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O DIREITO AMBIENTAL E A RELATIVIZAÇÃO DA SOBERANIA. THE ENVIRONMENTAL RIGHT AND RELATIVIZATION OF THE SOVEREIGNTY Luiz Carlos Herde RESUMO A proteção internacional do meio ambiente adentra no mundo jurídico com a realização da I Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972, Estocolmo, Suécia. A institucionalização do tema amplia-se com novos eventos que se seguem, e reforçam o ordenamento com pretensão de regular a ação humana. Gera-se um novo construído de valores jurídicos e éticos por força dos fatos, capaz de instituir nova racionalidade em substituição à ordem de idéias fundadas no Estado Nacional. Estabelece-se a responsabilidade comum dos Estados em relação à proteção ambiental. Nesse escopo, analisa-se a possível alteração da noção de soberania nos moldes em que foi concebida pelo Estado-nação. Além disso, discute-se a abertura de espaço aos Estados Cooperativos. PALAVRAS-CHAVES: MEIO AMBIENTE. DIREITOS FUNDAMENTAIS. CONSTITUCIONALIZAÇÃO. SUPRANACIONALIDADE. SOBERANIA. ABSTRACT The international protection of the environment gets participation in to the juridical world with the realization of the l United Nations Conference on the Human Environment, in 1972, Stockholm, Sweden. The institutionalization of the theme extends up with the new events that happens, and attract the attention to regulate the human action. New concepts of juridical and ethical values are produced, modifying the old rationality established in the National State. The States assume the responsibility of taking care about the environment. In this context, studies are made about the possible amendment of the concept of sovereignty as originally conceived by the Nation-State. Also, discussions are made to study the opening of space to the Cooperative States. KEYWORDS: ENVIRONMENTAL LAW. FUNDAMENTAL RIGHTS. CONSTITUTIONALISATION. SUPRANATIONAL. SOVEREIGNTY. 2356

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O DIREITO AMBIENTAL E A RELATIVIZAÇÃO DA SOBERANIA.

THE ENVIRONMENTAL RIGHT AND RELATIVIZATION OF THE SOVEREIGNTY

Luiz Carlos Herde

RESUMO

A proteção internacional do meio ambiente adentra no mundo jurídico com a realização da I Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972, Estocolmo, Suécia. A institucionalização do tema amplia-se com novos eventos que se seguem, e reforçam o ordenamento com pretensão de regular a ação humana. Gera-se um novo construído de valores jurídicos e éticos por força dos fatos, capaz de instituir nova racionalidade em substituição à ordem de idéias fundadas no Estado Nacional. Estabelece-se a responsabilidade comum dos Estados em relação à proteção ambiental. Nesse escopo, analisa-se a possível alteração da noção de soberania nos moldes em que foi concebida pelo Estado-nação. Além disso, discute-se a abertura de espaço aos Estados Cooperativos.

PALAVRAS-CHAVES: MEIO AMBIENTE. DIREITOS FUNDAMENTAIS. CONSTITUCIONALIZAÇÃO. SUPRANACIONALIDADE. SOBERANIA.

ABSTRACT

The international protection of the environment gets participation in to the juridical world with the realization of the l United Nations Conference on the Human Environment, in 1972, Stockholm, Sweden. The institutionalization of the theme extends up with the new events that happens, and attract the attention to regulate the human action. New concepts of juridical and ethical values are produced, modifying the old rationality established in the National State. The States assume the responsibility of taking care about the environment. In this context, studies are made about the possible amendment of the concept of sovereignty as originally conceived by the Nation-State. Also, discussions are made to study the opening of space to the Cooperative States.

KEYWORDS: ENVIRONMENTAL LAW. FUNDAMENTAL RIGHTS. CONSTITUTIONALISATION. SUPRANATIONAL. SOVEREIGNTY.

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INTRODUÇÃO

O nascimento do Direito Internacional de Proteção do Meio Ambiente coincide com a evolução dos direitos humanos. Na mesma época se desenvolve o conceito de Constituição Econômica, e adentra-se no estudo da relação do direito com a economia. É a fase do pós-guerra, um período fecundo que conjuga novos valores. Acalenta-se a idéia de que é possível construir uma civilização, na qual os homens possam desfrutar condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade, a despeito de todas as diferenças econômicas, sociais e culturais que os distingam. Nesse escopo foi concebida essa conquista jurídica, em 1972, durante a realização da Conferência de Estocolmo - CMMAD.[1]

Passados vinte anos, a Segunda Conferência Mundial – Rio-92, por definitivo, põe o ser humano como irradiador das ações de preservação do meio ambiente quando lança o desafio de que “os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável, e têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza”.[2] Nas relações internacionais dentre os muitos compromissos, o de que os países com altos índices de emissão de gases poluentes venham a rever seus modelos de produção e consumo altamente poluidores, a exemplo do Protocolo de Kyoto.

De lá para cá, outras conferências, tratados e acordos vem, em nível global, contribuindo para o direito internacional público e para o ordenamento interno, em direção a uma nova moldura jurídica. De forma inovadora, essas conquistas se refletem em novo standart de direitos, ao deslocar a noção de crescimento econômico para a dimensão maior do desenvolvimento sustentado, o qual toma forma com o compromisso de construção de ordenamentos internos aos Países, e seus correspondentes arcabouços institucionais, em direção a um meio ambiente equilibrado e uma vida saudável e produtiva às pessoas.

Trata-se de uma crise, notadamente política e econômica, que se converteu em direitos, e se mostra não ideológica, tampouco dissociada da ciência. Tem a ver com a escassez de recursos, com a matriz energética, com a cultura, com a coexistência individual e coletiva, com a saúde e a vida, e com a efetivação de direitos fundamentais. Portanto, diretamente associada à idéia de cidadania. Assim, adentra-se em delicadas questões políticas, jurídicas e éticas, que levam a um adensamento axiológico nas relações internacionais em face aos novos valores positivados, marcadamente transfronteiriços e multidisciplinares.

Esse contexto remete para a necessidade de cooperação entre os Estados, senão a necessidade comum de serem solidários entre si para poderem ser ambientalmente sustentáveis. Para tanto, cogita-se da idéia de supranacionalidade, em busca de superação da miopia de consciência ainda existente, de que se possa deixar para o futuro a tomada de decisões que revertam os efeitos degradadores do meio ambiente. Isso tudo toca na noção de soberania.[3]

Em síntese, o presente texto objetiva examinar como essa nova ordem jurídica está modificando valores globais, e verificar o quanto esse novo conjunto de direitos opera

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modificações nas relações entre os Estados, e mesmo internamente aos mesmos, no que diz respeito à soberania.

1 EVOLUÇÃO DO DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL

Inicialmente, a proteção do meio ambiente teve uma fase de Iniciativas Isoladas, na qual os atos de cunho ambiental não protagonizavam intenção deliberada de proteger o meio ambiente, mas tão-somente a solução de problemas pontuais, vez que não ensejavam a noção de coletivo.[4] No plano internacional, fato marcante o famoso caso da fundição Trail, em 1941, pela emissão de dióxido de enxofre da fábrica Canadense, que redunda em queixas de pessoas situadas em território americano.

Naquele momento, a ênfase do discurso estava nos problemas ambientais causados pela produção, pelo uso intensivo dos recursos pelas nações mais ricas.[5] O eixo temático das discussões dos Países em desenvolvimento se dava por uma nova ordem mundial assentada na redução da pobreza e dos desníveis de renda entre as nações. Defendia-se o princípio da soberania nacional, o direito de uma nação de explorar seus recursos de acordo com as suas prioridades, de também ter a oportunidade de crescimento econômico.

A realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano Realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia, denominada pela sigla CMMAD, é tida pela quase totalidade dos autores como sendo o marco do surgimento do Direto Ambiental. A partir desse momento histórico, a proteção ambiental internacional ganha regras e princípios próprios, como nova ciência jurídica modificadora da perspectiva não só ambiental, mas também em relação a outros temas que lhe fazem interface, e para todas as pessoas e nações do planeta.

A nova visão passa a agregar a trilogia: Direitos Humanos, direito a um Meio Ambiente sadio e equilibrado, e direito a um desenvolvimento sustentado. A partir de então, outras questões, de fundo político, eclodem em meio a discussão entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e têm pressão de reconstrução em nova racionalidade.[6] Assim, o tema ambiental toma proporções globais efetivas, e envolve a dimensão social da mudança global, daí, sem embargo, do comportamento humano, das barreiras intelectuais e institucionais existentes entre as ciências sociais e as ciências naturais[7].

A seguir, numa fase que podemos chamar de Pós-Conferência de Estocolmo, em 1987, o mundo conhece o relatório BRUNDTLAND, intitulado de Nosso Futuro Comum, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que estabelece profunda análise da situação ambiental do planeta em face ao desenvolvimento. Concluiu o relatório pela necessidade da compreensão dos problemas ambientais como responsabilidade de todos, Estados e cidadãos. O alerta aponta para a necessidade de reconstrução geopolítica, de um mundo dividido, de uma sociedade de risco instrumentalizada no pós-moderno por arsenal científico e tecnológico de alto potencial destrutivo e ameaçador.[8]

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Uma nova Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente é realizada, em 1992, no Rio de Janeiro – a Rio-92, cujos resultados reapresentam alguns dos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e acrescenta outros tornando-os cristalizados perante a opinião pública internacional. Estabelece como princípio 1: “os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza”.[9] Produz-se, ainda, a importante Agenda 21.[10] Em seu bojo, ocorre uma fusão entre os ambientalistas e os movimentos sociais, associando-se a pobreza como fonte de degradação ambiental, principalmente no exemplo das populações de baixa renda das cidades, obrigadas a viver em áreas de risco ambiental.[11] Esses eventos engendraram um rol não fechado de princípios do Direito Ambiental.

Destaque na Rio-92, o princípio da precaução:

Princípio 15: Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio de precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.

Para Cristiane DERONI, esse princípio expressa a essência do Direito Ambiental.[12] Outros não menos importantes, consubstanciados na cooperação e participação, na idéia do poluidor-pagador, e do desenvolvimento sustentado, como imprescindíveis para os esforços de superação de problemas associados ao meio ambiente.

No particular do desenvolvimento sustentado, Wagner Costa RIBEIRO abstrai do conceito de desenvolvimento sustentado um paradoxo que levanta a mesma situação: como manter a sustentabilidade, uma noção das ciências da natureza, com o permanente avanço na produção exigida pelo desenvolvimento, cuja matriz está na sociedade?[13]

Busca-se, assim, novos significados e remodelação do processo de gestão, pelo caminho das normas jurídicas. É o direito criando uma nova perspectiva.

Nessa esteira, esclarece Luiz Edson FACHIN: “a todo o momento os fatos se chocam com o discurso normativo, e a prática modifica o formal jurídico, valendo mais o comportamento, que dá significantes a todo momento, que vai além da norma expressa, ou seja, o direito positivo dá lugar a novas regras que sucedem as anteriores”.[14]

De outro modo, Fritjof CAPRA, em relação a busca de significados, argumenta estar a mesma voltada para a sobrevivência, de que é próprio da natureza humana dar sentido às experiências, e assim, a busca de significados é a busca por padrões, e tem a ver com a perspectiva evolutiva.[15] Aponta, ainda, que esse afastamento do homem de sua matriz natural rompe com a teia da vida, colocando em risco todas as espécies do planeta, necessitando-se de uma visão de mundo holística, não como uma coleção de partes dissociadas.[16] Aduz ser a consciência humana não só um fenômeno biológico, mas também um fenômeno social.[17]

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Complementa DINIZ, aludindo que foi isso que sugeriu a Declaração de Estocolmo quando proclamou o direito ao meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado como um direito difuso, um meio onde vivem seres humanos, e suas formas organizacionais, tais como instituições internacionais, tratados, acordos, Constituições e normas infraconstitucionais, surgindo, por conseqüência, o constitucionalismo ecológico.[18]

Nesse contexto, o direito ambiental nasce como sendo direito fundamental. São os direitos humanos reconhecidos pela norma, tanto nacional quanto internacional.[19] Assim, entende-se por direitos humanos as aspirações humanas, em todo o mundo, enquanto que os direitos fundamentais são as concretizações dos direitos humanos, positivados nas Constituições, conquanto dotados de vinculatividade jurídica.

Ensina Paulo BONAVIDES, foram três os princípios cardeais esculpidos pelo lema revolucionário do século XVIII, de autoria dos franceses: “liberdade, igualdade e fraternidade”.[20] Por seu turno, José Joaquim Gomes CANOTILHO deixa lição esclarecedora sobre poderem os direitos fundamentais ser compreendidos em duas fases: “uma, anterior ao Virginia Bill og Rights (12-6-1776) e à Declaratio des Droits de l’Homme et du Citoyen (26-8-1789), caracterizada por uma relativa cegueira em relação à idéia dos direitos do homem; outra, posterior a esses documentos, fundamentalmente marcada pela chamada constitucionalização ou positivação dos direitos do homem nos documentos constitucionais”.[21]

Consagrada classificação separa-os em gerações distintas. José Afonso da SILVA aponta caracteres reconhecíveis.[22] Os de primeira geração ou direitos de liberdade; os de segunda geração como sendo os direitos sociais, culturais e econômicos. Os de terceira geração - os direitos humanos, a partir da década de 1960, tiveram alargamento de sua base, desdobrando-se em novas categorias. Correspondem aos direitos relativos ao postulado da fraternidade; ou, para parte da doutrina ao princípio da solidariedade. Ensejam concepção de engajamento, isto é, de inclusividade.[23] Aqui insere-se o direito ao meio ambiente. Por último, há autores que mencionam uma quarta geração. Na concepção de BONAVIDES, podem ser compreendidos como a “globalização política na esfera da normatividade jurídica, que corresponde à derradeira fase de institucionalização do Estado Social”. São eles o direito à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo.[24]

Nesse escopo, questionamento essencial diz respeito em se saber quais as condições para a concretização dos direitos fundamentais.

Nesse tocante, Marcos Augusto MALISKA alerta para a necessidade de superação de preconceitos e mudança na estrutura social, vez que os direitos fundamentais formam um todo, em torno do princípio da dignidade da pessoa humana.[25]

Com efeito, a proteção universal dos direitos humanos vem ocorrendo cada vez mais independente do Estado, reduzindo-se a mediação entre o indivíduo e as organizações internacionais.[26] A respeito, corrobora Cristiane DERANI ao afirmar que a efetividade dos direitos fundamentais não é resolvida tão-só no interior do sistema jurídico, mas ao tornar-se “questão de operação sistemática de uma política de direitos fundamentais”.[27]

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2 TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL

A Constituição Brasileira de 1988 é reconhecida como uma das mais completas em matéria ambiental, tanto é que, segundo José Afonso da SILVA, “pode-se dizer que é uma Constituição eminentemente ambientalista”.[28]

Isso se evidencia pelo fato da legislação ambiental no texto constitucional ter ganho força jurídica expressiva e ritmo de contemporaneidade, porquanto tratada de forma ampla e profunda, sendo inserida em seis dos nove títulos da constituição, reservando no título VIII, do capítulo VI, da “Ordem Social”, tratamento específico a respeito.

