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O Ensino de Ciências: história e tendências Profª Tathiane Milaré

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Page 1: O Ensino de Ciências: história e tendências · todas as séries do 1º Grau (hoje Ensino Fundamental). O Ministério da Educação (MEC) elabora um currículo único e estimula

O Ensino de Ciências:

história e tendências

Profª Tathiane Milaré

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Como era a escola antigamente?

Como é a escola hoje?

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Década de 60 Período marcante e crucial na história do Ensino de

Ciências

Guerra Fria (1945-91)

Interesse dos EUA em vencerem a batalha espacial

projetos de 1ª geração:

Física (Physical Science Study Commitee – PSSC)

Biologia (Biological Science Curriculum Study – BSCS)

Química (Chemical Bond Approach – CBA)

Matemática (Science Mathematics Study Group –SMSG)

Incentivo na formação de cientistas

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Concepção de Ciência

Atividade neutra

Pesquisadores isentos de julgamento de

valores sobre o que estavam fazendo.

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Década de 60

Processo ensino-aprendizagem

influenciado pelas idéias de educadores

comportamentalistas

Objetivos do ensino:

◦ Comportamentos observáveis

◦ Indicadores mínimos de desempenho aceitável

◦ Escalas de comportamento

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Laboratório: décadas 50-70

Sequências baseadas no método científico:

identificação de problemas, elaboração de

hipóteses e verificação experimental

dessas hipóteses

Aluno: chega às conclusões e elabora

novas questões

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Final de 60

Jean Piaget (1896-1980)

Construtivismo

Valorização das concepções alternativas

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A partir da década de 60

Entre 1960 e 1980, as crises ambientais, o

aumento da poluição, a crise energética e

a efervescência social manifestada em

movimentos como a revolta estudantil e

as lutas anti-segregação racial

determinaram profundas transformações

nas propostas das disciplinas científicas

em todos os níveis do ensino.

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Formação do

Cientista

Formação do

Cidadão

Abordagem temática

Projetos

Relações C-T-S

Conteúdos científicos com importância na vida

Interdisciplinaridade

Ciência para todos

Alfabetização Científica

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Década de 60 - Brasil

A Lei 4.024 – Diretrizes e Bases da Educação, de 21 de dezembro de 1961

Ampliação das ciências no currículo escolar para desde o 1º ano do curso ginasial.

Aumento da carga horária de Física, Química e Biologia no curso colegial

Função das disciplinas: desenvolver o espírito crítico com o exercício do método científico; preparar o cidadão para pensar lógica e criticamente e ser capaz de tomar decisões com base em informações e dados.

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Décadas de 60-70 - Brasil

Ditadura Militar (1964)

Escola:

enfatizar a cidadania formação do trabalhador

Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 5.692,

1971

disciplinas científicas: passaram a ter caráter

profissionalizante

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Anos 90 - Brasil

Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº 9.394/96

a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.

“os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada pelos demais conteúdos curriculares especificados nesta Lei e em cada sistema de ensino”.

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Ensino Fundamental

domínio da leitura, da escrita e do cálculo

a compreensão do ambiente material e

social, do sistema político, da tecnologia,

das artes e dos valores em que se

fundamenta a sociedade Preparar para o

Ensino Médio???

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Ensino Médio

consolidação dos conhecimentos

preparação para o trabalho e a cidadania

para continuar aprendendo.

Vestibular???

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Situação Mundial

Guerra Fria Guerra Tecnológica Globalização

Tendências no

Ensino de Ciências 1950 1970 1990 2000

Objetivo do Ensino Formar Elite Formar Cidadão-

trabalhador Formar Cidadão-

trabalhador-estudante

Programas Rígidos Propostas Curriculares

Estaduais Parâmetros

Curriculares Federais

Concepção de

Ciência

Atividade Neutra Evolução Histórica

Pensamento Lógico-

crítico

Atividade com

Implicações Sociais

Instituições

Promotoras de

Reforma

Projetos Curriculares

Associações

Profissionais

Centros de Ciências,

Universidades Universidades e

Associações

Profissionais

Modalidades

Didáticas

Recomendadas

Aulas Práticas Projetos e Discussões Jogos: Exercícios no

Computador

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Na pesquisa em ensino...

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Em termos históricos, o crescente interesse em pesquisas

sobre educação em ciências – e, dentro desta grande

área, sobre educação química – foi o resultado direto do

movimento de reforma curricular que ocorreu,

principalmente nos Estados Unidos e Inglaterra, com o

desenvolvimento dos projetos CBA (Sistemas Químicos), e

CHEMS (Química: uma ciência experimental) e do Nuffield

de Química, na década de 60.

Os cursos tradicionais de química até então existentes, se

caracterizavam por serem muito extensos, descritivos,

enfatizando o acúmulo de informações e o uso de

demonstrações experimentais que visavam confirmar o já

ensinado na teoria.

SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R.M.R. Importância, sentido e contribuições de pesquisas para o

Ensino de Química. Química Nova na Escola. n.1, maio, p.27-31, 1995.

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As pesquisas em ensino na época eram fortemente apoiadas em

contribuições da psicologia comportamental, em uma visão

epistemológica empirista de ciência, e eram desenvolvidas segundo

modelos de investigação que privilegiavam uma abordagem

quantitativa e estatística de resultados advindos de comparações

entre grupos (controle e experimental).

