o diáro no seu bairro - miosótis

32
MARINGÁ, PR www.odiario.com NOVEMBRO DE 2015 UM BAIRRO AMADO POR TODOS O MIOSÓTIS SÓ RECEBE ELOGIOS DOS MORADORES, QUE ADORAM MORAR NO LUGAR. VEJA AS HISTÓRIAS DOS PIONEIROS E DE EMPRESAS QUE NASCERAM E CRESCERAM ALI MIOSÓTIS FOTO: RICARDO LOPES

Upload: odiariocom

Post on 24-Jul-2016

227 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: O Diáro no seu bairro - Miosótis

MARINGÁ, PR www.odiario.comNOVEMBRO DE 2015

UM BAIRRO AMADO POR TODOS O MIOSÓTIS SÓ RECEBE ELOGIOS DOS MORADORES, QUE ADORAM MORAR NO LUGAR. VEJA AS HISTÓRIAS DOS PIONEIROS E DE EMPRESAS QUE NASCERAM E CRESCERAM ALI

MIOSÓTIS

FOTO

: RIC

ARDO

LO

PES

Page 2: O Diáro no seu bairro - Miosótis

“Miosótis é tudo isso aqui!” No coração dos moradores, o bairro representa muito mais do que as delimitações oficiais

Localizada no lado Norte da cidade de Maringá, a região também conhecida por Vila Miosótis ou apenas Miosótis, na verdade, é o Conjunto Habitacional Hermannn Moraes de Barros, segundo a prefeitura. No bairro, de 242 mil metros quadrados, vivem aproximadamente 1.910 habitantes, segundo a última contagem do Censo (2010).

O apelido faz referência à antiga estrada que por ali passava e ainda deixa resquícios. É a continuação da conhecida Avenida Kakogawa onde, quando o asfalto acaba, conserva muito do que um dia foi o bairro.

Um bom caminho para se chegar ao Miosótis é a Avenida das Palmeiras.

Nájia Furlan [email protected] y

Seguindo pela Kakogawa, ao chegar à rotatória da Praça Megumu Tanaka, é só pegar a terceira saída e lá está a principal avenida, constituída de muita história, amizade e esforço do povo que, por opção ou sorteio da Companhia de Habitação, se instalou.

Pelo alvará de número 632, o bairro foi aprovado em 23 de maio de 1978. Em setembro de 1979, aos 40 anos de idade, Ivan Amorin, hoje com 74, chegava lá.

“Pelo sorteio, nossa casa saiu no conjunto Ney Braga, mas minha mãe não gostou do lugar. Nessa época, eu trabalhava no Frigorífico Central (extinto). Lá eu tinha um colega que foi sorteado no Conjunto Hermann Moraes de Barros, mas também não iria morar lá. Então, fomos até a companhia e perguntamos se poderíamos abrir mão do nosso sorteio e pegar a casa dele. Eles

deixaram e nós nos mudamos”, lembra. Segundo a Prefeitura, foi nessa mesma

época, em 1979, que, se tratando de um conjunto habitacional (popular), todas as residências foram construídas e entregues aos moradores. Memórias O seo Amorin, que também trabalhou na tradicional loja de peças Tolardo, se aposentou das antigas atividades, há 23 anos, e virou jardineiro no bairro. “Além de amigos, os vizinhos são meus clientes. O primeiro deles foi o Miguel Redondo, que hoje já se mudou”, conta.

Ele lembra que no Miosótis não tinha, sequer, “um palmo de asfalto” e, quando chovia, nem o ônibus passava. “Era tudo sítio. Tinha soja e milho e, um pouco mais adiante, ainda tinha café. Eu lembro da primeira casa da Avenida

Kakogawa – uma casinha de madeira. A segunda era de um alfaiate, que tinha um aparelho de som tão legal que dava para ouvir da minha casa”, recorda-se o senhor.

No bairro ele casou, teve duas filhas e se encontrou. “É o melhor bairro da cidade para se morar. Aqui, encontrei meu lugar e minha realização profissional, cuidando dos jardins”, afirma, emocionado. Proximidades Os bairros mais próximos – que, segundo a população, “é tudo Miosótis” - são o Residencial Copacabana, o Parque das Palmeiras, Jardim Vitória, Parque das Bandeiras, Residencial Quebec, Sub Lt. 144 - A (Gleba Ribeirão Maringá) e Copacabana II, todos bairros localizados na Zona Fiscal 30 do município.

2 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 3: O Diáro no seu bairro - Miosótis

Origens e delimitações pouco conhecidas 111 Segundo João Laércio Lopes Leal, historiador e gerente do Patrimônio Histórico de Maringá, pouco se sabe sobre a história da região Norte de Maringá. “Faltam informações. É um ponto cego na memória da cidade. Um lugar a ainda ser desvendado”, diz. Ele diz que a extensão que compreende o Miosótis, antigamente, fazia parte da famosa Fazenda Diamante, pertencente à família do pioneiro Silvino Fernandes Dias, pai dos senadores Álvaro e Osmar Dias. Morto em junho de 2006, aos 95 anos, Silvino chegou a Maringá no ano de 1938 e, por aqui, adquiriu da Companhia de Terras do Norte do Paraná, empresa de ingleses que colonizavam a região, uma gleba de 100 alqueires, ainda de mata virgem. Na propriedade, o agricultor plantou e cultivou café, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento econômico local. O historiador explica que, com o tempo, a Fazenda Diamante foi sendo loteada e que, em 1978, o então prefeito João Paulino Viera Filho, por meio de uma parceria com a Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná), encabeçou um projeto de habitação popular: o Conjunto Hermann Moraes de Barros. “Na primeira leva, 500 casas foram construídas e vendidas a preços módicos. Essa iniciativa pública visava a atender a comunidade carente da cidade, em sua maioria pequenos trabalhadores rurais que haviam perdido tudo com a geada negra de 1975. O núcleo do Miosótis nasce de uma tentativa de minimizar o êxodo populacional”, esclarece. Lopes conta que o nome do conjunto habitacional foi resultado de uma homenagem ao diretor Gerente da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, na época, Hermman Moraes de Barros.

Expansão Depois do Hermman Moraes de Barros, outros bairros surgiram: Copacabana 1 e 2, Quebec, Jardim

A origem do nome está no Córrego Miosótis que, ironicamente, está localizado em outro bairro — FOTO: NÁJIA FURLAN

Vitória, Parque das Bandeiras e Parque das Palmeiras – expandindo as delimitações do Miosótis. “Durante a década de 1980, a região se consolidou passando de 1608 mil habitantes para 240 mil. Hoje, o Miosótis possui uma vida própria, independente na questão de comércio e serviços”, aponta. De acordo com o historiador, o nome “Miosótis” faz referência ao Córrego Miosótis, localizado dentro do perímetro da “região 30”de Maringá. O córrego Poucos o conhecem, mas ele existe. O

córrego que deu nome à estrada nasce no Jardim Tóquio; fica um pouco para cima de onde, no bairro, há a Horta Comunitária. Enquanto colhe couves, a dona Alzira Braga, 48 anos, fala sobre essas águas. “Eu conheço. É bem bonito, apesar de um pouco poluído. A molecada vai lá para mergulhar. Até amarram uma corda nas árvores para se pendurarem. Meu filho é um deles”, conta. Apesar de ajudar na horta do Jardim Tóquio, a senhora Alzira é moradora do Portal das Torres há 12 anos. O córrego chega até lá – para lá do Contorno Norte, seguindo pela avenida

Kakogawa. É para aqueles lados, paralelo à Estrada Miosótis, que o Córrego se une ao Ribeirão Águas Maringá, importante leito da bacia do Pirapó. Segundo a Secretária Municipal de Meio Ambiente, o Córrego Miosótis tem uma extensão total de cinco quilômetros, sendo dois na zona urbana e três na zona rural. No que diz respeito à mata ciliar, atualmente estão preservados cerca de 215 mil metros quadrados; desses, 115 mil metros quadrados estão na área rural de Maringá. /// Ariádiny Rinaldi e Najia Furlan

MIOSÓTIS I 3O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 4: O Diáro no seu bairro - Miosótis

O homem de mil e uma causas Osmar Tofolo, um dos primeiros moradores do bairro, ajudou a trazer melhorias para educação local

Quem passa pela Avenida das Palmeiras não imagina que bem ali no prédio onde hoje é o Depósito Miosótis funcionou a primeira creche pública do bairro. No lugar dos expositores de pisos e das prateleiras repletas de materiais hidráulicos e elétricos, trinta anos atrás, havia colchonetes, brinquedos e chupetas espalhadas pelo chão. Conversando com Osmar Tofolo, 66, dono do depósito e um dos primeiros moradores da região, é possível descobrir um pouco mais sobre essa história. Solícito e bem-humorado, Osmar acomoda-se atrás do balcão e remexe no baú das memórias.

Ele conta que chegou a Maringá, em 1975, vindo de São Jorge do Ivaí e que, antes de ser comerciante, exerceu cargos públicos: trabalhou como diretor das autarquias do Município, foi

Osmar Tofolo é um dos pioneiros do Miosótis. — FOTO: RICARDO LOPES

Eu sempre fui batalhador e tudo o que fiz foi pensando num bem maior, coletivo”

OSMAR TOFOLO Empresário e pioneiro do bairro

Ariadiny Rinaldi [email protected] y

assessor do prefeito João Paulino Vieira Filho e criou o Fundo de Reequipamento do Corpo de Bombeiros, o Funrebom. Com um pé na prefeitura, Osmar diz que tentou, como pôde, trazer melhorias para o bairro onde morava. “Eu sempre fui batalhador e tudo o que fiz foi pensando num bem maior, coletivo”, diz. Graduado em Ciências Contáveis na Universidade Estadual de Maringá, ele ajudou a formular o primeiro estatuto de Conselhos Comunitários de Bairros. “Fui eleito, duas vezes, presidente da Associação de Moradores do Miosótis. Esse regulamento foi usado como modelo para cartilhas de outras entidades de bairros da cidade”, comenta.