Na Carta Magna, o Direito Ambiental exsurge como princípio democrático de que todos os cidadãos do planeta passem a ser titulares de direito em relação a uma sadia qualidade de vida.[29] Não perdeu o legislador constituinte a oportunidade de conceber esse algo ligado diretamente à saúde como um princípio fundamental, com status de cláusula pétrea.

Sobre a importância da Constituição, Clèmerson Merlin CLÈVE:

a Constituição é fundamento, mas é também centro, estrela-mãe a atrair para a sua órbita os fragmentos que compõe o universo normativo contraditório da sociedade complexa. Tem lugar no começo e no fim do trabalho hermenêutico. Sendo centro, fundamento e filtro, o direito constitucional, agora, é outro. Não é mais um discurso de especialistas, uma linguagem apenas para os iniciados. Ao contrário, é agora língua comum, idioma compartilhado por todos os juristas (para não falar dos cidadãos), uma espécie de língua franca na medida em que não há possibilidade de aplicar o direito (qualquer ramo do direito) sem, ao mesmo tempo, transitar pelo direito constitucional.[30]

No tocante a interpretação das normas constitucionais, Paulo BONAVIDES esclarece ser aquela regida pelo “critério valorativo extraído da natureza mesma do sistema”, o que implica nenhuma liberdade, direito, ou norma organizacional ser idônea fora de uma interpretação sistemática.[31]

Complementa Lenio Luiz STRECK, afirmando que a Constituição de 1988 “apresenta a determinação da realização substantiva dos direitos sociais, de cidadania e aqueles relacionados diretamente à terceira dimensão de direitos [grifos do autor]. Para tanto, o Direito assume nova feição: a da transformação das estruturas da sociedade”.[32]

Nesse contexto, CANOTILHO alerta sobre os novos deveres constitucionais, dentre os quais o dever de defesa do ambiente, o dever de defesa da identidade humana e o dever de defesa da paz, e argüi: “não tiveram dos críticos o devido aprofundamento de seu sentido, vistos não no seu todo”; e rebate as críticas: “pecam pela historicidade redutora,

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pela precompreensão ideológica não hermeneuticamente reveladas, pela captação apriorística da idéia de fundamentalidade e não fundamentalidade”.[33]

No pensar de Marcos Augusto MALISKA, ao destacar a superação da visão de que a Constituição é meramente direito estatal, de conteúdo político e alheio ao conhecimento técnico dos jurisconsultos e operadores da lei, e em relação ao seu novo papel, afirma ser o de “guia da sociedade”.[34] A seguir, conclui: “é sob essa nova perspectiva que assentam os direitos fundamentais na ordem constitucional, ou seja, a comunidade é regida pelo pacto jurídico-político Constitucional e toda ação, estatal ou privada, quando excedente dos limites da autonomia privada, é, necessariamente, reconduzida para os fins sociais, que se destinam a todas as atividades comunitárias.[35] Complementa, em relação aos direitos conquistados nos últimos duzentos anos, conquanto assentados em ideário liberal, que não pertencerem somente a uma classe social, mas ensejam uma “universalidade de categorias como Democracia, Direitos Humanos, Estado-de-Direito, Liberdade e Igualdade, (...) verdadeiros instrumentos operacionalizantes de um novo projeto de sociedade”.[36]

Aprofundando-se no tema, Miguel REALE ensina sobre o termo “Direito” e sua tríplice perspectiva, na qual encontram-se os elementos: “o Direito como valor do justo (...), o Direito como norma ordenadora de conduta (...), e o Direito como fato social e histórico”.[37]

Uma análise mais apurada em relação a Constituição de 1988 leva a constatar que o conteúdo ambiental é tratado como norma programática, de eficácia limitada, gerando direitos subjetivos, e remetendo muitos temas para a regulamentação posterior, em nível infraconstitucional. Em suma: num amplo catálogo de direitos estabeleceu-se os fins a serem alcançados, por ação do Estado e da coletividade. Essa foi a escolha do legislador, diante da impossibilidade de ser abarcada toda a matéria no texto constitucional.

Como núcleo central, preceitua o artigo 225, da CF/88: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

No que toca o assunto ao Estado e cidadania, Roxana Cardoso Brasileiro BORGES, afirma que “os deveres correspondentes à função ambiental não são exclusivamente do Poder Público; são solidarizados com a esfera particular.[38] Na mesma esteira, Grace Virgínia Ribeiro de Magalhães TANAJURA, acrescenta que, em relação a função social da propriedade, o direito de propriedade, a partir da CF/88, passa a subordinar-se aos reclamos da sociedade, a “ter uma missão social” [grifo nosso], tanto no que se refere aos imóveis urbanos (artigo 182, parágrafo segundo), como aos rurais (artigo 186, incisos I e IV).[39]

Para aquilatar o desafio que enseja o tema, José Reinaldo de Lima LOPES, ao tratar dos conflitos sociais, separa-os em três espécies: problemas do poder público, exigência de políticas públicas, e problemas individuais e chave coletiva, os quais acabam por desaguar em controvérsias no judiciário, notadamente nos tribunais superiores, denotando-se o problema da justiça distributiva – alocação individual de recursos

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comuns, e da legitimidade do sistema normativo, com sobrecarga do órgão encarregado de resolver controvérsias.[40]

Nesse contexto, os direitos coletivos, reconhecidos como sendo de terceira geração, lançaram novas formas de gestão da coisa pública, alcançando relevo em sua configuração política. Esse é o entendimento de Ada Pellegrini GRINOVER, autora do anteprojeto de lei que deu surgimento ao Código de Defesa do Consumidor - CDC. Afirma tratar-se de “uma nova forma de limitação ao poder do Estado, em que o conceito unitário de soberania, entendida como soberania absoluta do povo, delegada ao Estado, é limitado pela soberania social atribuída aos grupos naturais e históricos que compõem a nação”.[41]

Pesquisando sobre as diferentes abordagens na inclusão nas Constituições do Direito Ambiental, José Joaquim Gomes CANOTILHO aponta que na Constituição Portuguesa de 1976, o Direito Ambiental é tido como direito subjetivo, incluído no catálogo dos direitos econômicos, sociais e culturais, obrigando o Estado a adotar medidas de proteção relativamente às futuras gerações. Já com respeito a Constituição Espanhola de 1978, destaca a menção do artigo 45: o direito de todos a “desfrutar de um meio ambiente adequado para o desenvolvimento da pessoa bem como o dever de o conservar”.[42] Assim, afirma o autor que essas colocações permitem defender que o direito ao meio ambiente será um direito subjetivo nesses ordenamentos constitucionais, vez que assegura-se garantia à pessoa e consta como preceito inserido nas disposições sobre direitos fundamentais na Constituição.[43]

3 SUPRANACIONALIDADE, MEIO AMBIENTE E SOBERANIA

Adentrando no tema da supranacionalidade, passa-se a examinar alguns fenômenos pertinentes. Por primeiro, nos deparamos com o fenômeno da globalização. Trata-se de termo cunhado por Friederich VON HAYEK, em 1953, de grande e infreável movimento do exercício democrático das principais e mais expressivas nações do planeta, cuja promessa, com o tempo, haveria bons resultados para todos. Transmite a sensação de que, se a ordem econômica e social interna de um País espelhar-se nesse movimento terá resultados certos que atenderão satisfatoriamente a um maior desenvolvimento econômico e comercial. Boaventura de Sousa SANTOS levanta traços característicos da globalização da economia.[44]

Desse modo, a questão que se põe diz respeito em saber se esse modelo globalizante, que possui no consumismo o elemento propulsor, é compatível com o modelo de desenvolvimento econômico e social proposto pela proteção do meio ambiente, que pretende o acesso de todos aos direitos fundamentais, a um modelo de desenvolvimento sustentado, e a sadia qualidade de vida.

