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FESP – FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA COORDENAÇÃO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO Maria Eliane da Silva O DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL FRENTE AO AQUECIMENTO GLOBAL João Pessoa 2009

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FESP – FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA

COORDENAÇÃO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

Maria Eliane da Silva

O DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL FRENTE AO

AQUECIMENTO GLOBAL

João Pessoa

2009

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Maria Eliane da Silva

O DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL FRENTE AO

AQUECIMENTO GLOBAL

Monografia apresentada à Coordenação de Ciências Jurídicas da FESP – Faculdades de Ensino Superior da Paraíba, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Msc. Julian Nogueira de Queiroz

João Pessoa 2009

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S586d Silva, Maria Eliane da O direito ambiental internacional frente ao

aquecimento global / Maria Eliane da Silva – João Pessoa, 2009.

48f.

Orientador: Profª. Msc. Julian Nogueira de Queiroz.

Monografia (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP.

1. Aquecimento Global 2. Legislação Ambiental

Internacional. 3. Desenvolvimento Sustentável. I. Título.

BC/FESP CDU: 34:502(043)

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Maria Eliane da Silva

O DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL FRENTE AO

AQUECIMENTO GLOBAL

Monografia apresentada à Coordenação de Ciências Jurídicas da FESP – Faculdades de Ensino Superior da Paraíba, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Msc. Julian Nogueira de

Queiroz

Data da aprovação: ___ / ___ / ___

________________________________________

Prof. Msc. Julian Nogueira de Queiroz (Orientador)

_________________________________________ Profª. Msc. Débora Alessandra Peter

Examinadora

__________________________________________ Profª. Msc. Paula Gecislany Vieira Gomes

João Pessoa 2009

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Ao Planeta Terra,

que agoniza nas mãos humanas,

Dedico!

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que me fortalece a cada novo dia e me presenteia com o dom da vida;

A meu filho Thomaz, pela força, companheirismo e paciência;

A meu orientador, pela indicação do caminho a seguir;

Aos meus professores pelos ensinamentos transmitidos;

A todos que estiveram presentes neste trabalho, direta ou indiretamente.

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Querido JESUS,

“precisas ver o que temos feito com esta Terra, na

qual teu Pai criou vida – e vida inteligente! Nossa

ambição de lucro polui rios e mares, queima

florestas, exaure o solo,

resseca mananciais, extingue espécies marítimas,

aéreas e terrestres, altera os ciclos das estações

e envenena a atmosfera.

Gaia se vinga, cancerizando-nos,

reduzindo as defesas de nosso organismo,

castigando-nos com a fúria de seus tornados, tufões,

furacões, terremotos,

com frio e calor intensos” –

FREI BETTO, em Folha de S.Paulo, 24.12.1998. cad. 1, p.3

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RESUMO

Um dos temas mais amplamente abordados nas diversas áreas do conhecimento tem sido o aquecimento global, que constitui um tema de interesse não somente entre os cientistas, pois se refere ao aumento da temperatura do planeta originado a partir de uma maior concentração de gases atmosféricos relacionados ao efeito estufa, como o dióxido de carbono, metano, óxido nítrico, e clorofluorcarbonos. As atitudes humanas de consumo exacerbado e das atividades econômicas e industriais, principalmente, a queima de combustíveis fósseis e minerais, acentuadas a partir do século XIX, resultaram na quase duplicação da concentração desses gases, o que poderá desencadear um aumento médio entre 1,4 e 5,8ºC na temperatura do planeta, provocando uma série de problemas ao redor de todo o mundo. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é descrever alguns dos aspectos a respeito do aquecimento global em diversas áreas, através de uma revisão crítica da literatura científica disponível sobre o tema, contextualizando principalmente as questões da legislação ambiental internacional.

Palavras-chave: Aquecimento Global. Legislação Ambiental Internacional. Desenvolvimento sustentável.

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ABSTRACT

One of the most widely discussed in various areas of knowledge has been global warming, which is a topic of interest not only among scientists, as it refers to the increase in temperature of the planet originated from a higher concentration of atmospheric gases related to greenhouse effect as carbon dioxide, methane, nitrous oxide and chlorofluorocarbons. The attitudes of human consumption and exacerbated the economic and industrial activities, mainly the burning of fossil fuels and minerals, from wide of the nineteenth century, resulted in almost doubling the concentration of these gases, which could trigger an average increase between 1.4 and 5.8 º C in the temperature of the planet, causing a number of problems around the world. In this context, the objective of this study is to describe some of the aspects about global warming in many areas, through a critical review of the available scientific literature on the subject, contextualizing primarily the issues of international environmental law.

Keywords: Global Warming. International Environmental Law. Sustainable development.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – O efeito Estufa ........................................................................................................15

Figura 2 - classificação dos maiores responsáveis pelas emissões de CO2. .............................16

Figura 3 – Ciclo do Carbono ....................................................................................................17

Figura 4 – Possíveis impactos decorrentes do aquecimento global..........................................20

Figura 5 – Imagem da Carta das Nações Unidas......................................................................31

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LISTA DE SIGLAS C - Carbono

CIJ - Corte Internacional de Justiça

CMMAD - Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

CO2 - Gás Carbônico

COP - Conferência das Partes

COP/MOP - Conferência das Partes/ Reunião das Partes do Protocolo

EPA - Environmental Protection Agency

GEE - Gases do Efeito Estufa

IPCC - Intergovernamental Panel on Climate Change - Painel Intergovernamental sobre

Mudança Climática

MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MIT - Massachussets Institute of Technology

NASA - National Aeronautics and Space Administration - Administração Nacional do Espaço

e da Aeronáutica.

N20 - Óxido Nitroso

O - Oxigênio

OECD - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

ONG - Organização Não Governamental

ONU - Organização das Nações Unidas

RCEs - Certidões de Redução de Emissões

UNEP - United Nations Environment Programme – Programa das Nações Unidas para o

Meio Ambiente.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................11

CAPÍTULO I AQUECIMENTO GLOBAL.....................................................................13

1.1 O EFEITO ESTUFA.....................................................................................................14

1.2 O CICLO DO CARBONO ...........................................................................................17

1.3 CONSEQUÊNCIAS......................................................................................................19

1.4 COMO CHEGAMOS A ISSO? HOMEM x AMBIENTE........................................21

CAPÍTULO II LEGISLAÇÃO AMBIENTAL INTERNACIONAL ..............................25

2.1 CONVENÇÃO QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇA

GLOBAL DO CLIMA ...........................................................................................................25

2.2 PROTOCOLO DE KYOTO ........................................................................................26

2.3 ACORDO DE MARRAKESH.....................................................................................27

2.4 CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA ..............................................................28

2.5 CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS ...............................................................................31

CAPÍTULO III O AQUECIMENTO GLOBAL NO CENÁRIO JURÍDICO

INTERNACIONAL................................................................................................................33

CAPÍTULO IV O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO ALTERNATIVA

PARA REVERTER O QUADRO PRESENTE E GARANTIR O FUTURO ..................37

4.1 O DESAFIO DE ENTENDER AS MUDANÇAS.......................................................40

4.1.1 O Mercado de Carbono........................................................................................41

4.2 ECONOMIZAR PARA NÃO FALTAR.....................................................................42

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................44

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................45

APÊNDICE ......................................................................................................................48

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11 INTRODUÇÃO

O Estado de direito na modernidade envolve e perpassa a questão do aquecimento

global, o qual está na ordem do dia dos principais fóruns internacionais de direito.

A globalização trouxe a tona questões universais que envolvem o Direito Ambiental,

dentre eles o aquecimento global.

O aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão; como tal,

influencia e transcende várias áreas do conhecimento humano. É percebido pelo grande

público e por diversos líderes políticos como sendo uma ameaça em potencial. Suas causas

não estão bem entendidas. Os seus efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e meio

ambiente é que preocupa e já começaram a serem percebidos. As pesquisas científicas são

claras: as mudanças do clima ameaçam os ecossistemas, a economia e até mesmo a saúde das

pessoas em escala global. Portanto, as mudanças climáticas representam, talvez, o maior

desafio ambiental que nossa espécie já encontrou e o que mais ameaça nossa sobrevivência

neste planeta a curto prazo.

Devido ao aquecimento global ser um fenômeno em escala global, ele está sob a

tutela do direito internacional, e, somente acordos internacionais serão capazes de sinalizar

uma política da redução nas emissões de gases estufa. A convenção sobre a mudança do clima

(1991), como também, o protocolo de Kyoto, ratificaram a importância de tratados, normas e

diretrizes, para enfocar o problema do aquecimento global. O direito internacional está no

bojo de todos esses tratados e convenções.

As Convenções destinadas à proteção do meio ambiente também não poderiam

deixar de ser mencionadas. São inúmeras, basta mencionar as mais importantes, tais como, a

Conferência do Rio de Janeiro de 1992, sobre mudança no clima e diversidade biológica, bem

como a Convenção de Viena para a proteção de Camada de Ozônio (1985).

Mais que o simples aumento da temperatura, o que preocupam cientistas,

autoridades, sociedade civil e até mesmo empresas, são as possíveis consequências desse

incremento. A ciência já mostrou que em tempos passados o planeta passou por modificações

de temperatura, porém a novidade é que grande parte do fator causador das mudanças atuais é

a ação humana, que leva ao acúmulo de gases do efeito estufa na atmosfera do planeta.

A modernidade envolve aspectos em várias áreas da vivência e prática de povos e

nações. Esses aspectos apontam para uma nova ordem da prática e vivências humanas. Essa

nova ordem passa necessariamente pelo respeito ao direito e garantias individuais, assim

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como, pelo respeito e preocupação com questões de ordem ambiental. Um verdadeiro Estado

de direto, não pode nem deve, prescindir das questões ambientais. O meio ambiente tornou-se

tema recorrente em fóruns, instituições, universidades do mundo inteiro.