Com os três filhos matriculados no Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf, Osmar fomentou, também, a união da Associação de Pais e Mestres da escola. Samaritana de Quadros, professora e orientadora do colégio na época, recorda das iniciativas do grupo: “Depois que os pais passaram a se envolver mais com a educação dos filhos, muita coisa mudou. Eles somaram com ideias e projetos. A demanda de crianças no maternal e na pré-escola era muito grande e o Colégio não estava conseguindo atender todas. O Osmar foi quem indicou o lugar onde instalamos a primeira creche do Miosótis”, conta.

A creche abriu as portas em 1983, e Samaritana assumiu a direção. “Começamos com 90 crianças, com o passar do tempo, o número aumentou. Eram crianças de seis meses de vida até os 6, 7 anos de idade”, conta. Além

de Samaritana, a creche contava com duas cozinheiras, duas zeladoras e duas professoras. Maria Lúcia Sperandio, ainda moradora do Hermann, lembra que, devido à falta de estrutura, o trabalho das normalistas era à base de improviso e muito amor. “A jornada era puxada. Começava às 7h da manhã e só terminava no fim da tarde. Eu levava comigo meu filho caçula, que, na época, tinha 2 anos e meio de idade. Ele adorava. Lá fez vários amigos, com os quais ainda tem contato. Quando chovia, a escolinha ficava toda molhada por conta das goteiras”, conta.

A escolinha funcionou no nº 449 da avenida Palmeiras por dois anos, e, depois foi transferida para a rua Arlindo

Marquezini. Manteve-se em atividade até a abertura do Centro Municipal de Educação Infantil Walkiria Fontes. Caminhando pelas ruas Samaritana e Maria Lúcia se esbarram com rostos já quase irreconhecíveis de antigos alunos. Homenagem Em 1986, Osmar abandonou o emprego público e quis abrir o próprio negócio. O espaço ocupado pela creche deu lugar ao depósito de construção. Tramita na Câmara de Maringá, por iniciativa do vereador Luizinho Gari, a proposta de entrega de um brasão ao senhor Osmar Tofolo pelos diversos trabalhos prestados para o desenvolvimento da cidade.

4 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 5: O Diáro no seu bairro - Miosótis

MIOSÓTIS I 5O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 6: O Diáro no seu bairro - Miosótis

Miosótis, com “s” ou com “z” Pouca gente sabe, mas, assim, com essa grafia, o nome é de uma flor. Porém, existe outra versão

Há quem diga que Miozoti, com “z” seria o sobrenome da primeira família – de descendência italiana – a desbravar aquela região. É o que contam, também, o seo João Aparecido Galindo e dona Regina, que há mais de 16 anos, tocam a Merceria Miozzotti, com dois “z” e dois “t”. Não, eles não são da família que, pela memória popular, não tem mais

Na imagem, a mercearia Miozzotti, na Estrada Miosótis, onde seo João e dona Regina contam o que ouviram falar sobre o nome da região — FOTO: NÁJIA FURLAN

Nájia Furlan [email protected] y

nenhum descendente ali. “Demos esse nome à venda porque

assim era o nome da estrada que passa aqui na frente e, assim com ‘z’ era o nome da localidade que vinha escrito nos ônibus antigamente”, afirma o senhor.

Porém, Miosótis, com “s”, hoje apelido do bairro, reconhecido pela Prefeitura, atualmente, nessa grafia, é uma flor pequena, numa cor que fica entre o azul e o lilás.

A planta é da família das Boraginaceae

e, segundo as enciclopédias, é uma planta rasteira que não passa dos 30 centímetros de altura. De origem europeia, a Miosótis aprecia regiões mais frias e aparece mais na Primavera. Também é conhecida como Verônica ou Não-me-esqueças.

Lenda Deixando um pouco a botânica de lado, a flor também tem significados que vão além dos concretos, “palpáveis” e visuais. Procurando na internet, encontram-se, inclusive, lendas relacionadas a Miosótis.

Uma dessas conta que “num belo dia de primavera, dois jovens apaixonados se encontravam à margem de um rio. Nas águas turbulentas, a jovem avistou um ramo de miosótis e ficou maravilhada com a beleza da flor. O amado, então, mergulhou para apanhar as flores e oferecê-las à sua namorada. No entanto, quando tentou voltar à margem, foi arrastado pela correnteza. Pouco antes de desaparecer, ele teria gritado para a amada: ‘Não me esqueça, me ame para sempre!’. A partir desse dia, a flor miosótis passou a crescer nas margens dos rios, para que mais ninguém tivesse que morrer por ela”. Infelizmente, não há essa flore no bairro.

Também simbolizando a fraternidade, a flor Miosótis é utilizada ainda como emblema da Maçonaria, “para que os maçons pudessem se identificar durante as perseguições às lojas maçônicas na Alemanha”.

6 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 7: O Diáro no seu bairro - Miosótis

MIOSÓTIS I 7O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 8: O Diáro no seu bairro - Miosótis

Família junta no batente De domingo a domingo, filho, pai e neto, trabalham para atender os amigos do bairro

Mais de 3,5 mil quilos de carne, é o que corta, limpa e vende, semanalmente, José Gilmar Estelai, de 45 anos, com a ajuda do pai, Orlando Estelai, 68, e do filho, Gilmar Henrique, de 24. A clientela, que o ajudou a consolidar o negócio da família, é quase toda de “pessoal aqui do Miosótis”. Pessoas que o conhecem desde criança,

As três gerações trabalham duro, principalmente aos domingos - “quando o movimento ferve” - para deixar para a 4ª geração que está chegando — FOTO: ARIADINY RINALDI

Nájia Furlan [email protected] y

quando chegou ao bairro. “Eu sou de Araruna. Vim para

Maringá aos cinco anos. Com minha família, meus pais e um irmão (que também moram no bairro), já vivemos no Borba Gato, no Alvorada, Morangueirinha e na Zona 7. Mas foi aqui, na Avenida das Palmeiras, que a gente permaneceu. Eu tinha dez anos”, lembra Gilmar.

Nessa época, Orlando ainda trabalhava na Urbasa, onde ajudava a fazer o asfalto de toda a cidade.

“Aqui mesmo, no bairro, eu asfaltei as ruas Flamboyant, Carnaúba, Jequitibá e várias outras”, afirma orgulhoso. Ele se aposentou da atividade em 1994. Desde então, ajudava o filho na casa de carnes, onde foi efetivado há dez anos.

Atualmente, ele tem uma função bem determinada. “Eu cuido do frango, desde o tempero, até assar e entregar para os clientes que vêm aqui e aproveitam para prosear. São todos amigos”, diz.

Labuta José Gilmar, antes de resolver montar o seu próprio negócio, trabalhou muito como funcionário. Aliás, quase sempre no bairro. “O meu primeiro registro foi aos 13, quando fui trabalhar no açougue do Supermercado São Francisco. Ali,

aprendi a minha profissão”, recorda-se. Casado com a Lílian, já depois dos 20

anos, foi quando Gilmar empreendeu. “Sempre trabalhei com a família. Agora, isso já é dos filhos (além do Gilmar, tem outro de 20 anos) e vai ficar para os netos”, garante o patrão.

Por falar em neto... O filho de Gilmar Henrique, que desde os 16 anos ajuda o pai José Gilmar no açougue, e bisneto de Orlando, já está a caminho. Ele e a esposa, Bruna Nogueira, de 22 anos, apesar de morarem no mesmo bairro, o Miosótis, se conheceram pela internet. Namoram desde os 12 anos e agora estão “grávidos”. Gilmar diz que gosta e pretende cuidar do que é da família. Já se a nova geração vai ficar ou não no ramo... “Se ele quiser, vai”, diz Bruna.

8 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 9: O Diáro no seu bairro - Miosótis

MIOSÓTIS I 9O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 10: O Diáro no seu bairro - Miosótis

r

“Eu gosto muito de morar no bairro. Faz 30 anos que eu moro e tenho meu negócio aqui. O que me faz gostar é que o pessoal é muito bom e honesto. Não troco”

MARIA LUIZA SILVA, 57, Empresária

“Eu vim para cá quando eu tinha dois aninhos. O que mais gosto no bairro é morar perto do Parque das Palmeiras e do Centro Esportivo, porque eu amo volley”

ADRIANA ALMEIDA, 17, Estudante

“Quando eu vim morar no bairro não tinha nada. Hoje a circular passa na frente da minha casa, é um conforto. Daqui saio só quando for para o Cemitério”

EDGAR CAETANO, 67, Aposentado

“Eu moro aqui há 35 anos, desde quando ainda era sítio. É um lugar ótimo, de tranquilidade e povo bacana, além de ser bem servido de estrutura”

JOSÉ ALVES DA SILVA, 58, Comerciante

POR QUE VOCÊ GOSTA DE MORAR NO MIOSÓTIS?

