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O ensino profissional nos estabelecimentos de educação dos Salesianos 1 P. Manoel Isaú, UNISAL, Americana Resumo O ensino profissional assumia posição relevante, graças à industrialização do Brasil, especialmente desde a promulgação da Lei n o . 5692/71. Existiam, porém, nas esferas governamental e particular, iniciativas antigas e mais recentes que mereciam ser analisadas. Tentou-se apresentar aqui uma experiência de ensino profissional, realizada pelos Salesianos, que mantiveram a maior rede de ensino particular na área, por muitos anos. Essa rede começou a sofrer diminuição no final da década dos anos sessenta do século XX. Para examinar esse fenômeno, foram escolhidos quatro estabelecimentos dentre os mais antigos em que o ensino profissional mais se desenvolveu posteriormente, com exceção de um deles. Entre os fatores que contribuíram para o desaparecimento do ensino profissional nas escolas apontadas, destacam-se: a carência de recursos econômico-financeiros, a falta de pessoal administrativo, o tipo de clientela e, especialmente, a mentalidade academicista do povo, que menosprezava a atividade manual. Palavras-chave: ensino profissional e técnico, ensino profissionalizante, história da educação brasileira. Introdução Foi uma experiência arrojada a criação de uma rede de escolas profissionais pelos Salesianos na última quinzena de século XIX, porque se tratava de enfrentar uma barreira social, uma sociedade abertamente hostil ao trabalho manual, elitista, envenenada pela escravatura do período imperial. Privilegiava-se o ensino acadêmico e bacharelesco. Em Niterói, nascia a primeira escola salesiana. Em 1904, das 16 escolas em funcionamento, 14 eram profissionalizantes. No cinqüentenário dos Salesianos no Brasil, de um total de trinta instituições escolares, dezesseis possuíam ensino profissionalizante. Depois dos anos trinta, os governos de São Paulo e federal despertaram para a criação do ensino-técnico-profissional, do SENAI e das Escolas Técnicas Federais. Algumas escolas do SENAI iniciaram em escolas salesianas de Recife e São Paulo. A entrada do governo no campo provocou mudanças nas escolas dos Salesianas Em 1962, as escolas pioneiras fecharam e de 16 que eram em 1933 baixaram para metade. Diversas razões foram apontadas e essas foram o objetivo desta dissertação. PRIMEIRA PARTE Problema e metodologia Contexto do problema e histórico do problema 1 Trata-se da síntese de minha dissertação de mestrado, denominada “O ensino profissional nos estabelecimentos de educação dos salesianos”, defendida em 14 de janeiro de 1976, na Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro, e não publicada, mas aparece citada em diversos publicações..

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O ensino profissional nos estabelecimentos de educação dos Salesianos1 P. Manoel Isaú, UNISAL, Americana

Resumo O ensino profissional assumia posição relevante, graças à industrialização do Brasil, especialmente desde a promulgação da Lei no. 5692/71. Existiam, porém, nas esferas governamental e particular, iniciativas antigas e mais recentes que mereciam ser analisadas. Tentou-se apresentar aqui uma experiência de ensino profissional, realizada pelos Salesianos, que mantiveram a maior rede de ensino particular na área, por muitos anos. Essa rede começou a sofrer diminuição no final da década dos anos sessenta do século XX. Para examinar esse fenômeno, foram escolhidos quatro estabelecimentos dentre os mais antigos em que o ensino profissional mais se desenvolveu posteriormente, com exceção de um deles. Entre os fatores que contribuíram para o desaparecimento do ensino profissional nas escolas apontadas, destacam-se: a carência de recursos econômico-financeiros, a falta de pessoal administrativo, o tipo de clientela e, especialmente, a mentalidade academicista do povo, que menosprezava a atividade manual. Palavras-chave: ensino profissional e técnico, ensino profissionalizante, história da educação brasileira. Introdução Foi uma experiência arrojada a criação de uma rede de escolas profissionais pelos Salesianos na última quinzena de século XIX, porque se tratava de enfrentar uma barreira social, uma sociedade abertamente hostil ao trabalho manual, elitista, envenenada pela escravatura do período imperial. Privilegiava-se o ensino acadêmico e bacharelesco. Em Niterói, nascia a primeira escola salesiana. Em 1904, das 16 escolas em funcionamento, 14 eram profissionalizantes. No cinqüentenário dos Salesianos no Brasil, de um total de trinta instituições escolares, dezesseis possuíam ensino profissionalizante. Depois dos anos trinta, os governos de São Paulo e federal despertaram para a criação do ensino-técnico-profissional, do SENAI e das Escolas Técnicas Federais. Algumas escolas do SENAI iniciaram em escolas salesianas de Recife e São Paulo. A entrada do governo no campo provocou mudanças nas escolas dos Salesianas Em 1962, as escolas pioneiras fecharam e de 16 que eram em 1933 baixaram para metade. Diversas razões foram apontadas e essas foram o objetivo desta dissertação. PRIMEIRA PARTE Problema e metodologia Contexto do problema e histórico do problema

1 Trata-se da síntese de minha dissertação de mestrado, denominada “O ensino profissional nos estabelecimentos de educação dos salesianos”, defendida em 14 de janeiro de 1976, na Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro, e não publicada, mas aparece citada em diversos publicações..

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Na década de 70 do século passado, a profissionalização passou assumir relevância no sentido de atender a política desenvolvimentista do Governo militar. Em vista desse interesse, resolvi destacar a colaboração dos Salesianos na área, uma vez que o Governo tinha demonstrado um desinteresse quase crônico e as iniciativas tomadas pelo Governo pareciam pífias, desde a era monárquica. A Escola Real de Artes e Ofícios nunca se concretizou. A Constituição de 1824 chegou até a abolir as corporações de ofícios, seus juízes, escrivãos e mestres (Const. Art . 179, item XXV). O ensino industrial era ministrado inicialmente aos silvícolas, depois aos escravos e finalmente aos órfãos, mendigos e outros desgraçados como os expostos, órfãos, cegos, surdos-mudos, fenômeno que gerou o profundo preconceito contra este tipo de ensino. Em 1909, Nilo Peçanha, que conhecia, muito bem. os Salesianos e suas escolas, através do decreto n. 7.566, 1909, estabeleceu escolas de aprendizes artífices nas capitais dos Estados destinadas aos pobres e humildes. Sua iniciativa parece não ter encontrado repercussão significativa, dadas as condições de funcionamento das oficias, a falta de professores e mestres especializados e a ditadura do ensino acadêmico aristocratizado. Com a Revolução de 1930, notou-se maior preocupação pela difusão do ensino profissional. No Estado de S. Paulo, em 1931, as nove escolas passaram a 28, saltando o número dos alunos de 6.507 (1931) para 11.503 (1940). Em 1942, o Governo Vargas reconheceu oficialmente o ensino técnico com o Decreto no. 4.073, equiparando aos demais ramos do ensino médio. As Escolas Profissionais Salesianas Até 1909, estas escolas constituíram a maior rede de ensino profissional no Brasil, nada sendo fácil resistir a uma sociedade abertamente hostil a este tipo de ensino e floresceram com bastante regularidade até a década de 1950. Algumas dificuldades, talvez surgidas pela adaptação às Leis.Orgânicas do Ensino Industrial e pela rápida multiplicação das escolas técnicas e industriais. Em 1948, das 34 escolas existentes, restavam apenas oito. Somente o Colégio Santa Rosa conseguiu adaptar-se à legislação do ensino industrial, sendo a primeira escola industrial do Estado do Rio de Janeiro. As Escolas Agrícolas fecharam. Esta dissertação escolheu como objeto de estudo quatro escolas da Congregação, dois no Eixo São Paulo-Rio, ou seja, Colégio Santa Rosa (Niterói) e Liceu Coração de Jesus (S. Paulo) e dois no Nordeste, Colégio Salesiano do Sagrado Coração de Jesus (Recife) e Liceu Salesiano do Salvador (BA). Desses o único que mantém ensino profissionalizante é este último. Formulação do problema

a) Que fatores negativos tiveram os Salesianos de enfrentar ao implantarem as Escolas Profissionais?

b) Que fatores influíram no seu desaparecimento? c) Por que essas Escolas não evoluíram segundo a legislação atinente? d) Até que ponto esse modelo teria influído na política relativa ao ensino do mesmo

ramo?