Os princípios do direito internacional ambiental encontram-se na declaração de

Estocolmo de 1972. Entre esses princípios estão: O direito fundamental do homem a um meio

ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e a obrigação de proteger e

melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. Há outro princípio que fez a

ligação entre o desenvolvimento e o meio ambiente.

É sabido que as nações industrializadas são as maiores poluidoras. E temos que

mencionar o protocolo de Kyoto, assinado em Kyoto (Japão), o qual ratifica uma redução

gradual de poluentes, principalmente, no mundo desenvolvido, até o ano de 2012. Virá depois

desse protocolo, um novo, para dar continuidade a questão da redução dos poluentes

atmosféricos. Contudo, sabemos que a nação mais desenvolvida, os EUA, não assinaram esse

protocolo. Houve indignação no mundo todo. Isso ocorreu no governo de George Bush. Com

o resultado das eleições presidenciais dos EUA, vislumbre-se uma nova esperança sobre

questões de ordem ambiental.

Entendendo a urgência de tratar do tema sobre a ótica do direito ambiental, este

estudo tem como objetivo principal analisar as complexas e progressivas questões do

aquecimento global no cenário jurídico internacional; e para alcançá-los foi utilizado o

método histórico de pesquisa, através do levantamento bibliográfico exploratório.

O estudo está estruturado em quatro capítulos, onde o primeiro traz as questões

conceituais sobre o aquecimento global; o segundo traz a legislação ambiental internacional; o

terceiro traz as discussões sobre o aquecimento global no cenário jurídico internacional; e no

quarto traz o desenvolvimento sustentável como alternativa para reverter o quadro presente e

garantir o futuro.

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CAPÍTULO I AQUECIMENTO GLOBAL

Entende-se por aquecimento global o aumento da temperatura na Terra. Esse

fenômeno tem sido causado por grande quantidade de gases liberados na atmosfera, por

agentes poluentes, que amplificam o efeito estufa. O Aquecimento Global é um fenômeno

capaz de trazer mudanças gravíssimas para o planeta, se constitui numa ameaça concreta para

o clima do globo, e, consequentemente, à vida terrestre.

É um fenômeno climático de larga extensão. Nos últimos 150 anos vem ocorrendo

um aumento da temperatura média superficial. O significado deste aumento de temperatura

ainda é objeto de muitos debates entre os cientistas, que acreditam ter sido provocado tanto

por causas naturais, já que não é a primeira vez que alterações climáticas mudam radicalmente

o planeta; ou antropogênicas1, já que o homem vem poluindo e consumindo de forma

desregrada as fontes do planeta.

O aquecimento global vem sendo comprovado através das medidas de temperatura

de estações metereológicas em todo o globo, o que ocorre desde 1860. Segundo Machado et al

(2006), o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (Intergovernamental Panel on

Climate Change – IPCC), criado em 1988 na Conferência Mundial sobre Mudanças

Atmosférica, publicou seu primeiro relatório de avaliação em 1990, afirmando que a mudança

climática representaria uma ameaça a humanidade.

Cinco anos após a publicação de seu primeiro relatório, o IPCC sugere evidências

que indicam uma nítida influência do homem sobre o clima. “Os dados com a correção dos

efeitos de "ilhas urbanas" mostra que o aumento médio da temperatura foi de 0.6+-0.2 C

durante o século XX. Os maiores aumentos foram em dois períodos: 1910 a 1945 e 1976 a

2000”. (MACHADO et al, 2006, p.2)

Ainda segundo dados do IPCC citado pela autora acima citada, outras formas de

evidências são as variações da cobertura de neve das montanhas e de áreas geladas, feitas

através da observação via satélite, que mostra uma diminuição de 10% na área coberta em

relação aos anos 60. Igualmente o aumento do nível global dos mares, do aumento das

precipitações, da cobertura de nuvens, do El Niño e outros eventos extremos de mau tempo

durante o século XX. A maioria da comunidade científica está convencida de que o

aquecimento global observado tem como causa a emissão de gases causadores do efeito estufa

emitidos pela atividade humana. 1 Antropogências: ações derivadas de atividades humanas, em oposição a aqueles que ocorrem em ambientes

naturais sem influência humana.

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Segundo Boff apud Barbosa et al (2008) a poluição do ar é o maior vilão do

aquecimento global. A poluição do ar se dá a partir de qualquer processo, equipamento,

sistema ou máquina, sejam eles fixos ou móveis, através de ações naturais ou da ação do

homem, que possa liberar ou emitir matéria ou energia para a atmosfera.

O aumento de parques industriais sem projetos de implantação que cuidassem das questões urbanísticas locais acabaram por resultar em acumulo e concentração de resíduos e lixos em solos despreparados ou em canais marítimos ou fluviais. Esse cenário é intensificado com o aparecimento de locomotivas, navios a motor e outras tecnologias com funcionamento à base de óleo diesel. Embora estas descobertas tecnológicas otimizassem os resultados dos ciclos produtivos em geral, afetavam substancialmente os recursos naturais do meio ambiente (ANDRADE et al, 2002).

Entre as emissões antropogênicas, destacam-se os resíduos industriais, a queima de

combustível para o transporte (gasolina, diesel, álcool), queima do lixo, cozimento de

alimentos, equipamento de refrigeração e ar-condicionado e embalagens tipo aerossóis,

estações de tratamento de esgotos domésticos, entre outras fontes poluidoras.

Os danos da poluição atmosférica não se restringem à espécie humana, toda a

natureza sente o impacto. A toxidez do ar provoca a destruição das florestas, provoca fortes

chuvas que levam à erosão do solo e o entupimento dos rios, entre outros fenômenos.

Ainda segundo o autor, calcula-se que, entre 1830 e 1930, a poluição atmosférica

tenha provocado um crescimento da quantidade de gás carbônico na atmosfera, em torno de

14%. Como o gás carbônico tem a propriedade de potencializar a absorção do calor, pelo

efeito estufa, um aumento da proporção desse gás na atmosfera pode ocasionar um

aquecimento da superfície terrestre, o chamado “aquecimento global”.

1.1 O EFEITO ESTUFA

Ao contrário do que se pensa o efeito Estufa não é um problema para o planeta Terra.

Segundo Caldas (2008), ele é o grande responsável por manter o planeta aquecido nos limites

de temperatura necessários para a manutenção dos seres vivos.

Durante milhões de anos, a presença na atmosfera de gases como o vapor d´água, o dióxido de carbono (CO2), o metanos (CH4) e o óxido nitroso (N2O), entre outros, deu origem ao chamado feito estufa – um fenômeno natural que criou as condições ideais para o surgimento da vida na Terra. (CALDAS, 2008, p.22)

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Figura 1 – O efeito Estufa Fonte: Rezende et al. (2001)

Para se entender melhor o efeito estufa, pode-se traçar uma analogia com as estufas

de cultivo de plantas, normalmente feitas de vidro. O vidro deixa passar a luz do sol

livremente, mas impede a saída do calor formado no interior da estufa, provocando seu

aquecimento, criando um ambiente favorável para o desenvolvimento das plantas,

O efeito estufa cria uma redoma protetora sobre o planeta, impedindo que os raios

ultravioletas vindos do sol penetrem à atmosfera e que meteoritos nos atinjam. É o efeito

estufa que mantém e redistribui o calor do Sol por meio das circulações atmosféricas e

oceânicas. Sem ele a Terra seria coberta de muito gelo, sem condições de vida.

Pode-se então dizer que existem duas faces para o efeito estufa; ao mesmo tempo em

que possui uma importância extraordinária para a vida no planeta, sua acentuação provoca um

indesejável aumento da temperatura na troposfera, ocasionando um desequilíbrio de

proporções ainda não calculáveis, como: alterará o ciclo natural das águas, a fusão dos gelos

dos grandes calotes polares, alterações na fauna e na flora, elevação no nível dos oceanos,

redução das áreas de cultivo e a salinização das fontes de água doce.

A acentuação do efeito estufa se deve ao aumento da concentração de gases na

atmosfera, que começa a reter o calor ao invés de refletí-lo de volta para a atmosfera e para o

espaço. Esse fenômeno decorre das ações de atividades econômicas e industriais praticadas ao

longo de muitos anos, que, segundo Rocha (2003), duplicou a concentração de gases do efeito

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estufa (GEE) na atmosfera durante o período de 1750 a 1998, provocando alterações na

biosfera.

Segundo Caldas (2008), os excessos de emissão de gás carbônico e outros gases,

liberados pela queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural), que formam a

base para as atividades industriais; a decomposição do lixo; a pecuária; o uso de fertilizantes

químicos, que lançam metano e óxido nitroso na atmosfera; e a queimada das florestas, que

emitem grande quantidade de dióxido de carbono; estão contribuindo para reforçar o efeito

estufa.

Para Rocha (2003) é preciso salientar que, apesar da grande maioria dos países do

globo terem aumentado a emissão de Gás Carbônico (CO2), são os países desenvolvidos que

mais contribuem para o aumento da concentração dos GEE, como pode ser visto na Tabela

abaixo.

País Ranking 1994 Ranking 1950

EUA 1 1

China 2 10

Rússia 3 2*

Japão 4 9

Índia 5 13

Alemanha 6 3

Reino Unido 7 4

Canadá 8 7

Ucrânia 9 2*

Itália 10 17

México 11 20

Polônia 12 8

Coréia do Sul 15 14

França 14 5

África do Sul 15 14

Austrália 16 15

Coréia do Norte 17 73

*URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

Figura 2 - classificação dos maiores responsáveis pelas emissões de CO2. Fonte: Adaptado de (Rocha, 2003, p.21)

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1.2 O CICLO DO CARBONO

De uma forma bem resumida, o carbono (C) é um dos constituintes da vida e um dos

dez elementos químicos mais abundantes no universo. Está presente em todas as substâncias

orgânicas e em constante movimento, no ar, na terra e no mar, no que se conhece como ‘ciclo

do carbono’, representado na figura 3 abaixo.

