o dulcis virgo | ensemble mi contra fa

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21 de Maio 21,30h Ensemble Mi contra Fa canto Magna Ferreira alaúde e viola de mão Hugo Sanches flautas Pedro Sousa Silva

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Programa do concerto 'O dulcis virgo' que sera executado pelo Ensemble Mi contra Fa, dia 21 de Maio, pelas 21h30, na capela do Seminario de Nossa Senhora da Conceiçao.

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Page 1: O dulcis Virgo | Ensemble Mi contra Fa

21 de Maio 21,30h

Ensemble Mi contra Fa canto Magna Ferreira

alaúde e viola de mão Hugo Sanches flautas Pedro Sousa Silva

Page 2: O dulcis Virgo | Ensemble Mi contra Fa

O dulcis virgomúsica para as vésperas da beata virgem

O programa que propomos é constituído exclusivamente por música destinada às Vésperas da Assunção da Virgem, festa que ocorre a 15 de Agosto.

Embora o conceito de se escrever música destinada a ser tocada unicamente ao pôr-do-sol de determinado dia (14 de Agosto, neste caso) possa causar estranheza ao ouvinte moderno, o facto explica-se pela importância desempenhada pela música (cantochão ou polifonia) nas práticas litúrgicas durante o Renascimento. Era sobretudo nas festas mais importantes (como o Natal, a Anunciação, a Assunção ou o dia do santo padroeiro) que os maiores dispositivos vocais e instrumentais eram convocados afim de conferir maior importância e solenidade à ocasião. A profusão de obras polifónicas para estas ocasiões nos manuscritos e impressos é assim um reflexo natural dessa prática e oferece ao investigador moderno um excelente ponto de partida para uma reconstituição da dimensão sonora desses momentos.

O alinhamento deste concerto segue o alinhamento das vésperas da Beata Virgine e todas as obras foram seleccionadas de fontes manuscritas portuguesas actualmente residentes na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Assim, apesar do reportório se encontrar destituído de toda a sua dimensão litúrgica, por se tratar de um concerto, as obras conservam a relação de diálogo inerente ao momento “original”.

A nossa abordagem procura expressar não só o reportório como as práticas interpretativas históricas a ele associadas. Demos especial atenção à prática do alternatim, que consiste na alternância de texturas, instrumentos ou géneros na execução de obras consecutivas ou de versos da mesma obra. Por exemplo, à alternância entre antífonas e salmos que marca o início das vésperas pode corresponder a uma alternância entre cantochão e polifonia, ou entre polifonia vocal ou instrumental; mas também cada verso de cada salmo poderá ser tratado de forma diferente, alternando entre cantochão e polifonia, entre texturas contrapontísticas, número de vozes, ou até substituindo partes do texto por obras instrumentais.

No nosso alternatim, procurámos explorar as várias possibilidades de combinações mas também testar diversas soluções assentes em formas de composição ou de dedução polifónica não escritas (hoje diríamos improvisação) a partir de melodias pré-existentes (os cantus firmus), de acordo com as técnicas descritas por alguns tratadistas da época, como Matheo de Aranda (1535), Diego Ortiz (1553) ou Vicente Lusitano (1553), e com os modelos oferecidos por alguns manuscritos.

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PEDR

O S.

SIL

VA

HUGO

SAN

CHES

MAGN

A FE

RREI

RA

Ensemble Mi Contra Fa[Prelúdio] Ave Maria Gratia Plena

Antífona Assumpta est Maria in caelum Salmo Dixit Dominus

Antífona Maria Virgo assumpta estSalmo Laudate Pueri

Antífona In odorem unguentorumSalmo Laetatus Sum

Antífona Benedicta filia tuaSalmo Nisi Dominus

Antífona Pulchra es et decoraSalmo Lauda Jerusalem

[Interlúdio] O Dulcis Virgo Maria

Hino Ave Maris Stella

Antífona Virgo Prudentissima

Magnificat Magnificat do primeiro tom

[Postlúdio] Regina Caeli

Anónimo • P-Cug MM 12, fol. 200v

Cantochão • Hortis. [Ortiz?]P-Cug MM 44, fol. 38v

Cantochão • [Pedro de Esperança?]P-Cug MM 18, fol. 97v

Cantochão • AnónimoP-Cug MM 44, fol. 42v

Cantochão • AnónimoP-Cug MM 44, fol. 43v

Cantochão • Anónimo P-Cug MM 44, fol. 45v

Anónimo • P-Cug MM 6, fol. 56r

Anónimo • P-Cug MM 221, fol. 52v

D. Petrus C.S. + [Pedro de Cristo] • P-Cug MM 53, fol. 3v

Luis Morangam [Luis Moran] • P-Cug MM 12 fol. 121 v

Anónimo • P-Cug MM 6, fol.56v

Natural de Estarreja, estudou Piano e Canto no Conservatório de Música de Aveiro e na Escola Profissional de Música do Porto. É Licenciada em Canto pela Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo, na classe da Prof. Fernanda Correia, Mestre em Estudos da Criança, especialização em Educação Musical, pela Universidade do Minho, onde defendeu a tese sobre o tema “Contributos para um Cânone da Ópera Infantil Portuguesa”. É, igualmente, Mestre em “Advanced Vocal Ensemble Studies” na Schola Cantorum Basiliensis, na classe do Professor Anthony Rooley.

