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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O LÚDICO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS Por: Sirlene Cararine Batista Orientador Prof. Mary Sue Carvalho Pereira Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O LÚDICO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA

CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS

Por: Sirlene Cararine Batista

Orientador

Prof. Mary Sue Carvalho Pereira

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O LÚDICO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA

CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Educação Especial e

Inclusiva.

Por: Sirlene Cararine Batista

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela graça e a força

ao longo dessa jornada, agradeço a

minha Congregação, Irmãs do

Apostolado Católico - Palotinas, que

me apoiaram nesta etapa de estudo, a

meus professores e colegas que me

incentivaram.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais

Grimaldo e Aline, pelo amor e carinho que

tanto me estimularam a prosseguir na

minha formação acadêmica e a minha

sobrinha Paloma da Costa Batista que

tanto me incentivou e apoiou nesta etapa.

5

RESUMO

Há uma determinada importância de se incluir a criança com

necessidades especiais nas classes comuns de ensino regular, considerando

que as atividades lúdicas interferem no processo de desenvolvimento motor e

cognitivo da criança nos anos iniciais. Onde as brincadeiras e os jogos têm por

finalidade estimular o desenvolvimento cognitivo e motor na fase pré-escolar.

Desta maneira, o lúdico desempenha um papel importante no processo de

desenvolvimento e aprendizagem infantil, independente da criança possuir ou

não algum tipo de deficiência. Alguns elementos favorecem para esta inclusão

nas escolas e métodos que auxiliem o educador nas atividades lúdicas

favorecendo a construção do conhecimento das crianças na educação infantil.

Assim as contribuições estratégicas traspassam os estudos e o método

pedagógico ostentando o uso de brincadeiras para conduzir o processo

educativo de maneira mais consistente e atrativa.

6

METODOLOGIA

O estudo foi elaborado a partir de métodos de pesquisa

bibliográficos voltados para a área de educação especial com o intuito de obter

informações necessárias para o conhecimento do tema proposto. O estudo foi

aplicado na pratica com crianças na fase inicial entre dois e seis anos de idade

no Centro de Educação Infantil Cristo Redentor, Rio de Janeiro.

A obra foi fundamentada em pesquisa e estudos realizados em seis

meses, período em que foram aprimorados os conhecimentos, através de

leituras e pesquisas de autores renomados na área de educação especial e

ludicidade.

O objetivo do estudo é mostrar claramente e fornecer meios que

favoreçam esse processo de inclusão. A proposta é que os leitores possam

compreender a importância de aplicar a ludicidade no processo de

desenvolvimento da criança com necessidades especiais desde a base dos

anos iniciais em classe comum de ensino regular.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS 11

CAPÍTULO II

O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 22

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO 32

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 45

ÍNDICE 50

8

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos o sistema de ensino têm exigidos cada vez mais,

por parte dos educadores e responsáveis de escolas, uma melhoria na

questão da inclusão escolar. Incluir crianças com necessidades especial em

turmas de alunos ditos como “normais” não é tão simples. Devemos

reconhecer que a maioria dos professores não estão preparados para receber

esses alunos

Essas mesmas escolas recebem a cada ano mais e mais alunos com

uma gama imensa de deficiências tornando para o educador um desafio cada

vez maior. Aqueles que trabalham diretamente com crianças nos anos iniciais

sabem o quanto é difícil incluir esses pequenos nas salas em comum com

outras crianças.

Sabemos que essas exigências não são de agora, elas veem sendo

exigidas desde anos anteriores. De acordo com a Declaração de

Salamanca (BRASIL, 1994), o conceito de inclusão é um desafio para a

educação, uma vez que estabelece que o direito à educação é para todos e

não só para aqueles que apresentam necessidades educacionais especiais,

como podemos observar no trecho abaixo:

“As escolas devem acolher todas as crianças,

independentemente de suas condições físicas, intelectuais,

sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher

crianças com deficiência e crianças bem dotadas; crianças que

vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações

distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas,

étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas

desfavorecidas ou marginalizadas” (Salamanca,1994).

Em tempos atuais as exigências veem sido reforçadas cada vez mais.

Podemos destacar que em 2010 o Conselho Municipal de Educação do Rio de

9

Janeiro, sancionou a Deliberação E/CME nº 21, Art. 2º destacando que “As

crianças com deficiência integrarão grupos comuns”, tornando-as participantes

de uma sala de aula como qualquer criança matriculadas em uma escola.

Se em 1994 da Declaração de Salamanca defendia a ideia de que

todos os alunos deveriam aprender juntos, independentes de suas

capacidades, hoje sem questões de dúvidas não podemos negar auxilio a

essas crianças. Portanto, é papel de rede de ensino acolher esses alunos

buscando ajuda-los no seu processo educativo.

Diante dessa necessidade a primeira parte desta pesquisa focará a

criança com necessidade especial e suas limitações no processo de inclusão

em sala de aula. Também será salientado o papel da escola ao receber esses

pequenos em ambientes adequado ou devidamente preparado para recebe-

los, onde os mesmos possam ter um bom desempenho educacional.

Outra questão a ser explorado com veemência é a experiência

profissional voltada para a aquisição de competências. A orientação

profissional é fundamental para um excelente trabalho de inclusão. Cabe ao

educador, juntamente com toda a equipe educacional, buscar meios que

favoreçam uma inclusão sem excluir o “diferente” em um grupo que é

diversificado.

No segundo momento pretendo apresentar o processo de

desenvolvimento da crianças em fatores que ajudem o educador a

compreender que cada criança reage de maneira diferente no seu processo de

aprendizagem. Apesar dos avanços no campo educacional ao longo dos anos,

ainda necessitamos de mudanças, de pensamentos de uma cultura que exclui

mesmo no processo de inclusão.

No terceiro momento será salientado a importância do lúdico na

processo de desenvolvimento da criança com necessidades especiais.

Explorarei meios que favoreçam o desejo de aprender brincando, pois ao

brincar a criança adquiri conhecimento, aprende a socializar-se com o meio.

Para o educador o brincar é um fator importantíssimo que contribui

para a aprendizagem. Pensadores da educação com Vygotsky, Kishimoto e

10

Piaget afirmam que as crianças são capazes de construir uma ponte entre a

fantasia e a realidade transformando o que é difícil em situações simples e

divertida.

O lúdico também desperta interesse nas atividades escolares e no

ponto de vista do desenvolvimento da criança “a brincadeira traz vantagens

sociais, cognitivas e afetivas” (WAJSKOP, 2012, p. 38).

E para finalizar será destacado a importância de novas formas

metodológicas que facilitem o trabalho do educador. Atividades que contribuam

para o processo de inclusão de crianças com necessidades especiais.

11

CAPÍTULO I

A CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS

A expressão "necessidades especiais" refere-se a todas as pessoas

que apresentam caráter temporário ou permanente que acarretam dificuldades

em sua interação com o meio social, necessitando de recursos especializados

para desenvolverem seu potencial e superar suas dificuldades.

Segundo a Constituição Federal, (1998, p.41), educandos com

necessidades especiais são aqueles que possuem necessidades incomuns e,

portanto, diferentes dos outros alunos no que diz respeito às aprendizagens

curriculares compatíveis com suas idades. Em razão desta particularidade,

estes alunos precisam de recursos pedagógicos e metodológicos próprios.

A educação especial é uma particularidade de ensino designada a crianças

com necessidades educacionais na extensão do conhecimento. Na Declaração

de Salamanca ela se clarifica da seguinte maneira:

"Necessidades educacionais especiais" refere-se a todas

aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais

especiais se originam em função de deficiências ou

dificuldades de aprendizagem. (UNESCO, 1994, p. 3).

Podemos dizer também que a educação especial é o ramo da educação

que abrange ao atendimento educacional de pessoa com deficiência em

instituições especializadas, tais como escolas para surdos, escolas para cegos

ou escolas para atender pessoas com deficiência mental. Dependendo do

país, a educação especial é feita fora do sistema regular de ensino.

