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O ensino artístico instrumental: um estudo de caso sobre o estado motivacional dos alunos de violino do 1º, 2ºe 5º graus de escolaridade Vasken Varujan Fermanian Orientador do trabalho de investigação Professora Especialista Maria Luísa Vila Cova Tender Barahona Corrêa Relatório de Estágio Profissional apresentado à Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco para o cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ensino da Música, realizada sob a orientação científica da Professora Especialista Maria Luísa Vila Cova Tender Barahona Corrêa Dezembro 2016

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O ensino artístico instrumental: um estudo de caso sobre o estado motivacional dos alunos de violino do 1º, 2ºe 5º graus de escolaridade

VaskenVarujanFermanian

Orientadordotrabalhodeinvestigação

ProfessoraEspecialistaMariaLuísaVilaCovaTenderBarahonaCorrêa

Relatório de Estágio Profissional apresentado à Escola Superior de Artes Aplicadas do InstitutoPolitécnicodeCasteloBrancoparaocumprimentodosrequisitosnecessáriosàobtençãodograudeMestreemEnsinodaMúsica,realizadasobaorientaçãocientíficadaProfessoraEspecialistaMariaLuísaVilaCovaTenderBarahonaCorrêa

Dezembro 2016

II

III

Composição do júri

Presidentedojúri

ProfessorDoutor,JoséFranciscoBastosDiasdePinho

Vogais

ProfessorEspecialista,PedroMiguelReixaLadeira

ProfessorAdjuntodoInstitutoPolitécnicodeCasteloBranco

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V

Agradecimentos

Agradeçoprimeiramenteaminhaesposapeloapoiodadoeaminhafamília.

Agradeçotambémaosmeusorientadores,professoresecoordenadoresdaEscolaSuperiordeArtesAplicadasdeCasteloBranco.

VI

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Resumo

Opresentetrabalhoacadémicodivide-seemduaspartes.Aprimeiraencontra-seorelatóriodeestágiosupervisionadoeasegundaparteconstitui-senainvestigaçãodotrabalho.OrelatóriorealizadonoâmbitodoMestradodeEnsinodeMúsicadaEscolaSuperior deArtesAplicadas do Instituto Politécnico de CasteloBranco apresenta orelatório de estágio supervisionado realizado no Centro Artístico da SociedadeFilarmónicaGualdimPais.Naprimeirapartedotrabalhoapresenta-seumadescriçãocríticadapráticapedagógicadodocentecomfoconotrabalhodesenvolvidocomumalunodeviolino(4ºgraudoEnsinoBásico)eumaclassedeconjuntodecordascomcincoalunos(2ºe4ºgraudoEnsinoBásico).Asegundapartedestina-seaumestudode caso sobre motivação para o ensino prático do violino. Aprender a tocar uminstrumentomusicalépornaturezaumatoquepensamosestar relacionadocomoprincípiofundamental“seoalunotoca,éporquegostadeestarcomoinstrumento”.Quandooalunonãotemvontadederealizaralgumatarefaproposta,pertenceaosensocomum relacionarmos esta falta de vontade com algum défice de motivação econsequentemente,poderelacionar-secomfatoresparticulares,estespertencentesacada um dos alunos, sejam estes fatores físicos, psicológicos ou sociológicos. Esteestudo é, portanto, um estudo de caso, no qual se pretende verificar quais fatorespromovemamotivaçãodosalunosparaaprática instrumental.Oobjetivoprincipaldestetrabalhoestáemprocurarcompreenderoníveldemotivaçãodestesalunos,parafuturamentebuscarmosmelhorarascondiçõesdeensino/aprendizageminstrumentalnaatividadedocentediária.

Palavras chave

Ensino,pedagogiamusical,motivação,aprendizagem,violino.

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IX

Abstract

Thepresentmaster thesis isdivided intotwoparts, the firstpartconsists in thesupervised internshipreportandthesecondpartconsists theresearchproject.TheinternshipreportinthescopeoftheMusicMasterofEducationattheEscolaSuperiordeArtesAplicadasdoInstitutoPolitécnicodeCasteloBrancopresentsthesupervisedinternshipreportheldattheCentroArtísticodaSociedadeGualdimPais.Inthefirstpart of this work presents a critical description of the pedagogical practice of theteacher, focusing on thework developedwith a violin student (4th grade of BasicEducation)andastringchambergroupwithfivestudents(2ndand4thgradeofBasicEducation).Thesecondpartisintendedtoacasestudyonmotivationforthepracticalviolinteaching.Learningtoplayamusicalinstrumentisbynatureanactthatisrelatedtothefundamentalprinciplethat“ifthestudentplays,itbecausehelikestostaywithhis instrument”.Whenthestudentdoesnot feel likedoingsomething, it iscommonsensetorelatethisunwillingnesstothelackofmotivationandconsequentlysuchamotivationdeficitcanberelatedtofactors,accordingtoeachstudent.Thesefactorsmaybeconsideredphysical,psychologicalorsociological.Thisstudy is, therefore,acasestudy,inwhichitistoverifywhichfactorspromotethestudentmotivationfortheviolinperformancepractice.Themainobjectiveof this researchproject is to try tounderstandtheleveloflearningmotivationofthesestudents,seekingtoimprovetheconditionsofteaching/learninginstrumentalinteachingactivity.

Keywords

education,musicpedagogy,motivation,learning,violin.

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Índice

Agradecimentos____________________________________________________________________________IVResumo____________________________________________________________________________________VAbstract_____________________________________________________________________________________VIListadeAbreviaturas______________________________________________________________________IXListadeTabelas_____________________________________________________________________________XListadeGráficos____________________________________________________________________________XIParteI-PráticadeEnsino1.1CaracterizaçãodaEscola_______________________________________________________________11.2CaracterizaçãodosAlunos_____________________________________________________________41.3PráticodoEnsinodeviolino___________________________________________________________51.4ReflexãocríticadaPráticadeEnsinoSupervisionada_______________________________7ParteII–ProjetodeInvestigação1.1 Introdução_______________________________________________________________________________81.2Metodologias____________________________________________________________________________101.3Questionário____________________________________________________________________________111.4Participantes____________________________________________________________________________121.5Procedimentos_________________________________________________________________________12CapítuloI–Estudodeinvestigação1.1.Umolharsobreamotivação_________________________________________________________131.2Opapeldafamílianoprocessodeensinoaprendizagem__________________________171.3Oprofessorenquantomotivador____________________________________________________181.4.Comoavaliaramotivaçãodosalunos________________________________________________19CapítuloII–Apresentaçãoeanálisedosdados______________________________________19ConsideraçõesFinais______________________________________________________________________27Bibliografia_________________________________________________________________________________29Anexos_____________________________________________________________________________________30

XII

XIII

Índice de figuras Fig.1-OrganogramadaSociedadeFilarmónicaGualdimPais__________________________3Fig.2–PirâmidedasNecessidadesdeMaslow__________________________________________14

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XV

Lista de Quadros

Quadro1–Idadeereflexãosobreapráticadoviolino

Quadro2–Análisedosalunos

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XVII

Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos

SFGP-SociedadeFilarmónicaGualdimPais

IPSS-InstituiçãoPortuguesadeSolidariedadeSocial

CFIS-CentrodeFormaçãodeInstrumentistasdeSo

O ensino artístico instrumental: um estudo de caso sobre o estado motivacional dos alunos de violino do 1º, 2ºe 5º graus de escolaridade

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Parte I

1.1 Caracterização da Escola

Sociedade Filarmónica Gualdim Pais

ASFGPéumainstituiçãofundadaem1877sediadanacidadedeTomar.Acidade

temumapopulaçãodecercade25000habitanteseésededeumconcelhocom11freguesiasperfazendoemtornode40000habitantes.Ainstituiçãotemcercade2500sócios,temestatutodeIPSSedeInstituiçãodeUtilidadePública.ASFGPorigina-sedeuma associação nascida dentro do movimento associativo popular, característicacentralqueaindahojemantém-se.

