O EXERCÍCIO AMADOR E O EXERCÍCIO AMADOR E PROFISSIONAL DOS ATORES PROFISSIONAL DOS ATORES

EM UMA PERSPECTIVA EM UMA PERSPECTIVA SÓCIO-JURÍDICASÓCIO-JURÍDICA

Trabalho monográfico de Gyl Giffony Araújo MouraTrabalho monográfico de Gyl Giffony Araújo MouraOrientação de conteúdo de Francisco Humberto Cunha FilhoOrientação de conteúdo de Francisco Humberto Cunha FilhoOrientação metodológica de José Cauby de Medeiros FreireOrientação metodológica de José Cauby de Medeiros Freire

Razões e Meios para o Desenvolvimento Razões e Meios para o Desenvolvimento ● ● MotivaçãoMotivação:: A forte e cerceadora conduta de fiscalização do exercício dos A forte e cerceadora conduta de fiscalização do exercício dos

atores, adotada pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos em atores, adotada pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos em Diversões do Estado do Ceará (SATED/CE).Diversões do Estado do Ceará (SATED/CE).

●● ObjetivosObjetivos: : - Configurar os termos ator, amadorismo e profissionalismo;Configurar os termos ator, amadorismo e profissionalismo;- Compreender a necessidade de regulamentação pelo Estado do ofício Compreender a necessidade de regulamentação pelo Estado do ofício

desempenhado pelos intérpretes;desempenhado pelos intérpretes;- Examinar a livre manifestação da atividade artística e a liberdade profissional, Examinar a livre manifestação da atividade artística e a liberdade profissional,

expressas na Constituição Federal de 1988;expressas na Constituição Federal de 1988;- Analisar a Lei nAnalisar a Lei nº 6.533/78, atentando para sua recepção pela vigente Carta º 6.533/78, atentando para sua recepção pela vigente Carta

Magna.Magna.

●● MetodologiaMetodologia: : Levantamento e pesquisa bibliográfica de parte da doutrina Levantamento e pesquisa bibliográfica de parte da doutrina civil, trabalhista, constitucional e dos direitos culturais, bem como obras de civil, trabalhista, constitucional e dos direitos culturais, bem como obras de Antropologia, Filosofia, Sociologia e História da arte. Antropologia, Filosofia, Sociologia e História da arte.

Estruturação e Conteúdo do Estruturação e Conteúdo do TrabalhoTrabalho

1 O EXERCÍCIO DOS ATORES1 O EXERCÍCIO DOS ATORES1.1 Configuração e abrangência da atividade 1.1 Configuração e abrangência da atividade

- Decreto nDecreto nº 82.385/78: ATOR – Cria, interpreta e representa uma ação º 82.385/78: ATOR – Cria, interpreta e representa uma ação dramática, baseando-se em textos, estímulos visuais, sonoros ou outros, dramática, baseando-se em textos, estímulos visuais, sonoros ou outros, previamente concebidos por um autor ou criados através de improvisações previamente concebidos por um autor ou criados através de improvisações individuais ou coletivas; utiliza-se de recursos vocais, corporais e emocionais, individuais ou coletivas; utiliza-se de recursos vocais, corporais e emocionais, apreendidos ou intuídos, com o objetivo de transmitir ao espectador o apreendidos ou intuídos, com o objetivo de transmitir ao espectador o conjunto de idéias e ações dramáticas propostas; pode utilizar-se de recursos conjunto de idéias e ações dramáticas propostas; pode utilizar-se de recursos técnicos para manipular bonecos, títeres e congêneres; pode interpretar sobre técnicos para manipular bonecos, títeres e congêneres; pode interpretar sobre a imagem ou voz de outrem; ensaia buscando aliar sua criatividade à do a imagem ou voz de outrem; ensaia buscando aliar sua criatividade à do diretor.diretor.

- Multiplicidade e heterogeneidade do exercício dos atores.Multiplicidade e heterogeneidade do exercício dos atores.