12

1.1- Contexto histórico de deficiência

Dentro do contexto histórico a criança deficiente, na antiguidade, era

abandonada ao relento e a sociedade classista não aceita a “imperfeição” do

indivíduo. (ARANHA, 1995). Na idade média a concepção de deficiência passa

a ser vista de outra maneira. SILVA e DESSEN destaca que:

“A deficiência era concebida como um fenômeno metafísico e

espiritual devido à influência da Igreja; à deficiência era

atribuído um caráter ou “divino” ou “demoníaco” e esta

concepção, de certa forma, conduzia o modo de tratamento

das pessoas deficientes. Com a influência da doutrina cristã, os

deficientes começaram a ser vistos como possuindo uma alma

e, por tanto, eram filhos de Deus”. (2001, p. 133).

Nesta época a doutrina cristã passa a acolher os deficientes em

instituições de caridade. No entanto, tinham em mãos o poder de decisão

sobre a vida das pessoas, principalmente em relação ao deficiente mental, pois

eram vistos como “produto da união entre a mulher e o demônio”

(CHWARTZMAN, 1999). Fato que acabava levando à fogueira mãe e filho.

A atitude da sociedade Medieval era “ambígua” diante da deficiência,

pois ao praticar a caridade agiam de forma agressiva e violenta. Ao mesmo

tempo que cuidava, maltratava o indivíduo castigando-os e punindo-os

severamente.

No final do século XV com a chegada da revolução burguesa mudou a

concepção de deficiência, juntamente com a concepção de homem e

sociedade, passando ser vista como um problema de saúde e não como

questão espiritual. Mais tarde nos séculos XVII e XVIII, ampliou-se a visão de

deficientes em todas as áreas de conhecimento. Somente no século XIX

presenciou-se atitudes de responsabilidade pública frente às necessidades do

deficiente (SILVA e DESSEN, 2001, p. 134).

13

A visão de deficiência expandiu-se no século XX, multiplicando as

explicações a respeito da mesma. Atualmente utiliza-se o termo “necessidade

especial” ou “necessidades educativas especiais”.

Olhando para o contexto histórico brasileiro podemos iniciar com o

período colonial. Os deficientes eram confinados em suas famílias isoladas do

convívio social. Muitas delas moravam em locais próprio que acolhiam

deficientes.

No século XIX deu-se início as primeiras iniciativas de atender pessoas

com deficiência. Com o Decreto de nº 82 de 18 de julho de 1841, foi

determinado a fundação do primeiro hospital para atender pessoas com

deficiência, conhecidos como “alienados”. Esse hospital foi vinculado a Santa

Casa de Misericórdia no Rio de Janeiro, e ganhou o nome de “Hospício Dom

Pedro II passando a funcionar no ano de 1852. Futuramente, cinquenta anos

mais tarde, o mesmo passou a ser chamado de “Hospício Nacional de

Alienados”. (LANNA JUNIOR, 2010).

Dois anos mais tarde, exatamente na cidade do Rio de Janeiro, surgiu o

Instituto dos Meninos Cegos, fundado pelo Imperador D. Pedro II através do

Decreto Imperial nº 1.428. Com a Proclamação da República o instituto, em

1891, passou a ser chamado “Instituto Benjamin Constant” localizado no bairro

da Urca. Em 1856 foi fundado o Instituto dos Surdos-mudos (hoje, “Instituto

Nacional de Educação de Surdos – INES”), situado no bairro das Laranjeiras.

Segundo LANNA JUNIOR (2010), o primeiro espaço destinado para

crianças com deficiência surgiu no ano de 1904 com o nome de “Pavilhão-

Escola Bourneville”. O mesmo funcionava ao prédio anexo ao HNA (Hospício

Nacional de Alienados) onde se identificavam e classificavam as doenças

mentais. Essa foi primeira instituição brasileira que passou a dar a assistência

a crianças anormais.

14

Nos relatos de SILVA, o surgimento da mesma se deu por motivos de

insatisfação contra o atendimento a crianças juntamente com adultos na

hospício do HNA. O trecho da insatisfação destaca que:

“O Pavilhão-Escola Bourneville foi a concretização de

uma resposta aos muitos protestos e denúncias que

vinham, desde fins do século XIX, se abate sobre a

assistência dada às crianças que se encontravam

internadas no Hospício Nacional de Alienados (HNA)”.

(2009, p.197)

Anos mais tarde, 1920, com o desenvolvimento da indústria e o

crescimentos da urbanização brasileira surgiu novas iniciativas por parte da

sociedade civil. Iniciou-se na década de 20, novas organizações voltadas para

atender as pessoas com deficiência intelectual.

Os movimentos pestalozzianos e apaeanos foram os principais

incentivadores no atendimento dessa deficiência. Com o a influência de

Johann Heinrich Pestalozzi, a educadora e psicóloga russa, Helena Antipoff

expandiu pelo país 8 Sociedade de Pestalozzi com o intuito de ajudar pessoas

com deficiência intelectual. CAMPOS destaca que Helena introduziu o termo

excepcional no lugar de deficiência mental. “Introduziu, nesta época, o “termo

excepcional” (em vez de retardo) para se referir às crianças cujo resultados nos

testes afastavam-se da zona de anormalidade” (2002, p. 22).

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais foi fundada no Rio de

Janeiro em 1954 caracterizada como organização social. Tinham como

objetivo promover a atenção integral à pessoa com deficiência. A prioridade e

o atendimento era para os deficientes intelectuais. A Federação Nacional das

Apaes relata que os movimentos Apaeano se deu por seguintes motivos:

15

“Diante da ineficiência do Estado em promover políticas

públicas sociais que garantam a inclusão dessas pessoas,

surgem famílias empenhadas em quebrar paradigmas e buscar

soluções alternativas para que seus filhos com deficiência

intelectual ou múltipla alcancem condições de serem incluídos

na sociedade, com garantia de direitos como qualquer outro

cidadão”. (APAE DO BRASIL).

Na década de 70 surgiram as primeiras organizações compostas e

dirigidas por pessoas com deficiência contrapondo-se às associações que

prestavam serviços a este público. Neste mesmo período, entre 1970 a 75,

começa a surgir os primeiros grupos políticos. Período marcado pela ativa

participação da sociedade civil, onde os sindicatos ganhavam força na

reorganização de movimentos sociais. Era o Brasil rumo à democracia.

(LANNA JUNIOR, 2011).

Com a promulgação da Constituição Federal em 1988, conformo prediz

o artigo 205, educação passa ser direito de todos.

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,

será promovida e incentivada com a colaboração da

sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho”. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL, 1988).

Dentro do contexto de educação especial o direito de cada criança a

educação é decretado na Declaração Universal de Direitos Humanos sendo

reconfirmado pela Declaração Mundial sobre Educação para Todos.

“Qualquer pessoa portadora de deficiência tem o direito de

expressar seus desejos com relação à sua educação, tanto

quanto estes possam ser realizados” (SALAMANCA, 1994).

16

Podemos dizer que com o passar dos anos as instituições fizeram o

melhor para ajudar os deficientes em suas necessidades. Muitas se

organizaram para atender exclusivamente alunos com determinada

necessidades especiais. Outras dedicaram-se a vários tipos de deficiências.

1.2 – Escola inclusiva

A escola inclusiva é um direito de todos, privilégio que todo aluno têm de

usufruir do atendido educacional onde quer que esteja. Direito de ter,

livremente, acesso ao conhecimento que lhe é garantido por Lei. No

programa do Ministério de Educação, vem reforçar esse direito destacando a

seguinte afirmação:

“Escola inclusiva é, aquela que garante a qualidade de ensino educacional a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades”. (2004, p. 7).

As escolas inclusivas defendem que a educação básica é um direito de

todo a criança e que é possível escolariza-las em um mesmo contexto com um

objetivo comum, desde que se diferenciem as estratégias e recursos

pedagógicos (STOBAUS, 2004, p. 67).

Para promover uma educação inclusiva, as escolas precisam estar

preparadas para receber alunos deficientes, sejam elas físicas, visuais,

auditivas, mentais, múltiplas ou de aprendizagens. Para que isso aconteça é

necessário remover barreiras que dificultam esse processo. Não basta apenas

às escolas disponibilizarem um espaço físico favorável, é preciso que os

recursos humanos e pedagógicos sejam capazes de agregarem essas

crianças na sala de aula.

