o entendimento do património no contexto local · tivo, do material ao intangível, ... por todo o...

14
127 OPPIDUM número 1 - 2006 1. Introdução No contexto de globalização mundial, e consi- derando as diversas vertentes das relações que o indivíduo e instituições estabelecem, numa inte- racção de conexões entre os diversos povos, verifi- O entendimento do Património no contexto local Carla Moreira * Resumo O presente trabalho tenta enquadrar a amplitude de significações que abar- cam o conceito do património, no contexto local, de forma a revelar e definir uma identidade e memória num determinado espaço geográfico. Esta temática, que tem sido desenvolvida em diversas abordagens académicas, tende a ser “generalista”, havendo por isso uma necessidade de repercutir tais estudos para ambientes mais específicos e direccionados para a população local. Isto por- que, por vezes, a percepção do antigo e da nossa história não é tida em conta nos factores de evolução de uma determinada localidade, mas sim como objec- tos que, mediante a sua importância e políticas aplicadas, são investigadas e salvaguardadas. O que se pretende neste breve documento é ressalvar algumas abordagens patrimoniais, pois o conceito património não pode nem deve ser cingido a algo específico, não obstante a sua diversidade e a sua significação em diversos níveis de interpretação, que passa pela esfera universal, nacional, regional e local. Sendo que, no âmbito local, o património, adquire a sua forma mais adequada e acertada para a sua acepção. * Licenciada em Gestão de Património. ca-se uma tendência para a universalização ou “mundialização da cultura” (Warnier, 2000). Desta forma, subsistem modalidades de identificação par- ticulares (Hall, 2002), que articulam os referentes culturais locais com os que são importados. Assim, face às tendências de homogeneização cultural as-

Upload: duongquynh

Post on 21-Jan-2019

228 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

127

OPPIDUM número 1 - 2006

1. Introdução

No contexto de globalização mundial, e consi-derando as diversas vertentes das relações que oindivíduo e instituições estabelecem, numa inte-racção de conexões entre os diversos povos, verifi-

O entendimento do Património no contexto local

Carla Moreira*

ResumoO presente trabalho tenta enquadrar a amplitude de significações que abar-

cam o conceito do património, no contexto local, de forma a revelar e definiruma identidade e memória num determinado espaço geográfico. Esta temática,que tem sido desenvolvida em diversas abordagens académicas, tende a ser“generalista”, havendo por isso uma necessidade de repercutir tais estudos paraambientes mais específicos e direccionados para a população local. Isto por-que, por vezes, a percepção do antigo e da nossa história não é tida em contanos factores de evolução de uma determinada localidade, mas sim como objec-tos que, mediante a sua importância e políticas aplicadas, são investigadas esalvaguardadas. O que se pretende neste breve documento é ressalvar algumasabordagens patrimoniais, pois o conceito património não pode nem deve sercingido a algo específico, não obstante a sua diversidade e a sua significaçãoem diversos níveis de interpretação, que passa pela esfera universal, nacional,regional e local. Sendo que, no âmbito local, o património, adquire a sua formamais adequada e acertada para a sua acepção.

* Licenciada em Gestão de Património.

ca-se uma tendência para a universalização ou“mundialização da cultura” (Warnier, 2000). Destaforma, subsistem modalidades de identificação par-ticulares (Hall, 2002), que articulam os referentesculturais locais com os que são importados. Assim,face às tendências de homogeneização cultural as-

128

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

OPPIDUM número 1 - 2006

siste-se frequentemente, por parte do poder local, aum resgate do passado, (re)construído pelo presen-te mediante a “patrimonialização”1 dos elementosculturais locais. Neste aspecto, muitos autores re-ferem a necessidade das sociedades contemporâne-as carecerem de uma ligação afectiva às referênci-as do passado, padecendo do que designam como“amnésia colectiva” (Assmann, 1995:125-135;Hervieu-Leger, 2000 Huyssen, 1995), em virtudedo seu distanciamento e alheamento em relação aopassado. Lowenthal (1985) expõe uma explicaçãopara este fenómeno ao considerar que o passado seencontra de tal forma encenado e afastado do mo-mento presente, que tende a ser consumido e vividocomo uma imagem idealizada e dissolvida da his-tória.

Dadas as considerações, pretende-se que não sóo passado seja recuperado, como também sejam su-blimadas todas as actividades e expressões que sepossam transformar num instrumento ao serviço dofortalecimento da identidade de uma comunidade.Estas acções, protagonizadas por vários actores, comparticular destaque para os agentes políticos locais,assumem para além de uma vertente identitária, umcarácter instrumental, pois permitem contribuir paraa legitimação dos poderes instituídos, uma vez quea oferta de bens e actividades culturais responde aosanseios de uma população carente de vínculos deidentificação, para com o território, com o passadoe com os indivíduos, promovendo, deste modo, oconsenso social.