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Para responder a essas questões foram apresentados o cenário histórico que ocorreram a sua fundação e desenvolvimento, o apogeu e a decadência. Quanto aos fatores que influíram ou não em seu desenvolvimento, foram consideradas as dimensões sócio-cultural (clientela e bacharelismo), econônico-financeira e administrativo-acadêmica pessoal administrativo e docente preparado). Metodologia Em se tratando de pesquisa histórica, procuramos contatar os dados disponíveis nos arquivos existentes nos estabelecimentos escolhidos e/ou em outras instituições do País julgados relevantes ao problema pesquisado, em Belo Horizonte, Recife, na Faculdade Salesiana de Lorena, SP (hoje UNISAL) no Instituto do Coração Eucarístico de Pindamonhangaba e outros. Incluímos ainda depoimentos através de entrevistas com professores, mestres de oficinas e administradores ou outras pessoas que exerceram atividade nas Escolas Profissionais ou com elas mantiveram algum relacionamento. Vimos cartas de pessoas públicas e particulares, anuários, crônicas, revistas, panfletos, jornais etc. Dadas as dificuldades de elaborar uma definição de causa aceitável, optamos pelo estudo das condições contribuintes e contingentes, por se considerar o caminho operacionalmente mais provável para chegar ao conhecimento das verdadeiras causas (SOLOMON). Por condições contribuíntes, as que aumentam a probabilidade de ocorrência do fenômento, mas não a tornam certa, consideramos o tipo de clientela, o fenômeno do bacharelismo e o crescimento rápido e multivariado da Congregação Salesiana, que atuando conjuntamente, levaram ao enfraquecimento da estrutura das Escolas Profissionais. Por contingentes, ou seja, aquelas sob as quais funcionam as outras, assinalamos a carência de recursos materiais e financeiros, a falta de pessoal administrativo e docente qualificado. SEGUNDA PARTE: A CONCEPÇAO DAS ESCOLAS PROFISSIONAIS SEGUNDO DOM BOSCO Origens das Escolas Profissionais Dom Bosco nasceu, no Piemonte, em 1815,no período pós-napoleônico chamado de Restauração, de uma família de camponeses. Órfão de pai, logo nos primeiros anos, submeteu-se aos mais diversos misteres: pastor de vacas, saltimbanco, garçon, alfaiate, sapateiro, ferreiro, poeta improvisador e até mágico. Padre, em 1941, quando Carlos Marx terminava seus estudos em Berlim e em pleno “Risorgimento italiano”. Por influência do Iluminismo, realçava-se cultura intelectualizada, enquanto o profissional e o social jaziam no esquecimento. A situação da classe operária era desoladora, depois que o espírito capitalista impunha-se na Itália, embora com menor intensidade do que nas França, Alemanha e Inglaterra. A Lei Chapelier havia proibido na França, em 1791, e na Itália, 1844, as associações de trabalhadores por impedir a livre concorrência. Na Itália, essas associações

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ou corporações foram perseguidas pelos liberais ou tiveram seus fins distorcidos, sendo utilizados para fins anti-clericais ou eleitorais. No início da primeira industrialização, Turim atraía milhares de trabalhadores, sobretudo jovens, das zonas rurais para as obras de construção, que ficavam amontoados nos bairros periféricos em verdadeiros pardeeiros. Foi nesse ambiente, que o jovem padre João Bosco iniciou o seu apostolado e ficou chocado quando entrou em contato com as prisões: jovens de 12 a 18 anos, todos sãos e inteligentes, mas reduzidos inércia, picados de insetos, carentes de pão temporal e espiritual. Esse fenômeno refletia a situação de parte das fábricas. As mães angustiadas apelavam a Dom Bosco para tirar seus filhos dessas oficinas. Pensamento de Dom Bosco sobre a questão operária e sua proposta de solução Dom Bosco sentiu o perigo iminente e admoestava sobre a necessidade de uma solução cristã ao problema operário. Alertava as autoridades, sem deixar de advertir aos operários de serem diligentes no trabalho. Não concebia a solução do problema religioso independentemente da solução do problema social e vice-versa, nem procurou jogar operários contra patrões. Começou seu trabalho entre os jovens empregados de lojas e oficinas. Acolheu-os em seu estabelecimento e lhes dava instrução religiosa e moral. Visitava-os durante a semana e, para garantir-lhe os direitos fundamentais de aprendizes, elaborou contratos de trabalhos, sendo ele o fiador. No contrato, os patrões comprometiam-se a ensinar o ofício num período de três anos. Criou escolas noturnas para dar-lhes a instrução elementar e logo em seguida foi montando cursos profissionalizantes, em que ele foi o primeiro mestre. Nasceram seguidamente as oficinas de sapataria, alfaiataria, encadernação, marcenaria, impressão e tipografia, serralheria, esta última precursora das oficinas de mecânica, que evoluíram para as atuais escolas de mecatrônica. Em 1884, foi elaborado pelo Capítulo Geral dos Salesianos um conjunto de normas de que resultou a “magna charta” das Escolas Profissionais, em que foi determinado claramente a finalidade do cuidado dos aprendizes: Estabeleceram normas seguintes: uma hora de aula após o trabalho, elaboração de um programa escolar com a indicação dos livros de leitura e explicação das aulas, classificação dos alunos após uma prova, aula de boas maneiras, aulas especiais de de desenho, francês etc., exames finais de rendimento, ao termino do curso profissional um atestado de aproveitamento e bom procedimento. Foram ainda emanas normas práticas para treinamento na execução dos diversos serviços, como:

1. Atender possivelmente à inclinação dos alunos na escolha da arte e ofício; 2. Providenciar honestos e hábeis mestres de ofícios, mesmo com sacrifício financeiro, para que nas

oficinas se possam executar os diversos trabalhos com perfeição; 3. O conselheiro profissional e o mestre de oficio divida ou considere como dividida a séria

progressiva dos trabalhos que constituem o complexo da arte em vários módulos ou graus, pelos quais faça passar gradativamente o aluno, de modo que, ao final do tirocínio, conheça ou possua completamente o exercício do próprio oficio;]

4. Não se pode determinar a duração do tirocínio, porquanto em todas as artes requerem igual tempo de aprendizagem, mas como regra geral se pode fixar em cinco anos.

5. Em cada profissional, por ocasião da distribuição dos prêmios, faça-os anualmente uma exposição dos trabalhos executados pelos nossos alunos, em cada três anos, uma exposição geral, de que participem todas nossas casas de aprendizes.

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O currículo escolar estava dividido em dois períodos. O primeiro de dois anos, complemento do curso elementar, incluía religião, língua nacional, geografia, civilidade, higiene e música. No segundo, de três, compreendia religião, desenho, música, história natural, física, química e mecânica, história, francês, inglês, italiano, contabilidade e sociologia. Além dessas disciplinas e dos processos gerais que as orientavam, fizeram-se os programas completos de cada ofício para os cinco anos de aprendizagem. O ano era dividido em dois semestres, sendo dez os graus, que o aprendiz devia percorrer para atingir o final do curso, podendo acrescentar-se mais um ano de recapitulação geral, de modo que o aprendiz, entrando na escola com 12 anos, saía dela formado aos dezoito. Pedagogia do trabalho Dom Bosco mostrou extraordinária habilidade em transfundir, em seus alunos, a alegria e paixão pelo trabalho. Testemunham-no o otimismo, a docilidade, a confiança e o entusiasmo dos alunos por ele educados, que viam no trabalho a valorização, a preservação do vício e a chave da sua posição social. Um dos capítulos do Regulamento do Oratório de São Francisco de Sales, elaborado por Dom Bosco, em 1852 considerava o trabalho lei da natureza e cumprimento do próprio dever, honra e benefício, dentro da ordem e da disciplina, além de glorificar a Deus e evitar o orgulho que corrói o mérito. O trabalho se adquire na mocidade e é considerado salvaguarda da mocidade. Quem não trabalha é ladrão. Eram freqüentíssimas suas exortações, inclusive nas representações teatrais, acerca do trabalho. Dizia que, além do trabalho, que nunca deve faltar, é necessário trabalhar, trabalhar intensamente. A fidelidade dos Salesianos no Brasil ao ideal e espírito de trabalho operativo pelo crescimento da Congregação Salesiano, no Brasil e no mundo com um número grande de obras, como escolas, paróquias, escolas profissionais, oratórios festivos, missões etc. TERCEIRA PARTE: ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS ESCOLAS PROFISSIONAIS NO BRASIL Quando os Salesianos chegaram ao Brasil, estabelecendo-se primeiro em Niterói, a convite dos bispos brasileiros e com aprovação do Imperador Pedro II, encontraram um sociedade semi-feudal, em que o sistema patriarcal era a nota dominante e, de um lado, um mundo de escravos e servos e, do outro, um povo pobre, bom, sofredor e marginalizado. Mas se operavam mudanças, como a imigração européia, o liberalismo, a urbanização, a industrialização, algumas transformações no panorama educacional e nas relações Igreja-Estado. A lavoura cafeeira em plena expansão exigia braços para substituir os escravos, dando ocasião a forte entrada de imigrantes, destacando-se numericamente os italianos, espanhóis, portugueses, russos, austríacos e sírio-libaneses. O incremento imigratório favoreceu o encaminhamento de imigrantes para o meio urbano, dando ocasião ao surgimento dos primeiros técnicos, operários especializados que exerciam atividades industrias nas regiões urbanas mais importantes, como Rio e