1.2 Legitimação artística dos atores1.2 Legitimação artística dos atores

- Autolegitimação; Legitimação pelos pares; Capital social; Legitimação pelas Autolegitimação; Legitimação pelos pares; Capital social; Legitimação pelas instituições; Legitimação pelo mercado; Legitimação pelos especialistas; instituições; Legitimação pelo mercado; Legitimação pelos especialistas; Legitimação pela mídia; Legitimação pelo público e Legitimação pelo ensino.Legitimação pela mídia; Legitimação pelo público e Legitimação pelo ensino.

1.3 Evolução história do exercício dos atores1.3 Evolução história do exercício dos atores

1.3.1 A expressão e o espírito de teatralidade1.3.1 A expressão e o espírito de teatralidade

- Aristóteles: a reprodução de atos alheios é natural ao homem desde a sua Aristóteles: a reprodução de atos alheios é natural ao homem desde a sua infância; a imitação é um aprazível meio de aprendizado;infância; a imitação é um aprazível meio de aprendizado;

- Nicolai Evreinov: “espírito de teatralidade”;Nicolai Evreinov: “espírito de teatralidade”;- Erving Goffman: máscaras assumidas perante a sociedade.Erving Goffman: máscaras assumidas perante a sociedade.

1.3.2 Da História dos atores: do amadorismo ao profissionalismo1.3.2 Da História dos atores: do amadorismo ao profissionalismo

- Teatro e ritual;Teatro e ritual;- Grécia Antiga (1600 a.C. – 1.100 a.C.);Grécia Antiga (1600 a.C. – 1.100 a.C.);- Idade Média (476 d.C. – 1.100 d.C.);Idade Média (476 d.C. – 1.100 d.C.);- Renascimento (final do século XIII a meados do século XVII);Renascimento (final do século XIII a meados do século XVII);- Inglaterra, 1.482: primeiro registro de emprego permanente de atores;Inglaterra, 1.482: primeiro registro de emprego permanente de atores; - A classe média tratava o ofício como labuta desonesta, imoral e - A classe média tratava o ofício como labuta desonesta, imoral e

desnorteadora dos efetivos e desejáveis trabalhos, chegando até a pagar atores desnorteadora dos efetivos e desejáveis trabalhos, chegando até a pagar atores para não representar. para não representar.

2 ATORES AMADORES E PROFISSIONAIS 2 ATORES AMADORES E PROFISSIONAIS NA SOCIEDADE E NO ORDENAMENTO NA SOCIEDADE E NO ORDENAMENTO

JURÍDICO BRASILEIROJURÍDICO BRASILEIRO2.1 Amadorismo e profissionalismo artístico2.1 Amadorismo e profissionalismo artístico

- Amadorismo: prática que tem por fim a realização subjetiva de um agente Amadorismo: prática que tem por fim a realização subjetiva de um agente não-especializado, não sendo essa atividade sua única e principal fonte de não-especializado, não sendo essa atividade sua única e principal fonte de sobrevivência e objeto de aprimoramento técnico;sobrevivência e objeto de aprimoramento técnico;

- Ser amador pode ser visto como alternativa ou fruto de circunstâncias Ser amador pode ser visto como alternativa ou fruto de circunstâncias impostas;impostas;

- Profissionalismo: compreende habilidades específicas, valoradas e Profissionalismo: compreende habilidades específicas, valoradas e interessantes ao mercado;interessantes ao mercado;

- Liberdade, informalidade e autonomia artística Liberdade, informalidade e autonomia artística versus versus Relação de emprego e Relação de emprego e mercado;mercado;

- Parassubodinação;- Parassubodinação;- Profissionalismo e elitismo.Profissionalismo e elitismo.

2.2 Profissionalismo e não-profissionalismo no desporto: um exemplo2.2 Profissionalismo e não-profissionalismo no desporto: um exemplo

- Lei nLei nº 9.615, de 24 de março de 1998 (Lei Pelé);º 9.615, de 24 de março de 1998 (Lei Pelé); - Abrange as diversas possibilidades que o desporto pode ofererecer: - Abrange as diversas possibilidades que o desporto pode ofererecer:

educação, sociabilidade, saúde, economia, entre outros;educação, sociabilidade, saúde, economia, entre outros; - Não estabelece cisões; congrega os praticantes.- Não estabelece cisões; congrega os praticantes.