No entendimento de Paulo Nogueira BATISTA, “as propostas do Conselho de Washington nas 10 áreas a que se dedicou convergem para dois objetivos básicos: de um lado, a drástica redução do Estado e a corrosão do conceito de nação; por outro, o máximo de abertura à importação de bens de serviços e à entrada de capitais de risco.

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Tudo em nome de um grande princípio: o da soberania absoluta do mercado auto-regulável nas relações econômicas internas quanto externas”.[45] Para John Kenneth GALBRAITH a globalização foi um sonho em vão, um grande erro, ao afirmar que “ignoraram-se duas necessidades: uma ordem política estável e educação geral para as massas.”[46]

A respeito dessa aparente e natural lógica da globalização, de sua vez, Eduardo Biacchi GOMES, afirma que “não foi o que ocorreu, uma vez que as desigualdades e o abismo entre os países centrais e os periféricos somente aumentaram, o que é motivo de questionamentos sobre a eficácia do processo da globalização econômica”.[47]

Sucede, porém, que o modelo adotado, gerador de riquezas como jamais se viu na história, tem nas normas de proteção ambiental uma ameaça para muitas nações, haja vista o ônus de freamento no ritmo do consumo, reconhecidamente insustentável, e que projeta crescentes passivos ambientais.

Destarte, o tema é complexo e revela outras percepções.

Na esteira dos direitos humanos, em relação a sua possibilidade de existência no mundo real, por força da ação social, Carol PRONER se manifesta:

no sentido da historicidade que deve estar presente em qualquer análise que pretenda superar o formalismo jurídico, os direitos humanos, como qualquer objeto de investigação social, vêm determinados e determinam um conjunto de idéias, instituições, forças produtivas e relações sociais de produção que predominam em um momento histórico, em um contexto espaço-temporal concreto e que são justificados ou criados por um conjunto de discursos e narrações que constituem o universo simbólico de legitimação.[48]

Depreende-se, por fim, a existência de um paradoxo, na seguinte lógica: de um lado a constatação de falha do atual modelo globalizado em compatibilizar o desenvolvimento com uma vida saudável e um meio ambiente sustentável; e, se de outro, esse mesmo modelo globalizado é causa de abertura, cooperação e integração de Estados, num arranjo para promover o desenvolvimento regional e evitar a autodestruição, o que corrobora para a solução dos problemas ambientais em nível supranacional.

A história recente mostra que países homogêneos tiveram mais sucesso em criar e assegurar seus direitos, e com mais facilidade conseguiram se recuperar de situações difíceis. Em particular, nos países da América Latina é comum a coexistência de diferentes fases evolutivas para suas populações, dos favelados passando por uma classe média com nível satisfatório de inclusão social, até o topo de uma situação pós-moderna na qual para uma minoria se dá inclusão social máxima, com consciência política.

Pedro DEMO contextualiza sobre o tema: “Existe uma diferença monumental entre nosso Estado e o Estado Europeu de bem-estar. Lá, a população está imediatamente por

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trás. Aqui, há um fosso histórico, cuja superação será um processo profundo e certamente lento de conquista popular”.[49]

Essa discussão remete para o acesso aos direitos fundamentais, e sendo universais, apontam para a aproximação dos povos, das coletividades, para a tolerância. Enfrentando este desafio, Peter KOESTENBAUM afirma que o resgate dos valores civilizacionais aproxima a agenda dos governos democráticos, e que essa superação tem a ver com a Nova Economia.[50]

Nessa dialética entre o econômico e o ambiental, não nos deixa esquecer COMPARATO que só o ser humano representa, como demonstrou KANT, um fim sem si mesmo.[51]

No tocante ao pluralismo, referindo-se a uma união econômica e política do ocidente, escreve HUNTINGTON: ”um mundo no qual as identidades culturais – étnicas, nacionais, religiosas, civilizacionais – são fundamentais e as afinidades e diferenças culturais moldam as alianças, os antagonismos.”[52] Corroborando nessa reflexão, Milton SANTOS, a respeito da cultura das massas, própria do nosso tempo, depreende que a despeito das imputações involuntárias que lhe sucedem, há uma grande responsabilidade de que estão submetidos os doutrinadores, legisladores e os formuladores de políticas públicas em relação a proteção dos interesses múltiplos que permeiam uma sociedade plural. Exige-se-lhes muita sensibilidade social.[53]

Essa lição se torna clara ao se constatar que o pluralismo e o Estado nacional são temas associados aos fundamentos da ordem constitucional, e requerem a participação de toda a sociedade nas escolhas para serem efetivas.

Em meio a essa nova ordem de valores, toma importância o conceito de Estado. Surgiu quando as monarquias de direito divino se firmaram por titulares de um poder absoluto, consolidando, a um tempo, a soberania e o Estado. O Homem nesta fase, segundo BONAVIDES, perdia a liberdade, mas ganhava, em troca, a certeza da conservação.[54]

Assim, o Estado Nacional tem surgimento nas origens da modernidade, em tempos de desintegração do modo de vida sagrada medieval, cujo espírito medieval entrou em crise.[55]

O Estado surge como defensor dos interesses maiores dos seus habitantes, das riquezas que se inserem no território que lhes diz respeito. Com a revolução francesa a existência do Estado Moderno. A partir daí os direitos individuais, sociais e políticos são defendidos e reverenciados. As constituições modernas passam a elevar a importância da soberania e da propriedade, o que se contrapõe, de certa forma com a política de proteção ao meio ambiente.[56]

Essa visão pregressa, na perspectiva histórica, no entanto, não encontra similaridade com nossa época, se considerada a velocidade com que as informações, conhecimentos, mercados e capitais circulam no mundo, não raro em tempo real. Assim, em moldes diferentes, o fenômeno da integração entre os povos é verificável ao longo da história.[57]

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Em nossos dias, as distâncias culturais e mercadológicas são estreitadas, potencializadas, e não raro, até impostas com mais facilidade. Essa fase, designada como Idade Pós-Moderna, tem por ápice chegar ao Estado Social e Democrático de Direito, no qual valores e princípios são inseridos e fazem o amálgama das Constituições pós-modernas.

Nesse sentido, Lenio Luiz STRECK afirma que o Estado Democrático de Direito constitui uma “terceira forma de Estado de Direito exatamente porque agrega um plus [grifo do autor] às formas anteriores (Liberal e Social), representado por esses dois pilares: democracia e direitos fundamentais”.[58]

A crítica que se abre nessa evolução dos acontecimentos é a de que a modernidade não cumpriu suas promessas de inclusão social e redução das desigualdades para muitos dos países do Sul do Mundo. É nesse contexto que surgem muitos do problemas ambientais.

