o empreendedorismo no brasil e as me e epp

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS Centro de Economia e Administração Faculdade de Ciências Econômicas O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL E AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Márcia Cristina Belucci Monografia apresentada à Faculdade de Ciências Econômicas do Centro de Economia e Administração da PUC Campinas, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas, sob a orientação do M.Sc. Prof. Ernesto Dimas Paulella

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Page 1: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINASCentro de Economia e Administração

Faculdade de Ciências Econômicas

O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL E AS MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS

Márcia Cristina Belucci

Monografia apresentada à Faculdade deCiências Econômicas do Centro de Economia e

Administração da PUC Campinas, comorequisito parcial para a obtenção do título de

Bacharel em Ciências Econômicas, sob aorientação do M.Sc. Prof. Ernesto Dimas Paulella

Campinas, São Paulo

2005

Page 2: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Autorização do aluno

Autorizo a disponibilidade desta monografia na Biblioteca da PUC Campinas para

consultas públicas e referências bibliográficas, mas reproduções, total ou parcial,

somente poderão ser feitas mediante autorização expressa do autor, conforme o

que dispõe a legislação vigente sobre direitos autorais.

Márcia Cristina Belucci

____________________________________________________________

Campinas, 30 de novembro de 2.005.

ii

Page 3: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

DEDICATÓRIA

A meu pai.

A todos os pesquisadores, médicos, técnicos e voluntários

do Hospital do Câncer – A . C. Camargo – São Paulo, que aliam

grande conhecimento a um tratamento humano, confiável e amigo,

em especial ao Dr. Waldec Jorge David Filho, Dr. Gray Portela e

Dr. Wilson Toshihiko Nakagawa.

Toda a minha gratidão.

iii

Page 4: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

AGRADECIMENTOS

Em especial ao M.Sc. Professor Ernesto Dimas Paulella, pela

generosidade na orientação, com recomendações preciosas e necessárias para a

conclusão deste trabalho.

A M.Sc. Professora Laura Aparecida Savitci, por aceitar prontamente

compor a Banco Examinadora e pelas suas relevantes observações.

Aos funcionários da Secretaria do Centro de Econômica e Administração e

da Biblioteca da PUC Campinas.

iv

Page 5: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

SUMÁRIO

ÍNDICE DE TABELAS vi

ÍNDICE DE FIGURAS vii

RESUMO viii

INTRODUÇÃO 1

CAPÍTULO 1 – ORIGEM DO EMPREENDEDORISMO 4

1.1 – Empreendedorismo no Brasil 6

1.1.1 – Características dos Empreendedores 7

1.2 – Evolução do Empreendedorismo Brasileiro 9

1.3 – Características dos Empreendimentos Brasileiros 13

CAPÍTULO 2 – O PAPEL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS 16

2.1 – Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas 25

2.2 – Informalidade 28

CAPÍTULO 3 – CONDIÇÕES PARA EMPREENDER NO BRASIL 34

3.1 – Planejamento para Micro e Pequenas Empresas 35

3.2 – Capacitação 37

3.2.1 – SEBRAE 40

3.3 – Legislação 48

3.3.1 – Sistema Tributário Brasileiro 50

3.3.1.1 – Necessidade de mudanças na Legislação 55

3.3.1.2 – A sociedade civil, os interesses políticos e econômicos 59

3.4 – Crédito 61

CONCLUSÃO 67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70

v

Page 6: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

ÍNDICE DE TABELAS

1. Taxa de Atividade Empreendedora Total por país – 2000 a 2004 e Relação

entre TEA e a Renda per capita – 2004 10

2. Definições para Empresas pelo número de pessoas ocupadas 16

3. Número, participação e crescimento das empresas formais por porte, atividade

e região 2002/1996 22

4. Número, participação e crescimento de pessoas ocupadas nas empresas

formais por porte, atividade e região 2002/1996 23

5. Participação e crescimento da massa de salários e rendimentos pagos, nas

empresas formais por porte, atividade e região 2002/1996 24

6. Empresas abertas, estimativa de empresas encerradas, redução de postos de

trabalho e recursos investidos – 2000 a 2002 26

7. Evolução do número de empresas informais e de pessoas ocupadas 1997 –

2003 30

8. Resultados financeiros em R$, por tipo de empresa do setor informal – Brasil –

1997 – 2003 30

9. Participação das empresas informais por tipo, grupo de atividades e valor das

receitas – 2003 31

10. Participação das empresas informais por tipo, classes de receita e estimativa

de contribuição pelo SIMPLES no caso de formalização – 2003

31

11. Motivação para empreendedores informais, por tipo de empresa e gênero –

2003 32

12. Origem dos recursos das empresas informais – 2003 33

13. Composição das Receitas do Sistema SEBRAE – 2005 43

14. Distribuição do Orçamento SEBRAE – 2005 43

15. Definições para MPEs em relação à receita bruta anual

50

16. Impostos Federais sobre faturamento bruto anual – ME e EPP 51

17.Total de desembolso do BNDES – 2000 a 2005 64

vi

Page 7: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

ÍNDICE DE FIGURAS

1. Evolução do TEA Brasil por necessidade e oportunidade 11

2. Participação no empreendedorismo brasileiro por gênero 2000 a 2004 12

3. Proporção de empreendedores por escolaridade – 2004 13

4. Proporção de empreendedores por setor econômico – 2004 14

5. Participação das empresas brasileiras por porte – 2002 17

6. Variação percentual no número de empresas, por porte e atividade –

2002/1996 18

7. Participação das empresas formais por atividade – 2002 19

8. Setores de atividade das empresas extintas por região – 2000 a 2002 27

9. Mapa das Incubadoras de Empresas – Fiesp 39

10. Evolução do número de negócios nas Feiras do Empreendedor

SEBRAE 2003 – 2004 46

11. Participação por tipo de empresa, no total de desembolso do BNDES – 2000 a

2005 64

vii

Page 8: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

RESUMO

Belucci, Márcia C. O Empreendedorismo no Brasil e as Micro e Pequenas Empresas.Professor – Orientador: M.Sc. Prof. Ernesto Dimas PaulellaBanca Examinadora: M.Sc. Profª. Laura Aparecida Savitci

O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL E AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS.

A origem do empreendedorismo na economia faz parte deste trabalho, com

enfoque na motivação do brasileiro para empreender. O objetivo é traçar o perfil

do empreendedor nacional e as características do seu negócio. Neste estudo foi

avaliada a situação das micro e pequenas empresas, como materialização do

empreendedorismo no Brasil, pontuando a representatividade e importância

socioeconômica deste segmento, como gerador de emprego e renda.

Apresentam-se os fatores e taxas de mortalidade dos empreendimentos

brasileiros, bem como as razões e números que levam e mantêm o

empreendedor na informalidade. Analisam-se as condições vivenciadas pelo

empreendedor brasileiro, tanto as facilitadoras, quanto os entraves ao

crescimento e desenvolvimento do seu negócio. São apresentados os detalhes

sobre a legislação vigente, as expectativas e necessidades das MPEs, sobre o

enfoque tributário e fiscal, bem como as condições para captação de recursos

financeiros e principalmente a influência e importância que a capacitação

representa no sucesso e desenvolvimento dos micros e pequenos

empreendimentos brasileiros.

Palavras-chave: empreendedorismo, micro e pequenas empresas, impactos

socioeconômicos, capacitação.

viii

Page 9: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

INTRODUÇÃO

Este trabalho trata do Empreendedorismo no Brasil e da importância das

micro e pequenas empresas na economia nacional.

O primeiro capítulo aborda a origem econômica do empreendedorismo,

seus precursores teóricos e os conceitos atuais sobre o tema. A partir daí, traça-

se um pequeno roteiro sobre a postura da sociedade brasileira quanto ao

conceito de carreira, emprego e objetivos pessoais e como estes valores tem

influenciado as relações de trabalho frente às mudanças impostas pela

globalização da economia.

Descreve-se ainda, o perfil dos empreendedores brasileiros e a partir da

Pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor – GEM Brasil 2004, apresenta-se

os números da força de trabalho ativa envolvida na abertura de novos negócios

em 34 países e como estão divididos no Brasil os mais de 15 milhões de

empreendedores que iniciaram um negócio em no máximo 42 meses, além de

identificá-los por gênero, escolaridade, idade e renda familiar e como a

participação e evolução de cada uma destas características, exerce influência

sobre a evolução dos empreendimentos por necessidade e oportunidade.

Finalizando este capítulo, apresenta-se a proporção de empreendedores

por setor econômico no Brasil, comparando-os com os grupos de países de alta e

baixa renda.

O segundo capítulo trata das micro e pequenas empresas brasileiras que

são a materialização do empreendedorismo nacional. Através dos números

apresentados pelo Boletim Estatístico desenvolvido pelo SEBRAE com base nos

dados do IBGE, comprova-se a importância dos micro e pequenos negócios na

economia brasileira como geradores de emprego e renda, além de comparar a

participação e o crescimento das empresas formais por porte, por atividades e

pelas regiões do país, entre os anos de 1996 e 2003.

Estão relacionadas ainda, as taxas de mortalidade das empresas com um

a três anos de atividades, os recursos investidos, a redução dos postos de

trabalho por regiões brasileiras e por tipo de atividade e as razões apontadas

pelos empreendedores como causa do fracasso destes negócios. Encerrando o

1

Page 10: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

capítulo, expõe-se a dimensão do mercado informal brasileiro, tanto em número

de empresas por atividade, quanto de pessoas empregadas e os resultados

financeiros obtidos, bem como, a motivação para empreender e uma estimativa

de arrecadação caso fossem formalizadas.

No terceiro capítulo, discute-se as condições para empreender no Brasil,

apresentando os pontos que viabilizam ou atrasam o sucesso destes negócios.

Abordando inicialmente o planejamento, de inegável importância na concepção e

gestão de um projeto e como a sua ausência ou deficiência nos micros e

pequenos empreendimentos tem atrapalhado a sustentabilidade deste grupo de

empresas. Conseqüência da falta de capacitação dos microempreendedores, que

vem sendo combatida por algumas instituições nacionais, entre elas o SEBRAE,

cuja variedade de eventos e serviços oferecidos em todo o território nacional, tem

feito a diferença não só aos empreendedores, como tem chamado a atenção do

Executivo e Legislativo Nacionais sobre a representatividade e importância deste

segmento na economia brasileira.

Encerra-se, com as conquistas legais e creditícias, alcançadas ao longo

dos anos, como o SIMPLES Federal, o Estatuto da Microempresa e da Empresa

de Pequeno Porte e o Microcrédito e os impactos socioeconômicos destes

benefícios, além de abordar a disposição da sociedade civil em exigir mudanças e

da classe política em representá-la com excelência.

OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é determinar dentro do atual sistema

socioeconômico nacional, a importância e a dimensão da capacidade

empreendedora do povo brasileiro e apontar as condições para o seu crescimento

e fortalecimento.

Pretende inicialmente, buscar a origem do conceito econômico do

Empreendedorismo e a partir daí traçar o perfil dos empreendedores e

empreendimentos brasileiros e as condições atuais para iniciar um pequeno

negócio no Brasil.

2

Page 11: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

METODOLOGIA

A primeira ação para a execução deste trabalho foi à participação nos

cursos On line oferecidos pelo SEBRAE que são voltados a formação de

empreendedores. Isto permitiu conhecer as informações consideradas

fundamentais para iniciar um negócio ou renová-lo e entender qual é a ótica do

atual empreendedor brasileiro.

Este mesmo site possui um grande acervo de pesquisas realizadas em

parceria com diversas instituições, como o IBGE e a Global Entrepreneurship

Research Association, entre outras. A abrangência destes dados permitiu uma

análise aprofundada do relevante papel dos micro e pequenos empreendimentos

no cenário econômico nacional.

Os Projetos de Lei Complementar e as Medidas Provisórias em andamento

no Congresso Nacional de interesse do segmento e que podem ampliar a

geração de emprego e renda nacionais, foram acompanhados através de

cadastramento no endereço eletrônico da Câmara Federal. A legislação vigente

aplicada as micro e pequenas empresas também foi obtida e confirmada nesta

fonte.

Paralelamente e servindo de suporte, autores como Fernando Dolabela e

Filion foram amplamente utilizados.

3

Page 12: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

CAPÍTULO 1 – ORIGEM DO EMPREENDEDORISMO

Muitas são as abordagens e definições sobre empreendedorismo e sua

importância no desenvolvimento econômico. Os pesquisadores são unânimes em

afirmar que a o conceito deste tema está na obra de Richard Cantillon1. Para

quem o empreendedor era aquele que comprava a matéria prima por um preço

certo e a revendia por preço incerto, e, quando lucrava além do esperado, isto era

fruto da inovação, porque fizera algo de novo e diferente (FILION, 1999, p. 17).

Porém, por ter criado a teoria das funções do empresário, Jean Baptiste

Say (1767-1832)2 é considerado o pai do empreendedorismo e Joseph Alois

Schumpeter (1883-1950) o consolidador do conceito do empreendedorismo por

associá-lo à inovação (FILION, 1999, p. 17-18).

SANDRONI (2005, p. 758) descreve que para Schumpeter: (...) o

início de um novo ciclo econômico viria principalmente das

inovações tecnológicas introduzidas por empresários

empreendedores. (...) por “inovações tecnológicas”, Schumpeter

entende cinco categorias de fatores: a fabricação de um novo

bem, a introdução de um novo método de produção, a abertura de

um novo mercado, a conquista de uma nova fonte de matérias

primas, a realização de uma nova organização econômica (...).

1 Richard Cantillon (1680-1734), um banqueiro e economista francês, autor do

Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral, de 1730, publicado em 1755,

onde define a terra como a única fonte de riqueza, na forma de excedente

econômico, obra considerada a mais sistemática exposição dos princípios

econômicos que se fez antes de A Riqueza das Nações, de Adam Smith.

(SANDRONI, 2005, p. 115).

2 Jean Baptiste Say, industrial e economista clássico francês, divulgador da obra

de Adam Smith elaborou em 1803 a Lei dos Mercados (Lei de Say).

4

Page 13: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

“Empreendedor é aquele capaz de visualizar uma realização futura e,

através do seu trabalho e recursos, combinado ao trabalho e recursos de

terceiros, torná-la realidade” (SCHUMPETER, 1934, apud - Serviço Brasileiro de

Apoio às Pequenas e Médias Empresas - SEBRAE, – Curso - Aprender a

Empreender. Disponível em: http://educacao.sebrae.com.br. Acesso em: 23 maio

2005).

Ao longo do tempo, o Empreendedorismo passou a despertar o interesse

de estudiosos de múltiplas áreas, que buscaram delinear as características da

personalidade dos empreendedores e encontraram muitas similaridades e

contradições neste perfil psicológico.

Para definir o empreendedor atual, primeiro é necessário separar o

empreendedor inovador do intra-empreendedor, que é o novo modelo de

funcionário desejado pelas grandes companhias, atua como um gerente, um

administrador em uma empresa já estabelecida e promove a junção de velhas

idéias de maneira criativa, utilizando os recursos existentes e também obtendo e

mantendo excelentes resultados.

Para FILION (1999, p. 18) não há uma teoria econômica de consenso

sobre o Empreendedorismo e para os economistas ele “é uma função”.

O objeto deste estudo é o empreendedor inovador, que tem o papel de

desenvolver a economia, gerar emprego e distribuição justa de renda.

Cabe destacar o conceito utilizado pelo – SEBRAE, (Curso - Aprender a

Empreender. Disponível em: http://educacao.sebrae.com.br. Acesso em: 23 maio

2005):

“Empreendedor é o indivíduo que possui uma atitude de inquietação,

ousadia e proatividade na relação com o mundo. Essa postura, condicionada por

características pessoais, pela cultura e pelo ambiente, favorece a interferência

criativa e realizadora, no meio, resultando em ganhos econômicos e sociais”.

Os estudos sobre Empreendedorismo se intensificam e demonstram ser

mais do que um assunto passageiro. Ganhou destaque em pesquisas científicas

e posteriormente na mídia, por ser inegável sua importância na economia. De

onde nasceram grandes organizações que através do emprego e impostos são

um dos alicerces no desenvolvimento amplo de um país.

5

Page 14: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

1.1 – EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

Mantendo o padrão, mesmo que inconscientemente dos nossos

descobridores, a sociedade brasileira acreditou que algumas profissões seriam

garantia e reconhecimento de sucesso e consequentemente teriam estabilidade

de emprego e situação financeira privilegiada.

Nos vestibulares, desde as mais conceituadas universidades até as recém

constituídas, a procura pelos cursos de medicina, direito e engenharia, continua

sendo intensa. Por outro lado, os concursos públicos da União e dos Estados

estão cada dia mais concorridos. O que comprova que, assim como no Império,

ser padre, militar, funcionário público ou usar um “anel de doutor”, continua

sendo o sonho de muitos que ocupam as cadeiras dos pré-vestibulares e

concursos públicos.

Do outro lado, uma massa de trabalhadores com baixa escolaridade,

muitos migrados da zona rural, executaram durante anos, funções operacionais

nas indústrias de transformação no nosso país.

Com o crescimento e globalização da economia mundial, as indústrias

brasileiras passaram a utilizar alta tecnologia, aumentando a produtividade e

qualidade com um número cada dia mais reduzido de mão de obra, objetivando

manter e conquistar novos mercados, uma vez que a concorrência se torna cada

dia mais acirrada.