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Janeiro, São Paulo e Campinas. Os fazendeiros de café tornaram-se empresários e por isso mesmo foram forçados a estar mais perto do centro de comercialização. Os artesãos, operários e muitos dos empresários eram estrangeiros. Os imigrantes que se lançaram no comércio e na indústria pertenciam à classe pequeno-burguesa, provavelmente com treinamento e certa experiência no ramo O elemento italiano destacava-se inconteste na indústria, na música, no ensino (mais de 80 escolas em São Paulo), no artesanato e no operariado (a quase totalidade). O Rio de Janeiro era o maior parque industrial. No nordeste, a situação era diferente pois a industrialização ali não pôde acompanhar a urbanização. Recife desenvolveu-se em função da cana de açúcar e do algodão e com Salvador, então a primeira cidade do Nordeste, participava da produção nacional à razão de 4% da produção nacional. A produção de açúcar da Bahia participava do 20% da produção nacional, sendo ainda o primeiro produtor de cacau do mundo. Quando ao panorama educacional, o analfabetismo ascendia a 85.21% na última década do Império, baixando para 74,50% em 1900. A matrícula do ensino primário, em 1902, ascendia a 540.000 alunos, o dobro do ano final da era imperial. No ensino secundário, sobressaia o Colégio Pedro II, enquanto nas Capitais e em algumas cidades interioranas, as escolas oficiais do mesmo nível, viam seus alunos recusados pelas faculdades, devido a deficiências técnicas e financeiras, o que veio a favorecer ao desenvolvimento do ensino secundário particular. Refletiam-se no Brasil, nos inícios do século XX, as idéias pedagógicas de Dewey, Decroly e Kerschensteiner. As discussões sobre problemas educacionais, no Congresso Nacional, não relevavam o ensino profissional, nem a legislação considerava a ensino profissional, salvo o ensino normal, parte integrante da instrução. As profissões manuais e mecânicas não gozavam de prestígio e freqüência aos cursos comerciais que receberam reconhecimento oficial em 1902, era insignificante. Foi com Leôncio do Carvalho, conselheiro do Império, que sentindo a carência de conhecimentos técnicos, fundou com um grupo de paulistas, a Sociedade Propagadora da Instrução Popular (1873) e criou o Liceu de Artes e Ofícios. No período republicano, o desenvolvimento industrial mostrou a necessidade do estabelecimento do ensino profissional pelo que Nilo Peçanha, criara, em 1909, nas Capitais do Estados, as Escolas de Aprendizes Artífices, mas sem desvencilhar-se do cunho artificial aos pobres e humildes. No período imperial, a legislação em assuntos religiosos apresentava-se como uma simbiose forçada de elementos heterogêneos e até contrastantes, que se prestavam a interpretações laicistas e nacionalistas fortemente ligadas a uma sociedade sacralizada e universalista não mais existente, o que levou à Questão Religiosa. Com a República, a Igreja passou da marginalização para ação positiva, incentivando os católicos à participação coletiva para garantir suas reivindicações sociais fundamentais (problema do casamento civil e do ensino leigo). Em 1889, possuía uma arquidiocese e onze diocese. Em 1900, já eram dezessete dioceses e em 1910, trinta. Em reforço à nova orientação da Igreja, muitas congregações religiosas instalaram-se no Brasil assuminto paróquias e fundando escolas. Os Salesianos anteciparam-se, pois, de duas instituições nos últimos sete anos do Império, passou a sete nos anos seguintes, já sob o regime republicano, chegando a dez no primeiro decênio, convivendo pacificamente com o novo regime, porquanto até o Primeiro Presidente, Marechal Deodoro da Fonseca, gostava de participar das festas que se faziam no Colégio Santa Rosa de Niterói.

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1. Colégio Salesiano Santa Rosa. Esta instituição constituiu-se a primeira experiência de ensino profissional, sendo considerada “inspiradora do conjunto de escolas industriais do Rio de Janeiro”. Os Salesianos chegaram ao Rio de Janeiro, a pedido do bispo Dom Pedro Lacerda, estabelecendo-se em Niterói, em 1883, fundando o Colégio Salesiano Santa Rosa. Em Carta Pastoral, solicitando todo apoio aos Salesianos, o bispo dizia que a grande obra que tinha em vista era um estabelecimento onde se ensinassem alguns ofícios e artes que garantissem o futuro de rapazes menos favorecidos da fortuna, proporcionando a muitos deles de também cultivarem as letras, preparando-se para alhures, receberem instrução mais elevada, se não se contentarem com a condição de artistas e operários. Logo que chegaram montaram as oficinas de tipografia, encadernação, alfaiataria, sapataria, marcenaria, passando de 10 alunos iniciais, para 46 em fins de 1884. Apesar das dificuldades e contratempos iniciais, os Salesianos procuraram relacionar-se com as autoridades civis e religiosas conseguindo apoio para o início e desenvolvimento da obra e até, em 1886, subvenção oficial de seis contos de reis em favor do Colégio que se obrigava a receber 12 alunos pobres, subvenção elevada posteriormente. A tipografia desenvolveu-se rapidamente, tornando-se apta a fazer qualquer trabalho e, em 1890, lançava as Leituras Católicas em português. No final da década do século XIX, seu trabalho recebia louvores da imprensa, especialmente do Jornal do Brasil, Jornal do Comércio e Fluminense. Este último, em data de 13 de outubro de 1898, considerava a Escola uma “honra ao município”, “um padrão de glórias para o Estado do Rio”. De 1884 a 1890, a matrícula quintuplicou. A matrícula entre os aprendizes das escolas profissionais triplicou entre 1886 e 1898, chegando a 145 e os alunos em geral a 340. Inicialmente, alguns jornais anti-clericais reagiram a à presença dos Salesianos. Mas a polêmica os tornou mais conhecidos, ainda mais quando o diretor da escola peregrinava pelo Interior do Estado, munido da Carta Pastoral do Bispo do Rio de Janeiro, solicitando auxílio e conseguintemente atraindo alunos. Até 1990, tinham sido educados, no instituto 4.000 alunos, a maior parte deles, porém se preparavam para as profissões liberais e outros ocupavam posições no comércio. O predomínio dos estudantes secundários era bem saliente, especialmente quando o curso secundário foi equiparado ao Colégio Pedro II, sendo estudantes 263 e aprendizes, 99. Os alunos recebiam ainda aulas gratuitas de ginástica, desenho, música vocal e instrumental e declamação, sendo facultativas aulas de piano e violino. Os alunos do curso profissional recebiam, além da instrução profissional, aulas de português, aritmética, religião, história do Brasil, francês (5º e 6º anos), geografia, música e saúde. Eram admitidos, preferencialmente, os órfãos de pai e mãe, e que se achavam em extrema penúria. Os diretores do Colégio atribuíam o desenvolvimento da instituição à caridade pública, aos Governos Estadual e Municipal. A revolta da Armada, em setembro de 1893, obrigou a fechar o Colégio (então com 220 alunos) que foi transformado em hospital de sangue e os Salesianos passaram a desempenhar a função de enfermeiros e ainda encarregados pelo Governo a atender á distribuição de víveres às famílias dos desabrigados. O Presidente, após a revolta foi gratificou a escola com a subvenção de dez contos de réis. Rodeado da simpatia geral, a Escola recuperou-se rapidamente escola modelar. As escolas profissionais pareciam consolidadas e seu funcionamento impressionava as autoridades escolares e políticas que as visitavam com freqüência, inclusive do Presidente da República, Nilo Peçanha

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que supostamente nelas se inspirou para criar duma assentada as Escolas de Aprendizes Artífices nas capitais dos Estados. Em 1900, as oficinas tipográficas ganharam uma Medalha de Ouro e Prêmio de Honra na Exposição Industrial Fluminense. Mas a reforma do ensino Epitácio Pessoa enfatizou o Ensino Secundário, facultando as escolas particulares obterem o direito de equiparar-se ao Colégio Pedro II, a escola secundária federal por excelência na época. Essa ênfase obumbrou o ensino profissional, que, apesar do apoio, não era reconhecido e, por isso, forçava a migração para esse ramo de ensino. Ainda e, 1917, na 1ª Exposição Gráfica, realizada nos salões da “Associação Gráfica do Rio de Janeiro, as Escolas Profissionais receberam o 1º Prêmio de Encadernação e o 2º de Estereotipia. Um incêndio longo no início de 1923 causou um prejuízo de quinhentos contos de réis, soma considerável para a época. Mesmo com os auxílios governamentais federais, estaduais e municipais, reconstruíram-se as oficinas, mas não chegara a cobrir 20% das despesas necessárias para elevá-las ao nível de desenvolvimento anteriormente alcançados. As autoridades máximas do Estado visitavam freqüentemente as Exposições das Escolas Profissionais e as enalteciam. As matrículas dos cursos primário e secundário apresentavam um ligeiro crescimento, intercaladas de breves oscilações. As das Escolas Profissionais sofrerem um decréscimo, depois de 1899, especialmente o período que o estabelecimento gozava do privilégio da equiparação. Perdida a equiparação, as matrículas acusaram pequena recuperação, mantendo-se entre 71 e 86, de 1011 a 1926, com algumas exceções. Mas jamais gozaram do prestígio do ensino secundário com seus bacharéis em ciências e letras, especialmente depois da instauração das Bancas Examinadoras e, em 1926, quando a instituição se transformou em Escola Municipal Salesiano Santa Rosa. A equiparação definitiva alcançada em 1932 acarretou o aumento imediato das Matrículas do Ensino Secundário, fenômeno que ocorreu nas nações do Ocidente. Algumas oficinas quase sempre em deficitárias. Mesmo assim alcançaram a lotação máxima 1943, com 120 aprendizes, destacando-se as oficinas de Monotipia, Encadernação, Sapataria, Marcenaria, Mecânica, Eletricidade com produtos realizados pelos alunos de altíssima qualidade, concorrendo com as melhores oficinas do gênero, de modo que foram transformadas em Ginásio Industrial. Parte da clientela provinha do Juizado de Menores do Rio de Janeiro, depois Serviço de Assistência a Menores (SAM). O Estado do Rio de Janeiro sempre enviava menores, uma vintena (19,4% das matrículas), com subvenção anual de 20 contos de réis. Em 1944, as contribuições governamentais chegavam Cr$ 160.000, 00. A esmagadora maioria evadia-se nas primeiras séries. A Escola Industrial era procurada para solucionar problemas de sobrevivência..Sendo internos, muitos não traziam o enxoval necessário, obrigando o colégio a assumir despesas extraordinárias não cobertas. Os professores ou mestres de oficina careciam de formação técnica, de nível suficiente. Seus vencimentos não eram compensadores, uma vez que não chegavam normalmente a superar o salário mínimo.

O fenômeno provocou descontentamento e frustração entre os Salesianos, mestres de oficina, antigos alunos e amigos da obra. A reconstituição das oficinas no mesmo local foi desaconselhado pelos Órgãos Superiores. O Curso Secundário que crescia superou os mil alunos, em 1968, quando as Escolas Profissionais deixaram de funcional, indicando o triunfo definitivo desse ramo de ensino.