Também se exige, por parte do professor, conhecimento da prática

metodológica e processos distintos de avaliação que sejam favoráveis a uma

educação de qualidade. Todavia, não estão devidamente prontas para receber

17

esses indivíduos, é necessário mudar os paradigmas dos sistemas

educacionais centralizando o aluno em suas potencialidades em vez de

valorizar o quantitativo e a disciplina.

A inclusão na sala de aula também é um grande desafio para as

escolas. O depoimento da especialista em educação MEIRELLES, na Revista

Nova Escola, mostra o quanto é angustiante para muitos professores ao saber

que irá receber uma criança especial em sua classe.

“A preocupação de muitos docentes é como organizar a prática

de modo a incluir o aluno com deficiência e dar a ele condições

de aprender. Não basta apenas colocá-lo na classe, tem de

haver uma rede de apoio ao professor capaz de orientá-lo

sobre as especificidades de cada estudante e sobre como

incluí-lo. (2014, p. 89).

Sabemos que o processo de inclusão em sala de aula não é tão

simples. Entretanto, para GLAT, o educador tem um papel fundamental em

acolher e ajudar essas crianças, tornando um instrumento escalar. O educador

torna-se um referencial para o deficiente. Segundo a autora “os professores

são os mediadores, os elos entre os alunos que estão aprendendo e o objeto

de aprendizagem” (2007, p. 150).

Ao se tratar de deficiências serão muitos os desafios a serem

enfrentados pelas escolas. As crianças deficientes também encontrarão

limitações e terão que acreditar e confiar no trabalho dos educadores, pois a

cada ano surgem novos desafios e situações que devem ser enfrentados com

audácia e desempenho. Portanto, não se pode desistir diante desta realidade

que nos cerca.

1.2.1- O papel da escola na inclusão

É papel da escola contribuir para a superação do preconceito contra a

exclusão e colaborar com a formação de identidade da pessoa com

necessidade especial incluindo-a na sociedade. A entidade desenvolve um

18

papel importantíssimo na vida de cada indivíduo, principalmente na formação

humana, social e intelectual.

Nas salas de aula devem ser criados espaços que favoreçam, não

somente aos alunos ditos “comuns”, mas também crianças com deficiência. é

necessário que as salas sejam bem iluminadas e os espaços devem ser bem

organizados onde possa levar a criança a ser desafiada em suas

competências. Esses espaços devem ser devidamente preparados conforme a

faixa etária das crianças. É preciso que ela interaja com o espaço da qual ela

faz parte, a sala de aula.

Para HORN a estruturação dos espaços vai muito mais além da

responsabilidade da escola. Cabe também ao educador colaborar neste

processo de organização. A autora define da seguinte maneira:

“Deveria ser definido pelo professor e por seus alunos em uma

construção solidária fundamentada nas preferencias das

crianças, nos projetos a serem trabalhados, nas relações

interpessoais, entre outros fatores”. (2004, p. 37).

No entanto isso não acontece e os professores se “apoderam dos

espaços” decorando-os a partir de um olhar centralizador da prática

pedagógica. Com isso ele impede a criança de participar desse momento de

inclusão. (HORN, 2004).

Na área externa das escolas os Referenciais Curriculares da Educação

Infantil destaca:

“Há que se criar espaços lúdicos que sejam alternativos e

permitam que as crianças corram, balancem, subam, desçam e

escalem ambientes diferenciados, pendurem-se, escorreguem,

rolem, joguem bola, brinquem com água e areia, escondam-se

etc”. (1998, p. 69).

Para que isso seja concretizado a direção da escola precisa ser

dinâmica, comprometida e motivadora. Deve favorecer a participação de todos

19

os atores sociais incluindo professores, pais e comunidade da qual faz parte,

onde cada membro possa contribuir com o processo de aprendizagem.

O Programa de Educação Inclusiva, MEC, contribui com o seu

pensamento dizendo que a direção da escola:

“Necessita saber delegar poderes e estimular a autonomia,

valorizando a atuação e a produção de cada um. Ela precisa

ser uma figura presente, ponto de referência da personalidade

e missão da escola. Precisa, também, ser respeitosa nas

relações interpessoais, inclusive nas ocasiões em que tem que

promover ajustes no percurso de cada agente”. (2004, p.13)

1.2.2- Educação inclusiva na prática

Um dos grandes desafios para o campo da educação inclusiva é

construir uma proposta pedagógica para atender crianças com necessidades

especiais. Para atingir esse objetivo necessita-se de uma pratica pedagógica

adequada. Convém aqui lembrar um trecho da Declaração de Salamanca

(1994) que destaca: “A preparação adequada de todo pessoal da educação

constitui um fator-chave na promoção do progresso em direção às escolas

inclusivas”.

Para educar crianças especiais numa classe regular necessita ter

objetivos claros. Neste sentido as mudanças não podem ocorrer somente no

espaço geográfico da escola, como exige a lei da acessibilidade nº 10.098 de

19 de dezembro de 2000, é necessário renovar e preparar toda a equipe

educacional com cursos especializados.

Também e preciso criar equipes de apoio interdisciplinar, que ajude a

pensar no trabalho educativo nos diversos campos de conhecimento. A

Secretaria de Educação Especial (2005, p. 9) aponta um fator importantíssimo

que contribui fortemente com a prática pedagógica. Ela destaca que o “auxílio

20

de um professor especialista” contribui com a ação do professor em suas

dificuldades. Cabe a ele, juntamente com os professores, fazer o processo de

inclusão do aluno em uma turma, criando um plano de ensino, sem esquecer

que os demais colegas do grupo deve ser incluídos neste mesmo processo.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil também

oferece dicas que contribuem para essa diversidade.

“O professor deve planejar e oferecer uma gama variada de

experiências que responda, simultaneamente, às demandas do

grupo e às individualidades de cada criança” (1998, p. 32).

Outro fator a ser destacado é o trabalho em equipe. O mesmo leva ao

desenvolvimento de habilidades que capacita os professores em criar

ambientes mais ricos sobre o ponto de vista educativos. Ao incluir

determinadas estratégias exige-se mais do que conhecimento de técnicas, é

preciso ter a capacidade de responder ao feedback dado pelos alunos na

medida que é desenvolvido determinadas atividades em classe.

Ao criar salas de aulas mais inclusivas o educador deve ser capaz de

modificar constantemente o seu plano de atividade à medida que é exigido

trabalhar com uma determinada deficiência.

É importante sublinhar que oportunidades devem ser dadas ao

professor como novas possibilidades de aprendizagem. O apoio e o

encorajamento favorece no bom desempenho do profissional. PAULON afirma

que “É fundamental considerar e valorizar o saber de todos os profissionais da

educação no processo de inclusão”. (2005, p. 21)

Ao trabalhar com crianças especiais deve-se ter em mente o respeito e

limitação do ser humano. Ao mesmo tempo deve-se, por parte das escolas,

colaborar com toda a equipe educacional onde favoreça um apoio aos

professores que na maioria das vezes encontram dificuldade em incluir

crianças com necessidades especiais.

21

O elemento principal, que não deve faltar, é o apoio da direção da

escola a toda a equipe disciplinar. A declaração de Salamanca expõe esse

pensamento quando diz:

“Uma administração escolar bem sucedida depende de um

envolvimento ativo e reativo de professores e do pessoal e do

desenvolvimento de cooperação efetiva e de trabalho em grupo

no sentido de atender as necessidades dos estudantes”. (1994,

nº 33).

Por isso os diretores e coordenadores devem desempenhar o máximo

em amparar e valorizar o professor que atua com crianças especiais dentro

das escolas e das salas de aula. À medida que se preocupam em ajudar os

professores, a desenvolverem uma forma mais reflexiva de responder aos

seus desafios, através da sua prática, às dificuldades educativas passam a

influenciar em suas percepções e atitudes. Isso favorece no trabalho de equipe

das quais incluem um compromisso com pontos de vista alternativos. Isto leva-

nos à questão do aperfeiçoamento das escolas.