2. O que se entende por Património

Com origem do latim “patrimoniu” com sinó-nimo de herança paterna, bens de família, bens ne-cessários para ordenar um eclesiástico, dote dosordinandos, propriedade, o conceito de patrimóniosurge, desta forma, como modo de reportar a umaherança, um legado que era recebido dos nossosantepassados, e que deveria ser transmitido às ge-rações futuras. Concomitantemente, a herança cul-

tural contribuía para uma certa estabilidade, perma-nência e continuidade dos pertencentes culturais que,ao mesmo tempo que permitem estabelecer umasimbologia entre o passado, o presente e o futuro,promovem um sentimento de pertença por parte detodos nós. Mas o património não é só o legado queé herdado, mas o legado que, através de uma selec-ção consciente, um grupo significativo da popula-ção deseja legar ao futuro. Ou seja, existe uma es-colha cultural subjacente à vontade de legar o patri-mónio cultural a gerações futuras. E existe tambémuma noção de posse por parte de um determinadogrupo relativamente ao legado que é colectivamen-te herdado. Como afirma Ballart, a noção de patri-mónio surge “quando um indivíduo ou um grupo deindivíduos identifica como seus um objecto ou umconjunto de objectos” (Ballart, 1997: 17).

Todas as manifestações materiais de cultura cri-adas pelo Homem passam por uma existência físicanum espaço e num determinado período de tempo.Algumas destas manifestações desaparecem, esgo-tadas na sua funcionalidade e significado, enquantooutras sobrevivem aos seus criadores, acumulando-se a outras expressões materiais. E, através da pró-pria dinâmica da existência, estes objectos do pas-sado alimentam, pela sua permanência no tempo, acriatividade de novas gerações de produtores deobjectos, que acrescentam elementos às geraçõesanteriores. Esta noção de património, com a ideiade posse que lhe é implícita, sugere-nos imediata-mente que estamos na presença de algo de valor.Valor que os seres humanos, tanto individual, comosocialmente, atribuem ao legado material do passa-do, valor no sentido do apreço individual ou socialatribuído aos bens patrimoniais numa dada circuns-tância histórica e conforme o quadro de referênciasde então. Neste sentido, o património é, e a este res-peito existe hoje um consenso generalizado, “umaconstrução social”, da forma como o define Prats(1997: 19). Aquilo que é ou não é património, de-pende do que, para um determinado colectivo hu-mano e num determinado lapso de tempo, se consi-dera socialmente digno de ser legado a gerações

1 Expressão referente à acção de e sobre o Património que Ferreira de Almeida (1998) menciona, adoptada para a elaboraçãodeste texto.

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

129

OPPIDUM número 1 - 2006

futuras. Trata-se de um processo simbólico delegitimação social e cultural de determinados ob-jectos que conferem a um grupo um sentimento co-lectivo de identidade. Neste contexto, toda a cons-trução patrimonial é uma representação simbólicade uma dada versão da identidade, de uma identi-dade “manufacturada” pelo presente que a ideali-za. Assim sendo, o património cultural compreen-derá então todos aqueles elementos que fundam aidentidade de um grupo e que o diferenciam dosdemais.

Mas, por outro lado, a história e os seus objec-tos ganham um valor e um interesse sem preceden-tes. Através do património, o indivíduo retira umpedaço de passado, sob a forma de símbolos pesso-ais, em relação aos quais percebe uma vinculaçãodirecta. Com finalidades de identificação no espa-ço e no tempo, como elemento de referência, o pa-trimónio representa, para a sociedade actual, umaverdadeira necessidade. De tal forma que o “patri-mónio” se converteu, nos últimos anos, num verda-deiro culto popular e também, numa etiqueta extra-ordinariamente extensiva a uma enorme quantida-de de elementos e objectos, do individual ao colec-tivo, do material ao intangível, de um passado maisremoto a um passado mais recente (Peixoto, 2002).

Por outro lado, e apesar da manifesta homo-geneização de diversos aspectos do quotidiano, ve-rifica-se hoje uma reafirmação das identidades co-lectivas face às tendências da uniformização indi-vidual. Por todo o lado observam-se “movimentosde revitalização e reinterpretação da especificidadecultural” (Moreira, 1996: 23) que parecem consti-tuir reacções locais aos efeitos da globalização. Es-tas preocupações traduzem-se num aumento da im-portância atribuída à preservação do património,como elemento de afirmação das singularidades lo-cais.

No entanto, esta é uma abordagem reduccionista,no sentido em que não permite captar toda a com-plexidade inerente a este conceito. O patrimónioresulta, em primeiro lugar, de um processo de reco-nhecimento e selecção de determinados referentes,projectando-se e encontrando a sua justificaçãonuma valorização que remete para o seu caráctersimbólico. Tendo em consideração a sua necessi-dade de preservação, bem como para a sua rentabi-

lidade social, na vertente da sua utilidade e funcio-nalidade no plano social e económico. Assim, e paraalém da sua ligação ao passado histórico, o patri-mónio funciona como uma ferramenta de formaçãoidentitária, um instrumento de afirmação e legi-timação de grupos sociais e, ainda, como estratégiapara a captação de recursos (Prats, 1997:19-24).

Os novos modelos de governação vieram, destemodo, conferir um novo significado aos testemu-nhos do passado como consequência da necessida-de de demonstrar as especificidades de um povo,recorrendo para tal à busca incessante das suas raízeshistóricas e culturais no território que servia de su-porte à nação, que conduzindo à “patrimonialização”dos referentes culturais que melhor demonstrassemesta continuidade, esta sensação de permanência eeste sentimento de pertença, numa estratégia de re-presentação nacional idealizada, face a uma amea-ça de ruptura e desordem provocada pela hetero-geneidade dos estados recém formados. Nestes con-textos, era importante produzir discursos sobre opassado que salientassem, não só a singularidade egrandeza dos referentes culturais patrimonializados,mas também as suas origens remotas e a sua conti-nuidade ao longo do tempo, promovendo um senti-mento nostálgico em relação ao passado (Robertson,1992), ao mesmo tempo que se apresentava comoum recurso inestimável para a construção de umfuturo.

