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i UNIVERSIDADE ABERTA Departamento de Ensino a Distância O Ensino da Língua Inglesa: Motivação Linguística pela Arte Teresa Manuela Dias Nunes Mestrado em Arte e Educação Lisboa, 2019

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  • i

    UNIVERSIDADE ABERTA

    Departamento de Ensino a Distância

    O Ensino da Língua Inglesa:

    Motivação Linguística pela Arte

    Teresa Manuela Dias Nunes

    Mestrado em Arte e Educação

    Lisboa, 2019

  • ii

    UNIVERSIDADE ABERTA

    Departamento de Ensino a Distância

    O Ensino da Língua Inglesa:

    Motivação Linguística pela Arte

    Teresa Manuela Dias Nunes

    Dissertação apresentada para a obtenção de Grau de Mestre em Arte e Educação

    Orientador: Professora Doutora Maria do Céu Martins Monteiro Marques

    2019

  • iii

    RESUMO

    O presente trabalho de investigação subordinado ao tema O Ensino da Língua

    Inglesa- Motivação Linguística pela Arte, pretende analisar criticamente a importância

    do desenvolvimento de estratégias motivacionais ligadas à arte como um impulso

    necessário para a aprendizagem da língua inglesa.

    Após a definição da problemática e da sua relevância, pretendo numa primeira fase,

    de teor conceptual e fundamentação teórica, abordar a importância da motivação em

    toda a aprendizagem, a transversalidade das expressões artísticas e posteriormente a sua

    inclusão, por meio de metodologias pedagógicas de ensino da língua inglesa.

    Numa segunda fase, de teor mais empírico, aplicar todos os conceitos e estratégias

    (previamente perspetivados e elaborados) através do projeto English Days em diversas

    turmas de escolas privadas constituídas por alunos que frequentam o ensino secundário.

    Esta articulação e cruzamento de dados pretendem demonstrar a possibilidade de a

    arte ser um instrumento facilitador do processo ensino-aprendizagem personalizando o

    ensino, envolvendo, integrando e capacitando o ser humano de muitas habilidades e

    capacidades de forma a elevar o seu índice motivacional.

    Potenciar a criatividade na educação é imperativo, tornando cada aluno, um aluno

    participativo e agente ativo do seu próprio conhecimento revendo metodologias

    pedagógicas e artísticas de forma criativa e apelativa à sua emoção.

    Defendo que um contexto de aprendizagem apropriado de línguas estrangeiras

    potencia a motivação dos alunos, tal como o desenvolvimento de competências

    linguísticas e socioculturais essenciais para a formação dos mesmos.

    Palavras-Chave: motivação, criatividade, aprendizagem, estratégias motivacionais,

    competências

  • iv

    ABSTRACT

    The current research on Ensino da Língua Inglesa – Motivação Linguística pela

    Arte, aims to critically analyze the importance of developing motivational strategies

    related to art as a necessary encouragement for the English learning language.

    After the problematic definition and its relevance, I aim at this first stage of

    conceptual contents and theoretical foundation to address the importance of motivation

    during the learning process, the artistic expressions transversally and subsequently its

    inclusion through pedagogical methodologies in the English teaching.

    At a second stage, with a more empirical content, I aim to apply all the concepts and

    strategies previously foreseen and developed in 3 private schools with students who

    attended high school.

    The connection and the process of data crossing-checking aims to demonstrate that

    art can be a facilitating tool in the teaching and learning process resulting in a more

    personalized teaching, engaging, integrating and enabling the human being with more

    abilities to increase motivation.

    Enhancing creativity in education is vital as each student becomes a participative

    and active student concerning its own knowledge, reviewing pedagogical and artistic

    methodologies in creativity and appealing way.

    An appropriated learning context of foreign languages enhances students’

    motivation and the development of essential language and socio-cultural skills.

    Keywords: motivation, creativity, learning, motivational strategies, skills

  • v

    AGRADECIMENTOS

    São algumas as pessoas a quem gostaria de agradecer por terem caminhado comigo

    ao longo destes anos em que decorreu a redação desta dissertação. Familiares,

    professores, amigos e colegas deste mestrado em Arte e Educação que muito contribuíram

    com a sua sabedoria, inspiração, carinho e dedicação.

    Primeiramente, agradeço ao meu querido amigo António Alexandre Castanheira, sem

    o qual a minha inscrição neste mestrado nunca teria sido possível. Os medos, a

    insegurança e o desânimo foram dissipados, a cada dia, em resultado dos nossos diálogos

    onde a Psicologia, a Religião e a Literatura sempre estiveram presente - um cruzamento

    inevitável repleto de memórias, aprendizagem e momentos inspiradores.

    O meu profundo agradecimento à minha orientadora, a professora Maria do Céu, pelo

    seu excelente acompanhamento neste longo percurso tendo sempre contribuído com as

    suas reflexões críticas e inteira disponibilidade; assim como à professora Daniela pela sua

    personalidade cativante onde a flexibilidade, a humildade e o tato sempre estiveram

    presentes. Um bem-haja à Universidade Aberta, uma instituição singular, com um espaço

    muito mágico, que me proporcionou momentos intelectual e emocionalmente muito

    estimulantes de grande singularidade e a todas as instituições intervenientes que

    permitiram a concretização deste sonho.

    Pretendo agradecer à minha mãe pelo número infinito de vezes que me questionou

    sobre o término desta minha investigação, pelos seus cuidados, bem como à minha

    família (Alexandre, Joana e a pequena Beatriz) por estarem sempre no meu coração -

    incondicionalmente presentes. Agradeço a algumas colegas de mestrado, nomeadamente à

    Sidneya e Clevani pela constante disponibilidade e apoio intermináveis, à Janete por me

    ter feito acreditar que tudo seria possível, à Mafalda pela sua singularidade e imensa

    presença mesmo na ausência e a todos os que tem marcado a minha vida.

    Por fim, agradeço ao meu querido Michael Hobach com quem espero construir e

    partilhar uma eternidade de muitos momentos ao seu lado numa entrega perfeita.

    A todos estes, reservo o meu carinho e um agradecimento muito especial.

    Um bem- haja!

  • vi

    ÍNDICE

    RESUMO .................................................................................................................................. iii

    ABSTRACT ................................................................................................................................ iv

    AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... v

    ÍNDICE ..................................................................................................................................... vi

    ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................................ viii

    ÍNDICE DE GRÁFICOS .............................................................................................................. viii

    ÍNDICE DE FOTOS ................................................................................................................... viii

    ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................................. ix

    INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 1

    1.1. Definição da Problemática artística – pedagógica-didática 1

    1.2. Questão orientadora para pesquisa em torno da problemática ...................................... 1

    1.3. Objetivos a atingir com este projeto de investigação-ação 2

    1.3.1. Objetivos teórico-práticos ligados a linhas de investigação ................................. 2

    1.3.2. Objetivos práticos .............................................................................................. 2

    1.4. Justificação da relevância do Estudo 3

    CAPÍTULO 1 ENQUADRAMENTO TEÓRICO ............................................................................. 4

    1.1. O Conceito de Educação 5

    1.1.1. O Sistema Educacional Vigente .......................................................................... 6

    1.2. O Conceito de Arte 8

    1.3. A arte na promoção da motivação, criatividade e do desenvolvimento sócio- afetivo dos

    seus alunos 11

    1.4. O Ensino da Língua Estrangeira através da Arte 16

    1.4.1. A música na sala de aula .................................................................................. 18

    1.4.2. A literatura na sala de aula ............................................................................... 19

    1.4.3. O cinema na sala de aula .................................................................................. 21

    1.4.4. As artes visuais na sala de aula ......................................................................... 23

    CAPÍTULO 2 OPÇÕES METODOLÓGICAS E ENQUADRAMENTO DO ESTUDO.......................... 26

    2.1. Metodologias de investigação e o Modelo da Relação Pedagógica ............................... 27

    2.1.1. Participantes da investigação (SUJEITO) ........................................................... 28

    2.1.2. Contexto Escolar (MEIO) .................................................................................. 29

    2.1.3. Objetivos de Aprendizagem (OBJETO) .............................................................. 29

    2.1.4. Perfil do Investigador (AGENTE) ....................................................................... 31

    2.1.5. Técnicas De Instrumentos e Recolha De Dados................................................. 32

    2.1.6. Análise Dos Dados Recolhidos .......................................................................... 33

  • vii

    2.2. Calendarização da avaliação 36

    2.2.1. Calendarização Das Atividades: Atividade English Days .................................... 37

    2.2.2. Conceção e implementação do projeto ............................................................ 38

    CAPÍTULO 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ........................................................... 47

    3.1. Análise a avaliação documentais 48

    3.2. Reflexão pessoal sobre os resultados 83

    REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS………………………………………………………………………………………...…… 87

    WEBGRAFIA…………………………………………………………………………………………………………………………...92

    APÊNDICES.............................................................................................................................. 95

    APÊNDICE I - PROMOÇÃO DA LÍNGUA INGLESA E DA ARTE ATRAVÉS DA LITERATURA .......... 96

    APÊNDICE II - PROMOÇÃO DA LÍNGUA INGLESA E DA ARTE ATRAVÉS DO CINEMA ............. 102

    APÊNDICE III - PROMOÇÃO DA LÍNGUA INGLESA, DA ARTE E DO UNIVERSO DAS EMOÇÕES

    ATRAVÉS DO CINEMA 105

    APÊNDICE IV - PROMOÇÃO DA ARTE E DO CONHECIMENTO LÍNGUSTICO - INGLÊS

    AMERICANO/ BRITÂNICO ATRAVÉS DO CINEMA 107

    APÊNDICE V - PROMOÇÃO DA LÍNGUA INGLESA, DA ARTE E DO MUNDO ATRAVÉS DO

    CINEMA 109

    APÊNDICE VI – CONCURSO ENGLISH DAYS – 51 PARTICIPANTES 112

    APÊNDICE VII – QUESTIONÁRIO 114

  • viii

    ÍNDICE DE TABELAS

    Tabela 1 - Calendarização das atividades ................................................................................. 37