10 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 11: O Diáro no seu bairro - Miosótis

MIOSÓTIS I 11O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 12: O Diáro no seu bairro - Miosótis

q Quem foi Alfredo Moisés Maluf

Maluf, que empresta o nome ao colégio, foi um pioneiro de Maringá. Ele faleceu em 1983, com 93 anos. De origem libanesa, ele foi um dos pioneiros de Maringá - chegou na cidade em 1948 e, aqui, logo se destacou no comércio. Já foi cidadão honorário, presidente da Associação Comercial ei um dos fundadores do Lar dos Velhinhos. Um dos comércios que mais lhe fez nome foi o Posto Maluf. Segundo registros históricos do próprio colégio, “na década de 50 era um dos comerciantes que mais vendia gasolina na região”.

Histórias de educação e de amor O Maluf, como é conhecido por todos no bairro, é uma escola que “se multiplica” em várias gerações

O Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf é o único estadual da região. Fica no Conjunto Residencial Hermann Moraes de Barros, onde funciona desde 10 de agosto de 1981.

O centro de ensino atende, atualmente, mais de 1,5 mil alunos, no ensino regular (do 6º ano ao terceirão). Essa demanda escolar vem dos bairros Conjunto Hermann Moraes de Barros, Grevílea I, II e III, Quebec, Copacabana I e II, Jardim Vitória, Paris, Parque das Bandeiras, Parque das Palmeiras e Jardim Diamante.

As 18 salas de aula estão sempre lotadas, principalmente de manhã e à tarde. Segundo a diretora Suely Chigutti

Um abraço coletivo no colégio: memórias marcadas. — FOTO: NÁJIA FURLAN

Nájia Furlan [email protected] y

Yamashita, todo ano o colégio precisa absorver quase duzentos alunos que vêm das cinco escolas municipais da região. “No ano que vem, teremos um pouco menos. Serão uns 180 alunos. A demanda é muito grande e, como somos a única escola estadual, quase não damos conta de atender”, revela.

Apesar de sempre realizar os pequenos reparos do dia-a-dia, a escola nunca recebeu uma grande reforma, desde a criação. Porém, este ano, as salas receberam ar condicionado. Para 2016, deve haver a tão esperada reforma na cozinha e no telhado de um dos blocos.

“Trabalhamos com o dinheiro que vem do Fundo Rotativo do Estado. São duas cotas, uma para serviços e outra para consumo. É dessa verba que fazemos as pequenas intervenções. Não

acho que precisaríamos ampliar. Acho mais interessante que o bairro ganhasse uma nova escola estadual, próxima, para atender a demanda crescente”, comenta a diretora.

Suely está no colégio há mais de 20 anos - é diretora do Maluf há dez. Antes disso, era a professora de inglês. Ela deu aula, inclusive, para a mãe do Marcos Vinícius Schiavo, de 17 anos, aluno do 3º ano do Ensino Médio. “Eu moro no Portal das Torres. Gosto muito de estudar aqui, onde minha mãe estudou. Ela gostava tanto que me colocou aqui também”, diz ele.

Quando tiver filhos, Marcos também pretende matriculá-los no Colégio Maluf. É o mesmo desejo de Matheus Quadros, de 18 anos, colega de classe de Marcos. “Eu ia à creche Walkíria Fontes, que fica aqui atrás; já estudei no Midufo Vada e no Caic. Nunca saí do bairro para estudar”, conta.

A avó de Matheus era professora do Maluf, onde, há alguns anos, também estudaram o pai dele e as três tias. “Duas delas, como minha avó, hoje são professoras”, completa o aluno. História de amor Na mesma sala dos meninos, estuda a Luana Basso, de 19 anos. Assim como os dois, ela está lá desde a antiga 5ª série, hoje 6º ano.

“Quando vim estudar aqui, senti conforto porque meu pai, minha mãe, minhas tias, todo mundo estudou nessa escola”, revela.

Os pais de Luana se conheceram

no colégio - estudavam na mesma sala. “Tínhamos 17 anos. Era em 1981. Estudamos sempre juntos, desde o fundamental. Namoramos quatro anos, ficamos outros quatro anos noivos e depois casamos. De casados, temos 21 anos. Para a gente, com essa história ligada ao colégio, é gratificante Luana estudar ali também”, conta a mãe Maria Cristina Basso.

Luana também namora um colega de classe, o Luiz. Faz pouco tempo, mas já é o suficiente para as brincadeiras dos colegas. “Hummmm... Será que vão casar também”, brincam Marcos e Matheus.

12 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 13: O Diáro no seu bairro - Miosótis

MIOSÓTIS I 13O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 14: O Diáro no seu bairro - Miosótis

Prefeitura responde solicitações 111 A Prefeitura de Maringá afirma que vai analisar a possibilidade de ampliar a UBS Quebec. Na área da cultura, a assessoria de imprensa municipal garante que, neste ano foram realizadas diversas atividades culturais no bairro. Além disso, “uma nova biblioteca com espaço de 270 metros quadrados, mais amplo, será entregue próximo ao Parque das Palmeiras até o final do ano se não houver imprevistos”. Sobre os problemas das praças e parque, a Prefeitura garante que encaminhará uma equipe para verificar o que pode ser feito.

Em relação à falta de segurança, segundo a assessoria de imprensa, a Guarda Municipal está à disposição para rondas, abordagens e encaminhamentos necessários. Sobre a situação do fundo de vale (no Córrego Mandacaru, no Parque das Palmeiras), segundo a secretaria municipal de Meio Ambiente afirma que, em breve, receberá as obras do projeto de revitalização. No local, está sendo licitado o cercamento, uma calçada ecológica e recomposição da mata. Em relação à dengue no bairro, segundo o 3º Liraa, o índice de infestação é zero.

Bairro tem muito; pode ter mais O Diário escutou a demanda e buscou resposta da Prefeitura para os problemas apontados

Na Rua Hermínio Girardi, bem ao lado do Centro Esportivo, tem uma horta comunitária. Aliás, a primeira instalada em Maringá, em julho de 2007. Até hoje, com o trabalho e cuidado da própria população (atualmente seis pessoas, todos aposentados, ligado ao Centro do Idoso do bairro), produz principalmente verduras e alguns legumes. Tudo orgânico. Apesar de uma horta pequena – 720 metros quadrados, 600 plantados – 40% da produção vai para a mesa dos produtores, o restante é vendido no próprio bairro.

“É a própria comunidade que vai até ali comprar. São vizinhos, professores das escolas dos arredores”, explica o

Nájia Furlan [email protected] y

engenheiro agrônomo responsável pelo projeto, José Oliveira de Albuquerque, da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Semusp).

A Academia para a Terceira Idade (ATI), do bairro fica exatamente entre a horta e o Centro Esportivo. A qualquer hora do dia, ali sempre tem gente se exercitando. Principalmente, mulheres.

Em se tratando de Educação, o Miosótis também está bem servido. São três Centros Municipais de Educação Infantil, que atendem um total de 721 crianças (de 4 meses a 5 anos). Cinco escolas municipais, onde estudam mais de 1,9 mil alunos, de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Uma escola estadual, com mais de 1,5 mil estudantes, do 6º ao 3º ano do Ensino Médio.

E por lá ainda tem três unidades

básicas de saúde - uma no Quebec, outra no Portal das Torres e uma no Grevíleas. Praças, sendo as mais conhecidas a das Palmeiras, das Bandeiras e a Megumu Tanaka. Uma grande área verde – do Parque das Palmeiras - um bosque de aproximadamente 54 mil metros quadrados, que, apesar de atender mais o público das caminhadas e as atividades no campo, tem projeto para a revitalização e reabertura para visitação e lazer na parte interna.

Centros Comunitários são dois na região. Um deles, na Rua Flamboyant, atende os eventos e reuniões da Associação do Bairro e ainda rende o aluguel, pois pode ser alugado para eventos extras. O outro, que fica atrás do Centro Esportivo, é utilizado pela Secretaria da Mulher. Aliás, as interessadas já podem dar o nome para se inscreverem nos cursos da área de Costura (em parceria com o Senac) ou das oficinas de artesanato que ocorrem por lá. O telefone é o 3901-1720.

Sem falar da Igreja Biblioteca (provisoriamente na Avenida Kakogawa, mas em breve no Parque das Palmeiras, em sede própria). Há ainda igrejas e templos, banco, mercados... Enfim, os moradores garantem que não precisam sair do bairro, para nada. a região é bem atendida em infraestrutura e facilidades, segundo a maioria dos moradores. Porém, para a sociedade civil, no bairro organizada na Associação de Moradores, sempre tem melhorias a serem feitas.

Urgente “Poderíamos, por exemplo, ter pelo menos mais três ATIs. Uma delas poderia ser feita, o quanto antes, no Parque das Palmeiras”, diz o presidente da Associação, Nivaldo Faustino do Conjunto Hermann Moraes de Barros. Outra demanda dos moradores, segundo ele, seria mais uma unidade de saúde ou a ampliação da UBS do Quebec.

“Ainda mais necessário, para o Miosótis, hoje, é benfeitoria em termos de lazer e cultura”, pontua o representante. Ele cita a falta de estrutura das praças; o abandono do Parque das Palmeiras que, segundo ele, hoje seria ponto de drogas.

A situação do Parque das Palmeiras é confirmada pelo funcionário da Semusp, quem cuida de lá. “Lá dentro, infelizmente, os ladrões escondem mercadoria roubada ou drogas e muita gente se reúne para para consumir essas coisas. Se eu fecho o Parque com corrente, eles arrebentam a cerca de arame. É uma pena, precisaria a polícia dar uma batida ali”, comenta Domingos Massetti.

