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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALAGOAS CAMPUS PALMEIRA DOS ÍNDIOS COORDENAÇÃO ACADÊMICA DE FORMAÇÃO GERAL PROFESSORA CÍNTIA DE OLIVEIRA MELO O Extremo Oriente Aproximadamente no mesmo período em que no Oriente Médio, entre os rios Eufrates e Tigre, desenvolveram-se várias civilizações importantes, no Extremo Oriente surgem também povos criadores de grandes culturas. Apesar de serem contemporâneos, os povos do Extremo Oriente e do Oriente Médio não tiveram grandes contatos. À distância e as dificuldades de comunicação fizeram com que se desenvolvessem isoladamente. Povos orientais, como os babilônios, os fenícios, os hebreus e os persas, influenciaram diretamente o mundo ocidental, do que o Brasil de Hoje faz parte. E no Extremo Oriente, não havia também grandes civilizações? Claro que havia! Na Índia, na China e no Japão, por exemplo, desenvolveram-se culturas extraordinárias. Hoje em dia, as coisas mudaram de figura. A economia do mundo está cada vez mais globalizada, ou seja, cada vez mais interligada. Os meios de comunicação tornaram qualquer lugar do planeta muito próximo do outro. Por causa disso, nós ficamos muito perto dos povos do Oriente, e eles da gente. Se você já viu um desenho animado japonês na tevê, ou já brincou com alguma coisa fabricada na China ou na Coréia, sabe o que digo. A China na Antiguidade

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOINSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALAGOAS

CAMPUS PALMEIRA DOS ÍNDIOSCOORDENAÇÃO ACADÊMICA DE FORMAÇÃO GERAL

PROFESSORA CÍNTIA DE OLIVEIRA MELO

O Extremo Oriente

Aproximadamente no mesmo período em que no Oriente Médio, entre os rios Eufrates e Tigre, desenvolveram-se várias civilizações importantes, no Extremo Oriente surgem também povos criadores de grandes culturas.

Apesar de serem contemporâneos, os povos do Extremo Oriente e do Oriente Médio não tiveram grandes contatos. À distância e as dificuldades de comunicação fizeram com que se desenvolvessem isoladamente.

Povos orientais, como os babilônios, os fenícios, os hebreus e os persas, influenciaram diretamente o mundo ocidental, do que o Brasil de Hoje faz parte. E no Extremo Oriente, não havia também grandes civilizações? Claro que havia! Na Índia, na China e no Japão, por exemplo, desenvolveram-se culturas extraordinárias.

Hoje em dia, as coisas mudaram de figura. A economia do mundo está cada vez mais globalizada, ou seja, cada vez mais interligada. Os meios de comunicação tornaram qualquer lugar do planeta muito próximo do outro. Por causa disso, nós ficamos muito perto dos povos do Oriente, e eles da gente. Se você já viu um desenho animado japonês na tevê, ou já brincou com alguma coisa fabricada na China ou na Coréia, sabe o que digo.

A China na Antiguidade

Vocês já ouviram falar de acupuntura? Já viram alguém praticando kung fu? Sabem o que é uma bússola ou para que serve a pólvora?

Todos esses termos designam invenções ou elementos da cultura chinesa, alguns dos quais foram criados há milhares de anos. Quase todos estão hoje integrados à nossa cultura. Mas há um em particular que vocês devem conhecer muito bem: o macarrão.

Outros inventos chineses familiares para nós são o papel, a porcelana, o guarda-chuva, a pipa, ou papagaio de papel, e um tecido muito fino e brilhante conhecido como seda.

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China: o Império do Meio

A China foi umas das primeiras civilizações da humanidade. Segundo algumas lendas e tradições chinesas, o vale do rio Amarelo era habitado por comunidades de agricultores e artesãos desde o ano 3000 a.C.

Os povos dessas comunidades cultivavam uma espécie de milho nativo, o sorgo, base de sua alimentação, e criavam animais, como cães, porcos e cabras. Sabiam também fundir o bronze para a fabricação de armas e outros utensílios.

Com a necessidade de controlar o regime de águas do rio, desenvolveram técnicas de construção de diques contra as enchentes e canais de irrigação. Como essas construções exigiam o trabalho de muitas pessoas, as comunidades agrícolas uniram-se sob uma mesma autoridade política.

Os primeiros governantes cuja existência histórica foi comprovada por achados arqueológicos (ossos contendo desenhos de uma escrita primitiva) pertenciam à família Chang. Os governantes dessa dinastia reinaram sobre a China entre 1500 e 1027 a.C., aproximadamente.

Nessa ocasião, a família Chang foi subjugada pelos guerreiros da dinastia Tcheu, que governou a China até o século III a.C. Durante o governo dessa dinastia, os domínios chineses estenderam-se até o vale do rio Azul.

As constantes disputas entre as famílias nobres acabaram enfraquecendo e dividindo o Império, que se tornou vulnerável aos invasores de origem mongólica, que vinham do norte. Mas em 221 a.C., o soberano de Quin (ou Tsin), Che Huang-ti, conseguiu submeter os príncipes rivais pela força das armas e proclamou-se imperador da China, unificando-a

Che Huang-ti impôs um mesmo sistema de escrita para todos os chineses, pois cada região servia-se de um dialeto e isso favorecia a desunião entre os diversos povos. Impôs também um sistema único de pesos e medidas. Essas iniciativas, associadas à abertura de estradas, impulsionaram o comércio e o crescimento das cidades.

A implantação de um eficiente sistema de arrecadação de impostos garantiu ao imperador os recursos necessários para manter um exército profissional. Para afastar a ameaça de invasões dos povos vindos do norte, construiu a Grande Muralha, entre os anos de 215 e 210 a.C.

A variante do nome Quin deu origem à palavra China. Mas os próprios chineses chamavam sua terra de Império do Meio, pois a consideravam o centro do mundo.

Este sentimento tinha razão de ser, pois os sucessores do rei Quin transformaram a China num império tão vasto e poderoso quanto os domínios de Roma, que, nessa mesma época, se estendiam desde a península Ibérica até a Ásia Menor.