22

CAPÍTULO II

O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

O desenvolvimento humano é a evolução de uma pessoa desde as

primeiras fases da vida, são etapas que vão sendo adquiridas ao longo de sua

caminhada.

O processo evolutivo da pessoa humana é dividida em duas fases,

antes do nascimento e pós nascimento. A fase antes do nascimento é

conhecida como pré-natal, etapa da fecundação até o parto. O

desenvolvimento da criança inicia-se no momento da concepção, processo de

fecundação que é a união dos gametas masculino e feminino. E a gestação é

o período do crescimento do embrião, também conhecido como feto.

A segunda fase, pós-natal, acontece depois do nascimento e divide-se

em: infância, adolescência, idade adulta e velhice.

A fase do desenvolvimento do pré-natal é dividido em três etapas:

germinal, embrionária e fetal. A etapa germinal acontece num período de duas

semanas de gestação, da concepção à implantação. Neste período as células

se unem formando o zigoto que implanta na parede do útero dando origem ao

embrião.

A etapa embrionária inicia-se com a implantação e vai até o fim da

oitava semana de gestação. Neste período acontece a formação dos órgãos

que se desenvolvem rapidamente.

A etapa fetal começa na oitava semana e vai até o final da gravidez.

Nesta fase o feto cresce rapidamente. PAPALIA afirma que o feto cresce até

20 vezes mais que seu tamanho anterior. (2010, p. 96)

23

A fase do desenvolvimento do pós-natal inicia-se com o nascimento da

criança e vai até os 10 anos de vida. SANTROCK classifica esse período

como: infância, primeira infância, infância intermediaria e a infância final.

Segundo ele o período da infância se estende do nascimento aos 2

anos de vida, etapa em que a criança é muito dependente dos adultos. Na

primeira infância o período começa com os 3 anos e vai até os 5. Nesta etapa

as crianças desenvolvem suas habilidades a tornam-se autossuficientes. Já a

infância intermediaria e a infância final se estende dos 6 aos 11 anos. Etapa

que as crianças dominam suas habilidades cognitivas com facilidades

passando a interagir com o mundo social. (2009, p. 28-29).

2.1- Princípios que apoiam o crescimento

Os princípios que apoiam o crescimento e desenvolvimento do esquema

corporal do ser humano, segundo BERNS, são três: cefalocaudal,

proximodistal e a diferenciação e integração.

O Princípio Cefalocaudal, significa “da cabeça para a cauda”, declara

que o desenvolvimento humano progride da cabeça para os pés. BERNS

afirma que “a cabeça dos recém-nascidos desenvolve-se antes de seu tranco,

braços e pernas”. (2002, p. 177).

Ela acrescenta que o tamanho da cabeça da criança, recém-nascida, é

muito semelhante a de um adulto no tamanho. Conforme a criança passa pelo

processo de crescimento a cabeça dobra de tamanho, o tronco triplica, os

braços quadruplicam e as pernas quintuplicam. (BERNS, 2002, p. 177).

Juntamente com esse crescimento físico desenvolvem-se os

movimentos e as habilidades motoras. Assim a criança obtém controle dos

músculos da cabeça, do pescoço, do abdômen, dos braços e das pernas.

24

O princípio proximodistal, significa “de perto para longe”, afirma que o

corpo humano é desenvolvido do centro para as extremidades, ou seja, de

dentro para fora. BERNS relata da seguinte maneira:

“Na fase pré-natal, o coração e os órgãos internos

formam-se antes dos braços, mãos e dedos. Na fase pós-

natal, os bebês aprendem a controlar os movimentos dos

ombros antes de dirigirem seus braços ou dedos”. (2002,

p. 178).

Já o terceiro princípio, Diferenciação e Integração caminham juntas,

pois a diferenciação significa “que as habilidades do bebê tornam-se cada vez

mais distintas e especificas no decorrer do tempo”. A Integração é o “processo

complementar à diferenciação”. É onde as habilidades simples são interligadas

a habilidades mais difíceis. (BERNS, 2002, p. 178).

O desenvolvimento motor é um processo no qual ocorre o

amadurecimento do controle sobre diferentes músculos do corpo. E esse

conjunto de transformações são levados em conta por toda a vida do ser

humano.

Ele é de extrema importância, pois à medida que a criança cresce e

desenvolve sua musculatura, passa a ganhar controle sobre o corpo. Assim a

criança brinca e ganha recursos adequados para sua sociabilidade, garantindo

sua independência e contribuindo para o conhecimento de si mesma.

Segundo GALLAHEU “O processo do desenvolvimento motor revela-se,

principalmente, por mudanças no comportamento dos movimentos ao longo do

tempo”. (2013, p. 67).

25

2.2 - Fases do desenvolvimento na infância

O processo de desenvolvimento humano ocorre com o tempo, cada

criança com um determinado período adquirindo pouco a pouco suas

habilidades física-motora social e linguística.

Habilidades Física-motora - O desenvolvimento físico corresponde

com o crescimento das partes do corpo e suas funções. BERNS exemplifica da

seguinte maneira:

“O desenvolvimento motor refere-se ao movimento e

controle das partes do corpo. À medida que a criança

cresce e se desenvolve, a habilidade em usar as partes

de seu corpo aumenta em forças, velocidade e

coordenação”. (2002, p. 176).

O desenvolvimento físico e motor de uma criança procedem da seguinte

maneira. Ao nascer a criança se mexe muito, balança a cabeça, mexe com os

braços, chuta com os pés. Consegue virar a cabeça mas não tem firmeza

quando colocado de pé e necessita ser apoiada. No primeiro mês ela é capaz

de perceber diferentes sons e no segundo sua percepção dá preferência em

fixar os olhos no rosto das pessoas e em cores vermelho, verde e azul.

(BERNS, 2002).

Entre o terceiro e quarto mês, elas necessitam de até 14 horas de sono

por dia e é capaz de localizar a fonte de um determinado som. Abre e fecha as

mãos, senta com apoio de alguém, pisa no chão quando é segurado, fixa o

olhar em objetos e balança os braços ao segurar um brinquedo.

No quinto e no sexto mês aparecem os dois primeiros dentinhos, senta-

se com apoio e usa as mãos para equilibrar o corpo. Consegue alcançar e

agarrar objetos com uma das mãos e move-os de uma mão para a outra.

Na fase dos sétimo e do oitavo mês a criança começa a engatinhar e a

se locomover voluntariamente. Eles rastejam e rolam para alcançar objetos

26

que estão longe. Alguns se arrastam sentado usando o bumbum para se

locomover. Outros usam a criatividade utilizando a barriga, ou as vezes se

locomovem de trás para frente. Também nesta fase sua coluna já se encontra

mais firme e consegue ficar sentada sozinha às vezes inclinada para frente e

com as mãos apoiadas no chão para não desequilibrar.

Entre o nono e décimo mês a criança dá seus primeiros passos com

apoio de alguém. Locomove-se com rapidez ao engatinhar usando os quatro

membros. Ela consegue ficar em pé sozinha e se segurar. Aos poucos vai

começando a soltar as mãos para testar o equilíbrio.

Entre o 11º e o 12º mês ela engatinha sobre as mãos e os pés, anda quando

levantada e dá alguns passos sem auxílio. A partir do 13º ao 15º mês ela

consegue subir escadas de gatinhas, fica de pé e anda sozinha. (BERNS,

2002).

Segundo a mesma autora, na idade entre 18º a 24º mês a criança corre

desajeitada, chuta, empurra brinquedos, consegue segurar uma colher com

alimento, mas derrama ao levá-la a boca. Consegue virar as páginas de um

livro, segura um copo com uma das mãos e faz rabiscos em uma folha de

papel. No 24º mês o seu cérebro já se encontra com 75% no seu desenvolvido

total.

Entre os 2 e 3 anos de vida o desenvolvimento físico-motor já se

encontra bem evoluído. A criança mede aproximadamente 1 metro de altura

com um peso equivalente entre 6,5 kg e 7 kg. Tem necessidade de 12 horas

de sono por dia. Consegue andar de velocípede fazendo algumas manobras,

pula com os dois pés, sobe e desce escadas com um pé de cada vez, anda e

equilibra-se na ponta dos pés, abotoa e se veste sozinha e rabisca fazendo

desenhos.