    Tabela 2 - Questionário sobre a introdução da arte nas aulas de língua inglesa ......................... 51

    ÍNDICE DE GRÁFICOS

    Gráfico 1 - Percentagem de alunos que gosta da Língua Inglesa .............................................. 52

    Gráfico 2 - Percentagem de alunos que considera a língua um desafio .................................... 53

    Gráfico 3 - Percentagem de alunos que gosta de aulas que apelem à criatividade ................... 54

    Gráfico 4 - Percentagem de alunos que gosta de visualizar filmes na sala de aula .................... 55

    Gráfico 5 - Percentagem de alunos que gosta de audições de texto ........................................ 56

    Gráfico 6 - Percentagem de alunos que gosta de aulas que abordem a sua realidade e possam

    expressar-se............................................................................................................................ 57

    Gráfico 7 - Percentagem de alunos que gosta dos recursos motivadores utilizados pela

    professora .............................................................................................................................. 58

    Gráfico 8 - Percentagem de alunos que acha que a motivação é um fator decisivo na

    aprendizagem ......................................................................................................................... 59

    Gráfico 9 - Percentagem de alunos que não gosta de aulas que enfatizem a memorização...... 60

    Gráfico 10 - Percentagem de alunos que indica uma relação entre motivação e relação

    professor/aluno ...................................................................................................................... 61

    Gráfico 11 - Atividades de preferência realizadas em aula ....................................................... 62

    Gráfico 12 - Percentagem de alunos motivados na aula .......................................................... 63

    Gráfico 13 - Percentagem de alunos cujas aulas correspondem às suas expetativas ................ 65

    Gráfico 14 - Percentagem de alunos que reconhece o esforço do professor em motivar ......... 66

    Gráfico 15 - Percentagem de alunos que refere sentir-se à vontade na aula ............................ 67

    Gráfico 16 - Percentagem de alunos que entende a relação entre motivação e desempenho

    escolar .................................................................................................................................... 68

    Gráfico 17 - Percentagem de alunos que gosta de se exprimir através da arte......................... 69

    Gráfico 18 - As qualidades mais admiradas num professor ...................................................... 70

    ÍNDICE DE FOTOS

    Foto 1 - Visualização de um filme (fonte: arquivo pessoal)....................................................... 73

    Foto 2 - Leitura no Dia Mundial da Poesia (fonte: Arquivo Pessoal) ......................................... 75

    Foto 3 - Apresentação de um poema favorito (fonte: Arquivo Pessoal) .................................... 80

    Foto 4 - Apresentação de um filme favorito (fonte: Arquivo Pessoal) ....................................... 80

    Foto 5 - Quadro de fotos: Trabalhos manuais com legendas em inglês .................................... 82

    file:///F:\Dropbox\Dropbox\temp\DISSERTA��O%20Teresa%20Nunes_versaoluisfrazao.docx%23_Toc527634446file:///F:\Dropbox\Dropbox\temp\DISSERTA��O%20Teresa%20Nunes_versaoluisfrazao.docx%23_Toc527634449

  • ix

    ÍNDICE DE FIGURAS

    Figura 1 - (Logotipo English Days) ............................................................................................ 26

    Figura 2 - Quadro de Figuras / Filmes visualizados ................................................................... 38

    Figura 3 - Trabalho de alunos (fonte: Arquivo Pessoal) ............................................................ 77

    Figura 4 - Trabalho de alunos (fonte: Arquivo Pessoal) ............................................................ 77

    Figura 5 - Trabalho de alunos (fonte: Arquivo Pessoal) ............................................................ 78

    Figura 6 - Trabalho de alunos (fonte: Arquivo Pessoal) ............................................................ 78

    Figura 7 - Trabalho de alunos (fonte: Arquivo Pessoal) ............................................................ 79

    file:///F:\Dropbox\Dropbox\temp\DISSERTA��O%20Teresa%20Nunes_versaoluisfrazao.docx%23_Toc527634451

  • 1

    INTRODUÇÃO

    1.1. Definição da Problemática artística – pedagógica-didática

    Tendo como cenário o sistema de educação vigente, nomeadamente a minha recente

    turma de apoio de inglês do décimo ano (2015/2016), que reflete uma desmotivação

    escolar bastante vincada no que diz respeito a esta língua, torna-se imperativo refletir

    sobre os caminhos pedagógicos e didáticos mais convenientes para resolver as

    dificuldades de aprendizagem diagnosticadas, formulando a seguinte hipótese: até que

    ponto as dificuldades dos alunos que frequentam a maioria das escolas estão

    relacionadas com as dinâmicas de grupo, a criatividade e os fatores motivacionais? Será

    que se introduzirmos algumas dinâmicas de grupo que possa afetar os nossos alunos

    (transformar as inércias de funcionamento, melhorar a coesão, redefinir…), utilizar os

    conceitos de educação pela arte no que respeita à criatividade e promover novas

    estratégias de motivação poderemos aumentar o grau motivacional dos alunos

    potenciando melhores resultados?

    Atendendo às características próprias do grupo, às suas necessidades em termos de

    aprendizagem tendo em vista a melhoria dos resultados irei proceder a uma articulação

    com as perspetivas de resolução de problemas e do carácter pragmático dos conceitos

    que abordarei.

    1.2. Questão orientadora para pesquisa em torno da problemática

    Na base da descrição que estamos a seguir, (1) identificamos um conjunto de

    problemas (cenário crítico); (2) formulamos uma orientação global (reforçar as

    dinâmicas de grupo através de variadas atividades artísticas; estimular a criatividade e

    aprofundar a motivação), de onde se seguirá como questão orientadora para uma

    pesquisa: Como é que a aplicação das estratégias educacionais ligadas à arte poderá

    promover a criatividade e o estímulo motivacional?

    Para resolver a questão fundamental começaremos por abordar os problemas de

    dinâmica de grupo (estudo do grupo…); seguindo-se o problema da criatividade (fatores

    de criatividade; a educação pela arte (conceito, aplicação…) e, por fim, os problemas da

  • 2

    motivação, no caso concreto da língua inglesa, estratégias de ensino-aprendizagem em

    conformidade com o quadro conceptual abordando:

    A motivação/ desmotivação ligadas à afetividade na aprendizagem;

    A importância da arte no desenvolvimento do indivíduo;

    A importância da arte no sistema educacional como meio motivador e

    facilitador da aprendizagem;

    A sua importância na aprendizagem do inglês como elemento motivador.

    1.3. Objetivos a atingir com este projeto de investigação-ação

    Os objetivos de natureza pedagógica e didática serão implementados com a ação do

    docente e com a ação dos alunos no processo de ensino [didática]- aprendizagem

    [pedagogia] para a resolução dos constrangimentos do cenário crítico (não participação,

    ausência de criatividade, desmotivação, avaliação e resultados negativos- passividade).

    1.3.1. Objetivos teórico-práticos ligados a linhas de investigação

    A partir dos conceitos acima referidos pretendo referir alguns autores ligados à

    educação e à psicologia educacional entre os quais se destacam Augusto Cury, Ken

    Robinson, Piaget, Macedo, Vygotsky, Maley, Harmer, Ginot, Sprinthal, Nelson Pileti,

    António Estanqueiro, Joaquim Machado entre outros. Pretendo também referir

    conceitos estudados referentes às linhas de pesquisa que vou desenvolver em termos de

    fundamentação teórica da minha proposta.

    1.3.2. Objetivos práticos

    Após a pesquisa e a respetiva prática no campo, pretendo concluir que a educação

    pela arte é uma estratégia adequada aos alunos com dificuldades de aprendizagem e

    problemas motivacionais.

  • 3

    1.4. Justificação da relevância do Estudo

    Porque aplicar estratégias educacionais ligadas à arte para promover a criatividade e

    o estímulo motivacional? Existem lacunas na educação que são diariamente

    evidenciadas, com consequências extremamente nefastas para cada cidadão colocando

    em causa o seu desenvolvimento integral como indivíduo na sociedade.

    Pretende-se assim:

    Realçar a importância de uma educação linguística pela arte - área pouco

    estudada;

    Clarificar metodologias motivadoras na aprendizagem das línguas;

    Divulgar métodos pedagógicos criativos e motivadores;

    Apresentar propostas que possam auxiliar na promoção de ambientes

    escolares interativos e divertidos

  • 4

    CAPÍTULO 1 ENQUADRAMENTO TEÓRICO

    I’ve come to a frightening conclusion that I am the decisive element in the classroom.

    It’s my personal approach that creates the climate. It’s my daily mood that makes the

    weather. As a teacher, I possess a tremendous power to make a child’s life miserable or

    joyous. I can be a tool of torture or an instrument of inspiration. I can humiliate or

    heal. In all situations, it is my response that decides whether a crisis will be escalated

    or de-escalated and a child humanized or dehumanized. (1971: 13)

    Haim Ginott

  • 5

    1.1. O Conceito de Educação

    “A educação é um conceito tão antigo como a própria Humanidade, uma vez que esta é

    uma das primeiras estruturas da sobrevivência humana. De facto, “é um processo contínuo e complexo de promoção e desenvolvimento da personalidade que vai desde o

    nascimento à morte abrangendo todo o tempo e todos os espaços. O homem é um ser

    educando e educável, sempre e em toda a parte”. (OLIVEIRA, 2007:5).