A formação de um estado central

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Lá por volta de 1500 a.C. os chineses já eram governados por reis. Cada um dos reis se preocupava em montar um exército e tomar mais territórios. O velho truque das sociedades antigas: mais territórios, mais riquezas, mais gente para explorar.

Os reis eram auxiliados por comandantes militares de famílias nobres. Muitas vezes esses nobres queriam derrubar os reis para eles mesmos se tornarem os novos monarcas. Por causa disso havia muita insegurança política.

A obra mais famosa do imperador Chi Huang-ti Foi à celebérrima Muralha da China. Ela existe até hoje e é uma grande atração turística. Trata-se de uma muralha de pedra e tijolo, com vários metros de altura, larga o bastante para várias pessoas caminharem nela de mãos dadas. Somando as ramificações, seu comprimento chega aos 6000 quilômetros. Só a muralha já seria suficiente para você ter uma dimensão da grandiosidade da civilização chinesa. Ela foi a única construção humana antiga que superou o tamanho das pirâmides do Egito.

A admiração não nos deve esquecer-se de perguntar: e quem fez a muralha da China? Quem teve as costas ardendo como fogo para levantar os muros?

Certamente não foi o imperador nem os nobres. Foram escravos ou camponeses pobres forçados a executar o serviço. Formaram equipes que chegavam a juntar 400 mil homens.

Agora, o motivo para o imperador mandar construí-la: queria que servisse de barreira contra os ataques dos guerreiros mongóis. Os mongóis era um povo nômade que vivia no norte da China.

Durante séculos, os chineses foram construindo uma civilização fantástica, muito organizada e criativa. Depois de inúmeras tentativas, os mongóis finalmente conquistaram a China. O comandante Mongol era o célebre Gêngis Khan.

Esse general brilhante conquistou grande parte da China e, em 1215, ocupou a cidade de Pequim (hoje, capital da China, também chamada de Beijing).

De lá, Gêngis Khan levou seus exércitos para dominar a Ásia Central e uma parte da Pérsia. Seu império era tão grande que, como se dizia, “um homem que cavalgasse sem parar levaria um ano inteiro para percorrê-lo”. Seus sucessores avançaram sobre o sul da Rússia e exigiram tributos das populações locais.

O neto de Gêngis Khan, Khubilai Khan, completou a obra da conquista do avô. Tornou-se senhor de toda a China em 1279 e engoliu a Mesopotâmia e o resto da Pérsia (Irã). Seu império era gigantesco. Ia da Ásia até a Europa.

Muitas pessoas do Ocidente ouvem falar de Gêngis Khan e de Khubilai Khan, e os imaginam como guerreiros sanguinários. Bem, todos os guerreiros são sanguinários, não é verdade? Mas Gêngis e Khubilai também foram grandes estadistas, organizando o poder central, construindo estradas e até obras de caridade para os pobres.

Os dominadores mongóis absorveram grande parte da cultura da China. E assim a civilização chinesa continuou florescendo com esplendor.

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A sociedade na China Antiga

Os imperadores chineses eram considerados “Filhos do Céu”, intermediários entre a divindade e o povo. Eram eles que oficiavam as cerimônias religiosas públicas. Mas, na prática, a autoridade política dos ministros e outros funcionários letrados era maior que a dos próprios imperadores.

Essa elite de administradores, chamados mandarins, organizava o trabalho da população no campo e nas cidades, fixava o preço dos produtos, coletava impostos e estabelecia o calendário das atividades e festividades anuais.

Nas horas vagas, os mandarins dedicavam-se a escrever tratados comerciais, obras literárias, principalmente poesia, e aprimoravam-se na arte da caligrafia, sobre tábuas de bambu e rolos de seda.

Havia também uma classe formada pelos militares e outra pelos comerciantes e pelo clero. Mas nenhuma delas gozava do prestígio dos mandarins.

No outro extremo da pirâmide social estava a grande massa de camponeses e artesãos urbanos.

Os primeiros trabalhavam nas terras do Estado em troca de uma parte da colheita. Revezavam-se também no trabalho de construção de diques e estradas e na exploração das minas públicas de ferro e sal.

Quando o país era atingido por catástrofes naturais, como secas e enchentes, as condições de vida dos camponeses tornavam-se miseráveis. Muitas vezes, os trabalhadores do campo se revoltavam contra a situação. Mais de uma rebelião camponesa levou à deposição de soberanos e, em alguns casos, de toda sua dinastia.

Já os artesãos e os mercadores ambulantes aglomeravam-se nos bairros pobres das cidades muradas, em casas feitas de bambu e madeira.

A economia urbana

Desde 700 a.C., os artesãos chineses dominavam a arte de fundir o ferro para fabricar armas e ferramentas. Eles também faziam vasos e objetos de marfim, jade e porcelana.

Durante a dinastia Han (202 a.C. 221 d.C.) a produção artesanal chinesa teve um grande impulso. Por volta de 120 a.C., os chineses aprenderam a tecer a seda, com os fios produzidos pelo bicho-da-seda, criados em plantações de amora.

No início do século II d.C., inventaram o papel. Desde então passaram a usar esse produto para fazer livros, dinheiro em notas, em substituição às antigas moedas de cobre, leques e até janelas. Os chineses também criaram a primeira forma de impressão de desenhos e textos escritos, a xilogravura , precursora da imprensa.

Todas estas mercadorias, sobretudo os tecidos de seda, eram muito cobiçadas pelas pessoas ricas do Império Romano. Os chineses, por sua vez, cobiçavam muito os

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cavalos criados pelos povos da Ásia Central. Esse comércio era monopolizado pelos mercadores árabes. Eles percorriam longas distâncias em caravanas de camelos, transportando os produtos chineses até as cidades de Damasco e Antioquia, na Síria, e o porto de Tiro, na Fenícia. Todos dominados pelos romanos.