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2. Liceu Coração de Jesus Dos quatro estabelecimentos em estudo, é o Liceu Coração de Jesus o que apresenta mais distintamente quatro fases históricas com características especials

1- Primeira fase:predominantemente profissional As Conferencias de s. Vicente de Paulo já se preocupavam com a defasagem existente entre o crescimento das capitais brasileiras e a ignorância profissional do homem brasileiro. A exemplo do Conselheiro Leôncio de Carvalho, alguns de seus membros, resolveram, em 1882, chefiados por Dr. Saladino Figueira de Aguiar, anexar à Capela do Coração de Jesus, um estabelecimento profissional, um Liceu de Artes, Ofícios e Comércio Para a concretização da idéia, organizou-se uma sociedade cujos membros, através de empréstimos reembolsáveis, financiassem a construção do estabelecimento, ficando o quantum do adiantamento a critério do subscritor. Quanto aos recursos humanos, tinha-se pensado em obtê-lo da Sociedade Salesiano de Dom Bosco, em Turim, que tinha derramados incalculáveis benefícios nas repúblicas da América. A opinião pública via nos estabelecimentos de ensino salesiano no muno, que abrangia as mais variadas atividades humanas, relativamente autônomas, onde se podia ministrar a educação moral e religiosa consorciada ao ensino profissional da infância, principalmente pobre e abandonada. Um jornal católico de S. Paulo mostrava a importância da construção do Liceu de Artes, Ofícios e Comércio, que já se erguia ao lado da Capela-Mor da Igreja do Coração de Jesus, nos Campos Elíseos, inaugurada em 24-6-1884. Um ano depois, em 5 de junho de 1885, chegavam os primeiros salesianos nas pessoas do Pe. Lourenço Giordano para tomar posse do estabelecimento. Com a chegada de mais dois seminaristas, abriu-se, em junho de 1886, o internato com dois alunos e já no final do ano já havia 24 internos. No mesmo ano, instalaram-se as oficinas de encadernação, alfaiataria, sapataria e carpintaria e, em 1888. a tipografia com o maquinário e tipos do jornal “Thabor”, doados pelo Pe.Almeida. O crescimento foi rápido graças ás ofertas de eminentes benfeitores paulistas. Em 1889, era um dos maiores edifícios da Capital e provavelmente, o maior da Congregação Salesiana. A Província por meio de uma loteria, concorreu para o pagamento das dívidas antigas dos Vicentinos e as novas. Os Cooperadores e benfeitores também ajudavam. O salão das oficinas de marmoraria, sapataria, alfaiataria media 452,60m2 com capacidade para 1.400 pessoas, tendo sido usado para teatro em 13 de agosto de 1890. Via-se em 1891 um edifício de dois andares destinando exclusivamente ás aulas e oficinas. Os internos elevavam-se a 250 entre estudantes e aprendizes e os externos e os do Oratório Festivo a 400. Apenas 15 salesianos dirigiam a obra. A Banda musical possuía 50 figuras. Mas as despesas causavam grande preocupação. O Liceu não possuía renda, nem fundos. Mesmo que a caridade ajudasse, tinha muitas dificuldades. Em 1902, dos 320 interno apenas 87 contribuam com um pensão mensal de 20 a 40 mil reis mensais Os órfãos eram 240 e sua manutenção (alimentação,´vestuário, instrução, medicamentos) estava sob a responsabilidade do Liceu. Dos 420 esternos somente 65 contribuíam com 54$000 reais mensais cada um, A receita total orçava m 72 contos de réis, proveniente das anuidades dos alunos, 32 contos do Estado e 4 contos da Câmara Municipal. A divida atrasava chegava a

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82 contos de réis. A subvenção do Estado vinculava 36 alunos à instituição. Devido a essas dificuldades financeiras eram recusados, anualmente, centenas de alunos de todas as categorias uma vez que o limite de vagas era de 700. As oficinas do Liceu já nos fins século XIX constituíam o verdadeiro arsenal. A seção tipográfica dispunha de 720 m2, com maquinário importado da Alemanha e da Bélgica. Imprimiam revistas importantes, chegando a receber Medalha de Ouro na Exposição Industrial do Rio de Janeiro, em 1901. A seção de encadernação e pautação, até com máquina de Karl Prauze de Leipzig, fazia toda a sorte de encadernação para todos os tipo. Para obter reproduções em clichés especiais possuía o aparelho rastra (quadricula) fabricada por Max Lelly, de Filadélfia. Executava trabalhos em autotipia, fotogravura. zincotipia e tricomia. A secção de desenho ministrava desenho geométrico-decorativo, preparando os alunos para geometria e ornamentação, desenho gráfico, arquitetura, mecânica e figura. A escola de fundição de Tipo era a única que existia no Estado de S. Paulo dispondo de maquinismos apropriados e aperfeiçoados de modo que os produtos produzidos podiam comparar-se com provenientes da Alemanha, Inglaterra e França. Possuía a máquina Zoja de Turim que funde metal e crava o tipo para ser usado imediatamente; uma plaina mecânica apropriada por meio de aperfeiçoado coupon de A. Foucher apropriado também para dar necessária altura aos tipos fundidos pela máquina Foucher. Possuia estereotipia, a galvanotipia e ainda a serra circular. A secção de mecânica e ferraria executava obras de construção, grades, cancelas, camas etc. A Alfaiataria e Oficina de Corte dispunha de todo o necessário para toda Roma de homens, senhoras e crianças. A secção de Marmoraria e Escultores, dirigida pelo engenheiro-arquiteto Irmão Salesiano Domingos Delpiano, gerente geral, estava apta a receber e executar com perfeição qualquer trabalho em mármore. Os mestres externos eram contratados, uma vez que os internos não eram suficientes para atender a todo ensino e serviço. A estrutura didática estava dividida em duas secções: a literária (primária e secundária) e a profissional. O ensino profissional estava dividido em dois cursos, um teórico e outro prãtico, dedicando-se ao primeiras quatro horas diárias e ao seguudo três. O curso comercial, o mais antigo de S. Paulo, limitava-se a aulas especiais de escrituração mercantil, aritmética comercial, desenho e caligrafia. Só em 1902, é que o Curso Comercial separou-se do curso profissional e seguiu via independente, tornando-se um dos cursos dominantes do Liceu. Pela excelência do ensino, a escola profissional foi ricamente premiadas por três Medalhas de Ouro (1901, no Rio de Janeiro e 1908, na Exposição Nacional em 1980, Centenário da Abertura dos Portos), uma de Prata (pelo mesmo Jury), Diploma de Grand Prize, na exposição universal de S. Luis, em 1904, Medalha de Bronze em 1908, na Esposizione Mariana Lateranense (1904-1905). E várias Menções de 1º , de 2º e de 3º e um Diploma de 1º, na III Exposição Salesiana da Escolas Profissional. Depois desta fase, as escolas profissionais continuaram, mas as pressões da sociedade dos barões pressionavam para a modernização do edifício para adaptar-se ás grandes mansões e aos palacetes que o rodeavam. Ampliação do Liceu (fase polivalente): Apogeu dos cursos profissionais e do Estabelecimento.

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O VIII Congresso Internacional dos Cooperadores Salesianos, realizados e outubro de 1915 fez surgir a necessidade urgente de desdobrar o Liceu passando as Escolas Profissionais para o bairro vizinho do Bom Retiro, cuja pedra fundamental foi lançada imediatamente, para lá transportando-se as chamadas oficinas “sujas”, ou seja, marcenaria, marmoraria, mecânica e ferraria, modelação, de maior aceitação entre os italianos, todas elas deficitárias. Houve resistência dos próprios Salesianos do Liceu. Transferidas as oficinas, não sem resistências, demolidos os antigos edifícios, o Liceu foi modernizado com a construção da ala Barão de Piracicaba. Ficam no Liceu as oficinas da tipografia, sapataria, alfaiataria, impressão, encadernação e fundição de tipos. O crescimento dos cursos acadêmicos e comerciais foi imediato e repentino especialmente depois da introdução militar, precedendo a campanha militar empleitada de Olavo Bilac, e a criação do Batalhão Militar, explodiu. tornando o Liceu Coração de Jesus um dos maiores do Estado de S. Paulo, com aqueles cursos em vertiginosa ascensão. A década de 20 chegou a ser o maior colégio da América do Sul, chegando a ter 813 alunos internos; As Escolas Profissionais recomeçaram a crescer de 1921, após uma queda violenta, provocada pela transferência para o Instituto Dom Bosco vizinho com suas conseqüências colaterais. Infelizmente, o número dos formandos nas escolas era muito em baixo em relação aos freqüentes que sempre superavam os 140. Um padre se distinguiu na direção das Escolas Profissionais, Guilherme Meiners, alemão, na qual atingiram o apogeu. O reconhecimento oficial do Curso Comercial no âmbito estadual e federal fez este curso um dos mais freqüentados não só mais dos que lançavam alunos formados e praticamente conseguiam mercado seguro mercado de trabalho pela qualidade de sua formação. O desenvolvimento deste curso levou a direção dos Salesianos a criar o Curso Superior de Administração e Finanças, posteriormente transformado em Faculdade de Ciências Econômicas e Atuarias, que posteriormente foi anexa à PUC/SP. O reconhecimento do Curso Ginasial fê-lo desenvolver-se sempre num crescendo contínuo até tornar-se predominante e em 1970 quase dez vezes maior, O Visitador Extraordinário, ao perceber a complexidade da obra, pediu a simplificação da instituição. Não tinha sido a primeira vez que se ventilava retirar as oficinas do Liceu. Os déficits se tornaram cada vez freqüentes. Decidiu-se pelo fechamento das Escolas Profissionais e sua transferência, em 1959, para o Instituto S.Francisco, na Mooca, onde continuam hoje e com grande êxito A maioria dos mestres não se adaptaram à transferência e afastaram-se. A maioria das famílias dos alunos reagiu unanimemente, porque a inova escola não possuía o “status” do velho Liceu Coração de Jesus. A secundarização vencera. Em 1960, representara 66,5% das matrículas, enquanto o Curso Básico e Técnico somavam apenas 6,3%! As demais vagas do curso primário caíam e a Faculdade Econômica, em ascensão, entregue sem razões plausíveis e com prejuízos pesados, à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 3. Colégio Salesiano do Sagrado Coração É o primeiro fundado pelos Salesianos em terras nordestinas, em 1894. A mudança de denominação derivou da própria história desta escola. Diferentemente das demais estudadas neste trabalho, o ensino secundário, chamado então de “Preparatórios”, foi criado oficialmente pelos fundadores ao lado do ensino profissional.