Conclui Ernildo STEIN ser possível identificar duas correntes principais. Uma capitaneada por HABERMAS e a Escola de Frankfurt, que apregoa estar o projeto da modernidade inacabado, precisando ser continuado; e, outra, dos que dirão que a modernidade acabou, que não é mais possível recuperar uma unidade de razão, estes os pós-modernos. Assim, vive-se na atualidade um período de transição.[59] Conclui STEIN ao dizer que “nós somos seres do não mais e do ainda não” [grifo do autor].[60] Arremata, BARROSO: “vivemos num pós-tudo: pós-Marx, pós-Freud, pós-Kelsen. Já não existem ideologias abrangentes à disposição. A revolução não veio. Não vivemos em um mundo sem países, sem miséria, sem violência. A desigualdade abismal, no plano doméstico e no plano internacional, segue sendo um estigma para o processo civilizatório e para a condição humana”.[61]

Como derradeira observação, o tema em exame adentra no campo dos Estados Cooperativos. Nessa esteira, Peter HÄBERLE contrapondo a concepção do Estado Nacional soberano à idéia do Estado Constitucional Cooperativo, aponta as tendências, na perspectiva jurídico-internacional, de que “a cooperação entre os Estados se coloca no lugar da mera coordenação e da mera ordem de coexistência pacífica”, e, no campo do Direito Constitucional nacional “a diluição do esquema estrito interno/externo a favor de uma abertura ou amabilidade do Direito Internacional”.[62] Assim, é próprio do Estado Constitucional Cooperativo a abertura para a integração internacional como também para a realização cooperativa dos Direitos Humanos, conquanto, afirma HÄBERLE “vive de necessidades de cooperação no plano econômico, social e humanitário, assim como – falando antropologicamente – da consciência de cooperação (internacionalização da sociedade, da rede de dados, opinião pública mundial, das demonstrações com temas de política externa, legitimação externa) [grifos do autor].[63]

Marcos Augusto MALISKA, na mesma esteira, aponta a abertura, a cooperação e a integração dos Estados que se deu após as grandes guerras, notadamente como procedimentos institucionalizados.[64] Essa sinalização tem respaldo na crescente autoridade dos fóruns internacionais que assim chamam para uma discussão global dos problemas, e como tal remetem as atribuições de responsabilidades para o âmbito internacional.[65]

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Com efeito, decorre desse processo um direito regional e um direito internacional inter-regional, consubstanciado num direito comunitário, que está entre o direito nacional e o direito internacional, na estrutura supranacional, como é no caso da comunidade européia.[66] É nesse contexto que se dá, em muitos casos, a superação dos limites territoriais, algo inerente a proteção ambiental, e que também ocorre no âmbito econômico. Assim, opera-se mais claramente a noção de soberania.[67]

A partir disso, temos que a nossa realidade social em relação ao Direito requer do Estado um enorme esforço para traduzir em normas os interesses e necessidades das forças sociais. Nesse sentido, MALISKA em texto resgata o pensamento de EHRLICH: “O Estado é acima de tudo uma associação social, as forças que agem no Estado são forças sociais; tudo que emana do Estado, como a ação dos órgãos governamentais e sobretudo a legislação estatal, são obras da sociedade, executadas através da associação por ela criada para este fim, isto é, o Estado”.[68]

Essa visão permeou o relatório da comissão BRUTLAND, que se seguiu a Conferência de Estocolmo, a mais de duas décadas passadas, quando apontou que os Estados devem manter estrutura democrática e as decisões políticas considerar os aspectos ambientais, não só em seu território como de seus vizinhos.[69]

4 RELATIVIZAÇÃO DA SOBERANIA E MEIO AMBIENTE

A positivação da proteção ambiental a partir da CMMAD cria um nó legislativo, um aparente conflito entre modelos de desenvolvimento econômico e social, antes e depois do surgimento do Direito Ambiental. Se por um lado é matéria internacional, associada à qualidade de vida das pessoas, que pelos novos valores altera o panorama vivenciado pelos juristas, e que se pressupõe efetiva com o acesso de todos aos direitos fundamentais e a um modelo de desenvolvimento sustentado, há, de outro, reconhecido fundo econômico, e por isso está associada aos grandes acontecimentos globais que afetam o desenvolvimento das nações nos moldes hoje concebidos. Nesse escopo, entre o velho conjunto de valores ainda existente e o novo não totalmente efetivado, resurge o tema da soberania.

A idéia de soberania foi inicialmente formulada por Jean Bodin (Lês six Livres de la Republique), em 1576, com a identificação de normas ligadas ao exercício do poder político. Num primeiro momento, mais como processo defensivo, nas lutas contra a igreja e o império (soberania externa) e contra as limitações dos pretendidos direitos feudais dos vassalos e as franquias corporativas e comunais (soberania interna); e a seguir, com conotação mais agressiva, de investidas imperialistas.[70]

Nesse sentido, a concepção do que seja soberania acompanha a evolução do homem. Thomas HOBBES, em 1651, apresenta a obra “Leviatã”, no entendimento de que o “homem é o lobo do homem”, e assim todos concordam em renunciar ao seu direito ilimitado, do estado de natureza, em prol de uma espécie de egrégora, o que veio a ser mais tarde o Estado, com poder absoluto e indivisível.[71] Essa concepção foi revista por ROUSSEAU, que reafirmou o contratualismo em bases comunitárias, numa noção

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que conjuga liberdade e obediência, contrato este emanado da vontade individual, e separando-se o soberano do governo. Assim, distingue-se o conjunto do povo, como sendo o soberano, do conjunto de funcionários, limitados pelo poder do primeiro.[72]

De sua vez, Miguel REALE conclui que a idéia de soberania “não é uma qualidade atribuível ou não ao Estado, mas sim ao elemento por excelência do Estado Moderno, abrangendo poderes sem os quais uma entidade hoje em dia não pode ser considerada estatal”.[73] Dessa forma, o autor rejeita a idéia de que soberania é apenas uma categoria histórica, mas sim, representa uma forma especial que o poder político adquire, designada pelos juristas como sendo o conceito jurídico de soberania.[74]

O conceito de soberania veio a ser firmar, sobretudo, na conjugação do conceito de supremacia e de independência, e condicionado a existência de condições objetivas. Como ensina REALE: “o conceito de soberania não pôde formar-se enquanto não houve consciência do fato cultural da coexistência de Estados que não se excluem pelo simples fato de serem Estados”.[75]

As controvérsias a respeito do significado de soberania ainda não foram superadas. No plano interno surge questionamento sobre o alcance da soberania no tocante ao ordenamento jurídico que regula os comportamentos em sociedade.

Carlos Ari SUNFELD, a respeito, entende ser falsa a relação de que a lei é fruto da soberania do Estado, sendo sim, emanação do constituinte.[76] O esclarecimento que se faz é que não se está falando do Estado-Polícia, aquele dirigido por monarcas, que detendo o poder absoluto, criavam ordenamento jurídico dirigido apenas aos súditos, não podendo ser responsabilizados por seus atos, mas do Estado Democrático de Direito.[77]

Em resumo, a fase que consagra a soberania é pós-revolução francesa, e pressupõe a existência de um Estado que se sujeita às leis, estruturado na tripartição de poderes, e que tem norma superior que define sua estrutura e assegura direitos aos indivíduos, e obtenha reconhecimento internacional. Em outra feição, é a soberania associada a uma segunda força: a democracia, que representa o produto da evolução social de um povo.