Essa extensa via comercial recebeu o nome de Rota da Seda e colocou o Império Chinês em contato com outras civilizações. O budismo, de origem hindu, por exemplo, entrou na China em 57 d.C. Por sua vez, a religião, a ciência e as formas de pensamento chineses influenciaram as demais civilizações do continente asiático.

A cultura chinesa e sua difusão

À medida que a sociedade chinesa evoluía, aumentavam a diferença entre ricos e pobres. A igualdade que havia entre as pessoas das primeiras aldeias agrícolas cedeu lugar ao luxo da corte imperial, com seus palácios, suas tumbas e seus templos grandiosos, construídos com a exploração do trabalho dos camponeses.

Ainda no século VI a.C., Lao-tse, um pensador chinês, condenava esta situação. Dizia que o desejo de adquirir, e não de cooperar, afastava o indivíduo do caminho (tão, em chinês) da harmonia consigo mesmo e com os outros. Segundo este pensador, a harmonia encontra-se no equilíbrio entre os dois princípios contrários, mas que se completam, existentes na natureza. São eles: o yin, elemento feminino e passivo, representado pela Lua e pelo Céu; e o yang, energia masculina e ativa, simbolizada pelo Sol.

A partir dessas idéias, os chineses desenvolveram um conjunto de teorias na Medicina, com a utilização de técnicas de acupuntura, e na Astrologia, com a elaboração de princípios matemáticos, cartas celestes e instrumentos de medição.

Confúcio, um mandarim que viveu entre 551 e 479 a.C., também criou uma doutrina. Sua intenção era ensinar as pessoas a viver com sabedoria. E, segundo ele, consegue-se a sabedoria observando e seguindo a experiência e os ensinamentos dos antepassados e dos grandes monarcas. Para isso, Confúcio desenvolveu um culto aos ancestrais mortos e instruiu os poderosos a governar com a moderação, baseada no amor ao próximo e no culto aos antepassados.

A Escola das Leis, surgida no século IV a.C., defendia idéias bem diferentes. Para os seguidores do legismo, a guerra e a disciplina eram formas de fortalecer o poder imperial sobre toda a nação.

Enquanto o confucionismo exerceu muita influência junto aos soberanos da dinastia Han, o legismo popularizou-se nos períodos mais tensos da história chinesa, em épocas de rebeliões populares, disputas pelo poder e invasões estrangeiras.

Esses movimentos provocaram a queda de dinastia, mas não chegaram a abalar o Império, que se manteve por mais de 2000 anos, até a proclamação da Républica, em 1912.

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Nesse longo intervalo, a civilização chinesa desenvolveu outros conhecimentos e técnicas, como a invenção da bússola e da pólvora sob a dinastia Sung (906-1279 d.C.). Essas invenções foram assimiladas pelos europeus quando seus primeiros viajantes chegaram a China, no século XIII d.C.

A escrita chinesa

Na escrita chinesa antiga não há palavras formadas por letras e sílabas representando sons. Os textos chineses antigos eram compostos de desenhos que representavam idéias, chamados ideogramas. Atualmente existem mais de 50 mil ideogramas na escrita chinesa. Muitos deles foram criados há mais de 5 mil anos e sofreram alterações ao longo do tempo.

Uma característica importante do idioma chinês é a comparação e associação de idéias, originando novos ideogramas. Por exemplo, o ideograma que significa ‘hoje’, junto ao que representa ‘coração’, dá origem a um ideograma que quer dizer ‘saudade’. Para os chineses, saudade significa ‘o que está no coração hoje’, como todo dia é hoje, então a saudade é a presença constante de algo no coração. O ideograma que representa ‘morte’, junto ao que significa ‘coração’, compõe um ideograma que significa ‘esquecer’. Para os chineses, o esquecimento está ligado à idéia de um coração morto para uma determinada lembrança.

Artes marciais

As artes marciais, chamadas em chinês de wu shu, existem há mais de 3 mil anos. São utilizadas ainda hoje como exercícios de concentração, defesa pessoal e treinamento militar.

Algumas dessas artes marciais foram criadas e ensinadas em mosteiros por monges que dedicavam boa parte da vida a praticá-las. Com tempo, os monges passaram a ensiná-las a outras pessoas, ampliando ainda mais os estilos de wu shu. A arte marcial chinesa mais praticada hoje no mundo é conhecida como kung fu.

A medicina tradicional chinesa

Na medicina tradicional chinesa, os médicos cuidam da saúde, e não das doenças dos pacientes. Em alguns momentos da história da China, os médicos eram punidos quando seus pacientes adoeciam.

Os médicos chineses que seguem a tradição não se especializam em partes do corpo humano, como ocorre no Brasil. Aqui existem, por exemplo, oftalmologista, médico que trata apenas os problemas dos olhos; cardiologista, que tratam apenas das doenças do coração, assim por diante. A medicina chinesa tradicional entende o corpo humano como um todo que não deve ser dividido. Assim, uma dor numa parte do corpo pode ser resultado de problemas em outra parte.

Os médicos chineses se especializam em métodos de manutenção da saúde e de controle das doenças, que atuam para equilibrar a energia existente no corpo humano. A técnica da medicina tradicional chinesa mais conhecida no Brasil é a acupuntura, um

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tratamento que envolve a introdução de agulhas de metal em pontos específicos do corpo para realizar esse equilíbrio de energia.

Além da acupuntura, os médicos chineses também tratam seus pacientes com chás feitos à base de ervas e com ventosas. A técnica mais impressionante da medicina chinesa é chamado de qigong ou chikung. Consiste na aplicação da energia do corpo do médico no corpo do paciente. Com essa técnica, os médicos chineses conseguem até mover os músculos de um paciente sem tocá-lo.

Império do Japão

O Japão, Nippon ou Nihon, literalmente "origem do sol" ou "terra do sol nascente" é um país insular do Extremo Oriente, formado por um arquipélago situado ao largo da costa nordeste da Ásia. Sua capital é a cidade de Tóquio.