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Contava Recife, na década final do século XIX com uns 120.000 habitantes, muitos portugueses ou descendentes deles, alguns outros estrangeiros, a maior parte aborígenes e de outros Estados. Era assim uma mistura evidente de brancos, de pardos e mestiços e numerosos negros. Os poucos estabelecimentos industriais existentes na Província de Pernambuco no final do Império não ofereciam panorama suficiente para implantação do ensino de artes e ofícios. Os poucos estabelecimentos industriais existentes na Província no final do Império não ofereciam panorama suficiente para implantação do ensino de artes e ofícios. O liceu de Artes e Ofícios, fundado em 1880, pela Sociedade de Artistas e Mecânicos e Liberais, nos moldes do Liceu de Artes e Ofícios da Corte, abeto a todas as pessoas, sem distinção de classes, raças ou credos, não funcionavam por não ter sido possível a instalação de oficinas e laboratórios, reduzindo-se o curso a matérias acadêmicas. O Governo do Estado, insatisfeito, não titubeou em auxiliar a fundação de outro Liceu de Artes e Ofícios, o que foi concretizado no Colégio Salesiano. Havia no Estado mais de 300 escolas e colégios também dirigidos por Congregações Religiosas, como o Colégio S. José das Irmãs Dorotéias, fundando em 1880, o Colégio Eucarístico, das Damas Cristãs de Ponte de Uchoa, da parte do setor feminino; e a Escola Normal da “Propagadora”, o Colégio Pritaneu e o Ginásio Pernambucano, da parte dos Colégios Leigos e oficiais; o Ginásio Aires da Gama, o Instituto Pernambucano e outros de queixaram de existir no primeiro quartel do século XX. O preconceito contra o ensino profissional era claro: Só tem direito a ser recebidos para se educarem na qualidade de Aprendizes dos Arsenais de Guerra da provinciais: 1º) os expostos; 2º) os órfãos indigentes; 3º) os filhos de pais sumamente pobres. Era essa situação quando a Conferência dos Vicentinos, dirigida por Dr Carlos Alberto de Menezes, pelo Comendador José Maria de Andrade e outros, com o apoio de Dom Esberard, Bispo de Olinda, conseguiu comprar o velho solar de Mondego, residência do último governador português, capitão-mor Luiz Rego Barreto, com o fim de iniciar ali e alojar pobres meninos para educá-los nas artes e ofícios, sob o nome de Colégio Salesiano de Artes e Ofícios do Sagrado Coração, fazendo para isso as adaptações necessárias. Após várias tentativas epistolares e também pessoais com o Beato Miguel Rua, então Superior Geral, conseguiu obter os salesianos, deixando cinco contos de réis para as despesas de viagem. Em dezembro 1884, chegava Pe. Lourenço Giordano, acompanhado do Pe Clélio Sironi e mais dois seminaristas e mais dois irmãos e a 10 de fevereiro inauguraram o Colégio, tendo o próprio governador Alexandre Barbosa Lima mandado entregar tuto o que havia pertencido à Capela do Ginásio Pernambucano, inclusive s carteiras e mesôes de aula com alguma cadeiras e armários, além de três contos de réis. Por sua influência ainda foi votada a subvenção financeira de dez contos de réis para o período 1895/1898. No dia 7 de fevereiro de 1895, havia entrado o primeiro aluno, interno, Eduardo de Valois Correia, protegido do major médico José Miranda Curió e filho do velho Professor Feliz de Valois Correia, apesar de os primeiros alunos matriculados terem sido o próprios filhos do Dr. Carlos Alberto, por que a Conferência Vicentina entrar em acordo com Pe. Giordano, por falta absoluta de educandário religioso para estudantes, de abrir a secção de estudantes, ao menos no curso primário. Os Vicentinos valeram-se da experiência paulista com relação ao Liceu Coração de Jesus a dificuldade de manter uma instituição para meninos pobres sem meios de renda, valendo-se assim da criação de estudantes de famílias

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abastadas cujo lucro seria revestido em proveito de dezenas de órfãos, que ali achavam instrução e abrigo. Havia acomodações para 200 pensionistas. Em maio de 1896, eram inauguradas as oficinas, havendo o Dr. Mirando Curió doado quatro máquinas para a encardenação. No mesmo ano, chegaram da Europa os irmãos salesianos Paulo Gasco, alfaiate e Adalberto Urbanoviz, agricultor. Os primeiros irmãos professores foram Olavo de Almeida e João Batista Vasconcelos, normalistas. A marcenaria estava confiada ao irmão Carlos Garino, chegado da Itália no ano anterior. Havia estreito relacionamento com as Forças Armadas e a com a Companhia de Bombeiros, sendo freqüentes as colegas feitas em benefício dos pobres do Colégio. O Arsenal de Guerra, por exemplo, ofertou tudo o que pertencia ao teatro. O general Artur Oscar de Andrade Guimarães, o vencedor de Canudo, ia quase diariamente ao Colégio, ministrando muitas vezes as instruções militares aos jovens alunos. Cercado de simpatia, o estabelecimento crescia. Notando-se a presença de distintas famílias da sociedade e ilustres representantes de várias classes No começo do século XX, era normal o funcionamento das aulas primárias, de “Preparatórios”, e das oficias de sapataria, carpintaria e tipografia. O número de alunos, em 1904, já supersra duas centenas. A matrícula entre os aprendizes chegara a 48, exceção de 1900, quando atingiu a 62. Na segunda década, mantinha-se acima de quarenta, provavelmente até 1925. O curso profissional estava dividido em duas classes: “Aula Superior”, em que se ministravam português, francês, escrituração mercantil, desenho, catecismo e música e, ”Aula Inferior”, em que se lecionavam português, aritmética, catecismo, música e caligrafia. Logo depois, foram criadas três classes ou “aulas”: Francês, escrituração mercantil e desenho. No primeiro desenho do século XX, a Escola de Tipografia recebeu como prêmio 3ª Menção, na 2ª Exposição Salesiana. Desenvolvimento do curso secundário O curso secundário ou de Preparatórios já funcionava desde 1896, crescia de importância não encontrando dificuldades para chegar à equiparação em 1906, acontecimento que impulsionou o número de matrículas neste nível de ensino, cujo gabinete de História Natural recebeu Medalha de Ouro na Exposição Universal de Bruxelas. Vários padres salesianos vinham fazendo parte das Bancas Examinadoras Oficiais, todos eles componentes do corpo docente e administrativo do Colégio. Nem a Guerra de 1914, com exceção da recessão em 1915, nem a perda da equiparação em 1916, abalaram a aceitação geral da instituição. A Guerra, aliás, beneficiou a produção de açúcar nordestino, e, em especial, de Pernambuco, porquanto estimulou a exportação. As autoridades elogiavam a instituição, o Inspetor Geral da Instrução Pública reconhecia-o como o primeiro da cidade, sob o ponto de vista higiênico, causando entusiasmo as oficinas existentes com seus pequenos artistas. O Governo Estadual, que vinha concedendo uma subvenção anula de dez contos de réis até 1911, diminuiu-a para três. Mas não se encontram notícias referentes às realizações das Escolas Profissionais na segunda década. Em 1920, foi criado o Curso Comercia, que apesar de ter em comum as matérias do Curso Secundário como os do Liceu Coração de Jesus, excetuando-se Escrituração Mercantil e Datilografia, durou até 1931. A nova equiparação do Curso Secundário, pelo decreto no 2.369/34, sobreveio num momento em que o número total de matrícula oscilava para baixo, refletindo a crise de Nova Iork, iniciou uma ascensão quase contínua, com pequenas oscilações até o fim deste