    Ao longo da história, a educação sempre passou por grandes transformações

    relativamente à sua metodologia, transmissão e assimilação de conhecimentos, por ser

    sempre influenciada por momentos específicos da história. Na verdade, a educação foi o

    resultado de uma conceção humana e cultural em determinado momento histórico

    servindo como ação reguladora do processo de desenvolvimento humano.

    No que diz respeito à sua origem etimológica, o termo educação tem origem latina e

    nela está presente a ideia de guia (dux), de conduzir (ducere) e de criar (educare). O

    termo “educação” é também sinónimo de “pedagogia”, sendo esta de origem grega e

    significando também “condução da criança” (OLIVEIRA, 2007:18). Pois, na antiga

    Grécia o escravo (pedagogo) tinha a responsabilidade de conduzir a criança até à escola.

    A educação é, portanto, um processo de teorização e reflexão, que engloba o ensino

    e a aprendizagem e que é responsável pelo ajustamento do indivíduo à sociedade.

    Segundo o dicionário Aurélio, é “um processo de desenvolvimento da capacidade física,

    intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando a sua melhor

    integração individual e social” que envolve formar, desenvolver, socializar, libertar e

    instruir. Muitos foram os pensadores, filósofos e educadores que se debruçaram sobre a

    problemática educacional.

    A educação tem um caráter permanente, ou seja, é contínua conduzindo a novas

    descobertas, sendo também um ato de amor e coragem sustentada pelo diálogo e debate

    numa relação professor/aluno. Segundo Piaget:

    “A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas,

    não simplesmente reproduzir, o que outras gerações fizeram. Homens que sejam criadores, inventores e descobridores, A segunda meta é formar mentes que estejam em

    condições de criticar, de verificar e não aceitar tudo o que a eles se propõe”. (Piaget,

    982: 246)

  • 6

    O relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o

    século XXI, publicado em 2005 (9.ª edição), afirma que cada um dos quatro pilares do

    conhecimento deverá ser objeto de igual atenção: aprender a conhecer; aprender a fazer,

    aprender a viver com o outro e aprender a ser. Torna-se evidente, que através da

    educação pretende-se que resulte uma adaptação do homem ao meio, um

    desenvolvimento de uma consciência crítica e uma consciência social, em termos de

    conhecimentos, atitudes e valores.

    1.1.1. O Sistema Educacional Vigente

    Nascemos todos com um potencial para reagir à arte. Infelizmente, nem todos temos a

    sorte de ver ativado esse potencial (BECKETT, 1995: 5)

    Tendo em vista o cenário escolar claramente evidenciado pelo sistema educacional

    da contemporaneidade destacado por altos níveis de insucesso escolar parece urgente

    refletir sobre novos caminhos, novas estratégias e pedagogias metodológicas que

    possam minimizar esta problemática. Nomeadamente na área das línguas, área não

    muito privilegiada pelos alunos devido às suas variadas componentes que a

    caracterizam (writing, speaking, reading, listening) e cujo domínio é imprescindível

    para o desenvolvimento e produção linguística. Sendo a maior dificuldade da classe

    docente a capacidade motivacional parece adequado que se procurem métodos que

    toquem os nossos alunos e os tornem sujeitos ativos.

    A ausência motivacional dos alunos está na origem de muitos problemas

    comportamentos que resultam no insucesso escolar-situação denunciado por muitos

    pedagogos, professores, pensadores, filósofos e psicólogos educacionais entre outros.

    Existem lacunas na educação que são diariamente evidenciadas com consequências

    extremamente nefastas para cada cidadão colocando em causa o seu desenvolvimento

    integral como indivíduo, dado que as suas capacidades cognitivas e sócio- afetivas

    estão, na sua esmagadora maioria, a ser fortemente prejudicadas em termos académicos

    e profissionais.

    Cury (2000), afirma que nas salas de aula das escolas clássicas, os alunos tornam-se

    uma plateia passiva e entediada. Noam Chomsky, considerado o fundador da linguística

    moderna, historiador, ativista e filósofo americano de 88 anos, afirma num discurso

  • 7

    realizado que a maioria da educação está a preparar os alunos para a estupidez e para a

    conformidade.

    Além da metodologia também a avaliação tem sido apontada com um fator de

    desmotivação, visto existir uma avaliação constituída não por testes escritos a serem

    realizados por todos os alunos dentro de um tempo estipulado, ignorando-se a sua

    individualidade, de acordo com Robinson, na sua obra O Elemento (2010). Não estamos

    a contribuir para uma aprendizagem efetiva dos nossos alunos na medida em que o

    nosso ensino não está a permitir uma evolução integral das suas capacidades. Está sim a

    afastá-los de si mesmo e da sua própria essência na medida em estamos apenas a

    realizar uma transferência de informação (FREIRE, 2009). Estamos a criar, a produzir

    alunos em série numa robotização sem fim impedindo-os de demonstrarem as suas

    diferenças. Neles depositamos conteúdos e pensamentos como se de seres inanimados

    se tratassem, desumanizando-os, desprezando os seus pontos de vista porque,

    aparentemente, nada temos de aprender com eles agindo como detentores do

    conhecimento supremo.

    Seguimos um modelo pedagógico assente no próprio pedagogo esquecendo que à

    sua frente existem rostos, seres humanos com uma variedade de emoções e com uma

    tremenda potencialidade adormecida e que, dificilmente, será incentivada enquanto

    continuar a pertencer a um ensino em massas. Anulamos as suas emoções, retemos a

    sua criatividade, criamos estudantes desmotivados e inseguros em termos académicos e

    pessoais, futuros cidadãos profissionalmente despreparados afetando todas as suas

    capacidades, impedindo-os de brilharem. Oferecemos-lhes um ensino cognitivo que usa

    o cérebro como esponja e ensinamos-lhes que as línguas e a matemáticas são cadeiras

    prioritárias comparativamente com todas as outras em especial com as que não atuarão

    diretamente no seu cérebro.

    Um ensino com algum facilitismo na transmissão de conhecimentos contrariamente

    a exigências exageradas e desmedidas nas avaliações e nos seus critérios conduzindo à

    frustração de muitos professores e alunos. Um problema educacional que surge como

    consequência de um currículo escolar comodista e limitado, de um sistema económico

    debilitado, de um corpo docente desmotivado, frustrado e despreparado na sua maioria.

  • 8

    Robinson (2010), é bastante perentório quando sublinha que a escola mata a

    criatividade. Este é o sentimento resultante do tipo de ensino evidente hoje que, segundo

    Robinson, parece ter falhado em conectar os estudantes aos seus talentos. É essencial

    entendermos a relação íntima entre motivação artística, criatividade e afetividade.

    1.2. O Conceito de Arte

    Debrucemo-nos agora sobre o conceito de arte e sobre a sua relação com a

    educação. Na verdade, ao longo deste estudo refletiremos sobre o binómio arte e

    educação como tema central com o objetivo de compreender o valor da arte na

    educação, isto é, as suas possíveis aplicações ou diálogos no próprio sistema educativo.

    A arte, devido à sua complexidade e ao seu carácter ambíguo, tem sido alvo de

    muitas reflexões, críticas e análises ao longo da história numa tentativa de a definir mais

    claramente. Na verdade, a arte é uma linguagem tão universal quanto antiga pois desde

    os primórdios da Humanidade que o homem sentiu necessidade de expressar não só o

    seu mundo exterior com todos os seus anseios, mas também a realidade circundante.

    Fischer (1993) afirma que a arte é quase tão antiga quanto o homem, é uma atividade

    característica do homem. Desde sempre que o homem, sendo um ser social, procurou

    comunicar e exprimir o belo concebendo várias formas artísticas como a pintura, a

    música, a dança, a escultura, a escrita, a expressão plástica, o drama entre outras. O

    essencial na arte é exprimir. A arte é “a expressão de uma emoção” (MARTINS,

    2002:53).

    O termo arte tem origem no latim ars (artis) e é definido como a criação de objetos

    tendo em vista a experiência estética. Se analisarmos os vários períodos da história de

    Arte até aos dias de hoje poderemos concluir que a sua definição incluiu várias

    conceções. Se na Grécia Antiga, a arte representava ideias de espiritualidade, beleza,

    plenitude, sinónimo de perfeição e equilíbrio, ao longo dos tempos este termo passou a

    evidenciar um conceito mais abrangente. Hoje, a arte contemporânea traduz-se por ser

    uma arte mais reflexiva, e irreverente conduzindo ao questionamento.

    A arte sendo uma realidade tão intrínseca ao ser humano, criada por ele deverá

    complementar a educação, enriquecendo integralmente o indivíduo e,

    consequentemente, a sociedade onde este está inserido. O currículo escolar deverá

  • 9

    integrar a arte, as letras e a ciência numa perspetiva de igualdade com o objetivo de

    fomentar a sua criatividade, sensibilidade, sentido crítico, autonomia, prazer, auto-

    estima, auto-imagem, auto-descoberta, auto-realização e o sentido lúdico.

    Até há bem pouco tempo, a preocupação escolar assentava numa transmissão

    científica de conhecimentos. Hoje, muitas são as vozes que se levantam reclamando

    mudanças educacionais. A escola atual não pode preocupar-se exclusivamente com a

    mera transmissão de conhecimentos, com um ensino robótico ou mecânico

    reproduzindo alunos passivos, incompletos, sem auto-estima e não conscientes da sua

    individualidade, despreparados para uma vida em sociedade. Na obra O Elemento,

    Robinson (2010) culpa a escola por matar a criatividade e afirma termos falhado em

    conectar os estudantes aos seus talentos. É vital trabalhar a mente, o corpo, mas também

    uma educação de emoções pela arte. É imperativo ir para além do cognitivo e

    considerar a afetividade.

