o espetáculo e o sonho (augusto boal)
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No capítulo deste livro, Augusto Boal faz uma brilhante reflexão sobre como espetáculo e sonho podem juntos se transformar num tema maior, vasto e ambíguo. O que é o espetáculo? O que é o sonho? Espetáculo é sonho? Espetáculo e sonho? Espetáculo (é/e) sonho? Brincando com essas variantes de significantes e significados, o autor nos leva para uma viagem filosófica onde não podemos conceber os limites precisos entre um lugar e outro. Afinal, estamos falando de um sonho transformado em espetáculo ou de um espetáculo como sonho irrealizável? Com isso, somos levados a pensar que o artista de teatro está num constante trabalho de elaboração onírica sobre o seu próprio material de trabalho. Espetáculo e sonho são duas palavras que juntas se colocam inquietas, vibrantes, em movimento de choque, conflito, mutação, variação e transformação. Dialogar com este texto de Boal foi pensar que imergir no universo de Adormecida é indagar como estão misturados todos os planos de realidade, ficção, sonho, delírio, teatro e tv. A peça provoca um estímulo na sensorialidade onírica do espectador. Adormecida é a carpinteria teatral do sonho. Adormecida coloca o espectador no confronto de um jogo vibrante na relação teatro/televisão. O espectador é imerso num pesadelo sem fim. ''O sonho é a realização de um desejo'' - disse Freud. Em Adormecida, o espectador é levado a pensar sobre os seus próprios desejos e sobre os limites de suas ações para possivelmente realizá-los. Como diz Boal (2003): ''O espetáculo e o sonho, ambos são teatro. Teatro e vida, ambos são vida. Ficção e realidade, ambas são realidades. A única ficção que existe é a palavra ficção. A imagem do real é real enquanto imagem. O sonho é tão real como a vigília'' (p.71).TRANSCRIPT