Aos que tem acesso à formação universitária e até especializações é dado

o domínio de conhecimentos tecnológicos e estratégicos a serem aplicados em

diversas áreas das grandes empresas ou no Estado.

A expectativa é desenvolver e aplicar essas informações, onde alguém

lhe ofereça um trabalho com um problema já instalado e a necessidade de

mercado identificada. Este é o modelo de economia que precisa formar

empregados. Hoje o que se têm é oferta reduzida de empregos, salários

sucateados e instabilidade de emprego.

Os valores da nossa sociedade têm contribuído negativamente, para o

rompimento dessa mentalidade dependente nas relações de trabalho, tão útil no

modelo econômico que se esgotou. Situação diariamente comprovada pelas

6

Page 15: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

altíssimas taxas de desemprego, dificuldade da obtenção do primeiro emprego e

da quase inatingível recolocação.

No inconsciente coletivo a idéia de que “sou brasileiro e não desisto

nunca”, está mais ligada a capacidade de resistência e adaptação as condições

adversas, do que a força para exigir mudanças econômicas e estruturais que

possam pelo menos amenizar a situação atual no curto prazo.

Forjar este novo comportamento, que alie as tão faladas, criatividade,

entusiasmo e “jeitinho” brasileiros, tem exigido dedicação de pesquisadores,

muito trabalho da sociedade civil e sacrifício de todos, para enfim desenhar o

modelo de organização com sucesso financeiro e qualidade de vida.

O potencial empreendedor do Brasil parece ser tão grande quanto seu

território e justamente é esta diversidade cultural a fonte das inúmeras

possibilidades e do diferencial regional a ser agregado em nossos produtos.

Apesar de tantas possibilidades tipicamente brasileiras e dos problemas

competitivos que a economia globalizada impõe, alguns entraves nacionais

atrapalham nossa economia, como a falta de capacitação para empreender, a

burocracia e a indolência dos legisladores.

1.1.1 – CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDEDORES

A cultura empreendedora tem conseguido chamar atenção das mais

diferentes vertentes da sociedade. Tanto dos jovens estudantes sobre a

necessidade de aliar formação específica a conduta empreendedora na área que

pretendem atuar, quanto dos já empregados ou novos desempregados das

grandes companhias, que hoje necessitam mais de “colaboradores”, que de

comandados.

O empreendedor é voltado para a realização, prefere decidir e assumir

riscos estudados e calculados. Tem muita imaginação, criatividade e energia para

o trabalho. É aquele que idealiza, planeja, executa e leva em conta as suas

preferências, estilo de vida e crenças, que unidas são fontes de motivação e

realização pessoal.

7

Page 16: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

O comportamento empreendedor é facilmente identificado nos negócios

iniciados pela capacidade de explorar oportunidades e um inabalável

comprometimento do seu idealizador, independente dos recursos disponíveis.

Garantir que o indivíduo que possua o perfil do empreendedor terá

sucesso, não é uma afirmação verdadeira, porém a contrapartida certamente o é.

Pois sem este perfil, dificilmente a pessoa alcançará seu objetivo. Além disso,

identificar nos empreendedores de sucesso, suas qualidades e aptidões,

encurtará o caminho para os potenciais empreendedores, a aperfeiçoar e

desenvolver as habilidades fundamentais para atingir seus propósitos.

Parece ser mais relevante identificar como são os empreendedores do que

o que eles sabem. Reconhecer o comportamento empreendedor que leva ao

sucesso, antes de conhecer quais são as ferramentas gerenciais utilizadas, ou

seja, a pessoa com características empreendedoras, será capaz de aprender o

que for necessário para desenvolver o seu negócio. (DOLABELA, 1999, p. 70).

A discussão para definir exatamente se sempre um empreendedor será um

empresário e vice e versa, torna-se irrelevante quando o que se busca e trazer à

tona, as possibilidades de empreendimento que movem a economia brasileira

atual.

No Brasil existem alguns exemplos de empreendedores que alheios a toda

à adversidade, transformaram o seu sonho em realidade. E outros que aliaram a

condição favorável de herdeiros de uma empresa, a transformaram e ampliaram.

Os empreendimentos podem acontecer de forma voluntária, ou seja,

quando um indivíduo com todas as características atribuídas a um empreendedor,

identifica uma oportunidade, ou de forma involuntária, por necessidade, porém

nem sempre uma boa idéia se transformará em uma oportunidade.

A vivência de cada indivíduo o faz mais ou menos capaz de identificar uma

oportunidade. Certamente o conhecimento adquirido e acumulado possibilita a

condução e desenvolvimento da idéia, tornando-a uma oportunidade de negócio.

A experiência profissional ou convivência social está normalmente ligada

ao desenvolvimento da idéia de negócio. Raramente, ou então, com muito mais

dificuldade e tempo, uma oportunidade surgirá em um campo não familiar ao

empreendedor. As características empreendedoras de um indivíduo estão

diretamente ligadas ao meio em que ele vive. Há profissionais que identificam

possibilidades não atendidas pelas companhias onde trabalham, conhecem o

8

Page 17: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

negócio, os clientes potenciais, as necessidades do mercado, a vida útil do

produto, a viabilidade financeira do negócio e a tecnologia necessária. A

transformação da sua idéia em produto desejável torna-se aparentemente mais

fácil, pois muitos caminhos de amadurecimento e validação foram paralelamente

percorridos.

Seria correto afirmar que um empreendedor de sucesso consegue

transformar idéia e conhecimento em produto desejável que movimenta a

economia.

“Um indivíduo que identifica oportunidades e para explorá-las toma

iniciativa de reunir, organizar ou administrar recursos na forma de uma empresa

autônoma, assumindo uma quantidade significativa de risco associado com a

participação acionária nesta empresa, comprometendo-se pessoalmente com o

resultado”. (DRUCKER, apud - SEBRAE – Curso - Aprender a Empreender.

Disponível em: http://educacao.sebrae.com.br. Acesso em: 23 maio 2005).

1.2 – EVOLUÇÃO DO EMPREENDEDORISMO BRASILEIRO

Global Entrepreneurship Monitor - GEM Brasil é uma parceria entre

pesquisadores da Babson College (EUA), London Business School e Global

Entrepreneurship Research Association - GERA (Inglaterra) com o Instituto

Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Paraná - IBQP, SEBRAE, Instituto

Euvaldo Lodi - IEL/PR e Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR.

As equipes GEM, presentes em todos os continentes, trabalham e trocam

conhecimento, procurando adaptar e indicar experiências de sucesso, as políticas

voltadas ao desenvolvimento econômico e social de cada país, sabendo-se que

há uma grande população de empreendedores ao redor do mundo.

A pesquisa baseia-se na Taxa de Atividade Empreendedora Total – TEA,

que é a força de trabalho ativa envolvida na abertura de novos negócios ou

administrando empreendimentos cuja existência é inferior a 42 meses. Em 2004 a

estimativa de participantes superou os 73 milhões de adultos entre 18 a 64 anos.

As variações do TEA estão entre 1,5% do Japão até 40,3% do Peru (tabela

1) (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR – Empreendedorismo no Brasil

9

Page 18: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

2004, Disponível em: http://www.sebrae.com.br. Acesso em: 29 maio 2005 e 2004

WALES EXECUTIVE REPORT, Disponível em: http://www.gemconsortium.org/.

Acesso em: 06 setembro 2005 ).

Tabela 1 – Taxa de Atividade Empreendedora Total por país – 2000 a 2004 e

Relação entre TEA e a Renda per capita – 2004

Fonte: GEM 2004

O Brasil esta na mesma posição da Argentina e Jordânia, na relação entre

a TEA3 e a renda per capita 2004 (menos de US$ 10.000). Estando à frente

somente do Peru, Uganda e Equador .

3 O TEA Brasil é resultado de questionários aplicados em quatro mil pessoas,

proporcionalmente a representação de cada região do país na população total,

com idades de 18 a 64 anos.

Atividade empreendedora total 2000 - 2004, por país Relação entre TEA e PIB percapita

TEA TEA TEA TEA TEA População Trabalhadores Estimativa Baixa Média Alta18-64 anos ativos participantes >US$10.000

2000 2001 2002 2003 2004 2004 2003 TEA <=US$10.000 <=US$25.000 >US$25.000

Peru 40,30 15.680.000 10.400.000 6.325.000 xUganda 29,30 31,60 10.608.000 12.100.000 3.356.000 xEquador 27,20 7.264.000 5.100.000 1.979.000 xJordânia 18,30 3.078.000 1.400.000 562.000 x

Nova Zelândia 18,10 14,00 13,60 14,70 2.496.000 2.020.000 366.000 xIslândia 11,30 11,20 13,60 181.000 160.000 25.000 xBrasil 21,40 12,70 13,50 12,90 13,50 114.005.000 85.830.000 15.368.000 x

Austrália 15,20 15,50 8,70 11,60 13,40 12.542.000 10.150.000 1.678.000 xArgentina 9,20 11,10 14,20 19,70 12,80 22.895.000 13.930.000 2.940.000 x

Estados Unidos 16,60 11,60 10,50 11,90 11,30 183.430.000 146.510.000 20.783.000 xCanadá 12,20 11,00 8,80 8,00 8,90 21.060.000 17.050.000 1.864.000 xPolônia 10,00 4,40 8,80 25.265.000 17.050.000 2.231.000 xIrlanda 12,20 9,10 8,10 7,70 2.502.000 1.920.000 193.000 x

Noruega 11,90 8,80 8,70 7,50 7,00 2.824.000 2.370.000 197.000 xIsrael 7,10 5,70 7,10 6,60 3.617.000 2.610.000 239.000 x

Reino Unido 6,90 7,80 5,40 6,40 6,30 37.582.000 29.930.000 2.349.000 xFrança 5,60 7,40 3,20 1,60 6,00 37.064.000 27.010.000 2.235.000 xGrécia 6,80 5,80 6.780.000 4.450.000 391.000 x

Cingapura 4,20 6,60 5,90 5,00 5,70 3.142.000 2.150.000 179.000 xÁfrica do Sul 9,40 6,50 4,30 5,40 25.122.000 16.200.000 1.357.000 xDinamarca 7,20 8,00 6,50 5,90 5,30 3.402.000 2.870.000 181.000 xEspanha 6,90 8,20 4,60 6,80 5,20 26.110.000 18.820.000 1.345.000 xHolanda 6,40 4,60 3,60 5,10 10.469.000 8.150.000 535.000 x

Alemanha 7,50 8,00 5,20 5,20 5,10 52.404.000 39.510.000 2.672.000 xFinlândia 8,10 7,70 4,60 6,90 4,40 3.289.000 2.600.000 144.000 x

Itália 7,30 10,20 5,90 3,20 4,30 37.162.000 24.150.000 1.605.000 xHungria 11,40 6,60 4,30 6.550.000 4.150.000 281.000 xPortugal 7,10 4,00 6.603.000 5.410.000 261.000 xSuécia 6,70 6,70 4,00 4,10 3,70 5.510.000 4.450.000 204.000 xCróacia 3,60 2,60 3,70 2.841.000 2.100.000 106.000 xBélgica 4,80 4,50 3,00 3,90 3,50 6.424.000 4.710.000 223.000 x

Hong-Kong 3,40 3,20 3,00 4.777.000 3.500.000 142.000 xEslovênia 4,60 4,10 2,60 1.344.000 960.000 35.000 x

Japão 6,40 5,20 1,80 2,80 1,50 80.830.000 66.660.000 1.196.000 xTotal 784.852.000 596.380.000 73.547.000

10

Page 19: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Os países com baixa renda e TEA alta têm características inversas aos de

renda alta e TEA alta, ou seja, possuem maior número de empreendedores por

necessidade, baixo nível de escolaridade, baixa inovação tecnológica e

despertam poucos interesses nos investidores.

Entre os 34 países pesquisados, o Brasil ocupa a 7ª posição, com uma

TEA de 13,50%, no que se refere a abrir um negócio próprio. Sendo estimado que

dos 15.368.000 brasileiros empreendedores, 35% iniciaram um negócio a menos

de 3 meses e 65% de 3 a 42 meses.

Os números que identificam a motivação para empreender no Brasil,

demonstram claramente os gravíssimos problemas socioeconômicos brasileiros.

Os motivados a empreender, por oportunidade são 54% o que coloca o país em

18º posição no ranking em 2004, com TEA de 7,0%. (figura 1). Já os que

iniciaram um negócio por necessidade são 46% e coloca o Brasil em 8º posição

no ranking, com TEA de 6,2%.

Figura 1 – Evolução do TEA Brasil por necessidade e oportunidade

Fonte: GEM Brasil 2004.

Os empreendimentos no Brasil, tanto por oportunidade quanto por

necessidade são na maioria desenvolvidos por homens, sendo que a participação

feminina cresceu nos últimos 3 anos (figura 2) e é maior quando motivada pela

necessidade de complementar a renda familiar, do que na identificação de uma

oportunidade.

11

Page 20: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Figura 2 – Participação no empreendedorismo brasileiro por gênero –

2000 a 2004

Fonte: GEM Brasil 2003-2004.

Os empreendedores brasileiros são em maior número entre os que têm 25

e 34 anos, sendo que a idade tem influenciado na decisão de iniciar um negócio,

pois o número de empreendedores cai a partir dos 35 anos.

Os jovens entre 18 e 24 anos com baixa escolaridade, pela dificuldade de

colocação no mercado de trabalho, procuram empreendimentos pela

necessidade. O nível de escolaridade influencia diretamente no surgimento e

manutenção de empreendimentos por oportunidade.

As escassas ofertas de trabalho no mercado formal, que na grande maioria

estão acompanhadas de alto nível de exigências, tanto de qualificação quanto da

incoerente exigência entre pouca idade e muita experiência, levam o jovem a

empreender em negócios com produtos tradicionais e com pouca perspectiva de

conquistar novos mercados.

Entre os empreendedores brasileiros, 54% (figura 3) chegaram ao ensino

médio, sendo que deste total 30% passaram menos de 5 anos na escola. Apenas

14% dos pesquisados identificados possuem formação superior completa ou

incompleta. Os resultados do Brasil quanto à qualificação são inferiores ao grupo

de países de baixa renda per capita, aonde 23,30% chegam a universidade, e os

de alta renda cuja formação superior ultrapassa a 57% de empreendedores.

Inegavelmente existe uma relação entre a capacidade de um país em

educar e do seu povo em criar e desenvolver uma oportunidade.

12

Page 21: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Figura 3 – Proporção de empreendedores por escolaridade – 2004

Fonte: GEM Brasil 2004

Quanto à renda familiar, para 80% dos empreendedores brasileiros ela é

menor que seis salários mínimos sendo que deste total, para 50% é inferior a 3

salários mínimos. Os empreendedores por oportunidade possuem renda familiar

superior a 15 salários mínimos.

Dos empreendedores do país, 70% deles se consideram “empregados”,

independente de estar ou não com registro ou serem trabalhadores autônomos

formalizados.

Conclui-se que o a maioria dos empreendedores brasileiros é autônoma

com baixa qualificação, busca um empreendimento como uma alternativa de

sobrevivência, e tem poucas perspectivas de ampliar o seu negócio e gerar

empregos nos próximos 5 anos.

1.3 – CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDIMENTOS BRASILEIROS

O setor de serviços voltado ao consumidor final representa 58% (figura 4)

do total dos empreendimentos brasileiros, visto que necessitam de pouco

investimento, baixa tecnologia e muitas vezes não estão formalizados. Já no

setor de serviços voltados às empresas, os empreendimentos são de 7% do total

13

Page 22: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

criado no Brasil. O setor de transformação do país representa 34% do total de

empreendimentos e somente 1% deles, são criados por negócios extrativistas.

O desempenho destes quatro setores da economia brasileira quando

comparado ao grupo dos países de baixa e alta renda per capita, demonstram

que quanto maior a renda per capita, maior é a participação do setor que atende

as empresas, pela necessidade de grande investimento financeiro e tecnológico.

Já a participação do setor de transformação é maior, quanto menor é a renda.

Em todos os grupos de países, a maioria dos empreendimentos é voltada ao

consumidor final, sendo que a participação é maior quanto menor for a renda.

Figura 4 – Proporção de empreendedores por setor econômico – 2004

Fonte: GEM Brasil 2004

Esta distribuição dos empreendimentos brasileiros pelos setores da

economia pode explicar porquê apenas 1% dos negócios, acredita na

possibilidade de colocar mais de 25% dos seus produtos no mercado externo, 9%

deles de 1 a 25% da sua produção e os 90% restante nem sequer consideram a

hipótese de exportar.

Para abrir um negócio, 66% do capital pertence ao próprio investidor e o

restante é obtido quase que integralmente com familiares e amigos. No Brasil a

média anual do montante por investidor é de US$ 600,00, sendo que a média

mundial é de US$ 10.000.00, conforme a pesquisa GEM.

O perfil do empreendedor brasileiro e o tipo de negócio que ele opera,

estão diretamente ligados as políticas públicas, as dificuldades impostas pelo

sistema financeiro, o custo do dinheiro e a baixa escolaridade, ou seja, são

14

Page 23: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

empreendimentos tradicionais voltados ao consumidor final, com grande

concorrência, poucos recursos e ausência de inovações tecnológicas.