Nesses primórdios das pesquisas na área, podemos entender que

tais ênfases visassem, erroneamente, conferir uma maior

‘cientificidade’ aos resultados, à semelhança das pesquisas nas

áreas científicas. No entanto, os resultados pouco promissores da

avaliação dos referidos projetos em termos da aprendizagem dos

alunos e as críticas de mitificarem o método científico, de fazerem

dos alunos pequenos cientistas e de enfatizarem o indutivismo e a

aprendizagem por descoberta, levaram a comunidade de

educadores em ciências, no final dos anos 70, a repensar as

abordagens e os objetivos das investigações na área.

SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R.M.R. Importância, sentido e contribuições de

pesquisas para o Ensino de Química. Química Nova na Escola. n.1, maio, p.27-31, 1995.

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Principais críticas feitas aos projetos naquela época:

A ênfase na aprendizagem por descoberta.

O aluno era visto como “tábula rasa”.

A mitificação do método científico como um método todo poderoso que leva à descoberta das verdades científicas a partir de observações objetivas e neutras. Tal método, decomposto em suas várias etapas de i) observação cuidadosa e coleta sistemática de dados experimentais; ii) busca de regularidades; iii) elaboração de generalizações, e iv) comunicação de ‘verdades’ era usualmente apresentado nas primeiras páginas dos livros ou era descrito, pelo professor, nas primeiras aulas de química.

SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R.M.R. Importância, sentido e contribuições de pesquisas para o

Ensino de Química. Química Nova na Escola. n.1, maio, p.27-31, 1995.

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“os educadores em ciências, que anteriormente imaginavam saber a melhor forma de ensinar, são

levados, ao final dos anos 70, a buscar os porquês e os ‘como’ do processo de ensino-

aprendizagem”

Como os alunos

aprendem os conceitos

científicos?

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“Assim, de uma tradição centrada na transmissão de conhecimentos científicos prontos e verdadeiros para

alunos considerados ‘tábulas rasas’, o processo de ensino-aprendizagem de ciências e química, no caso,

passa a ser concebido, a partir dos anos 80, sob orientações construtivistas, cuja tônica passa a residir na construção e reconstrução ativa do conhecimento

por parte do sujeito humano.”

SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R.M.R. Importância, sentido e contribuições de

pesquisas para o Ensino de Química. Química Nova na Escola. n.1, maio, p.27-31, 1995.

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Linha do tempo do ensino de Ciências no Brasil

1879 É fundada a Sociedade Positivista do Rio de Janeiro.

Professores seguem o pressuposto de que o aluno descobre as

relações entre os fenômenos naturais com observação e

raciocínio.

1930 A Escola Nova propõe que o ensino seja amparado nos

conhecimentos da Sociologia, Psicologia e Pedagogia modernas.

A influência desses pensamentos não modifica a maneira

tradicional de ensinar.

1950 Os livros didáticos são traduções ou versões desatualizadas

de produções europeias, e quem leciona a disciplina são

profissionais liberais. Vigora a metodologia tradicional, baseada

em exposições orais.

1955 Cientistas norte-americanos e ingleses fazem reformas

curriculares do Ensino Básico para incorporar o conhecimento

técnico e científico ao currículo. Algumas escolas brasileiras

começam a seguir a tendência.

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Linha do tempo do ensino de Ciências no Brasil

1960 A metodologia tecnicista chega ao país, defendendo a

reprodução de sequências padronizadas e de experimentos,

que devem ser realizados tal como os cientistas os fizeram.

1961 Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB), passou a ser obrigatório o ensino de Ciências para

todas as séries do Ginásio (hoje do 6º ao 9º ano).

1970 A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

critica a formação do professor em áreas específicas, como

Biologia, Física e Química, e pede a criação da figura do

professor de Ciências. Sem sucesso.

1971 A LDB torna obrigatório o ensino de Ciências para

todas as séries do 1º Grau (hoje Ensino Fundamental). O

Ministério da Educação (MEC) elabora um currículo único e

estimula a abertura de cursos de formação.

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Linha do tempo do ensino de Ciências no Brasil 1972 O MEC cria o Projeto de Melhoria do Ensino de Ciências para desenvolver materiais didáticos e aprimorar a capacitação de professores do 2º grau (hoje Ensino Médio). 1980 As Ciências são vistas como uma construção humana e não como uma verdade natural. São incluídos nas aulas temas como tecnologia, meio ambiente e saúde. 1982 Surge o modelo de mudança conceitual, que teve vida curta. Ele se baseia no princípio de que basta ensinar de maneira lógica e com demonstrações para que o aprendiz modifique ideias anteriores sobre os conteúdos. 2001 Convênio entre as Academias de Ciências do Brasil e da França implementa o programa ABC na Educação Científica - Mão na Massa para formar professores na metodologia investigativa.

http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/fundamentos/curiosidade-pesquisador-

425977.shtml?page=4

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E hoje?

Como está o

Ensino de

Ciências?

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Bibliografia

FRACALANZA, H. et al. O ensino de Ciências no 1°grau. São Paulo: Atual,1986.

KRASILCHIK, M. Reformas e Realidade: o caso do ensino de Ciências. São Paulo em Perspectiva, v. 14, n. 1, 2000, p. 85-93.

SCHNETZLER, R. P. A pesquisa em Ensino de Química no Brasil: conquistas e perspectivas. Química Nova. v.25, supl.1, p.14-24, 2002.