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O espaço urbano e o processo de urbanização

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O espaço urbano e o processo de urbanização

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O espaço urbano no mundo contemporâneo

• A urbanização contemporânea De acordo com dados do Relatório do desenvolvimento humano 2003, publicado pelo

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a taxa de urbanização mundial, ou seja, o percentual dos moradores das cidades sobre a população total do planeta, era de 38% em 1975, 48% em 2001, com previsão de 54% para o ano 2015. No final do século XVIII, no início da Primeira Revolução Industrial, essa taxa não passava de 3%.

A urbanização se acelerou com o processo de industrialização. Apesar disso, somente nesta primeira década do século XXI, a população urbana mundial deverá superar o índice de 50%. Segundo a ONU, a urbanização será uma das tendências demográficas mais importantes do século XXI e cada vez mais a população mundial deve se concentrar em cidades. Entretanto, analisando com mais atenção esse fenômeno, percebe-se que a urbanização é bastante desigual, uma vez que há regiões e países muito urbanizados e outros ainda predominantemente rurais. Mesmo nesses países, porém, o processo de urbanização vem se acelerando. Observe a tabela a seguir.

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Chamamos de processo de urbanização a transformação de espaços naturais e rurais em espaços urbanos, concomitante- mente à transferência em larga escala da população do campo para a cidade — o êxodo rural —, em razão de diversos fatores.

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• Desigualdades e segregação espacial

Em qualquer grande cidade do mundo, o espaço urbano é fragmentado. Sua estruturas semelha-se a um quebra-cabeça em que as peças, embora façam parte de um todo, têm cada uma sua própria forma e função. As grandes cidades apresentam centros comerciais, financeiros, industriais, residenciais e de lazer. Entretanto é comum que funções diferentes coexistam num mesmo bairro. Por isso essas mesmas cidades estão se tornando policêntricas, ou seja, em cada uma delas o distrito ou bairro mais importante possui seu próprio centro, suas ruas principais, que sediam o comércio e os serviços e servem de polos de atração ao fluxo de pessoas.

Essa fragmentação, quase sempre associada a um intenso crescimento urbano, impede os cidadãos de vivenciar a cidade por inteiro, atendo-se, em vez disso, apenas aos fragmentos que fazem parte do seu dia-a-dia e que caracterizam o seu lugar, ou seja, seu local de moradia, de trabalho, de estudo e de lazer. Pode-se dizer que a grande cidade não é um lugar, mas um conjunto de lugares, e que as pessoas a vivenciam parcialmente.

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As desigualdades sociais se materializam na paisagem urbana. Quanto maiores as disparidades entre os diferentes grupos e classes sociais, maiores as desigualdades de moradia, de acesso aos serviços públicos e de qualidade de vida, e maior a segregação espacial. No entanto, mesmo num bairro de população pobre, essa qualidade pode ser melhorada caso os serviços públicos de educação, saúde, transporte coletivo, entre outros, passem a funcionar de forma adequada. Essas mudanças positivas têm maiores chances de se concretizarem quando a comunidade se organiza para melhorar o seu cotidiano e reivindicar os seus direitos. Quando isso não acontece, as desigualdades e a exclusão socioespacial tendem a se manter e, muitas vezes, a aumentar.

O medo da violência urbana impulsionou a criação dos condomínios fechados.

Buscando segurança e tranquilidade, muitas pessoas de alto poder aquisitivo mudam para este tipo de moradia,que se multiplicou nos últimos anos sobretudo nas grandes cidades. Embora seja legítimo, do ponto de vista do indivíduo, buscar maior segurança para si e para sua família, esse fenômeno acentua a exclusão social e reduz os espaços urbanos públicos, uma vez que propicia o crescimento de espaços privados e de circulação restrita.

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• Subemprego e submoradia As grandes cidades dos países subdesenvolvidos não têm capacidade de absorver

tamanha

quantidade de migrantes da zona rural e de cidades pequenas e médias; por isso começa a aumentar o número de desempregados. Para sobreviverem, muitas pessoas acabam aceitando o subemprego. Como os rendimentos, em geral, são muito baixos, mesmo para os trabalhadores da economia formal, muitos não têm condições de comprar sua moradia nem de alugar um imóvel para viver. Por causa desse entrave, aumentam as favelas e os cortiços. Essa é a face mais visível do crescimento desordenado das cidades e da segregação espacial urbana. Veja no texto a seguir uma definição de favela e o número de pessoas que vive nesse tipo de habitação no mundo e no Brasil.