Em termos globais, o ciclo do carbono pode ser dividido em duas categorias: o ciclo geológico, que opera em uma escala de tempo de milhões de anos, e o biológico-físico, que o faz em escalas de tempo menores, variando de dias a milhares de anos. Dessa forma, o carbono circula no planeta a velocidades que variam de muito rápidas a infinitamente lentas. (KLINK, 2007, p.78)

Figura 3 – Ciclo do Carbono Fonte: Klink (2007, p.78)

Ainda para o autor, o carbono está ligado ao oxigênio (O) na atmosfera, em um gás

conhecido como ‘dióxido de carbono’ (CO2), que é justamente o gás causador do efeito

estufa, que retém o calor na atmosfera. “Sem ele a Terra seria um planeta congelado’.

(KLINK, 2007, p.79)

Para entender o efeito estufa basta traçar um comparativo com os vidros de um carro

fechado, uma parcela dessa luz é refletiva de volta através do vidro, a outra, a maior parte,

penetra os vidros na forma de luz, e passa a aquecer o ambiente, ficando retida dentro do

carro. Na natureza é exatamente assim e é justamente esse “efeito estufa natural que tem

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mantido a atmosfera da Terra por volta de 20ºC mais quente do que seria em sua ausência, e é

isso que permite a existência de vida no planeta”. (KLINK, 2007, p.22)

A fotossíntese é a reação química mais importante do planeta, pois é através dela que

o CO2 é retirado naturalmente da atmosfera. A fotossíntese é feita por plantas, algas e algumas

bactérias, nela, átomos de carbono, na forma de CO2 são removidos da atmosfera e

incorporados aos tecidos vivos dos organismos que realizam o processo, durante o qual o

oxigênio (O) é liberado no meio ambiente como um ‘subproduto’, tornando possível toda a

vida animal no planeta.

Os recursos energéticos também dependem da fotossíntese, pois ao utilizarmos lenha

ou carvão vegetal para gerar energia, estamos liberando para a atmosfera o CO2 que havia

sido incorporado àquela matéria há alguns anos ou décadas. Da mesma forma os combustíveis

fósseis, como petróleo e seus derivados, e carvão mineral, tiveram suas origens graças a

fotossíntese da vegetação pré-histórica, por isso são tão ricos em carbono. Quando se queima

um combustível fóssel, se traz de volta, a uma velocidade absurdamente maior do que

ocorreria naturalmente, o carbono pré-histórico que estava armazenado no interior do planeta.

A cada ano, cerca de 6 bilhões de toneladas de carbono, na forma de CO2 são liberados para a atmosfera em virtude da queima de combustíveis fósseis e aproximadamente 2 bilhões de toneladas de carbono, por meio de atividades de uso da terra (por exemplo, desmatamento). (Beedlow et al apud KLINK, 2007, p.86)

As florestas e os fitoplânctons do planeta não conseguem absorver essas quantidades

de forma rápida, e esses gases se acumulam na atmosfera aumentando o efeito estufa,

provocando o aquecimento global e destruindo a camada de ozônio que protege a Terra.

Como os gases atmosféricos e a temperatura também possuem elo com o equilíbrio

marinho, a poluição do ar é absorvida pelos oceanos, contribuindo para o aumento do

aquecimento global. Por outro lado, o fenômeno da camada de ozônio acarreta a morte dos

plânctons, comprometendo a cadeia alimentar marinha e a humana.

Para Klink (2007) é neste sentido que afirma-se que as atividades humanas

acentuaram as concentrações de gases na atmosfera, ampliando a quantidade total de radiação

infravermelha absorvida por ela e convertendo-a em calor.

Para atenuar esses fenômenos é necessária a adoção de medidas reparadoras, mas

também preventivas, a conservação do meio ambiente com ações e projetos educacionais de

preservação ambiental. “Nosso ecossistema está destruído em função de lixos nele

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depositados, o que gerou um desequilíbrio na oferta de oxigênio para a atmosfera” (SANTOS,

2003, p.31).

1.3 CONSEQUÊNCIAS

Apesar de cientistas divergirem ainda sobre suas causas, é consenso que o

aquecimento global se constitui em uma ameaça concreta para nosso planeta e que precisa ser

estudado com muita atenção.

Muitos fóruns, debates, encontros e reuniões acerca do assunto vem sendo realizadas

em todo o mundo, pois as consequências deste fenômeno sobre o clima, e a velocidade com

que ele está se desenvolvendo, geram bastante controvérsias ainda.

O aumento da temperatura na superfície do planeta, capaz de provocar o rápido derretimento da neve nos pólos, as chuvas torrenciais e a escassez de água são algumas das consequências do aquecimento global, que certamente trará enormes prejuízos a todos os seres vivos. Pesquisadores calculam que o nível do mar poderá subir neste século, ameaçando cidades próximas das praias. Acredita-se também que importantes áreas de plantio poderão secar, prejudicando a produção de alimentos. (CALDAS, 2008, p.7)

Segundo dados da Organização das Nações Unidas - ONU, nos últimos 100 anos a

temperatura média do planeta subiu 0,7ºC.; o século 20 foi, ainda de acordo com a ONU, o

mais quente nos últimos 500 anos. A concentração de ozônio da estratosfera tem diminuído,

sobretudo nos últimos anos, em especial na Antártida, dando origem ao buraco de ozônio, que

ocorre na primavera austral, nos meses de setembro e outubro, conforme observações

científicas, especialmente da National Aeronautics and Space Administration - NASA

(BARBOSA et al, 2008).

Segundo Rodrigues (1997) estes acontecimentos podem ocasionar danos à saúde

humana, à vegetação e à fauna, ocorrer uma redução de visibilidade, alteração da acidez da

água da chuva, formando a chuva ácida, aumento da temperatura do planeta (aquecimento

global em si), incidência de raios ultravioletas, redução da camada de ozônio gerando efeitos

em nível local, regional e global.

Para o IPCC (2001b) isso gera impactos econômicos, sociais e ambientais para todo

o planeta, seja no âmbito fisiológico humano, seja no âmbito da natureza. Todos os países,

sem dúvida, serão atingidos, porém cada um vai sentir de maneira diferenciada as

consequências do aquecimento global. A figura abaixo apresenta, de forma resumida, algumas

previsões desses impactos em diversas regiões do mundo.

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Figura 4 – Possíveis impactos decorrentes do aquecimento global Fonte: Adaptado de IPPC (2001b)

Como mostra a figura acima, a grande maioria dos impactos será negativa, trazendo

enormes prejuízos para a humanidade. Para tentar solucionar este importante problema

ambiental, a ONU vem debatendo o tema em conferencias internacionais. Como resultado

desses debates, alguns instrumentos de mercado foram propostos para auxiliar os países

industrializados a reduzirem suas emissões de GEE (ROCHA, 2003, p.24).

De acordo com diversos estudos realizados, acredita-se que as principais

consequências da ocorrência desse fenômeno incluem:

• o derretimento das geleiras;

• comprometimento do abastecimento de água para diversas regiões do globo

terrestre;

• elevação do nível do mar, que futuramente poderá causar a devastação ou até

mesmo a extinção de cidades litorâneas;

• novos desertos em regiões de clima semi-árido;

• aumento da fome;

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• extinção de diversas espécies existentes no planeta, como os ursos polares, por

exemplo;

• Aumento no número de mortes pela seca e desnutrição;

• mudança no clima de diversas áreas;

• maior incidência de fenômenos naturais como tempestades, furacões, ondas

gigantes, ondas de calor e etc.

1.4 COMO CHEGAMOS A ISSO? HOMEM x AMBIENTE

O Planeta Terra sempre esteve exposto a mudanças climáticas, bruscas mudanças de

clima e geografia, mas foi a partir da intervenção humana que o meio ambiente passou a

enfrentar outros tipos de impactos, mais intensos e com respostas mais rápidas do que os

impactos naturais.

Para Suarez (2000) a influência humana nas mudanças climáticas da Terra, uma

realidade até pouco tempo considerada absurda, envolve uma série de forças propulsoras,

como por exemplo as sócio-econômicas e as ético-culturais. Um estilo de vida capitalista,

baseado no consumo e no desperdício tem predominado na relação homem x meio ambiente,

colocando em risco permanente o equilíbrio do planeta, uma vez que para manter a

modernização, o progresso, a industrialização e o crescimento econômico, é necessário um

alto grau de consumo de energia e exploração de recursos naturais.

Logicamente não se pode imputar a responsabilidade sobre os impactos ambientais

somente ao homem moderno, mas sua responsabilidade neste processo precisa ser atribuída e

controlada. “Desde que o homem passou a manipular a realidade a sua volta tais impactos

podem ser identificados. Assim, pode-se dizer que há uma relação entre os impactos

ambientais e o momento histórico do desenvolvimento/evolução do Homo sapiens”.

(SANTOS, 2003, p.24)

A partir da Revolução Industrial e intensificada após a II Guerra Mundial, as

atividades humanas vem aumentando a quantidade de CO2 na atmosfera, o que provocou

grandes alterações do clima em vastas áreas do planeta, colocando em risco o equilíbrio

natural e as fontes de abastecimento. Oliveira (2000) cita como exemplo o desenvolvimento

humano nas encostas dos rios, que coloca em risco o estoque de água doce; e o desmatamento

e a desertificação que comprometem os processos de evaporação e evapotranspiração.

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“O clima registra mudanças das mais aceleradas da história. Conforme atestam

pesquisas científicas, a causa desse problema são as atividades humanas.” (CALDAS, 2008,

p.6)

Há quem acredite que as catástrofes ambientais que ocorrem em todo o mundo

estejam acontecendo pelo fato do planeta estar sofrendo agressões no meio ambiente. James

Lovelock (2006) considera essas catástrofes como resposta da Terra, que estaria reagindo às

ações negativas que vem sofrendo pelo homem.

a) Revolução Industrial

Com a revolução industrial o homem passou a ter uma demanda maior e crescente na

geração de energia para as indústrias e os veículos. Começou a usar intensamente o carbono,

que estava estocado durantes milhões de anos em forma de carvão mineral, petróleo e gás

natural, lançando-o na atmosfera.