O Centro de Formação Artística da SFGP

OCentrodeFormaçãoArtísticadaSociedadeFilarmónicaGualdimPaistemasua

origemnasuacentenáriaBandaFilarmónica.Nasegundametadedadécadadeoitenta,houveumaprimeiraevoluçãonaestruturadessaescolaaosercriado,emparceriacomoMinistériodaCultura,oCentrodeFormaçãodeInstrumentistasdeSopro–CFIS–onde eram lecionadas aulas de Clarinete, Trompete, Piano e FormaçãoMusical pordocentescontratadospeloMinistériodaEducação.

Nadécadadenoventa,foiconcedidooalvarápeloMinistériodaEducaçãoparaofuncionamentodaEscolaVocacionaldeMúsica.

Nostermosdonº5doartigo28ºdoDecreto-Leinº553/80,de21denovembroedo Despacho nº 69/SEEI/96, de 22 de janeiro de 97, foi concedida por despacho,assinadopeloDiretordoDepartamentodoEnsinoSecundário,DomingosFernandes,de14deoutubrode1996,autorizaçãodefinitivadefuncionamento.Apartirdoanoletivo1996/1997,aoestabelecimentodeEnsinoParticulardoEnsinoEspecializadodaMúsica denominado de Centro de Formação Artística da Sociedade FilarmónicaGualdimPais.

Em 28 de Julho de 1996, o Centro ficou autorizado aministrar, em regimes deplanoseprogramasoficiais,aoabrigodaPortarianº294/84,de17demaio,oscursosbásicos de Clarinete, Flauta Transversal, Piano, Saxofone, Trombone, Trompa,Trompete,PercussãoeVioloncelo.

AGualdimPaisestabeleceuváriosprotocoloscomaCâmaraMunicipaldeTomarassumindo responsabilidades pedagógicas no funcionamento das Atividades deEnriquecimento Curricular em todas as suas vertentes nas escolas do 1º Ciclo do

Vasken Varujan Fermanian

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AgrupamentodeEscolasGualdimPaiseaáreademúsicanasEscolasdoAgrupamentoNunoÁlvaresPereiraqueenvolvemcercadetrintaescolasdo1ºciclo.

Deacordocomseuplanodeatividades,estatemcomoobjetivosnaáreademúsica:• DesenvolverogostopelaMúsica;�

• Proporcionarumaformaçãoteóricaqualificada;�

• ProporcionarodesenvolvimentodetrabalhocominstrumentosOrff;• Proporcionarocontatocomdiferentesinstrumentosparapermitirfuturas

opçõesnaáreadamúsica;�

• Proporcionar a integração em apresentações públicas do trabalhodesenvolvido,adequadasàsidadeseníveisdeconhecimentoadquirido.

Nasuavertentevocacionaltemcomobjetivos:• DesenvolverogostopelaMúsica;�

• Proporcionarumasólidaformaçãotécnicacomoinstrumentista;�

• Darcentralidadeàpráticadamúsicadeconjunto;�

• Proporcionarumaformaçãoteóricaqualificada;�

• Fomentar a criatividade;�Desenvolver a capacidade de autonomia doaluno;�

• Desenvolver o conhecimento e capacidade de execução de diferentesgénerosmusicais;�

• Proporcionar o contato com atividades profissionais interpretativas eteóricas.

Espaço físico

OCentrodeFormaçãoArtísticafuncionanasinstalaçõesdaSociedadeFilarmónicaGualdimPais,dispondode:

-15SalasdeMúsica;-2EstúdiosdeDança;-1Auditório;-1VestiárioMasculino;-2VestiáriosFeminino;-Espaçodeconvívioparaalunos;-1SaladeProfessores;-SecretariaeSaladeDireção;

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Estrutura orgânica

Órgãosescolaresdecarátercoletivo:a)ConselhoExecutivob)ConselhoPedagógicoc)ConselhodeTurma(daescoladeensinogeral)d)DepartamentodeGrupos

Figura 1 – Organograma da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais (Sociedade Filarmónica

Gualdim Pais, 2015)

Órgãosescolaresdecarácterindividual:a)PresidentedoConselhoExecutivo;b)DiretorPedagógicodosCursosdeMúsica;c)DiretordeTurma(professordaescoladeensinogeral);d)CoordenadordeDepartamento.

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1.2 Caracterização dos Alunos

Paraa realizaçãodesteestágio supervisionado, foramselecionadosumalunode

violinodo4ºgraueaClassedeConjuntodeCordas,queéconstituídaporcincoalunoscomescolaridadeentreo2ºeo4ºgrau.

Aluno 1

OAluno1iniciouosseusestudosdeviolinoaos7anosdeidade.Aparentementemostra-semotivadoeempenhadonarealizaçãodosobjetivospropostospeloprofessordeviolino.Duranteoano letivo,globalmente,observou-seumaprogressãononíveltécnico,cumprindocomsatisfaçãoosconteúdospropostosparaograuemquestão.

Peranteascompetênciasexigidas,oalunosempreteveêxitocomascompetênciasrelacionadas à postura corporal e noção entre seu corpo e o instrumento. Taiscompetências,muitoprovavelmentejáforamadquiridasemexperiênciaspassadasnocursodeiniciaçãonoviolino.

Apesardenãodemonstrarterohábitodoestudoindividual,emcomparaçãocomoutrosalunosdamesmaidade,oAlunoIsemprecumpriucomosobjetivosesperados.

Pormuitasdasvezes,conseguiasuperarcertasdificuldadesapenascomoreforçodoestudoindividualnavésperadasaudiçõesenasprovasdeviolino,atingindoassimosobjetivospropostospeladisciplina.

Duranteo1ºperíodooalunomostrava-sebastantedesinteressado,nuncatraziaparaasaladeaulaoconteúdoestudado.Massemprehouveumacertafacilidadenaabsorção da informação transmitida pelo professor durante os 45minutos da aulaindividual.Nofinaldo1ºperíodo,questionei-oacercadestafaltadeinteressedoalunoperanteosestudosindividuais,obtendoarespostadopróprioalunoqueoencarregadodeeducaçãomuitasvezeso impediadeestudarviolino, vistoqueo somdoviolinopoderiaviraincomodarosvizinhos.

Apartirdoocorrido,houveumcontacto comoencarregadodeeducação.Nestecontacto,paraalémdesalientaraimportânciadaaprendizagemdoviolino,entramosnumconsensodequeeraprecisoorganizardeformamaiseficazohoráriodestealuno.

Desde então, na segundametade do 2º período e ainda commais ênfase no 3ºperíodo,oAlunoIteveumgrandeavançoemtermosdoestudoindividual,tornando-semaisdedicado,comanoçãoderesponsabilidademaisapuradaeconscientedaquiloquehaviademelhorartecnicamenteacadasemana.

O ensino artístico instrumental: um estudo de caso sobre o estado motivacional dos alunos de violino do 1º, 2ºe 5º graus de escolaridade

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Classe de Conjunto

AClassedeConjuntoéconstituídaporcincoalunos,caracterizando-secomoum

quinteto de cordas (3 violinos, 1 violoncelo e 1 contrabaixo). Estes alunos têmescolaridadesdistintas,quevãodo2ºgrauatéo4ºgraudeescolaridade, todosemregimeArticulado.