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• Violência urbana

A violência urbana - roubo, assalto,

sequestro, homicídio etc. Atinge milhares de pessoas todos os anos, notadamente em países subdesenvolvidos, fazendo muitas vítimas e gerando sensação de medo e insegurança. Entretanto deve ser destacado que a violência não está necessariamente associada à pobreza. Há países bem mais pobres que o Brasil e com pior IDH, como o Paraguai, a Nicarágua e a Índia, que apresentam índices significativamente menores de violência urbana. Ela é mais acentuada em países de desenvolvimento intermediário, como o Brasil, marcados por acentuada desigualdade socioeconômica.

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Mesmo entre os países desenvolvidos, o nível de violência é desigual: os Estados Unidos apresentam índices de violência mais elevados do que a média. Isso não ocorre por acaso. Esse país é um dos que apresentam maiores desigualdades no mundo desenvolvido. Juntando-se a isso a livre comercialização de armas de fogo e cultura armamentista que impera em amplos setores da população, teremos dois aspectos que ajudam a compreender por que os níveis de violência na sociedade norte-americana são tão altos. É claro que dentro de um país, qualquer que seja ele, a violência também é desigual: há regiões, províncias ou estados mais violentos, assim como certos grupos sociais estão mais expostos a homicídios. No Brasil, por exemplo, a violência atinge predominantemente jovens de 15 a 24 anos.

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• Rede e hierarquia urbanas A rede urbana é formada pelo sistema de cidades - de um mesmo país ou de países

vizinhos , que se interligam umas às outras pelos sistemas de transportes e de comunicações, por meio dos quais ocorrem os fluxos de pessoas, mercadorias, informações e capitais. As redes urbanas dos países desenvolvidos são mais densas e articuladas por causa dos altos índices de industrialização e de urbanização, da economia diversificada e dinâmica, dos mercados internos e da alta capacidade de consumo. De forma geral, quanto mais complexa a economia de um país ou de uma região, maiores são sua taxa de urbanização e a quantidade de cidades, mais densa é a sua rede urbana e maiores são os fluxos que as interligam. As redes urbanas de muitos países subdesenvolvidos, particularmente daqueles de baixo nível de industrialização e urbanização, são bastante desarticuladas, e as cidades estão dispersas no território, muitas vezes sem formar propriamente uma rede. O fenômeno da macrocefalia acentua essa desarticulação, mesmo nos países de maior grau de industrialização e urbanização, graças à grande concentração das atividades em uma única cidade, geralmente a capital.

Desde o final do século XIX, muitos autores passaram a utilizar o conceito de rede urbana para se referir à crescente articulação existente entre as cidades, como resultado da expansão do processo de industrialização-urbanização. No mesmo período, na tentativa de apreender as relações que se estabelecem entre as cidades no interior de uma rede, a noção de hierarquia urbana também passou a ser utilizada. Esse conceito foi tomado do jargão militar, e se refere a uma rígida hierarquia, em que cada subordinado se reporta ao seu superior imediato. No exército, por exemplo, o soldado reporta-se ao cabo, que se reporta ao sargento, que se reporta ao tenente, e assim sucessivamente até chegar ao general.

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Fazendo uma analogia, a vila seria um soldado e a metrópole completa, um general, a posição mais alta. Logo, a metrópole seria o nível máximo de poder e influência econômica e a vila, o nível mais baixo, que sofreria influência de todas as outras. Desde o final do século XIX até meados da década de 1970, foi essa a concepção de hierarquia urbana utilizada.

Veja o esquema ao lado.