Habilidades social e da personalidade - O desenvolvimento social se

inicia a partir do nascimento da criança. Os primeiros anos de vida são

decisivos para o bom desempenho da personalidade do ser humano. Os pais

são os principais responsáveis para o início dessa formação, pois a partir dos

27

primeiros meses de vida eles devem dedicar toda a atenção no

desenvolvimento da autoestima da criança.

É muito importante que os pais ofereçam uma atenção especial para

seus os filhos nos primeiros anos de vida. O afeto, o carinho, o elogiar e o

motivar, são primordiais no desenvolvimento da personalidade da criança

elevando seu amor próprio. No entanto, cabe ressaltar que ela também deve

ter a liberdade de expressar suas emoções sem serem reprimidas. A tristeza, o

medo, a raiva e a alegria também fazem parte desse processo.

Conforme a criança vai crescendo alguns fatores influenciam no seu

desenvolvimento social e de sua personalidade. Segundo BERNS são cinco

fatores que contribuem nesse processo. Ela destaca o contexto familiar,

escolar, a comunidade, os colegas e a mídia. E é justamente nestes cenários

que acontecem a interação com as pessoas que influenciam no

comportamento e na autoestima da criança.

Segundo BERNS esse contexto de socialização acontece no meio social

da seguinte maneira:

“Esses membros significativos da sociedade influenciam o

desenvolvimento social e da personalidade por meio de

um processo chamado socialização, pelo qual os

indivíduos adquirem o conhecimento, habilidades e traços

de caráter que lhe possibilitam participar como membros

efetivos de grupos e da sociedade”. (2002, p. 522).

Para entender o desenvolvimento social e a personalidade de uma

pessoa é necessário conhecer e entender o contexto familiar. A primeira

experiência social que a criança têm é a família e neste meio que serão

definidas as relações futuras. BERNS afirma que quando a criança é

maltratada e desleixada pelos pais não consegue adquirir confiança nas

28

pessoas e muito menos sentirá segura no meio delas. Ao contrário, se a

criança é amada e bem cuidada será capaz de sentir confiança e segurança.

(2002, p. 522).

A família é a primeira responsável pela formação social da criança. Ela

influencia no desenvolvimento da personalidade do indivíduo. É nela que a

criança idealiza seus fundamentos tornando-se capaz de elaborar suas

competências.

CAMPOS, nos escrito de Helena Antipoff, descreve o papel

importantíssimo da família sobre a formação da personalidade da criança.

“Toda a sua infância consistirá, pois em fabricar os tijolos

da sua futura personalidade e em preparar o cimento

sólido que irá mantê-los em equilíbrio, um todo

harmonioso: harmonioso como o próprio indivíduo e

harmonioso com a sociedade”. (2002, p. 170).

A escola aparece como o segundo ambiente que mais contribui para o

desenvolvimento social e da personalidade da criança. É lá que elas

desenvolvem suas habilidades, conhecimentos e atitudes que as caracterizam

como indivíduos.

Habilidades linguísticas - A linguagem desempenha um papel

importante na percepção, pois o ser humano começa a perceber o mundo que

o cerca não apenas com os olhos mas também com a fala. Esse processo

torna-se um fator primordial no desenvolvimento cognitivo.

BERNS destaca da seguinte maneira:

“A linguagem é a expressão ou comunicação de

pensamentos e sentimentos por meio de sons vocais e

29

combinações destes sons às quais se atribuem

significados”. (2002, p. 423).

Conforme a autora, BERNS, a linguagem utilizada pela criança varia de

um mês para outro. Com um mês ela se comunica através do choro e

pequenos barulhos com a garganta. Entres o 2º e 4º mês ela arrulha, da

gritinhos e sorri quando alguém lhe fala ou brinca.

No período do 5º ao 8º mês os sons são mais frequentes pronunciando

“gugus”, e gargalhadas. Demonstra prazer com risinhos e despreza com

resmungos. Consegue imitar alguns sons, balbuciar algumas palavras com

baba, papa, mama, neném, etc.

Entre os 9º e 18º meses de vida, a criança utiliza a linguagem para

estabelecer e manter o contato com o meio familiar. Ela consegue reconhecer

e responder quando a chamam pelo nome e entender o significado das

palavras, como "sim" e "não". Compreende ordens simples, como dar e

receber e é capaz de responde aos sons com gestos quando alguém lhe diz

"tchau" com as mãos.

Por volta do 18º ao 20º mês seu vocabulário aumenta para mais ou

menos 30 palavras. É capaz de falar nomes de animais, brinquedos, grande,

pequeno e outros. E do 21º a 24º mês começa a usar frases de 2 a 5 palavras

e o vocabulário pode chegar a 400 palavras ou mais. A fala passa a ser

mecanismo de comunicação para atender seus pedidos e desejos. Costuma

conversar sozinho sobre seus gestos durante as brincadeiras. (BERNS, 2002,

p. 38).

No período dos quatro aos cinco anos de idade, a criança é capaz de

atender as expressões referentes ao comportamento social apreendido. Ela

consegue responder a uma pergunta, cumprimentar e despedir de alguém,

utilizar as palavras por favor e muito obrigado espontaneamente. A criança

também passa a representar mentalmente situações e fatos do seu dia-a-dia

30

fazendo com que a linguagem passa a ser uma ferramenta de comunicação

imediata facilitando o desenvolvimento da capacidade intelectual.

2.3. Sinais de alerta no desenvolvimento infantil

As etapas do desenvolvimento baseia-se em acontecimentos

siguinificativos na vida da pessoa. Esses acontecimentos se dá através do

aprender alguma coisa tais como: andar, falar, ver, ouvir, etc. BERNS destaca

que “Algumas crianças alcançarão uma etapa do desenvolvimento mais cedo

outras mais tarde. No entanto, um desvio muito grande indica que a criança

tem um problema”. (2002, p. 31)

Cada criança aprende no seu próprio tempo, entretanto há alguns sinais

de alerta que devemos observar durante o processo de desenvolvimento.

Vejamos alguns pontos que devemos estar atentos no desenvolvimento

de uma criança.

Quando se trata da visão a criança nos seus primeiros meses de vida

normalmente consegue reconhecer alguns detalhes do rosto dos seus pais. E

é capaz de acompanhar com os olhos o movimento de um determinado

brinquedo colorido.

Aos três meses, a criança consegue observar objetos situados mais

longe e tenta alcançá-lo. Nesta fase inicia-se a descoberta das mãos e passa a

brincar com elas. Mais tarde (aos quatro, seis meses) interessar-se por objetos

mais afastados, como a televisão, pessoas e animais que se movem. Pega em

objetos próximos e interessa-se por novas formas e cores.

Se a criança até os seis meses de idade não consegue focalizar ou

atender a nenhum desses estímulos; se ela não percebe objetos, animais e

pessoas ao seu redor, desconfie, pois algo pode não estar bem.

Quando se trata de audição geralmente a criança demonstra

sobressalto e desperta com facilidade com o barulho. Ela também é capaz de

virar o olhar para aqueles que a chama. Costuma balbuciar e responder a sons

31

e chamada normal dos membros da família. Consegue pronunciar algumas

palavras e repete canções de ninar. Caso ela não venha e atender a esses

estímulos a criança poder ter algum problema de surdez.

Outro ponto importante é saber identificar a deficiência física nos

primeiros meses de vida. BERNS dá algumas dicas para identificar sinais de

deficiência física em crianças pequenas.

• Deitado: é incapaz de erguer a cabeça ou levantar-se, as mãos

permanecem constantemente fechadas, as pernas rijas; arrasta-

se de costa com a cabeça e tem dificuldade de sair da posição

que se encontra.

• Sentado: é incapaz de erguer e controlar a cabeça, as costas

ficam curvas ou em arco, braços e pernas permanecem rijos, os

dedos dos pés ficam em ponta e demonstra dificuldade em

estender os braços para brincar.