Outro problema que tem incomodado a população do bairro é o fundo de vale do Córrego Mandacaru, no Parque das Palmeiras. Além da erosão, o problema é o lixo e os potenciais cridaouros para o Aedes Aegipty, o mosquito da dengue. A prefeitura diz afirma há projetos em andamento em relação ao local - confira no box abaixo.

14 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 15: O Diáro no seu bairro - Miosótis

MIOSÓTIS I 15O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 16: O Diáro no seu bairro - Miosótis

q Atividades do Centro

p Fortalecimento de vínculo - Terças, das 8h às 10h30 p Educação Física - Quintas, das 8h30 às 9h20 p Aula de violão - Terças, das 14h às 16h p Oficinas de convívio (aulas manuais) - Segunda a quinta. p Educação de Jovens e Adultos - manhãs, de segunda a sexta Informe-se pelo telefone 3901-1142.

Idosos ativos e bem ocupados No bairro, o que não falta é opção de esporte, lazer e até educação para a terceira idade.

A região é tranquila para aquela “caminhadinha” e, como muitos moradores descrevem, é um local cheio de amigos para “bater um papo”. Porém, essas não são as únicas opções para a o pessoal da terceira idade do Miosótis manter a cabeça e o corpo em atividade.

O Centro Esportivo do Hermann

Atividades no Centro mantêm o corpo e a mente saudáveis — FOTO: JOÃO CLÁUDIO FRAGOSO Nájia Furlan [email protected] y

Moraes de Barros tem, por exemplo, turmas de alongamento, hidroginástica, natação e volley de câmbio. “É uma espécie de volley adaptado, exatamente para atender os idosos”, explica a professora Marisa Nakai Ramos.

Com exceção da hidro, que está com lista de espera, as outras modalidades sempre têm vagas abertas. “É gratuito e para participar basta vir até aqui e fazer o cadastro”, explica Marisa, que é a coordenadora do centro.

Aproveitar a oportunidade foi o que fez a aposentada Margarete Monteiro, de 60 anos. “Eu faço alongamento, ginástica, hidroginástica, natação, de tudo um pouco”, conta. Moradora do Parque das Palmeiras, ela diz que não pode ficar parada. “Se a gente não se mexer, depois que a idade chega, a gente trava”, brinca.

Além de ajudá-la com a saúde física, o espaço também axilia o emocional. “Faz toda a diferença na minha vida. Tenho muitas amigas aqui”, garante a senhora. Ocupando a cabeça Outro local que oferece convívio, lazer e novos conhecimentos aos idosos é o Centro de Convivência para o Idoso e Fortalecimento de Vínculo Parque das Palmeiras. Como afirma uma das instrutoras, Marlene Maria da Cruz, responsável pelas oficinas de convívio, existem várias atividades, todas abertas para a comunidade do bairro e do entorno. “Temos até uma sala que, recentemente, foi montada para oferecer educação, de 1ª a 4ª série. Já tem 16 alunos que assistem às aulas aqui”, diz.

Uma outra atividade que agrada bastante e tem feito sucesso, há anos, são as oficinas de convívio, que a Marlene instrui. “São abertas para qualquer pessoa com mais de 18 anos. É de convívio porque, com as pessoas de diferentes faixas etárias, é possível promover a interação. Tenho alunas de 20 até 80 anos”, conta.

Dona Lúcia Nogawa, de 75, é uma delas. “Há 30, 40 anos eu sabia fazer crochê, mas esqueci. Quando descobri que aqui tinha aula, voltei para reaprender”, diz ela, que é moradora do Cidade Nova e, segundo as colegas, trabalha quietinha nos bordados.

Já Clotilde Vieira, de 66 anos, participa das oficinas na companhia da filha

Lucilene de Lima. “Quando ela falou que vinha comigo, eu me animei. Agora, se falto já me faz falta”, diz a senhora.

A filha conta que se mudou de São Paulo para Maringá para cuidar da mãe. “Quando cheguei aqui, minha mãe estava depressiva e não levantava do sofá. Agora, quase dois anos depois, todo mundo percebe a diferença nela”, comemora Lucilene.

Convívio Foi pesquisando que dona Francisca, de 62 anos, achou o Centro. Mesmo morando no Paris II, ela se esforça para não faltar às oficinas. “Mantém a nossa cabeça cheia de coisa boa”, afirma.

Dona Tereza Castelhado, também de 62, concorda. Zeladora aposentada do Colégio Maluf, há um ano ela se encontrou. “Se eu ficasse só em casa, ia adoecer. Gosto muito de participar”, garante.

E não são apenas as idosas que curtem esses momentos. Márcia Regina da Silva tem 37 anos e procura não perder as aulas, exatamente pelas colegas. “Eu amo estar com elas e ouvir suas histórias”, revela.

16 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 17: O Diáro no seu bairro - Miosótis

MIOSÓTIS I 17O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 18: O Diáro no seu bairro - Miosótis

A esperança mora no Emaús Ela está lá, à rua Ana Cordeiro Diasi, 1.228, no Jardim Quebec, de portas abertas à comunidade

É na Casa de Emaús que muitas pessoas encontram o apoio que precisam, no momento mais difícil de suas vidas. Todo mundo sabe, mas poucos compreendem. O que faz? Como? Por que? É o que a comunidade ainda precisa entender e se orgulhar, por abrigar esse importante trabalho.

Idosa portadora de HIV acolhida pela Casa de Emaús: “família” — FOTO: JOÃO CLÁUDIO FRAGOSO

Nájia Furlan [email protected] y

O local não é um centro de saúde, mas o trabalho da equipe entra no setor. Também não se trata de uma entidade de serviço social, assim formalizada. Porém, abre-se para acolher. Assim que trabalha a Casa fundada em 1999, pela Comunidade Nossa Senhora de Sião. Apesar de também oferecer atividades para os idosos – atualmente são quase 20 que participam – o forte é o atendimento a portadores do vírus da Aids (HIV).

“São 360 pessoas cadastradas, de Maringá e região, mas 150 participam diretamente. Quase todos chegam aqui abalados pelo choque de receber o diagnóstico da doença”, afirma o coordenador, voluntário, José Aparecido Dias.

Segundo a assistente social da Casa, Clarice Chimirri, são homens e mulheres, principalmente com idades entre 21 e 43 anos. Mas também tem crianças e idosos.

“Aqui eles têm atividades de artesanato – com o apoio da UEM, com a produção de bijuterias, que são vendidas e a renda é dividida entre o grupo. Além disso, tem missa e atendimento psicológico com apoio da Uningá”, expõe.

Segundo Clarice, além das atividades semanais, uma vez ao mês são proferidas palestras.

“Geralmente falamos de saúde, principalmente da importância da adesão ao tratamento e dos cuidados com a transmissão”, afirma.

Mesmo sem receber verba pública – de nenhuma instância - para esse atendimento às pessoas com HIV, é a própria Casa que mantém a estrutura e a equipe.

“Também oferecemos aos nossos usuários cestas básicas e leite. Chegamos a doar mais de 1,3 mil litros, pois é com este alimento que eles têm que tomar os remédios. Para isso, contamos com a ajuda da comunidade”, clama Aparecido.

Além desse pedido especial, a equipe da Casa sente falta de uma acolhida maior da comunidade. “Estamos aqui, abertos e sempre precisando de quem queira conhecer e ajudar”, diz ele.

Exemplo Foi na Casa de Emaús que I.H, de 62 anos, encontrou “uma verdadeira família”, como ela mesma conta. Aposentada, faz 19 anos que ela descobriu ser soropositiva.

Há 14 anos ela participa de todas as atividades da Casa de Emaús. Hoje, ela diz que se sente tranquila e em paz. Inclusive, na entidade, ela conheceu o novo companheiro, também portador do vírus. Estão juntos há 13 anos.

“Na Casa de Emáus eu me encaixei”, completa ela, que garante que a luta hoje, continua, principalmente contra o preconceito. “Não precisamos ser rotulados ‘aidéticos’. Na vida dos outros, isso não muda nada”, conclui.

18 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 19: O Diáro no seu bairro - Miosótis

MIOSÓTIS I 19O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 20: O Diáro no seu bairro - Miosótis

Um passeio pelo lugar Repórter percorre o bairro, descola um guia mirim e coleciona histórias dos moradores

Uma cidade dentro da outra. É assim que os moradores do Miosótis costumam descrever o bairro onde vivem. Caminho a pé, numa nublada tarde de quinta-feira, pela larga Avenida Kagogawa, com esta frase em mente. Seguindo o cheio tentador de fritura, viro à direita na Avenida das Grevíleas. Próximo à Escola Municipal Prof. Nadyr Maria Alegretti, uma pequena feira livre do produtor. Resisto ao rissoles de carne da barraca de pastel. Uma senhorinha tenta equilibrar várias sacolas numa só mão, enquanto sacode a outra no ar, chamando a atenção de duas crianças que brincam de pega-pega entre os passantes. Ofereço ajuda. Geny Mazer, 73, agradece, mas recusa a gentileza. “Moro aqui pertinho. Não está pesado, ó”, comprova, erguendo as sacolas. Por causa da chuva, os netos não foram à escola e ela ficou incumbida de cuidar dos pequenos, uma de 3 e outro de 5 anos. “Aproveitei para passear um pouco com eles e comprar alface e rúcula para a janta”, diz. Frequentadora assídua da feira, Geny gosta de chegar cedo para poder escolher as frutas e

Ariádiny Rinaldi [email protected] y

verduras mais fresquinhas. “Os produtos da feira duram mais. Quando eu compro em outro lugar, apodrece rapidinho”, compara. O aglomerado do lado oposto da rua prova que nem todo mundo pensa igual à senhorinha. Uma quitanda faz concorrência acirrada e expoem, na calçada, bancas com as ofertas do dia.