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• Cidades na economia global Na atual etapa informacional do capitalismo, a rede e a hierarquia urbanas se

estruturam em escala mundial, de forma muito mais densa do que em períodos históricos anteriores. A Revolução Técnico-científica viabilizou um aumento na velocidade dos transportes e das telecomunicações, reduzindo o tempo de deslocamento de pessoas, mercadorias e informações entre os lugares. Só para comparar, no século XVI a viagem da esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral demorou 43 dias para atravessar o Oceano Atlântico desde Lisboa até o litoral brasileiro, onde hoje está Porto Seguro, na Bahia. Atualmente, de avião o mesmo percurso é feito em menos de 10 horas. A famosa carta de Pero Vaz de Caminha, que descrevia suas impressões sobre a nova terra, teve de refazer a travessia do oceano, a bordo de um navio que retornou à Europa, até chegar às mãos do rei de Portugal. Podemos dizer que durante longo período da história humana a informação circulava à mesma velocidade das pessoas e das mercadorias. A carta de Caminha teve de ser levada por alguém de navio. 0 avanço tecnológico, além de acelerar todas as modalidades de circulação, diferenciou o tempo necessário ao transporte da informação (veiculada, por exem plo, na forma de bites) do tempo do transporte da matéria. As informações viajam praticamente à velocidade da luz. Se fosse hoje, Caminha enviaria sua carta por e-mail ou fax. Ela chegaria ao destino quase que imediatamente ou, como se diz atualmente, em "tempo real".

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As cidades e a urbanização brasileira

• O que consideramos cidade?

Na maioria dos países, sejam subdesenvolvidos ou não, a classificação de uma aglomeração humana como cidade leva em consideração algumas variáveis básicas:

Densidade demográfica; Número de Habitantes; Localização e presença de Equipamentos Urbanos; Serviços de comunicação,educação e saúde.

Segundo o IBGE, a população urbana é a considerada residente no interior do perímetro urbano e, por exclusão, a rural é a residente fora deste perímetro. Isso implica na ampliação do perímetro urbano e a arrecadação crescente do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) em detrimento do ITR (Imposto Territorial Rural), de menor valor.

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• População urbana, rural e agrícola Como vimos, a metodologia utilizada na definição das populações urbana e rural

resulta em distorções. É inquestionável, entretanto, que os índices de população urbana vêm aumentando em quase todo o país (veja o gráfico a seguir) em razão da migração rural-urbana, embora atual mente esta seja menos intensa que nas décadas anteriores.

Embora os números referentes ao processo de urbanização pos sam conter algumas distorções, resultantes das metodologias utilizadas, é inegável que nas úl timas décadas o Brasil vem pas sando por um intenso processo de urbanização.

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Segundo dados do Censo 2000, a região Nordeste, a menos urbanizada, apresentou o índice de 69% de população urbana, contra 26,4% em 1940. Como a metodologia de coleta de dados ao longo do período 1940-2000 foi a mesma, o incre mento urbano é evidente. Veja a tabela:

Observe que a região Centro-Oeste apresenta o segundo maior índice de urbanização entre as regiões brasileiras. Isso se explica pela presença do Distrito Federal, cuja população (mais de 2 milhões de habitantes) mora dentro do perímetro urbano e porque a abertura de rodovias e expansão das fron teiras agrícolas promoveu forte crescimento urbano a partir da década de 1960.

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• A Rede Urbana Brasileira – processo de urbanização e Estruturação

Até 1930 – Migrações e o processo de urbanização organizados em escala regional, onde as metrópoles atuavam como polos de atividades secundárias e terciárias. Integração econômica entre São Paulo (cafeicultora), Zona da Mata nordestina (canavieira e cacaueira), Meio-Norte (algodoeira e pecuária) e região Sul (pecuária e policultora);

Após 1930 – A unificação do mercado se deu pela expansão nacional da infra-estrutura de transporte e telecomunicações, porém a tendência de concentração de atividades urbano industriais no Sudeste fez com que o atrativo populacional extrapolasse a escala regional e se estabelecesse como nacional.

