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___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ O DESIGNER INSTRUCIONAL E O OLHAR PEDAGÓGICO Eliane Silvestre Oliveira, Ana Paula Silva Figueiredo 2 , 1 CEFET-MG/Mestrado Educação Tecnológica, [email protected] 2 UNIFEI/Instituto de Recursos Naturais (IRN), [email protected] Resumo O designer instrucional tem sido reconhecido como fundamental na elaboração de cursos. Ele é responsável pelas fases que vão desde a análise do problema educacional até o planejamento e a implementação de soluções para este problema. Portanto, faz-se importante uma análise do papel que esse profissional deverá exercer. Nesta perspectiva, este trabalho tem como objetivo entender como este profissional atua na elaboração de cursos virtuais sob a ótica do conhecimento pedagógico necessário. Portanto este artigo teve como objeto de estudo a análise das etapas de elaboração do curso “Se Essa Rua Fosse Minha – Capacitação de Professores em Educação Para o Trânsito”. Para alcançar o objetivo deste estudo, foi realizada uma pesquisa exploratória de natureza qualitativa. Foram analisados os dados do curso e os documentos de especificação de design. Os resultados deste trabalho apontam que o designer instrucional exerce importante papel pedagógico, uma vez que é responsável pelo desenvolvimento de metodologias e técnicas, tendo em vista atender aos estilos de aprendizagem, adequando o conteúdo ao desenvolvimento das inteligências múltiplas e possibilitando assim que o Ambiente Virtual de Aprendizagem ofereça ao aluno condições de um aprendizado significativo e dinâmico. Palavras-chave: Design Instrucional; Educação a Distancia; Abordagem pedagógica. Abstract The instructional designer has been recognized as fundamental in the development of courses. He is responsible for the phases ranging from the analysis of the educational problem to the planning and implementation of solutions to this problem. Therefore, it is important to an analysis of the role that these professionals should exercise. In this perspective, this study aims to understand how this business works in the development of virtual courses from the perspective of the necessary pedagogical knowledge. So this article was to study the object of the analysis of the course preparation steps "If This Street Were Mine - Teacher Training in Education for Traffic." To achieve the objective of this study, an exploratory research of qualitative nature was accomplished the course data and design specification documents were analyzed. The results of this study show that the instructional designer plays an important educational role, since it is responsible for developing methodologies and techniques, in order to meet the learning styles, adapting the

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O DESIGNER INSTRUCIONAL E O OLHAR PEDAGÓGICO

Eliane Silvestre Oliveira, Ana Paula Silva Figueiredo2, 1

CEFET-MG/Mestrado Educação Tecnológica,

[email protected] 2 UNIFEI/Instituto de Recursos Naturais

(IRN), [email protected]

Resumo – O designer instrucional tem sido reconhecido como fundamental na

elaboração de cursos. Ele é responsável pelas fases que vão desde a análise do

problema educacional até o planejamento e a implementação de soluções para este

problema. Portanto, faz-se importante uma análise do papel que esse profissional

deverá exercer. Nesta perspectiva, este trabalho tem como objetivo entender como

este profissional atua na elaboração de cursos virtuais sob a ótica do conhecimento

pedagógico necessário. Portanto este artigo teve como objeto de estudo a análise

das etapas de elaboração do curso “Se Essa Rua Fosse Minha – Capacitação de

Professores em Educação Para o Trânsito”. Para alcançar o objetivo deste estudo,

foi realizada uma pesquisa exploratória de natureza qualitativa. Foram analisados os

dados do curso e os documentos de especificação de design. Os resultados deste

trabalho apontam que o designer instrucional exerce importante papel pedagógico,

uma vez que é responsável pelo desenvolvimento de metodologias e técnicas, tendo

em vista atender aos estilos de aprendizagem, adequando o conteúdo ao

desenvolvimento das inteligências múltiplas e possibilitando assim que o Ambiente

Virtual de Aprendizagem ofereça ao aluno condições de um aprendizado significativo

e dinâmico.

Palavras-chave: Design Instrucional; Educação a Distancia;

Abordagem pedagógica.

