o desenvolvimento de vantagem competitiva na...

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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR ANDRÉ GASPARINI O DESENVOLVIMENTO DE VANTAGEM COMPETITIVA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE APOIO LOGÍSTICO OFFSHORE : O CASO DA COMPANHIA PORTUÁRIA VILA VELHA - CPVV VITÓRIA 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR

ANDRÉ GASPARINI

O DESENVOLVIMENTO DE VANTAGEM

COMPETITIVA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

DE APOIO LOGÍSTICO OFFSHORE: O CASO DA

COMPANHIA PORTUÁRIA VILA VELHA - CPVV

VITÓRIA

2005

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ANDRÉ GASPARINI

O DESENVOLVIMENTO DE VANTAGEM

COMPETITIVA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

DE APOIO LOGÍSTICO OFFSHORE: O CASO DA

COMPANHIA PORTUÁRIA VILA VELHA - CPVV

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Comércio Exterior do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Comércio Exterior.

Orientador: Profª. Drª. Ângela Maria Morandi.

VITÓRIA

2005

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família pelo carinho e compreensão; a Professora Ângela Maria

Morandi, pelo incentivo e por sua orientação dedicada; a Téthys Cysne Gobbi,

Secretária do Departamento de Economia da UFES, pelo apoio e dedicação.

Agradeço a Companhia Portuária Vila Velha (CPVV) que me abriu suas portas e

permitiu a execução desse trabalho; a Fernanda, pela paciência e colaboração; a

Edson Meneghel, por todo auxilio prestado; e ainda a todos os entrevistados, que

me cederam seu tempo e muito contribuíram com suas informações.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E RESUMO................................................................................ 3

1.1 Introdução e Formulação de Situação Problema.............................................. 3

1.2 Objetivos.......................................................................................................... 4

1.3 Delimitação...................................................................................................... 5

1.4 Justificativa ...................................................................................................... 5

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 6

2.1 Estratégia ........................................................................................................ 6

2.2 Estratégia Competitiva ..................................................................................... 7

2.3 Vantagem Competitiva..................................................................................... 8

2.4 Desenvolvendo Estratégia Competitiva............................................................ 9

2.4.1 Análise Estrutural de indústrias.................................................................. 9

2.4.2 Estratégias Competitivas Genéricas .......................................................... 17

2.4.3 Outras Considerações Sobre Estratégias Competitivas ............................. 21

2.5 As Capacidades Dinâmicas ............................................................................. 22

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ....................................................................... 24

3.1 Metodologia ..................................................................................................... 24

3.2 Caracterização do Estudo................................................................................ 24

3.3 Coleta dos Dados ............................................................................................ 25

3.4 Instrumentos da Pesquisa................................................................................ 25

3.5 Tratamento dos Dados .................................................................................... 27

3.6 Limitações do Método...................................................................................... 27

4 ANÁLISE DO CASO .......................................................................................... 27

4.1 Contextualização ............................................................................................. 27

4.2 Apresentação da Empresa............................................................................... 29

4.2.1 Histórico..................................................................................................... 29

4.2.2 Caracterização da Empresa....................................................................... 30

4.2.3 Infra-Estrutura e Serviços .......................................................................... 33

4.2.4 Qualidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança........................................ 35

4.3 O Desenvolvimento da Vantagem Competitiva ................................................ 36

4.3.1 Análise da Indústria e Concorrência........................................................... 36

4.3.2 Como a CPVV Desenvolve Vantagem Competitiva ................................... 37

4.4 Novos Desafios................................................................................................ 43

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 44

6 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 48

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1 INTRODUÇÃO E RESUMO Neste capitulo é feita a introdução do trabalho e um resumo onde são apresentadas

a situação a ser analisada, os objetivos do estudo, suas delimitações e justificativas.

1.1 Introdução e Formulação da Situação Problema O estado do Espírito Santo vem apresentando, nos últimos anos, um expressivo

desenvolvimento econômico, reafirmando sua vocação para o comercio exterior e

logística, e integrando os vários setores de sua economia.