Entre 1950 e 1980 – Intenso êxodo rural e migração inter-regional, com forte aumento populacional metropolitano no Sudeste, Nordeste e Sul. Nesse período ,o aspecto mai marcante foi a concentração populacional progressiva e acentuada em cidades que cresciam velozmente

De 1980 aos dias atuais – Desmetropolização e migração urbana-urbana (população de cidades pequenas para cidades médias e metrópoles nacionais para cidades médias)

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Concentração Urbana Nacional – 2001. Atlas Escolar 2003, IBGE

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• As Metrópoles Brasileiras

Em 2003 o Brasil possuía 26 regiões metropolitanas (veja a tabela a seguir), envolvendo 413 municípios e cerca de 69 milhões de habitantes (40% da população total do país).As regiões metropolitanas brasileiras foram criadas por lei aprovada no Congresso Nacional em 1973, que as definiu como um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomi- camente a uma cidade central', com serviços públicos e infra-estrutura comum, que deveriam ser reconhecidos pelo IBGE. A Constituição de 1988 possibilitou a estadualização do reconhecimento legal das metrópoles, conforme o artigo 25, parágrafo 3a:

Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

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EMPLASA – Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano. Disponível em: <emplasa.sp.gov.br. Acesso em 24/02/2004.

1 As 9 primeiras regiões metropolitanas instituídas no país, em 1973 e 1974.

2 A Ride é composta por municípios dos estados de Minas Gerais e Goiás e pelo Distrito Federal.

3 Não incluem o “Colar metropolitano da região metropolitana de Belo Horizonte”, instituído pela Lei Complementar Estadual 56, de 12/01/2000, e o “Colar metropolitano da região Metropolitana do Vale do Aço”, criado pela

Lei Complementar Estadual 51, de 30/12/1998.

4 Inclui o núcleo metropolitano e a área de expansão metropolitana .

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Conurbação – Fenômeno que compreende a expansão horizontal das cidades, de forma contígua e integrada. Mesmo que uma cidade se destaque no conjunto de municípios conurbados, seu poder de polarização se estabelece apenas em escala local.

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• O Plano Diretor e o Estatuto da Cidade Plano Diretor é um conjunto de leis que estabelece as diretrizes para o

desenvolvimento socioeconômico e a preservação ambiental dos municípios, regulamentando o uso e a ocupação do território municipal, especialmente o solo urbano. Segundo a Constituição Federal de 1988, o Plano Diretor é obrigatório para cidades que apresentam uma ou mais das seguintes características:

abriga mais de 20 mil habitantes; integra regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; integra áreas de especial interesse turístico; insere-se na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo

impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.

Os planos são elaborados pelo governo municipal — por uma equipe de profissionais qualificados, como geógrafos, arquitetos, urbanistas, engenheiros, advogados e outros. Geralmente se iniciam com um perfil geográfico e socioeconômico do município. Em seguida apresentam a proposta de desenvolvimento adotada, com atenção especial para o meio ambiente. A parte final, e mais extensa, detalha as diretrizes definidas para cada setor da administração pública — habitação, transporte, educação, saúde etc. —, assim como as normas técnicas para ocupação e uso do solo, conhecida como Lei de Zoneamento.

Pode alterar ou manter a forma dominante de organização espacial; por tanto interfere no dia-a-dia de todos os cidadãos.

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Impactos ambientais urbanos • O meio ambiente urbano

Será que podemos falar em "ecossistema urbano"? A rigor, esta é uma expressão incorreta porque, para existir um ecossistema, é necessário que haja um ambiente em perfeito equilíbrio, formado pela relação entre plantas, animais, clima e solo. Além disso, a existência de um ecossistema implica auto suficiência, portanto implica a existência de organismos produtores de matéria e energia e a presença de consumidores e decompositores. Pode-se falar apenas em sistema urbano, considerando que sistema "é um conjunto de partes coordenadas entre si que concorrem para alguma finalidade". Pode-se falar também em meio ambiente urbano. Assim, a cidade é um sistema especial composto por apenas uma etapa consumidora, mas interfere em vários ecossistemas, muitas vezes situados a milhares de quilômetros de distância.

Estima-se que, em média, o espaço "consumido" pela cidade seja pelo menos dez vezes maior que aquele ocupado por sua malha urbana. As grandes aglomerações urbano-industriais consomem enorme quantidade de energia e matérias-primas e, assim, produzem toneladas de subprodutos — resíduos sólidos (lixo), líquidos (esgotos) e gasosos (fumaças e gases) — que, por não serem reaproveitados, acumulam-se no solo, nas águas e no ar, causando uma série de desequilíbrios no meio ambiente. Alguns desses impactos ocorrem em escala local, ou seja, na própria cidade; outros em escala regional e global, extrapolando os limites da cidade que lhes dá origem.