Abstract – The instructional designer has been recognized as fundamental in the development of courses. He is responsible for the phases ranging from the analysis of the educational problem to the planning and implementation of solutions to this problem. Therefore, it is important to an analysis of the role that these professionals should exercise. In this perspective, this study aims to understand how this business works in the development of virtual courses from the perspective of the necessary pedagogical knowledge. So this article was to study the object of the analysis of the course preparation steps "If This Street Were Mine - Teacher Training in Education for Traffic." To achieve the objective of this study, an exploratory research of qualitative nature was accomplished the course data and design specification documents were analyzed. The results of this study show that the instructional designer plays an important educational role, since it is responsible for developing methodologies and techniques, in order to meet the learning styles, adapting the

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content to the development of multiple intelligences and thus enabling the Virtual Environment learning provides students with conditions of a significant and dynamic learning.

Keywords: Instructional Design; Distance Education; pedagogical approach.

Introdução

A modalidade de Educação a Distância no Brasil teve respaldo legal com a aprovação

da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) no ano de 1996. O artigo

80 da LDBEN estabelece a modalidade de educação a distância em todos os níveis

de ensino. No ano de 2005 foi estabelecida a política da qualidade de oferta através

do Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005 que faz uma definição de educação

a distância como [...] modalidade educacional na qual a

mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com

a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação [...]. (Brasil, 2005).

No ano de 2007 o Ministério da Educação (MEC) publicou os Referenciais de

Qualidade para a Educação Superior a Distância. Tal documento tem como objetivo

estabelecer parâmetros, princípios, diretrizes e critérios a serem utilizados por

instituições que venham a oferecer cursos nesta modalidade (BRASIL, 2007). Além

disso, o documento apresenta passo-a-passo como deverá ser a organização dos

cursos. Um fator importante a ser observado neste documento e que merece atenção

trata da equipe multidisciplinar que deverá atuar desde o planejamento dos cursos até a sua implantação e execução, e essa equipe deverá ser coordenada por um Designer

Instrucional (DI). Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE):

[...] o Designer Educacional, também registrado na CBO (Classificação Brasileira de

Ocupações) como Desenhista instrucional, Designer instrucional e Projetista

instrucional, implementam, avaliam, coordenam e planejam o desenvolvimento de

projetos pedagógicos/instrucionais nas modalidades de ensino presencial e/ou a

distância, aplicando metodologias e técnicas para facilitar o processo de ensino e

aprendizagem. Atuam em cursos acadêmicos e/ou corporativos em todos os níveis de

ensino para atender as necessidades dos alunos, acompanhando e avaliando os

processos educacionais. Viabilizam o trabalho coletivo, criando e organizando

mecanismos de participação em programas e projetos educacionais, facilitando o

processo comunicativo entre a comunidade escolar e as associações a ela vinculadas.

(Ministério do Trabalho, 2009).

Portanto conforme definição do MTE o DI tem várias funções que vão desde a

organização do trabalho até a execução do projeto de design instrucional. E mais, é

responsável por viabilizar o trabalho da equipe multidisciplinar.

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Na mesma direção conforme Kensky e Barbosa (2007), o DI é responsável não

só pela elaboração dos cursos virtuais, mas por todas as fases desde o planejamento,

desenvolvimento até a seleção da metodologia mais adequada, para que se possa

atingir os objetivos educacionais propostos diante de cada contexto (KENSKY;

BARBOSA, 2007, p. 3). Para tanto o DI deverá, segundo Filatro (2008), compreender

e saber utilizar as várias Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC),

fazendo uso das mesmas para que ocorra um processo de ensino e aprendizagem

focado no desenvolvimento do ser humano dentro da sociedade tecnológica.

Ainda segundo Filatro (2008, p.21), o design instrucional é definido como […]

a ação intencional de planejar, desenvolver e aplicar situações didáticas específicas que incorpore, tanto na fase de concepção como durante a implementação, mecanismos que favoreçam a contextualização e a flexibilização". Portanto na modalidade de EaD (Educação a Distância), desenvolver e “projetar soluções para problemas educacionais específicos”(FILATRO, 2008, p.9), dentro das mais variadas áreas da educação é tido como a função principal do DI. E ainda, a autora afirma que para tal, este profissional deverá considerar em seu planejamento as diferentes abordagens pedagógicas, visando atender as necessidades de aprendizagem dos vários tipos de aprendizes, de forma a atender os objetivos propostos para a aprendizagem.

Segundo Kenski (2010) cada projeto ou cada nova situação de aprendizagem

deve ser considerado como único e, portanto deve ser contextualizado e desenvolvido

pensando nas especificidades dos alunos. Dessa forma os recursos, ferramentas e

atividades utilizadas devem considerar tais especificidades e outras mais que surgem

em cada situação pedagógica.