A partir desse uso, cada vez mais intensificado é que o processo de desequilíbrio

natural se acentuou. Nesse sentido, pode-se dizer que a Revolução Industrial é o início de um

período de exploração e destruição desordenada dos ecossistemas (CMMAD, 2001).

Esse cenário é intensificado com o aparecimento de locomotivas, navios a motor e outras tecnologias com funcionamento à base de óleo diesel. Embora estas descobertas tecnológicas otimizassem os resultados dos ciclos produtivos em geral, afetavam substancialmente os recursos naturais do meio ambiente (ANDRADE et al, 2002).

O resultado do consumo exagerado e nenhuma política de sustentabilidade hoje

podem ser verificados em todas as áreas. Por exemplo, o acúmulo e concentração de resíduos

e lixos em solos despreparados ou em canais marítimos e fluviais que poluíram nossos rios e

colocam em risco o fornecimento de água doce.

Constituía-se, assim, a “ideologia de Produção” marcada pelo lucro, pela exploração dos recursos naturais e do semelhante, onde o crescimento populacional e o da economia mundial encontram-se relacionado com a demanda crescente de combustíveis e alimentos e pelo acúmulo de rejeitos no controle dessas emissões, em vários países, dentre eles, o Brasil. (SANTOS, 2003, p.25)

b) Desmatamento

As discussões em torno das grandes quantidades de dióxido de carbono lançadas à

nossa atmosfera pelos países industrializados nos tiram a atenção para outras fontes emissoras

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de gases que provocam o efeito estufa, como por exemplo, o desmatamento tropical, que, ao

longo de muitos anos de prática, fez contribuições significantes ao desequilíbrio do nosso

planeta.

Desmatar não é uma prática recente, durante séculos os países desenvolvidos vem

desmatando suas florestas e as matas de suas colônias espalhadas pela África, América e Ásia.

(CALDAS, 2008). As florestas nestes países praticamente desapareceram, assim como a Mata

Atlântica no Brasil, que se espalhava por 1,3 quilômetros quadrados junto à costa, do Rio

Grande do Norte à Santa Catarina.

As queimadas aumentam a quantidade de gás carbônico e, em consequência,

aumenta também a temperatura da Terra; liberam o nitroso de oxigênio (N2O), que contribui

tanto para o efeito estufa quanto à degradação do ozônio estratosférico. Segundo Fearnside

(1990), as queimadas em ambientes não tropicais têm sido encontradas a estimular a liberação

do N2O de solos.

Além da contribuição para o efeito estufa, as queimadas e desmatamentos afetam

todo o equilíbrio: deixam o solo desprotegido, facilitando a erosão e provocando a perda de

nutrientes, diminuindo a fertilidade; deixam o solo sem cobertura, causando o assoreamento

dos rios, o que produz inundações; as represas recebem grande quantidade de terra, sofrendo

contínuo processo de assoreamento e prejudicando a vida aquática; formam-se novas ilhas nos

estuários dos rios, impedindo a subida dos peixes e dificultando o transporte fluvial, entre

outros.

No Brasil, a ocupação da Amazônia não levou em conta o processo de liberação de

gás carbônico produzido pelo desmatamento. Segundo Fearnside (1990), o programa de

ocupação da Amazônia passou pelo presidente Getúlio Vargas, pelo presidente Juscelino

Kubitschek e foi posto em prática efetivamente pelo regime militar, nele famílias inteiras

foram deslocadas para regiões de floresta, que a transformaram em área de pasto e/ou

agricultura.

Segundo dados apresentados por Fearnside (1990, p.5) “Da cobertura vegetal

original, 7,4% do total e 6,4% da floresta tinha sido desmatado até 1988”. Ainda segundo o

autor esses valores não incluem desmatamentos antigos, feitos antes de 1960, e a área

desmatada na Amazônia Legal totalizou 353x103 km2, 268x103 km2 (76%) da qual é floresta.

Caldas (2008, p.26) chama atenção para um dado alarmante: “em apenas três

décadas, 15% da floresta Amazônica foi derrubada e cerca de 5% foi degradada pelo corte da

madeira ou pelo fogo.”

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Mas o Brasil não é líder do ranking do desmatamento, segundo dados de Caldas

(2008), a Indonésia é a líder, em apenas cinco anos perdeu mais de 13% de sua cobertura de

mata primária. Destacam-se também, negativamente, como vilões do desmatamento, o

México, e a Papua-Nova Guiné.

Entretanto, apesar da devastação, pesquisas da ONU revelam que, há um registro de

expansão na superfície das florestas, alcançadas através de projetos de preservação e

reflorestamento de vários países.

A Amazônia brasileira, com a maior área remanescente de floresta tropical do

mundo, é de fundamental importância, não somente porque o desmatamento nesta região

contribui à atmosfera com uma quantidade substancial de carbono, mas também porque

controlar o desmatamento está amplamente justificado da perspectiva dos próprios interesses

do Brasil. (FEARNSIDE, 1990)

c) Consumo exagerado de energia

A partir da Revolução Industrial, quando o carvão começou a ser utilizado como

fonte de energia e depois o petróleo como combustível fóssel, ambos altamente poluentes, o

homem começou a transformar o meio ambiente.

“A partir da Revolução Industrial, o mundo transformou-se num grande mercado

consumidor das novidades produzidas nas fábricas, que tinham o carvão como seu principal

combustível.” (CALDAS, 2008, p.25)

A partir do começo do século XX o uso do petróleo foi acentuado, em função do

início da produção em larga escala dos automóveis.

A demanda crescente de energia levou a um consumo exagerado, sem a preocupação

do retorno ao meio ambiente. Pesquisas tem mostrado que esses compostos ocorrem

naturalmente, mas são frutos principalmente da era industrial, em especial após a segunda

guerra mundial.

Desde que o mundo conheceu a luz elétrica, o consumo de carvão reduziu, mas ainda

assim é expressivo. A concentração maior agora é na energia elétrica, iluminação,

condicionamento de ar, aquecimento de água, eletrodomésticos, eletrônicos, e todo tipo de

aparelhos do nosso dia-a-dia consomem energia elétrica.

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CAPÍTULO II LEGISLAÇÃO AMBIENTAL INTERNACIONAL

De acordo com Philippi (2004), aconteceram na cidade do Rio de Janeiro, em junho de

1992, a ECO – 92, Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, uma

reunião que buscou tratar de assuntos relacionados sobre as reduções de emissões de gases

poluentes, tratar do problema do efeito estufa e suas possíveis consequências sobre a

humanidade.

O mesmo tema esteve em pauta em outros momentos, onde a Organização das Nações

Unidas (ONU) se organizou para discutir os mesmos assuntos com enfoques diferentes, como

as realizadas em Berlim (1995), em Kyoto (1997), em Buenos Aires (1998), em Haia (2000),

em Marrakesh (2001), em Nova Délhi (2002) entre outras.

Nessas reuniões, a conclusão a que se chegou foi que, devido ao incremento do

lançamento de gás carbônico na atmosfera e à redução das florestas, o ser humano passou a

influir no clima planetário e não apenas local ou regional. Segundo Barbosa et al (2008),

tornou-se então necessário um controle efetivo sobre as emissões de gás carbônico na

atmosfera e a destruição de florestas, mas os procedimentos para isso envolvem muitos

fatores, seja ele de ordem política, econômica, social, ética e educacional.

“A convenção do clima entrou em vigor em 21 de março de 1994 e conta atualmente

com 186 países. Desde então os países tem se reunido para discutir o assunto e tentar

encontrar soluções para o problema” (ROCHA, 2003, p.24).

2.1 CONVENÇÃO QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇA

GLOBAL DO CLIMA

Até o presente foram realizados 8 encontros, denominados Conferencias das Partes

(COP), e as ações propostas durante estas últimas Conferências das Partes, (Kyoto/1997),

Buenos Aires/1998, Haia/2000, Bonn/2001, Marrakesh/2001 e Nova Déli/2002) deram ênfase

“a utilização de mecanismos de mercado, visando não somente a redução dos custos da

mitigação do efeito estufa, assim como o estabelecimento do desenvolvimento sustentável em

países subdesenvolvidos” (ROCHA, 2003, p.25).

Apesar de encontrar dúvidas e discordâncias sobre sua importância e causa, o

aquecimento global é percebido pelo grande público e por diversos líderes políticos como

uma ameaça potencial. Por se tratar de um cenário semelhante ao da tragédia dos comuns,

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apenas acordos internacionais seriam capazes de propor uma política de redução nas emissões

de gases estufa que, de outra forma, os países evitariam implementar de forma unilateral.

Do Protocolo de Kyoto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças

Climáticas foram ratificadas por todos os países industrializados que concordaram em reduzir

suas emissões abaixo do nível registrado em 1990. Ficou acertado que os países em

desenvolvimento ficariam isentos do acordo. Contudo, o presidente dos Estados Unidos - país

responsável por cerca de um terço das emissões mundiais - decidiu manter o seu país fora do

acordo. Essa decisão provocou uma acalorada controvérsia ao redor do mundo, com

profundas ramificações políticas e ideológicas.

2.2 PROTOCOLO DE KYOTO

A Conferência das Partes realizada em Kyoto, em 1997, ficou conhecida como

Protocolo de Kyoto e estabeleceu que os países industrializados deveriam reduzir suas

emissões em 5,2% abaixo dos níveis observados em 1990 entre 2008-2012, o que seria o

primeiro período de compromisso.