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Fala-se muito dos problemas ambientais das grandes aglomerações urbanas, mas, muitas vezes, até por falta de documentação, deixa-se de perceber que as pequenas cidades também estão sujeitas a graves impactos no meio ambiente. A maioria da população mundial vive em cidades pequenas, e muitas delas, sobretudo nos países mais pobres, como as da África Subsaariana e as do sul da Ásia, não têm recursos suficientes para implantar sistemas de saneamento básico e de coleta de lixo. Além disso, as grandes cidades, de forma geral, são mais prósperas e recebem mais recursos dos governos do que as pequenas. Assim, não se pode fazer uma correlação direta entre crescimento da população urbana e aumento dos impactos ambientais, pois muitas vezes uma cidade pequena pode apresentar problemas ecológicos mais graves do que uma grande metrópole.

A cidade constitui um sistema especial que consome enor me quantidade de matéria e energia, gerando toneladas de resíduos que, se não receberem destinação ou tratamento adequados, causarão impacto no meio ambiente. Na foto de 2004, lixo acumulado em terreno baldio, já quase tomando conta da rua, no bairro do Eden, em São João do Meriti (RJ). Essa cena é comum em muitas cidades brasileiras e também de outros países subdesenvolvidos.

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• Poluição do ar

A poluição atmosférica é um dos problemas mais sérios das grandes cidades ou mesmo

das pe quenas e médias que têm indústrias muito po luentes ao seu redor. Ela é resultado do lança mento de enorme quantidade de gases e materiais particulados na atmosfera, podendo causar pro blemas na visão e no aparelho respiratório.

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• Poluição do solo: o lixo sólido Nos dicionários, o vocábulo lixo é descrito como sinônimo de sujeira, imundície,

coisas inúteis, velhas, sem valor — portanto tudo o que não presta e se joga fora. Em linguagem técnica, lixo é todo resíduo sólido descartado pela atividade humana. Como veremos a seguir, a maior parte do lixo tem serventia. Em geral, trata-se de materiais que podem ser reaproveitados. Em outras palavras, o lixo tem valor. Se for feita a separação de seus componentes, o que é facilitado pela coleta seletiva, boa parte do lixo tem pronto reaproveitamento, e mesmo a parte orgânica, principal responsável pela conotação de "sujeira" da palavra lixo, pode ser reutilizada como adubo.

Durante muito tempo na história da humanidade, a produção de lixo foi muito pequena. A partir da primeira Revolução Industrial, com o início dos processos de industrialização e urba nização, entretanto, aumentou geometricamente. Hoje em dia, nas modernas sociedades tecno lógicas, na era do consumismo, dos modismos passageiros, da rápida obsolescência tecnológica e dos produtos descartáveis, a produção de lixo sólido atingiu a cifra de milhões de toneladas diárias. Apenas a cidade de São Paulo, com seus 10 milhões de habitantes, que constituem 5,6% da população brasileira, em 2003 produzia 16 mil toneladas de lixo sólido por dia, o que cor respondia a 7% das 230 mil toneladas diárias de lixo produzidas no país. Imagine quanto lixo produzem os países desenvolvidos! E o mundo todo? 0 que fazer com tanto lixo?

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• Problemas causados pelo lixo Tradicionalmente, nos lugares em que há serviço de coleta, o lixo é

depositado em terrenos usados exclusivamente para esse fim, os chamados lixões (depósitos a céu aberto), ou então enterrado e compactado em aterros sanitários. É comum também o lixo ser depositado em terrenos baldios. Essa prática é muito frequente nas grandes cidades do mundo subdesenvolvido, nos bair ros onde o serviço de coleta não é suficiente ou onde a população tem pouco acesso à informação e pouca consciência ambiental. 0 acúmulo de lixo no solo traz uma série de problemas. Vejamos os principais:

• proliferação de insetos (baratas, moscas) e ratos, que podem transmitir várias doenças, como peste bubônica e dengue;

• decomposição bacteriana da matéria orgânica (a fração biodegradável do lixo, predominante nos países subdesenvolvidos), que, além de gerar um mau cheiro típico, produz um líquido escuro e ácido denominado chorume, que, nos grandes lixões, infiltra-se no subsolo conta minando o lençol freático;

• contaminação, com produtos tóxicos, do solo e das pessoas que manipulam o lixo;

• acúmulo de materiais não biodegradáveis.