A ocupação do Japão por grupos humanos remonta ao Paleolítico, portanto, a data oficialmente mais aceita para a primeira presença humana no arquipélago é de 35.000 a.C.., quando povos caçadores-coletores chegaram às ilhas vindos do continente através de istmos. As primeiras ferramentas japonesas de pedra lascada datam de 35.000 a.C., as de pedra polida datam de 30.000 a.C., as mais antigas do mundo. Ainda não se sabe por que essas ferramentas surgiram tão cedo no Japão. E foi em 1985 que mergulhadores fizeram descobertas de estruturas submersas em Yonaguni-jima, em Okinawa. Muitos historiadores, arqueólogos e cientistas foram atraídos até o sítio arqueológico, onde realizaram estudos para o cálculo da idade destes monumentos. Chegaram a conclusão que os monumentos têm mais de 11.000 anos de idade, as mais antigas do mundo. Os cientistas confirmam que esses monumentos encontrada submersa na costa do Japão é a evidência de que pode ter existido uma civilização desconhecida, anterior a Idade da Pedra. A primeira cultura cerâmica e civilização a se desenvolver no Japão foi o povo nômade Jomon que não desenvolveu a agricultura ou criação de animais. Em 250 a.C., a cultura nômade Yayoi a substituiu vinda de Kyushu trazendo o cultivo do arroz, as ferramentas de metal e a confecção de roupas.

O Japão foi unificado pela primeira vez no século IV pelo Povo Yamato e logo empreendeu a conquista da península da Coréia no final do século. Nos séculos seguintes a competição por cargos no governo enfraqueceu gradativamente o domínio japonês sobre a Coréia até o século VI. Em 552, o budismo foi introduzido no país trazido da Coréia servindo como arma política contra o crescente poder dos sacerdotes. Após a morte do imperador Shotoku em 622 e um período de guerras civis, o imperador Kotoku deu início a reforma Taika que criaria um Estado com poderes concentrados nas mãos do Imperador rodeado por uma burocracia à semelhança da Dinastia Tang na China. Em 710, a capital japonesa foi transferida de Asuka para Nara, réplica da capital chinesa da época, dando início a um novo período da história japonesa no qual a cultura e a tecnologia chinesa tiveram maior influência e o budismo difundiu-se com a criação de templos por parte do imperador nas principais prefeituras.

Mais tarde a capital seria novamente transferida para Heian-kio, a moderna Quioto, e se daria o rompimento entre o imperador Kammu e os monges budistas. A partir daí se estabeleceria a escrita japonesa e uma nova literatura. É nesse período de paz que surge a classe dos samurais como guarda da corte. Contudo as disputas surgidas

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entre os clãs guerreiros Taira no Kiyomori e Minamoto no Yoritomo levaram à nova guerra civil que só teve fim em 1185 com a ascensão de Minamoto. Este estabeleceria o governo do xogunato em Kamakura enquanto em Quioto a corte era mantida de forma simbólica. Novo período de paz e enriquecimento cultural e material se estabeleceu até uma nova tentativa mal sucedida de restauração da autoridade imperial feita pelo Imperador Go-Daigo.

O surgimento dos daimyo de base local, enfraqueceu o xogunato e esse enfraquecimento levou a Guerra Onin entre 1467 e 1477 entre os Kosokawa e os Yamana que deu fim ao xogunato. Sem uma autoridade central, os daimyos, agora com autoridade absoluta em seus domínios, deram início a um período de guerras que só terminaria entre 1550 e 1560 com a conquista dos demais domínios por Oda Nobunaga. Foi durante o século XVI que comerciantes e missionários portugueses chegaram ao Japão pela primeira vez, dando início a um intenso período de trocas culturais e comerciais.

No Japão, os portugueses praticaram o comércio e a evangelização. Os Missionários, principalmente os Padres da Companhia de Jesus, levaram a cabo um intenso trabalho de missionação e em cerca de 100 anos de presença Portuguesa no Japão a comunidade Cristã no país chegou a ascender a cerca de um milhão de Católicos.

Toyotomi Hideyoshi deu continuidade ao governo de Nobunaga e unificou o país em 1590. Depois da morte de Hideyoshi, Tokugawa Ieyasu como regente aproveitou-se de sua posição para ganhar apoio político e militar. Quando a oposição deu início a uma guerra, ele a venceu em 1603 na Batalha de Sekigahara. Tokugawa fundou um novo xogunato com capital em Edo e expulsou os portugueses e restantes estrangeiros, dando início à perseguição dos católicos no país, tidos como subversivos, com uma política conhecida como sakoku. A perseguição aos cristãos japoneses fez parte desta política, levando esta comunidade à conversão forçada ou mesmo à morte, como é o caso dos 26 Mártires do Japão.

Esta política deixou o país isolado por 250 anos até a chegada de navios americanos com Matthew Calbraith Perry em 31 de Março de 1854 exigindo a abertura do país ao comércio revelar o atraso do xogunato. A Guerra Boshin reestabeleceu o poder centralizado do imperador com Meiji do Japão em 1868, quando teve início um período de desenvolvimento econômico e de expansionismo ao qual se seguiram as vitórias nas guerras sino-japonesa (1894-1895) e russo-japonesa (1904-1905) e a conquista da Coréia e das ilhas de Taiwan e de Sacalina, mantendo o interesse do país sobre a Manchúria.

A Grandiosidade da Índia

Muitos ocidentais olham com preconceito a miséria do povo na Índia nos dias de hoje. Alguns chegam a dizer absurdos do tipo:

“Puxa, como eles são sujos!” Bem, o preconceito começa em achar que pobreza é sinônimo de sujeira. Afinal, que culpa têm os pobres se o governo só bota água encanada e rede de esgoto e só limpa as ruas nos bairros ricos, não é mesmo?

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Um pouco de estudo de história já fornece armas para combater o preconceito. Por exemplo, você sabia que os primeiros lugares com água encanada para tomar banho e galerias de esgoto para levar embora os excrementos domésticos foram as cidades indianas primitivas? A preocupação indiana com higiene nas cidades é a mais antiga do mundo.