Diante dessa realidade, é importante que o profissional responsável pelas

etapas de planejamento e desenvolvimento da proposta pedagógica, faça

intervenções necessárias e conduza o trabalho adotando um plano que responda as

várias demandas pedagógicas de formação, ou seja, assuma um olhar pedagógico,

para que o curso atenda aos alunos de forma a contribuir com a formação que está

sendo proposta. Nesse sentido se faz necessário entender como o DI atua na

elaboração de cursos virtuais sob a ótica do conhecimento pedagógico necessário,

para que o curso seja desenvolvido.

Neste sentido, este trabalho teve como objeto de estudo a análise das etapas

de elaboração do curso “Se Essa Rua Fosse Minha – Capacitação de Professores em

Educação Para o Trânsito”, tendo em vista compreender quais as abordagens e

recursos pedagógicos foram utilizados na elaboração do mesmo. A proposta do curso

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foi desenvolvida por uma designer instrucional como Trabalho de Conclusão de um

Curso de Especialização. Para alcançar o objetivo deste estudo, foi realizada uma

pesquisa exploratória e descritiva de natureza qualitativa.

Para o planejamento do curso foram utilizados alguns recursos, ou ferramentas

de design instrucional, como quadros e tabelas. Estes recursos sintetizam etapas de

discussão coletiva entre os atores de demanda e de planejamento do curso. A

possibilidade de registrar as conclusões da equipe multidisciplinar ao final de cada

fase, em documentos de planejamento torna o desenvolvimento do projeto do curso

uma sistemática de gestão, uma das atribuições do DI. Além disso, a gestão do

conhecimento do processo de desenvolvimento do projeto registra as etapas de

criação, amadurecimento e consolidação das ideias, tornando a ação do DI mais

eficiente ao longo do tempo.

APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DO CURSO

O curso objeto deste trabalho, é livre e na modalidade de EaD, seu objetivo é capacitar

os professores através de uma proposta interativa buscando uma prática pedagógica

coletiva para que esses educadores se tornem multiplicadores do tema educação para

o trânsito nas suas escolas.

O planejamento da proposta do curso foi estruturado conforme descrição

contida no quadro 1, em que são apresentados o nome, objetivo e duração, carga

horária e público alvo, pré-requisitos e acessibilidade, ementa e critério para

aprovação, e também a justificativa e relevância do curso. Do ponto de vista

pedagógico esta fase representa o escopo em que se oferecerá o curso.

Com relação a ementa do curso, os módulos previstos apresentam a temática

de forma simples e objetiva. No primeiro módulo foi proposta uma ambientação para

que o aluno possa conhecer o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e as principais

ferramentas que serão utilizadas durante o curso. Os 5 módulos seguintes buscam

conceituar a temática trânsito e sua aplicação no dia-a-dia, e o último módulo tem

como culminância a construção de um pequeno projeto. Como critério de aprovação

foi definido que o aluno deverá ter participado de pelo menos 50% dos fóruns de

discussão, além de ter aproveitamento de 70% nas atividades avaliativas propostas

no curso. Nesta fase, o aspecto pedagógico estabelece o conteúdo e perspectiva de

avaliação.

O quadro 1 também sintetiza a fase de análise do projeto, que originará o curso,

ou seja, responde às questões de seu objetivo e quem é o público e as suas

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características, o resultado esperado, as possibilidades de atender às pessoas com

deficiência, conteúdo e carga horária esperados. Nesta etapa é também possível

apresentar a ementa do curso, uma vez que será este conhecimento que possibilitará

o desenvolvimento de etapas seguintes do planejamento e desenvolvimento do

mesmo.

Quadro 1- Dados do Curso

Nome do curso Se Essa Rua Fosse Minha – Capacitação de Professores em Educação

Para o Trânsito.

Objetivo do curso Trabalhar o tema transversal trânsito com os professores do ensino

fundamental para que os mesmos possam aplicar a temática em sala de aula de forma lúdica e prazerosa, tornando-se multiplicadores de trânsito.

Carga Horária Presencial 0

Virtual 30 horas/aula

Número de vagas 100 vagas

Duração do Curso 6 semanas

Público-alvo Professores do município de Belo Horizonte/Minas Gerais que atuam na rede

pública de ensino no nível de Ensino Fundamental

Pré-requisitos -ser professor da rede pública municipal de Belo Horizonte -ser professor do Ensino Fundamental

-disponibilidade de 5 horas semanais para realização do curso.

Quadro 1- Dados do Curso - continuação

Acessibilidade O curso possui alguns recursos para acessibilidade a Pessoas com

Deficiência Visual e Auditiva.