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Acrescente-se, ainda, os danos de ordem estética causados à paisagem. Mais grave, porém, é o fato de que os lixões tornaram-se palco de cenas degradantes para a condição humana: todos os dias, milhares de pessoas, os catadores de lixo, para ali afluem, em várias cidades do mundo subdesenvolvido, em busca de restos de alimentos e de objetos com algum uso para seu miserável dia-a-dia.

Cenas como esta repetem-se diariamente em vários locais do mundo, notadamente nos lixões das grandes cidades dos países subdesenvolvidos. Na foto de 2004, lixão em Belford Roxo (RJ).

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• Poluição das águas em sistemas urbanos Nas cidades, sobretudo nas grandes aglomerações urbanas, o problema da poluição das

águas assume proporções catastróficas. Isso é fácil de entender: as cidades concentram os maiores contingentes populacionais e a maioria das indústrias e dos serviços. Nelas, portanto, há um elevado consumo de água e uma infinidade de fontes poluidoras, tanto na forma de esgotos domés ticos como de efluentes industriais. Imagine o volume de água con sumido diariamente por uma grande metrópole, como São Paulo,

Tóquio, Cidade do México, Nova York, Paris ou mesmo pelas milhares de cidades médias e pequenas espalhadas por todo o planeta.

Na maioria dos países desenvolvidos, o consumo doméstico médio de água é da ordem de 150 litros per capita ao dia. Na França, por exemplo, o consumo está dentro dessa média: 20% desses 150 litros escoam pelos vasos sanitários, 40% abastecem chuveiros e banheiras, 22% são utilizados para lavar louças e roupas e 18% são destinados para comida, bebida, rega etc. Somando-se a esse consumo as necessidades comunitárias — hospitais, escolas, comércio, lavagem de ruas, rega de espaços verdes etc. — chega-se facilmente a 200 litros diários por habitante. A população da Grande Paris — quase 10 milhões de habitantes — consome em torno de 2 bilhões de litros de água por dia.

Volumosa quantidade de água é consumida também pelas atividades industriais: no trans porte de calor (nos processos de resfriamento ou de aquecimento), na lavagem de equipamentos e de instalações, no transporte de resíduos industriais nos efluentes (esgotos), na fabricação de produtos das indústrias químicas, de bebidas etc.

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Toneladas de poluentes são lançadas diaria mente nas águas dos rios, lagos e mares em muitos países. Por exemplo, os rios Tietê e Pinheiros (foto), que atravessam a cidade de São Paulo, transformaram-se em esgotos a céu aberto.

A rigor, essa enorme quantidade de água utilizada pelas atividades domésticas e industriais não é propriamente consumida, mas retirada da natureza e depois novamente devolvida, já que faz parte do ciclo hidrológico. É exatamente aí que está o problema: a maior parte dessa água, depois de utilizada, é devolvida ao meio ambiente parcial ou totalmente poluída, ou seja, car regada de substâncias químicas tóxicas não biodegradáveis ou de matérias orgânicas acima da capacidade de absorção dos córregos, rios, lagos e mares.A poluição orgânica desequilibra o ecossistema aquático que a recebe matando, por exem plo, os peixes por asfixia, em conseqüência do processo de eutrofização (excesso de nutrientes, que leva ao aumento desmesurado de algas que consomem o oxigênio disponível), enquanto a poluição tóxica mata por envenenamento. Provindo exclusivamente dos efluentes industriais, a poluição tóxica, metade dela lançada pelas indústrias químicas e cerca de um terço pelas fábri cas de metais, é a mais perigosa.

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A solução para o problema da poluição das águas nos centros urbano-industriais se resume em uma palavra: tratamento. Torna-se necessário implantar sistemas de coleta e tratamento dos esgotos domiciliares e industriais para que, depois de utilizada, a água retorne limpa aos cursos de água. No entanto isso não é tarefa tão simples, como veremos pelos dados a seguir.

Estação de tratamento de esgoto no Rio Hudson, em Nova York.

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Fim.

Alunos: Carlos Eduardo № 07 Denner Edson № 08Dimas Emerson № 09 Rodrigo Sobreira № 39

2º ano turma:2 sala :9 turno: vesp.