Além de crescer em setores tradicionais como café, mármore e granito, moveleiro,

confecções e metal-mecânico, há um grande fortalecimento da fruticultura e

piscicultura, e a explosão da indústria de petróleo e gás natural.

Na visão do Secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Espírito Santo,

Júlio César Bueno, as descobertas de jazidas de petróleo e gás natural, começam a

desencadear um processo de mudança profunda na história do desenvolvimento

econômico do estado.

O Espírito Santo torna-se a segunda maior província petrolífera do país. Segundo

perspectivas da Agência de Desenvolvimento em Rede do Espírito Santo

(ADERES), o estado poderá chegar em 2007 a uma produção diária de 500 mil

barris de petróleo e 30 milhões de metros cúbicos de gás.

A exemplo do ocorrido no estado do Rio de Janeiro, nas cidades de Macaé e

Campos dos Goytacazes, pode-se ver um intenso movimento econômico em torno

deste setor com a integração de indústria de bens e serviços, construção e reparo de

plataformas e outros aparatos da indústria petrolífera. Com a consolidação destas

atividades, a intensificação deste movimento econômico será cada vez maior.

Este novo cenário refletirá em um maior crescimento e desenvolvimento da

economia capixaba, visto que a indústria do petróleo impulsionará também outros

setores econômicos, tais como: construção civil, turismo de negócios, prestação de

serviços, capacitação e qualificação de mão de obra, entre outros.

Certamente, o aumento das atividades petrolíferas no estado refletirá no aumento da

demanda por prestadoras de serviços ligados a este setor. Dentre estes, destacam-

se os serviços logísticos associados à atividade portuária; as bases especializadas

em apoio logístico offshore.

Segundo a definição da Revista Brasil Energia, uma base de logística offshore

presta todo o tipo de apoio às operações nas plataformas marítimas, como

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suprimento de fluidos de perfuração, cimento, tubos, combustível, água e

mantimentos para as tripulações.

No Espírito Santo, a Companhia Portuária Vila Velha (CPVV), que iniciou suas

operações em 2000, é uma empresa que se destaca nesse setor por se configurar

como a pioneira e maior empresa do ramo no mercado capixaba.

Neste contexto de expansão, especialização e competitividade em que se inserem

as atividades relacionadas à indústria petrolífera, estratégias bem formuladas e

definidas destacam-se como fatores fundamentais para o sucesso das organizações.

Como destacam Kotler e Armstrong (1999), a globalização tem mostrado que, para

alcançar a competitividade, as empresas necessitam de estratégias bem definidas e

técnicas de gestão bastante dinâmicas.

Bueno (2004) ressalta ainda que qualidade e competitividade são peças

fundamentais para a sobrevivência da empresa no mercado atual, em que é cada

vez maior a exigência por serviços sofisticados e personalizados.

Por ser esta a representação do contexto em que as prestadoras de serviço à

atividade petrolífera deverão estar inseridas, é importante que estas se preparem

cada vez melhor para o atendimento eficiente da crescente demanda.

Surge então, o interesse e a importância em estudar e analisar quais as estratégias

utilizadas no desenvolvimento de vantagem competitiva no mercado de prestação de

serviços de apoio logístico offshore.

Portanto, a principal questão a ser esclarecida nesse trabalho é: Como as empresas

podem desenvolver vantagem competitiva para o mercado de apoio logístico

offshore à exploração de petróleo?

1.2 Objetivos O objetivo principal desse trabalho é investigar e analisar como as empresas

especializadas em apoio logístico offshore desenvolvem suas estratégias para

alcançar vantagem competitiva frente ao mercado petrolífero, altamente

especializado e em expansão.

Para alcançar esse objetivo, a pesquisa será concentrada na Companhia Portuária

Vila Velha (CPVV) que se configura como a primeira e maior empresa do ramo no

mercado capixaba.

Os objetivos intermediários são:

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- investigar as estratégias utilizadas pela empresa para o alcance de vantagem

competitiva;

- analisar as competências da empresa no setor de logística offshore;

- analisar a configuração da concorrência desse setor no mercado capixaba.