15

Page 24: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

CAPÍTULO 2 – O PAPEL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Para definir a micro e pequena empresa - MPE no Brasil, é necessário

primeiro saber qual é a finalidade para a qual está se conceituando, qual é o

objetivo da definição. Os critérios são os mais distintos, desde o da legislação

federal, que utiliza a receita bruta anual associada ao tipo de atividade exercida,

ao das instituições financeiras oficiais ou até por número de pessoas ocupadas.

O SEBRAE e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE,

adotam a classificação de empresas por número de pessoas ocupadas, onde

consideram os trabalhadores, os sócios e os proprietários. Já o Ministério do

Trabalho e Emprego - MTE, utiliza a base de dados da RAIS - Relação Anual de

Informações Sociais, formada pelos registros das empresas formais que informam

o número de empregados existentes em 31 de dezembro do ano anterior.

A classificação das empresas por porte (tabela 2), considera como

Microempresa – ME, a que, na indústria emprega até 19 pessoas e no comércio

e serviços até 9 pessoas. As classificadas como Pequena Empresa Industrial são

as que mantêm de 20 a 99 pessoas e as do comércio e serviços de 10 a 49

empregados. A Média Empresa contrata na indústria de 100 a 499 pessoas e no

comércio e serviços de 50 a 99 pessoas. E é considerada Grande Empresa, a que

na indústria têm acima de 500 pessoas ocupadas e no comércio e serviços acima

de 100 pessoas.

Tabela 2 – Definições para Empresas pelo número de pessoas ocupadas

Fonte: Sebrae; GMC 90/93 Mercosul

O SEBRAE divulgou no primeiro semestre de 2005, um Boletim Estatístico

de Micro e Pequenas Empresas, onde mostra a participação e evolução das

Microempresa Empresa de Pequeno Média Empresa

Porte

SEBRAE - Comércio/Serviços até 9 10 a 49 50 a 99

SEBRAE - Indústria até 19 20 a 99 100 a 499

Mercosul - Comércio/Serviços 1 a 5 6 a 30 31 a 80

Mercosul - Indústria 1 a 10 11 a 40 41 a 200

16

Page 25: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

MPEs na economia do país. Os números apresentados, utilizando os dados do

IBGE4, desconsideram os órgãos governamentais e empresas agrícolas, pois o

objetivo principal é traçar o perfil das empresas formais do setor privado brasileiro.

Quanto ao número de empresas formais no Brasil (tabela 3, p. 21), as MEs

passaram de 2.956.749 em 1996 para 4.605.585 em 2002, um crescimento de

55,77% e a participação passou de 93,22% para 93,64% em 2002 (figura 5).

Figura 5 – Participação das empresas brasileiras por porte – 2002

Fonte: SEBRAE.

No mesmo período, as empresas de pequeno porte - EPPs aumentaram

de 181.115 para 274.009, com evolução de 51,29% e a participação caiu de

5,71% em 1996 para 5,57% em 2002. Neste intervalo de tempo, as médias e

grandes, ampliaram em 15,22% e 12,10% respectivamente, com participações em

2002 de 0,48% e 0,31%.

Juntas as micro e pequenas empresas representavam 98,93% em 1996 e

99,21% em 2002 do total de empresas formais e as médias e grandes empresas

passaram de 1,07% para 0,79%.

Se analisada a evolução no período do número de empresas por porte e

atividade, constata-se que as indústrias de grande porte eram 1521 em 1996 e

1430 em 2002 com variação negativa de 5,98% (figura 6). As empresas

comerciais de grande porte passaram de 2.896 para 2.846 de 1996 a 2002, com

4 IBGE – CEMPRE Cadastro Central das Empresas.

17

Page 26: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

redução de 1,73%. O setor de serviços teve as maiores variações do período,

independente do porte das empresas.

Figura 6 – Variação percentual no número de empresas, por porte e atividade – 2002/1996

Fonte: SEBRAE.

De acordo com o SEBRAE, do total de 4.918.348 empresas formais

existentes em 2002, 49,84% (figura 7) delas, atuava no comércio, 37,74% em

serviços, 9,85% na indústria e 2,57% em construção. As participações pouco se

alteraram no total de MEs existentes, ou seja, 50,76% para o comércio, 37,18%

em serviços, 9,53% na indústria e 2,52% construção.

Entre o total de EPPs, a maior concentração estava na prestação de

serviços com 44,75%, tendo ainda uma significativa participação das pequenas

empresas comerciais com 38,65%, além de 13,59% na indústria e 3,02% na

construção.

As 23.652 médias empresas concentraram-se em serviços com 44,60%, a

indústria representou 27,68%, o comércio 20,56% e construção 7,16%. Do total

de 15.102 grandes empresas, 70,22% desempenhavam atividades em serviços,

18,85% em comércio, 9,47% em indústrias e 1,46% em construção.

18

Page 27: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Figura 7– Participação das empresas formais por atividade – 2002

Fonte: SEBRAE.

A região norte do país teve o maior crescimento quanto ao número de

empresas, com 89,06% para as MEs, as EPPs com 86,12%, além de estar à

frente quanto ao total de empresas no período, com 88,31%, seguida pelas

regiões nordeste com 77,00%, centro-oeste com 66,20%, região sul com 54,14%

e sudeste com 47,06%.

O bom desempenho das indústrias de grande porte ocorreu na região

norte com crescimento de 31,82% e no sul com 8,74%, ao passo que no sudeste,

nordeste, centro-oeste houve um decremento de 12,58%, 6,35% e 6,12%

respectivamente.

Quanto ao número de pessoas ocupadas no país, as MEs empregaram em

1996, 6.878.964 funcionários formais e em 2002 um total de 9.967.097 (tabela 4,

p. 23), o que representa um crescimento de 44,89% no período e a participação

passou de 31,85% para 36,17%. Nas EPPs o total de pessoas contratadas em

1996 e 2002 foi de 4.054.635 e 5.789.875 respectivamente, com incremento de

42,80% e participação de 18,77% para 21,01%.

Nas médias empresas a evolução foi de 9,13% com participação de

11,46% para 9,80% e as grandes empresas cresceram 11,12% no período com

participação de 37,92% para 33,03%. O conjunto das MPEs teve uma evolução

percentual de 50,62% para 57,17% no total de postos de trabalho e as médias e

grandes reduziram sua participação de 49,38% para 42,83%. Na média de 2002,

19

Page 28: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

o setor de serviços foi o maior empregador em todas as regiões do país

independente do tamanho da empresa, totalizando 11.706.340 pessoas (42,48%).

Na massa de salários, a participação das micro empresas evoluiu de 7,32%

(tabela 5, p. 24) para 10,26% de 1996 para 2002 e a participação das empresas

de pequeno porte passou de 12,77% para 15,70% no mesmo período. Já as

médias tiveram sua participação diminuída de 13,27% para 12,73% e as grandes

de 66,63% para 61,31%. Agrupadas as MPEs de 1996 a 2002, aumentaram de

20,10% para 25,96% a sua parcela na massa de salários.

O maior crescimento de empresas na região norte, possibilitou um aumento

no número de pessoas empregadas de 58,70% e da massa de salários em

37,40%. O desempenho da região sul foi ainda melhor com o aumento de 36,27%

no número de pessoas, acompanhado por um aumento da massa de salários de

23,88%, dentro do aumento do número de empresas em 2002 de 54,14%.

O pequeno crescimento da massa de salários de 1,35% na região centro-

oeste foi conseqüência da redução significativa no número de pessoas

empregadas na grande empresa dos setores industrial e da construção civil

(18,14% e 35,64%), com reflexo direto na massa de salários em todas as

atividades deste porte.

A crescente participação das MPEs e sua importância na economia

brasileira, principalmente as MEs, é incontestável, porém ainda que sejam em

maior número e empreguem mais pessoas, os melhores salários continuam

concentrados nas grandes empresas. Este fato reforça a tese de que a

microempresa nacional utiliza mão de obra pouco qualificada com alta

concentração em atividades ligadas à venda de serviços.

Cabe lembrar que arcar com os encargos sociais dos empregados é

extremamente difícil para o microempresário e o repasse ao cliente torná-se

quase impossível devido a grande concorrência.

Além destas características, a marca das MPEs brasileiras, que é um dos

seus principais problemas é a fusão que existe entre a empresa e seus

proprietários. Não existe uma definição de onde começa a pessoa jurídica e

acaba a pessoa física, confusão decorrente da falta de conhecimento e

experiência do empreendedor tanto das áreas da empresa, como do mercado

competitivo e globalizado no qual as MPEs pretendem se manter.

20

Page 29: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

No início de 2004, o SEBRAE realizou uma pesquisa com empresários

para que estes indicassem os motivos que os levaram ao sucesso. Foram

consideradas por eles como fundamentais, as suas habilidades gerenciais, como

conhecimento do mercado e estratégia de vendas. O segundo fator foi à

capacidade empreendedora, ou seja, criatividade, perseverança, liderança e

talento para identificar oportunidades. Também consideraram importante,

reinvestir o capital na empresa.

Todos estes pontos indicam que a pequena empresa nacional entre tantas

dificuldades, depara com a falta de capacitação, que em sendo adquirida e

aprimorada ajudará a eliminar ou diminuir problemas gerenciais e identificar

alternativas para o crescimento do segmento.

21

Page 30: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Tabela 3 – Número, participação e crescimento das empresas formais por porte, atividade e região 2002/1996

Fonte: SEBRAE.

22

Page 31: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Tabela 4 – Número, participação e crescimento de pessoas ocupadas nas empresas formais por porte, atividade e região 2002/1996

Fonte: SEBRAE

23

Page 32: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Tabela 5 – Participação e crescimento da massa de salários e rendimentos pagos, nas empresas formais por porte, atividade e região 2002/1996

Fonte: SEBRAE. Valores constantes em R$ milhões, deflator IPCA – IBGE.

24

Page 33: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

2.1 – MORTALIDADE DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Para possibilitar o crescimento das micro e pequenas empresas

brasileiras, além de identificá-las é preciso conhecer as causas dos altos índices

de mortalidade existentes neste segmento. Estando todas as empresas inseridas

no mesmo ambiente socioeconômico e objetivando a sua manutenção e

crescimento neste cenário, somente conhecendo as razões da extinção destas, é

possível entender e fortalecer as MPEs nacionais.

A curta sobrevivência de um grande número de empresas compromete

todo o país à medida que reflete diretamente na produção e geração de renda,

nas perdas do capital investido e principalmente de inúmeros postos de trabalho,

interrompendo o ciclo virtuoso entre os setores da economia.

Numa parceria entre a Fundação Universitária de Brasília – FUBRA e o

SEBRAE, no inicio de 2004 foi realizada uma pesquisa para identificar a taxa de

mortalidade das empresas constituídas em 2000, 2001 e 2003, utilizando o

cadastro das Juntas Comerciais Estaduais. A partir destes dados apurou-se que

59,92% das empresas brasileiras fecham com até quatro anos de atividades,

56,45% com até três anos e 49,37% com até dois anos (tabela 6).

Estes percentuais representam que das 1.396.664 empresas abertas neste

período, mais de 275 mil delas com investimento de R$ 6,6 bilhões, encerraram

suas atividades em 4 anos e devolveram ao mercado 924 mil trabalhadores. Com

até 3 anos de funcionamento, somaram-se mais 277 mil empresas encerradas

com investimento de R$ 6,7 bilhões e mais de 705 mil postos de trabalho.

Finalizando, apareceram as quase 220 mil empresas que foram extintas com até

2 anos, cujo investimento atingiu R$ 6,4 bilhões e empregou quase 685 mil

trabalhadores.

No total foram extintas mais de 772 mil empresas, com investimento de R$

19,7 bilhões e 2,3 milhões de pessoas fadadas ao desemprego ou a

informalidade. As taxas de mortalidade das empresas oscilam pelas regiões do

Brasil, onde para as empresas estabelecidas por até 4 anos, a maior variação foi

de 62,70% no nordeste, o que representa o fechamento de mais de 53 mil

empresas e 191.948 desempregados e a menor de 53,40% na região norte. A

25

Page 34: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

menor taxa para empresas com até 3 e 2 anos de funcionamento, ocorreu nas

regiões norte e nordeste com 51,60% e 46,70% respectivamente.

Tabela 6 – Empresas abertas, estimativa de empresas encerradas, redução

de postos de trabalho e recursos investidos – 2000 a 2002

Fonte: SEBRAE.

2000

regiões Empresas Taxa Empresas Perda Recursos

brasileiras Abertas Mortalidade Encerradas de investidos

Empresas Ocupações em milhões

Sul 105.331 58,90% 62.040 254.364 R$ 958

Sudeste 209.646 61,10% 128.094 384.282 R$ 3.044

Centro-Oeste 37.143 53,90% 20.020 66.066 R$ 578

Nordeste 85.038 62,70% 53.319 191.948 R$ 1.858

Norte 23.444 53,40% 12.519 27.542 R$ 184

Brasil 460.602 59,92% 275.992 924.202 R$ 6.621

2001

regiões Empresas Taxa Empresas Perda Recursos

brasileiras Abertas Mortalidade Encerradas de investidos

Empresas Ocupações em milhões

Sul 111.853 60,10% 67.224 161.338 R$ 2.402

Sudeste 222.480 56,70% 126.146 277.521 R$ 2.775

Centro-Oeste 45.025 54,60% 24.584 68.835 R$ 725

Nordeste 87.941 53,40% 46.960 159.664 R$ 632

Norte 23.612 51,60% 12.183 37.767 R$ 169

Brasil 490.911 56,45% 277.097 705.125 R$ 6.703

2002

regiões Empresas Taxa Empresas Perda Recursos

brasileiras Abertas Mortalidade Encerradas de investidos

Empresas Ocupações em milhões

Sul 98.734 52,90% 52.230 214.143 R$ 1.916

Sudeste 207.132 48,90% 101.288 283.606 R$ 2.735

Centro-Oeste 39.456 49,40% 19.491 85.760 R$ 1.049

Nordeste 79.951 46,70% 37.337 75.954 R$ 545

Norte 19.878 47,50% 9.442 25.493 R$ 227

Brasil 445.151 49,37% 219.788 684.956 R$ 6.471

2000 a 2002 Empresas Empresas Perda Recursos

regiões Abertas Encerradas de investidosOcupações em milhões

Sul 315.918 181.494 629.845 R$ 5.276

Sudeste 639.258 355.528 945.409 R$ 8.554

Centro-Oeste 121.624 64.095 220.661 R$ 2.352

Nordeste 252.930 137.616 427.566 R$ 3.034

Norte 66.934 34.144 90.802 R$ 580Brasil 1.396.664 772.877 2.314.283 R$ 19.795

26

Page 35: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Dentre as empresas extintas 21% empregavam 1 pessoa, 75% de 2 a 9,

3% de 10 a 19 e 1% mais de 20 pessoas, ou seja, 96% eram microempresas.

Quanto aos setores de atividade destas empresas, há uma variação conforme a

região do país, sendo que a média nacional é de 51% atuando no comércio, 47%

em serviços e 2 % na indústria (figura 8).

Figura 8 – Setores de atividade das empresas extintas por região –

2000 a 2002

Fonte: SEBRAE.

Independente da região ou do ramo de atividade das empresas extintas, a

maioria aponta que a principal razão para o fracasso do negócio esta ligada a

problemas no planejamento inicial e deficiências gerenciais, que refletiram

diretamente nas condutas inadequadas como, a má escolha do ponto, capital de

giro insuficiente com problemas no fluxo de caixa, desconhecimento da legislação

específica, fatores agravados pelos problemas econômicos do país e pela

influência que a vida pessoal do empreendedor exerce sobre a rotina da empresa.

Conclui-se que a mortalidade das empresas esta diretamente ligada a

fatores externos ou a conjuntura econômica e fatores internos ou planejamento e

gestão.

27

Page 36: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

2.2 – INFORMALIDADE

O IBGE em parceria com o SEBRAE realiza a cada cinco anos, a pesquisa

Economia Informal Urbana – ECINF, que visa conhecer detalhadamente o setor

no Brasil, a sua participação e representatividade na economia do país e as

características dos empreendedores deste segmento.

Neste estudo, independente de possuírem constituição jurídica5, é

considerado informal pelo IBGE, o empreendimento com baixa organização e

onde não há diferenciação entre capital e trabalho, ou seja, quando não existe

uma separação entre o proprietário e a empresa.

Estes negócios informais trabalham na produção em pequena escala de

bens ou serviços, com o objetivo de gerar emprego e renda, sendo atividade

principal ou não dos empreendedores, como cabeleireiros, eletricistas, pedreiros,

vendedores ambulantes de roupas e alimentos, entre outros. Foram excluídos da

pesquisa os negócios agrícolas, os não agrícolas desenvolvidos em áreas rurais,

como artesanato e a produção de alimentos e nas áreas urbanas as atividades

informais exercidas por pessoas sem residência fixa, além dos trabalhadores

domésticos que aparecem em pesquisa específica do setor.

No ECINF, trabalhador por conta própria é aquele que atua sozinho em seu

empreendimento, contando ou não com trabalhador não remunerado. Considera

empregador aquele que explora uma atividade econômica, empregando de um a

cinco trabalhadores remunerados. O trabalhador não remunerado é aquele que

em pelo menos uma hora por semana, colabora na produção de bens primários,

ou em instituições filantrópicas e religiosas ou ainda estagiários e aprendizes.