Na praça Megumu Tanaka, quatro serventes de pedreiro, sentados numa das mesas de concreto, jogam conversa fora, à espera que o tempo melhore para voltar ao trabalho. Mestre de obras da turma, Edvaldo Francisco Ferreira conta que aquele é o “escritório” do grupo. De segunda a sexta-feira, antes de pegar no batente, eles se encontram na praça para definir por qual construção começar. “Eu amo esse lugar. É o melhor lugar do bairro”, diz Edvaldo, admirando a paisagem. “Antigamente, essa praça enchia de gente quando tinha jogo de malha. Do campo, só restou o corredor e um pedaço de ferro, que, hoje, a garotada usa para andar de skate. Nunca disputei campeonato, mas eu era bom”, gaba-se.

A poucos metros, trombo com Augusto Michlski Cordeiro, 35, morador do Jardim Copacabana, que passeia com o cachorro “Lobinho”. “Ele apareceu, filhote, na porta da minha casa. A gente

trata ele como filho. É mimado, só come carne”, conta. “Picanha?!”, pergunto. “Com a crise não dá”, brinca. Augusto é porteiro. Pega quatro circulares para ir de casa ao trabalho e voltar. “O trajeto leva uns 50 minutos. O ruim é que, às vezes, preciso esperar mais de uma hora no ponto até chegar o segundo ônibus. Por causa disso, já levei bronca do patrão”, reclama. Augusto diz que não vê a hora em que saia do papel o projeto de transformar a rotatória em um terminal de integração do transporte coletivo.

Proibido estacionar Avanço para a avenida das Palmeiras. Lá, as árvores dão um ar praieiro para o bairro. Ao longo de três quadras é possível encontrar de tudo: material de construção, banca de revista, lotérica, açougue, academia, banco, farmácia, cabeleireiro, floricultura, loja de doces, de presentes, de aviamentos, de bolsas e calçados, de moda infantil e adulta. Opção de comércio não falta. “O que falta é vaga para estacionar”, observa Vagner de Andrade. Mesmo com a placa indicando que o estacionamento só é permitido das 18h às 6h da manhã de segunda a sábado e nos domingos e feriados, há inúmeros carros parados dos dois lados do canteiro central. Olho para o relógio: 17h15. Descubro que deixar o veículo parado por ali é costume dos tempos em que a estrada ainda era de chão. Desde que a Setran estipulou horários de estacionamento, vários moradores têm colecionado multas. Esperto, Vagner aguarda atento, dentro do carro, a mulher voltar das compras. “Caso algum abelhinha apareça, eu zarpo.”

Menino descalço Da paróquia Nossa Senhora de Lourdes, vou para a avenida São Judas Tadeu. O sinal bate e alunos deixam em bando o Colégio Alfredo Moisés Maluf. No caminho do percurso, encontro um guia. Henrique Eduardo, 9, topa o desafio de me apresentar o bairro onde mora.

Entusiasmado com a proposta, ele esquece até os chinelos e segue descalço.Vira à esquerda; direita; direita; agora, direita ou esquerda – não sei mais. Estou perdida. Excepcional jornalista-mirim, Henrique faz perguntas sobre o meu trabalho: o quê, quando, onde, como. No Centro Esportivo do Miosótis, pede para eu me apresentar aos amigos dele como sendo sua irmã. “Só para fazer inveja.”

Na horta comunitária, o garoto pinta os pés de vermelho e experimenta a frutinha que Maria Therezinha Tunin intitula de “saco-de-bode”. Maria e Jovelina de Lima, cuidam da plantação, jogando sal na terra úmida para espantar os caramujos. A atividade é interrompida com a chegada de uma mulher, que pergunta por hortelã. “Minha netinha está com dor de barriga. No hospital, fizeram exames e não descobriram nada. Tadinha, deve estar com verme”, conta. Do caderninho de remédios caseiros, Maria aconselha o chá de hortelã com mel. “Hortelã é boa para depressão também. Com mel e pinga, faz um bem danado”, aconselha, com uma boa gargalhada.

Sargento bom de cana O roteiro de Henrique continua. Próximo ponto turístico: bar do Alcides. O espetinho na brasa e a cerveja gelada é um convite à happy hour. Entre os boêmios, conheço o “Sargento”. Ex-agente da PM e um dos primeiros moradores da região, ele ganha a vida vendendo caldo de cana. “Com o mais puro do mel”, garante. Trajando chapéu de palha, bermudão e camiseta azul desgastada, Sargento não mede as palavras: “Disseram que o contorno ia trazer desenvolvimento para região. Cadê? Aquele viaduto é um perigo. Sempre acontece acidente”,diz. Enfim, o sol aparece se pondo no horizonte. Me despeço de Sargento e, olhando para trás, vejo Henrique, descalço, correndo pela rua. Deixo o bairro com a impressão de que retorno de uma longa viagem para outra cidade.

20 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 21: O Diáro no seu bairro - Miosótis

MIOSÓTIS I 21O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 22: O Diáro no seu bairro - Miosótis

Um bairro de família 111 Parece, não. É fato e comprovado. O Miosótis é um bairro de família. Por quê? O senhor Aléssio D’Ângelo, de 71 anos, lá do bar na Avenida São Judas Tadeu, bem sabe. Morador desde 1979, ele tem no bairro quase todos dos quatro filhos e nove netos. “Só não estão aqui um filho e dois netos, que hoje vivem fora, nos Estados Unidos. Os demais continuam todos aqui, perto de mim”, conta, com orgulho. Rodeado de amigos, ele diz que o que o manteve no bairro foi exatamente esse “clima” de que vizinhos são mais que vizinhos. “Eu gosto muito daqui, tanto que nunca saíamos daqui”, diz seo Aléssio. Mas não são só essas amizades que dão ao bairro esse “jeitão” familiar, não - é algo a mais, que até parece tradição. Lembra do senhor Osmar e dos filhos (lá do Depósito)? E do Gilmar, pai e filho, da casa de carnes, que ainda trabalham com a ajuda do avô Orlando? Sem esquecer da Família Nogarolli, do antigo São Francisco? Então, a vida profissional também se confunde com a pessoal, desse pessoal trabalhador do Miosótis. Assim como todos esses personagens, personalidades do bairro, também o Daniel Pereira de Souza, 59 anos, na “oficina” de refrigeradores, está passando o ofício para o filho, de 33. E, adivinhe o nome dele? Daniel, como pai – de nome e profissão. “Além desse, que trabalha comigo, todos moram aqui por perto. Ao todo, são quatro filhos e seis netos. Uma, inclusive, mora aqui do lado. Também é por isso que eu digo: é um bairro muito tranquilo e de muito boa vizinhança”, completa Daniel, que também vive no bairro desde 1979.

Lembranças do São Francisco Terceira maior rede de supermercados do PR começou como uma ‘bodega’ no Miosótis

Todo maringaense conhece ou já comprou no São Francisco. Muitos sabem que, em 2010, a rede se fundiu com o Cidade Canção, formando a terceira maior rede de supermercados do Paraná. Poucos devem imaginar que, este ano, já com 35 lojas, em três Estados, e sete mil funcionários, o faturamento deve chegar a R$ 1,8 bilhão. Porém, o que apenas alguns lembram é como tudo começou.

“Foi no dia 8 de maio de 1982. Era aniversário do meu pai, quando inauguramos a primeira loja. Ficava numa data pequena, na Avenida das Palmeiras. O bairro era novo, mas o conjunto habitacional estava crescendo. Crescemos juntos com a Vila Miosótis e temos muito orgulho disso”, conta Jefferson Nogaroli, presidente do Conselho Administrativo da Companhia Sulamericana de Distribuição (CSD).

Como os mais tradicionais negócios do bairro, desde a primeira loja, a família Nogarolli sempre trabalhou unida. O fundador Valdir Nogaroli, os filhos Jefferson, Valdir (o Guto),

Nogaroli: pé no bairro — FOTO: NOME

Nájia Furlan [email protected] y

Jeane e Francisco Nogaroli, e Deolinda Nogarolli, a dona Catita, mãe dos quatro, que sempre fez questão de ajudar.

Além de estabelecer comércio, em 1982, no Miosótis, eles também foram morar lá. Aliás, até hoje eles não se afastaram muito: moram ali no Jardim Imperial. “Tamanha gratidão e apreço temos pela Vila e pelos clientes e amigos que conquistamos por lá”, revela Jefferson.

O começo Tanto o filho mais velho como o pai contam que o começo foi sofrido. “O pai comprou o barracão e ia comprando as mercadorias conforme sobrava dinheiro. Nós mesmos que pintamos o prédio, com cal. O dinheiro não dava nem para tinta. Ainda não tínhamos mercadoria suficiente para encher um mercado, mas abrimos. Eu, meu pai, minha mãe e dois irmãos (o Francisco ainda era pequeno, tinha seis anos na época). A gente ajudava em tudo, até na entrega”, conta Jefferson.