1.3 Delimitação Esse trabalho limita-se a investigar e analisar as estratégias e competências de uma

empresa, especializada em apoio logístico offshore, para o desenvolvimento de

vantagem competitiva frente a crescente demanda por esses serviços, provocada

pelo aumento na prospecção e produção de petróleo no estado do Espírito Santo.

O campo será efetivado na Companhia Portuária Vila Velha – CPVV.

1.4 Justificativa do Estudo Trata-se de um importante estudo frente à configuração de um novo ciclo de

desenvolvimento da economia capixaba gerado pela intensificação da exploração e

produção de petróleo.

O aumento das atividades petrolíferas no Espírito Santo representa a abertura de

novas e poderosas oportunidades para impulsionar o desenvolvimento econômico

do estado (MARTINS, 2002).

Segundo Bueno (2004), o estado torna-se a segunda maior província petrolífera do

país, o que atrai empresas especializadas na exploração e produção de petróleo,

além de inúmeras prestadoras de serviços ligados ao setor.

O aumento da perfuração e produção de petróleo leva as petroleiras a contratarem,

cada vez mais, novas bases de apoio às operações de logística offshore. Essas

empresas atentas a esse próspero mercado, estão investindo em novas plantas, em

especialização e em parcerias.

Por se tratar de uma atividade altamente especializada e em expansão no Espírito

Santo, é preciso que as prestadoras desse serviço estejam bem preparadas para o

atendimento dessa demanda e para a crescente concorrência no setor.

A complexidade, especialização e competitividade desse mercado torna relevante o

entendimento da capacidade de empresas especializadas em serviços de apoio

logístico offshore de utilizar seus recursos e competências para o desenvolvimento

de estratégias que levem à vantagem competitiva.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO Esse capítulo apresenta alguns conceitos e modelos considerados importantes para

a análise e entendimento de como as empresas podem desenvolver suas

estratégias para o alcance e sustentação de vantagem competitiva o que reflete em

uma posição favorável no mercado.

2.1 Estratégia De acordo com Bethlem (apud NEVES, 1999), a palavra estratégia é de origem

grega e está diretamente relacionada com o papel dos comandantes militares na

guerra, que planejavam e conduziam forças para derrotar o inimigo.

Depois de muita aplicação e desenvolvimento, o conceito de estratégia e as técnicas

de administração estratégica ultrapassaram os limites do campo militar e passaram a

conduzir a vida das organizações visto que, desde os seus primórdios, a

administração preocupa-se em unir recursos materiais e humanos para o alcance de

metas previamente determinadas (MAXIMIANO, 2000).

Segundo Sawyer (apud NEVES, 1999, p.21), “nos negócios, estratégia é a arte ou

ciência de usar recursos disponíveis e recém-criados com a máxima eficácia para se

moverem em direção aos objetivos do negócio”. Para ele, as estratégias

empresariais devem ser elaboradas e executadas cuidadosamente, de modo a

proporcionar o alcance dos resultados esperados.

Para Ansoff (apud SILVA, 2001), a estratégia é vista como um conjunto de normas

de decisão que orientam o comportamento de uma empresa no alcance seus

objetivos.

Na visão de Chandler (apud SILVA, 2001), estratégia é definida como a

determinação de metas e objetivos de longo prazo para a empresa e a adoção de

métodos de ação e alocação dos recursos necessários para alcançá-las.

Segundo Oliveira (1988), as estratégias são meios de relacionar a organização ao

seu ambiente, que se apresenta em constante mutação, de modo a alcançar a

maximização de seus resultados.

Para Matos (1993), a estratégia de uma empresa se identifica com a própria razão

da existência da mesma; são os valores que representam a filosofia da empresa,

definem seus objetivos, transformam os mesmos em diretrizes.

Maximiano (2000) destaca que a estratégia de uma empresa surge da necessidade

de realizar objetivos frente aos concorrentes. Portanto, esta seria um conjunto de

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orientações a serem seguidas visando à melhoria da situação da empresa frente a

seus competidores.