O Protocolo de Kyoto estava totalmente voltado ao combate do aquecimento global

que causa o efeito estufa. A grande concentração de CO2 está aumentando com a queima de

combustíveis fósseis como o carvão, petróleo e gás natural o que já elevou a temperatura

média da atmosfera em 0,8%. Se não for reduzida prevê-se que a temperatura possa aumentar

em até 6% até 2100. O efeito desse aquecimento é a elevação do nível do mar. Os cientistas

prevêem extinções em massa da espécie e expansão de doenças tropicais e esse fato é real e

confirmado. Pelo Protocolo de Kyoto os países industrializados se comprometiam a trazer

suas emissões de carbono (CO2) a um nível 5,2% menor que o de 1990 entre 2008 e 2012.

Para isso precisa da ratificação de 55 países.

Para Rocha (2003) o Protocolo de Kyoto destaca-se como uma das ações mais

importantes neste sentido, uma vez que conseguiu estabelecer esse acordo entre os países,

bem como as metas para redução da emissão de gases poluentes na atmosfera, além de

critérios e diretrizes para a utilização dos mecanismos de mercado.

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Estabeleceram-se ainda três mecanismos para auxiliar os países do Anexo I a atingirem suas metas nacionais de redução ou limitação de emissões (quantidade atribuídas) a custos mais baixos: um sistema de comércio internacional de emissões (IET), que permite que um país compre de outro cotas de reduções realizadas; Implementação conjunta (JI), que possibilita que os países realizem juntos projetos de redução de emissões; e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL ou CDM), que permite que os países do Anexo I se beneficiem das reduções de emissões realizadas em países em desenvolvimento (países ou Partes do não-Anexo I, sem compromissos de redução de emissão definidos para o primeiro período do Protocolo). (CHAN, 2006, p. 12)

Para que este protocolo entrasse em vigor, seria necessário que pelo menos 55 países,

representando pelo menos 55% das emissões de gases poluentes, o ratifiquem. Na época, ano

2000, os EUA se opuseram a assinar o protocolo, sob alegação de que o mesmo era falho ao

isentar países subdesenvolvidos no processo de redução ou limitação das emissões de CO2.

As divergências entre os Estados Unidos e países europeus foram tão acentuadas que em

função do impasse criado, a Conferência foi suspensa naquele ano.

Em março de 2001, a EPA (Environmental Protection Agency) anunciou oficialmente que a administração Bush não tinha mais interesse em prosseguir com as negociações internacionais para a implementação do Protocolo de Kyoto. No dia 09 de abril, o vice-presidente norte-americano (Richard Cheney) chegou a declarar que o protocolo estava “morto”. (ROCHA, 2003, p.26)

As negociações foram retomadas em outra data, na cidade de Bonn (Alemanha). Esta

Conferência ficou conhecida como COP 6 BIS e seu principal resultado foi o “Acordo de

Bonn”, um acordo político que garantiu a sobrevivência e novos rumos do Protocolo de

Kyoto.

Atualmente 102 países, representando 43,9% das emissões, já o ratificaram ou estão

no processo de realizá-lo. No Brasil, o protocolo foi ratificado no dia 19 de junho de 2002 e

sancionado pelo Presidente da República em 23 de julho do mesmo ano.

2.3 ACORDO DE MARRAKESH

Ao final de 2001, entre os dias 29 de outubro e 09 de novembro, as Partes novamente

se reuniram, agora em Memm Marrakesh (Marrocos) durante a 7ª Conferencia das Partes

(COP 7), para transformar em decisões praticas o acordo político alcançado em Bonn e definir

as regras operacionais do Protocolo de Kyoto.

O Acordo de Marrakesh, entre os pontos, definiu as regras operacionais para os

mecanismos de flexibilização e para os Artigos 5,7 e 8 que tratam, respectivamente, da

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definição do sistema nacional para o inventário de emissões, das informações adicionais à

Convenção derivadas do Protocolo e do processo de revisão das comunicações nacionais.

Segundo Rocha (2003), de maneira geral, o Acordo determinou que o não

cumprimento irá ter consequências legais, incluindo a impossibilidade de participar dos

mecanismos de mercado. É importante ressaltar que este regime só irá ocorrer depois que o

Protocolo entrar em vigor, na 1ª Conferência de Partes servindo de Reunião das Partes do

Protocolo (COP/MOP).

Porém, o maior trunfo desta reunião ficou conhecido como Acordo de Marrakesh,

onde a COP7, discutiu acerca da adoção de um conjunto de decisões abrangentes sobre as

regras e procedimentos e os mecanismos de flexibilização para a efetivação do Protocolo de

Kyoto, que, ratificou a presença da Rússia ao protocolo, possibilitando, dessa maneira, a

vigoração do Protocolo de Kyoto a partir de 16 de fevereiro de 2005. (SANTOS, 2003, P.36)

2.4 CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) foi criada em 1945 e se constitui o principal

órgão judicial da ONU. “Ela compõe, juntamente com a Assembléia Geral, o Conselho de

Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Secretariado e o Conselho de Tutela, os seis

principais órgãos da organização. (ACCIOLY et al, 2008, p.402)

A CIJ foi criada para assegurar solução de controvérsias entre estados, e é o

resultado de décadas de sedimentação da idéia de órgão jurisdicional. Foi moldada a partir da

extinta Corte Permanente de Justiça Internacional (CPJI), seu estatuto é idêntico e sua sede é

localizada no mesmo local onde a antiga CPIJ, no Palácio da Paz, em Haia (Países Baixos).

“A base legal de funcionamento da CIJ está pautada pelo Capítulo XIV da Carta da

ONU, pelo Estatuto da CIJ e pelas chamadas Regras da Corte – instrumento criado pela

própria Corte, em 1978, para funcionar como espécie de código de processo.” (ACCIOLY et

al, 2008, p.402)

O Estatuto da CIJ foi assinado em São Francisco, EUA, no dia 26/06/1945,

juntamente com a Carta das Nações Unidas. Foi estabelecida pela Carta das Nações Unidas

como o principal órgão judiciário das Nações Unidas, e se constitui e funciona de acordo com

as disposições do Estatuto (USP, 2008).

A CIJ tem competência a todos os litígios que as partes a submetam e a todos os

assuntos especialmente previstos na Carta das Nações Unidas ou nos tratados e convenções

vigentes. “Artigo 92 - A Corte Internacional de Justiça será o principal órgão judiciário das

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Nações Unidas. Funcionará de acordo com o Estatuto anexo, que é baseado no Estatuto da

Corte Permanente de Justiça Internacional e forma parte integrante da presente Carta".

(SILVA, 2007, p.3)

A CIJ existe desde o pós guerra, na época da formação da Sociedade das Nações,

estando todos os Estados-Membros ipso facto, integrados a ela. A função da CIJ esta

esculpida no art. 38 de seu Estatuto:

1 - A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: a) a convenção internacional quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; c) os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito. 2 - A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bon, se as partes isto concordarem. (SILVA, 2007, p.3)

Quinze Juízes de diferentes Estados compõem a CIJ, eles são eleitos, em escrutínios

independentes, pela Assembléia Geral e pelo Conselho de Segurança. As candidaturas são

apresentadas pelos grupos nacionais da chamada ‘Corte Permanente de Arbitragem ‘- que é

uma lista de aproximadamente trezentas pessoas detentoras de conhecimento na área de

Direito Internacional e em regra patrocinadas pelos seus respectivos governos.

A CIJ tem funcionamento permanente, e ordinariamente em sessão plenária. As

audiências da CIJ são públicas, com quorum mínimo de 9 juízes; as decisões são tomadas por

maioria de votos dos juízes presentes, com o voto do presidente preponderando em caso de

empate. A língua oficial é o francês e o inglês, apesar de poder utilizar qualquer língua, desde

que em consenso com o processo e a CIJ.

Segundo Silva (2007) a CIJ julga litígios entre Estados soberanos, e, por vezes

atende consultas da Assembléia Geral (ONU) e de outras instituições no âmbito das Nações

Unidas. Se os estados, ao invés de usarem lutas armadas, utilizasse a CIJ para solucionar as

divergências, a paz que tanto buscamos seria alcançada.

Na busca pela paz entre as nações, há um elemento de direito comum que os tornam

merecedores de um disciplinamento mundial uniforme, já que apresentam riscos globais,

como por exemplo, o aquecimento do planeta provocado por violações ao meio ambiente.

Neste caso, os danos não se limitam aos emissores de poluentes, ao contrário, suas

consequências negativas podem ser sentidas em todo o planeta.

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Apesar do direito internacional tradicional estar fundamentado na soberania

territorial dos Estados, quando o assunto é as questões ambientais, a ação dos Estados passa a

ser restrita através de um corpus de normas internacionais, regidas em nome dos interesses

gerais da comunidade internacional, o que, segundo Fonseca (2007), obriga os Estados a agir

levando em consideração os interesses comuns da humanidade. Esse reconhecimento do

interesse comum no meio ambiente global é observado como um padrão no direito

internacional do meio ambiente, assim como no direito internacional dos direitos humanos, e

passa pela esfera da CIJ.

Para que se entenda melhor a atuação da CIJ na esfera da jurisprudência

internacional ambiental, pode-se citar como exemplo o ‘Caso Gabcikovo-Nagymaros’, que é

o mais importante caso de julgamento em que a CIJ se pronunciou sobre o direito ambiental,

chamando as parte para uma cooperação de gerenciamento dos riscos ambientais, utilizando

os recursos naturais comuns disponíveis de forma equitativa.