Magna Ferreira (Canto)

Foi membro do Estúdio de Ópera da Casa da Música onde trabalhou com Peter Harrison, entre outros. Frequentou diversas Masterclasses de Canto com Palmira Troufa, António Salgado, Rudolf Knoll, Lorraine Nubar, Dalton Baldwin, Jeff Cohen, enter outros. Frequentou Masterclasses de Música Antiga com Jill Feldman, Ana Mafalda Castro, Richard Levitt, David Mason, Richard Gwilt, entre outros. Frequentou Masterclasses de Direcção Coral com Gerald Kegelman, Cara Tasher, Johan Duyck, Enrique Azurza, Paulo Lourenço, entre outros e de Direcção Orquestral com Cesário Costa, Alexander Polischuck, Ernst Schell, entre outros.

Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, premiada no Concurso Nacional de Canto da Juventude Musical Portuguesa (1996) e recebeu uma Bolsa de Mérito do Instituto Politécnico do Porto, no ano de 1999.

Como solista, destaca-se a sua participação na estreia mundial de “Canticum Canticorum”, de João Heitor Rigaud; na ópera “The three sisters”, de Ned Rorem; na estreia moderna de “Joaz” (no papel de Athalia), de Benedetto Marcello; na estreia moderna de repertório do Convento de Avé Maria no Porto (Séculos XVIII e XIX). Tem cantado com diversas formações, entre as quais, os grupos “Udite Amanti” e “A Imagem da Melancolia”, “Remix Ensemble”, “Remix Orquestra”, Orquestra “Artave”, Orquestra “Sine Nomine”, Orquestra do Norte e Orquestra do Minho. Cantou sob a direcção dos músicos Ana Mafalda Castro, Pedro Sousa Silva, Jeff Cohen, Richard Gwilt, Peter Bergamin, Roberto Perez, José Luís Borges Coelho, entre outros. Enquanto cantora trabalhou com os encenadores Cornelia Geiser, Giuseppe Frigeni, Lorna Marshall, entre outros.

Como maestrina tem dado especial importância à Música Portuguesa e à Música Vocal para a Infância. Colaborou com o Serviço Educativo da Casa da Música, com destaque para a preparação vocal da obra “Da primeira liberdade” (estreia mundial no concerto pré-inaugural do Grande auditório da Casa da Música), de Fernando Lapa. Dirigiu diversos coros e a estreia de obras de vários compositores portugueses, nomeadamente dos compositores João Heitor Rigaud, Nuno Peixoto, Pedro M. Santos, Fernando Valente, Eugénio Amorim, Sérgio Azevedo, Gonçalo Lourenço, entre outros. É uma das personalidades presentes no guia mundial de música coral “Who is who in Choral Music”.

Gravou o CD “Boca” (lançamento em 2004) para a companhia Teatro Bruto, o CD “Despiques”, dirigindo o Coro de Câmara de São João da Madeira, para a editora “Public-Art” (lançamento em Março de 2008) e o CD “Consort Português Mal Temperado”, com o grupo “A Imagem da Melancolia”, para a editora “Challenge Classics” . Gravou para a Antena 2 e para a Deutsche Radio.

Em teatro colaborou, enquanto preparadora vocal, com o Teatro Bruto, Teatro de Marionetas do Porto e Teatro Nacional de São João. Compôs as canções para a peça “Boca” da companhia Teatro Bruto.

Leccionou em diversas instituições, nomeadamente no Conservatório da Jobra, Academia de Música de Guimarães, CCM/Artave, Balleteatro, Academia de Música de Espinho, Universidade do Minho e ESMAE. Actualmente é professora no Conservatório de Música do Porto (Coro) e na ESMAE (Canto, no Departamento de Música Antiga).

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“Um dia ouvi um concerto e a minha vida mudou”. Assim, parafraseando um personagem de Pamuk, poderia começar a biografia de Pedro Sousa Silva. Esse evento, vagamente situado no ano de 1990, marca o início de uma viagem que nos traz a este momento e a este local.

Foram sobretudo os encontros que mapearam o percurso: Pedro Couto Soares na Escola Superior de Música de Lisboa e, mais tarde, Pedro Memelsdorff na Civica Scuola di Musica em Milão foram mestres que deixaram marca indelével, e cujos ensinamentos são o fundamento da expressão de Pedro enquanto intérprete. Outros ainda - como Ana Mafalda Castro, Jill Feldman, Kees Boeke, Miguel Ribeiro Pereira ou Rainer Zipperling - ofereceram lições que até hoje não chegaram ao fim.