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Ementa Módulo I – Ambientação: Conhecendo o Ambiente Moodle

Módulo II – O que é Trânsito: conceitos relacionados ao trânsito.

Módulo III – Mobilidade Urbana: as várias formas de mobilidade urbana no trânsito.

Módulo IV – Cidadania e Sustentabilidade: a responsabilidade de cada cidadão no trânsito e as possibilidades de sustentabilidade.

Módulo V – A Família e o Trânsito: os sujeitos envolvidos no trânsito e as

normas para cada sujeito transitar.

Módulo VI – A Escola e o Trânsito: o trânsito nas proximidades da escola.

Módulo VII – Projeto “Se Essa Rua Fosse Minha”: as ações executadas no trânsito e o que se pode fazer para melhorar.

Critério de Aprovação Para ser aprovado no curso o aluno deverá ter participado de pelo menos

50% dos fóruns de discussão, além de ter aproveitamento de 70% nas atividades avaliativas propostas no curso.

Justificativa e relevância Diante do grande número de acidentes de trânsito no Brasil, o curso se

justifica como uma abordagem preventiva e educativa, tendo em vista que os professores deverão aplicar os conhecimentos adquiridos neste curso

tornando-se educadores de trânsito para a faixa etária a partir de 6 anos. Fonte: Elaborado pelas autoras (dados de pesquisa)

No que diz respeito à acessibilidade o curso prevê o atendimento a Pessoas

com Deficiência (PcD), buscando a inclusão desses sujeitos, principalmente porque

um dos módulos do curso apresenta essa temática. Para atender as pessoas com

deficiência visual é proposto a transcrição textual de imagens e a áudio-descrição, que

é a descrição de imagens por meio de palavras. Para as pessoas com deficiência

auditiva o curso utiliza legendas para descrição de vídeos.

DESIGN INSTRUCIONAL DO CURSO: OS RECURSOS DE

PLANEJAMENTO

O design Instrucional tem como objetivo o planejamento do curso, visando a definição

de conteúdos, atividades e as estratégias que serão utilizadas, tendo como finalidade

alcançar os objetivos específicos propostos para a aquisição da aprendizagem

(FILATRO, 2008). No curso analisado o designer optou por uma proposta de design

instrucional fixo em que o trabalho do DI “constitui-se, em grande medida, na

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elaboração e distribuição de produtos fechados, tais como objetos de aprendizagem

e recursos digitais” (FILATRO, 2008, p. 28), embora esteja contemplada a interação

entre os participantes que de forma colaborativa irão trabalhar a partir dos vários

temas propostos na ementa.

Para que ocorra uma comunicação entre a equipe multidisciplinar responsável

pelo curso, o designer utilizou documentos de especificação. Tais documentos servem

de orientação para que profissionais das mais variadas áreas trabalhem na mesma

direção e, consequentemente, obtenha-se a produção de um curso que atenda os

objetivos educacionais previstos. Os documentos utilizados durante a fase de

planejamento foram os seguintes: Mapa de Atividades, Matriz de Design Instrucional

e o Storyboard (SB).

O Mapa de Atividades é um dos principais recursos utilizados pelo DI. Consiste

num documento em formato de colunas com o detalhamento de todas as atividades

que serão disponibilizadas no AVA: Aula/Unidade: apresenta a identificação e a carga

horária necessária para realização da unidade; Tema principal: apresenta o tema

principal da aula; Subtemas: consiste em subdivisões do tema principal; Objetivos

específicos: objetivos relacionados às competências cognitivas que o aluno deverá

desenvolver durante o curso; Atividades teóricas: especificação das atividades

referentes aos conteúdos e as ferramentas e recursos que serão utilizados; Atividades

práticas: especificação das atividades utilizadas para que o aluno coloque em prática

o conhecimento adquirido na unidade de estudo, bem como os recursos, ferramentas,

prazos e tipos de avaliações que serão utilizadas. (FIGUEIREDO e MATTA, 2012)

Já a Matriz de Design Instrucional apresenta informações de orientação à

equipe multidisciplinar, possibilitando um detalhamento de atividades, que

normalmente sejam mais complexas. Apresenta uma identificação da atividade

detalhada com os objetivos propostos para a atividade, a definição do tipo de interação

que será estabelecida, se individual, em grupo, em dupla, ou outro, o prazo e as

ferramentas que serão utilizadas na proposta, e se haverá algum material de apoio ao

aluno, bem como a definição do local onde será disponibilizado esse material.