Nas margens do rio Indo (onde está o Paquistão), lá por volta de 2500 a.C., desenvolveu-se a primeira civilização de que se tem notícia na Índia. Havia cidades com 20 mil ou 30 mil habitantes, e casas construídas de tijolos cozidos.

Por volta de 1500 a.C., os invasores arianos (povos asiáticos de pele clara), montados em cavalos e brandindo armas de ferro, dominaram o território indiano. Do encontro entre a cultura ariana e a antiga cultura dravidiana nasceu a cultura hindu (indiana).

A construção do Império Indiano

A civilização indiana se espalhou por um vasto território, com uma área equivalente à metade do Brasil atual. Esse território, que nós chamaremos de Índia, se estendia por onde hoje estão a Índia, o paquistão, Bangladesh e Sri lanka.

Civilização do Vale do Indo

A irrigação do Vale do Indo, que fornecia recursos suficentes para sustentar grandes centros urbanos como Harappa e Mohenjo-daro em cerca de 2500 a.C., marcou o início da civilização harappa. Aquele período testemunhou o nascimento da primeira sociedade urbana na Índia, conhecida como a civilização do Vale do Indo (ou civilização harappa), que floresceu entre 2500 e 1900 a.C. Concentrava-se em volta do rio Indo e seus tributários e estendia-se ao doab Ganges-Yamuna, ao Guzarate e ao norte do atual Afeganistão.

Esta civilização caracterizava-se por suas cidades construídas com tijolos, por sistemas de águas pluviais e por casas com vários andares. Quando comparada a civilizações contemporâneas como o Egito e a Suméria, a cultura do Indo dispunha de técnicas de planejamento urbano singulares, cobria uma área geográfica mais extensa e pode ter formado um Estado unificado, como sugere a extraordinária uniformidade de seus sistemas de medida. As referências históricas mais antigas à Índia talvez sejam as relativas a "Meluhha", em registros sumérios, que poderia ser a civilização do Vale do Indo.

As ruínas de Mohenjo-daro constituíam o centro daquela antiga sociedade. Os assentamentos da civilização do Indo disseminaram-se até as modernas Bombaim, ao sul, Délhi, a leste, e a fronteira iraniana, a oeste, limitando com os Himalaias a norte. Os principais centros urbanos eram Harappa e Mohenjo-daro, bem como Dholavira, Ganweriwala, Lothal, Kalibanga e Rakhigarhi. No seu zênite, como crêem alguns arqueólogos, a civilização do Indo talvez contivesse uma população de mais de cinco milhões de habitantes. Até o presente, mais de 2 500 antigas cidades e assentamentos foram identificados, em geral na região a leste do rio Indo no atual Paquistão. Alguns acreditam que perturbações geológicas e mudanças climáticas, responsáveis por um desmatamento gradual, teriam contribuído para a queda daquela civilização. Em meados do II milênio a.C., a região da bacia do rio Indo, que inclui cerca de dois-terços dos

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sítios atualmente conhecidos, secou, levando a população a abandonar os assentamentos.

Civilização védica

A civilização védica é a cultura indo-ariana associada com o povo que compôs os Vedas no subcontinente indiano. Incluía o atual Panjabe, na Índia e Paquistão, e a maior parte da Índia setentrional. A relação exata entre a gênese desta civilização e a cultura do Vale do Indo, por um lado, e uma possível imigração indo-ariana, por outro, é motivo de controvérsia.

A maioria dos estudiosos entende que esta civilização floresceu entre os II e I milênio a.C. O uso do sânscrito védico continuou até o século VI a.C., quando a cultura começou a transformar-se nas formas clássicas do hinduísmo. Esta fase da história da Índia é conhecida como o período védico ou era védica. Sua fase primitiva testemunhou a formação de diversos reinos da Índia antiga; em sua fase tardia (a partir de cerca de 700 a.C.), surgiram os Mahajanapadas, dezesseis grandes reinos no norte e no noroeste da Índia. Seguiram-se-lhe a idade de ouro do hinduísmo e da literatura em sânscrito clássico, o Império Maurya (a partir de cerca de 320 a.C.) e os reinos médios da Índia (a partir do século II a.C.).

Ademais dos principais textos do hinduísmo (os Vedas), os grandes épicos indianos (Ramáiana e Maabárata), inclusive as famosas histórias de Rama e Krishna, teriam sua origem neste período, a partir de uma tradição oral. O Bhagavad Gita, outro bem-conhecido texto primário do hinduísmo, está contido no Maabárata.

Dataria desta época a organização da sociedade indiana em quatro varnas (castas).

Os 16 Mahajanapadas da Idade do Ferro

Os dezesseis Mahajanapadas da Idade do Ferro no subcontinente indiano, estendendo-se principalmente ao longo da planície gangética.

Durante a Idade do Ferro, que começou na Índia em torno de 1000 a.C., diversos pequenos reinos e cidades-Estado cobriram o subcontinente, muitos mencionados na literatura védica a partir de 1000 a.C. Em torno de 500 a.C., dezesseis monarquias e "repúblicas", conhecidas como Mahajanapadas, estendiam-se através das planícies indo-gangéticas, desde o que é hoje o Afeganistão até Bangladesh. A língua culta daquele período era o sânscrito, enquanto que os dialetos da população em geral do norte da Índia eram conhecidos como prácritos.

Os rituais hindus da época eram complicados e conduzidos pela classe sacerdotal. Os Upanixades, textos védicos tardios que lidavam principalmente com filosofia, teriam sido compostos no início daquele período e seriam portanto contemporâneos ao desenvolvimento do budismo e do jainismo, o que indicaria uma idade do ouro filosófica naquele momento, semelhante ao que ocorreu na Grécia antiga. Em 537 a.C., Gautama Buda atingiu a iluminação e fundou o budismo, inicialmente visto como um complemento ao darma védico. No mesmo período, em meados do século VI a.C., Mahavira fundou o jainismo. Ambas as religiões tinham uma doutrina simples e eram pregadas em prácrito, o que ajudava a disseminá-las entre as massas. Embora o impacto geográfico do jainismo tenha sido limitado, freiras

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e monges budistas levaram os ensinamentos de Buda à Ásia Central e Oriental, Tibete, Sri Lanka e Sudeste asiático.