    A escola com o apoio familiar tem a responsabilidade de contribuir positivamente

    para a aprendizagem integral do indivíduo, pois, a qualidade da educação não passa

    apenas pela excelência académica dos professores e alunos, mas pelos seus vínculos

    relacionais. O desafio hoje é propiciar um ambiente efetivo à aprendizagem integral

    potenciando a motivação pela arte de forma a produzirmos alterações comportamentais,

    apesar de sabermos que dificilmente serão atingidos os objetivos previstos no Programa

    de Inglês para o Ensino Secundário (2001: 24), onde estão estipulados como objetivos

    ao nível sociocultural.

    O Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (QECR) (2001:

    225),salienta a relação direta existente entre a escassez de tempo e um aumento de

    pressão na execução das tarefas propostas, refere a pertinência da arte enquanto recurso

    pedagógico, pela variedade que traz à sala de aula e pela resposta emocional que suscita.

    Pois, a arte aproxima-nos mais de nós próprios, e dos outros.

    De acordo com a Constituição da República Portuguesa (artigo 73º, 2), e a LDB

    (Lei de Bases do Sistema Educativo) (art. 2º, 4 e art. 3º, b), a educação artística implica

    uma educação cujos objetivos pressuponham um desenvolvimento harmonioso da

    personalidade, uma educação que leve em conta as dimensões biológicas, afetivas,

  • 10

    cognitivas, sociais e motoras, por igual sem negligenciar ou favorecer qualquer uma das

    referidas (SOUSA, 2003:61).

    De acordo com Herbert Read (1958) a arte deve ser a base da educação

    desenvolvendo não só a aprendizagem mas também, a criatividade, o jogo, a

    sensibilidade, o prazer e a expressão numa perspetiva intrínseca, extrínseca, estético-

    artística e cultural, terapêutica e integrada, pois “ Não é possível uma nova educação e

    uma nova escola sem novos alunos e, particularmente sem novos professores com uma

    mentalidade e atitudes novas, que não saibam apenas ensinar mas também saibam ser.”

    (OLIVEIRA, 2007:10)

    Herbert Read (2007) salienta quatro capacidades fortalecidas através da atividade

    artística, que se revelam fundamentais para o desenvolvimento do aluno: a observação,

    a expressão, a crítica e a criatividade. Outro objetivo da educação artística é educar a

    sensibilidade estética, ou seja, educar não só as capacidades percetivas através da

    apreciação e do entendimento da arte e da beleza em geral (Fróis, 2000), mas também

    educar o desenvolvimento do pensamento, dos sentimentos e das emoções (Sousa,

    2003).

    Na teoria de Jean Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerando como tendo

    dois componentes: o cognitivo e o afetivo. Paralelamente ao desenvolvimento cognitivo

    está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos,

    tendências, valores e emoções em geral. As escolas deveriam entender mais de seres

    humanos e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas. Elas têm contribuído em

    demasia para a construção de neuróticos por não entenderem de amor, de sonhos, de

    fantasias, de símbolos e de dores. (SALTINI,1997).

    A educação é uma arte sendo importante “O senso comum, a intuição, a

    imaginação, a inclinação, o gosto, a vocação, que podem e devem ser aperfeiçoados

    pelo estudo e reflexão” (OLIVEIRA, 2007: 20), pelo que de seguida é conveniente

    analisar o papel do professor e de outros elementos envolvidos no processo ensino-

    aprendizagem.

    Mais do que uma “comunidade” onde as pessoas se escolhem e a vida coletiva é

    baseada em afetos, a escola deve ser uma “sociedade”, um lugar onde se aprendem as

    regras da vida em comum, onde se procura que cada um vá o mais longe possível no seu

  • 11

    desenvolvimento. A Educação pela Arte nasce do encontro da pedagogia moderna com

    as novas experiências artísticas e promoverá a formação humanística do indivíduo,

    facilitando mesmo o aproveitamento escolar e especial num equilíbrio holíst ico- físico e

    psíquico (SANTOS, 1989).

    1.3. A arte na promoção da motivação, criatividade e do

    desenvolvimento sócio- afetivo dos seus alunos

    A Educação Artística poderá contribuir para corrigir e minorar as perturbações de

    ordem individual e social existentes no mundo moderno (PERDIGÃO,1981: 286- 287).

    Abordando a questão da motivação, podemos perguntar como é que a

    aprendizagem deve ser processada numa sala de aula? É possível afirmar com clareza

    que a educação ou a aprendizagem envolve a motivação e a afetividade. A motivação é

    extremamente importante na aprendizagem sendo considerada uma força interior que se

    modifica a cada momento durante toda a vida, onde direciona e intensifica os objetivos

    de um indivíduo (MASLOW, 1968). A origem etimológica da palavra motivação,

    “motu”, significa movimento uma vez que envolve sempre um movimento rumo a um

    objetivo a alcançar. É de máxima importância que um educador esteja consciente não

    só da importância motivacional no contexto educativo, mas também que fomente

    atividades que procurem estimular a motivação.

    A motivação intrínseca está diretamente ligada à paixão pela tarefa, permitindo

    assim o prazer, o interesse, a dedicação e a concentração no trabalho, sem haver

    pressões e recompensas externas. A motivação extrínseca pode, no entanto, ter um

    efeito aditivo na motivação intrínseca, interagindo entre si na promoção da criatividade.

    Assim, para se alcançar a criatividade, um objetivo essencial no processo ensino-

    aprendizagem, é necessária uma motivação orientada por objetivos intrínsecos, mas

    também extrínsecos.

    O que dizer sobre a afetividade no meio escolar? Na psicologia, a afetividade

    designa a suscetibilidade que o ser humano experimenta perante situações que têm lugar

    no mundo exterior ou no seu próprio mundo interior. De facto, ela exerce um papel

    importantíssimo em todas as relações.

  • 12

    O ser humano é um ser afetivo mesmo antes do nascimento. A afetividade, segundo

    Almeida (1999), constitui um domínio tão importante quanto a inteligência para o

    desenvolvimento humano. Wallon (1975: 228) afirma que “A educação é

    necessariamente um ato social” e qualquer ato social envolve a relação com outras

    pessoas sendo estas inerentes a relações de afeto.

    O indivíduo deve ser considerado como um todo: mente e corpo, sentimento e

    intelecto são partes integrantes do mesmo ser e são inseparáveis. Este autor considera

    também que ensinar é motivar, no sentido de despertar a curiosidade, é instigar o desejo

    de ir além do conhecido, sendo o professor um facilitador da aprendizagem, aquele que

    prepara um ambiente psicologicamente favorável à aprendizagem.

    Apesar de vivermos num mundo que desvaloriza as emoções e o entrelaçamento

    entre razão e emoção, que constitui o viver humano, o clima de afetividade e a procura

    de um elevado índice motivacional propiciarão o desenvolvimento da criatividade,

    qualidade que é roubada, cada dia um pouco, dentro do ensino tradicional. Alencar

    (1996:165) destaca o valor da criatividade afirmando:

    “Uma habilidade necessária, que deve ser incentivada no contexto educacional por: a)

    promover o bem-estar emocional causado por experiências de aprendizagem criativa, o que contribui para uma melhor qualidade de vida das pessoas; b) auxiliar na formação

    profissional, uma vez que a criatividade se apresenta como uma ferramenta fundamental,

    que ajuda o indivíduo a lidar com as adversidades e desafios impostos pelo nosso tempo.”

    Este ambiente de afetividade e motivação deve ser preparado pelo professor

    (Agente) que tem de ser mais do que educador, não desconsiderando, no entanto, a

    importância que o seio familiar pode e deve proporcionar ao jovem. Nem a escola

    consegue suprimir todas as necessidades da criança nem o ambiente familiar por si só

    desenvolve competências importantes para o desenvolvimento do jovem. Como poderá

    então o educador criar este ambiente afetivo, criativo e motivacional? Primeiramente, o

    professor deverá reunir a trilogia pessoa – artista-pedagogo evidenciado qualidades

    humanas, artísticas e pedagógicas.

    Para Barret (1986), as ações de formação e material didático para professores e

    educadores deverão inspirar-se no humanismo, no desenvolvimento da pessoa através

    do desenvolvimento artístico em três domínios: saber, saber fazer e saber ser. Não são

    qualidades utópicas ou inatingíveis, pois nem o professor é o super-homem, nem

  • 13

    existem receitas mágicas para um pleno sucesso escolar. Além disso, temos que

    reconhecer que o professor não tem sido academicamente preparado para atuar em sala

    de aula e a própria sala de aula também oferece limitações como espaço educativo para

    além das suas potencialidades a explorar por cada um de nós.

    O contexto escolar coloca barreiras que impedem a criatividade de se desenvolver

    devido “ao apelo ao conformismo, a comparação, a competição, a pressão para o

    realismo, a falta de espaço e de tempo para o desenvolvimento da curiosidade e, ainda a

    supervisão e a avaliação constantes” (Bahia, 2007:233). Estas barreiras têm como

    consequência o aparecimento de certos bloqueios à expressão criativa.

    Apesar, da obrigatoriedade no cumprimento de um currículo extenso, do número de

    alunos excessivo por turma, de horários sobrecarregados por parte de professores e

    alunos, de problemas comportamentais, de avaliações disformes, de baixos índices

    motivacionais, acredita-se ser possível um ensino melhor, com profissionais munidos de

    caraterísticas mais completas com vivências mais participativas, reflexivas e críticas, ao

    invés da memorização, da repetição e do medo.

    A prática de um ensino revestido por humildade, tolerância, sensatez, a empatia,

    humor, sensibilidade, flexibilidade, e criatividade aliadas a competências didáticas, são

    critérios que todos os educadores deveriam demonstrar e aspirar com regularidade

    perspetivando-se dinâmicas de grupo mais saudáveis como resposta à passividade das

    salas de aula atuais, pois: A Pedagogia afetiva é esta linha que deveríamos seguir em

    sala de aula, demonstrando afeto, sensibilidade, respeito, responsabilidade, dedicação,

    empatia e principalmente compromisso.