2.3 Do interesse do Estado em regulamentar a profissão2.3 Do interesse do Estado em regulamentar a profissão

- Conversão do Direito baseado nos costumes em Direito positivado;Conversão do Direito baseado nos costumes em Direito positivado;- Celso Ribeiro Bastos e Ives Gandra Martins apontam duas razões: a atividade Celso Ribeiro Bastos e Ives Gandra Martins apontam duas razões: a atividade

em pauta deve implicar conhecimentos técnicos e científicos avançados e a em pauta deve implicar conhecimentos técnicos e científicos avançados e a possibilidade que a profissão a ser regulamentada possa trazer sério dano possibilidade que a profissão a ser regulamentada possa trazer sério dano social.social.

2.4 A regulamentação da profissão de ator no ordenamento jurídico 2.4 A regulamentação da profissão de ator no ordenamento jurídico brasileirobrasileiro

2.4.1 Histórico dos instrumentos jurídicos brasileiros acerca do ofício do 2.4.1 Histórico dos instrumentos jurídicos brasileiros acerca do ofício do atorator

- Decreto nDecreto nº 6.552, de 16 de julho de 1907;º 6.552, de 16 de julho de 1907;- Decreto nº 5.492, de 16 de julho de 1928;Decreto nº 5.492, de 16 de julho de 1928;- Lei nº 6.533, de 24 de maio de 1978.Lei nº 6.533, de 24 de maio de 1978.

2.4.2 Lei nº 6.533: uma conquista?2.4.2 Lei nº 6.533: uma conquista?

- Fruto da luta da classe pelo reconhecimento da categoria;Fruto da luta da classe pelo reconhecimento da categoria;- Nasceu da observância somente da realidade profissional, dos empregados;Nasceu da observância somente da realidade profissional, dos empregados;- Decreto nº 82.385, de 5 de outubro de 1978: regulamenta a Lei e descreve as Decreto nº 82.385, de 5 de outubro de 1978: regulamenta a Lei e descreve as

funções;funções;- Artigos 6º e 7º, da Lei nº 6.533: O exercício profissional do ator pressupõe Artigos 6º e 7º, da Lei nº 6.533: O exercício profissional do ator pressupõe

registro prévio no Ministério do Trabalho, sendo três espécies de requisitos registro prévio no Ministério do Trabalho, sendo três espécies de requisitos para a obtenção do registro.para a obtenção do registro.

3 ASPECTOS CONSTITUCIONAIS 3 ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DO OFÍCIO DOS ATORESDO OFÍCIO DOS ATORES

3.1 Da livre manifestação da atividade artística3.1 Da livre manifestação da atividade artística- Artigo 5Artigo 5º, inciso IX, CF/88 – é livre a expressão da atividade intelectual, º, inciso IX, CF/88 – é livre a expressão da atividade intelectual,

artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou liença;liença;

- Arte e Liberdade.Arte e Liberdade.

3.2 Da liberdade profissional3.2 Da liberdade profissional- Artigo 5Artigo 5º, inciso XIII, CF/88 – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício º, inciso XIII, CF/88 – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício

ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;- Conflito entre direitos fundamentais: limitabilidade (característica destes Conflito entre direitos fundamentais: limitabilidade (característica destes

direitos) e princípio da razoabilidade;direitos) e princípio da razoabilidade;- Princípio da recepção: Constuição Federal de 1988 e Lei nº 6.533/1978. Princípio da recepção: Constuição Federal de 1988 e Lei nº 6.533/1978.

APONTAMENTOS CONCLUSIVOSAPONTAMENTOS CONCLUSIVOS

(1) O exercício da manifestação artística é único e livre, e, em regra, não comporta excludentes. Restrições devem ser observadas quando a atividade desempenhada pelos atores apresentar-se associada a outra áreas, como a docência, o marketing, entre outras, e nos casos de risco social;

(2) Atentar para uma compreensão mais ampla do exercício dos atores;

(3) Necessidade de reformulação ou substituição da Lei nº 6.533/1978;

(4) O fortalecimento de uma classe de trabalhadores está na sua organização e associação;

(5) Importante a existência de uma legislação que venha a congregar atores amadores e profissionais, visando compreender a arte em toda a sua abrangência e possibilidade, bem como estabelecer garantias trabalhistas, previdenciárias, entre outras.