Os Mahajanapadas eram, grosso modo, o equivalente às cidades-Estado gregas do mesmo período no Mediterrâneo, e produziam uma filosofia que viria a formar a base de grande parte das crenças do mundo oriental, da mesma maneira que a Grécia antiga produziria uma filosofia que embasaria grande parte das crenças do mundo ocidental. O período encerrou-se com as invasões persa e grega e a ascensão subseqüente de um único império indiano a partir do reino de Magadha.

Invasões persa e grega

Na altura do século V a.C., o norte do subcontinente indiano foi invadido pelo Império Aquemênida e, no final do século IV a.C., pelos gregos do exército de Alexandre, o Grande. Ambos os eventos repercutiram fortemente na civilização indiana, pois os sistemas políticos dos persas viriam a influenciar a filosofia política indiana, inclusive a administração da dinastia maurya, e formou-se um cadinho das culturas indiana, persa, centro-asiática e grega no que é hoje o Afeganistão, de modo a produzir uma singular cultura híbrida.

Império aquemênida

Grande parte do noroeste do subcontinente indiano (atualmente o leste do Afeganistão e quase todo o Paquistão) foi governada pelo Império Persa aquemênida a partir de cerca de 520 a.C. (durante o reinado de Dario, o Grande) até a sua conquista por Alexandre, o Grande. Os aquemênidas, cujo controle sobre a região durou 186 anos, usavam a escrita aramaica para a língua persa. Com o fim da dinastia, a escrita grega passou a ser mais comum.

O império de Alexandre

A interação entre a Grécia helenística e o budismo teve início com a conquista da Ásia Menor e do Império Aquemênida por Alexandre, o Grande. Em seu avanço, o monarca macedônio atingiu as fronteiras noroeste do subcontinente indiano em 334 a.C. Ali, derrotou o Rei Poro na batalha de Hidaspes (próximo à atual Jhelum, Paquistão) e apoderou-se da maior parte do atual Panjabe. Entretanto, as tropas de Alexandre recusaram-se a prosseguir além do Hifasis (rio Beas), próximo à atual Jalandhar, Índia. O monarca atravessou então o curso d´água e mandou erguer altares para marcar o extremo oriental de seu império.

Alexandre criou guarnições para suas tropas nos novos territórios e fundou diversas cidades nas regiões do Oxus, Aracósia e Báctria, bem como assentamentos macedônios/gregos em Gandhara e no Panjabe. Tais regiões incluíam o Passo Khyber (ao sul dos Himalaias e do Hindu Kuch) e um outro passo que ligavam Drangiana, Aracósia e outros reinos persas e centro-asiáticos à planície do Indo. Foi através daquelas áreas que a maior parte da interação entre o sul da Ásia e a Ásia Central ocorreu, com trocas comerciais e culturais.

O território correspondente aos atuais Panjabe, o rio Indo desde a fronteira de Gandhara até o Mar Arábico, e outras porções da planície índica tornou-se uma satrapia do império de Alexandre. Segundo Heródoto, esta era a mais populosa e rica dentre as vinte satrapias.

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Império Magadha

Originalmente, Magadha era um dos dezesseis Mahajanapadas indo-arianos da Índia Antiga. O reino emergiu como uma grande potência após subjugar dois Estados vizinhos, e era dono de um exército incomparável na região.

Em 326 a.C., o exército de Alexandre, o Grande, aproximou-se das fronteiras do Império Magadha. As tropas, exaustas e receosas de enfrentar mais um gigantesco exército indiano no rio Ganges, amotinaram-se no rio Hifasis e recusaram-se a prosseguir em direção a leste. Naquelas condições, Alexandre decidiu avançar na direção sul, seguindo o Indo até o Oceano.

Pouco depois, Chandragupta, fundador da dinastia maurya, subiu ao poder em Magadha. O Império Maurya atingiu o zênite no reinado de Açoca Maurya, um dos mais lendários imperadores da Índia, quando incluía a maior parte do sul da Ásia. Posteriormente, Magadha também foi o cerne do poderoso Império Gupta.

Dinastia maurya

Em 321 a.C., o general exilado Chandragupta Maurya fundou a dinastia maurya após derrubar o Rei Dhana Nanda de Magadha. A dinastia maurya lograria, com o tempo, reunir sob seu governo, pela primeira vez na história da Índia, a maior parte do subcontinente, formando o chamado Império Maurya. Ao aproveitar a oportunidade oferecida pela desestabilização da Índia setentrional devida às invasões persa e grega, Chandragupta conquistou não apenas quase todo o subcontinente mas também expandiu suas fronteiras para a Pérsia e a Ásia Central, conquistando a região de Gandhara. Convertido ao jainismo, Chandragupta Maurya promoveu o proselitismo daquela religião no sul da Índia.

Sucedeu-o seu filho Bindusara, que expandiu o império até abarçar um território correspondente a quase toda a atual Índia, à exceção de Kalinga e dos extremos sul e leste, que talvez fossem tributários. A Índia moderna é uma imagem da Mauryana, que uniu todos os povos e culturas dos reinos indianos até então separados sob uma mesma bandeira, e previu um destino comum para todos os indianos (naquela época, quase todos hindus e budistas). A tradição foi retomada posteriormente pelo Império Mogol e pela Índia britânica, que formaram Estados semelhantes.

Açoca, o Grande, sucedeu seu pai Bindusara e procurou expandir ainda mais o império. Como conseqüência da carnificina causada pela invasão de Kalinga, terminou por renunciar ao derramamento de sangue e adotou uma política de não-violência (ou ahimsa) após converter-se ao budismo. Os Editos de Açoca, os documentos históricos preservados mais antigos da Índia, permitem a datação das dinastias a partir de sua época. Com Açoca, a dinastia maurya foi responsável pela divulgação dos ideais budistas através de toda a Ásia Oriental e o sudeste asiático, de maneira a alterar fundamentalmente a história e o desenvolvimento da Ásia como um todo. Açoca, o Grande, foi descrito como um dos maiores soberanos que o mundo já conheceu.