Também consta na matriz de design instrucional o que se espera como objeto final da

atividade que será produzido pelo aluno para ser avaliado. E no campo de feedback,

o prazo, e local onde o aluno irá visualizar as notas e comentários das atividades

(SANTOS e FIGUEIREDO, 2015).

O Storyboard (SB) é um importante recurso utilizado pelo DI visando especificar

o conteúdo exato que deve ser produzido. Apresenta de forma visual o que deve ser

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desenvolvido pela equipe. Segundo Filatro (2008) os storyboards são importantes

para a descrição como em uma linha de tempo, possibilitando inserir detalhes das

cenas tais como áudios, locuções e outras informações técnicas necessárias para o

produto final. Dessa forma é possível estabelecer entre a equipe de produção uma

comunicação para que a produção das ideias aconteça sem adiamento de tomada de

decisões. E mais, para a autora “o SB funciona como (1) documentação das decisões

relacionadas ao design instrucional, (2) base para a gestão, o controle e a

comunicação do projeto e (3) demonstração do produto final para os diversos

interessados” (FILATRO, 2008, p. 61). Sendo assim se torna extremamente relevante

a utilização deste recurso para que a equipe de produção desenvolva um produto final

de acordo com a demanda.

DESIGN INSTRUCIONAL DO CURSO: ANÁLISE

Além de compreender os processos de tecnologia e planejamento, é necessário que

o DI seja capaz de utilizar as várias teorias pedagógicas na elaboração de cursos

virtuais ou presenciais (OLIVEIRA, 2015). Segundo Filatro (2008, p.21) o DI tem como

objetivo: […] a ação intencional de planejar, desenvolver e aplicar situações didáticas

específicas que incorpore, tanto na fase de concepção como durante a

implementação, mecanismos que favoreçam a contextualização e a flexibilização".

Na proposta de planejamento do curso, foi utilizada a teoria construtivista

(sócio- interacionista) de Vygotsky (1991), em que o desenvolvimento do indivíduo

acontece a partir do processo sócio, histórico e cultural. Segundo Almeida (2000), “a

teoria de Vygotsky tem como perspectiva o homem como um sujeito total enquanto

mente e corpo, organismo biológico e social, integrado em um processo histórico”

(ALMEIDA, 2000, p.34). Para este autor o conhecimento é sempre mediado

conduzindo assim o indivíduo a uma aprendizagem que acontece a partir das

interações desses indivíduos com o meio, sendo a linguagem fundamental nessa

interação. (OLIVEIRA, 2015).

Portanto, o curso foi planejado e direcionado tendo em vista possibilitar

interação entre os participantes através de atividades nos fóruns de discussão, onde

os participantes manifestam suas opiniões sobre um determinado assunto e dinâmicas

em grupo, cujo objetivo era o estudo de um determinado tema e a construção coletiva

de novas opiniões. Tais atividades possibilitam aos alunos a promoção de discussões.

Segundo Vygotsky (1998) as relações de diálogo quando ganham significado são

promotoras de internalização do conteúdo estudado.

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Outra ferramenta utilizada como promotora de interação foi o glossário, que

possibilita ao aluno a criação de uma lista de conceitos sobre um tema estudado a

partir das discussões promovidas, ocorrendo dessa forma um “novo aprendizado

pautado na interação e socialização do conhecimento, conhecimento este adquirido

individualmente e que culminará no desenvolvimento de habilidades sociais”

(OLIVEIRA, 2015, p.35).

Neste sentido o DI deve associar o conhecimento do AVA a ser utilizado e as

ações pedagógicas, segundo a concepção escolhida para o curso, de modo a

potencializar o processo de aprendizado do aluno. Este aprendizado é estabelecido a

priori pela equipe multidisciplinar, de maneira que o professor possa avaliar ao término

das atividades a conquista de aprendizado, para isto estabelece os objetivos de

aprendizagem e posteriormente as atividades propostas.

Para a definição dos objetivos da aprendizagem o DI utilizou a Taxonomia dos

Objetivos de Aprendizagem de Bloom (BLOOM; HASTIN; MADAUS, 1971) tal como

classificados no quadro 2:

Quadro 2: Classificação dos objetivos de Aprendizagem

Domínio Aprendizado

Afetivo -pressupõe o desenvolvimento da área emocional ou afetiva do aprendiz,

possibilitando o manifestar das emoções, sentimentos, atitudes e posturas;

Psicomotor -está ligado ao desenvolvimento físico e motor do aprendiz;

Cognitivo -possibilita a aquisição de novos conhecimentos, ou seja, ao desenvolvimento

intelectual nos níveis de conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação.

