o dia em que o sol encolheu - perse - publique-se · tanto quanto eu apreciei escreve-la.. 8 . 9...

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O DIA EM QUE O SOL ENCOLHEU

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O DIA EM QUE O SOL

ENCOLHEU

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John Dekowes

O DIA EM QUE O SOL

ENCOLHEU

(Novela de Ficção Científica)

Primeira Edição

Petrópolis, RJ

2013

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Copyright ©2007 by John Dekowes

Titulo: O dia em que o sol encolheu

Nenhuma parte deste livro pode ser utilizadaou reproduzida, em qualquer meio ou forma,

seja digital, fotocópia, gravação, etc., nemapropriada ou estocada em banco de dados,

sem a prévia autorização do autor.

Este livro é uma obra de ficção e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas,

ou lugares, eventos ou locais é mera coincidência. Os personagens são produções da imaginação

do autor e usados ficticiamente.

Todos os direitos desta edição reservados à John Dekowes

Ilustrações do Autor

Capa e projeto gráfico:Jamoal Design

ISBN 978-85-8196-243-6

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ÍNDICE

Preâmbulo - 263 mil anos d.C. 1 – Planeta Terra - 857 mil anos depois

2 – Ocaso cósmico 3 – Início do Fim

4 – Grande decisão 5 – Laços de amizades

6 – Os Uranos 7 – Os Jupterianos 8 – Ódio incontido 9 – Planeta refém 10 – O inevitável

11 – Mudanças solares 12 – Corações envenenados 13 – Das nuvens a salvação

14 – Os Nurömns 15 – Paisagem macabra 16 – O planeta repartido

17 – Difícil decisão 18 – Fio de esperança

19 – A Colonização - 423 mil anos d.C. 20 – Início do Cinturão

21 – Os Yidhas 22 – De volta ao inferno

23 – O pensamento dos Humnos 24 – Térqueos dominam a superfície

25 – A nação Aja-y-ajA

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26 – A traição dos Térqueos 27 – O Sol no clímax

28 – 857 mil anos depois 29 – A Grande Jornada 30 – A estrela Phestor

31 – Novas descobertas 32 – O triunfo dos Humnos

33 – Novas esperanças 34 – O cinturão de asteroides

35 – A mão do destino 36 – Morte anunciada

37 – Suspeitas 38 – A revelação

39 – As cápsulas de Mnemotron 40 – Finalmente a paz

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Para Tatiana e Pablo filhos queridos,

auxiliares de navegação.

Agradecimentos especiais ao meus amigos e colaboradores:o matemático Severiano J. Lopes,

a professora Juscena S. Costa e ao site Astronomia no Zênite.

Espero que gostem da históriatanto quanto eu apreciei escreve-la..

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Preâmbulo263 mil anos d.C.

Antes de a Terra passar pela sua mais terrível guerra planetária, os habitantes pertenciam somente a uma casta que denominavam de

raça humana. Naqueles tempos o termo “raça” se tornara genérico para todas as criaturas do pla-neta e cada espécie se dividira ou subdividira em diversas raças, o que não significava, contudo, um consenso geral. Dentro da própria raça, apesar das tantas partilhas genéticas, existiam aqueles diver-gentes que não se consideravam pertencer ao tron-co ramificado e decadente da raça humana, porém descender de uma espécie superiora. Abominavam todo o material científico-religioso guardado na biblioteca de Alkanlurx, o qual se referia ao nasci-mento da espécie humana desde o primórdio dos tempos. Consideravam que toda a história fora ma-nipulada.

No cinerama bioespacial, com a ajuda das "Cápsulas de Mnemotron" podiam voltar àquelas épocas e pesquisar a fundo a gênese. Entretanto, re-tornar continuamente no tempo causava distorções e danos irreparáveis à saúde e à mente, e, principal-mente, implicava também em perder temporaria-

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mente alguns instantes do presente. A cientista e mnemometra M’arya trabalhava

no Instituto Alkanlurx, um imponente prédio envi-draçado em formato de bolha, só que espetado num pilar com 380 metros de altura acima do nível do mar. E ao redor, desciam cabos de aço vítreos que se apro-fundavam na terra a quilômetros de distâncias dali. E abaixo de cada um, num total de 40, encontravam-se complexos científicos e militares que colhiam e guar-davam todas as informações recebidas dos viajantes temporais. Apesar de M’arya ser uma das organiza-doras da Biblioteca de Alkanlurx e sua principal pes-quisadora e preservacionista exclusiva das "Cápsulas de Mnemotron", não via com bons olhos o que estava acontecendo ao redor. Talvez fosse a única a notar.