Em 2005, o IBGE, divulgou o ECINF-2003, onde foram visitados 54.595

domicílios entre os 2.499 setores urbanos escolhidos através da seleção de

dados e probabilidades retirados do Censo Demográfico 2000.

Se comparados os resultados das duas últimas pesquisas 1997-2003, é

possível constatar um aumento no período de 11,60% (tabela 7), quanto ao

número de empresas informais por conta própria, de 8.151.616 (86,01%) para

9.096.912 (88,01%) respectivamente. Já o total de empregadores informais em

5 Excluindo sociedades anônimas com até cinco empregados, por recolherem

tributos pelo lucro real e possuírem organização contábil bem definida.

28

Page 37: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

1997 era 1.326.357 (13,99%) e em 2003 passaram para 1.239.050 (11,99%), com

redução de 6,58%. No total houve um crescimento de 9,05% de empresas

informais, de 9.477.973 para 10.335.962.

Verifica-se ainda que o número de pessoas ocupadas por conta própria na

economia informal passou de 8.589.588 (66,74%) em 1997 para 9.514.629

(68,64%) em 2003, gerando uma variação de 10,77%, enquanto nas empresas

empregadoras houve um decréscimo de 7,69% e o número de empregados com

carteira assinada caiu em 8,78%. O total de pessoas ocupadas nas empresas

informais passou de 12.870.421 para 13.860.868 no período, com variação de

7,70%.

Os resultados financeiros das empresas informais em 2003, foram

inferiores a 1997. A receita média mensal para as empresas informais

empregadoras diminuiu 8,89% (tabela 8) e nos empreendimentos por conta

própria uma retração de 19,50%.

No mesmo período, as despesas médias mensais também diminuíram nos

dois tipos de empresas, 18,78% e 7,21% para conta própria e empregadora. A

redução do lucro médio real foi bastante significativa nos negócios por conta

própria, ficando em 11,71% e os empregadores mantiveram-se quase inalterados

com 0,38% de 1997 para 2003. Os investimentos médios mensais

acompanharam os demais resultados, com queda nas empresas informais de

34,32% por conta própria e 11,16% nas empregadoras.

As tabelas 7 e 8 indicam que o desempenho da empresas informais por

conta própria e empregadora são diferentes e que os resultados financeiros não

são proporcionais as alterações do número de pessoas ocupadas.

Em valores de outubro de 2003, a pesquisa apurou que a receita média

mensal foi de R$ 6.033,00 (tabela 8) para as empresas empregadoras e R$

1.164,00 para as informais por conta própria. O lucro médio mensal foi de R$

671,00 para a empresas informais por conta própria e R$ 2.360,00 para as

empregadoras. E o investimento médio mensal foi de R$ 2.951,00 para as

empresas informais por conta própria e R$ 8.797,00 para as empresas informais

empregadoras.

29

Page 38: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Tabela 7 – Evolução do número de empresas informais e de pessoas

ocupadas 1997-2003

Fonte: ECINF – IBGE (tabela 32 – 1997, tabela 40 – 2003).

Tabela 8 – Resultados financeiros em R$, por tipo de empresa do setor

informal – Brasil 1997-2003

Fonte: IBGE – ECINF 2003. Os valores em R$ de 1997 foram corrigidos para 2003 pelo IPCA.

De acordo com a pesquisa, a receita total mensal foi de R$ 17,59 bilhões

(tabela 9) gerados pelos 10.335.962 empreendimentos informais. Deste total

46,45% ou R$ 8,17 bilhões foram gerados pelas 3.403.804 empresas comerciais

(32,93%). As atividades industriais totalizaram 12,13% da receita com R$ 2,13

bilhões entre as 1.630.580 empresas informais (15,78%). Já as 1.808.840

(17,50%) informais ligadas à construção civil, arrecadaram R$ 1,21 bilhões,

representando 6,89% da total da receita.

Do total de empresas informais (tabela 10), 20,58% (2.127.411) delas,

faturou entre R$ 501,00 a R$ 1.000,00 mensais e 13,53% (1.397.976) entre

R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00. Levando em consideração os limites para o

Empresas Informais

resultados financeiros conta própria empregador total

1997 2003 variação 1997 2003 variação 1997 2003 variação

receita mensal média R$ 1.446 R$ 1.164 -19,50% R$ 6.622 R$ 6.033 -8,89% R$ 2.183 R$ 1.754 -19,65%despesa mensal média R$ 1.001 R$ 813 -18,78% R$ 4.647 R$ 4.312 -7,21% R$ 1.666 R$ 1.326 -20,41%lucro médio R$ 760 R$ 671 -11,71% R$ 2.351 R$ 2.360 0,38% R$ 977 R$ 911 -6,76%investimento médio R$ 4.493 R$ 2.951 -34,32% R$ 9.902 R$ 8.797 -11,16% R$ 5.853 R$ 4.373 -25,29%

Nº de empresas informais participação 1997 participação 2.003 variação

conta própria 86,01% 8.151.616 88,01% 9.096.912 11,60%

empregador 13,99% 1.326.357 11,99% 1.239.050 -6,58%

total 100,00% 9.477.973 100,00% 10.335.962 9,05%

Nº de pessoas ocupadas participação 1997 participação 2.003 variação

conta própria 66,74% 8.589.588 68,64% 9.514.629 10,77%

empregador 12,19% 1.568.954 10,45% 1.448.284 -7,69%

empregado com carteira assinada 6,79% 874.043 5,75% 797.300 -8,78%

empregado sem carteira assinada 10,26% 1.320.682 9,66% 1.338.349 1,34%

não remunerado 4,02% 517.153 5,10% 706.963 36,70%

não declarado 0,40% 55.343

total 100,00% 12.870.421 100,00% 13.860.868 7,70%

30

Page 39: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

enquadramento no SIMPLES Federal para as microempresas, utilizando como

base os 3% de contribuição sobre o faturamento bruto anual de R$ 60.000,00,

estima-se que, se estas empresas fossem formalizas a arrecadação mensal seria

de R$ 368,22 milhões e se elevado o limite das MEs para R$ 120.000,00,

mantendo o mesmo percentual de recolhimento, o valor passaria para R$ 527,70

milhões.

Tabela 9 – Participação das empresas informais por tipo, grupo de

atividades e valor das receitas – 2003

Fonte: ECINF 2003 – IBGE, baseado tabela 3 e 11 com valores de outubro de 2003, (1000 R$)

Tabela 10 – Participação das empresas informais por tipo, classes de receita

e estimativa de contribuição pelo SIMPLES no caso de formalização - 2003

conta empregador total Participação Faturamento Contribuição

classe de valores própria empresas máximo SIMPLES ME

da receita (R$) informais por receita total empresas 3,00%

1 a 100 866.225 1.118 867.343 8,39% R$ 86.734 R$ 2.602

101 a 200 1.005.596 8.451 1.014.047 9,81% R$ 202.809 R$ 6.084 201 a 300 1.098.926 10.608 1.109.534 10,73% R$ 332.860 R$ 9.986 301 a 500 1.573.641 41.401 1.615.042 15,63% R$ 807.521 R$ 24.226 501 a 1000 1.971.032 156.379 2.127.411 20,58% R$ 2.127.411 R$ 63.8221001 a 2000 1.182.281 215.695 1.397.976 13,53% R$ 2.795.952 R$ 83.8792001 a 5000 806.791 377.352 1.184.143 11,46% R$ 5.920.715 R$ 177.6215001 ou mais 307.344 405.025 712.369 6,89%sem receita 146.974 2.574 149.548 1,45%

sem declaração 138.102 20.447 158.549 1,53%total 9.096.912 1.239.050 10.335.962 100,00% R$ 12.274.003 R$ 368.220

Estimativa do faturamento das empresas Total empresas Faturamento Contribuição e a contribuição com a formalização beneficiadas mensal mensal

Limite faturamento - SIMPLES

R$ 60.000,00 ( até R$ 5.000,00 mensal) 90,13% R$ 12.274.003 R$ 368.220R$ 120.000,00 ( até R$ 10.000,00 mensal) 100,00% R$ 17.590.141 R$ 527.704

Tipo de empresa informal Participação Receita mensal Participação

grupo de atividades conta própria empregador total atividade/ (1000 R$) atividade/empresas tipo out/2003 receita

indústria de transformação e extrativa 1.441.103 189.477 1.630.580 15,78% R$ 2.133.077 12,13%construção civil 1.638.037 170.803 1.808.840 17,50% R$ 1.212.040 6,89%comércio e reparação 2.950.813 452.991 3.403.804 32,93% R$ 8.170.221 46,45%serviços de alojamento e alimentação 607.302 111.806 719.108 6,96% R$ 1.150.823 6,54%transporte, armazenagem e comunicações 776.774 54.647 831.421 8,04% R$ 1.605.381 9,13%atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas 551.585 103.882 655.467 6,34% R$ 1.669.707 9,49%educação, saúde e serviços sociais 252.017 89.117 341.134 3,30% R$ 790.243 4,49%outros serviços coletivos, sociais e pessoais 762.815 60.935 823.750 7,97% R$ 710.588 4,04%outras atividades 29.658 4.378 34.036 0,33% R$ 107.160 0,61%atividades mal definidas 86.808 1.014 87.822 0,85% R$ 40.900 0,23%total 9.096.912 1.239.050 10.335.962 100,00% R$ 17.590.141 100,00%participação por tipo de empresa 88,01% 11,99%

31

Page 40: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Fonte: ECINF 2003 – IBGE, baseado tabela 8 e 11 com valores de outubro 2003, (1000 R$).

Fazendo uma análise sobre os motivos que levam os empreendedores

informais a iniciar um negócio, constata-se que entre os por conta própria, (tabela

11) 33,18% (3.018.066), indicam a dificuldade em encontrar um emprego, sendo

que entre os empregadores, esta é a razão para 15,98% (197.982).

Verifica-se ainda que as características empreendedoras, como,

independência, tradição familiar, experiência na área, negócio promissor e

oportunidade de fazer uma sociedade foram encontradas em 61,27% (759.211)

dos empregadores, sendo que deste total 47,93% homens e 13,34% mulheres.

Já entre os informais por conta própria, somente 37,45% (3.407.077)

deles, apresentaram estes atributos, sendo que deste total, 28,35% eram

homens e 9,11% mulheres.

Tabela 11 – Motivação para empreendedores informais, por tipo de empresa

e gênero - 2003

Fonte: ECINF 2003 – IBGE, baseado tabela 38.

A informalidade dificulta o acesso ao crédito (tabela 12), apenas 6,06%

(626.619) das empresas o buscaram, sendo 3,52% (363.931) em bancos e esta

prática é mais freqüente entre as informais empregadoras (70,77%) do que nas

por conta própria (53,59%). O financiamento através do próprio fornecedor e com

amigos e parentes também é utilizado pelos informais.

Empresas Informais

Conta Própria Empregador Total Participação

Motivo que levou para iniciar o homem mulher total Participação homem mulher total Participação homem mulher total totalnegócio conta própria empregador

não encontrou emprego 2.187.548 830.518 3.018.066 33,18% 163.083 34.899 197.982 15,98% 2.350.631 865.417 3.216.048 31,12%horário flexível 62.327 121.747 184.074 2,02% 5.909 5.427 11.336 0,91% 68.236 127.174 195.410 1,89%complementação da renda familiar 672.970 1.052.212 1.725.182 18,96% 43.396 51.582 94.978 7,67% 716.366 1.103.794 1.820.160 17,61%era um trabalho secundário 127.037 50.931 177.968 1,96% 29.492 7.615 37.107 2,99% 156.529 58.546 215.075 2,08%outro motivo 290.253 224.676 514.929 5,66% 48.444 33.979 82.423 6,65% 338.697 258.655 597.352 5,78%sem declaração 6.596 9.761 16.357 0,18% 2.984 418 3.402 0,27% 9.580 10.179 19.759 0,19%sexo não declarado 134 0,00% 0,00% 134 0,00%independência 986.684 414.961 1.401.645 15,41% 224.041 76.778 300.819 24,28% 1.210.725 491.739 1.702.464 16,47%tradição familiar 539.898 151.680 691.578 7,60% 115.665 29.999 145.664 11,76% 655.563 181.679 837.242 8,10%experiência na área 580.134 112.299 692.433 7,61% 146.507 26.040 172.547 13,93% 726.641 138.339 864.980 8,37%negócio promissor 471.990 149.431 621.421 6,83% 107.671 32.510 140.181 11,31% 579.661 181.941 761.602 7,37%oportunidade de fazer sociedade 33.380 19.745 53.125 0,58% 36.747 15.865 52.612 4,25% 70.127 35.610 105.737 1,02%

5.958.817 3.137.961 9.096.912 100,00% 923.939 315.112 1.239.051 100,00% 6.882.756 3.453.073 10.335.963 100,00%participação total 57,65% 30,36% 88,01% 8,94% 3,05% 11,99% 66,59% 33,41% 100,00%

Caracteristicas empreendedoras 28,35% 9,11% 3.407.077 37,45% 47,93% 13,34% 759.211 61,27% 30,69% 9,61% 4.166.288 40,31%

32

Page 41: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Tabela 12 – Origem dos recursos das empresas informais – 2003

Fonte: ECINF 2003 – IBGE, baseado tabela 31.

Do total de negócios informais por conta própria, 8.707.894 eram

compostos de único proprietário e 389.018 de dois ou mais. Nas empresas

informais empregadoras, 1.057.577 pertenciam a único proprietário e 181.473 a

dois ou mais.

O local de funcionamento de 64,53% das indústrias de transformação é o

próprio domicílio, ou seja, a produção de 1.052.245 empresas informais acontece

em ambiente familiar.

A abrangência da pesquisa e seus resultados permitem uma análise

bastante significativa quanto à evolução da informalidade no Brasil, bem como,

sua capacidade de geração de emprego e renda, as suas características quanto

ao funcionamento, ramo de atividade, nível de instrução, gênero e rendimento

mensal das pessoas envolvidas.

Reforça a idéia que a informalidade esta diretamente ligada à baixa

capacitação, insuficiência de recursos financeiros e principalmente a dificuldade

em atender as exigências legais e a pesada carga tributária vigente.

origem dos recursos conta participação empregador participação total Participaçãoprópria por tipo por tipo por tipo no total

empresa empresa empresa empresas

com amigos e parentes 81.991 17,71% 17.269 10,55% 99.260 0,96%bancos públicos e privados 248.041 53,59% 115.889 70,77% 363.931 3,52%com o próprio fornecedor 82.866 17,90% 16.243 9,92% 99.109 0,96%com outras empresas ou pessoas 38.513 8,32% 11.151 6,81% 49.664 0,48%outra origem 7.884 1,70% 2.067 1,26% 9.951 0,10%sem declaração 3.567 0,77% 1.137 0,69% 4.704 0,05%total 462.862 100,00% 163.756 100,00% 626.619 6,06%

total empresas informais 9.096.912 1.239.050 6,06% 10.335.962

33

Page 42: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

CAPÍTULO 3 – CONDIÇÕES PARA EMPREENDER NO BRASIL

Através de entrevistas semi-estruturadas e questionários padronizados, a

GEM Brasil 2004, buscou identificar os fatores limitantes à dinâmica

empreendedora no país.

Dos 47 especialistas (16 empreendedores e 31 profissionais) entrevistados,

60% acreditam que o sucesso do Empreendedorismo brasileiro esbarra nas

dificuldades impostas pelas políticas governamentais, pelo apoio financeiro e a

educação.

- Políticas Governamentais – altos encargos tributários e trabalhistas e

burocracia para a abertura de negócios.

- Apoio Financeiro – alto custo do dinheiro, burocracia e excesso de

exigências de garantias legais dificultando o acesso do pequeno

empreendedor.

- Educação e Treinamento – ignora as características e conhecimentos

regionais, estrutura frágil e precária do ensino básico e a não

disseminação da cultura empreendedora.

Estes especialistas brasileiros indicam caminhos para ampliação e

fortalecimento do Empreendedorismo nacional:

- Desburocratizar a abertura e fechamento de empresas; possibilitar que

pequenos empreendimentos participem de processos licitatórios;

divulgar a cultura empreendedora.

- Facilitar acesso às linhas de crédito e oferecer orientação e consultoria

financeira, respeitando as particularidades do empreendimento.

- Incentivar as instituições de ensino para infiltrar a cultura

empreendedora em todo o processo pedagógico e não como uma

“cadeira eletiva”, a fim de identificar novos empreendedores e a eles

oferecer conhecimentos específicos dentro da escola.

- Implementar a educação a distância devido a sua grande abrangência e

baixo custo.

34

Page 43: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

3.1 - PLANEJAMENTO PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

O desenvolvimento econômico de qualquer país ou empresa esta

diretamente ligado ao planejamento, onde se escolhe o destino e o caminho a ser

percorrido para esta conquista. Através do planejamento é possível organizar e

coordenar uma empresa, acompanhar e antecipar os acontecimentos econômicos

e políticos que possam interferir no desempenho do negócio.