3. As transformações3. mais significativas do conceito

As passagens de testemunhos e objectos abs-traem da sua relevância, tendo em conta a preserva-ção e a salvaguarda dos “pedaços de História”, parao futuro, que ao longo do tempo foram adquirindodiferentes categorias de valores, mediante a defini-ção e a consideração do que realmente seria valiosono enquadramento do conceito de património, emdiversas épocas.

Até 1830, o património era percepcionado comoque os “restos da Antiguidade” (Choay, 1992:12),com três tipologias específicas: os Castelos, os edi-fícios da Idade Média, e as Catedrais, do TempoGótico. A riqueza e o grandioso eram os elementos

130

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

OPPIDUM número 1 - 2006

considerados para a definição do património e parao seu enquadramento nas classes altas, que aclama-vam pelo poder.

Em 1931, a Europa une-se em prol da conserva-ção e restauro adequado, através da ConferênciaEuropeia, em que surge a “Carta de Atenas”, quereúne uma série de pressupostos para que a defesado património edificado se conserve, nas melhorescondições para a posterioridade.

Em 1945, após a II Grande Guerra Mundial, sãodespoletadas novas edificações e novas formas deconstruir, em que a monumentalidade já não é rele-vante mas sim a arquitectura menor, acrescendo aspreocupações quanto ao património a preservar. Anova significação diverge para uma nova dimen-são, em que o património construído passa a abran-ger as zonas urbanas, assistindo-se a um alargamentode tipologias.

A “Carta de Veneza” surge em 1964, como umdocumento impulsionador da acção de preservaçãoe restauro do património, com participação de or-ganismos como a UNESCO (Nations EducationalScientific and Cultural Organization), o ICOM(International Council of Museums), o ICCROM(International Centre for the Study of thePreservation and Restoration of Cultural Property)e o ICOMOS (International Council on Monumentsand Sites), e em que Portugal acciona um movimen-to nacional da salvaguarda do património cultural,aberto à internacionalização, à troca de experiên-cias, à cooperação científica e à interdisciplinaridadedas ciências e técnicas de restauro.

4. O enquadramento legal do4. conceito de património

É com o Renascimento que a percepção de pre-servar os testemunhos do passado, surge em Portu-gal, através de algumas individualidades, comoAndré de Resende e Francisco D’Holanda, que, peloseu contacto com o estrangeiro, demonstram a pre-ocupação, já então existente, da valorização do pa-trimónio monumental, enquanto documento.

No século XVIII, surgem as primeiras acçõesde enquadramento legal para a conservação dessepatrimónio monumental, que transpõe o patrimó-

nio muito além do conceito de “antiqualha”. Em1720, no Reinado de D. João V, a Academia Realda História assume a tarefa de “providenciar sobrea conservação dos monumentos”, seguindo-se oprimeiro enquadramento legal, com âmbito de in-tervenção na área do património, como foi o Alvaráde 20 de Agosto de 1721. Neste Alvará, o Rei de-termina que a referida Academia inventarie e con-serve “os monumentos antigos que havia e se podiadescobrir no Reino dos tempos em (que) nelle do-minaram os Phenices, Gregos, Persas, Romanos,Godos e Arábios …” e “… ordena que nenhumapessoa de qualquer estado, qualidade e condição queseja, desfaça ou destrua em todo nem em parte qual-quer edifício que mostre ser daqueles tempos…”.Denota-se que ainda prevalecia, nesta época, a per-cepção de descoberta de um passado longínquo.

No século XIX, assiste-se a uma maior cons-ciencialização da importância do património cultu-ral, nomeadamente a necessidade da salvaguarda dosbens imóveis. Um dos mais notáveis autores, quese destacou nesta área, foi Alexandre Herculano(1810-1877), pelo seu pioneirismo no movimentode salvaguarda do património arquitectónico e ar-tístico português e a ele se devem importantes tex-tos que, em revistas como “O Panorama”, ressalva-ram as preocupações sobre o património.

A legislação que Portugal conheceu no séculoXX, relativa aos bens culturais, poderá ser conside-rada em três períodos: a época da Primeira Repú-blica, o Estado Novo e a Democracia Constitucio-nal posterior ao 25 de Abril de 1974. Naturalmenteque tanto no que respeita ao Estado Novo como noque concerne ao período subsequente, outras divi-sões relevantes podem ser feitas: o período da Dita-dura Militar anterior a 1933 apresenta especifici-dades dignas de nota; o Estado Novo do pós guerra,e em especial dos anos 50 e 60, é também indi-vidualizável no que respeita à política museológica;após 1974 podem ser detectados períodos diferen-ciados com orientações distintas. No entanto, no querespeita especificamente à definição do conceito depatrimónio cultural, encontramos uma grande con-tinuidade, nos termos da legislação, desde as pri-meiras leis da fase republicana até, pelo menos, àdécada de 60, com a publicação do RegulamentoGeral dos Museus de História, Arte e Arqueologia

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

131

OPPIDUM número 1 - 2006

em 1965. Em quase todos os documentos se ex-pressa ou marginalmente se refere a definição detal conceito, encontrando-se uma trilogia repetida:objectos com valor histórico, artístico ou arqueoló-gico. São estes os protegidos, aqueles que merecemas principais preocupações do legislador no que res-peita a transacções ilícitas ou a exportações nãodesejadas, aqueles que se consideram relevantespara expor nos museus ou para fazerem parte dassuas reservas. Mesmo quando a lei especificapormenorizadamente quais os objectos a conside-rar2 não se afasta destes objectos em causa, que seagrupam facilmente numa, ou em mais do que uma,das categorias acima referidas: arte, história e ar-queologia.