    O educador ao colocar em prática as linhas pelas quais se rege a Pedagogia afetiva,

    encarará cada aluno como um ser humano único em construção, possuidor de muitas

    potencialidades. Pretende-se que o professor (Agente) utilize a sua personalidade, as

    suas ferramentas pedagógicas e a arte, sendo esta de caráter multidisciplinar e

    transversal a qualquer área do saber, para despertar a motivação, gerando ou

    provocando criatividade e afetividade no sujeito de aprendizagem alterando assim o

    meio, as dinâmicas de aprendizagem na sala de aula.

    No campo educacional, a criatividade aparece relacionada com a produção de

    conhecimento, pelo que cabe à escola garantir as necessidades fundamentais para que o

  • 14

    aluno possa ter condições de criar, a partir do que já foi aprendido, resultando assim, em

    novos conhecimentos.

    No que diz respeito ao sujeito de aprendizagem, os alunos, é vital ter em mente a

    forma como estes devem assimilar a informação, pois o processo de aprendizagem

    revolucionária e transformadora funda-se, sobretudo, na atividade do indivíduo, na sua

    interferência no próprio processo de aprendizagem.

    É importante lembrar que muitos problemas enfrentados nas nossas escolas, entre

    eles a indisciplina, provêm de várias situações sócio - afetivas não resolvidas no

    decorrer dos anos. O ser humano é indivisível e o conceito de uma aprendizagem que

    inclua o cognitivo e o afetivo evitará bloqueios gerados pela insegurança de uma relação

    ditatorial:

    “Um professor que é afetivo com seus alunos estabelece uma relação de segurança, evita

    bloqueios afetivos e cognitivos, favorece o trabalho socializado e ajuda o aluno a superar erros e aprender com eles.Assim sendo, se o professor for afetivo com seus alunos, a

    criança aprenderá a sê-lo.” (CARNEIRO e SILVA e SCHNEIDER, 2007: 83)

    De acordo com Gardner (2000) responsável pelo desenvolvimento da teoria das

    inteligências múltiplas, os estímulos e o ambiente social são importantes no

    desenvolvimento de determinadas inteligências. O fato de terem sido identificadas e

    descritas 8 tipos de inteligência humana (lógico-matemática, linguística, musical,

    espacial, corporal cinestésica, intrapessoal, interpessoal e naturalista) é um fator

    indicativo da possibilidade de estas serem ativadas e não anuladas no contexto escolar.

    Os conceitos de motivação pela arte e afetividade estão intimamente relacionados com o

    conceito de aprendizagem e criatividade.

    É imperativo criar oportunidades para que o aluno possa conhecer e desenvolver

    algumas destas inteligências, sublinhando-se a necessidade de respeitar a

    individualidade e as diferenças de cada aluno.

    De acordo com a Teoria das Necessidades criada por Maslow (1935), existem 5

    (cinco) níveis de necessidades podendo a escola e a família cooperar para o

    desenvolvimento de pelo menos duas dessas necessidades de forma mais plena: as

    necessidades de estima, de autorrealização e estabilidade. Assim, as interações em sala

  • 15

    de aula devem ter um caráter singular, individual, caso contrário dificilmente

    poderemos contribuir para o progresso integral de cada aluno.

    Qualquer ação que tenha lugar na sala de aula ou na escola terá impacto na criança

    pelo que é importante monitorizar a quantidade e qualidade dos contextos afetivos por

    parte dos educadores. Na conceção de Oliveira tem grande relevância um olhar sobre a

    gestão em sala de aula:

    “A sala de aula é um espaço em construção quotidiana, onde professores e alunos interagem mediados pelo conhecimento. Desafiadora instigante, espaço de desejo, de

    negociação ou resistência, a sala de aula é reveladora de nossos acertos ou de nossos

    conflitos. Torná-la um espaço de construção de experiências educativas relevantes para professores e aluno é uma das questões desafiantes para nós educadores.”(OLIVEIRA,

    2000:158).

    Matthew Kelly (2004) constrói um raciocínio interessante na sua obra intitulada The

    Rhythm of Life: Living Every Day with Passion and Purpose quando afirma que todos

    somos génios. Se julgarmos um peixe pela sua capacidade de subir uma árvore, ele vai

    acreditar sempre ser estúpido.

    É fundamental que a escola de hoje repense a sua atitude, seja inovadora, seja uma

    escola aberta às diferenças de cada aluno, respeitando assim a sua dignidade,

    aumentando assim a sua auto-descoberta e auto-estima, não destruindo, mas construindo

    seres humanos conscientes do seu valor. Desta forma, o aluno tem a possibilidade de se

    encontrar consigo próprio, com o outro, com o meio e com o mundo envolvente.

    A escola deve ser assim um espaço de realização do educando como pessoa e do

    professor como educador. O contexto escolar é o mais influente de todos os fatores e

    ambientes sociais que podem influenciar a criatividade. O professor não trabalhará

    apenas para transmitir conhecimentos científicos, mas para desenvolver uma relação

    afetiva com aluno pelo que a utilização de ferramentas artísticas facilitará o processo

    ensino-aprendizagem.

    Rubem Alves (2000) enfatiza que o professor, aquele que ensina com alegria, que

    ama sua profissão, não morre jamais. Na conceção de Cury (2003), os professores

    precisam deixar de ser bons para se tornarem fascinantes para que suas aulas e

    conteúdos façam sentido e possam ser assimilados pelos seus alunos.

  • 16

    Desenvolver uma formação profissional pautada nestes conceitos requer muita

    dedicação por parte do educador e apoio por parte de um sistema educacional flexível,

    mas os resultados serão gratificantes e com consequências na sociedade.

    Pelos pressupostos teóricos apresentados, podemos medir que os conceitos de

    motivação e afetividade pela arte são importantes para um desenvolvimento integral do

    indivíduo dado que são ferramentas auxiliares da educação e rompem bloqueios ou

    barreiras emocionais que possibilitarão a aprendizagem com prazer.

    A forma como desempenhamos o nosso papel pode traduzir-se em fatores

    estimuladores ou inibidores da aprendizagem, uma vez que a criança necessita de

    condições favoráveis para construir significativamente o seu conhecimento, pois todo o

    aluno é um génio, cabe ao professor despertar esse génio. Assim, o papel da escola é

    estimular a sua genialidade ou potencialidades para que aprenda com prazer e sinta que

    esse ambiente é seu espaço.

    1.4. O Ensino da Língua Estrangeira através da Arte

    A Língua Inglesa é a língua dos recursos tecnológicos e dominá-la é abrir as portas

    para o desenvolvimento pessoal, profissional e cultural.

    O processo de aprendizagem da língua materna difere bastante do processo de

    aprendizagem de uma língua estrangeira, uma vez que esta requer um esforço contínuo

    que se traduz por um investimento considerável em termos de tempo, energia e, muitas

    vezes, financeiro.

    No entanto, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua

    Estrangeira (1998, p. 37), a aprendizagem da língua estrangeira, contribui para o

    processo educacional como um todo, indo muito além da aquisição de um conjunto de

    habilidades linguísticas. Leva a uma nova perceção da natureza da linguagem, aumenta

    a compreensão de como a linguagem funciona e desenvolve maior consciência do

    funcionamento da língua materna. As Metas Curriculares de Inglês, aprovadas em julho

    de 2015, são um instrumento de apoio para a construção de programas, exames, entre

    outros, e contém as competências que se pretende que as crianças alcancem durante a

  • 17

    aprendizagem de uma LE: Speaking, Listening, Reading, Writing. Estas competências

    linguísticas puderam ser desenvolvidas em todas as atividades realizadas.

    Desenvolver competências linguísticas em termos de leitura, audição, escrita e

    oralidade é um processo demorado pelo que é vital que o professor faça uso de todas as

    ferramentas pedagógicas ao seu alcance para facilitar a aprendizagem. Faz todo o

    sentido que essas ferramentas sejam norteadas por recursos artísticos variados, que

    juntamente com um ambiente de afetividade possam promover uma aprendizagem

    efetiva, onde a desmotivação não tenha lugar, ou pelo menos, possa ser

    satisfatoriamente combatida de forma a minimizá-la.

    Cabe ao professor, definir e selecionar as estratégias mais adequadas para os alunos

    enriquecerem os seus conhecimentos e as suas experiências, assim como incrementar

    práticas de ensino que possam ir ao encontro das expectativas e capacidades dos alunos.

    Um professor de língua estrangeira deve utilizar, com maior frequência vários

    recursos pedagógicos artísticos para estimular a motivação, criatividade, a afetividade e

    consequentemente a aprendizagem. Pois, uma vez que o objetivo de aprendizagem de

    uma língua visa a comunicação, sinónimo de uma considerável exposição oral por parte

    do falante, é vital que o ambiente seja descontraído para minimizar o nervosismo, a

    ansiedade ou o medo do erro, ou seja toda a exposição que possa desafiar a

    aprendizagem de uma língua. Usar a música, a literatura, o cinema e a pintura numa sala

    de aula pode resultar num impacto significativo na aprendizagem. Será importante

    realçar que os alunos tendem a aprender o que lhes provoca prazer e o que lhes é

    familiar ou está próximo da sua realidade. É por meio de atividades lúdicas que a

    criança interioriza estruturas sociais como as regras, e respeito desenvolvendo, a

    criatividade e o conhecimento.

    Estudos recentes no âmbito da psicopedagogia, atribuem grande relevância ao fator

    motivação no processo de aprendizagem de línguas estrangeiras, pois sendo esta um

    fatorafetivo mutável, assume um papel primordial na aquisição de competências

    comunicativas na língua estrangeira, tanto num contexto de aprendizagem natural como

    formal. Na verdade, muitas vezes a sala de aula é o único espaço de contacto com a L2,

    onde todo o input que recebemos visa uma produção (output) escrita e sobretudo oral

    que deve ser realizada através da expressão artística.

