente. O casamento tem uma maneira de tirar a fachada e permitir que uma outra pessoa conhea a verdadeira pessoa interior. Acredito que todas as pessoas realmente desejem ser verdadeiras, mas o medo da rejeio leva-as a cobrirem-se. Quando se toma a deciso de se entrar no relacionamento matrimonial, a pessoa est disposta a enfrentar a si mesma e a seus

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problemas e, atravs desse relacionamento, permitir que Deus a leve maturidade e au