Aqueles mais radicais, com permissão especial do governo terrestre e que negavam a ontogênese, procuravam assiduamente, como ideia fixa, conhecer suas origens, numa entrega quase que total, abando-nando o tempo presente que avançava célere para o futuro. Entre eles se encontrava o seu amigo e pesqui-sador R’annkon que achava aquilo perfeitamente nor-mal. Afinal era um direito deles. Mas apesar discor-darem a respeito daquele assunto, ambos como cien-tistas, concordavam numa coisa: aquele ir e vir estava ocasionando uma ruptura temporal com a realidade muito grande e, o regresso, não os deixava mais apa-ziguados, muito pelo contrário, voltavam obcecados e irados com o detrimento religioso criado por uma di-vindade egoísta, que praticava o hedonismo de forma amoral e maledicente. Não podiam crer que tivessem sido gerados à imagem de um Deus que se prevalecia dos fracos e oprimidos para a construção do seu im-

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pério. Uma entidade megalomaníaca! Alguma coisa estava errada. A raça humana não podia ter nenhum vínculo com aquela entidade monstruosa, contudo, eles jamais estariam ou ficariam submissos àquelas histórias infundadas e decrépitas.

E o resultado foi um desencadeamento de con-flitos religiosos por todo o planeta.

A princípio tudo era visto com desdém e não levado muito a sério, entretanto, com o tempo, o an-tagonismo foi aumentando até se tornar preocupante; com o surgimento de rixas entre grupos rivais: os sec-tários das velhas tradições contra os que acreditavam pertencer a uma raça superior. E, rapidamente, os conflitos foram tomando conta da vida de todos, cres-cendo pelas cidades, alastrando-se feito uma moléstia incurável e adquirindo proporções mundiais. O pla-neta se dividiu em duas facções inimigas: os Térqueos e os Humnos. Os Térqueos acreditavam na superiori-dade do ser humano, oriundo de uma descendência mais nobre e, os Humnos, numa verdade absoluta: num Deus superior, que os criara à sua imagem e se-melhança. Como muitos apregoavam ― os mais mode-rados na questão ―, a ruptura desuniu famílias, trazen-do sentimentos de ódio, rancor e muita violência. Pais e filhos se tornaram adversários mortais em embates hostis, até que se perdeu a serenidade das emoções e o respeito mútuo entre todos. Conflitos armados en-tre grupos rivais assolavam por todos os cantos. Cada um erguia sua bandeira manchada de sangue acima da cabeça, como uma vitória, sem se importar se feria parentes ou amigos. A capital Tus’ya se transformara no centro do interesse das duas facções que “briga-vam” ― entre aspas ― pela supremacia indiscreta da

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sua totalidade. Existiam ainda – apesar de o tempo ter transcorrido em milhares de séculos – constrangi-mentos emocionais prejudicando uma separação completa. Muitos Térqueos foram Humnos e mui-tos Humnos foram Térqueos, e era bastante pro-blemática essa relação para ambos os lados, que se toleravam amparados por um ódio desmesurado.

Os Térqueos nunca iriam tolerar que inde-centes Humnos transformassem o planeta num an-tro de perdição religiosa, no qual o valor da raça fosse esquecido em prol de um Deus recalcado e presunçoso! A submissão não fazia parte do seu gene! Nem os Humnos iriam deixar que Térqueos imundos dominassem, trazendo o vazio das má-quinas e a frieza de suas almas... No auge da bata-lha, quando não havia vencidos nem vencedores, apenas seres tentando provar suas frágeis verda-des, os líderes se reuniram em território neutro e, numa jogada de estratégica política religiosa, ela-boraram o “Tratado de Shewök” em que estabe-lecia, em linhas gerais, a existência de uma trégua por tempo indeterminado, desde que cada parte respeitasse seus credos religiosos/políticos e não iniciasse nenhum atrito ofensivo. O objetivo princi-pal oculto neste tratado foi a urgência que sentiam de buscar aliados fortes fora da Terra, aproveitan-do os eventos siderais: a elongação e a aproximação dos planetas do Sistema Solar, de uma posição pri-vilegiada, nos planos das órbitas elípticas de cada um, para transporem os obstáculos dimensionais com mais facilidades.