A mãe lembra exatamente o que ele falava, nessa época. “Hoje estamos comprando de caixinha, mas tenho certeza de que, um dia, vamos comprar de carreta”, conta orgulhosa.

Dona Catita – que até hoje vota no bairro, na Escola Estadual Moisés Maluf, aonde os filhos estudaram - completa que morar no bairro, quando ainda nem tinha asfalto, com quatro filhos e sem conhecer a região, também não foi fácil. “Como todos os moradores mais antigos, tínhamos que andar no barro. Quando chovia, a água entrava toda na nossa casa. Eu vivia sempre muito atarefada com as coisas da casa, cuidando dos filhos e ajudando no mercado quando sobrava tempo. Mas era na dificuldade e na exaustão que vinha a força, porque sempre estávamos unidos e sempre encontramos, no Miosótis, pessoas maravilhosas que nos ajudaram”, recorda-se orgulhosa.

O senhor Valdir, hoje com 76 anos, faz questão de sempre voltar ao bairro, nem que seja para cortar o cabelo, no mesmo barbeiro, na avenida São Judas Tadeu. “É tanta história... Eu me lembro do Bié e do Edimilson que me ajudaram a construir, e tantas outras pessoas. Era amizade sincera. Eu vendia fiado e fazia questão de atender a todos. Hoje, só tenho a agradecer aos moradores do Miosótis por tudo o que fizeram para a minha família não deixando de comprar na minha ‘bodega’”, afirma o fundador.

22 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 23: O Diáro no seu bairro - Miosótis

MIOSÓTIS I 23O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 24: O Diáro no seu bairro - Miosótis

Sucena leva a diversidade cultural Comandado por mestre Chuppim, associação oferece aulas de capoeira e danças afro-brasileiras

Há 2 anos com sede no Miosótis, na avenida São Judas, a Associação de Capoeira Centro Cultural Sucena oferece, além de aulas de capoeira, oficinas de danças : samba de roda, maculelê, coco, jongo, entre outras. Atualmente, a associação conta com 65 alunos de diferentes faixas etárias e promove projetos sociais no Colégio Estadual João de Faria Pioli, no Centro Comunitário do Conjunto Ney Braga, no núcleo Papa João XXIII, além de atender comunidades de Mandaguari, Floresta, Doutor Camargo e Itambé. Comandado por Rogério Juventino de Alencar Feitosa, mais conhecido como Mestre Chuppim, o Sucena tem como principal objetivo resgatar e divulgar a diversidade cultural.

Paulistano, Chuppim deu inicio em sua trajetória no ano de 1978 na cidade de Diadema, em São Paulo, treinando com Mestre Luis Carlos de Souza. “Eu tinha 16 anos quando vi uma turma tocando berimbau e me aproximei perguntando se eu também poderia brincar. O Mestre Luis, me disse uma frase que guardo até hoje na memória: ‘Não estamos brincando, estamos praticando’. Ali percebi que a capoeira tinha de ser levada com seriedade”, recorda.

Radicado em Maringá desde 1989, Chuppim lutou para criar um espaço específico que fosse referência para a prática da capoeira e para a

Aula de capoeira na Associação Sucena: luta para criar o espaço. — FOTO: DIVULGAÇÃO

Ariádiny Rinaldi [email protected] y

cultura afro local. Chuppim conta que trabalhou como pedreiro, mecânico e no almoxarifado de um supermercado. Ao lado de professores de Karatê e Kung Fu, abriu uma academia de lutas no Parque Laranjeiras. O empreendimento, porém, durou pouco tempo porque não conseguia cobrir as despesas. Durante 10 anos, Chupim ministrou oficinas de capoeira no Centro Comunitário do Jardim Quebec. “O salão era concorrido e quase não sobrava horário para as aulas”, recorda.

Edgar Santos Toledo, 27, é um exemplo do resultado dos programas sociais promovidos pelo Sucena. Hoje professor, Toledo começou a praticar capoeira na infância, aos 10 anos de idade, e desde então não parou mais. Se encantou pela música, pela dança, pela luta e pela história afrodescendente, por meio de um projeto do Sucena com a pastoral da criança da comunidade. “Mais do que ministrar uma aula, o Mestre Chupim ensinava uma filosofia, um modo de vida. O que era para ser uma coisa à toa, um passatempo para não ficar na rua o dia inteiro, acabou tendo um desenvolvimento bem maior na minha vida”, diz.

Em 2006, Toledo entrou no curso de Educação Física na Universidade Estadual de Maringá, influenciado pela vivência no Sucena. Com a demanda do estágio, surgiu a oportunidade de repassar o que já tinha aprendido. “Gosto de trabalhar, principalmente, com crianças. Consigo me identificar mais com eles. As aulas são lúdicas.

Eles aprendem os movimentos na base da brincadeira, passando por debaixo da corda, pulando por cima de um amigo ou passando a perna sob algum obstáculo. Batucando no pandeiro e no tambor eles adquirem o ritmo e através das brincadeiras compreendem

a história da escravatura. É gratificante quando eles demonstram interesse”, comenta. Um dos alunos de Edgar é o filho Hector, de apenas 7 anos. “Ele está treinando firme comigo. A capoeira é uma paixão que está passando de pai para filho.”

24 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 25: O Diáro no seu bairro - Miosótis

Zelador boa praça Por conta própria, o funcionário municipal ampliou sua atuação no Miosótis

Domingos Erineu Massetti, de 49 anos, é funcionário da Prefeitura – no serviço operacional – há 24 anos. Ele não mora na região do Miosótis; é morador do Jardim Atenas. Porém, trabalhando no bairro há sete anos, tem uma ligação forte com o local.

“O meu serviço é cuidar da praça do Jardim Vitória e do Parque das Palmeiras”, conta ele, sobre a sua atribuição formal. Porém, o seu trabalho, por amor ao bairro, não ficou restrito só a essa delimitação.

Por conta própria, ele resolveu cuidar também da praça da Igreja (Paróquia Nossa Senhora de Loudes/ São Judas Tadeu) e do canteiro da

Com organização e muito amor, Domingos cuida do bairro — FOTO: NÁJIA FURLAN

Nájia Furlan [email protected] y

avenida das Palmeiras. E mantém toda uma escala para isso.

“Quatro vezes ao ano, eu faço a capina do canteiro da avenida. Uma vez por semana, faço a limpeza, recolhendo o lixo, e a manutenção. Já a praça da igreja, eu carpo duas vezes por mês e, toda quarta, à tarde, eu limpo. Eu amo o que faço, trabalho com amor”, garante.

Apesar de tanta dedicação, este ano, o seo Domingos quase saiu do bairro, pois não tinha aonde ele ficar, durante a jornada. O local que ele ocupava está sendo reformado. “A Prefeitura ia me tirar daqui, mas a população se mobilizou, inclusive pela Internet, e conseguiu que eu ficasse”, conta.

O presidente da Associação do Conjunto Hermann Moraes de Barros, Nivaldo Faustino, confirma essa mobilização. “O seo Domingos é uma pessoa muito

querida aqui no bairro. Ele deixa esses canteiros sempre limpos e bem cuidados. Não podíamos deixá-lo sair da região. Iam tirá-lo porque o local que ele ocupava para descansar entrou em reforma e ele não tinha mais aonde ficar”, explica Faustino.

Atualmente, ele almoça e descansa no prédio do antigo posto de saúde, ao lado da Escola Estadual Moisés Maluf. “Eu gosto muito de trabalhar aqui. Não sei de explicar o porquê – acho que é porque aqui sou reconhecido. Eu, que tenho problemas sérios de saúde – de visão e de nervos – tenho o trabalho aqui como terapia”, diz.

O sonho do “zelador do bairro”, atualmente, é ver o Parque das Palmeiras revitalizado. “Espero que eu esteja aqui para ver”, conclui ele, logo voltando a cuidar do asseio da avenida São Judas.

MIOSÓTIS I 25O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 26: O Diáro no seu bairro - Miosótis

Meu pedacinho de chão Relativamente nova, a região do Miosótis ainda conserva alguns traços da vida rural que a marcou

Próximo às avenidas principais ainda restam algumas casas de madeira. Na Rua Jequitiba, um cacto cresce, alcançando mais de três metros de altura, e um galo canta antes da hora.

Presidente da Cooperativa Palmeiras de materiais recicláveis, Vicente Augusto Silva, 69 anos, ainda não se acostumou com os blocos de concreto e o alvoroço que foram tomando o lugar das plantações e da tranquilidade que antes reinava ali. Natural de Minas Gerais, Silva conta que lá, por muitos anos, plantou e colheu café. Chegou à Maringá com 28 anos, em 1974, e até 1998 trabalhou

Vacas pastando, galos cantando... Tudo isso pertinho do Centro — FOTO: JOÃO CLÁUDIO FRAGOSO

Ariádiny Rinaldi [email protected] y

na Fazenda de Renato Celidônio - personagem importante da história da cidade eleito, duas vezes, como deputado federal.

“Pegava a carroça e vendia leite engarrafado lá para Zona 7. Depois, passei a entregar de moto. Empilhava até 70 litros na garupa. Olha só o resultado”, diz, mostrando as veias estouradas da perna direita, com a qual sustentava todo o peso da carga ao parar a moto.

Por não ser alfabetizado, Silva não conseguiu arrumar emprego em outro ramo de atividade. Por isso, continua fazendo o que sempre gostou: cuidar de animais. “É muito gostoso. Não tem coisa melhor. Tratar de bicho é melhor do que tratar com o ser humano. O animal não te faz mal”, filosofa. Silva diz que seu sonho é comprar um

pedaço de terra. “Eu não gosto de cidade. Tenho

vontade de morar no sítio, mas é muito caro”, lamenta.