HOLANDA (1975, p. 37) define planejamento econômico como:

(...) o processo de elaboração, execução e controle de um plano

de desenvolvimento, que envolve a fixação de objetivos gerais e

metas específicas, tendentes a elevar os níveis de renda e bem-

estar da comunidade, e bem assim a ordenação sistemática do

conjunto de decisões e medidas necessárias para a consecução

desses objetivos, a menores custos e com maior rapidez.

O planejamento na Administração Científica surgiu quando Frederic

Winslow Taylor (1856-1915) substituiu a improvisação nos processos produtivos,

pela escolha adequada de métodos e ferramentas para atingir uma maior

produtividade, onde a gerência e os trabalhadores deveriam priorizar o objetivo

comum e um método para alcançá-lo, partindo do ambiente produtivo e utilizando

a melhor escolha de processos para garantir maiores ganhos para todos. Henri

Fayol (1841-1925) defendeu que a racionalização do trabalho teria que acontecer

não só na produção, mas principalmente nas mesas dos executivos. (SANDRONI,

2005, p. 22, 333, 821).

Com a crise dos anos 70 e 80, o modelo de desenvolvimento fordista que

predominou na economia até a década de 70, voltado as grandes corporações,

com produção em larga escala e alta tecnologia, precisou passar por mudanças,

enxugando suas estruturas e terceirizando algumas atividades para baixar custos.

A partir daí as pequenas empresas assumiram papel importante na economia,

com o crescimento da sua participação no PIB nacional.

“As pequenas empresas possuem características próprias e exclusivas no

âmbito econômico-social, como a contribuição na geração do produto nacional e a

35

Page 44: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

flexibilidade locacional, desempenhando importante papel na interiorização do

desenvolvimento econômico”. (CHER, 1990, apud TERENCE, 2002, p. 56.

Disponível em: http://www.teses.usp.br. Acesso em: 04.11.2005).

Apesar deste merecido reconhecimento, as micros e pequenas empresas

têm precisado se adaptar aos estudos de gestão de projetos que foram

concebidos sobre a ótica das empresas públicas e do planejamento estratégico

para as grandes empresas privadas.

Os projetos públicos e privados abordam aspectos econômicos, técnicos,

financeiros, legais e administrativos, durante as suas fases de conceituação,

planejamento, implementação e conclusão. (KEELLING, 2005 p. 19 e HOLANDA,

1975, p. 104).

Após a implantação do projeto, para se manter produtiva e lucrativa numa

economia globalizada e com mudanças muito rápidas é preciso que a empresa

adote um planejamento estratégico, para que o empresário possa acompanhar e

se antecipar às exigências do mercado e aproveitar as novas oportunidades.

Para se planejar é preciso analisar da maneira mais ampla possível o

universo onde esta inserida a atividade do projeto, traçar objetivos, identificar os

recursos técnicos e financeiros e formular estratégias para atingí-los, em tempo

determinado. (KEELING, 2005, p.203)

Para um negócio dar certo é preciso que ele seja minuciosamente

planejado, previamente a implantação do empreendimento e depois é necessário

acompanhar e se antecipar às exigências e imposições do mercado consumidor e

concorrente, através de uma reciclagem diária de conhecimentos e tendências.

O planejamento não evita que ocorram surpresas, porém, conhecer bem o

real desempenho possibilita tomar atitudes bem analisadas de maneira ágil, como

o modelo econômico com alta competitividade exige da empresa que pretende

continuar lucrativa.

O pequeno negócio nasce do desejo do empreendedor de realizar o sonho

de fazer da sua habilidade principal sua fonte de renda e satisfação pessoal ou

ainda pela necessidade de sobrevivência. O empreendedor que tem uma boa

idéia e muita vontade de trabalhar, parte para a implantação de seu negócio e o

administra de maneira intuitiva, sem um planejamento prévio e adequado.

Em geral, é o dono do negócio que desempenha a maioria das tarefas,

entre compra, venda, execução, ocupando todo o seu dia com atividades

36

Page 45: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

imediatas e urgentes, onde as diretrizes se existem, fazem parte apenas dos seus

pensamentos. Além disso, as MPEs, contratam mão de obra não qualificada,

reforçando a postura do empreendedor em controlar pessoalmente todas as

atividades da empresa, sem qualquer delegação. Para KEELLING, (2005, p.4) o

trabalho de um projeto tem que permanecer separado das operações rotineiras.

Segundo o SEBRAE, muitos dos empreendedores que procuram o seu

balcão de atendimento, jamais fizeram um Plano de Negócios e a maior

dificuldade e razão de fechamento precoce das MPEs, são os problemas gerados

por falhas gerenciais.

É preciso que as teorias sobre planejamento estratégico estejam a serviço

da realidade das micro e pequenas empresas. O pequeno empreendedor precisa

ser convencido da importância do planejamento e ter desenvolvida sua visão para

o médio e longo prazo, uma vez que ele trabalha para obter resultados imediatos.

Sem dúvida o sucesso do planejamento estratégico só ocorrerá com o total

comprometimento e entusiasmo do empreendedor.

O planejamento tem que ser a prioridade do empreendedor para que ele

conheça as suas reais chances de viabilizar o negócio e os caminhos a serem

percorridos para que atinja seu objetivo, onde melhorar e como corrigir.

O planejamento é um processo dinâmico e nunca se encerra e deve indicar

quando é preciso mudar o curso, corrigir a rota e pode mostrar a necessidade de

refazer o plano proposto. Para planejar é preciso conhecer a realidade e ter os

pés no chão, utilizando toda a criatividade e espírito empreendedor.

3.2 – CAPACITAÇÃO

A capacitação é fundamental, pois as habilidades do empreendedor são

postas a prova na ocorrência de problemas, que precisam ser solucionados

rapidamente como exige o mercado altamente competitivo

Nos últimos anos, todo o domínio tecnológico e cientifico é rapidamente

superado e renovado. Talvez a única alternativa seja aliar o conhecimento

adquirido nas escolas ao aprendido fora delas.

37

Page 46: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

DOLABELA (1999, p.19 e 21) defende uma metodologia para a formação

de empreendedores, aliando o conhecimento acadêmico ao prático como “(...)

uma disciplina a ser inserida na grade curricular de um curso de graduação ou de

segundo grau, adaptável a cargas horárias variadas”, induzindo “(...) ao contínuo

aprender a aprender, que leva o aluno a proceder como faz o empreendedor na

vida real: fazendo, errando, corrigindo rumos, criando”.

Já FILION (1999, p.25) considera que: (...) não se pode ensinar

empreendedorismo como se ensinam outras matérias. Mas o

empreendedorismo se aprende. É possível conceber programas e

cursos como sistemas de aprendizado adaptados à lógica desse

campo de estudo. A abordagem aqui deve levar o aluno a definir e

estruturar contextos e compreender várias etapas de sua

evolução.

No Brasil o número de cursos on-line, tem se propagado na mesma

proporção em que se populariza o uso da internet. Os atrativos destes cursos são

a redução de custos, a flexibilidade de horários e a variedade de áreas oferecidas.

De acordo com o Diretor Executivo da Fundação Getulio Vargas, os cursos

da FGV On line, são procurados pelos empresários para aperfeiçoar suas

habilidades e obter ferramentas que possam trazer benefícios na condução do

negócio, além de incentivar e motivar os funcionários na realização de suas

tarefas. (Pequenas Empresas Grandes Negócios, set 2005).

Outra possibilidade para as MPEs é contratar os serviços de empresas

juniores, ligadas a universidades e que oferecem serviços em todas as áreas por

preços acessíveis.

O Instituto Empreender Endeavor, divulgou as 61 empresas de consultoria

júnior espalhadas pelo Brasil, ligadas a faculdades de administração que tiveram

nota “A” nos últimos dois Provões do Ministério da Educação. A pesquisa oferece

a área de atuação, tempo de desenvolvimento do projeto, valor e contato. Este

serviço esta disponível aos empreendedores que não podem pagar uma

consultoria tradicional. (Pequenas Empresas Grandes Negócios, out 2005).

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp, através de

seu Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria – DEMPI, firmou parceria

38

Page 47: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

com algumas Empresas Júnior, cujo objetivo é fortalecer as MPEs e inserir os

estudantes no mercado de trabalho, dando a eles a oportunidade de praticar seus

conhecimentos. A instituição mantém também um Comitê de Jovens

Empreendedores, para prepará-los ao primeiro negócio.

O DEMPI coordena o Programa de Incubadoras de Empresas do Estado

de São Paulo, em parceira com o SEBRAE, SESI, SENAI, prefeituras, câmaras e

entidades locais. Este programa foi criado em 1989 e oferece as empresas

convencionais ou tecnológicas, um ambiente com infra-estrutura completa, além

de acompanhar o gerenciamento do negócio e promover acesso a novas

tecnologias, bem como orientação de gestão, crédito, jurídica e administrativa.

As empresas candidatas a uma Incubadora paulista, para período de dois

anos, precisam ter uma atividade industrial com processos não poluentes, possuir

recursos financeiros para iniciar o empreendimento, idoneidade comercial e

pessoal, espírito empreendedor e dedicação exclusiva.

Em 1991 foi inaugurada em Itu a primeira Incubadora tradicional do país.

Atualmente existem em São Paulo, 24 em funcionamento, 7 em fase de

prospecção e 9 em fase de implantação (figura 9).

Figura 9 – Mapa das Incubadoras de Empresas – Fiesp

Fonte: DEMPI – Fiesp.

39

Page 48: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Outras entidades como por exemplo, o Instituto Empreender Endeavor

oferecem informações através de seus endereços eletrônicos, onde é possível

assistir gratuitamente vídeos com empreendedores de sucesso além de acessar a

biblioteca com artigos de interesse do segmento.

Estas entidades entre outras, desenvolvem importante trabalho voltado à

formação e capacitação de empreendedores e todas elas trabalham em parceria

com o SEBRAE, que é a referência para o empreendedor brasileiro.

3.2.1 – SEBRAE

No ano de 1964 ainda como Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico, o atual BNDES6 criou o Programa de Financiamento à Pequena e

Média Empresa – FIPEME. Em 1967 com a fundação da Financiadora de

Estudos e Projetos – FINEP, formou-se então o Departamento de Operações

Especiais do Banco, que desenvolveu o sistema de apoio gerencial às micro e

pequenas empresas, onde se apurou que a inadimplência dos financiamentos

concedidos estava ligada a má gestão destas empresas.

De outro lado estava a Superintendência do Desenvolvimento do

Nordeste – SUDENE, que levou para as universidades os Núcleos de Assistência

Industrial – NAI, com objetivo de dar apoio gerencial as MPEs. Destas iniciativas,

nasceu em 17 de julho de 1972 dentro do Ministério do Planejamento, o Centro

Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena Empresa (CEBRAE).

O Conselho Deliberativo do CEBRAE era formado pela FINEP, a

Associação dos Bancos de Desenvolvimento - ABDE e pelo BNDE. Em dois

anos o Sistema CEBRAE passou a atuar em 19 estados através da parceria com

entidades já constituídas.

Além da formação de consultores e programas de atendimento ao micro e

pequeno empresário, em 1982 o CEBRAE passa a atuar como representante das

6 Em 1982 por decreto-lei presidencial, o BNDES tornou-se responsável pelos

recursos do Fundo de Investimento Social – Finsocial e teve a palavra social

incluída em seu nome.

40

Page 49: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

MPEs junto aos órgãos governamentais. Em 1990 já subordinado ao Ministério

da Indústria e Comércio, sofre com a perda de 40% de seu quadro de técnicos.

Em 9 de outubro do mesmo ano, através do Decreto 99.570, que

regulamentou a Lei nº 8.029 de 12 de abril, transforma-se em serviço social

autônomo, sem vinculação com a administração pública federal e passa a

chamar- se SEBRAE.

O objetivo do SEBRAE é “fomentar o desenvolvimento sustentável, a

competitividade e o aperfeiçoamento técnico das microempresas e das empresas

de pequeno porte industriais, comerciais, agrícolas e de serviços, notadamente

nos campos da economia, administração, finanças e legislação” (Estatuto Social

do SEBRAE, 2003, Disponível em http://www.sebrae.com.br. Acesso em: 02 de

outubro de 2005).

A representatividade do SEBRAE perante as associações do segmento das

MPEs e do poder público é respaldada pela composição do seu órgão mais

importante, que é o Conselho Deliberativo Nacional – CDN, formado por

conselheiros titulares e suplentes que representam entidades governamentais e

civis, chamadas de “associados instituidores”, que são:

- Associação Brasileira dos SEBRAE Estaduais – ABASE;

- Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das

Empresas Inovadoras – ANPEI;

- Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos

de Tecnologias Avançadas – ANPROTEC;

- Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil –

CACB;

- Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA;

- Confederação Nacional do Comércio – CNC;

- Confederação Nacional da Indústria – CNI;

- Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento–

ABDE;

- Banco do Brasil;

- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES;

- Caixa Econômica Federal – CEF;

- Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP;

- Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC.

41

Page 50: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Ao CDN compete a elaboração e aprovação dos regimentos internos,

decisão sobre as diretrizes e aplicação de recursos, aprovação das prestações de

contas e todas as decisões administrativas e financeiras do Sistema SEBRAE7.

O Presidente deste Conselho é escolhido entre seus próprios membros e

para todos o mandato é de dois anos, renovável e não remunerado. São os

titulares que escolhem os membros do Conselho Fiscal e a Diretoria Executiva -

DIREX, esta remunerada, composta por Diretor Presidente, Diretor Técnico e

Diretor de Administração e Finanças.

Sob o comando da Diretoria Executiva estão as unidades de Educação,

Acesso a Serviços Financeiros, Políticas Públicas, Desenvolvimento Local,

Acesso a Mercados, Orientação Empresarial, Desenvolvimento Setorial, Inovação

e Acesso à Tecnologia, Estratégias e Diretrizes, Qualidade de Equipes,

Administração e Finanças, Marketing e Comunicação, Tecnologia da Informação,

Gestão Orçamentária, Assessoria de Assuntos Legislativos, Auditoria, Assessoria

Jurídica e Assessoria de Assuntos Internacionais.

A principal receita do SEBRAE, provêem da contribuição compulsória das

empresas sobre a folha de pagamento, arrecadada pelo INSS, com percentual de

0,3%, conforme Lei nº 8.154 de 28 de dezembro de 1990.

As receitas previstas para o exercício de 2005 ultrapassam R$ 1,3 bilhões

(tabela 13). Esta receita é distribuída entre o Sistema, sendo que para este ano,

R$ 372.789.676,00 (27,73%) permanecem no Sebrae Nacional e R$

971.629.830,00 (72,27%) repassados para os estados. Só para a unidade de São

Paulo, o volume de recursos do orçamento 2005 é de R$ 156.0550.666,00

(tabela 14). O menor repasse é para a unidade de Roraima com R$

13.581.030,00.

Tabela 13 – Composição das Receitas do Sistema SEBRAE – 2005

7 Sistema SEBRAE é composto pela unidade nacional coordenadora, chamada

SEBRAE e pelas unidades operacionais de cada Estado da Federação.

Orçamento 2005

Fonte de Arrecadação Receita Participação

Contribuição Social R$ 926.414.502 68,91%

Saldo de Contribuições Sociais de anos anteriores* R$ 212.769.562 15,83%

Aplicações financeiras R$ 79.996.943 5,95%

Convênios R$ 38.080.853 2,83%

Recursos próprios R$ 87.157.646 6,48%

Total R$ 1.344.419.506 100,00%

42

Page 51: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Fonte: SEBRAE. *Excluídos os recursos aplicados em Inversões Financeiras R$ 616.350.967,16

Tabela 14 – Distribuição do Orçamento SEBRAE - 2005

Fonte: SEBRAE

Este volume de recursos, distribuído e empregado pelo SEBRAE em todos

os estados brasileiros, é aplicado em diversos programas de capacitação e

disseminação da cultura empreendedora com o objetivo de dar subsídios ao

crescimento da micro e pequena empresa, com informações de toda a ordem,

como acesso ao crédito, novas tecnologias, viabilizando maior competitividade e

possibilitando a formalização cada vez maior dos pequenos negócios.

Distribuição do Receita Participação

Orçamento por UF

SEBRAE - NA R$ 372.789.676 27,73%

SEBRAE - UF R$ 971.629.830 72,27%

R$ 1.344.419.506 100,00%

Distribuição do Receita Participação

Orçamento por UF

Acre R$ 15.687.137 1,61%

Alagoas R$ 21.472.365 2,21%

Amapá R$ 13.663.324 1,41%

Amazonas R$ 26.014.922 2,68%

Bahia R$ 42.082.349 4,33%

Ceará R$ 39.437.552 4,06%

Distrito Federal R$ 21.410.765 2,20%

Espírito Santo R$ 25.728.678 2,65%

Goiás R$ 34.377.367 3,54%

Maranhão R$ 24.040.393 2,47%

Mato Grosso R$ 22.792.502 2,35%

Mato Grosso do Sul R$ 19.911.263 2,05%

Minas Gerais R$ 83.686.665 8,61%

Pará R$ 30.718.325 3,16%

Paraíba R$ 26.000.107 2,68%

Paraná R$ 43.237.029 4,45%

Pernambuco R$ 40.251.012 4,14%

Piauí R$ 17.800.844 1,83%

Rio de Janeiro R$ 65.197.989 6,71%

Rio Grande do Norte R$ 20.666.569 2,13%

Rio Grande do Sul R$ 68.504.811 7,05%

Rondônia R$ 14.964.986 1,54%

Roraima R$ 13.581.030 1,40%

Santa Catarina R$ 47.947.138 4,93%

São Paulo R$ 156.055.666 16,06%

Sergipe R$ 17.121.734 1,76%

Tocantins R$ 19.277.308 1,98%

R$ 971.629.830 100,00%

43

Page 52: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Para atingir estes objetivos, o atual Conselho Deliberativo Nacional, traçou

as prioridades de atuação do Sistema, como reduzir a carga tributária e

burocracia, ampliar e universalizar o crédito e capitalização, fomentar a educação

empreendedora e cooperação, promover acesso à tecnologia e estimular

inovação, possibilitar acesso a mercados, atuar em ações coletivas e priorizar

Arranjos Produtivos, aprimorar a estrutura, operação e gestão do SEBRAE.