Orepertórioabrangidonestadisciplinaébastantediversificado,semprebuscandoconhecerosgostosmusicaisdecadaalunoeporconsequênciadeixando-oscomumnívelconsideravelmentepositivodemotivação.

A grande problemática nesta disciplina é conjugar os diferentes anos econsequentementeosdiferentesníveistécnicosencontradosemcadaumdosalunos.

Decertaforma,estefatorinfluenciaonívelmotivacionaldosalunosdeviolinodo4ºgrauquenamaioriadasvezesocorreatendênciaparaadesmotivaçãopelofactodeteremdetocarpeçascomumníveltécnicomenosexigenteemproldosalunosmaisnovos.

Emcontrapartidaoconvíviodosalunosdo2ºe3ºgrauscomosalunosdo4ºgrauébastantepositivo,vistoqueosmaisnovostendemaseespelharnosmaisvelhos,quenestecontexto,taisalunossãoconsideradosboasreferênciasanívelcomportamental.

Noiníciodoanoletivoosalunosmostraram-sepoucointeressadosecomfaltadeempenhonarealizaçãodosobjetivospropostos.Porém,aoseinseriremnoâmbitodeumasériedeconcertospropostospelaescola,taisalunoscomeçaramamotivar-seecriarumaforteligaçãoentreeles,fomentandootrabalhoemequipa.

Prática e Ensino do Violino

Ametodologiaaplicadanaclassedeviolinoédirecionada/adaptadaacadanívelno

qualseencontramosalunos.Asaulassãoministradasapartirdanecessidadedecadaaluno,obedecendoaordemdeestudosvoltadosparaonívelemquestão.

OmétodoadotadoparaoensinodapráticainstrumentalconsisteemintercalarométodoSuzukideviolino,juntamentecomalgunsmétodoseescalasdeautoresdolesteeuropeu. O método Suzuki1 defende uma formação mais aberta, defendem que ascrianças têm um ritmo de aprendizagem e que devem ser estimuladas através deelogios,amor,atenção,umambientedebrincadeiraequasequelúdico.Oprincípiodométodoécentradonacriaçãodomesmoambienteparaaprendermúsicaqueacriançatemparaaprenderasualínguamaterna.Oobjetivoétentarenvolveroestudantecom

1Método Suzuki (Herman,1996).

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amúsicadamesmaformaqueeleseenvolvecomalinguagemquandoestáaaprenderafalar.

Ambosasescolasdeviolinosãodeterminantesparaapráticainstrumental,sendoaescoladoSuzukimaisvoltadaparaumaeducaçãoinstrumentalpreocupadacomasemoçõesedesenvolvimentodacriança(Herman,1996).Todososalunostêmacessoaos doismétodos de ensino. A intenção de intercalar estas duas escolas de ensinoinstrumental são de dar fundamentação técnica, indispensável a um bominstrumentista,mastambémintercalarcomummétodoondeacriançapossasentirprazeremtocar,prazeremestudarevivenciarasaulasdomelhormodopossível.

O professor é um mediador que através destes dois métodos tente criar umambientefavoráveledemotivaçãoparaqueestesalunospossamultrapassarpossíveisentravesasuaformação,equepossamgarantirasatisfaçãodosalunosaoestudaremviolino.

1.4 - Reflexão crítica da Prática de Ensino Supervisionada

APráticadeEnsinoSupervisionadaédeformaconcretaumafasedefundamental

importânciaparaapráticadoensinoeaprendizagem.Nodecorrerdomestradoemensinodamúsica,tivemosoacessoaumvastoconhecimentoteóricoquenospermitiudesenvolver em contexto supervisionado metodologias fundamentadas e apoiadaspeloprofessorsupervisoreoprofessorcooperante.

A prática do ensino instrumental torna-se, a partir daquilo que vivenciamos eaprendemosemsaladeaula,muitomaisampladeconhecimentoetécnicasespecíficasdeensinoquefavorecemotrabalhododocente,efacilitamaaprendizagemdosalunos.Demodogeral,foipermitidoampliaroconhecimentosobremetodologiasepráticasdeensino, proporcionando de forma fundamental um maior envolvimento entre oprofessoreoaluno.

Éatravésdestecontatoquesepossibilitoufundamentarmuitodoqueaprendemosnasteoriaseducativas,observandomuitosaspetosimportantesnaelaboraçãodeumaauladeviolinomaisvoltadaàsnecessidadesdosalunos.

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Parte II – Projeto de Investigação

Introdução

Atualmente, discute-semuito sobre o estadomotivacional em que os alunos se

encontramnosprocessosdeaprendizagem.Asociedade,atravésdassuasconstantestransformações, vem direcionando ao longo do tempo um debate em torno daproblemáticarelacionadaprincipalmentecomodesinteressedosalunosrelativamenteà aprendizagem no âmbito escolar. Bem mais do que discutir sobre o estadomotivacionaldosalunos,éimportanteanalisarmosopapeldecadaumnesteprocesso.Trêsvertentespodemserconsideradasnesteprocesso:oprofessorqueensina,oalunoque está em aprendizagem e a escola enquanto espaço do ensino prático e daaprendizagem.

Hoje,eacadadiaquesepassa,oprofessorémaissupervisionadoemsuasações.Anecessidadedeconhecimento,tantoteóricocomoprático,incidesobrearealidadedosprofissionais que a todo momento encontram-se praticamente obrigados a mudarconstantementeassuasaçõestendoemvistaatenderaestasnecessidades.Talefeitovemjustificar,naeducação,anecessidadedeestaratentosaestasmudanças,levandoaaçãodeperceberoquantoosprofissionaisligadosaoatoeducacionaldevemestaratentosfundamentalmenteaumaeducaçãoquevalorizeocrescimentodoindivíduoequelhesforneçammeiosdesedesenvolverdemodoprofissional,pessoalesocial.

Quanto à escola, segundo Pereira(2005), esta faz parte da regulação de umasociedadevinculadaàsnecessidadeseobediênciasdoestadoedapolítica.Aeducaçãoescolar traduz- se na pressão pela melhoria substancial do nível educacional daspopulações, ela reflete necessariamente a urgência de se satisfazer as pressões dodesenvolvimentomundial,económicoetecnológico,porindivíduosmaispreparadoseemconstanteatualização(Roldão,2003).

Enquantoaosalunos,estesvivenciamtodosestesprocessosondeacabamporseintegrarememconstantestransformaçõesquedealgummodoinfluenciamasuaformadeveredesecomportarnoâmbitodaeducaçãodoensinoedaaprendizagem.

Mesmo com tantas mudanças, como podemos verificar e quais os fatores quecausamtalfalta,ounãodemotivaçãodestesalunosnaaprendizagem?

Ressaltamosaquialgumasquestõesqueabremespaçoaesteestudo:

• Quaisascausasdamotivaçãoparaaaprendizagemdosalunos?

Vasken Varujan Fermanian

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• Como estes alunos veem o processo de aprendizagem enquanto atoresprincipaisnesteprocesso?

• Qualopapeldafamíliaenquantoresponsávelpelaeducaçãodosfilhos?

Demodogeral,esteestudotemporfinalidadecompreenderoestadomotivacional

dosalunosdeviolinonocontextoescolar.Asquestõesqueirãosertratadasdelimitam-se principalmente em compreender através dos relatos dos próprios alunos a suamotivaçãoparaaaprendizagem.Metodologias

Paraestainvestigaçãoutilizamoscomométododepesquisa,oestudodecaso.SegundoVentura(2007)oestudodecasotemváriasaplicações,“sendoapropriado

parapesquisadores individuais, poisdá a oportunidadeparaqueumaspetodeumproblemasejaestudadoemprofundidadedentrodeumperíododetempolimitado”(p.37).