O Decreto-Lei nº 45/80 de 20 de Março de1980, logo no seu artigo 1º, definiu o que se passa-va a entender por museus e pelo património queneles se incluía, reflectindo o conceito nos teste-munhos materiais do homem e do seu meio ambi-ente. A definição é abrangente, muito mais além doque aquela que acima vimos e que se ficava pelaarte, história e arqueologia. Apenas lhe suprime oque o homem produz e que não se revela em formasmateriais: as ideias, as reflexões teóricas, as com-posições musicais...

Ainda no ano de 1980, o Decreto-Lei nº 245/80, de 22 de Julho, afirma no seu preâmbulo que“A defesa do património cultural é uma tarefa in-gente que apela, na maior parte dos casos, paraum trabalho de equipa interdisciplinar.” Enume-rando aqueles que trabalham para essa defesa, refe-re o papel do “(...) historiador, do arqueólogo, dohistoriador de arte, do químico e de outros especi-alistas das ciências humanas e naturais (...)”. O pa-

trimónio cultural, assim entendido, é pois uma rea-lidade tão vasta quanto os campos do conhecimen-to e da actividade humana e exige, na sua defesa, oconcurso de inúmeros especialistas. Adiante, noTítulo II relativo a pessoal, sobre a carreira de téc-nico de conservação e restauro, nos artigos 9º, 10º e11º, o texto legislativo, que vimos seguindo, enu-mera: “Técnicos de conservação nas áreas da pin-tura, da pintura mural, escultura, dos têxteis e dosdocumentos gráficos (...) nas áreas dos objectos ar-queológicos e etnográficos (...) nas áreas da azule-jaria, da faiança, da porcelana e do vitral”, sendonotória a variedade de áreas de trabalho.

Observemos agora algumas das principais defi-nições de património que a legislação europeia con-sagra3. Tendo em consideração que parte dela, porvia da ratificação que as instâncias legislativas na-cionais realizaram, Portugal também se encontraobrigado. Apresentá-las-emos por ordem cronoló-gica da sua aprovação original, que não coincidenecessariamente com a ordem de adopção por partede Portugal.

• A Convenção de Haia, de 14 de Maio de 1954,destinada à Protecção dos Bens Culturais emCaso de Conflito, e realizada sob o patrocínio daUNESCO, definia logo no artigo primeiro, o quese deve entender por património cultural:“Aux fins de la présente Convention, sontconsidérés comme biens culturels, quels quesoient leur origine ou leur propriétaire:

a) Les biens, meubles ou immeubles, qui présententune grande importance pour le patrimoineculturel des peuples, tels que les monuments

2 O Decreto nº 11445 no seu artigo 47º especifica que “para efeitos gerais da lei consideram-se obras de arte ou objectosarqueológicos: as esculturas, pinturas, gravuras, desenhos, móveis, peças de porcelana, de faiança e de ourivesaria, vidros,esmaltes, tapetes, tapeçarias, rendas, jóias, bordados, tecidos, trajos, armas, peças de ferro forjado, bronzes, leques, medalhase moedas, inscrições, instrumentos músicos, manuscritos iluminados e de um modo geral todos os objectos que possam consti-tuir modelo de arte ou representar valiosos ensinamentos para os artistas, ou pelo seu mérito sejam dignos de figurar emmuseus públicos de arte, e ainda todos aqueles que mereçam o qualificativo de históricos”. O Decreto nº 20566, rectifica eacresce à lista referida “os incunábulos portugueses; as espécies xilográficas e paleotípicas; os cartulários e outros códices,membranáceos ou cartáceos; os pergaminhos e papéis avulsos de interesse diplomático, paleográfico ou histórico; os livros efolhetos considerados raros ou preciosos; e os núcleos bibliográficos que se recomendam pelo valor dos seus cimélios ousimplesmente pelo seu valor de colecção”.3Veja-se a obra de FERREIRA, Jorge A. B. - Direito do Património Histórico-Cultural. Cartas, Convenções e RecomendaçõesInternacionais. Actos Comunitários. CEFA. Coimbra. 1998.