Enquanto o sonho não se torna realidade, ele mantém a criação de três vacas, três bezerros e um cavalo, na mata ciliar, próximo ao córrego Mandacaru. “A Prefeitura já veio me autuar, mas o processo embargou na Justiça. Não estou incomodando ninguém”, declara.

Horta, cachorro, papagaio... Sidneide José de Souza, 58, é outra moradora que ainda tenta conciliar o desenvolvimento urbano com a vida do campo. Na casa da Rua Pioneiro Pedro Gabriel dos Santos, ela tem uma horta particular com diversos pés de alface, almeirão, batata-doce e couve. Vive sozinha na companhia de dois cachorros e um papagaio. Funcionária da Associação dos Funcionários da Universidade Estadual de Maringá (Afuem), ela diz que era de Paranavaí e que o local onde mora era para ser, na verdade, a sede da associação da empresa marido.

“A empresa faliu, meu marido faleceu e eu fiquei por aqui.” Sidneide conta que conheceu o marido, quando o pai carpinteiro foi chamado para fazer serviços na fazenda da

família dele. Depois de casada, morou em

Rondon e no interior de São Paulo. “Lá, fui obrigada a ficar. Lembro que, quando chegamos na divisa entre Paraná e São Paulo, meu coração trancou. Foram os piores sete anos da minha vida. Aquele Estado é uma loucura”, comenta.

De volta à terra roxa, ela descreve como era essa região de Maringá: “Eu vivia matando cobra e aranha no chinelo. Em dias muito quentes, a gente descia para tomar banho no rio. Próximo daqui, tinha dois ‘bosteiros’, aqueles tanques de esgoto, sabe? Foi difícil acostumar com a carniça. Mesmo assim, era melhor do que São Paulo”, afirma.

Sidneide mantém os arredores da casa sempre muito bem cuidado, com o mato aparado, pintura nova na cerca e um jardim de flores.

“Senão o os vizinhos pensam que o terreno está abandonado e começam a jogar lixo e sofá velho”, reclama. Ela diz que a Prefeitura já tentou tirá-la da casa. “Mas, como eu tenho os documentos e o desenho na planta, tudo certinho, ninguém consegue. Amo esse meu pedacinho de terra. Daqui, só saio dentro de um caixão”, diz a determinada moradora do Miosótis.

26 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 27: O Diáro no seu bairro - Miosótis

q AGENDA FIXA

p Missas: Segunda, terça, quinta e sexta-feira às 19h; quarta-feira às 15h; sábado às 19h e domingo às 8h e às 19h Todo dia 11 do mês às 20h – Missa e novena de Nossa Senhora de Lourdes Todo dia 28 do mês, às 6h, 15h, e 20h - Missa e novena a São Judas Tadeu p Contato: 3263-453

Ano do Jubileu de Prata Paulo Cortez relembra a época em que a paróquia do bairro celebrava as missas no antigo barracão

Neste ano, a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes e São Judas Tadeu comemora o jubileu de prata. Durante esses 25 anos, Paulo Cortez, 77, assumiu o cargo de ministro da eucaristia e acompanhou o envolvimento da igreja com a comunidade cristã do bairro. Cortez mudou-se para o Hermann Moraes de Barros em 1981, com a mulher e mais quatro filhos. Na época, ele trabalhava revendendo pão na região. “Por aqui, não havia padaria. Então, eu comprava pão no centro e passava entregando, de casa em casa”, conta. Católico fervoroso, ele se lembra de quando o bairro não tinha igreja e padres de outras comunidades

Ariádiny Rinaldi [email protected] y

vinham celebrar a missa campal. “A gente puxava o bico de luz para iluminar à noite. O Padre Zezinho ou o Padre José Fernandes rezavam a missa e a estrada de terra enchia de gente”, recorda.

Jair Aparecido Favoretto, atual padre da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, foi o primeiro pároco que se comprometeu com a comunidade. Em 1988, ele mobilizou um mutirão para a construção de um barracão na avenida das Palmeiras – hoje, abandonado – onde, por vários anos, funcionou a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes. “Cada um contribuiu como pôde. Eu não sabia fazer trabalho de pedreiro, mas ajudei a fazer a mistura do cimento. A construção foi devagar, mas não demorou tanto para ficar pronta”, diz Cortez. No barracão, Cortez casou uma das filhas, Zenaide Aparecida Cortez

Caleffi. “Foi uma cerimônia simples, mas de muita alegria”, rememora.

Aos poucos, a paróquia foi formando grupos de reflexão e

arrecadando o dízimo. Grandes festas, almoços, comemorações e até mesmo rodeios eram organizados para arrecadar fundos. “De bermudão e carregando a caixa de cerveja no ombro pelo meio da multidão, ninguém falava que aquele sujeito era o Padre da comunidade. O Jair fez muito pela igreja”, afirma Cortez.

O crescimento de outros bairros ao redor e o aumento da população do Miosótis fez com que Dom Jaime Luiz Coelho visse a necessidade de criar uma nova paróquia. Ao mesmo tempo, um grupo de devotos de São Judas Tadeu planejava a construção de um Santuário. A coincidência resultou na união dos dois padroeiros: a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes e São Judas Tadeu foi fundada no dia 24 de março de 1990.

MIOSÓTIS I 29O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 28: O Diáro no seu bairro - Miosótis

Atividades e talentos descobertos Centro Esportivo Miosótis oferece atividades físicas para público de diferente faixa etária

O Centro Esportivo Prof. Bento Fernandes Dias é um dos mais movimentados de Maringá. Da esquina se ouve a gargalhada das crianças no parquinho e o ranger das gangorras e os gritos de euforia da molecada batendo bola na quadra coberta. Inaugurado em 1988, durante a gestão de Said Felício Ferreira, o Centro Esportivo do Miosótis foi batizado com o nome de um dos irmãos do senador Avaro Dias. Bento era formado em economia, doutor pela Fundação Getúlio Vargas, ministrava aulas na Universidade Estadual de Maringá e morreu em 1974. Desde que abriu as portas, o Centro recebeu única reforma no ano de 2009. Apesar do tempo, o lugar continua bem preservado - resultado do cuidado dos frequentadores.

Do total de 13 centros esportivos de Maringá, o do Miosótis é um dos poucos que possuem campo de futebol no tamanho oficial. O espaço conta ainda com uma piscina semi-olímpica descoberta, que funciona apenas nos meses mais quentes, entre o final de outubro e o começo de abril, devido à falta de aquecedores.

Nem mesmo a tarde nublada tira o ânimo da turma da hidroginástica. Da caixa de som, improvisada, à beira da piscina, músicas de Cláudia Leite dão ritmo a aula. Mais de 20 mulheres, de diferentes faixas etárias, seguem o comando de Patrick Leite da Silva. De

Hidroginástica é atividade concorrida no Centro Esportivo do bairro. — FOTO: RICARDO LOPES

Ariádiny Rinaldi [email protected] y

maiô, touca na cabeça e com a boia de espaguete na mão, Devanir Fernandes Naujokat, 47, revela que não sabe nadar. Mas, isso não a impede de participar. “É a minha segunda semana aqui. Já perdi o medo da água”, conta. Moradora do Parque Grevíleas, Devanir entrou na hidroginástica por recomendação médica. “Eu tenho bico-de-papagaio na coluna e, como a água ajuda a diminuir o impacto dos exercícios, me faz um bem danado”, diz, enquanto repete os movimentos.

Segundo Marisa Nakari Ramos, técnica esportiva responsável pelo Centro, a hidroginástica é uma das atividades mais procuradas.

Ela explica que para participar é simples: “basta preencher uma ficha de cadastro com os dados pessoais”, diz. Para aqueles que desejam se inscrever na hidroginástica e na natação é preciso também fazer uma carteirinha. “É preciso trazer uma foto 3X4 e passar por um exame médico para poder usar a piscina”, ressalta. Caso não haja vagas disponíveis, os interessados podem ingressar em uma lista de espera.

Saúde Neide da Silva Theodorowizz chegou ao Centro Miosótis com o objetivo de emagrecer. “Eu pesava mais de 90 kg e estava com colesterol alto”, lembra. Por meio de um projeto do Centro em parceria com o Posto de Saúde do Quebec, Neide recebeu atendimento de psicólogas, nutricionistas, fisioterapeutas e

enfermeiras. “Fiz uma reeducação alimentar e me inscrevi na turma da aeróbica e da hidroginástica. Em um ano, perdi quase 30 kg. Melhorei minha autoestima, ganhei disposição e muitas amigas”, diz, apresentando uma das parceiras, Evanil Aparecida Oliveira Campanha.

Evanil bate carteirinha no Centro há quatro anos, todos os dias. “Antes, eu não praticava nenhum tipo de

atividade física, só trabalhava. Depois que me aposentei, não quis ficar parada. Procurei o Centro porque queria ter uma vida mais saudável”, comenta. Juntas, Neide e Evanil participam de várias competições de corridas que acontecem na cidade. “Montamos um grupo de sete pessoas. Marcamos presença em todas as maratonas de rua e fazemos questão de correr com a camiseta do Centro Esportivo”, ressalta Evanil.