  • 18

    Vejamos estas quatro artes de forma mais individual e detalhada para entendermos

    as suas especificidades e semelhanças assim como o impacto que podem provocar.

    1.4.1. A música na sala de aula

    There is no human society without its music (...) a powerful force for both cultural

    cohesion and identity and for individual fulfillment. (Alan Maley)

    Conforme a citação acima, podemos observar que a música é uma arte tão

    importante que é impossível a sua inexistência na sociedade humana. Ela transmite-nos

    não só um senso de realização individual, mas também uma poderosa força de coesão e

    identidade.

    Segundo Murphey (1994), a música já era um recurso pedagógico para os gregos

    sendo utilizada no ensino das línguas na Idade Média. De fato, a música tem se tornado

    um recurso muito apelativo não só pela sonoridade e pela letra, mas também pela carga

    emotiva. Para Saussure (1975), a língua é um produto social da faculdade de linguagem

    e um conjunto de convenções necessárias, que permitem o exercício dessa faculdade

    nos indivíduos, sendo, portanto, dotada de estruturas fonéticas, sintáticas, morfológicas

    e sociais muito próprias de uma cultura. A musicoterapia, por exemplo, é uma clara

    evidência dos efeitos da música no ser humano, em termos emocionais, cognitivos e

    físicos.

    A músicapropicia o relaxamento, a memorização, o conhecimento linguístico,

    cultural, ético, emocional e a socialização, ou integração social tendo, desta forma, um

    papel central na preparação ambiental para a aprendizagem de uma nova língua. Para

    Cristovão (2007, p. 66), a música é um exemplo de

    uma linguagem autêntica, memorável e rítmica. A atmosfera agradável que a

    musicalidade traz faz com que o aluno se sintamais à vontade.

    De acordo com Vicentini e Bassos (2014, p. 5) aprender inglês através de músicas

    proporciona a vivência da linguagem musical como um dos meios de representação do

    saber construído pela interação intelectual e afetiva.

    A aquisição da nossa língua materna envolveu metodologias lúdicas que

    propiciaram e incrementaram a nossa aprendizagem cognitiva, mais particularmente em

  • 19

    termos linguísticos, mas também a nossa própria dimensão emocional, a relação com o

    outro e com o mundo.

    Diversos autores focam a necessidade da música na sala de aula de LE (Língua

    Estrangeira) como meio de favorecer o processo ensino-aprendizagem, não só alterando

    as dinâmicas em sala de aula (acalmando ou agitando) mas principalmente na

    automatização de conteúdos em termos gramaticais, lexicais e fonéticos. O uso de

    canções constituí um auxílio em automatizar o processo do desenvolvimento da

    linguagem, pois a melodia e a letra com o seu refrão produzem a memorização e a

    repetição – drills (repetições).

    Uma criança, mesmo antes de iniciar o ensino pré-primário, já interiorizou uma

    vasta quantidade de sons e vocábulos através da repetição de todos os sons e palavras

    que ouve através dos familiares, da televisão e da música. Muitas músicas incluem

    excelentes trava-línguas (tongue twister) que potenciam a interiorização da articulação

    correta das palavras.

    A língua inglesa alcançou a sua universalidade entrando nas nossas vidas

    diariamente por vários meios nomeadamente através do rádio. A esmagadora maioria de

    nós tem contato diário com a música inglesa produzindo ótimos resultados. No entanto,

    se arrastarmos para a sala de aula muitas dessas músicas e as trabalharmos podemos ter

    resultados ainda mais impressionantes.

    Sabemos que memorizamos o que nos dá prazer e todos nós temos retido na nossa

    memória a longo prazo muitas letras de muitas músicas. Igualmente, os nossos alunos

    facilmente memorizarão as músicas que lhe forem significativas se utilizarmos a música

    principalmente como estratégia cognitiva e afetiva.

    Enquanto elemento cultural e lúdico apreciado à escala global, a música exerce um

    fascínio visível também junto dos adolescentes (Fleming, 2012: 103).

    1.4.2. A literatura na sala de aula

    There’s no human society without its poetry (...) a powerful force for both cultural

    cohesion and identity and for individual fulfillment. (Alan Maley)

  • 20

    De acordo com a citação acima, não existe uma sociedade humana sem a sua

    poesia, ou seja, sem uma componente artística escrita. Assim como, outras formas

    artísticas, também a literatura se apresenta como uma poderosa força de identidade

    cultural, coesão e realização individual.

    A literatura apresenta-se como um veículo de manifestação de cultura e ideologias.

    O contexto cultural e a mensagem veiculada pela literatura também são aspetos a

    sublinhar. O ser humano aprende não só através do que vê à sua volta, mas também

    através do que escuta e lê. Exploramos o mundo à nossa volta, iniciamos aprendizagens,

    desenvolvemos habilidades através dos nossos sentidos, em especial pela audição e pela

    visão.

    A literatura, para além da música anteriormente referida é um outro recurso

    pedagógico a ser utilizado pelos educadores e professores na aquisição de uma língua,

    em especial na aquisição de uma língua estrangeira. A leitura de obras possibilitará a

    aprendizagem não só de vocabulário ou gramática, mas também a aprendizagem de

    estruturas frásicas corretas.

    Uma vez que a tecnologia tem sido o passatempo privilegiado da maioria das

    crianças torna-se essencial fomentar, estimular a sua curiosidade pela leitura, quer seja

    em papel, quer seja digital. Muitos textos online fazem-se acompanhar pela sua audição

    tornando o próprio ato de ler uma atividade mais prazerosa e mais rica visto que lhes é

    oferecida a oportunidade de desenvolver a sua pronúncia, a sua fluência e

    consequentemente a arte da leitura.

    De facto, a desconsideração que muitas vezes é atribuída â leitura conduz a um

    empobrecimento linguístico, cultural e criativo tremendo, pelo que a prática de leitura se

    assume como uma necessidade crescente a cada dia. É vital ler para nutrir e estimular o

    imaginário (JOLIBERT, 1994).

    Portanto, recursos pedagógicos que contemplem a audição e a leitura como a

    música anteriormente referida, a literatura e também o cinema, que posteriormente

    abordaremos, são aspetos fulcrais de grande auxílio para o desenvolvimento da

    oralidade.

  • 21

    A escola é por definição um local de aprendizagens, contudo é de sublinhar que

    estas aprendizagens têm como objetivo o desenvolvimento de múltiplas habilidades

    para uma vida em sociedade. Assim, trazer a realidade para a sala de aula é uma

    prioridade.

    Para aprender uma língua estrangeira é importante que as crianças estejam inseridas

    em contextos que contemplem a sua realidade de vida, para aprender a partir de

    interações sociais, prevalecendo a comunicação e desenvolver todas as habilidades

    necessárias. Pois “Aprender a ouvir, falar, ler e escrever em um novo idioma é um

    processo interativo e as crianças necessitam de oportunidades para interagir em um

    contexto significativo e interessante” (TONELLI, 2007:114).

    Muitas são as histórias que podemos trabalhar em sala de aula com os alunos. A

    leitura das obras poderá ser complementada com a respetiva audição, com a

    visualização de um vídeo, com a respetiva dramatização ou com o uso de flashcards.

    Muitas são as obras que poderemos utilizar de acordo com a faixa etária dos alunos.

    Vejamos algumas:

    A diversidade de literatura passível de ser utilizada em sala de aula é infinita, o que

    nos permite recorrer à nossa criatividade dando asas à imaginação até à exaustão. A

    variedade de recursos e opções existentes permite-nos também diversificar os nossos

    próprios materiais e as nossas próprias aulas por acréscimo.

    1.4.3. O cinema na sala de aula

    “We, as teachers, need to encourage student interaction with the video, and involve the

    students initially in predicting, describing, commenting, and sharing their perceptions”.

    (Tim Murphy)

    De acordo com a citação acima, cabe ao professor a tarefa de encorajar a interação

    entre os alunos na sala de aula através da utilização do vídeo para que possam

    desenvolver a oralidade e partilharem os seus pontos de vista. O cinema atingiu uma

    evolução técnica altamente sofisticada tendo conquistado ao longo da sua popularidade,

    um espaço significativo compreendendo temas gerais de cariz científico, filosófico,

    histórico, poético ou culturais, conjugando não apenas a sonoridade e a leitura, mas

  • 22

    também a imagem em movimento. Criando a sua própria linguagem suplantou muitas

    outras artes.

    Nenhum meio artístico, atualmente, reflete tão claramente este homem e sua

    compreensão estética de ver o mundo. Visto que objetivamos a inserção do mundo na

    sala de aula através dos meios artísticos como estímulo motivacional, parece-nos

    razoável que desenvolvamos novos métodos pedagógicos em substituição de um ensino

    meramente tradicional. É neste quadro que o ensino do cinema e da linguagem

    cinematográfica tem pertinência, permitindo vitalizar a aquisição de conhecimentos,

    potencializar formas de expressão, desenvolver o juízo crítico (RIBEIRO, 2002:46).

    O uso do cinema é uma peça fundamental e não subversiva a ser somada ao

    reportório didático. A seleção de um meio audiovisual em sala de aula exige que sejam

    delimitados objetivos, exige uma adaptação dos princípios pedagógicos ao tema às

    orientações específicas de caráter teórico-metodológico, visto que por si só não

    garantem uma aprendizagem significativa. O professor é indispensável para provocar a

    reflexão, a discussão, sugerindo temas transversais e interdisciplinares presentes no

    filme, constituindo-se em objeto de interesse de várias áreas do saber.