132

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

OPPIDUM número 1 - 2006

d’architecture, d’art ou d’histoire, religieux oulaïques, les sites archéologiques, les ensemblesde constructions, qui en tant que tels, présententun intérêt historique ou artistique, les oeuvresd’art, les manuscrits livres et autres objetsd’intérêt artistique, historique ou archéologiqueainsi, que les collections scientifiques et lescollections importantes de livres, d’archives oude reproductions des biens définis ci-dessus;

b) Les édifices dont la destination principale eteffective est de conserver ou d’exposor les biensculturels meubles définis à l’alinéa a) tels queles musées, les grandes bibliothèques, les dépôtsd’archives, ainsi que les refuges destinés aabriter en cas de conflit armé, les biens culturelsmeubles définis a l’alinéa a);

c) Les centres comprenant un nombre considérablede biens culturels qui sont définis aux alinéas a)e b), dits «centres monumentaux».”.

• A Convenção Europeia para a Protecção doPatrimónio Arqueológico, datada de 1969 e aque Portugal aderiu em 1982, logo, no seu artigoprimeiro define o que se deve entender por “bensarqueológicos”: “(...) os vestígios e os objectosou quaisquer outros indícios de manisfestaçõeshumanas que constituem testemunho de épocase civilizações, cujas principais fontes de infor-mação científica são asseguradas por escavaçõesou por descobertas.”.

• A convenção para a Protecção do PatrimónioMundial Cultural e Natural, datada de 1972,em 1979. O texto desta convenção define, sepa-radamente, aquilo que se deve entender como pa-trimónio cultural:

“Artigo 1ºPara fins da presente Convenção serão consi-

derados como património cultural:Os monumentos. - Obras arquitectónicas, de es-

cultura ou de pintura monumentais, elementos ouestruturas de carácter arqueológico, inscrições,grutas e grupos de elementos com valor universalexcepcional do ponto de vista da história, da arteou da ciência;

Os conjuntos. - Grupos de construções isoladas

ou reunidos que, em virtude da sua arquitectura,unidade ou integração na paisagem, têm valor uni-versal excepcional do ponto de vista da história, daarte ou da ciência;

Os locais de interesse. - Obras do homem, ouobras conjugadas do homem e da natureza, e as zo-nas, incluindo os locais de interesse arqueológico,com um valor universal excepcional do ponto de vis-ta histórico, estético, etnológico ou antropológico”.

História, arte, ciência, valores estéticos, etno-lógicos ou antropológicos, são pois as diversastemáticas que colocam a definição de patrimónioem causa, com excepção das referências explícitasà etnologia e à antropologia, e os aspectos defendi-dos pela legislação portuguesa do início do século.

• Na Carta Europeia do Património Arquitec-tónico (Amesterdão, Outubro de 1975), ficou de-finido que “o património arquitectónico europeué formado não apenas pelos nossos monumentosmais importantes mas também pelos conjuntosque constituem as nossas cidades antigas e asnossas aldeias com tradições no seu ambientenatural ou construído.”. Tal definição leva emlinha de conta que a envolvente é uma importan-te parcela do valor cultural dos monumentos eque, como tal, deve também ser preservada. Pa-trimónio é pois algo mais vasto que apenas omonumento em si próprio, e a sua preservaçãoengloba a necessidade de manutenção que ultra-passa a estrutura física. Uma vez mais, podemosencontrar consonância da legislação portuguesasobre esta matéria: bastará observar o dado o tra-balho que a Direcção Geral dos Edifício e Mo-numentos Nacionais havia feito, desde a décadade 30, aquando das intervenções em monumen-tos, marcando áreas de protecção que defendiamo monumento em si, e a envolvente arquitectóni-ca e paisagística.

• Em 1991 Portugal adere à Convenção para a Sal-vaguarda do Património Arquitectónico da Eu-ropa, que havia sido elaborada em 1985, na qualsão ressalvadas as principais amplitudes do patri-mónio: “Para os fins da presente Convenção, a ex-pressão «património arquitectónico» é considera-da como integrando os seguintes bens imóveis:

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

133

OPPIDUM número 1 - 2006

1) Os monumentos: todas as construções parti-cularmente notáveis pelo seu interesse histórico,arqueológico, artístico, científico, social ou técni-co, incluindo as instalações ou os elementos deco-rativos que fazem parte integrante de tais constru-ções;

2) Os conjuntos arquitectónicos: agrupamentoshomogéneos de construções urbanas ou rurais, no-táveis pelo seu interesse histórico, arqueológico,artístico, científico, social ou técnico, e suficiente-mente coerentes para serem objecto de uma deli-mitação topográfica;

3) Os sítios: obras combinadas do homem e danatureza, parcialmente construídas e constituindoespaços suficientemente característicos e homogé-neos para serem objecto de uma delimitação topo-gráfica, notáveis pelo seu interesse histórico, ar-queológico, artístico, científico, social ou técnico”.

A par do interesse artístico, histórico e arqueo-lógico que abrange a legislação portuguesa relativaao património pelo menos até à década de 60, assis-te-se ao emergir de três novos motivos de classifi-cação: os interesses científicos, sociais e técnicos,os quais surgem combinados com os anteriormentecitados.

• A (Carta Internacional para a Gestão o Patrimó-nio Arqueológico) Charte Internationale pourla Gestion du Patrimoine Archéologique.(ICOMOS, 1990) define claramente o que se deveentender por património arqueológico: “Le«patrimoine archéologique» est la partie de notrepatrimoine matériel pour laquelle les méthodesde l’archéologie fournissent les conaissences debase. Il englobe toutes les traces de l’existencehumaine et concerne les lieux où se ont exercéesles activités humaines quelles qu’elles soient, lesstructures et les vestiges abandonnés de toutessortes, en surface, en sous-sol ou sous les aux,ainsi que le matériel qui leur est associé.”.