Nessa disputa, sobre um tratado acerca da construção de uma série de usinas hidrelétricas no Rio Danúbio, a Hungria alega que a Eslováquia, ao implementar o projeto, não levou em consideração as questões ecológicas tampouco realizou um estudo sobre o impacto ambiental. A Corte entendeu que as partes estavam obrigadas a aplicar as normas do direito internacional do meio ambiente, não apenas visando às atividades futuras, mas também às ações já empreendidas. A Corte fez referência ao conceito de desenvolvimento sustentável e propugnou que as partes negociem em boa-fé, harmonizando os objetivos do tratado celebrado com os princípios do direito internacional do meio ambiente e do direito dos cursos de água internacionais. A CIJ requisitou que as partes cooperem para a administração conjunta do projeto e para a instituição de um processo contínuo de monitoramento e proteção ambiental. (FONSECA, 2007, p.7)

Ainda segundo o autor, apesar da jurisprudência ambiental da Corte não ser extensa,

seus julgamentos resgatam a existência de uma obrigação legal de se prevenir danos

ambientais transfronteiriços, de cooperar para o gerenciamento dos riscos ambientais, de

utilizar recursos naturais comuns de forma equitativa e, como visto no presente caso, aplicar

estudos de impacto ambiental e estratégias de monitoramento.

Outro exemplo da atuação da CIJ nas questões do meio ambiente, é o requerimento

de um Parecer Consultivo, em 2004, envolvendo a construção do muro por Israel. A

Assembléia Geral, órgão representativo da ONU que conta com a participação de todos os

membros da Organização, recorreu à CIJ a fim de obter seu parecer acerca da ilegalidade da

construção do muro. Como a construção do muro por Israel era ilegal e deveria ser vetado, a

CIJ se manifestou contra a construção e, a Suprema Corte de Israel, mesmo frustrada,

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reconheceu a autoridade interpretativa da CIJ, ainda que discordando com a interpretação dos

fatos, decidiu pela prevalência do direito internacional.

2.5 CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS

Em 26 de junho de 1945, após o termino da Conferencia das Nações Unidas sobre

Organização Internacional, foi assinado um documento conhecido como ‘Carta das Nações

Unidas’, que entrou em vigora a partir de 24 de outubro de 1945. O Estatuto da Corte

Internacional de Justiça, tratado anteriormente, faz parte integrante da Carta.

Figura 5 – imagem da Carta das Nações Unidas

Em seu preâmbulo, o documento se propõe, através dos povos das Nações Unidas

que representa:

Preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla. (ONU, 2008, p.4)

Para tanto, se compromete a praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros,

como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e

garantir [...] que força armada não será usada a não ser no interesse comum. (ONU, 2008, p.4)

Este documento de tanta importância para os cuidados com a humanidade, vem, ao

longo do tempo sofrendo emendas e alterações, mas continua ativo e desempenhando papel

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fundamental na busca pela cooperação internacional para resolver os problemas globais de

caráter econômico, social, cultural ou humanitário, sendo um centro de harmonização entre as

nações para a consecução de seus objetivos comuns.

Em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios do Direito

Internacional, os Estados têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos dentro de

suas próprias políticas ambientais e de desenvolvimento, mantendo sob sua responsabilidade a

garantia de que atividades sob sua jurisdição ou controle não causem dano ao meio ambiente

de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional, ou seja, o princípio da

soberania dos Estados é reafirmado na cooperação internacional para enfrentar a mudança do

clima, desde que reconheçam que:

Os Estados devem elaborar legislação ambiental eficaz, que as normas ambientais, objetivos administrativos e prioridades devem refletir o contexto ambiental e de desenvolvimento aos quais se aplicam e que as normas aplicadas por alguns países podem ser inadequadas e implicar custos econômicos e sociais injustificados para outros países, particularmente para os países em desenvolvimento. (ONU, 2008, p.8)

A Carta das Nações Unidas defende valores que são universais, que continuam em

plena vigência, e que precisam, mais do que nunca ser defendidos em conjunto, como a paz, a

segurança e o desenvolvimento, ou seja, os Estados precisam estar numa reconhecida

fidelidade aos compromissos assumidos na Carta das Nações Unidas.

Apesar da Carta das Nações Unidas se referir especificamente aos flagelos da guerra,

seus valores continuam atuais no sentido de que promover melhores condições de vida

envolvem todos os aspectos da vida humana, entre eles as questões ambientais.

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CAPÍTULO III O AQUECIMENTO GLOBAL NO CENÁRIO

JURÍDICO INTERNACIONAL

A Carta da ONU, conhecida como o documento 1 do Direito Internacional, é toda

voltada para a apresentação de princípios pacifistas e de direitos humanos com foco na

cooperação internacional, em seus caráteres econômico, social, cultural e humanitário.

Também as questões ambientais passaram a fazer parte dessa cooperação, quando no final dos

anos 60 cientistas do Massachussets Institute of Technology – MIT, apresentou o relatório The

Limits of Growth (Os limites do crescimento), que se constituiu o primeiro grande alerta para

o meio ambiente. (MILARÉ, 2005)

A partir deste relatório a atenção da comunidade internacional se voltou ao tema e

debates passaram a ser constantes quanto ao estado do planeta e as terríveis previsões para o

futuro. O Direito Internacional passa a desenvolver o item “meio ambiente”, que começa a se

destacar com papel crucial no centro do direito internacional. Segundo Accioly et al (2008),

no contexto pós-moderno o tema meio ambiente é introduzido ao direito internacional a partir

das negociações e esforços de regulamentações, de caráter tanto interno como internacional.

A necessidade de tratar o meio ambiente vinculado às questões sociais e econômicas,

voltando-se para a crescente poluição e ao aumento de tragédias ambientais ocorridas a partir

dos anos 1960, levou a comunidade internacional a ampliar a preocupação em relação ao

futuro da humanidade. Neste sentido, a ONU convocou uma conferência internacional,

realizada em Estocolmo, que teve como primeiro princípio o desfrutar de uma vida adequada,

em um meio ambiente de qualidade e com o seu bem-estar assegurado. Esta conferência ficou

conhecida como “Conferência de Estocolmo sobre o meio ambiente humano”.

Desta Conferência resultou três principais documentos, adotados pela comunidade

internacional, apesar dos conflitos diplomáticos inaugurados entre os países desenvolvidos,

responsáveis pela maior parte da poluição global.

Os três documentos são: a Declaração de Estocolmo, que contém 26 princípios

referentes a comportamento e responsabilidades que se destinam a nortear os processos

decisórios de relevância para a Questão Ambiental. O Plano de Ação para o Meio

Ambiente, que contém 109 recomendações para o desenvolvimento de políticas; e o

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (United Nations Environment

Programme – UNEP), órgão subsidiado pela Assembléia Geral das Nações Unidas, criado

para desenvolver programas internacionais e nacionais de proteção ao meio ambiente. Com

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esses passos começou a formação de uma legislação branda com foco nas questões

internacionais do meio ambiente. (MILARÉ, 2005)

Após a primeira conferência, foram assinados muitos tratados internacionais e

convenções multilaterais foram promovidas, sempre voltados à proteção do meio ambiente, de

suas espécies ameaçadas e de locais de importância ecológica.

A poluição transfronteiriça passou definitivamente a integrar a lista de temas internacionais nso diversos fóruns, seja na Assembléia Geral das Nações Unidas, na OECD, no âmbito das organizações regionais e principalmente perante as organizações de fomento econômico, como o Banco Mundial, que gradualmente incorporam às suas atividades compenentes de proteção ao meio ambiente. (ACCIOLY et al, 2008, p.641)

Vinte anos após a “Conferência de Estocolmo sobre o meio ambiente humano”,

aconteceu a Conferência do Rio de Janeiro, que ficou conhecida como “Rio/92”, no momento

em que já existiam parâmetros para apontar os princípios do direito internacional do meio

ambiente, em função de todos os acontecimentos e catástrofes que marcaram este período.

Este encontro também trouxe uma preocupação com uma vida animada e produtiva, trazendo,

segundo Accioly et al (2008) propostas de conciliação da preservação das águas, do solo, de

ecossistemas e de conservação de espécies individualmente.

O relatório da Rio/92 postulou a responsabilidade coletiva para a proteção dos

recursos naturais universais, como o clima e a biodiversidade, e convocou os países

desenvolvidos a prestarem assistência aos países em desenvolvimento. Este encontro ficou

sendo o Princípio I do direito dos seres humanos a uma vida saudável e produtiva, em

harmonia com a natureza.

Segundo Accioly et al (2008), da Conferência Rio/92 resultaram os seguintes

documentos:

• Agenda 21

Documento propositivo, com a função de nortear políticas públicas dos Estados em

quatro áreas, quais sejam, aspectos sociais e econômicos do meio ambiente, conservação e

exploração dos recursos naturais com vistas ao desenvolvimento, fortalecimento e

participação de grupos importantes e formas de implementação;

• Declaração de princípios sobre as florestas

Trata da exploração econômica das florestas, foi preparado sob a forma de

declaração, em razão da falta de consenso entre as partes para celebração de tratado

multilateral sobre a conservação das florestas tropicais;

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• Declaração de princípios sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

Conjunto de princípios, a exemplo da Declaração de Estocolmo, não vinculantes,

que, segundo avalia Soares apud Accioly et al (2008): “a) consagram a filosofia da proteção

dos interesses das presentes e futuras gerações; b) fixam os princípios básicos para uma

política ambiental de abrangência global, em respeito aos postulados de um direito ao

desenvolvimento, desde há muito reivindicados pelos países em vias de desenvolvimento; c)

em decorrência dos mencionados princípios básicos, consagram a luta contra a pobreza, e

recomendam uma política demográfica; e d) reconhecem o fato de a responsabilidade de os

países industrializados serem os principais causadores dos danos já ocorridos ao meio

ambiente mundial” (Soares apud ACCIOLY et al, 2008, p.642-643)

Normas sobre poluição do ar e lançamento de resíduos nas águas internacionais

passam a ter dimensão planetária, amoldando o direito interno dos diversos países. Tal efeito

decorre, por exemplo, da Convenção sobre Mudança de Clima, ocorrido em 1992.