Alémdisso,parece serapropriadoparaa investigaçãode fenómenosquandoháuma grande variedade de fatores e relacionamentos que podem ser diretamenteobservadosenãoexistemleisbásicasparadeterminarquaissãoimportantes(Ventura,2007).

Oestudodecaso,acaracterísticaquemelhoridentificaedistingueestaabordagemmetodológicaéofatodesetratardeumplanodeinvestigaçãoqueenvolveoestudointensivoedetalhadodeumaentidadebemdefinida.Aprimeiratarefadoinvestigadoré,definirfronteirasdo“seu”casodeformaclaraeprecisa.Éumcasosobre“algo”queháqueidentificarparaconferirfocoedireçãoàinvestigação.Temdehaversempreapreocupaçãodepreservarocarácter“único,específico,diferente,complexodocaso(Coutinho&Chaves,2002).

Umaluno,umprofessor,umaturma,umaescola,umprojetocurricular,apráticadeumprofessor,ocomportamentodeumaluno,umapolíticaeducativasãoapenasalgunsexemplosdevariáveiseducativasparaasquaisoestudodecasoéametodologiaquemelhor se aplica (Coutinho & Chaves, 2002). Por vezes, é mesmo a única. Éprecisamente por isso, por se tratar de uma metodologia que se adapta a muitassituaçõesnainvestigaçãoeducativaqueéquasesemprepossíveldeselevaracabo.

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Questionário

Porsetratardeumainvestigaçãoondearespostadosalunosseráumadasfontes

principaisdeinformação.Acreditamossernecessárioteremcontaquecadaalunotemumahistóriapessoalquedeveserconsideradarelevanteaesteestudo.Umavezquedaexperiênciavividaporcadaumnoambientedeensino,enquantoalunos,nascemasmaisvariadasinterpretaçõesdoquecadaumcompreendeserimportanteounãoemrelaçãoamotivação.Trata-sedereconhecerqueesteestudotemporbasefundamentala valorização da perspectiva dos alunos sobre a motivação para aprendizagem doviolino.

Para isto, optou-se em trabalhar com as seguintesmetodologias: o questionáriocomperguntasabertasefechadas.Acreditamosnaimportânciadedarvozaosalunos,demaneiraaberta,paraqueestespossamexporasuavisãosobreoqueconsideramrelevante.A construçãodo conhecimentoapartirdasvozesdos sujeitos emaçãoeinvestigação, a narração a partir da voz ativa dos alunos confere aos mesmos acapacidadedeentenderemosentidodosatosfeitosouaindaporfazer;osnarradoresconstroem um discurso onde percebem a interação entre o contexto profissional-pessoalnainfluênciadaaprendizagem.Optamosportrabalharcomescalasquemedematitudeseopiniões,omodelodeescaladeLikert.2

Umquestionárioconsisteemcoletardadosúteisparaposteriormenteverificarmosse atingimos os objetivos (Goode & Hatt, 1972). Com isto, sistematizamos oquestionárioparaquepudessenãosomenteseranalisadodeumamaneiraqualitativa.Divididoemduasseções,oquestionáriotemnestaprimeiraparteperguntasabertas.Nasegundaparte,apresenta-seperguntasvoltadasparaamediçãodamotivaçãodosalunos.ForamutilizadasperguntasdoAcademicSelf-RegulationQuestionnaire (SRQ-A)3traduzidasparaportuguêsporSantandreu(2014).

Participantes

Participaram deste estudo 6 alunos de violino que no presente ano letivo2016/2017frequentaramentreo1ºeo5ºgraudeescolaridade.

TodososalunosestãomatriculadosnoCentrodeFormaçãoArtísticadaSociedadeFilarmónicaGualdimPais.

2 A escala Likert ou escala de Likert é um tipo de escala de resposta psicométrica usada habitualmente em questionários, e é a escala mais usada em pesquisas de opinião. Ao responderem a um questionário baseado nesta escala, os perguntados especificam seu nível de concordância com uma afirmação. 3Academic Self-Regulation Questionnaire (SRQ-A) - http://selfdeterminationtheory.org/self-regulation-questionnaires/

Vasken Varujan Fermanian

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Procedimentos

Emdezembrode2015demosinícioàleiturabibliográficaeescritadaparteteóricado trabalho e da adaptação do questionário. No período de janeiro a setembrocontinuámos com a escrita do trabalho, e fizemos o pedido de autorização paraaplicaçãodoquestionárionaSFGP.Nomêsdenovembro,aplicamosoquestionárionaescola,enestemesmomêsfizemosanáliseeinterpretaçãodosdadoscolhidos.

Capítulo III - Enquadramento Teórico

Um olhar sobre a motivação

Nas constantes transformações que ocorrem dentro da sociedade em todos os

setores, é ainda, na educação, a constante preocupação com as aprendizagens dosalunos em contexto escolar. Torna-se um desafio para quem ensina, coordenar apráticadetentaradministrarconteúdosquefavoreçamoensinodequalidadeequecrieumambienteestimuladorparaoeducando.Énestecomplexoambiente,dapráticadoensino,queseverificamoestadomotivacionaldosalunosparaaaprendizagem.

Oestadomotivacional,aprincípioéalgoquenosremeteaalgoindividualequenoslevaàiniciativaounão,paraalgoquesepretende.Estaé,portanto,umavisãomaissimplistaedesensocomumquepodemosconcluirinicialmente.Muitosdosproblemasenfrentados por alunos em contexto de ensino estão relacionados ao estadomotivacional, e vários são os sintomas que se podem observar na qualidade dasaprendizagensapreendidasporestesalunos.

Segundo Boruchovitch (2006), duas linhas de orientações motivacionais são asexistentes,aintrínsecaeaextrínseca.Aintrínsecatemavercomamotivaçãoquepartedo indivíduoparaumaatividadeporvontadeprópria.Aextrínsecaestárelacionadacomaatividaderealizadaondese têmalgumtipoderecompensaexterna,ouaindaparaademonstraçãodassuasprópriashabilidades.

Amotivaçãointrínsecadeterminaoquantooalunosepredispõearealizaralgoporvontadee interessepróprio. Istotemavercomfatoresqueestãorelacionadoscomaspetos psicológicos, físicos e sociais que estes alunos determinam como sendofundamental para o interesse em realizar algo. Nem sempre este aluno espera quefatores externos, como por exemplo, um estímulo do professor, seja um fatorfundamentalparaqueestetenhaumaposturadiferente.

Namotivaçãoextrínseca,aorigemdaaçãoestárelacionadaafatoresestimulantes,comoporexemploalgumtipoderecompensaporumaboaatitude,ouaindaporpuraesimplesvontadededemonstrarhabilidades.

O ensino artístico instrumental: um estudo de caso sobre o estado motivacional dos alunos de violino do 1º, 2ºe 5º graus de escolaridade

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Outra importante contribuição no campo dos estudos referentes ao estadomotivacionaldosalunos,éateoriadaatribuiçãodecausalidadedeWeiner(1985)(inMaslow, 2000). Esta teoria é integrada por três vertentes, a cognitiva, afetiva ecomportamental. Para Weiner, o sucesso/insucesso educativo dos educandos estárelacionadoatrêsdimensõesespecíficas.Aprimeiradizrespeitoaoslócus,ouseja,acausainternaouexternaqueépresenteemcadapessoa.Estaéindividualeespecíficaacadaum.Asegundarefere-seaocontrole.Estárelacionadoaograudecontrolequeoindivíduotem,sobreumacausaousituação.Aterceira,éaestabilidade,ondeestáassociadaacausaousituaçãoserpassívelounãodemudanças.