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Dinastia sunga

A dinastia sunga foi estabelecida em 185 a.C. quando o último soberano maurya foi assassinado pelo então comandante-em-chefe das forças mauryas, Pusyamitra Sunga. O subseqüente Império Sunga, com capital em Pataliputra, controlou o nordeste da Índia (a planície gangética) até c. 73 a.C.

Reinos médios primitivos - a Idade de Ouro

Os chamados reinos médios da Índia foram entidades políticas existentes no período histórico entre o declínio do Império Maurya, no século II a.C. - e a correspondente ascensão dos andaras (ou satavahanas) -, até a queda do Império Vijaynagar, no século XIII, com a correlata invasão muçulmana da Índia. Pode ser dividido em dois períodos, o primitivo e o tardio, separados pela queda do Império Gupta (século VII). A dinastia gupta costuma ser apontada como a Idade de Ouro da cultura indiana.

O período dos reinos médios foi caracterizado por ondas de invasões provenientes da Pérsia e da Ásia Central, começou com a expansão do budismo a partir da Índia e terminou com a conquista islâmica do subcontinente indiano.

Invasões de noroeste

Na esteira da desintegração do Império Maurya, durante o século II a.C., o sul da Ásia tornou-se uma colcha de retalhos de potências regionais com fronteiras sobrepostas. O Vale do Indo e as planícies gangéticas atraíram uma série de invasões entre 200 a.C. e 300 d.C. Tanto os andaras quanto, posteriormente, o Império Gupta, tentaram conter as invasões sucessivas, terminando, ambos, por entrar em colapso devido às pressões exercidas por tais guerras.

O budismo floresceu tanto sob o governo dos invasores, que adotaram aquela religião, quanto sob os andaras e os guptas, passando a representar uma ponte cultural entre as duas culturas que levou os invasores a tornar-se "indianizados". O período foi marcado por feitos intelectuais e artísticos inspirados pela difusão e pelo sincretismo culturais ocorridos em novos reinos localizados na Rota da Seda.

Dentre os invasores do período, destacam-se, sucessiva ou simultaneamente:

os indo-gregos (secessionistas do Reino Greco-Bactriano, este, por sua vez, secessionista do Império Selêucida): representantes do helenismo, ocuparam o território correspondente aos atuais Paquistão, sul do Afeganistão e noroeste da Índia. Governaram entre 180 a.C. até cerca de 10 d.C.;

os sacas ou indo-citas: um ramo dos citas, estabeleceram-se no sul do Afeganistão e expandiram-se em direção a Gandhara, Caxemira e o noroeste da Índia, conquistando progressivamente território indo-grego. Seu predomínio na região durou do século II a.C. ao século I a.C.;

os indo-partos: após a conquista dos indo-citas pelos partos, um chefe parto declarou-se independente da Pártia e estabeleceu um reino separado que incluía o território correspondente aos atuais Afeganistão, Paquistão e norte da Índia no século I. O reino durou até 75, quando foi conquistado pelos kuchanos;

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as satrapias ocidentais: de origem saca, controlaram, entre 35 e 405, boa parte das regiões central e ocidental da Índia (correspondentes aos atuais Guzarate, Maharashtra, Rajastão e Madhya Pradesh). Talvez fossem originalmente vassalos dos kuchanos ou dos partos. Eram contemporâneos dos kuchanos (com cujo império limitavam ao norte) e dos andaras (no centro da Índia); e os kuchanos.

Império Gupta

Da mesma forma que os andaras, os guptas foram uma dinastia nativa da Índia que se opôs aos invasores de noroeste. Nos séculos IV e V, a dinastia gupta unificou a Índia setentrional. Naquele período, conhecido como a Idade do Ouro indiana, a cultura, a política e a administração hindus atingiram patamares sem precedentes. Com o colapso do império no século VI, a Índia voltou a ser governada por diversos reinos regionais.

Suas origens são, em grande medida, desconhecidas. O viajante chinês I-tsing fornece a mais antiga prova da existência de um reino gupta em Magadha. Acredita-se que os puranas védicos foram redigidos naquela época; deve-se ao Império Gupta, também, a invenção dos conceitos de zero e infinito e os símbolos para o que viria a ser conhecido como os algarismos arábicos (1-9). O império chegou ao fim com o ataque dos hunos brancos provenientes da Ásia Central. Uma linhagem menor do clã gupta, que continuou a reinar em Magadha após a desintegração do império, foi finalmente destronada pelo Harshavardhana, que reunificou o norte do subcontinente na primeira metade do século VII.

Reinos médios tardios - a era clássica

Esta fase histórica pode ser definida como o período entre a queda do Império Gupta e as conquistas de Harshavardhana, por um lado, e o surgimento dos primeiros sultanatos islâmicos na Índia com o correlato declínio do Império meridional Vijaynagar, no século XIII, por outro. Naquela fase destacaram-se o Reino Chola, no território correspondente ao norte de Tâmil Nadu, e o Reino Chera, no que é hoje Kerala. Os portos da Índia meridional dedicavam-se então ao comércio do Oceano Índico, especialmente de especiarias, com o Império Romano a oeste e o sudeste da Ásia a leste. No norte, estabeleceu-se o primeiro dos Rajaputros, uma série de reinos que sobreviveria em certa medida por quase um milênio até a independência indiana frente aos britânicos. O período assistiu uma produção artística considerada a epítome do desenvolvimento clássico; os principais sistemas espirituais e filosóficos locais continuaram a ser o hinduísmo, o budismo e o jainismo.

No norte, sucederam o império formado por Harshavardhana as dinastias Pratihara, de Malwa (no atual Rajastão), Pala, de Bengala, e Rashtrakuta, do Decão, entre os séculos VII e IX. No sul e no centro, surgiram o Império Chalukya, de Badami (no atual Karnataka), e Pallavi, de Kanchipuram (no atual Tâmil Nadu), entre os séculos VI e VIII.