    Esta sétima arte, deve ser vista não apenas como um meio facilitador da leitura de

    obras literárias, mas como um meio que permite a interpretação do mundo e das suas

    representações, assente numa construção ideológica e num desenvolvimento integral do

    aluno. Além da música e da literatura, também o cinema se apresenta como outra

    ferramenta pedagógica de grande importância não só no desenvolvimento das línguas,

    nomeadamente da língua inglesa, mas também na preparação do aluno para a vida em

    sociedade, onde interage com o outro.Podemos utilizar também nas aulas de língua

    inglesa filmes que possam ser esclarecedores e educativos não só em termos da língua,

    mas também no campo emocional. Pois, pretendemos mais do que apenas munir os

    nossos alunos de conhecimento. Pretendemos prepará-los de forma integral para que

    cresçam de forma equilibrada, atentos também ao universo emocional, de forma a

    estarem preparados para os desafios que enfrentarão. Lidar com a felicidade é mais fácil

    do que lidar com outras emoções como a frustração, a dor, o ciúme, a desilusão, o medo

    e a dúvida, por exemplo. Os nossos alunos devem desenvolver a resiliência e a

    assertividade para enfrentar a vida.

  • 23

    A indústria cinematográfica não deixa de surpreender e fornece-nos também uma

    ampla variedade de filmes que abordam o inglês americano e britânico, assim como a

    pronúncia das palavras fornecendo também uma língua informal frequentemente

    utilizada no dia-a-dia. Existem também filmes relacionados com a ciência e com a

    tecnologia que permitem que os nossos alunos possam desenvolver vocabulário

    específico. Existem também filmes relacionados com a saúde e o meio ambiente que

    permitem que os nossos alunos possam desenvolver vocabulário específico.

    O cinema pode abordar todas as dimensões humanas, inclusivamente a esfera social

    e a história

    1.4.4. As artes visuais na sala de aula

    “A picture is worth a thousand words. That´s understood to be a universal truth(...) a

    picture can generate a thousand words of writing and discussion” - Judith Jester

    A citação acima, traduz o pensamento que muitos de nós, independentemente da

    nacionalidade, utilizo no quotidiano: uma imagem vale mais do que mil palavras. A

    imagem, presente nos manuais de Língua Estrangeira (LE), enriqueceu-os e assume o

    papel de um excelente recurso utilizado para introdução e prática de estruturas

    gramaticais e ampliação de vocabulário (OBERBERGER, 2004). Ao mesmo tempo, a

    memória ótica parece ser mais eficaz do que a memória cognitiva, sendo a aquisição de

    vocabulário ou de estruturas linguísticas com base na imagética facilitada.

    Por ser um recurso inesgotável, poderá servir não só para a introdução e prática de

    conteúdos linguísticos e gramaticais como ainda servir de base aos vários momentos e

    tipos de avaliação das competências linguísticas do aluno. Curiosamente, tal como um

    texto, também uma imagem pode ter uma estrutura aberta, apelando à interpretação e

    posterior reflexão pessoal do aluno, desenvolvendo a sua capacidade crítica e criativa,

    como ser pensante, longe de ser considerada uma aula de História de Arte.

    Como podemos observar, o correto uso e exploração de uma imagem em contexto

    de sala de aula poderá proporcionar múltiplas situações de aprendizagem linguística ou

    sociocultural e motivacional (VILLAMIL TOURIÑO, 2004) uma vez que o aluno

    poderá focar-se na observação para uma descrição, contextualização, interpretação e

    autodescoberta.

  • 24

    Forgas Berdet (2007), destaca quatro aspetos favoráveis da pintura como recurso:

    Contribuir para educar o gosto e melhorar a sensibilidade estética do aluno;

    Enriquece o vocabulário;

    Permite um conhecimento de sistemas culturais passados e presentes;

    Permite conhecer a mitologia, a religião, a literatura.

    A expressão plástica é uma vertente um tanto esquecida na aprendizagem das

    línguas com adolescentes, mas curiosamente aquela que poderá ter resultados mais

    surpreendentes,especialmente com alunos com mais dificuldade na aquisição de uma

    língua. Esta, na opinião de Sousa (2003:19) refere-se à manipulação e experiência com

    os materiais, com as formas e com as cores permite que, a partir de descobertas

    sensoriais, as crianças desenvolvam formas pessoais de expressão.

    A Expressão Plástica facilita à criança o desenvolvimento da capacidade de

    comunicar com o mundo, fazendo-o por meio da pintura, do desenho, dos trabalhos

    manuais ou através de qualquer outra forma de expressão. Será neste contexto que vai

    adquirindo a língua materna ou a língua estrangeira

    Cunha (2013:9) refere-se a esta como sendo resultado de impulso de designar o

    mundo de outra maneira e que acompanha a humanidade até nossos dias. As artes

    visuais podem revelar-se de várias maneiras, e uma das possibilidades é recriar a

    realidade. De fato, incorporar as artes visuais na sala de aulas de língua inglesa tem

    impulsionado a motivação dos alunos (GAMBRELL 2001; WILHELM, 2004).

    As artes visuais como possuem um caráter marcadamente multidisciplinar e

    permitem criar, recriar novos universos e horizontes. Podem ser utilizados uma ampla

    variedade de materiais para produzir o resultado que se pretende e de atividades

    como:desenhar,pintar, recortar, colar e etc. O desenho é, para Sousa (2003, p. 195) “a

    forma mais natural e elementar de expressão plástica da criança” e deve ser livremente

    estimulada

    Existem muitas ocasiões ao longo do ano que poderão ser lembradas e celebradas

    através da expressão plástica. Através desta arte poderemos também desenvolver o

    vocabulário e a gramática para além de competências emocionais primordiais para um

    crescimento saudável.

  • 25

    De forma conclusiva, nesta minha fundamentação teórica, pretendi sublinhar o

    ensino pela arte como potenciador do desenvolvimento das competências gerais,

    culturais e competências linguísticas, conforme perspetivado. É, pois, fundamental

    familiarizar os alunos com a cultura artística, fazendo dela principalmente um canal de

    aprendizagem linguística, cultural, social e emocional em que o aluno é ativo e

    dinamizador da sua própria aprendizagem, uma aprendizagem facilitadora do seu trajeto

    rumo à sua autodescoberta.

  • 26

    Figura 1 - (Logotipo EnglishDays)

    CAPÍTULO 2 OPÇÕES METODOLÓGICAS E

    ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

  • 27

    2.1. Metodologias de investigação e o Modelo da Relação Pedagógica

    Após ter primariamente identificado uma problemática pedagógico-didáticaassente

    em desafios que uma grande maioria de docentes e educadores se confrontam

    diariamente - a desmotivação escolar resultante de uma criatividade não explorada pelos

    mais diversos fatores-e após ter iniciado a sua formulação conceptual, pretendendo

    agora, nesta terceira fase de um estudo empírico, conceber um roteiro de investigação

    para a problemática anteriormente suscitada. Irei proceder à indicação dos participantes

    envolvidos neste estudo, à indicação do meio envolvente e dos procedimentos

    metodológicos a desenvolver para alcançar os objetivos didáticos perspetivados.

    Pretendo também realçar algumas variáveis ligadas ao tradicionalismo ou ensino

    demasiado académico por parte de muitos docentes, à personalidade do investigador e,

    etc.

    Como estudo de caso nesta investigação e dadas as circunstâncias de que se reveste

    todo o processo de pesquisa foi utilizada a análise sistémica que defende posturas mais

    indutivas. Defende a interdisciplinaridade, os métodos quantitativos e uma abordagem

    global com espaço para um quadro hipotético de interpretação da realidade.

    Neste contexto, podemos afirmar que o Modelo de Relação Pedagógica (RP) –

    (LEGENDRE, 2005) enquadra-se e privilegia a análise qualitativaou interpretativa, mas

    também a quantitativa na fase de investigação e na fase de tratamento dos dados. Pois,

    entendeu-se que ambas seriam as mais adequadas para perceber os processos e

    fenómenos inerentes à problemática desta investigação uma vez que se pretende não só

    mensurar, mas também interpretar problemas e realidades, procurando-se compreender

    a realidade, experienciada pelos sujeitos, o que pensam e como agem (seus valores,

    representações, crenças, opiniões, atitudes, hábitos).

    Existem quatro polos essenciais para o desenvolvimento de uma relação

    pedagógica:

    Sujeito (S) – O ser humano numa situação de aprendizagem;

    Objeto (O) – Os conteúdos e objetivos da aprendizagem;

  • 28

    Agente (A) – Os responsáveis pelo planeamento e avaliação do processo de

    ensino e da investigação;

    Meio (M) – O contexto em que se desenvolve todo o processo de

    Investigação-ação, isto é todo o ambiente educativo humano próximo

    (educadores, famílias).

    São polos que se inter-relacionam entre si. O Agente possui uma relação de ensino

    para com o sujeito através de uma relação de didática, resultando numa relação de

    aprendizagem entre o objeto e o sujeito que tem lugar num determinado meio.

    Para cada umas das avaliações estãodefinidas os objetivos e são colocadas 4

    grandes questões referentes aos momentos de execução, aos envolvidos no processo, às

    ações a desenvolver e aos instrumentos e metodologias a utilizar (quantitativas e

    qualitativas): Quando deve ser realizada? Quem investigaremos? Onde ocorrerá essa

    investigação? Como será a investigação processada? Quem será o agente da

    investigação?

    2.1.1. Participantes da investigação (SUJEITO)

    Grupo 51 crianças provenientes do ensino secundário com idades compreendidas

    entre os 15 e os 18 anos que se encontram matriculados em duas escolas de línguas, um

    centro de apoio escolar e uma escola profissional-locais onde tenho lecionado. Este

    grupo, de 51 alunos do ensino secundário, pareceu-me adequado para realização da

    investigação pretendida numa tentativa de compreensão do sistema educativo vigente,

    uma vez que frequentam várias escolares públicas.