SegundoateoriadefendidaporMaslow,2000(apudHerseyeBlanchard,1989),amotivação vem do comportamento individual, e esta é reflexo resultante dasnecessidadespsicológica,biológicaesocial.

A pirâmide das necessidades engloba fundamentalmente os aspetos que são

essencialmentefundamentais,asatisfaçãototaldeumindivíduo.Seumalunoestáemcompletobem-estar,ouseja,temassuasnecessidadesfundamentaisasseguradas,esteestará motivado. À medida que cada necessidade, do nível de cada uma parte dapirâmideéalcançada,amotivaçãopassaafocar-seemoutrasnecessidades.Nabasetemos as necessidades fisiológicas, ou seja, estas são as fundamentais como porexemplo,saúdeealimentação.Nosegundonívelestáasegurança.Esteníveltemavercomomedodeperder asnecessidadesbásicasdoprimeironível.A insegurança, omedo de acontecimentos futuros. Passados os dois níveis, vem o nível social. Aaceitaçãosocialpelosindivíduosfazcomqueestessetornemmotivadosesesintammaisconfiantesemsipróprios.Porfim,aautorealização.Estarefere-seaconquistafinal de aspetos peculiares ao indivíduo: ser umbommúsico e dar omelhor de si.

Figura 2– Pirâmide das Necessidades de Maslow (2000)

Vasken Varujan Fermanian

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Quandosetemumjovemondetodasestasnecessidadessãoatendidas,háumamaiortendênciaqueestasedesenvolverádeformamaispositiva.

Masporqualmotivoouquaismotivosestesalunosseencontramcomoseuestado

motivacionalalterado?Muitassãoasreclamaçõesqueprofessoresecoordenadorestêmfeitoporfaltade

motivaçãodosalunosedoconsequentebaixorendimentoacadémico.Fatorescomobaixoesforçoescolar, faltadeatençãonasatividadespropostaseodistanciamento.Segundo Boruchovitch (2006) muito desses fatores estão relacionados a questõesmotivacionais, mas que nem sempre podemos reduzir todos estes como sendounicamenteproblemademotivação.Muitasvezesoaspetomotivacionalémascarado.Nem sempre alunos com rendimento satisfatório são alunosmotivados, aomesmotempoquealunoscommaurendimentopodemterumaltoníveldemotivação,masenfrentamoutrasdificuldadesqueacabamporafetarorendimentoescolar.

Estes fatores externos que afetam o rendimento escolar acabam por mascararmuitas vezes os problemas relacionados ao estadomotivacional dos alunos. Certoscomportamentos acabampor dificultar o reconhecimento pelo professor de que osalunostêmproblemasmotivacionais.

Outrateoria,queédefendidaporRoesereGalloway(2002),referequeaquedadamotivaçãodosalunosestárelacionadacomasuamaturação,apuberdade.O jovempassaaadquiriranecessidadedeolharmaisparasi,eparaasrelaçõessociaisqueestepassaainteragir.Asatençõesvoltam-separaoutrasatividadeseestasatividadesestãodirecionadas para aspetos pessoais a cada estudante. Estes alunos ao entrarem naadolescênciapassamasermaisquestionadores,ouseja,tornam-semaiscríticossobreométododeensino,professores,oconteúdoensinado.

Detectarproblemasdemotivaçãodosalunosnemsempreéfácil.Oprofessoréoresponsávelpeloensinoquedemodogeralsegueumalinhadeorientaçãoigualparatodososalunos,tirandoapenasalgunsaspetos,comoidadeeníveldeescolaridadenoqualosalunostêm.Perceberalteraçõesnorendimentoacadémicodoalunoé,portanto,um fator que acaba por alterar omodo como estes professores passam a ensinar.SegundoTollefson(2000),aformadeensinardoprofessorpodesemodificarcomvista(Tollefson,2000)aidentificarpossíveisproblemasdemotivação.

O ambiente escolar é outro fator que causa alterações nos alunos. ConformeBzuneck (2009) a assiduidade émuito importante, os conteúdos são normalmenteselecionadospreviamenteparacadaaluno,apartirdoseuníveldeensino.Énecessárioqueoalunotenhaumaatitudeparaestudarerealizaratividades,oquenemsempreacontece,eporfim,estessabemqueprecisarãoatingirumníveldeestudosparaquepossamtirarboasnotasaofinaldecadaciclodeensino.Primeiramente,osconteúdosnem sempre serão passíveis de agradarem a todos os alunos. Ensinar um mesmo

O ensino artístico instrumental: um estudo de caso sobre o estado motivacional dos alunos de violino do 1º, 2ºe 5º graus de escolaridade

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estudoparadoisalunosdomesmonívelnemsempreserábemaceiteporelesdevidoainúmerosfatorescomo,pré-disposiçãoaaprender,impaciênciaporseralgoquenãolheagradeouaindaaformacomooprofessorensina.Ooutrofatorestárelacionadocomarealizaçãodeatividades.Muitasvezesosalunossãoencorajadosarealizarempequenas atividades em casa, pois estas fazem parte do processo de ensinoaprendizagem,masestesalunosnãosãocapazesdeofazerem.Aobrigatoriedadedeestudarédecertaformaumfatornão-motivacionalparaosalunos.Terquetirarboasnotaséumaformadepressãosobreestesalunos.

SegundoSergiovanni(1978)estepropõequatronecessidadesbásicasquetodosasorganizações, como sistemas sociais, devembuscar satisfazer enquanto instituiçõessociais:

Adaptação ao ambiente organizacional: as escolas devem ser receptivas as

necessidadesdemudançadasociedade,inovaçãoprofissionalnatecnologiaenoensino.Consecuçãodosobjetivosorganizacionais:oaproveitamentodosalunos,acidadania,aauto- realização dos alunos, os índices favoráveis de evasão escolar. Integração dassubunidadesaosistemaorganizacionalmaisamplo:coordenaçãocurriculardentrodeumaescolaeentreasescolasquecompõemosistemaescolar.(p.31–32)

Osucessodasatividadesdesempenhadasnaescola,juntoaosalunos,será,portanto,

determinadafundamentalmentepelascompetênciasdesempenhadasafavordobem-estardestesalunos.

O papel da família no processo de ensino aprendizagem

A família é por natura os primeiros lócus onde o processo de aprendizagem é

realizado,ouseja,osprimeiroscontatossociais,asprimeirasexperiênciaseducativas.As atitudes logo desde cedo são formadas sob a influência da família, pois é nestecontextoondesearticulamtodooconhecimentoenquantosersocialesocializantedecadaindivíduo.

Dentrodeste contexto familiar, observa-se que esta estrutura social, a família, éfundamentalnodesenvolvimentodeváriosaspetos.ConformeMachado:

A influência que a vida familiar exerce sobre as crianças não se

restringe apenas a lhe oferecer modelos de comportamento, mas também nodesenvolvimentomoraldacriança.Oestilo familiar,ospadrõesdepunição,o sistemadecrença,osvalores,aformacomoestãoestruturadaseomodocomoascriançassão

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tratadas são elementos que tem impactos importantes no desenvolvimento dashabilidadessociais(2015,s/p).