• De pé: têm dificuldade ao ficar de pé, se anda caminha sobre os

dedões, as vezes não ergue a cabeça e costa, não consegue

engatinhar sobre as mãos e joelho, não suporta o peso do corpo

sobre as pernas e os braços e mãos ficam inclinados para trás.

(2002, p. 202)

É importantíssimo que os pais estejam atentos a esses detalhes ao

acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos. Sabemos que para alguns

pais tudo é normal quando a criança se encontra com algumas limitações. No

entanto, quanto mais cedo forem identificadas as anormalidades melhor será o

desenrolar da situação. Neste caso necessita-se procurar ajuda de

profissionais para orientar os pais e a família.

32

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO

O lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus” que quer dizer jogo. O

termo lúdico refere-se ao jogar, brincar.

No contexto histórico a evolução do brinquedo e brincadeira situa-se na

antiga Roma e na Grécia. A importância do brinquedo na educação passou a

ser refletido como algo importante.

As primeiras reflexões, conforme KISHIMOTO se deram em torno do

povo grego e romano. Para os romanos os jogos tinham a finalidade de

preparar fisicamente os soldados e cidadão para ter um bom comportamento.

Mais tarde com o surgimento do cristianismo a sociedade cristã, exigia

uma educação disciplinadora impondo dogmas que afastaram o

desenvolvimento do intelecto, impedindo que os alunos praticassem os jogos.

A eles, mestres, restavam somente o recitar livros e ler cadernos; aos alunos

sobrava somente decorar o que aprendia. (KISHIMOTO, 2011, p. 39).

No período do Renascimento apareceram outras concepções

pedagógicas deixando para trás a mortificação do corpo e passando a valorizá-

lo. Neste período são retomados novamente na vida do cidadão.

Com o surgimento do Instituto dos Jesuítas no século XVI Inácio de

Loyola, fundador da Companhia de Jesus, reconhece a importância dos jogos

para a formação do ser humano e passa a administrá-lo no sistema de ensino

da sua instituição.

“A companha de Jesus propôs a Ratio Studiorum para

estruturar e orientar o sistema de ensino, valorizando a

aula ativa, a cooperação, o papel do professor e as

especificidades infantis, com o uso de diferentes

metodologias, como a construção de materiais concretos

e específicos para o ensino das letras, da leitura, da

33

escrita e da contagem, recurso conhecidos como jogos

educativos”. (BINGEMER 2007 p. 387)

0 que foi banido pela Idade Média o Renascimento passou a resgatar

com mais frequência.

O desenvolvimento expansivo dos jogos educativos continuou no século

seguinte. KISHIMOTO destaca que no século XVII os movimentos científicos

da época diversificaram os jogos incluindo novas formas inovadoras. Surgiram

publicações em Enciclopédias de novos jogos que eram exclusivamente para a

educação dos nobres e príncipes. Neste mesmas século os jogos educativos

passaram a ser mais populares, não somente aos nobres e príncipes mas

também passaram a ser destinados a população em geral.

No século XVIII nasceu a concepção de Infância, período onde as

práticas educativas passaram a ser prevalecidas. Momento onde as crianças

começaram a ser vistas como criança e não tratadas como mini adultos.

KISHIMOTO acrescenta:

“A criança passa a ser vestida de acordo com sua idade,

brinca com cavalinhos de pau, piões e passarinhos e tem

permissão para se comportar de modo distinto do adulto”.

(1990, p.41).

As inovações na pedagogia surgiram no século XIX e as escolas

passam a praticar os princípios de Rousseau, Pestalozzi e Froebel. Segundo

Kishimoto (1990) Rousseau indicava dois aspectos no brinquedo: “objeto e

ação de brinca”. Para Pestalozzi o princípio era “estudar a ação mental da

criança” e Froebel o jogo era “entendido como objeto de ação de brincar”.

(p.42) .Assim os brinquedos passaram a fazer parte da história da educação

com surgimento de

KISHIMOTO abre um elo importantíssimo na sua obra relatando que, a

partir da prática, iniciada pelo Froebel, de criar materiais educativos para

crianças de pré-escola um médico belga, Ovídio Decroly, favorece desses

34

benefícios para ajudar crianças com deficiências mentais. Criou um conjunto

de materiais para a educação dessas crianças. (1990, p. 43).

Nesta mesma época surge a médica italiana Maria Montessori com o

mesmo intuito de Decroly em ajudar crianças com deficiências mentais.

Elabora uma metodologia de ensino destinada àquelas crianças e tinha como

objetivo introduzir a educação sensorial.

Chegando ao século XX nasceu a Psicologia Infantil que se expandiu

em produção de pesquisas e teorias. Surgiram Piaget, Vygotsky e Bruner com

suas teorias que destacando a importância do brincar.

No ano de 1934 foi criada a Ludoteca (acervo de brinquedos para

crianças com deficiência física) pelo belgo Keep Smiling. A brinquedoteca

chegou ao Brasil na década de oitenta juntamente com uma gama de material

cientifico que favorecia a importância dos jogos na educação.

3.1- Brinquedos educativos no processo de ensino

O brinquedo educativo ganhou força na educação infantil no século do

Renascimento. Passou a ser recurso de ensino no processo de

desenvolvimento educacional. Os brinquedos tornaram-se referência no

desempenho da criança.

Eles eram utilizados em todas as matérias como recursos pedagógicos.

Os jogos de tabuleiro favoreciam nas questões numéricas de operações. Os

jogos de encaixes ajudavam no ensino de reconhecimento de cores,

tamanhos, formas e beneficiava nas noções de: sequencias, coordenação

motora e percepção visual. As parlendas contribuíam com a expressão da

linguagem e outras brincadeiras abarcavam a dança e a música. (KISHIMOTO,

2011).

35

Para fins pedagógicos o uso de brinquedos educativos passaram a ser

instrumentos de grande relevância para o ensino-aprendizagem contribuindo

para o conhecimento da criança. KISHIMOTO acrescenta que:

“Quando as situações lúdicas são intencionalmente

criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de

aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que

mantidas as condições para as expressões do jogo, ou

seja, a ação intencional da criança para brincar, o

educador está potencializando as situações de

aprendizagem”. (2011, P. 41).

O brinquedo educativo pode ser especificado de duas maneiras,

assumindo a função educativa e a função lúdica. KISHIMOTO esclarece que o

brinquedo, com função de educar, “ensina qualquer coisa que compete o

indivíduo e seu saber, seus conhecimentos e sua compreensão de mundo”

(2011, p. 41).

Um exemplo é a criança que manipula livremente um quebra-cabeça na

sala de aula sendo capaz de diferenciar as cores nas peças do mesmo. Nesta

atividade podemos perceber que acontece a função educativa e ao mesmo

tempo a função lúdica, pois a criança reconhece as cores nas peças do

tabuleiro.

Ao contrario que utilizando o mesmo quebra-cabeça a criança coloca

uma peça sobre a outra usando o imaginário para construir outro objeto. Ela

emprega suas habilidades na criatividade para desenvolver o que está

imaginando. Nesta ação a função lúdica está presente, no entanto, a função

educativa não acontece, pois a criança não consegue diferenciar as cores.

KISHIMOTO afirma que:

“Apesar da riqueza de situações de aprendizagem que

propicia nunca se tem a certeza de que a construção do

conhecimento efetuado pela criança será exatamente a

mesma desejada pelo professor”. (2011, p. 42).

36

O brinquedo educativo também pode ser empregado na educação de

crianças com necessidades especiais, pois eles são capazes de ajudar o aluno

com deficiência a superarem suas dificuldades. Alguns brinquedos são

indicados para colaborar no processo educativo da criança. Nos dias atuais

podemos dizer que temos uma vastidão de brinquedos que são utilizados

como estratégias lúdicas para o ensino de crianças com, ou sem deficiência.

Montessori baseado na teoria de Froebel utilizava dessas habilidades

para auxiliar na educação de crianças especiais. Froebel criou os primeiros

brinquedos feitos de material macio e manipulável, geralmente com partes

desmontáveis e mais tarde foram sendo aperfeiçoados para atender a

determinadas situações de crianças com deficiência ou dificuldades de

aprendizagem. Esses brinquedos são utilizados em situações diversas por

professores e terapeutas.