Muitas são as ferramentas e informações oferecidas pela instituição no

país. Acessando o endereço eletrônico http://www.sebrae.com.br é possível

conhecer a Legislação específica do segmento das MPEs, os documentos e

caminhos necessários para a abertura e formalização de uma empresa, a

elaboração de um Plano de Negócios, acesso a Biblioteca, entre outras.

Oferece também cursos gratuitos pela Internet8, com linguagem fácil e

acessível, trazendo exercícios práticos além do acompanhamento de um

profissional da área, que oferece subsídios diários por correio eletrônico e remete

o certificado de conclusão ao endereço do aluno.

O SEBRAE Nacional tem projetos diferenciados e específicos que

oferecem informações, mão de obra especializada, além de recursos financeiros.

Na área de tecnologia, por exemplo, o Programa SEBRAETEC, que presta

consultoria para melhorias nos processos e produtos das empresas, financia até

70% do custo do projeto.

O Programa Via Design financia até 50% do projeto, com teto de R$

50.000,00 e tem uma verba anual de R$ 1.350.000,00 prevista no orçamento da

instituição. Há ainda o SEBRAE TIB de Tecnologia Industrial Básica, o Programa

SEBRAE de Eficiência Energética, o Bônus Metrologia, o Bônus Certificação,

além do Programa SEBRAE de incubadoras de empresas.

Para dar as MPEs acesso a serviços financeiros, a Unidade de Apoio a

Financiamentos e Capitalização do SEBRAE criou o Programa Capital de Risco,

que investe no capital social de empresas em crescimento. Nesta unidade

existem ainda a Cooperativa de Crédito e Microcrédito, Fundo de Aval e o

Programa Jovem Empreendedor.

8 Cursos disponíveis na Internet: Aprender a Empreender, Iniciando um Pequeno

Grande Negócio, Como vender mais e melhor, Análise e Planejamento

Financeiro, D’Olho na Qualidade.

44

Page 53: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

O SEBRAE mantém projetos nas áreas de Desenvolvimento Setorial,

Orientação Empresarial, Educação Empreendedora, Políticas Públicas,

Desenvolvimento Local e Assessoria Internacional, todos voltados ao interesse e

crescimento dos micros e pequenos empreendimentos.

Utiliza todas as mídias existentes, desde material impresso e fita de vídeo a

telecentros e mais recentemente videoconferência. Entre 2001 a 2004 , o Sebrae

capacitou 20.502.768 pessoas por meio de programas de rádio, TV e Internet. Só

o jogo empresarial virtual “Desafio SEBRAE”, teve a participação de 169 mil

jovens universitários, onde enfrentam situações simuladas sobre gestão de

empresas. Na competição de 2004, a participação de 57 mil alunos do Brasil,

Chile, Argentina, Peru, Paraguai e Uruguai, colocaram o Brasil no primeiro lugar

entre os jogos empresariais virtuais. Em um ano de funcionamento a “Biblioteca

On line” do SEBRAE, contabilizou 500 mil visitas e mais de 600 mil downloads.

Outro exemplo da importância do trabalho do SEBRAE para o

desenvolvimento da economia brasileira são os números alcançados no circuito

de 2004 da “Feira do Empreendedor”, cujo objetivo principal é divulgar e fortalecer

os negócios locais, possibilitar a criação de novos empreendimentos, reduzir a

informalidade e o fechamento de empresas. Foi realizado em 16 capitais e atraiu

350 mil pessoas, sendo que 148.519 foram capacitadas em 5.121 cursos e

palestras.

Após o encerramento do circuito foram abertos 11.524 novos

empreendimentos no país (figura 10), sendo que 48,79% no comércio (5.623),

31,49% em serviços (3.629) e 9,34% na indústria (1.076) e 10,38% em outros

segmentos (1.196). Em 2003, este evento, ocorreu em apenas sete capitais e

abriram-se 2.031 novos negócios, com 52,2% no comércio (1.060), 38,3% em

serviços (778), 5,8% na indústria (118) e 3,7% em outros segmentos (75).

Figura 10 – Evolução do número de negócios nas Feiras do Empreendedor

SEBRAE 2003-2004

1060

5623

118

1076778

3629

75

11962031

11524

0

2.305

4.610

6.914

9.219

11.524

2003 2004

comércioindústriaserviçosoutrostotal novos empreendimentos

45

Page 54: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Fonte: SEBRAE

O SEBRAE-SP possui uma Central de Relacionamento através do telefone

0800-780202, com informações ao empreendedor e inscrições para cursos e

palestras de qualquer localidade do Estado. Hoje os empreendedores paulistas

podem contar com 5 Escritórios Regionais na capital e 30 no interior.

O Escritório Regional de Sorocaba - ER, até 2004 atendia a 28 cidades da

região9, porém o SEBRAE-SP optou pela descentralização dos seus serviços e

passou a instalar pelo interior de São Paulo os Postos de Atendimento ao

Empreendedor – PAE, que identificam as necessidades e carências dos gestores

locais e assim oferecem as informações, orientações e recursos necessários aos

empreendimentos.

Os PAEs paulistas são fruto das parcerias entre as prefeituras,

associações comerciais e entidades de classe dos municípios, responsáveis pela

manutenção do local e funcionários, e o SEBRAE-SP que cuida do treinamento e

acompanhamento constante. Em todo o Estado 34 postos já estão funcionando e

mais 10 estão em fase de implantação.

O PAE-Itu foi inaugurado em 17 de setembro de 2004, fruto da parceria

entre a Prefeitura Municipal da Estância Turística de Itu10, o Sindicato Patronal do

Comércio Varejista, a Associação Comercial e Industrial de Itu e o SEBRAE-SP.

Contando com dois funcionários municipais, em uma casa no centro da

cidade, o Posto de Atendimento ao Empreendedor da cidade, em um ano de

atividade tornou-se referência e recentemente recebeu a visita dos Diretores do

SEBRAE da Bahia e Pernambuco, interessados em conhecer o modelo para

reproduzi-lo em seus estados.

9 Alambari, Alumínio, Angatuba, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Boituva,

Capela do Alto, Cerquilho, Cesário Lange, Guareí, Ibiúna, Iperó, Itapetininga, Itu,

Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Porto Feliz, Salto, Salto de Pirapora, São Miguel

Arcanjo, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tapiraí, Tatuí, Tietê e Votorantim.

10 A cidade de Itu tem 151.268 habitantes e fica a 101 quilômetros da capital

paulista.

46

Page 55: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

O Posto ituano já cadastrou e atendeu 786 clientes empreendedores que

receberam informações, encaminhamentos e material didático. E 327 deles

participaram de 8 missões empresariais, como a Feira do Empreendedor em São

Paulo e o Encontro Paulista de Associativismo. Além disso, quando necessário

são encaminhados para o ER Sorocaba, para consultoria em áreas específicas.

Nas 29 palestras de orientação sobre gestão, custos, crédito, plano de

negócios, fluxo de caixa entre outras, participaram 885 pessoas. Também

organizou Telessalas sobre Empreendedorismo “Juntos somos fortes” para 32

cooperados artesãos e perueiros. Em parceria com o SENAI e a Vigilância

Sanitária, implantou o programa “Sabor e Qualidade” , curso de 3 meses para

ambulantes, sobre gestão, associativismo e manipulação de alimentos.

O PAE-Itu realizou dois treinamentos EMPRETEC para 51 participantes.

Este curso de 80 horas visa desenvolver e fortalecer os empreendedores para a

gestão competitiva de seus negócios.

O maior projeto elaborado que ainda está em andamento é o Arranjo

Produtivo Local – APL voltado a 20 micro e pequenas empresas do setor das

Cerâmicas Vermelhas, com o objetivo de reestruturá-las e recolocá-las no

mercado. Este projeto é uma parceria do SEBRAE-SP, a Fiesp e o SENAI Mário

Amato, que aplica dinâmicas de grupo, cursos, palestras e faz o

acompanhamento de gestão e tecnologia dentro das empresas.

Os números do SEBRAE impressionam e dão a dimensão da real

importância da instituição no desenvolvimento da economia brasileira.

Através da capacitação dos pequenos empreendedores junto as suas

comunidades, respeitando a história, resgatando a vocação e característica local,

transformando-as em fonte de renda e ponto de partida para a obtenção de

condições de crescimento numa economia competitiva e dinâmica.

3.3 – LEGISLAÇÃO

Em 11 de janeiro de 2003 entrou em vigor o novo Código Civil brasileiro,

Lei nº 10406 de 10 de janeiro de 2002, que substituiu o antigo código de 1916. O

47

Page 56: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

prazo para que as empresas constituídas se adaptem foi estendido até 11 de

janeiro de 2007 pela Lei 11.127/05.

O novo Código Civil divide as empresas pelo aspecto econômico da

atividade por ela desenvolvida, baseando-se na teoria da empresa, onde o que

importa é o desenvolvimento econômico através da organização do capital,

trabalho, tecnologia e matéria prima, gerando riqueza através da produção e

circulação de bens e serviços. (TADDEI, 2002, p. 6).

As empresas dividem-se em: Sociedade Empresária ou Empresário e

Sociedade Simples ou Autônomo.

O artigo 966 do Código Civil define como empresário “quem exerce

profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a

circulação de bens ou de serviços”. O artigo não faz referência a Autônomo,

porém o define indiretamente no parágrafo único, do mesmo artigo. “Não se

considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,

literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo

se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”.

Conclui-se que são considerados autônomos, tanto os profissionais liberais

que vendem serviços de natureza intelectual em estabelecimento organizado,

quanto os vendedores e prestadores de serviços sem estabelecimento

adequado. As definições de empresário e autônomo, quando aplicadas à

atividade constituídas por duas ou mais pessoas, conceituam Sociedade

Empresária (artigo 982) ou Sociedade Simples, respectivamente.

Não há uma definição para o pequeno empresário, porém o artigo 970 cita

“tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao

pequeno empresário” e no parágrafo 2 do artigo 1179, o dispensa da escrituração

imposta ao empresário e a sociedade empresária.

Para a abertura de uma empresa, além de atender as exigências do

Código Civil é necessário obedecer às normas do Departamento Nacional de

Registro do Comércio – DNRC. Esse processo de formalização passa também

pela Junta Comercial, Secretaria da Receita Federal, Instituto Nacional de

Seguridade Social - INSS, Secretarias da Fazenda Estadual e Municipal,

Secretaria Estadual de Saúde, Prefeitura e Corpo de Bombeiros. Dependendo do

ramo de atividade do empreendimento, obrigações específicas devem ser

48

Page 57: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

cumpridas. Cabe ressaltar as possíveis variações legais existentes entre as

localidades espalhadas pelo Brasil.

Uma pesquisa recente do Banco Mundial, classificou 155 países quanto às

condições de desenvolvimento de negócios, considerando aspectos burocráticos

para legalização de empresas e a carga tributária a que estão submetidos.

Quanto à regularização de um empreendimento, o Brasil está na 119ª

posição, com a média de 152 dias necessários para esta empreitada, com um

custo de R$ 2.000,00.

Nos Estados Unidos estes procedimentos consomem cerca de duas

semanas e na Ásia no máximo três. Mais impressionante ainda são os dez anos

necessários para fechar uma empresa brasileira.

Após apresentar o mesmo documento em várias repartições, visto que não

há integração entre a União, o estado e o município, o empreendedor espera pela

vistoria dos fiscais no seu estabelecimento, que fica fechado arcando com os

custos fixos sem permissão para qualquer atividade do negócio o que muitas

vezes pode comprometer a saúde financeira e a própria existência da empresa.

Isto acontece porque no Brasil, os prazos só existem para os contribuintes

e não para qualquer órgão público, o que tornou a demora gerada pela burocracia

uma instituição nacional. Este enredado processo só favorece a informalidade e a

corrupção.

3.3.1 – SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO

A Lei nº 9317 de 05 de dezembro de 1996 instituiu o SIMPLES, que é o

Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das

Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, cujo objetivo principal é

definir e garantir um regime tributário diferenciado, conforme previsto no artigo

179 da Constituição Federal de 1988. Artigo que trata da disposição das esferas

governamentais em facilitar as exigências legais e obrigações aplicadas às micro

e pequenas empresas.

49

Page 58: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

A Lei do SIMPLES Federal define como microempresa, a pessoa jurídica

que auferir no ano calendário uma receita bruta igual ou inferior a R$ 120.000,00,

e empresa de pequeno porte, aquela que obtiver receita acima deste valor até R$

1.200.000,00. Estas faixas de enquadramento foram atualizadas em 11 de

dezembro de 1998, pela Lei nº 9732 (tabela 15)11.

Tabela 15 – Definições para MPEs em relação à receita bruta anual

Fonte: Lei 9732/98 Simples Federal; Lei 11270/02 Simples Paulista; Decreto 5028/04 Estatuto MPE, GMC 90/93 Mercosul e Carta Circular nº 64/2002 – BNDES.

Afora estes limites de receita, existem restrições quanto ao tipo de

atividade exercida, para que uma ME ou EPP, possa optar pelo SIMPLES. A

grande maioria dos prestadores de serviços, além de profissionais liberais, foram

vetados pela Lei.

A empresa que preencha os requisitos quanto ao faturamento e atividade e

esteja em situação regular com a Fazenda e o INSS, pode optar pelo SIMPLES e

fazer o pagamento mensal e unificado de vários impostos federais, como, Imposto

de Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ, Contribuição para os Programas de

Integração Social e de Formação do Patrimônio de Servidor Público - PIS/PASEP,

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, Contribuição para

Financiamento da Seguridade Social - COFINS, Imposto sobre Produtos

Industrializados - IPI e Contribuições para a Seguridade Social, a cargo da pessoa

jurídica.

11 A Lei nº 11.196/2005 alterou os limites do SIMPLES Federal para as MEs em

até R$ 240.000,00 e acima deste valor até R$ 2.400.00,00 para as EPPs, a

vigorar a partir de janeiro de 2006, ainda na regulamentada.

Microempresa Empresa de Pequeno Porte

SIMPLES Federal até R$ 120.000,00 superior a R$ 120.000,00 até R$ 1.200.000,00

SIMPLES Paulista até R$ 150.000,00 superior a R$ 150.000,00 até R$ 1.200.000,00

Estatuto MPE até R$ 433.755,14 superior a R$ 433.755,14 até R$ 2.133.222,00

Exportação - Comércio/Serviços até R$ 360.220,00 superior a R$ 360.220,00 até R$ 2.701.650,00

Exportação - Indústria até R$ 720.440,00 superior a R$ 720.440,00 até R$ 6.303.850,00

BNDES até R$ 1.200.000,00 superior a R$ 1.200.000,00 até R$ 10.500.000,00

Mercosul - Comércio/Serviços até US$ 200.00,00 superior a US$ 200.000,00 até US$ 1.500.000,00

Mercosul - Indústria até US$ 400.00,00 superior a US$ 400.000,00 até US$ 3.500.000,00

50

Page 59: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Os percentuais aplicados sobre a receita bruta acumulada, variam de 3% a

8,60%. (tabela 16). As creches, pré-escolas e estabelecimentos de ensino

fundamental possuem tabela própria incidindo sobre a receita apurada. Além

disso, em todos os casos, acrescenta-se 0,50% para contribuintes do IPI.

Tabela 16 – Impostos Federais sobre faturamento bruto anual – ME e EPP

Fonte: Lei 9732/98. Acrescentar 0,50% para contribuintes do IPI.

O pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços -

ICMS e/ou Imposto sobre Serviços de qualquer natureza - ISS, podem ser

incluídos no SIMPLES pela empresa optante, desde que o Estado e/ou Município

em que esteja estabelecida, seja conveniado ao sistema.

As MPEs, dispensadas do pagamento de contribuições como as

destinadas ao SESC, SESI, SENAI, SENAC, SEBRAE e salário educação,

devem, contudo manter os livros comerciais, fiscais e trabalhistas e os

respectivos documentos pelos prazos das legislações.

As empresas optantes deste sistema de arrecadação federal, não se

isentam do pagamento de vários outros Impostos. Aqueles vinculados a

movimentações financeiras, como IOF, IR e CPMF, além da Contribuição para a

Seguridade Social relativa ao empregado, FGTS, ITR e Imposto de Importação –

II.