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trabalho. Tomando por base o ano de 1940, o crescimento das matrículas do Curso Secundário, as matrículas das Escolas Profissionais foi superior ás do Curso Secundário, mas foi um fenômeno efêmero. Apogeu e decadência das Escolas Profissionais Em 1939, assumia a direção da Inspetoria (Província) de Luís Gonzaga (Norte e Nordeste do Brasil) o Pe. Guido Borra. Vendo o estado decadente das Escolas Profissionais do Colégio do Sagrado Coração, passou-se para a jurisdição direta do governo provincial e, para fazê-las levantar, concentrou no estabelecimento a elite dos mestres de oficinas salesianos. Entre eles, havia alguns formados na Europa, como os irmãos Pautilo Lira e Manoel Marinho, tipógrafos. Surgiram dificuldades, pois as rendas eram insuficientes para a sobrevivência, pois os aprendizes era internos e gratuitos. Além dessas dificuldades financeiras, angústias de locais, problemas surgiram com a Segunda Guerra Mundial que repercutiram dentro dos muros da escola, uma vez que bom número de seus membros eram estrangeiros. A divida, em 1841, subia a 300 contos de réis. Aventou-se a possibilidade de se abrir um curso ginasial noturno, que, além de despertar as simpatias, poderia melhorar as condições financeiras. Os aprendizes, em conseqüência disso, passaram a freqüentar as aulas com os demais alunos do curso primário. Os antigos alunos, contudo, reclamavam. Nas discussões do Conselho da Casa, o problema envolvia sempre a seção dos aprendizes, também descontentes. Em 1945, as oficinas retornaram à jurisdição do Colégio, passando também a funcionar no estabelecimento uma seção do SENAI, que foi cancelado ao final do ano, por motivo de união com outros alunos e a não seleção por motivo de crenças diferentes, bem que oferecesse vantagens econômicas. As relações, todavia, entre os dirigentes das Escolas Profissionais e os do Colégio não eram das melhores. Conseguiu-se do Interventor Federal, Dr. Amaro Pedrosa, a doação de um terreno, em 1947, no Bairro Bongi, onde foram construídas as “Escolas Dom Bosco de Artes e Ofícios”, separando-as do Colégio, quando as matrículas atingiam o máximo de sua história, a 119 aprendizes. Em 1967, após algumas resistências, com a passagem da encadernação e da tipografia para as Escolas Dom Bosco de Artes e Ofícios do Bongi, encerraram-se as atividades de ensino profissional no Colégio do Sagrado Coração, depois de mais 70 anos de funcionamento. Ainda hoje, existe funcionando o pavilhão da oficina de marcenaria. 4. Liceu Salesiano do Salvador Dentre os quatro estudados, foi o Liceu Salesiano do Salvador aquele em que o ensino profissional mostrou maior estabilidade. É o único que ainda hoje funciona este tipo de ensino, embora sem a antiga pujança Fundação e desenvolvimento Os governos provinciais baianos sempre demonstraram maior preocupação com o ensino primário e o secundário do que com o industrial. Existia, entretanto, desde 1873, o Liceu de Artes e Ofícios, instituição particular, que acolhia os desamparados e órfãos. Em 1909, no âmbito federal, era criada a Escola de Aprendizes e Artífices.

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Em 1892, o General Dr José Leôncio de Medeiros, Presidente da Conferência Vicentina da Santa Mãe e do Conselho Particular, empolgado pela leitura de um livro que noticiava as realizações da Congregação Salesiana, no mundo, após palestrar com seus confrades, comunicava o desejo de fundar um estabelecimento salesiano que atendesse á educação da juventude pobre, já que em Salvador não existia escola católica no setor. Dom Jerônimo da Silva, Arcebispo de Salvador, aprovou não só a iniciativa, mas também fundou a Associação dos Cooperadores Salesianos e escreveu uma carta circular concitando o povo a apoiar um empreendimento. Rapidamente conseguiram 26 contos de réis e mais um empréstimo bancário e, com a aprovação do Pe. Lourenço Giordano, diretor do Colégio Salesiano do Recife, comprou-se a chácara do Largo de Nazaré, atual Almeida Couto, para sede do estabelecimento. Sendo o dinheiro insuficiente, fizeram-se conferências, promoveram-se festivais, no Liceu e depois no Politeama, para confluía o escol da sociedade católica da Bahia. Na Campanha distinguiu-se a poetisa Amélia Rodrigues. O próprio governador Dr. Luiz Viana entrou em ação, fazendo passar no Senado Estadual duas leis: a Lei no 74, de 4 de junho de 1895, concedendo vinte contos de réis ao Conselho Central da Sociedade dos Vicentinos e outra a de no 209, de 9 de agosto de 1897, que concedia trinta contos de reis, empregada para amortizar o empréstimo contraído anteriormente no Banco da Bahia. Os primeiros salesianos, ou seja, Pe. Luis Dellla Valle e o irmão Valli só puderam chegar em dezembro de 1899, inaugurado O Liceu no dia 11 de março de 1900 com a presença das maiores autoridades civis e eclesiásticos e a elite de Salvador. Dois dias antes, haviam sido recebidos seis órfãos da Guerra de Canudos. O primeiro aluno foi Alberto Furquim de Almeida. Os inícios foram difíceis. Falta tudo e as instalações eram insatisfatórias. Mesmo assim, foram iniciadas as atividades escolares e de aprendizagem profissional, conseguindo no ano seguinte o primeiro opúsculo, denominado “O Mês de Maio”. Eram dez mil exemplares que se esgotaram rapidamente. Em 1902, já funcionavam as oficinas de tipografia, sapataria e marcenaria, além de uma secção para os elementos de estudo de letras. A exposição, realizada em 1903, dos trabalhos dos órfãos, apesar da modéstia, foi considerada por alguns um triunfo verdadeiro, face à exigüidade de recursos, o acanhado do local e a pobreza das oficinas, não obstante o esforço da direção. O edifício central, cuja construção fora iniciada em 1903, começava a ruir, o que obrigou ao Pe. Clélio Sironi, a solicitar uma comissão de engenheiros para examinar a possibilidade de sua recuperação, o engenheiro Teodoro Sampaio conseguiu salvar o prédio, muito concorrendo ao auxilio do Dr Aureliano Leal, Chefe da Polícia da Bahia e futuro Presidente do Estado do Rio de Janeiro, que, além do projeto de construção, ofertou 45 contos de réis que angariara para uma obra particular. Um cooperador doou uma nova máquina para a tipografia e os aprendizes demonstraram grande aproveitamento em todos os exames dos tipógrafos-compositores, dos sapateiros e dos encadernadores perante uma comissão especial. O “Diário de Notícias” celebrou um contrato com o Liceu para a abertura do Externato, em 1906, ocorrendo ainda, no mesmo ano, a inauguração das novas oficinas. Para ajudar a superar a contínua crise financeira, foi fundada, em 1907, a “Associação das Damas de Maria Auxiliadora” que reunia a fina flor da sociedade bahiana femimina. Do Governo do Estado, vinha a subvenção de dez contos de réis. Esses auxílios foram compensados, quando, da Exposição Nacional do Rio de Janeiro, as oficinas de

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encadernação e de tipografia foram premiadas, respectivamente com Medalhas de Ouro e Prato e o Liceu com Medalha de Ouro. A programação do curso profissional não se diferenciava do do Liceu Coração de Jesus. No ensino geral dos ofícios, eram usados os compêndios: SILVA, Libânio, Manual do Typographo; CALENDER, Manual do Encadernador; SILVINO E BRICÍDIO, Manual do Sapateiro, P. CENCI, No systema theorido-pratico para os alunos alfaiates; Manual de Marcineiro por L.S. Também era utilizado o periódico “Scuole Professionali di S.Banigno”. O programa para cultura geral compreendia português, francês, aritmética, geografia, desenho e história pátria. Estava distribuído em três classes, segundo a duração prevista para o curso profissional, ou seja, três anos. Cada classe tinha três horas dedicadas ao estudo e aula, distribuídos entre manhã e noite. O ano letivo começava em fevereiro e terminava em dezembro. Além dessas atividades, havia aulas de acordeon, de declamação e de canto para os que, além das qualidades requeridas, tinham bom procedimento. Os resultados foram animadores. Na III Exposição Geral das Escolas Profissionais e Colônias Agrícolas Salesianas, realizada em Turim (1910), o Liceu mereceu em sua Escola de Encadernadores Menção de 1º Grau, sendo ainda premiados individualmente dois compositores, um impressor e três encadernadores. No mesmo ano, foi iniciada a construção de um pavilhão metálico de 45 x 10 metros porquanto o local onde funcionavam as oficinas era insuficiente, havendo ainda falta de cubação de ar e espaço para movimentação e distribuição dos trabalhos, o que obrigou ao Pe. Clélio Sironi a apelar para auxílio. O curso profissional vinha mantendo uma média anual de 60 alunos, aproximadamente, chegando a 76 em 1918. A década de vinte parece encontrado dificuldades pois acusava decadência nas matrículas, apesar de a direção ter investido no aperfeiçoamento dos mestres. As oficinas sofreram mais uma mudança passando para o teatro, adrede preparado em 1922, quando entraram em funcionamento as oficinas de ferreiro e de marceneiro. Em 1924, foi lançada a primeira pedra do pavilhão destinado às Escolas Profissionais,com a presença do Governador do Estado, Dr. Francisco Marques de Góes Calmom que concedeu uma verba de cem contos de réis. O custeio total da obra orçava em quatrocentos contos de réis. Três anos depois, era inaugurada, passando as oficinas de impressão, alfaiataria, sapataria, encadernação, tipografia e depósito de materiais, estando presente o Governador do Estado. A matrícula dos aprendizes subia a 112. O corpo docente estava composto de pessoal de alto quilate,como: Ir. Pautilo Lira, mestre de composição, impressão, tipografia, estereotipia, desenho e música; Ir. Claudionor, mestre de encadernação, douração e pautação; Maurício Mello, mestre de alfaiataria e corte; Ir. Pedro Miele, mestre de marcenaria e desenho: Mattheus Cruz, mestre de mecânica. A cerimônia diplomou dois alfaiates e um mecânico, assistido pelo governador Dr. Vital Soares. Ginásio Secundário Foi fundado em 1910. Em 1914, transformado em Curso de Preparatórios. Teve inícios difíceis. Faltam-nos dados para uma avaliação. Em 1928, começaram as bancas de exames de promoção. Três anos depois foi conseguida a equiparação preliminar, que chegou. Finalmente em 1939, definitivamente. Esse curso foi crescendo com oscilações. Dos quatro estabelecimentos estudados foi o Liceu do Salvador o que apresentou menor taxa de crescimento no curso secundário no período aqui estudado. Infelizmente, lacunas

