o dilema dos super heróis ou diálogos psicanalíticos com o ego

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O Dilema Dos Super Heróis Ou Diálogos Psicanalíticos Com o Ego

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O dilema dos super heris ou Dilogos psicanalticos com o Ego.

A grande merda de ser um super heri que esse rtulo s funciona no mundo fantstico! Nada mais desesperador do que perceber que a sua super heroice s existe nos quadrinhos, nas folhas de papel-jornal com cheiro de tinta das revistinhas impressas, ou, no pice de uma fantasia quase realista, nas telas dos cinemas com seus zilhes de dimenses... Quando chega a ltima pgina ou quando sobem os crditos: FIM! Vida real!Peguemos como exemplo, ao acaso, a franquia de super heris Quarteto Fantstico!Aquelxs que se identificam com o Coisa ter para si a metfora de uma vida pedregosa, sempre envergonhada pela sua diferena, frente normalidade dos outros heris. Viver preso! Em si, em ciclos, em vcios... Sempre buscando, tal qual sua "fora" descomunal, ocupar um espao nesse mundo, ou no mundo subjetivo dos outros. Buscando um lugar, no seu, mas um lugar que os outros lhe permitem... Sempre ser uma "coisa" na medida em que no aceita a sua diferena e busca conhecer-se, para alm da aprovao dos outros.J aquelexs que mantm uma ntima identificao com a Mulher Invisvel, assumem para si a metfora da invisibilidade em todas as instncias de sua vida: fogem de relacionamentos onde a demanda subjetiva lhe pede muito, invisibilizam suas opinies em detrimento de grandes situaes, dividem o peso das grandes narrativas com outros indivduos, justamente por no suportar lidar com elas, se isola (ou foge daquele territrio) justamente porque o mundo pesado demais para a sua leveza (ou superficialidade?) de sua subjetividade. Ser "invisvel" at o momento que no toma as rdeas de sua vida... Quando o faz h que ser muito humano para no sucumbir tentao de novas invisibilidades. um desafio e tanto manter/mudar valores!O Senhor Elstico um dos casos mais intrigantes de identificao, isso porque, mesmo assumindo o lugar de um suposto lder, continua se elasticando, se elasticando, se elasticando, sempre de forma a atender as demandas de sua equipe, mas, tal qual a histria, se nega a manter um mnimo de olhar para a subjetividade do outro... Mergulha em seu trabalho e esquece que a sua esposa sente sua falta, cotidianamente. Atingir o objetivo, do mtodo cartesiano, portanto racional, a sua maior glria em vida. O trabalho dignifica o Homem... Dignifica o super-heri tambm? Deixemos essa questo para a disciplina Filosofia dos Heris!O esquentado Tocha Humana, tambm nos permite alguns olhares identificadores, vejamos: do alto de sua soberba ele passa por cima das subjetividades de sua irm, de seu cunhado e da diferena do Coisa. Acredita-se tanto auto-suficiente que seu fogo acaba queimando quem est ao seu lado... Claro que trabalhar em equipe um problema para ele, sua individualidade demasiadamente alta para se fixar em um grupo! No est muito preocupado com sua diferena, pelo contrrio, isso at motivo para pegar mais gatinhas. Que fogo!Claro que o leitor dos quadrinhos ou espectador dos cinemas sempre tem um fraco por alguns deles, apesar de no negar que as caractersticas dos quatro podem sim, se misturar de forma a apresentar um novo super-heri. Mas, quando o filme acaba? Quem sai da sala de projeo um indivduo, de carne e osso, humano por natureza, defeituoso por excelncia. As pedras do Coisa se esvai em lquidos, a Mulher Invisvel, mantm-se ao mesmo tempo entre a matria e a antimatria dos valores, O Senhor Elstico fica gasto, seu corpo no cabe em nenhuma roupa e sua roupa no cabe em nenhum corpo e o Tocha Humana se apaga, se esfria, perde totalmente o seu fogo... nessa hora que o espectador chamado a assumir seu lugar na vida real, apesar das identificaes! Como lidar com os poderes fantsticos e a dura realidade cotidiana!?Nessa hora, no que eu queira academicizar esse texto, lembro muito dos escritos de Michel Foucault: h que se entender cada individuo como uma obra de arte. Foucault, que sempre manteve uma escrita erudita, usa a metfora da obra de arte para que cada um de ns entenda que "h mais coisas entre o cu e a tela (sic) do que desconfia a nossa v filosofia". Abrir mo das narrativas fantsticas e assumir o cuidado de si como uma forma potente de criar realidades o objetivo mais gratificante da vida de cada um de ns. Batalhas sero perdidas e guerras, tambm, mas o fato de estar no campo das batalhas dirias o que move os humanos. Alguns sucumbem, criam outras histrias fantsticas para continuar sua fantasia... Nega que a realidade lhe interpela! Recusam-se a viver fora dos quadrinhos, onde o final feliz, de fato, no existe (existe, sim, finais! O juzo de valor quem atribui somos ns, aps passar por tais finais...). Vida que segue! Torta, pesada e surpreendente, mas ainda assim, que segue!

P.S: O indivduo que vos escreve, no que interesse axs atentxs leitorxs, acreditou-se muito tempo como o Tocha Humana. A vida real - sempre ela! - lhe jogou um balde de gua fria, mas ele, ainda mantendo um mnimo de ato herico, recusou (para todo e sempre) o prenome de Tocha e assumiu o nome Humano... E, longe de torn-lo feliz para sempre, a vida tornou-o castrado para todo e sempre... Faltante para todo e sempre... Humano, errante e acertante, para todo e sempre, mas para sempre aprendiz e genuno autor de sua vida, entendida (claro) como obra de arte!