Invasão islâmica

A invasão do subcontinente indiano por tribos e impérios estrangeiros foi freqüente ao longo da história, e costumava terminar com o invasor absorvido pelo cadinho sócio-cultural indiano. A diferença, na fase histórica em apreço, é que os Estados muçulmanos invasores - em geral, de origem turcomana - mantiveram, uma

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vez instalados no subcontinente, seu caráter islâmico, com repercussões até os dias de hoje.

A primeira incursão muçulmana (árabe omíada) de monta ocorreu no século VIII, contra o Baluchistão, Sind e o Panjabe, resultando em Estados islâmicos sobre os quais o controle do Califado era muito tênue. No início do século XI, a dinastia ghaznávida (de Ghazni, cidade do atual Afeganistão), de origem turcomana, avançou sobre o oeste e o norte da Índia, conquistando o Panjabe; a Caxemira, o Rajastão e Guzerate permaneceram sob controle dos rajaputros. No século XII, os ghóridas, uma dinastia também turcomana e originalmente do Afeganistão, venceram o império ghaznávida e alguns rajás do norte da Índia e lograram conquistar Délhi, ali fundando (já no século XIII) o Sultanato de Délhi.

Movimento de independência

Organizações sociais fundadas no final do século XIX e início do século XX para defender os interesses indianos junto ao governo da Índia britânica transformaram-se em movimentos de massa contra a presença britânica no subcontinente, agindo por meio de ações parlamentares e resistência não-violenta.

Após a participação da Índia, ou seja, a separação do antigo Raj britânico entre a República da Índia e o Paquistão, em agosto de 1947, o mundo testemunhou a maior migração maciça da história, quando um total de 12 milhões de hindus, siques e muçulmanos cruzaram a fronteira da Índia com o Paquistão Ocidental e a fronteira da Índia com o Paquistão Oriental.

A sociedade de castas

Presente na cultura indiana há milhares de anos, o sistema de castas segue uma regra básica: todos são criados desiguais. A existência de castas na sociedade hindu originou-se de uma lenda na qual os quatro principais grupos, ou varnas, surgiram de um deus. De sua boca, vieram os brâmanes – sacerdotes e mestres. De seua braços, os xátrias – governantes e soldados. De suas coxas, os vaixás – mercadores e negociantes e, de seus pés, os sudras – trabalhadores braçais. Cada varna, por sua vez, é formado por centenas de castas que passam de pai para filho.

Um quinto grupo consiste nas pessoas que são achuta, ou intocáveis. Não vieram desse deus. Eles são os excluídos, pessoas consideradas impuras demais. Sofrem todo tipo de preconceito, principalmente nas áreas rurais, onde vive a maioria da população indiana. Os intocáveis são evitados, insultados, proibidos de frequentar templos e casas de castas superiores, obrigados a comer e beber em pratos e copos separados em lugares públicos e, em casos extremos, são estuprados, queimados, linchados e baleados.

Apesar de a Constituição da Índia proibir a discriminação de castas e não reconhecer a condição de intocável, o hinduísmo, religião da maioria da população indiana, governa a vida diária com seus rígidos códigos sociais. Um pai ou mãe intocável geram filhos intocáveis, marcados como impuros desde o momento em que começam a respirar.

Os intocáveis executam o “trabalho sujo” da sociedade, atividade que exige contato físico com sangue e excrementos humanos. Os intocáveis cremam os mortos,

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limpam latrinas, cortam cordões umbilicais, removem animais mortos da rua, curtem couro, varrem sarjetas. Esses trabalhos e a condição de intocável são transmitidos aos descendentes. Mesmo os numerosos intocáveis que exercem serviços “limpos”, principalmente trabalhos agrícolas mal remunerados em terras de grandes proprietários, são considerados impuros.

O budismo

O príncipe Sidharta era rico, belissimo, saudavel e inteligente demais. Sua vida parecia ser a melhor do mundo. Vivia em festas, diverções, caçadas (o esporte dos prínipes), banquetes. As mulheres caíam apaixonadas aos seus pés. Músicos, pintores e poeta faziam de tudo para diverti-lo. Mas, apesar de mergulhado nos prazeres, Sidharta vivia deprimido. Não encontrava um sentido para sua vida.

Quando completou 29 anos de idade, Sidharta abandonou o riquíssimo palácio real e foi conhecer o mundo lá fora. Pela primeira vez entrou em contato com a miséria, a doença e a morte, três desgraças na vida de um homem. Sidharta abandonou todos os bens materiais e passou a meditar profundamente. Um dia, ao pé de uma figueira, ele foi “iluminado pela verdade”, ou seja, tornou-se Buda.

Buda ensinou que a fonte da dor é o desejo. Porque o desejo nunca satisfaz. Quando alcançamos uma coisa, passamos a querer outra, e assim por diante. Nunca chega ao fim. Quem esquece os desejos passa a viver uma vida bem simples e humilde, pode um dia alcançar o Nirvana, que é a felicidade absoluta (paz e um sentimento que está tudo pleno, completo).

Depois da morte de Buda, os discípulos foram espalhando seus encinamentos. O budismo é uma religião curiosa, já que não cultua nenhum deus específico. No máximo, traz algumas mensagens lembrando o Buda.

O budismo nasceu na Índia no século V a.C., mas hoje em dia quase não há budistas por lá. A população se divide em hinduístas e muçulmanos. Mas o budismo conseguiu milhões de adeptos na China e no Japão.

A cultura indiana

Uma simples olhada nas construções monumentais indianas é suficiente para ficarmos arrepiados diante da grandiosidade dessa civilização.

Os indianos tinham uma escrita alfabética e até mesmo livros de gramática. No campo das ciências fizeram várias descobertas notáveis. Por exemplo, os algarismos que nós utilizamos (1,2,3 etc.) foram inventados por eles. Ensinaram aos árabes, que mais tarde os transmitiram aos europeus.

A literatura indiana era brilhante, mas estava escrita no idioma sânscrito, que não era compreendido pela maioria do povo. Só uma elite podia ler livros.