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estatísticas dificultaram uma apreciação objetiva do problema. O único caso em que o curso profissional bateu o curso secundário foi o período 1939/1950, crescendo 266,07, enquanto este somente 106,96%! Na fase da administração de Pe.Antônio Viet, alemão, iniciava-se (1938) a fase que alguns mestres de oficina chamam de “ouro” das Escolas Profissionais, fase esta que durará até 1951, quando as matrículas chegaram ao máximo de 195, em toda a história da instituição. Na Bahia havia três estabelecimentos de ensino profissional na capital e um no interior, na perfazendo um milhar de aprendizes. O Provincial Salesiano manifestava interesse em promover o ensino profissional, baixando algumas normas: - aulas entre sete e nove da manhã, seguidas de oficinas; - recomendação de conseguir registro de professor, perante os órgãos competentes para os irmãos, segundo suas capacidades; - Aos estudantes não se deve conceder pensão gratuita; esta é reservada só aos aprendizes quando recomendados pelo governo ou por pessoa benemérita; - para salvar o nível moral e profissional dos aprendizes, se determine uma pensão; - não se aceitem aprendizes com menos de 12 anos e que não saibam as primeiras letras; - recomendo que em todas as oficinas os mestres tenham e sigam programas detalhados e com determinação dos graus (teoria e prática); - parece que com facilidade se dispensam as aulas e oficinas, sem razão suficiente, mais firmeza no horário dos estudantes e aprendizes; - procure-se que para os aprendizes toda a manhã seja consagrada às oficinas, dispondo ‘a tarde de banda e as aulas. Dá-se às oficinas todo o movimento e trabalho possível, também externos. O funcionamento das Escolas Profissionais causaram impressão positiva e a Dra Ruth Villlaboim Aleixo, esposa do Interventor Federal e Presidente da Assistência, secção da Bahia, quando de sua visita ao Liceu, em 1943.Dois anos depois, concedia a avultada soma de 700 contos de réis para a construção do edifício destinado às oficinas. O Prédio foi construído em dez meses (12-01-45 a 11-10-1946). Em compensação, o Liceu receberia 120 menores recolhidos das ruas de Salvador que seriam mantidos pela Legião Brasileira de Assistência (LBA). Não foi fácil a disciplina escola no ano de 1946.A maioria desses meninos não chegou ao final dos cursos. O trabalho dos salesianos mostrava-se excessivo, preocupando o Provincial, que baixou ordens para não aceitar mais de cem aprendizes nem aceitar alunos mais de 14 anos. Além disso, as oficinas estavam nas mãos de pessoas externas, que não havia assimilado a metodologia salesiana. E as escolas profissionais entraram em decadência, pela deficiência qualitativa do maquinário, falta de conservação, carência de renovação, pessoal formado em deficiência, desequilíbrio orçamentário etc. Em 1968, o Superior provincial resolveu extinguir as oficinas de marcenaria e de mecânica por serem obsoletas, permanecendo as oficinas tipográficas. Contratos firmados com firmas externas foram dissolvidos. Sanadas as dificuldades e livres dos contratos que levaram à ruína definitiva à maioria das oficinas, a Direção tratou de recuperar as oficinas de Tipografia e Encadernação.

6. Condições de implementação do modelo de escolas profissionais salesianas

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Repercute ainda hoje o impacto do desaparecimento das Escolas Profissionais nas escolas estudadas. Os mestres de oficina, os mais envolvidos diretamente pelo fenômeno, sentiram-se profundamente atingido, por constituírem eles parte integrante do processo. A história da evolução de seu desenvolvimento e de sua decadência pode considerar-se suficiente para identificar as possíveis variáveis que estiveram presentes no processo. Aqui procura-se aprofundar mais a análise destas variáveis e as conseqüências prováveis de sua atuação. Dom Bosco adotara a n”quarta experiência” em vista das circunstâncias sociais da Itália na sua época. Sua clientela compunha-se de jovens egressos do campo, sem local onde morar, a mercê de patrões desumanos quase sempre. As idéias revolucionárias campeavam abertamente. Jovens vagabundos constituíam ameaça constante nas cidades mais importantes. Para resolver o problema D. Bosco concebeu e criou a escola-habitação. Para garantir-lhes continuidade, inscreveu-as como obras de caridade a serem exercidas pelos membros da Congregação Salesiana, denominadas como Asilos e escolas para ensino profissional e agrícola” e “Escolas primárias e secundárias”. No Brasil, a realidade social vigente não era vigente, viciada pela mentalidade escravagista, o que explica a dificuldade de adequação do modelo para cá transplantado. O obediência á prescrição determinada nas Constituições pelo fundador, Dom Bosco, talvez tenha sido um fator de resistência a todas as dificuldades encontradas na aplicação do modelo. Os recursos humanos compunham-se do quadro de pessoal, ou seja: Conselheiro Escola ou Profissional que se encarregava de regular e prover tudo o que necessário para o funcionamento das aulas; Mestres de aula ou de ofício; Assistentes de estudo, de aula, de oficina que zelavam pela disciplina, boa ordem, moralidade e bom emprego do tempo nas classes a eles confiadas; Pessoal de serviço. Estes últimos normalmente não eram religiosos. Os três primeiros elementos eram considerados essenciais. Mas no Brasil, nem sempre foi possível compor tais quadros como devia ser de regulamento nem tampouco encontrar pessoal adequadamente formados. O sistema administrativo era rigidamente centralizado (direção única, caixa única) e seu exercício exclusivo de sacerdotes, normalmente de formação literária e clássica. Quando a direção das escolas profissionais era exercida por um padre exclusivamente para as escolas profissionais a autonomia e a eficácia era mais garantida. Mas nem sempre isso era possível dada a falta constante de pessoal. A essas dificuldades acrescentavam-se deficiências na formação teórica, técnica e pedagógica dos mestres de oficinas tanto salesianos como não salesianos. Normalmente, exigia-se, além da formação técnica específica, curso primário completo. Poucos mestres possuíam especialização técnica. No Brasil, não existia escola de formação de pessoal docente específico na área profissional. Em S. Paulo, no primeiro decênio de século XX, ao que parece, mestres de oficina com formação adequada a não ser no Liceu de Artes e Ofícios. Esta carência prejudicou profundamente o funcionamento das Escolas de Aprendizes Artífices, criadas por Nilo Peçanha. No Brasil, após a década de trinta do século XX, houve uma preocupação, um tanto tímida, de concentrar os melhores mestres de oficina salesianos nas melhores escolas. A tentativa de unir o ginásio acadêmico com o curso profissional não logrou o êxito desejado, porquanto parte dos irmãos ou abandonam a Congregação ou o ofício. De fato, os cursos acadêmicos eram mais atraentes de maior prestígio social. Além do mais a expansão e variedade de obra exigia muito pessoal salesiano, inclusive irmãos que passaram a ocupar cargos administrativos desviando de sua função específica.

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A defasagem tecnológica acompanhou as escolas desde as origens, porquanto sendo deficitárias nunca puderam investir em novas tecnologias, tendo já começado com maquinário já de segunda mão. Talvez, o Liceu Coração de Jesus tenha sido mais avançado nos fins da década do século XIX e primeira década do século XX. Como instituições estatutariamente não lucrativas e beneficentes, as escolas profissionais dependiam de legados, auxílios de Cooperadores e/ou Benfeitores, verbas governamentais e de renda proveniente dos trabalhos feitos pelos alunos ou de taxas de alunos de outros cursos. O desaparecimento dos primeiros benfeitores e cooperadores fez cair consideravelmente os donativos, ocasionando diminuição do ritmo dos trabalhos feitos pelos alunos ou de taxas de alunos.Com sua clientela minguada ou em diminuição, as Escolas Profissionais encontraram-se em dificuldades de arcar com elevados investimentos oriundos de anuidades de alunos ou de auxílios públicos, cada vez mais inacessíveis, ou da generosidade particular, para concorrer com escolas técnicas oficiais, bem guarnecidas de apoio financeiro, em caráter permanente e abundante. O Liceu Coração de Jesus foi construído lentamente, e até muito tempo praticamente parado, enquanto se de dedicava a ministrar cursos estritamente profissionais e só explodiu quando adotou os cursos comerciais e ginasiais. Os demais só agüentaram depois que abriram os cursos ginasiais. Os auxílios governamentais não eram suficientes e foram apenas paliativos. E de notar que os cursos profissionais não eram reconhecidos oficialmente. Os comerciais depois de 1921 e os técnicos profissionais, depois de 1942. O Brasil, só na década de 40 do século XX é que lhes deu reconhecimento oficial e definitivamente com a lei no 5.672/71. Nessa época, as grandes escolas profissionais haviam desaparecido com exceção de três, que foram transferidos dos seus prédios originais, Liceu Coração de Jesus, que funcionam no Instituto S.Francisco (Móoca), do Colégio Salesiano Sagrado Coração (Recife) que funcionam no Bairro do Bongi e do Liceu Salesiano, único que funciona no mesmo prédio em que foram fundadas. Conclusões As Escolas Profissionais Salesianas constituíram-se a primeira tentativa, em grande escala, de implantar-se o ensino profissional. Tratava-se de uma experiência precoce uma vez que o país carecia de infra-estrutura industrial que não apenas servisse de apoio, senão que valorizasse o pessoal nelas formados com salários realmente compensadores. A indústria, o comércio e a agricultura ainda não reclamavam imediatamente a criação dessas escolas, que começaram com maquinário rudimentar. Os seus dirigentes eram obrigados a mendigar para podê-las em funcionamento. Por isso, abriram escolas secundárias cujos lucros financiavam o sustento de tais escolas. Inicialmente, tiveram um crescimento rápido, graças ao apoio recebido de particulares influentes e abastados e dos governos que viam nelas um instrumento de “ concórdia social” e talvez por serem as únicas a funcionar com eficiência. Na segunda década do século XX verificou-se uma desaceleração de seu ritmo, provocada pelo crescimento do ensino secundário. Na terceira e quarta décadas houve nova arrancada, coincidindo com o interesse e pressão constantes dos Superiores Gerais da Congregação Salesiana e atingiram seu ponto máximo. Apesar do “status” legal concedido ao ensino técnico-profissional industrial, comercial e agrícola, no início dos anos quarenta, o ensino secundário polarizava quase