Divergindo a respeito, FERREIRA FILHO, aduz que o modelo adotado não encontra continuidade por dois fatos incontestáveis, que se combinam: a sua base socioeconômica e a sua viabilidade político-jurídica. Tal base é insuficiente num mundo globalizado, visto a economia de escala. Exemplifica o autor que os Estados europeus, com longa história de inimizades e afrontamentos, evoluíram para formar a comunidade européia, em 1957, pelo Tratado de Roma, pressupondo-se que, da mesma forma em outras partes do planeta, os Estados-nação não desaparecerão, mas virão a associar-se em blocos.[78] Tem-se aí uma visão de que a globalização dos mercados transcende os limites da noção de poder político aplicado nas relações inter-Estados. Arremata o mesmo autor que “há Estados que não exprimem nação alguma, sendo por isso passageiros; outros são multinacionais; existem os que constroem num melting pot novas nações”.[79]

De outra dimensão, sobre a perspectiva evolucionista dos Estados-nação, FERREIRA FILHO, tem como improvável a formação do Estado Universal, haja vista um adequado substrato sócio-histórico-cultural para tanto. Aduz, por fim, que, “o equilíbrio entre

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nações vai, por muito tempo, reclamar “freios e contrapesos” que impedirão o one man one vote”.[80]

Benedicto Ferri de BARROS tem entendimento de que não se trata de escolha entre Estados fortes ou fracos, mas tem a ver com a “a latitude e o critério com que o poder será exercido, ou não será poder e ainda menos soberano”. [81] De sua vez, BARROS, afirma que por definição a jurisdição de uma soberania não vai além de suas fronteiras, isto é, o alcance se circunscreve ao território de um Estado. Dentro dele, a lei deveria ser suprema, para ser soberana. Mas não é. Arremata que “o espaço cibernético ignora soberanias”. A questão que se apresenta é em relação ao que a cultura cibernética deseja realizar.[82]

A respeito, sugere Tiago FENSTERSEIFER: ”é imperativa a relativização da soberania no plano externo, orientando-se pelos direitos humanos fundamentais nas relações com os demais Estados, organizações, empresas multinacionais e seres humanos do planeta”.[83] Afirma, em complemento, sendo a crise ambiental de dimensões planetárias, e o Direito Ambiental supraterritorial, têm-se nas organizações não-governamentais - ONGs um instrumento de alcance supranacional, em direção a formação de uma consciência ambiental global.[84]

Para Boaventura de Sousa SANTOS, de todos os problemas enfrentados pelo sistema mundial, a “degradação ambiental é talvez o mais intrinsecamente transnacional”.[85] Ainda, deduz a respeito que o enfrentamento deste problema pode redundar tanto num conflito global entre o Norte e o Sul, como pode ser a plataforma para um exercício de solidariedade transnacional e intergeracional.[86]

A dimensão globalizante da questão ambiental sugere uma discussão racional, como algo particular de cada pessoa e assim do interesse de todos. Na visão de CANOTILHO, são direitos dos povos, porquanto “transportam uma dimensão coletiva”, e visto que “pressupõem o dever de colaboração de todos os Estados e não apenas de cada um”.[87] Na concepção de HÄBERLE, a questão ambiental sugere um reexame das condutas individuais, coletivas, e das nações entre si, como sendo um novo standart de direitos, entrelaçando relações internacionais, que remetem em direção a um Estado Constitucional Cooperativo.[88]

CONCLUSÕES

Com o surgimento da proteção ambiental no âmbito do direito internacional e sua internalização no ordenamento constitucional estabelece-se um novo standart de direitos, que estabelece um consenso em torno da busca pela qualidade de vida, com implicações em vários campos do conhecimento jurídico e dos valores escolhidos pela sociedade.

Assim, no âmbito internacional, a proteção ambiental desloca o discurso em torno da dicotomia entre países ricos e pobres para associá-lo aos padrões de consumo. Antes da proteção ambiental, as discussões se davam em torno da falta de recursos, do não acesso

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às tecnologias, da necessidade de crescimento e superação da pobreza pelos países pobres e em desenvolvimento, e depois, com fundamento nos novos valores Direito Ambiental, consubstanciados na trilogia: direitos humanos, direito a um meio ambiente sadio e equilibrado, e direito a um desenvolvimento sustentado.

Em decorrência disso, no tocante aos Direitos Humanos, num paralelo entre os valores ambientais e os prescritos na Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948, guarda-se similitude no que diz respeito à vida humana.

Associa-se também os valores ambientais aos direitos econômicos, sociais e culturais, ensejando, por isso, em seu centro um paradoxo. Se de um lado trata da proteção da vida como instrumento para uma existência humana saudável e produtiva, de outro, ao constituir-se como direito subjetivo associado a um catálogo de direitos multidisciplinares, trata da obrigação do Estado de adotar medidas de proteção relativamente às presentes e futuras gerações.

Nesse sentido, a concretização dos diretos fundamentais implica em sua constitucionalização e na existência de mecanismos para alcançá-los, partindo-se de um consenso da sociedade. No Brasil esse desafio passa pela inclusão social e econômica, sendo dever de todos defender e preservar o meio ambiente, e para incluir observação formulada por Marcos Augusto MALISKA,[89] setores da população estão acostumados com privilégios e não direitos.

Com relação ao desenvolvimento sustentado, trata-se de conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação da natureza, pressupondo-se uma sociedade sustentável aquela que conseguir atender suas necessidades, manter a capacidade da natureza em se renovar, e assegurar às futuras gerações a possibilidade de ter acesso a um meio ambiente que supra suas necessidades.

Sobre os níveis sustentáveis do consumo, sopesa divergência entre a degradação ambiental em curso no planeta em contraposição aos novos valores da proteção internacional do meio ambiente. Em nível global, apresenta-se a diferença entre os países do Norte e do Sul, e no âmbito interno, a existência de políticas públicas ineficientes, sem o compromisso a uma seqüência de atos técnico-científicos, e próprios da legalidade, ou ainda, o risco de interpretações dos tribunais sem a devida visão de conjunto exigida diante da realidade social.

A respeito da globalização, que vem pressionando para a massificação de valores culturais e para a ampliação do consumismo, importa rever as implicações negativas na qualidade de vida, pois contrariam a nova legalidade do direito das gentes. Quando ao processo cultural, concebe-se, na atualidade, um mundo plural no qual se pressupõe as pessoas desejam uma vida produtiva e com qualidade. Essa situação dá razão aos que consideram o direito ambiental como sendo integrador, que motiva a coexistência, e concretiza a supranacionalidade dos Estados.

Por fim, com tudo isso, o efeito na soberania. Com a positivação dos novos valores ambientais, tem seu conceito alterado nos moldes em que foram concebidas na modernidade. Ambos os processos, interno e externo, passam pelo ordenamento constitucional, e necessitam de medidas de longo alcance para serem concretizados.

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Destarte, altera-se com isso a noção de liberdade individual, que cede espaço para o coletivo. Ampara-se juridicamente a reivindicação do acesso aos direitos fundamentais, e numa visão globalizada. Isso pressupõe uma nova forma de pensar sobre como conduzir as relações entre particulares, grupos sociais e entre nações. No campo econômico, exige-se não protelar para as décadas seguintes a decisão de gerar riquezas de forma sustentada, em substituição a visão do lucro, de curto prazo.