Oafeto,outroaspectoimportante,queestespaistêmcomseusfilhosiráinfluenciardiretamentesobreocomportamentoqueacriançatememrelaçãoàsuaformadeser,ou seja, sem afeto não haveria interesse, nem necessidade,nemmotivaçãoeconsequentementeperguntasouproblemasnuncaseriamcolocados (Machado, 2015). As figuras parentais também possuem um papelimportante no processo de outro aspecto no desenvolvimento, que é aautonomia. SegundoCoria-Sabini“seelesencorajaremasiniciativasdacriança,dãotarefas que não excedam as capacidades da criança, se forem coerentes em suasexigênciaseaceitaremosfracassos,estarãocontribuindoparaoaparecimentodosentimento de autoconfiança e auto estima, e por consequência estimulando aautonomiadestascrianças”(1998,p.65)

Portanto,aparticipaçãodafamílianosprocessosqueenvolvemodesenvolvimentodascriançasénecessariamentefundamentalnaarticulaçãodeatitudesfundamentaisàsuasocializaçãoeaoseuautoconhecimento.Todosestesestímulos,verificadosnoâmbitodocontexto familiar irá reforçar capacidadesnecessáriasaosprocessosqueenvolvem a articulação destas crianças nos processos que envolvem o ensino e aaprendizagem.

O professor enquanto motivador

Umdosgrandesdesafiosenfrentadopormuitosprofessoresestáemproporcionar

umambientedeensino/aprendizagemnumespaçodeacolhimentoebem-estarparaestesalunos, tentandoreconheceramelhorformaparaqueestespossamprogredir(Machado, 2015) ir em qualidade nos níveis de ensino, e para que estes passem asuperarpossíveisdificuldadeseaprenderemagostardoambientedeestudos.

Estarmotivadoparaaaprendizageméextremamenteimportanteparaoníveldequalidade que os alunos possam alcançar neste processo. Quando se trabalha comalunosquepossuembaixamotivação,oumesmonenhuma,osreflexosdissosãologoapresentados de diferentes formas: baixo rendimento nas atividades propostas,desatenção, exclusão em sala de aula, desinteresse nas disciplinas (Bzuneck, 2009;Boruchovitch,2006).Ascaracterísticasdapersonalidadedecadaalunocomotambémosaspetospsicológicossãofatoresqueseintegramnosprocessosmotivacionaisdestesalunos. Perceber certas atitudes e tentar alterar o modo como o ensino pode serrepassadoéummeioimportantedesebuscarummelhorrendimentodosalunoseamotivaçãoparaaaprendizagem.

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Nasváriasfasesdodesenvolvimentodosjovens,háumatendênciadereconhecercertas características que consideram fundamentais para que o seu estadomotivacional esteja voltado para a aprendizagem. Os jovens buscam experiênciasdiferenciadas, desafios, socializações comoutros jovens, autonomia, independência.Quandoestesjovensestãoemumambientedeensinoondetaiscaracterísticasnãosãominimamenteiguaisaqueestesdesejamter,estespassamasedesestimularporestemeio.

Muito dosmétodos de ensino que professores adotam como práticas para seusalunos não levam em consideração tais características fundamentais que estãopresentesnamaiorpartedos jovens.Atémesmoaprópriaescola,emmuitoscasos,aparecedesarticuladacomoqueestesjovensqueremeprecisamterapartirdoseudesenvolvimentopessoal.

Éprincipalmentedoprofessorodesafiodeencontrarsaídaspossíveisparaqueosalunosconsigamarticularassuasnecessidadespessoaiscomumapráticadeensinoquevalorizetaisaspetos.Portanto,oprofessordevesercapazdeproporatividadesdirecionadasparaoensinoeparaaaprendizagem,masqueestaspossampropiciarumaparticipaçãomotivadaaosalunosemtodasasatividadespropostas.

Como avaliar a motivação dos alunos

Fatores que determinam o estado motivacional dos alunos podem estar

relacionadosadiversascaracterísticasquenoslevamaumaavaliaçãoincoerente.Umbomalunopodeestardesmotivadoenquantoqueummaualunoseránormalmenterelacionadoaumcontextodedesmotivação.

SegundoMurray(1986)épossívelmediroestadodemotivaçãodosalunosatravésdedoismétodos:verificandoascondiçõesexternasqueimpulsionamasaçõesdestesalunos, e a outra forma seriamedir aspetos comportamentaisdos alunosque têeminfluêncianasuamotivação.

Aobservaçãodiretadestesalunosétambémummétododeverificaçãoquebuscaanalisaro comportamentodeumaluno.Estar emcontatodireto comperguntasoutarefas e observá-lo como este se porta nessa situação, é possível verificar aspetoscomportamentaisdestesalunos.

Outrométododeavaliaçãodosalunoséo julgamentopelosoutros(Chiu,1887).Nestemétodooalunopassaporumaavaliaçãodassuasações.Normalmentesãoosprofessores,por teremmais tempopróximosdosalunos,querealizamestemétodoavaliativo.Atravésdestaavaliação,oprofessorpoderáobservardiferentesaçõesquepossamestarrelacionadacomamotivaçãodestesalunos.

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Apresentação e Análise dos Dados Recolhidos

Paraesteestudofoirealizadaaaplicaçãodoquestionárioaseisalunosondeforam

analisadososdadosobtidosrelativamenteàperspectivadecadaumsobreoque,demodogeral,poderáserasuavisãosobreamotivaçãonoâmbitodaaprendizagemdoviolino.

Naprimeiraparte, foramapresentadas cincoquestões abertas sendoaprimeirapergunta relacionada com a sua idade, e as restantes relacionadas com a práticainstrumental.

Quadro 1 – Idade e reflexão sobre a prática do violino

Relativamenteàidadecompreendidadestesalunos,éválidosalientarqueapesar

da diferença de idade entre ambos os alunos, a qualidade das respostas está

Idade Entreos9e14anosVocêgostadeestudarmúsica? Referências citadas pelos alunos:

“gostomuito,porqueamoviolino,tenhopaixão pela música, porque faz feliz,porquequeroaprenderuminstrumento”

Porquevocêestudaviolino? Referências citadas pelos alunos:“gostodoinstrumento,sombonito,eraoque sabia melhor, porque gosto deaprender”

Porquevocêdeveestudarviolinoemsuacasa?

Referências citadas pelos alunos:“parasermosbons,paratirarboasnotase realizar meu sonho, estudar para terbom rendimento na aula com oprofessor, porque ajuda como umreforço do que aprendemos em sala deaula,paraoprofessorficarcontente”.

Existealgoquetepossaincomodarnoestudodoviolino?

Referências citadas pelos alunos:“incomoda o barulho dos outrosinstrumentos e dos telemóveis, é umbocado aborrecido estudar na escola,nadame incomoda, não tenho nenhumincômodopoismeuspaismeajudam”

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configurada de uma forma bastante igualitária. Não se observou diferençasconsideráveisem termosdepensamentosnoque se refereàsperguntasque forampropostasaestesalunos.

Diantedasquatroperguntaspropostas,observamosopiniõesvariadasepormuitasvezesiguais.Quantoàprimeirapergunta,ficabastanteclaraaintençãodestesalunos.Estesdemonstramgrandeinteressepelamúsicapoisemresumo,gostamdamúsicaeachamqueelaosfazfelizes.Damesmaforma,quandoquestionadossobreoporquêestudarviolino,estesdemonstramogostopelo instrumentoegrandesatisfaçãoemaprenderuminstrumento.

Referente a terceira pergunta, sobre o porque devem estudar violino em casa,verificou-se entre estes alunos um maior nível de respostas relacionadas aosrendimentosqueosestudospodembeneficiar:

“Parasermosbons,paratirarboasnotaserealizarmeusonho,estudarparater

bom rendimento na aula com o professor, porque ajuda como um reforço do queaprendemosemsaladeaula,paraoprofessorficarcontente”. (P.2doquestionárioaplicado)

Muito deste pensamento vai ao encontro da ideia apresentada por Cavenaghi&

Bzuneck,ondeojovemqueacreditanassuascapacidadeseassumeresponsabilidadepelasuaprópriaaprendizagemeresultados,eletemmaiorprobabilidadedepersistirnatarefaeviratersucessoacadémicopoisestassentem-seemgrandesatisfaçãoaoterembonsrendimentosescolares(2009).Orendimentoescolarnãosedefineapenasemterboasnotas,mastambémsecaracteriza,comoverificadoatravésdasrespostasdestesalunosaofalaremem“terbomrendimentonaaula,ouparaoprofessorficarcontente”queéimportanteparaelesoutrosaspetosquenãosejamsomenteumnívelbomaofinaldecadaperíodo.