Fonte: BLOOM; HASTIN; MADAUS, 1971

As atividades do curso foram definidas e planejadas tendo em vista atender aos

domínios cognitivo e afetivo. A análise do DI deve considerar o planejamento das

atividades de modo que potencialize o aprendizado dos alunos, e de forma gradual o

torne um indivíduo autônomo no seu aprendizado significativo. O uso da Taxonomia

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de Bloom permite ao DI avaliar se o planejamento das atividades, descritas no mapa

de atividades, tem associação com a intencionalidade da aula.

Os objetivos de aprendizagem no domínio cognitivo devem assegurar ao

professor identificar se o conteúdo planejado e disponibilizado na aula tenha sido

apreendido pelo aluno, deste modo deve ser estabelecido como uma ação a ser

esperada do aluno.

Já no domínio afetivo pressupõe o desenvolvimento da área emocional ou

afetiva, possibilitando manifestar emoções, sentimentos, atitudes e posturas,

apresentando os níveis de receptividade (ouvir), de resposta (responder aos

estímulos), de valorização (aceitar), de organização (relacionar) e de caracterização

(desenvolver), (BLOOM; HASTIN; MADAUS, 1971). Durante o curso, o objetivo é que

o aluno desenvolva tais habilidades principalmente durante a participação nos fóruns

de discussão e atividades em que são exigidas a tomada de atitudes e posturas. O

domínio psicomotor que está ligado ao desenvolvimento físico e motor, não foi

utilizado no curso.

O quadro 3 apresenta um detalhamento dos objetivos desenvolvidos no

domínio cognitivo do curso. Nesta consolidação o DI amplia seu posicionamento

pedagógico sobre o planejamento do conteúdo, reafirmando uma de suas

competências, a pedagógica. Ao listar os objetivos de aprendizagem no domínio

cognitivo, o DI consegue hierarquizar o envolvimento proposto ao aluno ao longo das

atividades do curso, enfatizando a formação de um indivíduo contextualizado em seu

meio, no que concerne o conteúdo do curso, tornando-o um agente de transformação

social.

Quadro 3- Descrição dos objetivos das aulas no domínio cognitivo

Nível Objetivos específicos do curso

Conhecimento Identificar as funcionalidades do AVA Moodle e a organização do curso. Identificar as ferramentas utilizadas no curso.

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Compreensão Explicar os conceitos relacionados ao trânsito.

Descrever a utilização do tema trânsito nas escolas.

Explicar sobre a importância de inclusão dos usuários com mobilidade reduzida

Explicar sobre as responsabilidades de cada indivíduo no sistema trânsito e a

acessibilidade.

Descrever sobre a responsabilidade de cada cidadão no trânsito e suas possibilidades de sustentabilidade.

Aplicação Conceituar cidadania no trânsito.

Descrever sobre a segurança nos arredores da escola

Análise Analisar as várias formas de mobilidade urbana no trânsito.

Analisar as atitudes dos cidadãos no trânsito

Analisar como é o trânsito nas proximidades da escola.

Síntese Planejar ações e normas para os sujeitos envolvidos no trânsito transitarem.

Elaborar ideias sobre formas de segurança nos arredores da escola.

Formular ações que possam ser executadas no trânsito e para melhorar a segurança.

Planejar intervenções nos arredores da escola

Avaliação Justificar as ações escolhidas para o projeto

Fonte: Elaborado pelas autoras (dados da pesquisa)

Estilos de Aprendizagem, Inteligências Múltiplas e avaliação do processo

de aprendizagem

Para Felder e Silverman (2003) a aprendizagem pode ocorrer a partir de diferentes

estilos de aprendizagem, onde consideram a aprendizagem com quatro dimensões

relevantes: visual ou verbal; sensorial ou intuitiva; ativo ou reflexivo; e sequencial ou

global. Tais estilos trabalham com polos opostos, mas isso não quer dizer que cada

indivíduo tenha que ser classificado em apenas um deles. Portanto ao DI cabe

identificar quais as atividades e as ferramentas do AVA potencializam o aprendizado

dos alunos, enfatizando a possibilidade de disponibilizar ao educando o conteúdo

instrucional nas mídias e ferramentas variadas, buscando atender aos diversos estilos

de aprendizagem.