Esta extensa definição pretende, desta forma,abranger uma vastidão de materiais, colocando-sesob protecção legal, todo um universo de objectos einformações associadas, a que se dá a designaçãogenérica de património arqueológico.

Da observação desta legislação internacional

que, de breve abordagem, foi adoptada por Portu-gal ou afectou o espírito da legislação nacional,poder-se-á concluir que as preocupações com a de-finição do que pode e deve ser entendido como pa-trimónio evoluíram num crescente número de itensabarcados pelas diversas definições. Ainda assim,o que Portugal produziu de um ponto de vistalegislativo desde o início do século passado, parecepoder ser considerado consonante com o que a Eu-ropa definiu, para si própria, após o virar dos mea-dos da centúria. As preocupações com a defesa dosbens culturais que surgem na legislação portuguesano período da República, depois herdadas pela Di-tadura Militar e pelo Estado Novo e por este usadascom fins de propaganda nacionalista, construíramum corpus legislativo que, se aplicado na íntegra,teria de facto preservado o património nacional,dentro de um quadro que não muito se afastaria doque esta legislação europeia permite entrever.

Mas para que a abordagem patrimonial reflictaos documentos mais importantes para a sua acepção,no âmbito nacional, é necessário ter em conta a ac-tual Lei de Bases da Política e do Regime de Pro-tecção e Valorização do Património Cultural -Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro, que surge emsubstituição da Lei nº 13/85, e que dada a suaactualização abarca uma grande diversidade de con-ceitos patrimoniais, que se aplicam em diversos ní-veis de abrangência, mediante as suas conotações,que neste documento legal se apresentam por capí-tulos: património arqueológico; património arqui-vístico; património audiovisual; património biblio-gráfico; património fonográfico e património foto-gráfico. Sendo que desta panóplia de conceitos al-guns já seriam orientados legalmente, nomeadamen-te o património arqueológico através dos seguintesdocumentos legais: Decreto-Lei n.º 270/99, de 15de Julho, que regula os trabalhos arqueológicos e oDecreto-Lei n.º 287/2000, de 10 de Novembro quedefine algumas alterações; e a Lei n.º 121/99, de 20de Agosto que aborda a questão dos detectores demetais. Do património arquivístico surge o Decre-to-Lei n.º 16/93, de 23 de Janeiro, que define o seuregime geral e a Lei n.º 14/94, de 11 de Maio queintroduz alterações. Relativamente ao PatrimónioAudiovisual surge em 1993 o Decreto-Lei n.º 350que regulamenta a Actividade Cinematográfica e

134

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

OPPIDUM número 1 - 2006

Audiovisual, e em 1999 a Resolução da Assembleiada República que aborda o Cinema e os meiosaudiovisuais e multimédia. Quanto ao patrimóniofotográfico, a sua referência legal aparece com oDespacho Normativo n.º 25/2001, de 30 de Maio,que regulamenta o apoio aos Arquivos e ao Patri-mónio de fotografico. Saliente-se que em 2000 agastronomia, do ponto de vista patrimonial, está tam-bém salvaguardada através da Resolução do Con-selho de Ministros n.º 96, de 26 de Julho, que esta-belece a protecção e divulgação da GastronomiaPortuguesa.

Resultando toda esta combinação de legislaçãoe de diversidade de entendimento de patrimo-nialização, surgem aplicações legislativas cada vezmais divergentes e enquadradas numa política deintervenção e acção local. Estas acções de caráctermais específico surgem com a Lei nº 159/99 de 14de Setembro, que estabelecem o quadro de transfe-rência de atribuições e competências para asautarquias locais, em que se destacam, no CapítuloIII, as competências dos órgãos municipais nesteâmbito:

“Artigo 20º1 - É da competência dos órgãos municipais o pla-

neamento, a gestão e a realização de investi-mentos públicos nos seguintes domínios:a) Centros de cultura, centros de ciência, bi-

bliotecas, teatros e museus municipais;b) Património cultural, paisagístico e urba-

nístico do município.

2 - É igualmente da competência dos órgãos mu-nicipais:a) Propor a classificação de imóveis, conjun-

tos ou sítios nos termos legais;b) Proceder à classificação de imóveis con-

juntos ou sítios considerados de interessemunicipal e assegurar a sua manutençãoe recuperação;

c) Participar, mediante a celebração de pro-tocolos com entidades públicas, particu-lares ou cooperativas, na conservação erecuperação do património e as áreas clas-sificadas;

d) Organizar e manter actualizado um inven-

tário do património cultural, urbanísticoe paisagístico existente na área do muni-cípio;

e) Gerir museus, edifícios e sítios classifica-dos, nos termos a definir por lei;

f) Apoiar projectos e agentes culturais nãoprofissionais;

g) Apoiar actividades culturais de interessemunicipal;

h) Apoiar a construção e conservação deequipamentos culturais de âmbito local.”.