Os brinquedos devem ser escolhidos de maneira apropriada, no sentido

de estimular e auxiliar as crianças em suas dificuldades. O professor pode

deparar com situações que exigirá maior conhecimento, preparo para atender

um aluno com necessidade especial. Portanto, adotar brinquedos sem critérios

específicos pode não favorecer nas atividades a serem executadas, pois o uso

incorreto do lúdico pode prejudicar o processo de aprendizagem da criança.

3.2- O lúdico como recurso pedagógico

O brincar é uma esfera essencial para o desenvolvimento da criança.

Através do brincar ela é capaz de desenvolver capacidades importantes como

atenção, a imaginação, a imitação e a memória. Fortalecendo o

desenvolvimento. Na escola de educação infantil a criança é incentivada a se

conhecer e ao mesmo tempo permitida a descobrir o novo.

37

Associar atividades lúdicas ao processo de ensino aprendizagem é de

grande importância para o desenvolvimento da criança. Uma das atividades

que desperta interesse é o jogo. Eles não são apenas um objeto de

divertimento, são meios que contribuem para o desenvolvimento intelectual do

aluno. Pois, à medida que a criança se desenvolve, através dos jogos, ela é

capaz de reinventar coisas, reconstruir objetos. Assim, a criança necessita

brincar, jogar, criar e inventar.

KISHIMOTO acrescenta um efeito positivo do jogo que é

importantíssimo destacar. Ela expos em uma de suas obras, baseado na teoria

de Smith e Vollstedt (1985), que os jogos são caracterizados pela alegria, ou

seja, pelo sorriso. Segundo ela, a criança se satisfaz livremente demonstrando

seu sorriso. Esse método “traz inúmeros efeitos positivos aos aspectos

corporais, moral e social da criança”. (2011, p. 29).

Os jogos são proposta pedagógica que podem ser utilizadas nas salas

de aulas. Eles auxiliam na aprendizagem e contribuem para o desenvolvimento

da capacidade física e intelectual da criança. Tornam as atividades prazerosas

nas atividades diárias.

ZATZ afirma que os brinquedos colaboram para o processo do

desenvolvimento da criança ao longo de sua vida. Segundo ela o lúdico

favorece na aprendizagem de muitas maneiras. O carrinho, blocos de montar e

encaixe, por exemplo, trabalham a coordenação motora. (2006, p. 18).

A dimensão do lúdico propicia na aprendizagem de muitas maneiras.

Algumas delas são: as bolas ajudam na coordenação motora, os brinquedos

musicais favorecem a exploração de sons e auxiliam na percepção auditiva. Os

personagens de desenhos animados incitam a imaginação da criança;

fantoches estimulam a linguagem, o pensamento, a imaginação e colabora

com a comunicação. Já as fantasias, máscaras, perucas e adereços são

riquíssimos para o mundo imaginário.

38

O dominó colabora com o ensino da matemática no conhecimento dos

numerais e a discriminação visual e tátil. Os blocos de construção trabalham os

movimentos finos e amplos, noção de equilíbrio, coordenação motora e

permitem o desejo de construir e transformar. O quebra-cabeça coopera com a

concentração, desenvolvimento do pensamento, coordenação viso motora,

percepção visual, orientação espacial e lateralidade.

Celso ANTUNES destaca o quanto é importante utilizar dessas

ferramentas, brinquedos e jogos, no processo de ensino em uma sala de aula.

“O jogo é o melhor caminho de iniciação ao prazer estético, é descoberta da

individualidade e à meditação individual.” (1999, 36-7).

KISHIMOTO e MRECH oferecem muitas sugestões que contribuem para

o desenvolvimento desses recursos pedagógicos. Nas salas de aula podem

ser criados espaços onde as crianças possam usufruir dessas matérias. São

os tão conhecidos “cantinhos” da arte, música, teatro, leitura, etc. Esses

espaços já são conhecidos e empregados nas creches e pré-escolas.

KISHIMOTO destaca que “O uso do material deverá levar em conta as

necessidades especiais e a singularidade do aluno”. (2011, p. 138).

É importante destacar que devem ser evitados materiais e brinquedos

rotineiramente. Tudo que se repete continuamente torna-se cansativo e

monótono. Cabe ao educador, se não houver opção de material, buscar meios

que favoreçam a inovação. É fundamental que as escolas tenham materiais

pedagógicos em abundância. As diversificações de brinquedos contribuem

com o bom desempenho do professor. Por isso, o material deve ser

constantemente variado.

3.3 - O lúdico e a criança com necessidade especial

As brincadeiras e os brinquedos são instrumentos de grandes parcerias

que levam as crianças a um mundo de descobertas. Eles permitem a

39

compreensão de que a vida que nos circundam está repleta de possibilidades

e ocasiões que favorecem a alegria e a emoção de viver.

As brincadeiras, no processo de ensino e aprendizagem, têm a intenção

de difundir a importância do aprender brincando, através dos jogos e

brinquedos. É neste momento que acontece a descoberta de si próprio, do

outro e do mundo que o cerca, portanto, aprende-se.

CRAIDY e KAERCHER destaca:

“A criança expressa-se pelo ato lúdico e é através desse

ato que a infância carrega consigo as brincadeiras. Elas

perpetuam e renovam a cultura infantil, desenvolvendo

formas de convivência social, modificando-se e

recebendo novos conteúdos, a fim de se renovar a cada

nova geração. É pelo brincar e repetir a brincadeira que a

criança saboreia a vitória da aquisição de um novo saber

fazer, incorporando-o a cada novo brincar.” (2001, p. 103)

O lúdico deve ser utilizado na formação de crianças com necessidades

especiais, desde as series iniciais, pois essa é a etapa em que as crianças

estão aprofundando as descobertas da vida. É justamente nesta fase que a

criança constrói sua identidade, sua estrutura física, sócio afetiva e intelectual.

Podemos dizer que é o ápice do desenvolvimento, da imaginação. É a fase

onde a criança se expressa, adquire conhecimentos e edifica a sua existência.

Entretanto, a arte de ensinar alunos com necessidades especiais

necessita ser efetuadas através de atividades concretas e diversificadas. As

atividades devem despertar o interesse e a imaginação da criança, pois esses

alunos apresentam níveis de desenvolvimento mais lentos, quando

comparados às ditas “crianças normais”.

Aqui entra uma das partes mais importante e desafiante para o

educador, a paciência. É neste momento que o educador tem a função

40

primordial de estimular a criança por meio de atividades lúdicas, preparando-as

para a aprendizagem.

Através do lúdico o aluno é capaz de vencer as dificuldades e modificar

a realidade que o cerca. As brincadeiras e os jogos proporcionam a

emancipação imaginária e transformam o momento de aprendizagem em uma

grande fonte de prazer. As brincadeiras também podem ser utilizadas para

explorar e introduzir conteúdos de ensino. Assim o aluno será capaz de sentir

satisfação em descobrir caminhos atraentes para o aprendizado.

Crianças com necessidades especiais como deficientes mentais, cegos,

surdos, autistas, deficientes físicos, dentre outros são capazes de adaptarem a

esses métodos de ensinar brincando. ZATZ reforça dizendo que:

“Brincando, a criança experimenta, desenvolve sua linguagem, testa

seus limites e extravasa seus medos. Além disso, o brinquedo estimula a

curiosidade e a autoconfiança da criança”. (2006, p. 17).

Muitos educadores utilizam dessas ferramentas para ajudar crianças

com necessidades especiais. Todavia o educador deve, em primeiro lugar,

gostar de fazer o que faz. Caso contrário ele não estará ajudando, mas

discriminando o seu próprio educando. KISHIMOTO e MRECH reforçam

quando diz que “Um professor que não sabe e / ou não gosta de brincar

dificilmente desenvolverá a capacidade lúdica dos seus alunos”. (2011, P.

136).