Ao contrário das empresas não optantes do SIMPLES, que recebem

incentivos sobre a exportação de seus produtos, as MPEs que conseguem

Impostos e Contribuições

Faturamento Bruto Anual IRPJ PIS/PASEP CSLL COFINS Contribuição Total Previdenciaria recolhimento

até R$ 60.000,00 -- -- -- 1,80% 1,20% 3,00%ME até R$ 90.000,00 -- -- 0,40% 2,00% 1,60% 4,00%

até R$ 120.000,00 -- -- 1,00% 2,00% 2,00% 5,00%

até R$ 240.000,00 0,13% 0,13% 1,00% 2,00% 2,14% 5,40%até R$ 360.000,00 0,26% 0,26% 1,00% 2,00% 2,28% 5,80%até R$ 480.000,00 0,39% 0,39% 1,00% 2,00% 2,42% 6,20%até R$ 600.000,00 0,52% 0,52% 1,00% 2,00% 2,56% 6,60%

EPP até R$ 720.000,00 0,65% 0,65% 1,00% 2,00% 2,70% 7,00%até R$ 840.000,00 0,65% 0,65% 1,00% 2,00% 3,10% 7,40%até R$ 960.000,00 0,65% 0,65% 1,00% 2,00% 3,50% 7,80%

até R$ 1.080.000,00 0,65% 0,65% 1,00% 2,00% 3,90% 8,20%até R$ 1.200.000,00 0,65% 0,65% 1,00% 2,00% 4,30% 8,60%

51

Page 60: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

colocar sua produção no mercado internacional, são tributadas de maneira linear

sem nenhum outro tipo de estímulo.

A Resolução do Grupo Mercado Comum - Mercosul GMC nº 90/93,

confirmada pela GMC nº 59/98, que instituiu uma política de apoio as MPEs, as

diferencia não só pelo faturamento, quanto pelo setor em que atuam. As MEs

industriais são, as com faturamento anual de até US$ 400.000,00 e as comerciais

e de serviço, com limite de US$ 200.000,00. Já as pequenas empresas industriais

atingem US$ 3.500.000,00 e as comerciais e de serviços até US$ 1.500.000,00

de faturamento anual (tabela 15, p. 50)

O Estado de São Paulo implantou o Simples Paulista, Lei nº 10.086 em 19

de novembro de 1998, disponível a empresa vendedora ou prestadora de serviços

para o varejo ou para outra optante do sistema do Estado de São Paulo.

Atualmente, isentam do pagamento do ICMS, as microempresas com

faturamento anual de até R$ 150.000,00, conforme Lei nº 11.270 de 29 de

novembro de 2002.

As empresas de pequeno porte foram divididas em duas categorias de

faturamento anual e alíquotas. Para as EPPs da classe “A”, com faturamento

anual acima de R$ 150.000,00 a R$ 720.000,00, a alíquota aplicada é de

2,1526% e do resultado obtido, subtrai-se R$ 275,00, apurando o ICMS devido.

As EPPs da classe “B”, com faturamento anual acima de R$ 720.000,00

até R$ 1.200.000,00, após a aplicação da alíquota de 3,1008%, subtrai-se 1% do

faturamento com limite de R$ 600,00 menos R$ 275,00, obtendo assim o ICMS

devido.

Em São Paulo, também é preciso aliar ao faturamento anual, o tipo de

atividade, para se fazer à opção pelo sistema.

Quase três anos depois da criação do SIMPLES Federal, numa tentativa de

corroborar o esforço e favorecimento previsto nos artigos 170 e 179 da

Constituição, foi sancionada a Lei nº 9841, de 5 de outubro de 1999, que criou o

Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

Brasil (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de

outubro de 1988. Diário Oficial da União (seção 1).

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte,

52

Page 61: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a

incentivá-las pela simplificação de suas obrigações

administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela

eliminação ou redução destas por meio de lei.

Brasil (1995). Emenda Constitucional nº 6, de 15 de agosto de 1995. Diário

Oficial da União (seção 1, p. 12353).

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho

humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos a

existência digna, conforme os ditames da justiça social,

observados os seguintes princípio

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte

constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e

administração no País.

O Estatuto trata de aspectos menos relevantes do que o SIMPLES,

isentando as MPEs de obrigações chamadas acessórias da Consolidação das

Leis do Trabalho - CLT, tratadas nos artigos 74; 135, § 2º; 360; 429 e 628, § 1º,

que se referem a procedimentos burocráticas e de pouca representatividade.

Trata também de “mecanismos fiscais e financeiros” que possam estimular

as instituições financeiras a manter linhas de crédito específicas as micro e

pequenas empresas..

Neste Estatuto, as pessoas jurídicas cuja renda bruta anual fosse igual ou

inferior a R$ 244.000,00, passaram a ser consideradas MEs, e as que

superassem este valor até o limite se R$ 1.200.000,00, definidas como EPPs. O

Decreto nº 5028, de 31 de março de 2004, alterou os limites de receita bruta

anual para as MEs em R$ 433.755,14, e acima deste valor até a quantia de R$

2.133.222,00 para as EPPs (tabela 15, p. 50).

O Decreto nº 3474 de 19 de maio de 2000 regulamenta em parte o

Estatuto das MPEs e classifica as empresas de acordo com a receita bruta anual,

para fins de apoio creditício à exportação. Microempresa industrial com limite de

receita de R$ 720.440,00 proveniente de atividade industrial e microempresa

comercial ou de serviços com receita bruta anual até R$ 360.220,00 gerada por

atividade de comércio ou de serviços. Para as EPPs, utiliza o teto de R$

53

Page 62: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

6.303.850,00 para a empresa de pequeno porte industrial e o limite de receita

bruta anual de R$ 2.701.650,00 para as EPPs comercial ou de serviços.

O único resultado prático do Estatuto, foi à criação do Fórum Permanente

da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, coordenado pelo Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior com a participação das entidades

que apóiam e representam o segmento. Visa manter aberto o diálogo sobre a

importância das MPEs na economia, promovendo ações práticas e efetivas e a

regulamentação de políticas públicas de desenvolvimento das micro e pequenas.

Apesar das restrições impostas pela Lei, para que as empresas possam

reduzir a leonina carga tributária brasileira, o SIMPLES foi um facilitador não só

ao pequeno empreendedor, como a Receita e ao Fisco, que através da

formalização de grande número de pequenos negócios, além de aumentar a

arrecadação, passou a exercer controle e acompanhamento dessas atividades.

Passado este primeiro momento de euforia e esperança empreendedora, a

manutenção das faixas de faturamento fez com que a ampliação do negócio com

aumento da receita e provável geração de empregos, se tornasse uma

preocupação, visto que isto implicaria em descredenciamento do sistema e

enormes dificuldades ou até total impossibilidade de manter o empreendimento.

3.3.1.1 – NECESSIDADE DE MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO

O divisor de águas para o movimento em prol às micro e pequenas

empresas, certamente foi à inclusão na Constituição de 1988 dos artigos 170 e

179 que garantem tratamento diferenciado ao setor. O SIMPLES Federal e o

Estatuto das MPEs colaboraram para a consolidação destes artigos.

Com a Reforma Tributária uma mudança significativa foi inserida no artigo

146 da Constituição Federal, que estabelece a criação de uma lei complementar

para o segmento das MPEs.

54

Page 63: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Brasil (2003). Emenda Constitucional nº 42, de 19 de dezembro de 2003.

Diário Oficial da União (seção 1, p. 3).

Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária,

entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,

especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em

relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos

respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência

tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado

pelas sociedades cooperativas.

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as

microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive

regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no

art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13,

e da contribuição a que se refere o art. 239.

Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d,

também poderá instituir um regime único de arrecadação dos

impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, observado que:

I - será opcional para o contribuinte;

II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento

diferenciadas por Estado;

III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição

da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes

federados será imediata, vedada qualquer retenção ou

condicionamento;

IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser

compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional

único de contribuintes.

55

Page 64: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Desde que a Emenda Constitucional nº 42, modificou o artigo 146 da

Constituição Federal de maneira essencial à continuidade do aprimoramento

tributário brasileiro, espera-se a sua regulamentação por Lei Complementar.

Com a mobilização de representantes das micro e pequenas empresas de

todo o país, o SEBRAE coordenou em 2003 a estruturação e elaboração do

anteprojeto chamado de Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que tem o

objetivo de reunir, unificar e melhorar todos os recursos legais existentes e

racionalizá-los em benefício das MPEs e do desenvolvimento econômico.

Desde o lançamento da Lei Geral em março de 2005, várias entidades têm

se mobilizado pelo Brasil para divulgar e discutir suas propostas e também

trabalhar para sua aprovação. A Frente Empresarial pela Lei Geral das Micro e

Pequenas Empresas12 tem promovido encontros e discussões pelo país, para

conscientizar os municípios e conseguir adesão ao movimento para que a lei

entre na pauta do Congresso ainda este ano.

A Frente Parlamentar de Apoio à Micro e Pequena Empresa da Assembléia

Legislativa de São Paulo e a Frente Empresarial Paulista13 também tem se

articulado com entidades de classe e a sociedade civil com os mesmos objetivos.

O anteprojeto da Lei Geral foi entregue em 08 de junho de 2005 aos

Presidentes da República, do Senado e da Câmara Federal.

Uma comissão técnica foi formada por representantes do SEBRAE, dos

Ministérios da Fazenda, Trabalho, Previdência e Receita Federal para analisar a

Lei Geral e remover os possíveis entraves que possam atrasar ainda mais a sua

votação.

12 Frente Empresarial pela Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas é formada

pelas Confederações Nacionais da Indústrias – CNI, do Comércio – CNC,

Agricultura – CNA, Transportes – CNT, Associações Comerciais e Empresariais

do Brasil – CACAB, Dirigentes Lojistas – CNDL, Jovens Empresários – Conaje e

das Entidades de Micro e Pequenas do Comércio e Serviços – Conempec.

13 Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de São

Paulo – Facesp, Federação da Agricultura do Estado de São Paulo – Faesp,

Federação do Comércio do Estado de São Paulo – Fecomercio, Fiesp e

SEBRAE-SP.

56

Page 65: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

A proposta da Lei Geral reúne todos aspectos favoráveis possíveis em

uma única lei complementar e a sua efetivação dará a economia nacional o

verdadeiro papel que deve ser atribuído as MPEs. Mais do que geradoras de

tributos, a estas cabem a criação de emprego e renda, a fixação do trabalhador

na sua região de origem com inclusão social.

Se comparadas item a item os parâmetros atuais aos propostos na Lei

Geral, o caminho traçado levará ao aumento de novos negócios com redução da

informalidade, incentivo a competitividade e crescimento econômico brasileiro.

A unificação de todos os procedimentos fiscais, tributários e operacionais

adotados nas esferas federal, estadual e municipal, trará facilidades ao

empreendedor, agilizando e simplificando o processo de regularização da

empresa, eliminando a possibilidade de incorrer em erros e sofrer sanções. E

permitirá que as MPEs tornem-se competitivas e ampliem sua capacidade de

produção.

Os mais de noventa documentos solicitados por dez órgãos diferentes, ao

empreendedor para a abertura ou formalização do seu negócio, deverão ser

substituídos por um registro simplificado baseado no CNPJ e a partir deste

cadastro, Estados e Municípios obterão informações sem nenhum ônus ao

contribuinte. Ao suspender suas atividades temporariamente, a empresa poderá

fazé-lo sem o recolhimento de tributos. E após três anos sem movimentação, a

firma poderá ser encerrada sem pagamento de taxas e multas.

Uma reivindicação é incluir no Código Civil uma definição para “empresário

de ME e EPP” e “empresário individual” com responsabilidade limitada ao capital

social, além de dispensar as MPEs da publicação de atos da empresa, realização

de assembléias e outras burocracias.

Unificar o conceito de microempresa e empresa de pequeno porte em

todas as esferas do poder público, deixando para trás as divergências atuais do

SIMPLES Federal e do Estatuto das MPEs.

O limite de enquadramento sugerido para as MEs é de receita bruta anual

de até R$ 480.000,00. Para as EPPs, a receita bruta superior a R$ 480.000,00

até R$ 3.600.000,00. Além disso, os valores serão corrigidos pela variação

anual do Produto Interno Bruto - PIB.

As empresas que permanecerem nesta faixa de receita, independente do

segmento que atuam podem aderir ao SIMPLES Geral, inclusive os prestadores

57

Page 66: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

de serviços. Além disso, a empresa ao atingir um novo patamar de faturamento, a

nova alíquota será aplicada sobre o crescimento obtido. Medida que visa

incentivar a formalização e crescimento do negócio.

Através do SIMPLES Geral haverá o recolhimento mensal de todos os

impostos, a partir da mesma base de cálculo, ou seja, IRPJ, PIS/PASEP, CSLL,

COFINS, INSS sobre salários dos empregados, ICMS e ISS. Os impostos serão

recolhidos sobre a receita bruta mensal e não sobre a receita acumulada no

exercício fiscal, protegendo o caixa da empresa nos meses desfavoráveis.

Os débitos tributários poderão ser parcelados, ato que atualmente só é

permitido as não optantes do SIMPLES por até 60 meses. Os negócios de

compra e venda entre ME e EPP consorciadas terão isenção de tributos sobre

estas transações.

Para estimular a injeção de recursos na forma de crédito as MPEs, as

Sociedades de Crédito ao Microempreendedor – SCM e as Organizações da

Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, não serão tributadas quando

operarem com micro e pequenas empresas.

Como incentivo às exportações, haverá isenção de impostos sobre as

receitas resultantes destas transações. Outra inovação desta Lei é a possibilidade

de participação em licitações com fornecimento parcial de grandes lotes e com

limite preferencial de R$ 50.000,00 para as MPEs que tenham preços

competitivos e condições de fornecimento. Pontos que facilitam a disputa com as

médias e grandes empresas.

Quanto às leis trabalhistas, a proposta é a suspensão das obrigações

burocráticas, como por exemplo, a apresentação do RAIS. E o INSS ficaria

responsável pelo salário maternidade das trabalhadoras das MPEs.

O movimento desencadeado em favor da Lei Geral das Micro e Pequenas

Empresas tem conseguido divulgar pelo Brasil, a necessidade de adequação e

atualização por parte do Estado em todas as esferas, a realidade e necessidade

do pequeno empreendedor e do reconhecimento da sua relevância na economia

nacional.

Por se tratar de uma matéria tributária, é preciso que, pelo menos os

principais pontos da Lei Geral sejam aprovados ainda em 2005, para que as

empresas possam se beneficiar a partir de 2006. O que representará o

fortalecimento econômico do segmento das micro e pequenas empresas e

58

Page 67: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

reunirá condições para ampliar a regularização de negócios informais, o que

obviamente gera mais emprego e renda.

3.3.1.2 – A SOCIEDADE CIVIL, OS INTERESSES POLÍTICOS E

ECONÔMICOS

Independente do cenário de investigações, depoimentos, renúncias e da

descompostura coletiva no Planalto Central, o ritmo entre os poderes federais e a

sociedade civil sempre esteve em descompasso.

Voltado ao segmento das MPEs, tramita na Câmara Federal deste 19 de

janeiro de 2004, o Projeto de Lei Complementar PLP-123/2004, de autoria de

membro da Assembléia, que trata da regulamentação do artigo 146 e o inciso IX

do artigo 170 da Constituição Federal.

O objetivo é criar um regime único de arrecadação de impostos e

contribuições federais, distritais, estaduais e municipais, chamado

SUPERSIMPLES. Impostos estes, recolhidos em apenas uma guia utilizando o

Cadastro Único Nacional no Sistema Integrado de Gestão de Informações Fiscais

– SIGFIS. O que também simplifica o processo de abertura e baixa das empresas.

Ao PLP-123/2004, foi apensado em 31 de maio de 2005, o Projeto de Lei

Complementar PLP-210/2004, conhecido como Pré-Empresa, de autoria do Poder

Executivo, datado de 08 de novembro, que trata de isenções tributárias e

redução de encargos trabalhistas para microempresas com faturamento bruto

anual de até R$ 36.000,0014.

Tramitam em regime de prioridade na casa, sendo encaminhados para

parecer das Comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio e a

de Finanças e Tributação.

Todo este tempo empregado nestes projetos relativamente simples se

comparados à abrangência da Lei Geral, reafirmam a impossibilidade da Câmara

Federal em aliar a vida política partidária, o bom senso e a rapidez que as

empresas, os empreendedores, o trabalhador e o mercado precisam.

14 A aprovação desta PLP beneficiaria 78,67% das empresas informais

(8.131.357) com renda anual até R$ 24.000,00 conforme dados apurados na

pesquisa ECINF 2003, tratada no item 2.2 – INFORMALIDADE – tabela 10, p. 31

59

Page 68: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Havia ainda a Medida Provisória MPV-252/2005 de 16 de junho, chamada

de MP do Bem por reduzir tributos de alguns setores da economia, como os

fabricantes nacionais de softwares e prestadores de serviços de informática com

pelo menos 80% da receita bruta gerada por exportações, isenção de

PIS/COFINS na receita bruta de vendedores varejistas de computadores (não

optante do SIMPLES), isenção tributária na venda de imóvel para a compra de

outro no prazo de 6 meses, redução a zero das alíquotas de importação de

máquinas e equipamentos, entre outras.