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toda a clientela escolar por ser a via privilegiada ao ingresso no ensino superior. Por outro lado, a criação pelo Governo Federal de suas Escolas Técnicas e do SENAI deixou os Salesianos sem condições de realizar um trabalho idêntico. Para piorar a situação, as verbas e auxílios governamentais não eram fáceis de adquirir e foram diminuindo, como também o auxílio particular, porquanto as empresas industriais estavam ligadas ao SENAI. Três das quatro escolas estudadas não resistiram e fecharam, com exceção da de Salvador da Bahia que continua até os dias de hoje, naturalmente com novas orientações. Contribuíram para o desaparecimento o desinteresse da clientela, o fenômeno do bacharelismo e o crescimento multivariado da Congregação (condições contribuintes) e a carência de recursos materiais e financeiros (dificultando a renovação tecnológica) e a falta de pessoal docente e administrativo qualificado (condições contingentes) e as próprias escolas que forneciam ensino profissional mudaram de objetivo, não evoluindo no sentido das leis do ensino técnico-profissional. Referencias bibliográficas. Alem das numerosíssimas 526 fontes, quase todas primárias que podem ser encontradas nas escolas estudadas, no Centro de Pesquisa e Documentação de Barbacena (MG), nos Arquivo,s das Inspetorias de S. Paulo, de Belo Horizonte, de Recife, e Campo Grande (MS), e Cuiabá (MT). Destacamos os ricos Anuários do Colégio Santa Rosa, do Liceu Coração de Jesus Annali della Società Salesiana, Estatutos, Memórie Biografiche Del Beato Giovanni Bosco (19 vols.), Boletim Salesiano, Crônicas dos Colégios Estudados, Leituras Católicas, Revista Santa Cruz, alem dos Relatórios, Revistas Escolares, Regimentos Internos e outros documentos. Aqui apresentamos a bibliografia básica. Arquidiocese de São Paulo, Circular de 10 d agosto de 1892. Santa Cruz, S.Paulo, 12(11): 417-418, set.1911. AZEVEDO, Fernando de. A cultura brasileira. São Paulo:Melhoramentos, 1950. 3 t. AZZI, Riolando. Elementos para a história do Catolicismo Popular. Revista Eclesastica Brasilleira, Perópolis, 141 (360): 95-196, MAR. 1976. BARBOSA, Rui, A lição dos números sobre a Reforma do Ensino. In: O Instituto Brasileiro de Geografia e História, Rio de Janeiro: Serviço Gráfico do Instituto Brasileiro e Estatística, 1941, v. 1. BARZUN, Jacques e GRAAF, Henry. The modern researcher. Rev..New York: Harcourt, Brace & World, Inc, 1941. BESSELAAR, José Van den. Introdução aos estudos históricos. S. Paulo: Herder, 1958. BELÉM, Agrícola. Uma apreciação do Colégio Santa Rosa, oficio dirigido ao Inspetor do Colégio Santa Rosa, Dr. Ary Mena Barreto Pinto, datado de 23 de out de 1935. Belo Horizonte, Arquivo da Inspetoria de São João Bosco Colégio Santa Rosa. Páginas Archivos. Nitheroy: Escolas Tipográficas Salesianas,, 190—1916. Cooperadores Salesianos. Boletim Salesiano, Truim: 10-13;1902; Número Extraordinário. DEAn, Worren. A industrialização em S. Paulo (1889-1950.Trad. de Octavio Mendes Cardoso. 2ª ed, S. Paulo: DIFFEL, s. d. (Corpo e Alma do Brasil, 33).

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Diegues Júnior, Manuel. Imigração, urbanização, industrialização. Rio de Janeiro, CEPE/Mec, 1964 (Série 6). Direção intelectual dada às Escolas Profissionais de D. Bosco. Boletim Salesiano,Truim, 11 (3): 298-301, 1906. ESBERARD, João. Apelo para a fundação de um Colégio Salesiano do Sagrado Coração. Recife, s.ed., 1892, FONSECA, Celso Suckov da. História do Ensino Industrial no Brasil. Rio de Janeiro, s. ed., 1962. 2 vols. FOX,David, The research process in education. New York, Jolt., Reinarjar an Winton, Inc., 1969. FREITAS, Zozaide Rocha de. História do Ensino Profissional no Brasil. S. Paulo: Gráficas S. Jose, 1954. GIORDANO, Lourenço. Programa do Colégio Salesiano de Artes e Ofícios do Sagrado Coração. Recife (Escola Tipografia Salesiana), 1900. GONZAGA, Luiz. Liceu Coração de Jesus. Santa Cruz, S. Paulo 12 (11); 462-467, 1911. INSPETORIA SALESIANA DE S. JOÂO BOSCO. Atas das reuniõoes realizadas pelos Salesianosdo Capítulo Inspetorial da Inspetoria de S. João Bosco de outubro de 1964. Belo Horizonge, 1964. Datilgr. INSTITUTO DOM BOSCO, Páginas-Arquivo, remomorando os principais acontecientos dos primeiros anos da existência das Escolas Profissionais “Dom Bosco”, S. Paulo, s. ed., 1920. COLÉGIO SANTA ROSA. Projeções Epistolares:14-Vll-14-VII-1908; preciosas recordações do Colégio Santa Rosa em Niterói, por ocasião de seus jubilares festejos.Niterói: Escola Tip. Salesiana, 1908. COLÉGIO SALESIANO SANTA ROSA , Projeções Epistolares através de cinco lustros , “Pãginas-Archivo”, do Colégio Salesiano Santa Rosa. Niterói, Escolas Profissionais Salesianas, 1916. LICEU CORAÇÃO DE JESUS. Estatutos e Programas do Liceu Coração – Artes – Officios – Comércio. S. Paulo: Escolas Profissionais do Liceu Sagrado Coração, 1908. LICEU SALESIANO DO SALVADOR. Estatutos do Liceu Salesiano do Salvador. Salvador, Escola Tip.Salesiana,1954. MATTAI, Suraci. Dom Bosco e la questione sociale. Salesianum, Taurinorum, 3 (10), 350-360, jul./ sett 1948. MOACYR, Primitivo. A insrução e a república. V. 6, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1842. NUNES, Maria Thetis. Ensino secundário e sociedade brasileira. Rio de Janeiro, ISEB/MEDC, 1962 , (Textos brasileiros de Pedagogia, 2). SALESIANOS – NITEROI. A Escola Industrial dom Bosco no 65º ano de sua esistência, seu presente e projetos para o futuro. Niterói, Esolas Profissionais Salesianas, 1949. SURACI, Antonio. Il lavoro nel pensiero e nella prassi educativa de Don Bosco. Asti: I.S.S.G – Colle Dom Bosco, 1953. VISITA straordinaria indetta dal Retto Maggiore, Felipe Rinaldi, 17 mar. 1931. In LICUE CORAÇÃO DE JESUS, Atas das visitas domésticas. S. Paulo, 1931, p. 1-2. manuscr.

NOTAS

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1. São João Bosco, ou popularmente chamado Dom Bosco,nasceu em 16 de agosto de 1815 e faleceu em 31 de janeiro 1888,. Órfão aos dois anos. Trabalhou desde cedo para subsistir, já que sua mãe era camponesa, pobre e por desentendimento com seu meio-irmão mais velho não o queria em casa, Exercitou-se nos mais diversos ofícios, alfaiate, sapateiro, garçon, carpinteiro, marceneiro, ferreiro, tipógrafo, encadernador com suas diversas especialidades etc. para poder estudar com muitas dificuldades. Consegui entrar no Seminário de Turim, graças ao apoio dos amigos, ordenando-se em 5 de junho de 1941. Dedicou-se logo a criançada pobre, fundando logo o Oratório Festivo, aulas noturnas para seus meninos e oficinas para prepará-los para o trabalho e em 1959, fundou a Congregação Salesiana com o objetivo principal de educar os meninos com necessidades especiais. Dedicou-se logo aos meninos e jovens pobre, fundando Oratórios Festivos, Oficinas, Aulas noturnas e em 1859, fundou os Salesianos e começo a se estender pela Itália, França, Espanha, América Latina e hoje sua obra abraça o mundo todo. Só no setor escolar, compreende 730 2497 escolas entre as quais Escolas Profissionais e a agrícolas, em todos os graus, 138 escolas técnicas secundárias, 67 escolas superiores, além de numerosos outros centros de atividades de atendimento. Convém distinguir-se dos Salesianos de São Francisco de Sales, dos quais guarda o mesmo espírito. 2.Oratório Festivo era uma atividade que ocupava os meninos e jovens com catequese, missas, aulas de leitura e de recuperação e jogos. Constitui a atividade-chave dos Salesianos. Hoje evoluiu para obras sociais, muitas delas de grande porte. A Congregação cresceu rapidamente e estendeu-se no mundo todo fundando uma rede de escolas que abrange o ensino artesanal, profissional, agrícola, secundário, técnico e universitário.