Existem muitas maneiras de trabalhar a ludicidade com crianças

especiais. ZAPPAROLI elenca uma variedade de estratégias que ajudam a

trabalhar com crianças deficientes. Ela destaca detalhadamente sua maneira

de lidar com crianças especiais e oferece muitas sugestões de jogos e

brincadeiras. Segundo ela:

“Um dos maiores ganhos com a inclusão é estimular a

cooperação entre os alunos e a aceitação da diferença,

por isso, os jogos cooperativos tornam-se um recurso

muito interessante”. (2012, p. 36)

41

MAFRA também dá algumas sugestões de jogos e brincadeiras que

contribuem no desenvolvimento da crianças com Deficiência Intelectual. Ela

destaca brincadeiras e jogos que trabalham as seguintes áreas: Imagem e

esquema corporal, coordenação motora, orientação espacial, orientação

temporal, percepção visual, percepção auditiva, percepção tátil, percepção

olfativa, memória, classificação, pensamento lógico, matemática e

alfabetização. (2008, P. 18 - 46).

Outra fonte que poderá colaborar muito na criatividade de brincadeiras e

atividades é o Manual de Orientação pedagógica Brinquedos e brincadeiras

nas creches do Ministério de Educação. Lá são oferecidos sugestões de

brinquedos, brincadeiras e materiais para crianças de acordo com as faixas

etárias. As dicas são variadas e podem ser adaptadas as crianças com

necessidades especiais.

Toda atividade lúdica pode ser adaptada para criança especial, basta

usar de sabedoria e coloca-las em prática. O próprio manual oferece dicas de

materiais para brincar na areia, na água, nas salas, em espaços abertos e

cobertos, parquinhos, jardins, hortas e etc.

Enfim, são opções e sugestões que são oferecidas ao educador que

deseja fazer acontecer a inclusão no espaço educacional. A ludicidade faz

parte do mundo do professor, cabe a ele, somente ele, colocar em pratica para

ajudar crianças com necessidades especiais possibilitando-as usufruir os

mesmos direitos que outras crianças desfrutam. Não podemos esquecer que

esses alunos merecem aprender como qualquer outro cidadão.

Portanto, procuremos respeitar e valorizar as diferenças nestes

indivíduos que a cada dia chegam a nossas escolas pedindo uma

oportunidade de ser tratados com respeito e dignidade.

42

CONCLUSÃO

Nos tempos atuais podemos dizer que a inclusão de crianças especiais

em classes comum é desafiante. Desafiante para quem ensina e muito mais

para quem coordena uma equipe que deseja fazer o melhor para acolher

esses pequenos. A inclusão verdadeira acontece a partir do ponto de vista da

equipe educacional da escola, se a criança é aceita naturalmente com suas

limitações a escola será capaz de ajudar na integração desse aluno junto a

outras crianças de classe comum.

Podemos dizer que o educador é fator chave para que isso aconteça,

pois somos responsáveis pelo bom desempenho desses pequenos. Diante

desses desafios necessitamos ter um olhar diferenciado para com essas

crianças que ao longo dos tempos sofreram com a exclusão, devido a suas

limitações e que não eram compreendidos. Sabemos que nos tempos atuais

ainda encontramos resistências em escolas e professores que têm dificuldades

de aceitar e trabalhar com esses alunos.

Percebe-se que Leis criadas em prol desses, tem como requisito que a

inclusão seja executada em classes comuns de ensino regular. Entretanto,

ainda estamos longe de uma inclusão definitiva. As dificuldades em aceitar ou

incluir o diferente em grupos de alunos ainda encontram muitas barreiras a

serem deslocadas. Todavia, não podemos dizer que não haverá mudanças,

pois isso acontecerá lentamente com o passar dos anos. Serão etapas que

deverão ser realizada com determinação e perseverança.

Um ponto determinante que não deve faltar é a integração entre escola,

família e comunidade. Esses fatores são pontos chaves para uma mudança de

mentalidade na nossa sociedade. Essa mesma sociedade exige que os

deficientes tenham seus direitos e deveres na comunidade, porem os tratam

como “coitadinhos” e incapazes de não conseguir fazer o que desejam.

Acabam sendo discriminados e proibidos de participarem de um mundo

igualitário a todos.

43

Esses são os maiores desafios da inclusão, escola para todos onde o

educador seja a referência para seus alunos, onde eles possam encontrar

apoio e incentivo ao longo período do processo de ensino.

Ao rever o contexto histórico da educação especial entende-se o quanto

foram negados os direitos dessas crianças. No entanto, homens e mulheres

comprometidos com a vida e com a educação acreditaram e fizeram algo para

mudar essa mentalidade discriminatória. Eles revolucionaram a educação com

sua maneira de ensinar através do lúdico. Eles provaram que essas crianças

podiam, e podem aprender algo. Que elas têm o direito de aprender como

qualquer criança. Foi a partir da atitude desses educadores, médicos,

psicólogos e estudiosos que as autoridades governamentais passaram a olhar

de maneira diversificada, dando oportunidade de frequentar o mesmo tipo de

ensino independentemente das diferenças individuais.

Assim cabe as escolas promoverem uma educação inclusiva desde a

base educacional. Pois o desenvolvimento físico, emocional, intelectual e

social de uma criança começa nos primeiros anos de vida. Portanto a criança

especial deve ser integrada nas escolas, o quanto antes, começando pela

creche e dando sequência em todas as fases de ensino.

Cabe a escola apoiar sua equipe, esclarecer e incentivar as famílias e

comunidades. Devem buscar meios que ajudem as crianças em suas

limitações, criar parcerias, interagir com as famílias e fazer com que aconteça

o processo de inclusão no meio em que a criança vive. Se algum desses

membros recusarem a colaborar nesta etapa, o ensino será falho e o objetivo

não será alcançado.

Frente a essa realidade surgem muitas dúvidas de como ajudar no

processo de ensino desses alunos especiais. Como o educador pode contribuir

na integração desses pequenos num grupo de alunos de classe comum e

aprender algo diante de suas limitações? Foi relatado que o lúdico é um

recurso de grande valor, o quanto é importante a ludicidade no processo de

desenvolvimento da criança.

44

Se o lúdico é importante para a criança no seu dia-a-dia na escola,

muito mais será importante para a criança com dificuldades educacionais.

Assim, podemos perceber que o brincar se torna um objeto de grande

importância no processo de inclusão da criança com necessidades especiais

na sala de aula.

A atividade lúdica traz efeitos producentes no desempenho infantil, pois

colabora com o aprimoramento do processo cognitivo, emocional da criança

deficiente. Se a ela se sente bem no espaço escolar do mesmo modo será

capaz de se integrar no meio dos demais sem se sentir excluída.

Logo, a ludicidade acontece verdadeiramente quando o educador se faz

presente nas responsabilidades de educar. Que ele possa promover a

interação entre criança e a atividade a ser executada. Todavia, para que isso

aconteça as aulas devem ser previamente planejadas, organizar o espaço para

que o aluno aprenda brincando e sinta prazer em aprender algo novo. Diante

desses fatos o educador estimula a concorrência e a atitude cooperativa entre

seus educandos. Neste processo o educador cria no aluno a vontade de

aprender brincando facilitando a aprendizagem.

Portanto, a ferramenta mais marcante de um bom educador é a

ludicidade. Se o professor gostar de educar, ele será capaz de transformar a

vida de qualquer aluno, seja especial ou não. Basta acreditar que se pode

fazer a diferença neste mundo que massacra e discrimina sem piedade.

Façamos a diferença ao ensinar, pois vale a pena.

45

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A criança com necessidade especial 11

1.1 – Conceito de necessidade Especial 11

1.1.1 – Contexto histórico de deficiência 12

1.2 – Escola inclusiva 16

1.2.1 – O papel da escola inclusiva 15

1.2.2 – Educação Inclusiva na Prática 17

CAPÍTULO II

O desenvolvimento da criança 22

2.1 – Princípios que apoiam o crescimento 23

2.2 – Fases do desenvolvimento na infância 25

2.3 – Sinais de alerta no desenvolvimento infantil 30

CAPÍTULO III

A importância do lúdico 32

3.1 – Brinquedos educativos no processo de ensino 34

3.2 - O lúdico como recurso pedagógico 36

3.3 - O lúdico o a crianças com necessidade especial 38

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 45

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ÍNDICE 50