Cabe a cada País decidir o que significa um meio ambiente ecologicamente equilibrado. A ciência, particularmente as exatas e as biológicas, permite aferir os indicadores de sustentabilidade dos ecossistemas para que isso possa ser realizado. Para isso, o País necessita de um lado, atender as necessidades sociais internas, e, de outro, externamente, abrir-se a necessidade de cooperação, de interdependência entre Estados, onde o nacionalismo estará presente em dose certa. Essa perspectiva pressupõe a noção de tolerância entre as pessoas e remete na direção de Estados cooperativos, numa nova acepção do significado de soberania.

Relativizar a soberania é a regra, porquanto acompanha a evolução do homem. Fechar as fronteiras é o retrocesso. A realização do desenvolvimento sustentado, o acesso aos direitos fundamentais, a uma vida mais feliz para as pessoas, aponta para Estados Constitucionais Cooperativos, para um mundo mais solidário. O quanto relativizar é o desafio de cada povo, associado em blocos de Estados ou não, diante do que compreende ser uma coexistência pacífica com outras nações e culturas.

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[1] Preceitos do Princípio 1 da I Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente Urbano, em 1972, Estocolmo, Suécia, denominada CMMAD, na qual reuniram-se 113 chefes de Estado, sendo a maior até então realizada. Estabeleceu princípios a serem seguidos por todas as nações da terra, no objetivo de proteger o meio ambiente, que deram fundamento a vários tratados e convenções subseqüentes e, sobretudo, inspiraram ordenamentos internos aos Estados signatários.

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[2] Princípio nº 1, da II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1992, Rio de Janeiro, Brasil – Rio-92.

[3] SILVA, de Plácido e. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 1308-1309. Soberania no conceito jurídico é entendido como sendo o poder supremo, ou o poder que se sobrepõe ou está acima de qualquer outro, não admitindo limitações, exceto quando dispostas voluntariamente por ele, em firmando tratados internacionais, ou em dispondo regras e princípios de ordem constitucional. Em relação ao Soberano, firma sentido de autoridade máxima, o que envolve, igualmente, a idéia de independente e de autônomo. Atribuída ao Estado, pertence ao próprio povo, constituído em Nação.

[4] SOARES, Guido Fernando Silva. A Proteção Internacional do Meio Ambiente. Barueri: Manole, 2003. p. 16-17.

[5] PORTILHO, Fátima. Sustentabilidade Ambiental, Consumo e Cidadania. São Paulo: Cortez, 2005. p. 51.

[6] Questões paradigmáticas eclodem entre países ricos e pobres e cotejam exame analítico das divergências, denotando-se: os direitos humanos elencados na Carta das Nações Unidas, de 1948, irão se defrontar nesse momento com os direitos coletivos, ainda embrionários; o confronto da idéia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado em face a necessidade de resolver o problema da pobreza e da má distribuição de renda; o desenvolvimento como meta ainda crítica para os países em desenvolvimento, basicamente fornecedores de matéria prima e de produtos semi-elaborados, de baixo valor agregado; o uso de tecnologias de ponta versus tecnologias provenientes do uso racional de recursos naturais; a imposição de barreiras não tarifárias, de cunho ambiental, pelos países hegemônicos, nas relações comerciais, no desejo dos mesmos em eliminar o déficit de suas balanças de pagamentos, repassando-os aos parceiros comerciais menos desenvolvidos; a idéia de que os países em desenvolvimento devam se desenvolver sem dilapidar seus recursos naturais, algo que os países ricos fizeram a seu favor, e ainda com as matérias primas das ex-colônias.

[7] STERN, C. Stern.; YOUNG, R. Oran; DRUCKMAN, Daniel. (Org.). Mudanças e Agressões ao Meio Ambiente: como a busca de melhoria e condições de vida dos homens têm contribuído para as mudanças ambientais em todo o planeta. São Paulo:Makron Books, 1993. p. XVII.

[8] BRUNDLAND, Gro Harlen. Nosso Futuro Comum. Relatório da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1988. et. Seq.

[9] A Conferência Rio-92 reúne 170 nações, objetivando: identificar estratégias regionais e globais para ações referentes às principais questões ambientais; examinar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas depois da Conferência de Estocolmo; examinar estratégias de promoção de desenvolvimento sustentado e de eliminação da pobreza nos países em desenvolvimento.

[10] Agenda 21. Curitiba: Ipardes, 1997, p. 260. Trata-se de documento emanado da comunidade internacional, por força da Rio-92. Trata com detalhes sobre questões ambientais e suas interrelações econômicas, sociais e culturais. Enseja forte impulso na

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internalização de normas de cunho ambiental para os mais diversos países, num esforço de criação de arcabouço institucional e normativo em relação a proteção ambiental.

[11] RIBEIRO, Wagner Costa. Em Busca da Qualidade de Vida. In: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi. (Orgs.). História da Cidadania. São Paulo: Contexto, 2008. p. 403.

[12] DERANI, Cristine. Direito AmbientalEconômico. 3. ed. São Paulo: Saraiva. 2008. p. 149.

[13] RIBEIRO, Wagner Costa. Em Busca da Qualidade de Vida. In: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi. (Orgs.). História da Cidadania. São Paulo: Contexto, 2008. p. 413.

[14] FACHIN, Luiz Edson. Direito Intemporal – Conjunto de Princípios que Geram as Leis Constitucionais e Infraconstitucionais. Jornada de Direito Civil, 06-Jun, Unibrasil, 2006. Trata o autor da intemporalidade das normas, aborda sobre a sucessão de paradigmas, de decisões e de julgamentos, enaltecendo que os mesmos educam ao propiciar a participação de todos, enfim, que fatos novos ensejam busca por compreensão de seus significados, resultando em choque com o formal jurídico que tende então a ser modificado.

[15] CAPRA, Fritjof. Alfabetização Ecológica: O Desafio para a Educação do Século 21. TRIGUEIRO, André. (Coord.). Meio Ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. p. 31.

[16] CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1996, p. 25.

[17] CAPRA, Fritjof. As Conexões Ocultas. Ciência para uma vida saudável. São Paulo: Cultrix, 2002, p. 66.

[18] DINIZ, Maria Helena. O Estado Atual do Biodireito. 5. ed. São Paulo: Saraiva, p. 674.

[19] COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 58-59.

[20] BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 562.

[21] CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003. p. 380.

[22] SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 181. O autor aborda caracteres reconhecíveis aos direitos fundamentais: (i) historicidade, como sendo característica de qualquer direito, que

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nasce, modifica-se ou desaparece, rechaçando-se toda fundamentação baseada no direito natural; (ii) inalienabilidade, por não serem direitos de cunho econômico-patrimonial e, portanto, inegociáveis, indisponíveis, dado que conferidos a todos pela ordem constitucional; (iii) imprescritibilidade, pois que nunca deixam de ser exigíveis; (iv) irrenunciabilidade, por não se admitir renúncia de direitos fundamentais, no máximo, podendo alguns deles, não serem exercidos.

[23] CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Op. cit., p. 387.

[24] BONAVIDES, Paulo. Op. Cit., p. 571.

[25] MALISKA, Marcos augusto. A Concretização dos Direitos Fundamentais no Estado Democrático de Direito. Reflexões sobre a complexidade do tema e o papel da jurisdição constitucional. In: CLÈVE, Clémerson Merlin; et al. (Orgs.). Direitos Humanos e Democracia. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 548.

[26] MALISKA, Marcos Augusto. Estado e Século XXI. A integração supranacional sob a ótica do Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 165.

[27] DERANI, Cristiane. Op. cit., p. 215.