Quanto a última questão apresentada, que incómodos estes alunos podemencontrar no estudodo violino, as respostas foramvariadas. Quanto ao espaçodaescola, estes alunos demonstram incómodos peculiares, como citado por estes obarulhodos telemóveis edosoutros instrumentos.Nãodeixade ser relevante estaperspectiva,poisemrelaçãoaoâmbitoescolar,numaescoladeensinomusical,nãosetorna incoerente estarmos em contato com o ruído de outros instrumentos, mastambém é relevante considerar que nem sempre se torna confortável a prática doinstrumentodentrodaescolaseexistemumconsiderávelnúmerodeinstrumentosemum local que não atenda às necessidades de todos os alunos. Conforme Bzuneck(2009),aspessoaspodemperderamotivaçãoquandoasnecessidadesbásicasnãosãosatisfeitas.Otelemóvel,quetambémfoicitadoporestesalunos,pareceserhojeumdosgrandes problemas dos educadores, e isto não só é perceptível por aqueles queensinam,mastambémporaquelesqueestãoemaprendizagem.Taisaspetoscitados

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por estes alunos podem representar fatores que podem desmotivar estes alunos àpráticadoviolino.

Osrestantesalunosinquiridosnãodemonstraramnenhumtipodeincómodosaoestudodoviolino.

Visão dos alunos sobre a prática do violino

Comintuitodeobservarmosaperspectivadecadaaluno,sobreoquepensamsercoerentesrelativamenteàpráticadoviolino,demonstraremosapercepçãodecadaum.

Quadro 2 – Análise dos alunos

AlunoA

AspetosPositivos/Negativos

AlunoB

AspetosPositivos/Negativos

Porqueéqueeuestudoo meu instrumento emcasa?

Falso ou Totalmentefalso – por ser o quedeveria fazer, porque vaiter problemas se não ofizer.

Verdadeiro outotalmente verdadeiro –porque é importante,porque gosto, porquequero evoluir, porque sesentemalsenãoofizer.

Falso ou Totalmentefalso: porque vai terproblemassenãoofizer.

Verdadeiro outotalmente verdadeiro:porque gosto, porquequero evoluir, porque éimportante, porque sesentemalsenãoofizer

Porque é que eu meesforço na aula deinstrumento?

Verdadeiro eTotalmente verdadeiro: édivertido, porque gosto,porque quero aprendercoisasnovas.

Falso: para osprofessores não sezangarem, por vergonhade mim mesmo se nãoestiverpreparado,porqueéregra.

Verdadeiro eTotalmente verdadeiro: édivertido, porque gosto,porque quero aprendercoisasnovas.

Falso: para osprofessores não sezangarem, por vergonhade mim mesmo se nãoestiverpreparado,porqueéregra.

Porque eu tentoresponder a perguntas

Verdadeiro ouTotalmente verdadeiro:

Verdadeiro ouTotalmente verdadeiro:

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difíceis na aula deformaçãomusical?

porque isso é o que eudeveria fazer, para saberseestoucertoouerrado.

Falso ou Totalmentefalso: para os outrosalunos pensaram que souinteligente, porque sintovergonha demimmesmoquandonãotento,porquegosto de responderperguntasdifíceis,porquequeroqueoprofessordigacoisasboassobremim.

porque isso é o que eudeveria fazer, para saberseestoucertoouerrado.

Falso ou Totalmentefalso: para os outrosalunos pensaram que souinteligente, porque sintovergonha demimmesmoquandonãotento,porquegosto de responderperguntasdifíceis,porquequeroqueoprofessordigacoisasboassobremim.

Porque é que eu tentoter um bom desempenhonoconservatório?

Verdadeiro ouTotalmente Verdadeiro:porque eu gosto de fazerbem meu trabalho noconservatório, porque éimportante para mimtentar desempenhar bemasminhastarefas.

Falso ou Totalmentefalso: porque vou receberuma recompensa se asfizer bem, porque assimmeusprofessorespensamquesoubomaluno

Verdadeiro ouTotalmente Verdadeiro:porqueéoqueeudeveriafazer, porque eu gosto defazerbemmeutrabalhonoconservatório, porque éimportante para mimtentar desempenhar bemasminhas tarefas,porquevou me sentir orgulhososefizerbem.

Falso ou Totalmentefalso: porque vou receberuma recompensa se asfizer bem, porque assimmeusprofessorespensamque sou bom aluno,porquevouterproblemassenãoosfizerbem.

AlunoC

AspetosPositivos/Negativos

AlunoD

AspetosPositivos/Negativos

Porqueéqueeuestudomeuinstrumentoemcasa?

Verdadeiro outotalmente verdadeiro:porque gosto, porquequero evoluir, porque é

Falso ou Totalmentefalso: porque vai terproblemassenãoofizer.

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importante, porque sesentemalsenãoofizer

Verdadeiro outotalmente verdadeiro:porque gosto, porquequero evoluir, porque éimportante, porque sesentemalsenãoofizer

Porque é que eu meesforço na aula deinstrumento?

Verdadeiro eTotalmente verdadeiro: édivertido,porquegosto.

Falso: para osprofessores não sezangarem, por vergonhade mim mesmo se nãoestiverpreparado,porqueéregra.

Verdadeiro eTotalmente verdadeiro:porque quero aprendercoisasnovas.

Falso: para osprofessores não sezangarem,porqueéregra.

Porque eu tentoresponder a perguntasdifíceis na aula deformaçãomusical?

Verdadeiro ouTotalmente verdadeiro:para saber se estou certoouerrado.

Falso ou Totalmentefalso: para os outrosalunos pensaram que souinteligente, porque sintovergonha demimmesmoquandonãotento,porquegosto de responderperguntasdifíceis,porquequeroqueoprofessordigacoisasboassobremim.

Verdadeiro ouTotalmente verdadeiro:porque isso é o que eudeveria fazer, para saberseestoucertoouerrado.

Falso ou Totalmentefalso: porque sintovergonha demimmesmoquandonãotento,porquegosto de responderperguntasdifíceis,porquequeroqueoprofessordigacoisasboassobremim.

Porque é que eu tentoter um bom desempenhonoconservatório?

Verdadeiro ouTotalmente Verdadeiro:porqueéoqueeudeveriafazer,porqueéimportantepara mim tentardesempenhar bem asminhas tarefas, porquevou me sentir orgulhososefizerbem.

Falso ou Totalmentefalso: porque vou receber

Verdadeiro ouTotalmente Verdadeiro:porque eu gosto de fazerbem meu trabalho noconservatório, porque éimportante para mimtentar desempenhar bemasminhas tarefas,porquevou me sentir orgulhososefizerbem.

O ensino artístico instrumental: um estudo de caso sobre o estado motivacional dos alunos de violino do 1º, 2ºe 5º graus de escolaridade

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uma recompensa se asfizer bem, porque assimmeusprofessorespensamque sou bom aluno,porquevouterproblemassenãoosfizerbem.

Falso ou Totalmentefalso: porque vou receberuma recompensa se asfizer bem, porque assimmeusprofessorespensamque sou bom aluno,porquevouterproblemassenãoosfizerbem.