O quadro 4 apresenta os recursos (mídias ou ferramentas) que foram utilizados

para o atendimento aos diversos tipos de aprendizes bem como suas características:

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Quadro 4: Características dos Estilos de Aprendizagem

Estilo de Aprendizagem

Característica Mídias ou ferramentas do AVA

Visual São aprendizes que tem uma memória visual. Mídias: Vídeo e Animação em

Flash.

Verbal São aqueles que aprendem melhor a partir da

leitura de textos. Ferramentas: página e livro.

Mídia: arquivo em PDF.

Ativo Aprendizes que tendem a reter melhor as

informações discutindo e aplicando conceitos de forma colaborativa (interação).

Ferramentas: Wiki e glossário.

Reflexivo São aprendizes que necessitam de um tempo

para pensar sobre os conteúdos estudados (atividades individuais).

Ferramenta: Hot Potatoes e Questionário.

Global São aqueles que fazem uma associação do

assunto com o dia-a-dia a partir do todo. Mídia: arquivo de PPT.

Ferramenta: Tarefa.

Sequencial Aprendizes que preferem estudar a partir de um conteúdo organizado e encadeado em

sequências.

Ferramentas: página e livro.

Mídia: arquivo em PDF.

Sensorial São aqueles que gostam de aprender a partir

de fatos e informações práticas.

Ferramenta: fórum de discussão

Intuitivo São aqueles que gostam de descobrir novos

conceitos Ferramenta: glossário e fórum de

discussão Fonte: elaborado pelas autoras (dados de pesquisa)

Portanto infere-se, a partir do quadro 4, que o DI deva conhecer as

características de cada estilo de aprendizagem para a definição das atividades que

melhor se adequam para a construção de um aprendizado significativo.

O desenvolvimento das inteligências múltiplas dos alunos também foi levado

em consideração pelo DI. Segundo Gardner (1995) “a inteligência é um potencial

biopsicológico que pode ser ativado para processar informações, solucionar

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problemas ou criar produtos que sejam valorizados em qualquer cultura” (GARDNER,

1995, p.47).

Para o autor o indivíduo possui pelo menos oito inteligências que podem se

manifestar, são elas: Inteligência musical, Inteligência corporal-cinestésica,

Inteligência lógico-matemática, Inteligência linguística, Inteligência espacial,

Inteligência interpessoal, Inteligência intrapessoal e Inteligência naturalista, tais

inteligências são agrupadas em quatro grupos: abstratas, concretas, sociais e

espirituais. (OLIVEIRA, 2015, p.38). Como o curso tem como objetivo atender a um

público diversificado é importante que o DI escolha atividades tendo em vista atender

aos alunos nas suas especificidades.

É importante que o aluno consiga desenvolver seu potencial e utilizar sua capacidade cognitiva para que suas habilidades possam ser demonstradas, através

das várias possibilidades que se manifestam a partir das características de cada tipo de inteligência. Portanto o DI deverá apropriar-se de tais informações como

norteadoras do seu trabalho de forma a desenvolver o potencial dos alunos. O quadro 5 apresenta as atividades e recursos que foram utilizadas para o

atendimento de quatro tipos de inteligências que serão desenvolvidas durante o curso:

Quadro 5 - Tipos de Inteligências desenvolvidas durante o curso

Tipo de inteligência

Característica Atividades

Inteligência linguística

O aluno tem habilidade para lidar com palavras e símbolos de maneira criativa e de se expressar de maneira

clara e objetiva. Compreende a inteligência da fala e

da comunicação escrita.

Fóruns de discussão e elaboração de textos e arquivos de apresentação (power

point)

Inteligência espacial

O aluno tem a capacidade de reproduzir situações através de

desenhos e imagens e de se localizar no espaço de forma minuciosa.

Elaboração de arquivos de apresentação (power point)

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Inteligência interpessoal

O aluno tem a capacidade de interagir com as pessoas de forma

consciente e respeitando as diversas opiniões.

Fóruns de discussão, elaboração de um glossário e uma dinâmica em grupo

através da ferramenta Wiki.

Inteligência intrapessoal

O aluno apresenta um autodomínio, disciplina e administra bem as

emoções. São alunos que gostam de trabalhos individuais.

Atividades individuais como questionário, Palavra Cruzada, texto e apresentações,

através da ferramenta tarefa e a elaboração de um projeto final de forma

individual sobre o tema trânsito. Fonte: elaborado pelas autoras (dados de pesquisa)

Conforme as informações contidas no quadro 5, foram utilizadas atividades

diversificadas, uma vez que o desenvolvimento das inteligências múltiplas deve ser

pensado pelo DI como possibilidade de atender as especificidades de aprendizado

dos vários tipos de aprendizes, de forma que o processo se torne atrativo e dinâmico.