[28] SILVA, José Afonso da. Direito AmbientalConstitucional. 5. ed. São Paulo: PC, 2004, p. 46-47.

[29] Esse princípio foi consagrado na Constituição de 1988, que estabeleceu no artigo 225 a sadia qualidade de vida como sendo o objeto do Direito Ambiental.

[30] CLÈVE, Clémerson Merlin. Direito Constitucional, Novos Paradigmas, Constituição Global e Processos de Integração. In. Revista da Academia Brasileira de Direito Constitucional. (Anais do V Simpósio Nacional de Direito Constitucional), Curitiba: Academia de Direito Constitucional, p. 226-227, nº 5, 2004.

[31] BONAVIDES, Paulo. Do País Constitucional ao País Neocolonial. A derrubada da Constituição e a recolonização pelo golpe institucional. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 1999. p. 131.

[32] STRECK, Lenio Luiz. Jurisdição Constitucional e Hermenêutica. Uma nova crítica do direito. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 87.

[33] CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Das Contribuições dos Direitos à Crítica dos Direitos. Brasília, v.1. n.1. 2003. p. 81.

[34] MALISKA, Marcos Augusto. O Direito à Educação e a Constituição. Porto Alegre: Fabris Editor, 2001. p. 58.

[35] Ibidem, p. 18.

[36] MALISKA, Marcos Augusto. Pluralismo Jurídico e Direito Moderno: Notas para se pensar a Racionalidade Jurídica na Modernidade. Curitiba: Juruá, 2008. p.119.

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[37] REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 509.

[38] BORGES, Roxana Cardoso Brasileiro. Função Ambiental da Propriedade Rural. São Paulo: LTr, 1999. p. 25.

[39] TANAJURA, Grace Virgínia Ribeiro de Magalhães. Função Social da Propriedade Rural. Com destaque para a Terra, no Brasil Contemporâneo. São Paulo: LTr, 2000. p. 66.

[40] LOPES, José Reinaldo de Lima. Direitos Sociais. Teoria e prática. São Paulo; Método, 2006. p. 119-122.

[41] GRINOVER, Ada Pellegrini. et al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: Comentado pelos Autores do anteprojeto. 9. ed. Rio de Janeiro:Forense, 2007. p. 793.

[42] CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Estudos sobre Direitos Fundamentais. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 179.

[43] Ibidem, p. 184-185.

[44] SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice. O social e o político na pós-modernidade. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2008. p. 289-291. O autor apresenta traços identificadores da economia global: a deslocação da produção mundial para a Ásia consolidando-se esta como uma das grandes regiões do sistema mundial; primazia total das empresas multinacionais, enquanto agentes do “mercado global”; e, confirmando a proeminência das multinacionais, o avanço tecnológico das últimas décadas a automação e também a biotecnologia.

[45] BATISTA, Paulo Nogueira. Consenso de Washington: a visão neoliberal dos problemas latino-americanos. Cadernos da Dívida Externa n. 6. São Paulo: Saraiva, 1996.

[46] GALBRAITH, John Kenneth. A Sociedade Justa. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1996, p. 151.

[47] GOMES, Eduardo Biacchi. A globalização Econômica e a Integração no Continente Americano: Desafios para o Estado brasileiro. Ijuí-RS: Unijuí, 2004. p. 37.

[48] PRONER, Carol. Propriedade intelectual. Para uma nova ordem jurídica possível. São Paulo: Cortez, 2007. p. 111.

[49] DEMO, Pedro. Pobreza e Política. 6. ed. Campinas-SP: Autores Associados, 2001. p. 83.

[50] KOESTENBAUM, Peter. Você tem mesmo vontade de ser líder?. Revista Você. Maio 2000. Essa idéia também encontra eco na associação do meio ambiente às atividades econômicas, que no âmbito internacional têm nas empresas transnacionais um poderoso meio de geração de poder e riquezas para as nações, de onde emerge uma importante relação: a conexão entre lucros e valores humanos e o significado de ser humano no ambiente de negócios, brutalmente competitivo.

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[51] COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 431.

[52] HUNTINGTON, Samuel P. O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. p. 410.

[53] SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. 11. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 76.

[54] BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado. 4. Ed. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 23.

[55] Ibidem, p. 54.

[56] SALEME, Edson Ricardo. Normas e políticas públicas no Direito Ambiental Internacional. Hiléia: Revista de Direito Ambiental da Amazônia. Universidade do Estado do amazonas. a. 2, n. 2, p. 211, Jan-Jul. 2004.

[57] MALISKA, Marcos Augusto. O Estado Constitucional em Face da Cooperação Regional e Global. Cadernos da Escola de Direito e Relações Internacionais da UniBrasil. Curitiba, n. 6, p. 105, Jan-Dez. 2006.

[58] STRECK, Lenio Luiz. Op. Cit., p. 86.

[59] STEIN, Ernildo. Epistemologia e Crítica da Modernidade. 3. ed. Ijuí:Inijuí, 2001. p. 29-30.

[60] Ibidem, p. 31.

[61] BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. Os conceitos fundamentais e a construção do Novo Modelo. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 400.

[62] HÄBERLE, Peter. Estado Constitucional Cooperativo. Tradução do original em alemão por Marcos Augusto MALISKA e Elisete ANTONIUK. São Paulo: Renovar, 2007. p. 47.

[63] HÄBERLE, Peter. Ibidem, 19.

[64] MALISKA, Marcos Augusto. Op. cit., p. 60.

[65] Ibidem, p. 25.

[66] Ibidem, p. 148-149.

[67] Ibidem, p. 164-165.

[68] MALISKA, Marcos Augusto. Introdução à Sociologia do Direito de Eugen Ehrlich. Curitiba: Juruá, 2001. p. 39.

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[69] BRUNDTLAND, Gro Harlen. Op. cit., p. 47.

[70] REALE, Miguel. Teoria do Direito e do Estado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 190-191.

[71] HOBBES, Thomas. Leviatã, ou Matéria, Forma, e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. São Paulo: Martin Claret, 2004. 516 p.

[72] VIDIGAL, Erick. Protagonismo Político do Juízes: Riscos ou oportunidades? Rio de Janeiro: América Jurídica, 2003. p. 28.

[73] REALE, Miguel. Op. cit., p. 193.

[74] Idem.

[75] REALE, Miguel. Op. cit., p. 194.

[76] SUNFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. 4. ed. São Paulo: PC, 2004. p. 184.

[77] DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 1.

[78] FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Especulações sobre o Futuro do Estado. In: MARTINS, Ives Gandra (Org.). O Estado do Futuro. São Paulo: Pioneira, 1998. p.104.

[79] Ibidem, p. 104-105.

[80] Ibidem, p. 106-107.

[81] BARROS, Benedicto Ferri de. O Futuro de Estado. In: MARTINS, Ives Gandra (Org.). O Estado do Futuro. São Paulo: Pioneira, 1998. p.150.

[82] Ibidem, p.153.

[83] FENSTERSEIFER, Tiago. Cidadania ambiental cosmopolita: um conceito em construção. Hiléia – Revista de Direito Ambientalda Amazônia, Amazônia. a. 2, v. 1, n. 2, Jan-Jul. 2004. p. 294.

[84] Idem.

[85] SANTOS, Boaventura de Sousa. Op. Cit., p. 296.

[86] Idem.

[87] CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Op. cit., p. 386.

[88] HÄBERLE, Peter. Op. cit., p. 2.

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[89] MALISKA, Marcos Augusto. Op. cit., p. 557.

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