Recebeu 443 emendas, sendo que, a que tratava da alteração da tabela do

SIMPLES Federal, onde a receita bruta das microempresas era igual ou inferior a

R$ 240.000,00 e as empresas de pequeno porte, com receita acima deste valor

até R$ 2.400.000,00, teve uma aprovação maciça no plenário da Câmara Federal.

Na encenação parlamentar, uma das 28 emendas incluídas e aprovadas

pelo Senado Federal a esta MPV, foi o ponto de divergência no plenário da

Câmara entre a oposição e os governistas, sendo que estes últimos pediram

destaque para votação em separado, esvaziaram o plenário, inviabilizando-a.

O principal problema na verdade foi o aumento da isenção fiscal

estimada pelo governo em R$ 3,32 bilhões e que após as emendas passariam

para R$ 6,6 bilhões por ano. Com isto, entre discursos inflamados, socos e

empurrões, esgotaram-se os 120 dias previstos no artigo 62 da Constituição

Federal, para a apreciação da matéria e expirou a vigência da medida provisória,

colocando as empresas que programaram investimentos com base nos

benefícios da MPV em eminente prejuízo.

Após esta manobra da bancada governista, para poupar o executivo de

vetar os pontos que não eram de seu interesse, os próprios, utilizaram a MPV

255/2005 de 04 de julho, para incluir alguns pontos da MPV 252/2005, entre eles

a correção da tabela do SIMPLES.

Em 28 de outubro deste ano, através de acordo das bancadas, esta

Medida Provisória foi aprovada e enviada a sanção presidencial. Transformada na

Lei Ordinária nº 11.196/2005 foi publicada no Diário Oficial da União em 22 de

novembro e confirma no capítulo VI os limites do SIMPLES Federal em R$

240.000,00 para as MEs e até R$ 2.400.000,00 para as EPPs, que passarão a

vigorar em 1º de janeiro de 2006, após regulamentação.

60

Page 69: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Esta primeira e parcial vitória não só dos micro e pequenos

empreendedores brasileiros, mas do sistema socioeconômico nacional, veio

acompanhada da confirmação de que o anteprojeto da Lei Geral será

apresentado como substitutivo ao PLP 123/2004, conforme anunciou o relator do

projeto na Comissão da Microempresa da Câmara dos Deputados.

Estudos e simulações continuam sendo apresentados e debatidos nesta

Comissão que conta com o apoio do novo presidente da Câmara Federal, que ao

receber dos representantes do SEBRAE o anteprojeto da Lei Geral, afirmou que

este será aprovado ainda este ano.

3.4 – CRÉDITO

No país com as maiores taxas de juros do mundo e uma burocracia atroz,

já faz parte do inconsciente coletivo brasileiro, que conseguir um empréstimo,

honrá-lo e não sucumbir a ele, é uma tarefa heróica.

Se o empreendedor resignado passar por todas as barreiras burocráticas,

terá que aceitar taxas escorchantes, que podem inviabilizar e consumir qualquer

crescimento pretendido pelo tomador do dinheiro.

Excluí-se aqui, os financiamentos para cobrir prejuízos, considerando-se

exclusivamente linhas de crédito para a expansão do empreendimento, como

investimento em máquinas e instalações ou capital de giro para aquisição e

reposição de materiais e reforçar o fluxo de caixa, neste caso, desde que não seja

um problema crônico da empresa.

Citando SCHUMPETER (...) em princípio, ninguém além do

empresário precisa de crédito -- ou o corolário, mas de imediato

uma afirmação muito menos estranha, de que o crédito serve ao

desenvolvimento industrial… Ele (o inovador) só pode tornar-se

empresário ao tornar-se previamente um devedor. Torna-se um

devedor em conseqüência da lógica do processo de

desenvolvimento, ou para dizê-lo ainda de outra maneira, sua

conversão em devedor surge da necessidade do caso e não é

algo anormal, um evento acidental a ser explicado por

61

Page 70: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

circunstâncias particulares. O que ele quer primeiro é crédito,

antes de requerer qualquer espécie de bens, requer poder de

compra. É o devedor típico na sociedade capitalista.

(SCHUMPETER, 1982, p, 71 e 72 apud BARBOSA;

CAVALCANTI, 2000, p, 12).

Tendo o empreendedor analisado todas as suas possibilidades e a sua real

perspectiva de ampliar, melhorar e fortalecer o seu negócio é preciso que ele

convença e apresente garantias as instituições de concessão de crédito e esta

tem sido a maior dificuldade para as micro e pequenas empresas.

As empresas precisam estar em dia com suas obrigações, como Fundo de

Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, a Previdência Social e apresentar um

Plano de Negócios, onde esteja bem dimensionado todas as atividades da

empresa e área de atuação, informações sobre fornecedores e clientes,

projeções de faturamento e fluxo de caixa e a utilização do capital emprestado.

Em alguns casos, a entidade realiza auditorias antes de depois de

concedido o financiamento. Alguns bancos exigem de 130% a 200% como

garantia sobre o valor financiado, as chamadas Garantias Reais que podem ser

bens imóveis e móveis do solicitante.

As empresas podem recorrer a fundos de aval, que viabilizam a sua

concessão, facilitando o acesso ao crédito. O Fundo de Aval às Microempresas e

Empresas de Pequeno Porte – Fampe, criado pelo SEBRAE, utiliza recursos

próprios e dá garantias reais para que as MPEs obtenham o financiamento junto a

bancos credenciados, desde que estes sejam para a melhoria da empresa, como

aquisição de máquinas, equipamentos, veículos, certificações e instalação ou

ainda para capital de giro se associado a investimentos.

O aval máximo é de R$ 72.000,00, no limite de 96 meses. A taxa cobrada

pela concessão do aval, no ato da liberação da primeira parcela, varia de 2% a

6%, para garantia de 24 a 96 meses.

Outra opção, esta não só aos micro e pequenos empresários, como aos

autônomos, profissionais liberais, informais e cooperativas, é o Fundo de Aval

para a Geração de Emprego e Renda – FUNPROGER, criado pela Lei nº 9.872

23.11.1999. Vinculado ao Ministério do Emprego e Renda, utiliza os recursos do

Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT e é gerido pelo Banco do Brasil. Garante

62

Page 71: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

até 80% do valor financiado e cobra pelo aval 0,1% sobre o valor garantido,

multiplicado pelo total de meses do financiamento.

O Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade – FGPC, (Lei nº

9.531 de 10.12.1997), é composto por recursos provenientes do FAT,

administrado pelo BNDES e esta disponível na maioria dos bancos espalhados

pelo Brasil e pode ser utilizado para financiar gastos com instalação, aquisição de

máquinas e equipamentos de fabricação nacional, de bens de produção, de

caminhões no caso de empresas transportadoras, benfeitorias em propriedade

rural e para produção de bens e serviços para exportação.

Desde que atendias todas as exigências e garantias junto à instituição

financeira credenciada, o BNDES pode oferecer várias linhas de financiamento

para micro, pequenas e médias empresas em geral, as exportadoras e as

pessoas físicas que atuam no setor de cargas e agropecuário.

Para as MPEs, existem linhas específicas para recuperação e ampliação

de instalações, de máquinas e equipamentos de fabricação nacional e capital de

giro associado a investimentos fixos, como a Linha BNDES-automático, onde as

MEs podem obter até 70% do valor e as EPPs até 40%.

Com o Cartão BNDES, o empreendedor pode levantar até R$ 100.000,00

por emissor (Bradesco, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil), que pode

ser amortizado em até 36 meses, cuja taxa era 1,39% ao mês em novembro de

2005.

Várias outras linhas e programas de financiamento são oferecidos pelo

BNDES, através de seus credenciados, alguns específicos para o setor agrícola e

de exportação.

Em 2005, de janeiro a setembro, o BNDES desembolsou R$ 31,15 bilhões,

(tabela 17) 12% a mais do que o mesmo período do ano anterior, porém para as

MPEs e pessoas físicas houve uma redução de 13% em relação ao mesmo

período do ano anterior.

Apesar disto, entre os anos 2000 a 2004, a participação das micro e

pequenas empresas e pessoas jurídicas, passou de 13,15% em 2000 para

24,06% em 2004. (figura 11).

Tabela 17 – Total de desembolso do BNDES – 2000 a 2005

Fonte: BNDES.

63

Page 72: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

Figura 11 – Participação por tipo de empresa, no total de desembolso do

BNDES – 2000 a 2005

Fonte: BNDES.

As opções de crédito são poucas e as dificuldades impostas ao micro e

pequeno empreendedor são inúmeras, principalmente para a grande maioria que

não esta totalmente preparada e capacitada para enfrentar as exigências do

mercado financeiro. Porém estes empreendedores possuem o primeiro pré-

requisito a ser considerado para iniciar esta empreitada, que é a formalidade.

Para os empreendedores informais, cuja própria condição impede o acesso

as instituições financeiras, cresce a utilização do sistema de Microcrédito, que

viabiliza a população de baixa renda, empréstimos de pequenos valores a juros

aceitáveis.

A primeira operação de Microcrédito ocorreu no Brasil em 1973,

desenvolvida pela União Nordestina de Assistência as Pequenas Organizações.

Ao longo dos anos, várias outras organizações voltadas ao Microcrédito se

espalharam pelo Brasil e já existem leis específicas que estabelecem normas

para a constituição e habilitação destas instituições.

A Lei nº 9.790/99 que estabeleceu a criação das Organizações da

Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, que funcionam como organizações

DESEMBOLSO - BNDES - em R$ milhões Evolução anual por setor

jan a set jan a set

setor 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2001/2000 2002/2001 2003/2002 2004/2003 2005/2004

MPE e pessoa jurídica R$ 3.031 R$ 4.223 R$ 5.970 R$ 7.410 R$ 9.585 R$ 5.964 39,33% 41,37% 24,12% 29,35% -13,00%Média R$ 1.375 R$ 1.562 R$ 2.368 R$ 2.613 R$ 2.993 R$ 2.967 13,60% 51,60% 10,35% 14,54% 42,00%

Grande R$ 18.640 R$ 19.431 R$ 29.082 R$ 23.510 R$ 27.258 R$ 22.218 4,24% 49,67% -19,16% 15,94% 18,00%R$ 23.046 R$ 25.216 R$ 37.420 R$ 33.533 R$ 39.836 R$ 31.149 9,42% 48,40% -10,39% 18,80% 12,00%

64

Page 73: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

não governamentais – ONG, por isto não podem distribuir lucros ou vantagens e a

Lei nº 10.194/01, que autorizou a constituição da Sociedade de Crédito ao

Microempreendedor – SCM, que são reguladas pelo Conselho Monetário

Nacional e consideradas ou companhias fechadas ou sociedades limitadas

visando lucros.

Para ampliar os recursos para o Microcrédito, a Lei nº 10.110/2005, criou o

Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado – PNMPO, que permite

que as instituições financeiras utilizem os recursos financeiros do FAT e de 2%

dos depósitos a vista dos bancos públicos e privados.

Os empréstimos oferecidos pelas instituições de Microcrédito são voltados

para atividades produtivas, onde geralmente em uma visita a casa do

empreendedor, são analisadas, as contas do negócio e as familiares, bem como

as instalações e sua capacidade de pagamento. A maioria acompanha a

utilização do recurso e o andamento do empreendimento.

A característica principal do Microcrédito é de emprestar pequenas

quantias de maneira ágil e desburocratizada a empreendedores informais

idôneos.

Apesar de caracterizar um avanço no sistema de crédito, ainda é preciso

ampliar as possibilidades do empreendedor brasileiro, a quem cabe aproveitar

estas alternativas de crédito a taxas civilizadas.

65

Page 74: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

CONCLUSÃO

Os estudos e pesquisas sobre Empreendedorismo se consolidaram nos

últimos anos em função da globalização da economia e das interferências

tecnológicas e mercadológicas que foram impostas as empresas para se manter

ou se tornar competitivas.

Este processo alterou a estrutura das empresas, que ao aumentarem a

produtividade com a utilização de novas tecnologias, eliminaram inúmeros postos

de trabalho dos seus quadros.

No final dos anos 70, enquanto estas mudanças ocorriam na economia

mundial, nas escolas brasileiras a grande maioria dos jovens sonhava em

trabalhar em uma grande empresa, de preferência em uma multinacional.

A busca pelo emprego estável ainda está muito presente na cultura do

trabalhador brasileiro, representado atualmente pela grande procura por cursos

preparatórios para concursos públicos. Portanto, a realidade para a maioria dos

66

Page 75: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

brasileiros é conquistar um emprego, nesta economia restrita, competitiva e

exigente.

A globalização da economia impôs mudanças as empresas e aos

trabalhadores. Como foi exposto neste trabalho, as dificuldades para a colocação

ou recolocação no mercado de trabalho, fez com que as características

empreendedoras nacionais florescessem.

Contra todas as adversidades encontradas, o empreendedorismo brasileiro

por oportunidade se recuperou entre os anos de 2003 e 2004, após ter sofrido

grande queda em 2002, em função das expectativas geradas pela eleição

presidencial. A diferença entre o número de empreendimentos por oportunidade

e por necessidade no Brasil é fruto das grandes divergências encontradas no

perfil do empreendedor, que por necessidade são na maioria jovens ou mulheres

com baixa escolaridade e poucos recursos e o fazem por falta de melhor

alternativa de subsistência.

As micro e pequenas empresas são a materialização do

empreendedorismo brasileiro. Em números de 2002, juntas representam 99,21%

no total de empresas formais nacionais, 57,17% em número de pessoas

ocupadas e 25,96% na massa total de salários. É impossível negar a importância

das MPEs na economia brasileira.

Mesmo que se pretenda desprezá-las quanto geradora de recursos para o

Estado, através da alegação de possíveis e discutidos benefícios fiscais e

tributários, há que se creditar às micro e pequenas empresas o mérito de

empregar mais da metade da massa de trabalhadores no Brasil.

Sem ainda considerar ao total de empresas formais, o dobro em número de

empresas informais existentes na economia brasileira, que empregam quase 14

milhões de pessoas.

Aceitar e reconhecer que os micro e pequenos empreendimentos

representam a estabilidade e o desenvolvimento social e econômico brasileiros, é

o primeiro passo para o fortalecimento e crescimento destes negócios.

Parte dos pequenos e micro empreendedores brasileiros tem desenvolvido

suas atividades de maneira pouco profissional e muito intuitiva e apesar de todo o

esforço, o número de insucessos tem sido considerável, causando a perda de

parte do capital investido e reconduzindo ao mercado de trabalho em média 770

mil pessoas por ano.

67

Page 76: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

A capacitação dos empreendedores é a primeira condição para o êxito do

negócio. Através do acesso a informação, treinamento e aprimoramento, os micro

e pequenos empresários podem planejar as suas atividades e buscar alternativas

para obtenção de melhores resultados e possíveis correções de rumo.

Nesta onda do empreendedorismo, surgiram instituições voltadas aos

micro e pequenos negócios, com o objetivo de adaptar a eles os procedimentos

criados e disponíveis as médias e grandes empresas. A referência para o

segmento é o SEBRAE, que tem preparado e acompanhado muitos

empreendedores para o sucesso.

Através da capacitação, o empreendedor pode ter acesso a

conhecimentos administrativos, mercadológicos e tecnológicos, que fortalecem e

ampliam seu negócio e principalmente posicionar-se como parte importante do

sistema socioeconômico e exigir mudanças para o segmento.

As primeiras conquistas foram o SIMPLES Federal e o Estatuto da

Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. O primeiro, que inicialmente

possibilitou a formalização de um grande número de empresas, mas que depois

de oito anos sem correção nas suas faixas de faturamento, induz ou força o

empreendedor a interromper o seu crescimento ou dividir em duas empresas.

Atitude que é dificultada pelo tempo, recursos gastos e a burocracia a ser

transposta.

Minimizar as dificuldades de acesso ao crédito e a utilização de taxas de

juros mais civilizadas, foi outra conquista dos empreendedores brasileiros, frente

às condições impostas pelo mercado financeiro acostumado a emprestar grandes

quantias com toda a sorte de garantias.

Apesar disto, o segmento das MPEs tem se mobilizado e demonstrado a

realidade da micro e pequena empresa brasileira, tanto em importância na

economia nacional, quanto na necessidade de “tratamento diferenciado e

favorecido” como preconiza a Constituição Federal Brasileira.

A contradição dos governantes, entre os discursos e intenções em criar

empregos para geração e distribuição justa de renda e dissolver problemas

sociais decorrentes e as efetivas alterações e correções responsáveis na

legislação vigente, tem sido acompanhadas diariamente ao longo destes anos,

pelos micro e pequenos empreendedores brasileiros.

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Page 77: O Empreendedorismo No Brasil e as ME e EPP

A tendência dos nossos representantes em pensar e idealizar políticas de

arrecadação de curto prazo tem atrasado e dificultado o andamento e aprovação

de projetos, que “empoeiram” nas comissões do Congresso Nacional. Apesar

disto, há que se comemorar a tão sonhada correção nos limites de faturamento do

SIMPLES Federal, que entrará em vigor em janeiro de 2006, após

regulamentação.

No cenário econômico atual, o empreendedor brasileiro tem cumprido o

seu papel como parte importante no desenvolvimento sustentado nacional,

gerando empresas, empregos e produtos que privilegiam as características

regionais sempre procurando adequar-se às inovações e exigências do mercado.

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