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1Planeta Terra

857 mil anos depois

Observar o manto negro que absorve o brilho das estrelas, estando a quase 700.000 anos-luz do Sol, no espaço profundo, e vendo

tudo girar numa massa uniforme, é algo fascinante que se perpetua para sempre na mente de qualquer criatura; ainda mais quando se presencia o choque entre duas galáxias: a Via Láctea se encontrando numa magnífica colisão com a enigmática Andrô-meda. Pela visão, imagina-se que planetas, sóis e centenas de bilhões de estrelas estejam se chocando umas com as outras, devido às fagulhas, faíscas e clarões violentíssimos que se veem, mas é apenas a densa poeira cósmica de ambas que causa esse impacto visual. Porque as estrelas se encontram a milhões de quilômetros distantes. Entretanto, ape-sar disso tudo, muitas se acham, coincidentemente, na mesma direção de outras estrelas, e muito mais próximas do que se supunham e, desta forma, oca-sionando trágicas consequências a outros planetas e pequenos universos isolados; ou sistemas planetá-

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rios que se deslocam de suas órbitas motivados por reações desconhecidas, invadindo outros campos gravitacionais e causando verdadeiras tragédias estelares. Num ritmo acelerado, eventos cósmicos acontecem enquanto as galáxias se cruzam giran-do em direções opostas. Alguns grupos planetá-rios e estrelas com movimentos próprios e fracos são literalmente envolvidos pela força de atração de um ou outro braço da girândola, sendo caniba-lizados. As nuvens e poeiras cósmicas carregadas de energias estranhas vão penetrando e mudando as estruturas e conteúdos energéticos de estrelas e sóis. Muitos, transformados em pontos estéreis, em astros mortos, vagam errantes pelo espaço.

Não existe a certeza de que um sistema so-lar irá ficar incólume ao efeito ou fenômeno tem-poral-sideral. Por maior distância que possam estar os planetas, as estrelas, os sóis; ambas as galáxias sucumbem sob a influência de ocasos cósmicos. A fusão imprópria de dimensões espaciais, a invasão de fronteiras siderais finitas na concepção da lógi-ca dos mapas estelares, mas infinitas em um Uni-verso inexistente, contudo, surgido do nada como não-forma atômica que muta em função da cons-tância do vazio, do interior do próprio vácuo, os limites fronteiriços se estabelecem com a negação da matéria, que absorvendo grande concentração de energia negativa, gera uma organização de for-ças antagônicas. E, dentro dessa osmose cósmica, os espaços vão se alargando ou se encolhendo li-vremente. E o que se supunha naquele momento, já não o era; ou se acreditando que já fora, ainda não havia acontecido. Percebe-se o tempo como

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algo inatingível, mas, no entanto, manipulado em todo o Universo na busca do tangível, do momento certo, do significado da própria existência como se entende, todavia compreende o movimento cósmi-co da energia que transcende aquilo que é o vácuo, o vazio... O nada.

Cada ser tem o seu próprio nada preenchido do vazio em que habita. A sua matéria não possui substância; apenas aglomerados de átomos, que juntos recriam uma realidade palpável dentro de uma dimensão de formas, porém, sem a verdadeira essência aparente.

― Mas o que seria do tempo se não houvesse o nada? O que seria da vida sem o vazio que com-porta o seu conteúdo ensimesmado no tempo?

Saltos temporais prevalecem onde íncubos e súcubos se digladiam na posse do poder sideral. Os pontos iluminados e pulsantes lutam dentro da densa escuridão. Cada foco de luz é um farol da resistência divina, repleta de vida e calor que, aos olhos diletos de algumas criaturas, se transformam em quintilhões de brilhos fulgurantes expostos lon-ginquamente, além da imaginação, além da linea-ridade exponencial do pensamento. Mas à aproxi-mação dessas nuvens refulgentes, quão surpresa se faz notar quanto à pequenez das suas comparações diante do universo, que se dispersa em velocidade espantosa para lugar algum, ou previamente esta-belecido pela força impoluta de um poder diabóli-co incomensurável!

Esquadrinhar compulsivamente o espaço, observando as mudanças ocorridas em milhões de anos e que irão transformar uma geração de plane-