28 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 29: O Diáro no seu bairro - Miosótis

q SERVIÇO

p Endereço: Rua Erminio Giraldi, S/N - Jardim Copacabana Telefone: (44) 3901-1777 Horário de funcionamento: terça-feira a domingo das 7h30 às 12h e das 13h30 às 18h. Atividades oferecidas: futsal, futebol, vôlei, alongamento, atletismo, ginástica, natação, hidroginástica e recreação.

Revelando jovens estrelas do futebol e do atletismo 111 Do Centro Esportivo Miosótis (CE) já saíram grandes atletas, como Ana Paula Caetano de Oliveira, uma das principais esportistas do País no salto em altura, e Klisley Anderson de Mora Teixeira, jogador do Maringá F. C. Com mais de 150 atletas, com idades entre oito e 17 anos, o CE tem times nas categorias Sub 11, Sub 13 e Sub 15. Todos têm a oportunidade de entrar em campo, se divertir, aprender e aperfeiçoar os fundamentos do esporte - quem se destaca pode ser convidado para equipes de rendimento. Foi assim com José Armando Soares da Mota Bernardo, atual volante do time Sub 15 do Centro. Em uma partida no interior do Estado em 2013, Bernardo chamou atenção do olheiro do Coritiba Foot Ball Club, depois de fazer dois belos gols. “Eles gostaram de mim, mas eu não tinha idade para alojamento nem parentes em Curitiba. Então, me convocaram para fazer testes de seis em seis meses, para acompanhar minha evolução. Conheci jogadores, fiz contatos e vi de perto

como funciona o treinamento deles”, conta. Ao completar 14 anos, Bernardo não foi efetivado na categoria de base do Coxa - a negativa não abalou o jovem. “Agora estou focado em me aprimorar. Aprendi muito aqui no Centro. Com a natação, ganhei estatura. No futsal ganhei agilidade e, no campo, a gente aprende a técnica, percebe que futebol é mais do que chutar a bola, é estratégia”, afirma. No atletismo, Jordana Stella Motta dos Santos, 17, é a principal revelação. Desde que começou a competir em 2011, ela coleciona títulos: nos Jogos Escolares do Paraná, Jordana levou o ouro por cinco anos consecutivos no arremesso de peso, representando o Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf, onde cursa o 3º ano do Ensino Médio. A última grande conquista foi em setembro deste ano: alcançou a 3ª colocação no Campeonato Brasileiro Interclubes ao atingir 13,81 m – quinta maior nota nacional. Atleta da Associação de Atletismo de Maringá, entidade conveniada

à Secretaria de Esporte e Lazer, Jordana recebe apoio financeiro do município e da Caixa Econômica Federal. Competindo, ela viajou para vários cantos do País. “Conheci lugares que eu não teria condições de ir se não fosse o esporte. Fui para João Pessoa, Recife, Porto Alegre, São Paulo, Belém e Poços de Caldas”, enumera. Ela conta que foi por acaso que começou

a praticar a modalidade. “Eu fazia natação no Centro e fui convidada para um teste no atletismo. O professor quis que eu continuasse”, recorda. O técnico Mauro Inácio de Paula explica que o principal objetivo do Centro é proporcionar a crianças e adolescentes os benefícios da prática esportiva - revelar talentos é consequência. “Nosso trabalho é avaliar em quais pontos cada um se destaca e direcioná-los para o melhor caminho”, afirma. Luzineide Aparecida Motta dos Santos, não esconde o orgulho da filha. Ela conta que foi arremessadora quando jovem. “Eu descobri o atletismo muito tarde, aos 18 anos, e precisei largar para procurar um emprego. A Jordana tem talento e está tendo uma chance incrível. Por isso, eu pego no pé dela e a incentivo a buscar sempre melhores resultados”, diz. Com vaga garantida no curso de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá, Jornada sonha em ir longe - tão longe quando o seu maior arremesso.

MIOSÓTIS I 29O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 30: O Diáro no seu bairro - Miosótis

ÁRIES

21 Mar-20Abr /// Seu regente Marte ingressou no signo oposto ao seu, Libra, onde movimenta sua vida social e estimula você a se mostrar mais altruísta. Seu desejo de união está em alta, mas pode surgir tendência para a competitividade.

TOURO

21Abr-20Mai /// A nova posição de Marte faz com que as próximas semanas sejam ideais para você se concentrar nas atividades práticas e no que exija objetividade. Os cuidados com saúde também serão bastante frutíferos.

GÊMEOS

21Mai-20Jun /// Durante as próximas semanas você estará com a corda toda. Terá mais alegria de viver, atividades de lazer são favorecidas e há maior força aos amores. DICA: será muito mais fácil demonstrar tudo aquilo que você sente.

CÂNCER

21Jun-22Jul /// Marte ativa seu signo de concepção e enche você de disposição para se concentrar nos assuntos caseiros e familiares. Aproveite para resolver tudo o que está pendente. Aja com diplomacia, não crie atritos.

LEÃO

23Jul-22Ago /// Leituras, atividades culturais e intelectuais e os estudos estarão muito favorecidos, graças a Marte. Agora esse planeta ativa sua mente e acentua sua capacidade de aprendizado. Seu desejo de ação está em alta.

VIRGEM

23Ago-22Set /// A partir de agora Marte ativa seu setor material e faz com que as semanas vindouras sejam muito favoráveis para você se concentrar nas atividades práticas. Sua capacidade de realização está em alta.

LIBRA

23Set-22Out /// Marte iniciou na quinta-feira a visita que a cada dois anos faz a seu signo. Ele é o planeta da energia, por isso acentua seu lado combativo e motiva você a lutar com garra por tudo o que acha certo.

ESCORPIÃO

23Out-21Nov /// Convém você pensar ainda melhor antes de falar e agir. Mantenha o senso de realidade e não se jogue de cabeça em situações que não sejam bem claras. Não se iluda nem espere demais de quem você mais gosta.

SAGITÁRIO

22Nov-21Dez /// O planeta Marte começou a ativar sua casa das amizades, onde estimula seu lado mais participante, solidário e fraternal. Esse planeta torna você ainda mais consciente e capaz de exercer sua cidadania.

CAPRICÓRNIO

22Dez-20Jan /// Desde quinta-feira Marte magnetiza o ponto culminante de seu céu natal. Assim, faz com que o sucesso e a realização, social e profissional, estejam mais do que nunca a seu alcance. Não bloqueie necessidades afetivas.

AQUÁRIO

21Jan-19Fev /// O planeta da combatividade, Marte, em seu novo trânsito por Libra, estimula sua necessidade de romper com a monotonia do cotidiano e viver experiências novas. Viajar e mudar de ambiente será muito estimulante.

PEIXES

20Fev-20Mar /// De agora em diante Marte magnetiza seu setor das transformações e reforça seu desejo de mudar e de romper com tudo o que já era. Faça um profundo exame de consciência e entenda suas reais necessidades.

POR GILDA TELLESHORÓSCOPO

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

FEIRAS LIVRES Terças Avenida São Judas Tadeu – Conjunto Hermas Moraes de Barros – das 17 às 21 horas – Feira Pôr-do-Sol. Quintas Avenida das Grevíleas – Parque das Grevíleas – das 17h45 às 21h15 – Feira Verde.

COLETA DE LIXO Às segundas, quartas e sextas. COLETA SELETIVA No Cjto. Hermann Moraes de Barros a coleta passa toda quinta-feira. ATIs ATI Quebec: Rua Letícia de Paula Molinari.

ATI Centro Esportivo Profº Bento Fernandes Dias : Rua Erminio Giraldi, S/N - Jardim Copacabana ESCOLAS (TEL.) CMEI Ana C. Men 3901-1772 CMEI Walkíria Fontes 3901-1883 CMEI Antonio Facci 39012229

E.M. Diderot A. da Rocha Loures 3901-1755 E.M. Prof. Midufo Vada 3901-1798 E.M. Prof. Milton Santos 3901-1804 E.M. Prof. Piveni P. Moraes 3901-1740 E. E. Alfredo M. Maluf 3263-9677

POSTOS DE SAÚDE UBS Grevileas III – Admin. R. Kiri, esq. c/ R. Peruibe, 3309 – 4439 UBS Portal das Torres – R. Mario Manganoti, s/n, 3309 –4451 UBS Quebec – R. Leticia de P. Molinari, 300, 3309 –4458

UTILIDADE PÚBLICA

30 I MIOSÓTIS O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 31: O Diáro no seu bairro - Miosótis

O milagre da Acácia-Rosa Maria passava, todos os dias, pelo mesmo caminho. Há anos. Décadas. Uma vida toda. O tempo passava. O viço se ia. Mas o ca-minho precisava sempre ser encarado. De casa para o trabalho. Do trabalho para casa. Diariamente. Segunda à sexta. Miosótis cor-tado a pé, solas e mais solas de sapato. E a vida se repetia. E o caminho parecia sempre igual. A cabeça flutuava. “Tenho que passar no mercado comprar farinha e ovos para o bolo.” “Será que a Alice ficou brava no traba-lho? Não foi por mal, mas a verdade tem que ser dita.” E os anos iam se acumulando. Até que, um dia, Maria, olhou para cima e viu o esplendor sob forma de natureza. Naquele mesmo caminho de sempre, uma Acácia-Rosa brotou. A vida, então, ficou diferente. Melhor. /// Wilame Prado—FOTO: J.C FRAGOSO

#

Janela de Fatos

MIOSÓTIS I 31O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ NOVEMBRO de 2015

Page 32: O Diáro no seu bairro - Miosótis