AlunoE

AspetosPositivos/Negativos

AlunoF

AspetosPositivos/Negativos

Porqueéqueeuestudoo meu instrumento emcasa?

Falso ou Totalmentefalso: porque vai terproblemassenãoofizer.

Verdadeiro outotalmente verdadeiro:porque gosto, porquequero evoluir, porque éimportante, porque sesentemalsenãoofizer

Verdadeiro outotalmente verdadeiro:porque gosto, porquequero evoluir, porque éimportante, porque sesentemalsenãoofizer

Porque é que eu meesforço na aula deinstrumento?

Verdadeiro eTotalmente verdadeiro: édivertido, porque gosto,porque quero aprendercoisasnovas.

Falso: para osprofessores não sezangarem, por vergonhade mim mesmo se nãoestiverpreparado.

Verdadeiro eTotalmente verdadeiro:porque gosto, porquequero aprender coisasnovas.

Falso: para osprofessores não sezangarem, por vergonhade mim mesmo se nãoestiverpreparado,porqueéregra.

Porque eu tentoresponder a perguntasdifíceis na aula deformaçãomusical?

Verdadeiro ouTotalmente verdadeiro:porque isso é o que eudeveria fazer, para saberseestoucertoouerrado.

Falso ou Totalmentefalso: para os outros

Verdadeiro ouTotalmente verdadeiro:porque isso é o que eudeveriafazer

Falso ou Totalmentefalso: porque sintovergonha demimmesmo

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alunos pensaram que souinteligente, porque sintovergonha demimmesmoquandonãotento,porquegosto de responderperguntasdifíceis,porquequeroqueoprofessordigacoisasboassobremim.

quandonãotento,porquegosto de responderperguntasdifíceis,porquequeroqueoprofessordigacoisasboassobremim.

Porque é que eu tentoter um bom desempenhonoconservatório?

Verdadeiro ouTotalmente Verdadeiro:porqueéoqueeudeveriafazer, porque eu gosto defazerbemmeutrabalhonoconservatório, porque éimportante para mimtentar desempenhar bemasminhas tarefas,porquevou me sentir orgulhososefizerbem.

Falso ou Totalmentefalso: porque vou receberuma recompensa se asfizer bem, porque assimmeusprofessorespensamque sou bom aluno,porquevouterproblemassenãoosfizerbem.

Verdadeiro ouTotalmente Verdadeiro:gosto de fazer bem meutrabalhonoconservatório,porqueé importanteparamim tentar desempenharbem as minhas tarefas,porque vou me sentirorgulhososefizerbem.

Falso ou Totalmentefalso: porque vou receberuma recompensa se asfizer bem, porque assimmeusprofessorespensamquesoubomaluno.

Relativamente à primeira questão analisada “ porque é que eu estudo meu

instrumentoemcasa?“Muitosdosalunosdemonstramumavisãobastantecomumatodos os outros inquiridos. A sua relação com a prática do violino em casa estábasicamenterelacionadaaumpadrãoqueseorientaparaaideiadoqueécorretoporseralgoqueosajudaráemsuapráticaecontribuiráparamelhoraroseudesempenhoenquantoaluno.Oestudodoviolinoemcasa,nasuagrandemaiorianãoestáapoiadosobumaorientaçãomaispormenorizada.Estesalunosorientam-separaoestudoemcasaporque acreditamque é essencial. Estes por sua vez, sãopontos consideradosverdadeirosdentrodapráticado instrumento.Comopontosnegativos,estesalunosnãodemonstramatravésdassuasrespostasestaremcommaioresproblemassenãorealizaremapráticadoestudoemcasa.Oestudodirecionadoemcasamuitasdasvezestêmaorientaçãodiretadospais,enestecaso,porsetrataremespecíficodapráticade

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uminstrumentomusical,muitodestespaisnãopossuemumconhecimentomínimoquepossaservircomograudeorientaçãoparaosseusfilhos.

Quantoasegundaquestão“porqueéqueeumeesforçonaauladeinstrumento?“Estesalunosapresentamdemodogeralumarelaçãotambémbastanteparecida.Estesalunostêmemsiumaideiacentradanoseuprópriodesenvolvimento,demonstramque através do esforço feito por eles podem melhorar, evoluir, e demonstrar aoprofessoreasiprópriosqueéimportantetocarbemeestudarcontinuamenteparaquepossammelhoraraindamais.

A terceira questão, “porque eu tento responder a perguntas difíceis na aula deFormaçãoMusical?“Mantem-semuitopróximodasideiasdefendidasporestesalunosnasegundaquestão.Osalunosenfatizaramaimportânciadadefiniçãodoqueécertoedoqueéerradoatravésdaspossíveiscorreçõesdoprofessor.Atravésdestesistema,aprimorando seus conhecimentos sobre determinados assuntos. Os alunosdemonstraramperanteasrespostasumsentidoderesponsabilidademuitoelevadoaoconsiderarem verdadeiro ou totalmente verdadeiro “Porque é isso que eu deveriafazer”.

Quanto a última questão, “porque é que eu tento ter um bom desempenho noConservatório?“,osalunoscolocam-seafavordoconceitoquedefendemoseuprópriodesenvolvimento,naqualidadequesefaznapráticadoinstrumento.Nãoconcordamqueterumbomdesempenhovailhestrazerbenefíciosextras,comoporexemplo,juntoaoprofessor.

Considerações Finais

Osucessoescolardosalunosemformaçãoépornormaumprocessoquedevesercontinuamenteestudadoecompreendido.Éimportanteperceberarealidadequeestasescolasdeterminamcomoaçõesquebuscamosucessoescolardeseusalunos,eparaqueistocorradamelhorforma,serianecessárioqueaescolaexerçaopapeldeoferecercondiçõesúteisàformaçãodosalunos.

Motivarumalunonãoénecessariamenteumatarefafácil,poisousodeferramentasadequadas,quepossamestimularo interessedestesalunoséfundamentalparaqueestessesintamatraídoscontinuamenteetenhambonsresultadosanívelacadémicoeanívelpessoal.ConfirmoaideiadefendidaporMorais&Varela(2015)queparasetera atenção do aluno para o assunto estudado, convém estimular todos os sentidos,aguçar a curiosidade das crianças pois quanto mais jovem o aluno for, maior anecessidadedeseutilizarrecursosvariados.Convémoferecerdiferentesestratégiasde ensino que agucem o interesse e que torne a tarefa do aprender, muito maisinteressanteeestimulanteparaestesalunos.

Observou-sequeamaioriadosalunosinquiridosdetém,nasuaperspectiva,aideiadequeestudaruminstrumentodoqualsegostaéumdosfatoresprincipais.Aideiadeestarmotivadorelaciona-seaquicomoprazerdeestudaralgoquesegostarealmente,

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ou seja, vai de encontro à concepção defendida por Moraes & Varela (2015) querelacionao fatordamotivaçãoaopreenchimentodasnecessidadeprimáriasdo serhumano. Satisfazer a suas necessidades primárias, ou seja, o bem estar, o gostar, éfundamentalparasesentiremmotivados.

Os alunos inquiridos apresentamde ummodo geral um conceitomuito comumentrealunosqueseencontramemaprendizagem.Apesardestesalunosestaremaliemprocessodeaprendizagem,deteremescolhidooviolinocomoinstrumentoquelhesdáprazer,estesalunosreconhecemquesãoobrigadosa“prestaremcontas”aofinaldecadaperíodo,comostestesquesãoaplicados. Estesalunospercebemqueestãoaliporque gostam,mas sabemque indiretamente têmque tirar boas notas e ter bonsrendimentos.

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ANEXOS

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