Pedro tem a enorme felicidade de poder contar com os melhores companheiros de viagem que poderia desejar. Músicos como Amandine Beyer, Ana Mafalda Castro, Andrea Fossà, Andrea Guttmann, Baldomero Barciela, Ignazio Schifanni, Marcos Magalhães, Olavo Barros, Pedro Couto Soares, Pedro Castro ou Ronaldo Lopes são, para além de cúmplices, fonte inesgotável de inspiração e entusiasmo.

Consequência da sua especialização num instrumento - a flauta de bisel - e num reportório - a polifonia anterior a 1750 - Pedro é convidado regular de vários grupos de música antiga, mas é com os seus projectos L’Universo Sommerso e A Imagem da Melancolia que desenvolve a maior parte da sua actividade concertística. A postura artística de Pedro, reflectida nos seus grupos, assume a Música como uma das três vias possíveis para se fugir à Morte (sendo as outras a Poesia e o Amor), recusa o entretenimento como elemento inerente à Arte e coloca o intérprete numa posição de intermediário idealmente invisível entre a Música e o Ouvinte.

Enquanto intérprete, Pedro apresentou-se em inúmeros pontos de Portugal, Espanha, França, Itália, Suíça e Holanda e gravou discos com as Vozes Alfonsinas, o Coro Gulbenkian e A Imagem da Melancolia , sempre utilizando cópias de instrumentos originais construídas pelos seus amigos Adrian Brown, Luca de Paolis e Monika Musch.

O ensino é outra das expressões de Pedro enquanto músico, dedicando-lhe parte considerável do seu tempo. Demonstrando-se que o destino é um ironista (ou, segundo outra versão, que a vida tem muitas esquinas), é no local onde escutou o concerto referido no exórdio que exerce funções docentes, mais concretamente no Curso de Música Antiga da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo, no Porto. É também convidado frequentemente para leccionar em cursos de aperfeiçoamento, tanto em Portugal como no estrangeiro.

Porque não há duas sem três, Pedro encontra na pesquisa outra vertente da sua profissão. Após realizar estudos de musicologia na Universidade Nova de Lisboa, prepara agora uma dissertação de doutoramento em música na Universidade de Aveiro.

Nos poucos momentos em que não está ocupado a ser músico, Pedro gosta de olhar para o mar, ou de fazer outra coisa qualquer.

Nasceu no Porto a 20 de Janeiro de 1973. Foi quase bioquímico, quase psicólogo e, por uns tempos, guitarrista. É actualmente alaudista, licenciado pela ESMAE onde estudou com Ronaldo Lopes, Ana Mafalda Castro e Pedro Silva.

Actuou com agrupamentos como, entre outros, L’Universo Sommerso, Sete Lágrimas, Ensemble Norte do Sul, Orquestra Barroca de Veneza e Orquestra Barroca da Casa da Música.

Gravou com o grupo Sete Lágrimas os CD Kleine Musik, Diáspora.pt, Silêncio e Pedra Irregular. Foi assistente de produção do CD The Bad Tempered Consort pelo agrupamento A Imagem da Melancolia.

Vive desde 2003 com a mulher da sua vida, Susana. Tem dois filhos sobre os quais derrama o seu amor total e incondicional: Gabriel com três anos e Sofia que terá oito meses para sempre. Tem a consciência aguda de que o tempo passa inexoravelmente e, como quase tudo na vida, não vale pela quantidade mas sim pelo modo como o empregamos e fruímos.

Pedro Sousa Silva (Flauta de Bisel)

Hugo Soeiro Sanches (Alaúde)

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Mi contra Fa é um projecto fundado por Magna Ferreira, Hugo Sanches e Pedro Sousa Silva que pretende dar voz à imensa polifonia dos séculos XVI e XVII que se encontra nos arquivos portugueses, a maior parte nunca executada nos tempos modernos.

O acesso ao reportório através das fontes originais, tanto musicais como teóricas ou histórico-sociais, é uma das premissas do trabalho de Mi contra Fa, procurando assim uma melhor compreensão da linguagem implícita na música e na gramática das práticas associadas.

Os membros de Mi contra Fa são intérpretes especializados de música antiga em instrumentos originais e que, paralelamente às suas carreiras concertísticas de âmbito internacional, desenvolvem investigação académica no seio de programas de mestrado e doutoramento no âmbito da filologia aplicada. O grupo conta ainda com a colaboração dos musicólogos José Abreu e Paulo Estudante.

“A beleza da música, linguagem espiritual e portanto universal, é um feliz veículo para a compreensão e a união entre pessoas e os povos” (Bento XVI).

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