A avaliação do processo de aprendizagem é outro fator importante a ser

analisado pelo DI. Durante o planejamento do curso é importante que se tenha em

vista o caráter pedagógico da avaliação que, nas palavras de Libâneo “é uma tarefa

didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo

a passo o processo de ensino e aprendizagem”. (LIBÂNEO, 1994, p.195). E ainda, é

a partir da avaliação que novas adaptações são propostas no decorrer do trabalho,

buscando atender as objetivos propostos pelo professor.

No que diz respeito à avaliação do processo de aprendizagem, o DI utilizou a proposta que abrange as dimensões diagnóstica, somativa e formativa. A avaliação diagnóstica é, segundo (Gil, 2006), aquela que identifica os conhecimentos prévios

dos alunos contribuindo dessa forma para a definição das estratégias de ensino mais adequadas. O DI utilizou, por exemplo, a ferramenta fórum de discussão logo

no início do curso, para que o aluno apresente suas expectativas em relação ao curso, e a ferramenta questionário, com o objetivo de diagnosticar os conhecimentos

prévios do aluno sobre determinado tema.

Na maioria das atividades do curso foi definida a avaliação somativa

caracterizada por Gil (2006) com “a finalidade de proporcionar informações acerca do

desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, para que o professor possa

ajustá-lo às características dos estudantes a que se dirige. Suas funções são as de

orientar, apoiar, reforçar e corrigir” (GIL, 2006, p. 247-248). Este tipo de avaliação é

importante para analisar o processo formativo do aluno. A avaliação foi utilizada na

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maioria das aulas. Foram utilizadas atividades mais livres como envio de tarefas

(relatórios de aulas ou resenhas), a participação em fóruns de discussão, a elaboração

de glossário e da Wiki (construção coletiva de um texto).

Um momento de avaliação formativa foi definido apenas no final do curso. Tal

avaliação visou apresentar um somatório das etapas do processo de aprendizagem

de forma cumulativa (GIL, 2006). As atividades utilizadas foram a elaboração do

projeto final do curso, e uma apresentação visual do mesmo, a partir de uma arquivo

no formato de apresentação. Este trabalho individual culmina com as ações de análise

e crítica acerca do conteúdo desenvolvido ao longo do curso, e que espera do

professor, aqui no papel de aluno, a concepção de uma sequência didática que, de

forma interdisciplinar, possa abarcar o assunto trânsito, em sua prática em sala de

aula.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo fazer uma análise do design instrucional do curso

“Se Essa Rua Fosse Minha – Capacitação de Professores em Educação Para o

Trânsito”, sob o olhar pedagógico, enfatizando menos os aspectos tecnológicos e de

formalização de desenvolvimento, como mapa de atividades ou matriz de design

instrucional. O aspecto pedagógico do trabalho do DI deve estar presente na

fundamentação instrucional do curso, uma vez evidenciando e operacionalizando o

processo ensino-aprendizagem baseado na tecnologia da modalidade a distância.

Buscou-se avaliar as etapas previstas para o trabalho do DI, tendo em vista

atender ao modelo de aprendizado, definido neste trabalho como práticas que se

utilizam de tecnologias para promover o aprendizado a partir de interações entre os

alunos e educadores. E mais, interações do aluno com o conteúdo e com toda a

tecnologia digital utilizada no processo de aprendizagem.

Percebeu-se que o DI exerce importante papel pedagógico, sendo responsável

por todo o processo de planejamento pedagógico do curso, desde a escolha da teoria

pedagógica mais adequada aos objetivos do curso, a definição dos objetivos da

aprendizagem tendo como foco o aluno, a escolha de atividades, recursos e

ferramentas que possibilitem tanto o desenvolvimento das inteligências múltiplas

quanto atender aos diferentes estilos de aprendizagem. E mais, utilizar-se do processo

de avaliação educacional como promotora da aprendizagem significativa.

Dessa forma, infere-se que o DI é responsável pelo desenvolvimento de

metodologias e técnicas, que possibilitem aos alunos um aprendizado dinâmico, e que

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o Ambiente Virtual de Aprendizagem ofereça ao aluno condições para desenvolver

suas potencialidades.

Por fim, acredita-se que o olhar pedagógico do DI seja fundamental para aliar

tecnologia ao ensino de forma consistente e promotora de um aprendizado pautado

nas especificidades de cada aluno.

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