As questões ambientais ganharam status constitucional no Brasil ao ser contemplado

no caput do artigo 225 da C.F. de 1988. No seu artigo 20, fica claro a intenção de cooperação

internacional para proteção do meio ambiente como principio geral do Direito Internacional,

onde: “Deve ser fomentada, em todos os países, especialmente naqueles em desenvolvimento,

a investigação cientifica e medidas desenvolvimentistas, no sentido dos problemas

ambientais, tanto nacionais quanto internacionais (...)”. (MILARÉ, 2005, p.1002)

Princípios de cooperação, da boa vizinhança, da soberania permanente sobre os

recursos naturais e do dever de não causar danos ao território de outros estados se somam ao

princípio do direito internacional ambiental, com a finalidade de orientar a norma de conduta,

apesar destes não possuírem força normativa.

Esses princípios, apesar de não terem força normativa, norteiam Tratados e

Convenções, como por exemplo, a Convenção-Quadro sobre Mudança Climática e a

Convenção sobre Biodiversidade, que se pautaram pelos princípios do desenvolvimento

sustentável e da precaução.

Em 2002, acontece em Johannesburgo a ‘Conferência de Johannesburgo’, também

conhecida como Fórum Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10). Apesar da

conferência não ter apresentado muitos avanços em relação às anteriores, como resultado

extraíram-se a Declaração de Johannesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável, o Plano de

Implementação do Fórum Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, além de 251

propostas de parceria.

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Segundo Accioly et al (2008) mesmo passado alguns anos da Conferência de

Johannesburgo, ainda não se verificou muitos avanços no direito internacional que possam ser

atribuídos a esta, apesar de apresentar ponto positivo o fato de que há o interesse em aplicar

instrumentos jurídicos já existentes

Ainda para os autores, os temas abordados pelas discussões internacional alcançam a

proteção internacional do meio ambiente e fazem parte de conferências, seminários, tratados e

convenções ao redor de todo o mundo. Os principais temas de destaque são:

• Poluição atmosférica;

• Mar e seus recursos;

• Águas comuns internas;

• Biodiversidade, fauna, flora, solo e desertificação;

• Resíduos e substâncias perigosas;

• Evolução do direito internacional ambiental;

• Questão nuclear.

Mais recentemente, as atenções todas se voltam ao aquecimento global, apesar de

não perder o foco nos aspectos acima relacionados, por estarem todos diretamente ligados.

Este tema foi base da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e o

Protocolo de Kyoto, já tratados por este estudo em capítulo anterior, onde se aprofundou

sobre o efeito estufa e a mudança do clima, buscando mecanismos de reversão para o atual

problema da humanidade.

Klink (2007) chama a atenção para os aspectos jurídicos do aquecimento global e do

mercado de carbono. É necessário apresentar alguns conceitos básicos do direito ambiental de

modo que revele que, no que se refere ao sistema do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento

Limpo) há a possibilidade de proporcionar uma segurança jurídica, no intuito de melhorar o

projeto e o tornar mais sustentável e com maior grau de elegibilidade.

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CAPÍTULO IV O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO

ALTERNATIVA PARA REVERTER O QUADRO PRESENTE E

GARANTIR O FUTURO

Atualmente o planeta Terra está enfrentando um problema muito sério com relação

ao meio ambiente, o chamado aquecimento global. Segundo Lovelock (2006) esse fenômeno

tem provocado alguns acontecimentos fora do normal. Estudos recentes mostram que é

necessária uma mudança de postura imediata, pois a situação ambiental do planeta começa a

se agravar, basta acompanhar todas as catástrofes realizadas neste período.

A camada de ozônio é o agente protetor contra as radiações ultravioletas solares que

provocam câncer de pele. A poluição do ar através dos poluentes liberados na atmosfera pelos

parques industriais quebra as ligações de ozônio, fazendo buracos na sua camada. (SANTOS,

2003, p.32)

“O que nos enche de esperanças é que ainda há tempo para salvar o planeta. Ou de,

pelo menos, minimizar os efeitos negativos originados dos estragos cometidos na natureza. O

futuro da Terra, e que desejamos seja dos melhores, está nas mãos de cada um de nós”.

(CALDAS, 2008, p.7)

É preciso reverter o quadro presente de forma eficaz e contínua, diminuir o

desmatamento, aumentar fortemente o reflorestamento, combater o uso de aerossóis,

diminuírem a produção industrial e diminuir a liberação de dióxido de carbono na atmosfera;

De acordo com a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (1991), o desenvolvimento sustentável pode ser conceituado da seguinte maneira: “aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem suas próprias necessidades” (CHAN, 2006, p.15).

A princípio, o desenvolvimento sustentável englobava apenas a questão ambiental e

a exploração descontrolada dos recursos naturais, porém deve-se enfatizar que, atualmente, o

seu conceito passou a ser mais abrangente, abarcando os aspectos sociais, econômicos,

político, éticos, científicos, tecnológicos e ecológicos.

Segundo Accioly et al (2008), na Conferência Rio/92, ficou determinado que o

desenvolvimento sustentável pauta-se pelos seguintes princípios:

1 Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento

sustentável. Têm direito a vida saudável e produtiva, em harmonia com a

natureza;

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3 O direito ao desenvolvimento deve ser exercido, de modo a permitir que sejam

atendidas equitativamente as necessidades de gerações presentes e futuras;

4 Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir

parte integrante do processo de desenvolvimento, e não pode ser considerada

isoladamente deste;

27 Os Estados e os povos devem cooperar de boa-fé e imbuídos de espírito de

parceria para a realização dos princípios consubstanciados nesta Declaração e para o

desenvolvimento progressivo do direito internacional no campo do desenvolvimento

sustentável. (ACCIOLY et al, 2008, p.645)

O princípio do desenvolvimento sustentável, a partir da Rio/92 ganhou importância,

não só pelas diversas referências em tratados internacionais, mas principalmente por passar a

servir de orientação para diversas organizações internacionais, ONGs, Conferências das

Partes de diversas convenções e, mais recentemente, para Tribunais nacionais e

internacionais.

Chan (2006) discorre sobre o conceito de desenvolvimento sustentável:

O conceito dessa definição, no entanto, tem sido objeto de várias discussões. Embora ainda não exista uma definição prática universalmente aceita de desenvolvimento sustentável, há um crescente consenso de que este deve incorporar três aspectos: econômico, social e ambiental. Cada aspecto corresponde a um domínio (e um sistema) que tem forças motoras e objetivos próprios e distintos. A economia é movida principalmente no sentido de melhorar o bem-estar humano, principalmente através do aumento do consumo de bens e serviços. O domínio ambiental focaliza a proteção da integridade dos sistemas ecológicos. O domínio social enfatiza o enriquecimento das relações humanas, a realização de aspirações individuais e coletivas e o fortalecimento de valores e instituições. (SANTOS, 2003, p.36)

É preciso entender, e possibilitar aos indivíduos que o façam, "como se articulam as

forças e os interesses a que estamos submetidos, colocando em marcha a nossa liberdade"

entendida como "a faculdade de que nos apropriamos", não só para viver, mas "para viver

melhor" (VEIGA NETO, 1994, p. 163). De acordo com Oliveira (2000), preservar o ar atmosférico é uma preocupação séria

que consiste no fato de se evitar problemas de saúde, de caráter respiratório e dermatológico;

além de controlar, ou tentar minimizar os danos provocados pela maior incidência de raios

solares sobre a Terra, que provocam a evaporação de recursos naturais como oceanos, mares,

rios e lagos que abastecem e alimentam outros seres vivos.

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A definição exata de desenvolvimento sustentável permanece como uma meta ideal,

indefinível e, talvez, inalcançável. Uma estratégia menos ambiciosa, porém mais focalizada e

factível, seria meramente se empenhar em “fazer um desenvolvimento mais sustentável”. Esse

método incremental é mais prático, porque muitas atividades insustentáveis podem ser

reconhecidas e eliminadas (CHAN, 2006, p. 9).

Foi na década de 80 que se falou pela primeira vez em desenvolvimento sustentável.

Segundo Chan (2006) na ocasião foi produzido um relatório sobre o assunto, pela Comissão

Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU, com o objetivo de

identificar os problemas ambientais globais e como enfrentar estas questões.

Na Declaração do Rio de Janeiro, conhecido como a “Carta da Terra”, foram

definidos os princípios ambientais para que se faça o desenvolvimento sustentável no planeta.

Também a Declaração de princípios sobre florestas declarou expressamente que todas as

espécies de florestas devem ser preservadas. Já a Agenda 21, que é o guia de cooperação

internacional, busca uma ação em variadas áreas como recursos hídricos, resíduos tóxicos,

degradação do solo, do ar e das florestas (CMMAD, 2001; AGENDA 21, 2008).

Após a conferência no Rio de Janeiro, a Cúpula Mundial das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Sustentável novamente se reuniu, realizou nova Conferência em

Johanesburgo, em 2002, exatamente 10 anos após a ECO92, por isso ficou conhecida como

“Rio +10”. A finalidade deste novo encontro era se avaliar o que já havia sido feito desde a

ECO 92. Infelizmente se constatou que, muito do que se havia discutido em 1992 ainda não

tinha saído do papel.

Segundo Santos (2003) a partir desta reunião o conceito de desenvolvimento

sustentável passou a ser encarado sob uma nova ótica, e passou a integrar as políticas de

desenvolvimento sócio-econômico e proteção dos recursos naturais. Na reunião foram

discutidos temas como recursos hídricos, energia, saúde, agricultura e biodiversidade, etc.

Dessa forma, conforme Andrade (2002) pode-se concluir que o desenvolvimento

sustentável necessário à gestão dos recursos naturais e dos aspectos sócio-econômicos prevê

que as gerações atuais utilizem os recursos naturais, renováveis e não renováveis, de forma a

não comprometer o uso desses mesmos recursos por gerações futuras.

Na realidade, o principio do desenvolvimento sustentável engloba todos os outros

princípios fundamentais, pois carrega o dever da proteção sobre todo o meio ambiente para

esta e as futuras gerações. Segundo Klink (2007, p. 50) “ao falar de ‘presentes e futuras

gerações’, fala-se em desenvolvimento sustentável.”