O conceito de Património continuará a sofrer gran-des transformações, na medida em que o desenvol-vimento da tecnologia e da sociedade se verifica. Numentendimento geral, este conceito abarca, essencial-mente, territórios bastante desenvolvidos e com umaparticipação activa da sociedade. No entanto, é umaperspectiva equívoca. Nas áreas rurais, como vilas ealdeias que se desenvolveram, como núcleos da ocu-pação humana na região, há todo um PatrimónioCultural, vivo e dinâmico com as suas tradições, quena maioria das vezes não é reconhecido como tal,pela maioria da população, que assim vai perdendoas suas raízes culturais com o desenvolvimentotecnológico. Pelo facto de não existirem museus ougrandes monumentos neste tipo localidades, ou pornão terem sido marcadas e celebradas por episódiosda história nacional, é comum pensar-se que é ne-cessário deslocarmo-nos para grandes centros urba-nos, para adquirir conhecimento e contacto com oPatrimónio Histórico, Artístico e Cultural, esque-cendo-nos, então, das nossas raízes, do que nos per-tence e que irá pertencer às gerações vindouras.

O Património necessita de amplas transver-salidades para o seu entendimento, por forma a secompreender uma dada cultura de uma aldeia, vila,cidade, sendo de destacar a importância do Patri-mónio Vivo nas comunidades, da dinâmica do pro-cesso cultural, e dos elementos que constituem o“património imaterial” de uma cultura, o qual é semdúvida a sua autêntica riqueza. A capacitação dosindivíduos para a leitura e a compreensão dessesprocessos culturais, que constituem a evidência cul-tural, precisa de ser abordada, estudada e valoriza-da através de diferentes actividades.

É na área rural, e em pequenos núcleos do in-

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

135

OPPIDUM número 1 - 2006

terior do país, que estes processos e suas manifesta-ções podem ser encontrados e analisados com maisfacilidade, atendendo que a transformação de umalocalidade irá contribuir para o desaparecimento dastradições, dos saberes e dos fazeres da cultura local.Ao contrário dos novos “aldeamentos”, sem passa-do e sem memória, as aldeias têm toda uma histó-ria, mitos e lendas de fundação, têm igreja, cemité-rio, festas de santos. Demarcam-se umas das ou-tras, não só pela geografia, mas sobretudo pelas tra-dições, usos e costumes, e um sem - número de pe-quenas especificidades, que lhes incutem um carác-ter único e o seu encanto. Talvez mais do que qual-quer outro elemento, são os cemitérios que marcama diferença entre as aldeias e os aldeamentos en-quanto ponto de referência identitária. É nos cemi-térios que se encontram as raízes ancestrais, e dife-rentes, de quem no mundo actual apenas encontraigualdade e semelhanças.

As aldeias são identidades fortes, de raízes pro-fundas, identidades sedimentadas naturalmente aolongo de gerações, em contraste com a novidade eo artificialismo dos aldeamentos. A sua mais valianum mundo em que as marcas, os famosos “brand”,são parte essencial de produtos e serviços, é evi-dente.

Nesta perspectiva, é necessário que as localida-des promovam o que de melhor ainda possuem,como forma de fomentar e de salvaguardar a suariqueza patrimonial, na sua diversa amplitude. As-sim poder-se-á efectuar acções de estudo, de regis-to e de cooperação entre todos os cidadãos, nomea-damente entre instituições, sendo de relevante inte-resse a criação de uma associação local que estudee promova, dentro da comunidade, diversas acçõesde sensibilização que o território possui, nomeada-mente recreação de actividades que actualmente seencontram em desuso, como por exemplo as des-folhadas.

5. Termos conclusivos

A História e, por conseguinte, a Identidade, sãouma construção resultante da leitura de “documen-tos/monumentos”, que constituem a herança dasgerações presentes às gerações vindouras. Trata-se

de um conceito relativo, que varia com as pessoas ecom os grupos que atribuem esse valor, permeávelàs flutuações da moda e aos critérios de uma época.

O património é, portanto, uma construção so-cial (Prats, 1997:13), um processo simbólico delegitimação social e cultural, baseado na selecção eactivação de determinados referentes, que permiterepresentar uma determinada identidade. Esta re-presentação processa-se através do resgate de al-guns referentes culturais, retirados de um conjuntomais alargado, que cumprem uma finalidade de iden-tificação colectiva mediante a veiculação dos valo-res culturais próprios de cada sociedade, isto é, porela seleccionados e construídos, em cada momen-to. Falar de património pressupõe, por isso, falar deidentidades, na medida em que pode ser definidocomo uma síntese simbólica de valores identitários(Santana, 1998:37-49), que contribuem para umsentimento de pertença e de identificação de umcolectivo social.

O património, enquanto operação simbólica, nãodeve ser confundido com a cultura, constituída pelaacumulação da experiência cultural humana em todaa sua profundidade e diversidade. Porém, enquantosíntese simbólica, o património fornece elementos designificação cultural, particularmente relevantes numcontexto de globalização onde coexistem leituras di-ferenciadas, permitindo situar-nos em relação ao pas-sado quando, muitas vezes, já nada resta dele.

Através do património, os poderes políticos fa-zem uso de uma linguagem, baseada na utilizaçãode um repertório simbólico, que pela sua capacida-de de penetração no tecido social, permite exprimire legitimar a sua autoridade, ao mesmo tempo quefornece os referentes identitários necessários à cons-trução de uma ilusão de permanência no espaço eno tempo globais. Por outro lado, as acções de patri-monialização e a criação de produtos turístico-patri-moniais, assumem ainda um carácter instrumental,de legitimação dos poderes instituídos, ao mesmotempo que permitem configurar as opções estraté-gicas em torno de uma suposta política de desen-volvimento e afirmar o respectivo território sim-bólico, nas escalas de prestígio dos destinos turís-ticos.