    Os alunos chegam ao apoio escolar apresentando uma variedade de desafios que

    devo de solucionar ou atenuar como a desmotivação ocasionada pela disciplina

    (ambiente disciplinar), traduzindo-se numa não correspondência ao grau de dificuldade

    exigido, inadaptação aos métodos de ensino desenvolvidos pelo professor, timidez na

    exposição da sua oralidade (limitada) a língua inglesa, métodos de estudo deficientes e

    problemas de concentração visto estarem inseridos em turmas numerosas e ruidosas.

    Como verificamos, doponto de vistaglobal, as turmas de apoio revelam dificuldades

    acrescidas no domínio da respetiva língua, nomeadamente em termos de expressão

  • 29

    escrita com um desconhecimento das regras gramaticais, e uma grave limitação lexical

    devido a altos níveis de desmotivação. Objetivos têm de ser urgentemente traçados e

    medidas tomadas pois é o seu ano letivo que está em causa.

    Em suma, dificuldades relacionadas com as dinâmicas de grupo, a criatividade e os

    fatores motivacionais estão na origem do insucesso escolar, porém, introduzindo uma

    nova dinâmica de grupo com o objetivo de transformar as inércias de funcionamento,

    melhorar a coesão, equacionar e redefinir novas possibilidades fazendo a inclusão da

    arte e da afetividade terá de ser possível a obtenção de resultados visivelmente

    positivos.

    2.1.2. Contexto Escolar (MEIO)

    Esta investigação foi realizada, a 51 alunos do ensino secundário, de três

    instituições escolares privadas e uma escola profissional, a saber:

    CLIC- uma escola de línguas localizada na cidade da Marinha Grande;

    Inglês Funcional – uma escola de línguas localizada na cidade de Leiria;

    Xplica +- um centro de apoio escolar localizado na cidade de Leiria;

    Escola profissional Monsenhor António Galamba

    2.1.3. Objetivos de Aprendizagem (OBJETO)

    Os objetivos mínimos e gerais de natureza pedagógica e didática (do fórum

    linguístico), implementados pela escola oficial e por estas instituições privadas onde

    leciono poderão eventualmente sofrer algumas variações consoante o programa e as

    particularidades de cada turma. No entanto, requer-se que cada aluno obtenha uma

    aprovação final de acordo com a sua aprendizagem efetuada, devendo ter desenvolvido

    satisfatoriamente as quatro capacidades linguísticas (skills) intrínsecas às próprias

    línguas, a saber: writing, reading, listening e speaking. No entanto, como orientação

    global, pretende-se fomentar não apenas o domínio cognitivo, mas também o

    desenvolvimento motivacional através sobretudo da arte, refletindo-se esses

    desenvolvimentos nas principiais habilidades e capacidades maioritariamente do

    domínio sócio-afetivo: autoconfiança, criatividade, prazer, reflexão e auto-

    conhecimento.

  • 30

    O desenvolvimento das capacidades linguísticas envolve uma elevada prática

    lexical e gramatical com vista a obter um domínio da língua de forma a permitir-lhes

    uma interação relativamente consistente. Esta prática linguística envolve um esforço

    continuado que não deve restringir-se apenas ao contexto escolar (de sala de aula) mas

    proporcionar um envolvimento mais duradouro e extensivo. Pois, conforme referi não

    pretendo apenas um progresso cognitivo, mas também sócio - afetivo, de forma a

    poderem experienciar um desenvolvimento mais pleno e integral das suas capacidades e

    habilidades.

    O domínio cognitivo (aquilo que percecionamos do mundo exterior, o que

    interpretamos, compreendemos e damos significado, categorizando) tem extensão na

    memória auditiva, visual e a criatividade nasce desta experiência. Os sentimentos,

    emoções que estas experiências de perceção do meio ambiente externo carregam no ser

    humano e neste caso, no aluno por exemplo, podem ou não, ter uma carga afetiva

    carregada de significações estimuladas pela emoção e pelo impacto que tem na pessoa.

    Portanto, um conhecimento apoiado em elementos mais emocionados pode ter um

    impacto importante, uma vez que conhecer, aprender tem sempre uma carga afetiva,

    mais ou menos intensa.

    Na aprendizagem em sala de aula é simples, de certa forma. Gosta-se ou não do

    professor, gosta-se ou não da matéria, gosta-se ou não de aprender…a carga afetiva, a

    motivação, a atenção tem uma relação direta com a capacidade cognitiva. Portanto, a

    emoção está envolvida na aprendizagem e deve ser cultivada.

    Tendo em vista o cenário crítico já apresentado assim como os factos apurados, foi

    importante refletir sobre os caminhos pedagógicos e didáticos mais convenientes para

    resolver ou minimizar as dificuldades de aprendizagem acima diagnosticadas. Torna-se

    imperativo equacionar e rever metodologias pedagógicas e artísticas de forma criativa e

    apelativa procurando captar e estimular o interesse dos alunos para que possam atingir

    os resultados minimamente esperados. Refiro “resultados minimamente esperados” uma

    vez que cada aluno possui os seus próprios pontos fortes e menos fortes, nunca podendo

    esperar que todos atinjam resultados iguais ou semelhantes. O importante é que

    consigamos cativá-los de forma a que o processo de aprendizagem seja efetuado de

    forma espontânea para que possam oferecer-nos o melhor de si num grau superlativo.

  • 31

    Instituições de línguas, onde existe um programa mais flexível e com menor rigidez,

    onde as turmas são compostas por um número mais reduzido de alunos permite-nos

    introduzir novas metodologias, nomeadamente artísticas, com resultados positivos. A

    oralidade é um aspeto que priorizamos e, portanto, atividades didáticas e lúdicas que

    permitam o desenvolvimento deste objetivo são sempre bem-vindas.

    2.1.4. Perfil do Investigador (AGENTE)

    Na figura do investigador-participante deste estudo, várias são as dimensões que se

    cruzam ou interpelam. A particularidade da investigadora (eu) ser participante e agente

    da ação com potencialidades e vontades transformadoras dessa mesma ação produzirá

    atos reflexivos resultantes sempre em alguma subjetividade. A observação de um

    investigador nomeadamente na área da educação é maioritariamente sinónima de uma

    observação interpretativa. Registamos objetivamente o que está a acontecer, mas

    também examinamos o seu significado a fim de redirecionar a observação e aperfeiçoar

    ou fundamentar os significados que possam surgir.

    De facto, está investigação é um resultado de muitas vivências e reflexões enquanto

    pessoa, sobretudo enquanto aluna e professora. A educação escolar que obtive serviu de

    impulso necessário para repensar a postura que nós, educadores, professores,

    assumimos numa sala de aula onde seres humanos coabitam juntos numa existência que

    observamos e podemos alterar, completar.

    Apesar desta realidade que resolvi investigar já ter sido de alguma forma objeto de

    estudo, no respeitante à motivação e arte, acredito em poder contribuir com alguns

    dados interessantes neste meu estudo.

    Pretendo assim analisar vários pressupostos educativos específicos que se praticam

    no ambiente educativo de hoje e comprovar que a alteração do ensino baseado num

    conceito educativo sustentado pelas artes poderá igualmente contribuir para uma

    alteração da aprendizagem.

  • 32

    2.1.5. Técnicas De Instrumentos e Recolha De Dados

    A recolha de dados foi feita com base numa pesquisa de campo através da

    observação participante sendo utlizados:

    Diário de bordo ou diário de campo digital

    Um documento de escuta e reflexão, um auxiliar de memória relevantes para o

    estudo. A sua leitura revelou informações detalhadas e precisas sobre factos e

    evidências da realidade estudada. Permite-nos relembrar momentos, palavras,

    orientações que de outra formam se perderiam com o distanciamento.

    Registos fotográficos e videográficos e durante o concurso English Days

    Foram captados registos durante o concurso de leitura English Days que foram uma

    análise documental determinante para a recuperação do momento para imprimirmos

    outros significados de modo a traçarmos novos caminhos no percurso de prática

    educativa. A apropriação foi aplicada também na minha prática pedagógica através da

    contínua observação dos alunos em ação, durante a supervisão dos atos educativos que

    eu mesma efetuei na aplicação de instrumentos e técnicas de avaliação.

    Inquéritos escritos

    Foram fundamentais para percecionar as ideologias, expetativas e realidades dos

    alunos referente ao processo ensino- aprendizagem da língua inglesa. 51 alunos do

    ensino secundário que frequentam apoio escolar privado ou cursos de línguas em

    escolas privadas puderam dar o seu parecer relativamente às metodologias educativas

    aplicadas nas várias escolas pelos seus professores de língua inglesa, aquelas que

    consideram mais motivadoras e qualidade que consideram ser vitais para um bom

    professor.

    Entrevistas

    Foram conversas descontraídas onde se recolheram pareceres e opiniões dos pais

    sobre o contexto pedagógico a ser investigado. Para Carmo e Ferreira (1988), o

    inquérito por entrevista deve ser utilizado sempre que o investigador tem questões cuja

    resposta não se encontra na documentação disponível. Este aspeto enquadra-se no nosso

  • 33

    estudo, visto não nos ter sido de todo possível uma recolha completa e mais satisfatória

    a partir do visionamento de filmes, fotografias e registos escritos sobre o concurso.

    Estas entrevistas de alunos oferecem-nos um sentir, ou um pulsar mais concreto dos

    intervenientes: o tom da voz, as expressões faciais na retroação sentida no concurso e

    após algumas aulas. Além dos inquéritos, as entrevistas são uma técnica que nos

    possibilita outro olhar,