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Este princípio está previsto no art.3º da Convenção do Clima, e dispõe sobre o dever

de proteção do sistema climático mediante políticas e medidas com abordagem integrada em

benefício das presentes e futuras gerações.

Para Accioly et al (2008) o desenvolvimento sustentável inclui alguns aspectos

procedimentais, tais como o dever de elaborar estudo de impacto ambiental, e outras

avaliações ambientais, etc.

Subentende-se que o próprio conceito de desenvolvimento sustentável prime pelo

uso racional dos recursos naturais, evitando o comprometimento do capital ecológico do

planeta, em consequência às previsões de futuras crises, esgotamento dos recursos naturais,

crise energética, crescimento populacional, escassez de alimentos, desemprego em massa e

poluição ambiental.

Para Klink (2007) o desenvolvimento sustentável deve estar voltado a estabilidade

entre o social, econômico e ecológico, resguardando, através do equilíbrio, o patrimônio

ambiental para as futuras gerações, já que “o meio ambiente ecologicamente equilibrado

tivesse como pressuposto esses três aspectos”.(p.51)

4.1 O DESAFIO DE ENTENDER AS MUDANÇAS

Estamos presenciando, de forma histórica, a degradação do meio ambiente em

grandes proporções, o que vem atingindo grandes massas populacionais de todas as classes

sociais e de todas as partes do mundo. Para Santos (2003) estamos presenciando problemas

ambientais de grande complexidade que nos provocam pânico e nos deixam perplexos, como

buracos na camada de ozônio, aterros sanitários lotados, poluição sonora, dentre outros.

“Para que se consiga o efetivo equilíbrio ambiental é necessário perceber o meio

ambiente como o conjunto de quatro esferas interligadas: atmosfera, hidrosfera, litosfera e

biosfera.” (SANTOS, 2003, p.31)

Entender as mudanças que estão se processando no planeta não é uma tarefa fácil,

mas é de extrema importância. Somente conseguiremos reverter o quadro atual se nos

comprometermos efetivamente com o resgate do meio ambiente, severamente afetado pelo

crescimento da população e da produção industrial, que ocasionaram o abuso na utilização

dos recursos naturais não renováveis, trouxeram a poluição e muitos outros fatores.

Os assuntos relacionados ao aquecimento global estão diretamente ligados à

atividade fotossintética, já que o nível de dióxido de carbono na atmosfera é o principal gás

causador do efeito estufa. Neste sentido, conhecer o fenômeno da fotossíntese e sua

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importância para os temas relacionados com as mudanças do clima é o desafio para quem

quer entender as mudanças pelas quais estamos passando no planeta.

4.1.1 O Mercado de Carbono

O Mercado de Carbono, também conhecido como Mecanismo de Desenvolvimento

Limpo (MDL), é uma das formas de flexibilizar as metas de redução de emissão de gases-

estufa discutidas no Protocolo de Kyoto, que será explanado no capítulo a seguir. Segundo o

anexo 1 do Protocolo, cabem aos países industrializados reduzir a emissão dos gases

responsáveis pelo aquecimento global: gás carbônico (CO2), metano (CH4), óxido nitroso

(N2O) e três gases à base de flúor (HFC, PFC e SF6).

Segundo Natércia (2007), para que as emissões mundiais possam alcançar as metas

fixadas 5,2% menores em 2012, o Protocolo definiu quotas de redução para 35 países

industrializados, mas não envolveram no compromisso os países em desenvolvimento, que

ficam livres para negociar, com os poluidores que têm metas a cumprir, créditos de carbono.

Ou seja, comercializar certificados de redução da emissão, medida em toneladas de carbono

que deixam de ser lançadas à atmosfera.

Esses países em desenvolvimento, para adquirir tais créditos, precisam implementar

projetos que poupem efetivamente a atmosfera dos principais poluentes. Com o resultado dos

projetos, a convenção climática da ONU emite Certidões de Redução de Emissões - RCEs,

popularmente conhecidas como Créditos de Carbono.

Como exemplo de MDL, fulano (xxx) cita o Parque Eólico de Osório (RS), que

conseguiu implantar um empreendimento de matriz energética limpa (MDL), contribuindo

para a redução das emissões de CO2 na produção de energia, ao utilizar a energia eólica.

Dessa forma alcançou o processo de certificação de créditos de carbono, possibilitando a

comercialização dos mesmos com outros países que necessitam de tal recurso para subsidiar

suas metas de redução conforme os moldes de Kyoto. (WEIERMULLER, 2007)

O Parque Eólico de Osório que é uma realidade que se destaca na paisagem plana visível por quem se dirige ao Litoral Norte do Rio Grande do Sul é utilizado como um exemplo concreto e próximo de produção de energia limpa que promove o desenvolvimento sustentável e de certificação de créditos de carbono através dos quais se estabelece uma comunicação eficiente entre os sistemas em benefício do esforço internacional que representa o Protocolo de Kyoto na manutenção do aquecimento global e suas consequências. Uma forma prática de intervenção pelo Direito. (WEIERMULLER, 2007, p.109)

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Para se alcançar o desenvolvimento limpo, bem como conquistar carbono para

comprar e vender, é necessário que se tenha um projeto bem definido e que seja analisado e

aprovado em várias etapas e atendam os requisitos definidos em Kyoto e Marrakesh pelas

nações reunidas pela ONU para esse fim.

O autor chama a atenção para discussão em torno da questão jurídica do comércio de

carbono, já que estes possuem valor comercial e representam um importante mecanismo de

combate ao aquecimento global. Mas, juridicamente falando ainda carecem de uma

regulamentação mais efetiva em torno do tema, principalmente no ordenamento jurídico

brasileiro, por se tratar de uma espécie atípica de negócio jurídico.

Como esse comércio de carbono possui uma visão muito mercadológica da

preocupação com a redução da emissão dos gases do efeito estufa, é alvo de sérias críticas e

até desqualificações quanto a ser uma estratégia efetiva de combate ao aquecimento global.

Segundo Weiermulhher (2007) são várias as críticas ao MDL, mas a principal está no fato de

que a poluição continua, agora de uma forma legal, ou seja, os países desenvolvidos não

podem mais poluir, mas os em desenvolvimento tanto podem quanto ainda ganham dinheiro

com isso.

A crítica se fundamenta no fato da iniciativa ser, na verdade, uma solução para o

problema da degradação ambiental. O autor chama a atenção para o fato de que, apesar das

críticas, o Protocolo de Kyoto e o comércio de carbono é a única proposta real que dispomos

em nível internacional para combater as mudanças climáticas.

4.2 ECONOMIZAR PARA NÃO FALTAR

Uma exploração sem limites dos recursos do planeta se transformaram em grandes

ameaças ao meio ambiente e colocaram em risco a sustentabilidade na Terra, como: a

poluição, os desmatamentos, as secas, excesso de pesca nos oceanos e etc.

Uma das principais preocupações deste século é a questão da falta de água doce.

Tantas mudanças climáticas originadas pelo aquecimento global podem tornar a água

disponível no planeta ainda mais escassa e com qualidade baixa.

A população mundial aumentou nos últimos séculos; a irrigação se tornou sem

controle e o aquecimento global está fazendo desaparecer rios e lagos por todo o mundo. É

preciso tomar uma providência urgente. A população mundial precisa aprender a economizar,

para que os nossos recursos não venham a faltar.

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Segundo Caldas (2008), pequenas mudanças nos hábitos já vão fazer uma grande

diferença, principalmente se cada ser humano resolver adotá-las. Dicas de como economizar

água, de como economizar energia, de como aproveitar os materiais reciclados, constituem-se

num valioso campo de atuação.

Mais do que economizar, a humanidade precisa aprender a buscar a sustentabilidade

para alcançar a renovação dos recursos. Segundo Klink (2007) é possível, por exemplo,

implementar projetos alternativos de reflorestamento comunitários com espécies nativas ou

sistemas agroflorestais, com maior probabilidade de trazer benefícios para as populações. Da

mesma forma, há uma série de medidas que podem serem adotadas para contribuir com o

desenvolvimento sustentável.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O planeta Terra passa, atualmente, por sérias transformações climáticas, oriundas de

processos de agressão ao meio ambiente e de consumo exacerbado de energias não renováveis

e fontes de carbono. A Terra está sempre em constante transformação, seja naturalmente ou

induzida pela intervenção humana, que fez acentuar problemas como o crescimento

populacional, formação de cidades e aumento de indústrias ou veículos de transportes.

Questões como poluição ambiental, aumento de concentração dos gases do efeito

estufa, desmatamentos, poluição de rios e mares, vem crescendo em larga escala, o que

desencadeou o fenômeno conhecido como aquecimento global, que assola o mundo. O

derretimento das calotas polares também é uma consequência do descaso do homem pelo

planeta em que vive.

Para que se consiga reverter o processo, políticas projetadas para controlar o

aquecimento global devem estar baseadas no conhecimento e no entendimento do processo,

constituindo-se aí um grande desafio, pois não é tarefa fácil se adequar a tantas modificações.

É preciso que se tomem medidas drásticas para o controle da emissão de gases de

efeito estufa, caso contrário o aumento da temperatura global continuará em largas

proporções, e seus efeitos serão de níveis incalculáveis, com catástrofes naturais eminentes,

desta vez causadas diretamente pelo homem.

A criação de legislação específica acerca do assunto é uma forma de tentar buscar,

através da cooperação internacional, medidas que retardem os acontecimentos e sejam

capazes de revertê-lo em médio e longo prazo, garantindo assim que o meio ambiente esteja

em equilíbrio para as gerações futuras, conforme almeja a legislação.

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APÊNDICE

01 – Lista completa dos países membros do Anexo I

Fonte: Adaptado de UNFCCC (2001ª) – Rocha (2003)