Não obstante, o desenvolvimento local só seráefectivo com a participação de todos os agentes, e

136

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

OPPIDUM número 1 - 2006

não só os poderes políticos e económicos, como tam-bém as instituições sociais e culturais. Baseado narealização de um diagnóstico sistemático e apro-fundado das suas potencialidades e debilidades, na

avaliação da sua viabilidade, e da exequibilidadedos seus objectivo, o Património, nas suas diversasamplitudes, torna-se-á um elemento fulcral no de-senvolvimento de um determinado território.

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

137

OPPIDUM número 1 - 2006

ALARCÃO, J. (1987) - Introdução ao estudo daHistória e do Património locais. Coimbra. FLUC. Ed.Instituto de Arqueologia.

ALMEIDA, C.A.F. (1998) - Património – O seu En-tendimento e sua Gestão. Paços de Ferreira. Edições Etnos.

ASSMANN, J. (1995) - Collective Memory and Cul-tural Identity. New German Critique. 65 (Spring-Summer): 125-135.

BOURDIN, A. (1984) - Le Patrimoine Reinventé.Paris. PUF.

CHOAY, F. (1992) - L’allegorie du Patrimoine. Pa-ris. Seuil.

GARCÍA, J. (1998) - De la cultura como patrimonioal patrimonio cultural. Política y Sociedad. El PatrimonioCultural. Nº 27. Enero-Abril, p. 9-20.

GELLNER, E. (1998) – Nacionalismo. Barcelona.Ediciones Destino.

GUILLAUME, M. (1980) - La Politique duPatrimoine. Paris. Editions Galilée.

HALL, S. (2002) - Culture, Community, Nation. InD. Boswell e J. Evans (eds.), Representing the Nation: AReader - Histoires, Heritage and Museums, London.Routledge, p.33-44.

HERVIEU-LEGER, D. (2000) - Religion as a Chainof Memory. Oxford. Polity Press.

HOBSBAWM, E.; RANGER, T. (1983) - TheInvention of Tradition. Cambridge. CambridgeUniversity Press.

HUYSSEN, A. (1995) - Twilight Memories: MarkingTime in a Culture of Amnesia. New York. Routlegde.

BibliografiaJEUDY, H.P. (1990) - Patrimoines en Folie. Paris.

Editions de la Maison de l’Homme.LIRA, S. (1998) - Pedras com História e Pedras com

Memória: visitar o património construído. Águas San-tas. [S.n.].

LOWENTHAL, D. (1985) - The Past is a ForeignCountry. Cambridge. Cambridge University Press.

LOWENTHAL, D. (1998) - Heritage Crusade andthe Spoils of History. Cambridge. Cambridge UniversityPress.

MARTIN-GRANEL, N. (1999) - Malaise dans lepatrimoine. Cahiers d’Etudes Africaines. XXXIX (3-4).155/156, p.487-510.

PEIXOTO, P. (2002) - Os meios rurais e a descober-ta do património. Oficina do CES. Nº 175. [S.l.].

PRATS, L. (1997) - Antropología y Patrimonio. Bar-celona. Editorial Ariel.

PRATS, L. (2003) - Patrimonio + Turismo =Desarrollo?. Pasos. Vol. 1. Nº 2, p.127-136.

ROBERTSON, R. (1992) - Globalization. SocialTheory and Global Culture. London. Sage.

SANTANA, A. (1998) - Patrimonio Cultural y Tu-rismo: Reflexiones y dudas de un anfitrión. RevistaCiencia y Mar. 6, p.37-41.

SCHOUTEN, F. (1995) - Heritage as HistoricalReality. In D. Herbert (ed.) Heritage, Tourism andSociety. London. Mansell, p.21-31.

WARNIER, J. P. (2000) - A Mundialização da Cul-tura. Lisboa. Editorial Notícias.

138

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

OPPIDUM número 1 - 2006

Anexo 1Breve perspectiva sobre o património de Lousada

Figura 2. Ponte de Espindo – Meinedo (património arquitectónico de relevante importância histórica e arquitectónica)

Figura 1. Pelourinho de Lousada – Silvares (classifi-cado como Monumento Nacional através Dec. 16/06/1910, D.G. 136 de 23/06/1910)

Figura 3. Torre de Vilar (classificado como Imóvel de Interesse Públi-co pelo Dec. 95/78, D.R. 210 de 12.09.1978)

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

139

OPPIDUM número 1 - 2006

Figura 4. Foto antiga da Vilade Lousada (património foto-gráfico representativo do 1ºquartel do séc. XX, em quese pode denotar a evoluçãodo local através da actual si-tuação). - Figura 5.

140

CIAN MAGENTA AMERELO PRETO

OPPIDUM número 1 - 2006

Figura 7. Engenho do linho –Casais (local representativode usos e costumes, que sereproduzem em momentosesporádicos)

Figura 6. Moinho –Casais (patrimóniovalioso para a per-cepção de uma co-munidade que foi im-portante para a eco-nomia local e que ac-tualmente se encon-tra extinta)