Analisando as definições apresentadas, pode-se considerar que a estratégia é vista

como um guia que procura orientar o comportamento das empresas a fim de que

estas alcancem seus objetivos; é um conjunto de orientações que direcionam e

posicionam a empresa em seu ambiente, organizam seus recursos a fim de alcançar

resultados pré-determinados.

2.2 Estratégia Competitiva Estratégia competitiva é o conjunto de ações de uma empresa para criar uma

posição sustentável no mercado, enfrentar as forças competitivas e obter retorno

sobre o capital investido (PORTER, 1991).

Porter (1989, p.1) define estratégia competitiva como “a busca de uma posição

competitiva favorável em uma indústria” visando “estabelecer uma posição lucrativa

e sustentável contra as forças que determinam a concorrência na indústria”.

Segundo Porter (1991), quanto ao desenvolvimento da estratégia, estas podem ser

divididas em dois tipos: as que foram desenvolvidas explicitamente, por meio de um

processo de planejamento; e as que evoluíram implicitamente, através das

atividades dos departamentos funcionais da empresa.

O autor defende a formulação explícita de estratégias competitivas, ressaltando que

as mesmas devem ser pensadas, elaboradas e planejadas. Segundo ele, esse

processo resulta em benefícios significativos para toda a empresa visto que integra

as políticas departamentais na formação de um conjunto comum de metas, as quais

todos farão esforços para atingir.

Para Porter (1991), desenvolver uma estratégia competitiva é determinar a maneira

como uma organização irá competir, suas metas e políticas para realizá-las. Para

desenvolver uma estratégia competitiva é preciso relacionar a organização com a

sua indústria, a fim de que se possa compreender a concorrência e identificar as

características estruturais que possibilitam a formulação de estratégias para a

obtenção da vantagem competitiva.

Segundo Porter (1989), a escolha de uma estratégia competitiva baseia-se em dois

aspectos importantes: na atratividade da indústria em termos de rentabilidade; e na

posição competitiva da empresa na indústria. Esses dois aspectos são dinâmicos e

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mutáveis, visto que a escolha de uma estratégia competitiva pode tornar uma

indústria mais ou menos atrativa, como também pode alterar a posição de uma

empresa dentro da indústria. Portanto, a estratégia competitiva deve responder ao

meio ambiente da empresa bem como tentar moldar esse meio ambiente a seu

favor.

Na visão de Porter (1991), uma indústria pode ser definida como um grupo de

empresas cujos produtos ou serviços substituem uns aos outros com facilidade. Por

isso, é importante que cada organização que compete em uma indústria possua uma

estratégia competitiva bem definida e planejada.

2.3 Vantagem Competitiva

A vantagem competitiva ocorre quando uma empresa apresenta níveis de

desempenho econômico superiores à média de seu setor (VASCONCELOS;

CYRINO, 2000).

Para Thompson (2000), as empresas formam vantagem competitiva, quando suas

estratégias apresentam o objetivo principal de proporcionar aos clientes aquilo que

eles percebem como valor superior.

Porter (1989) afirma que a vantagem competitiva ocorre quando uma empresa

consegue criar uma competência ou valor superior, que a distingue das demais, para

seus compradores. Para o autor, uma empresa conseguirá vantagem competitiva

sobre os concorrentes caso opte por um dos dois tipos básicos de estratégia: menor

custo ou diferenciação.

A estratégia de menor custo faz com que a empresa adote políticas de baixo custo,

permitindo que a mesma ofereça produtos a preços inferiores aos da concorrência; a

de diferenciação consiste em fazer que os consumidores percebam, nos produtos,

benefícios únicos que justifiquem o preço elevado (PORTER, 1989).

Alterações nas condições do ambiente da empresa também mudam os recursos e

as fontes da vantagem competitiva. A análise profunda dos mercados e o bom

gerenciamento dos recursos podem garantir às empresas a possibilidade de

manutenção da vantagem competitiva (VASCONCELOS; CYRINO, 2000).

Diante da alta competitividade nos mercados, Keegan e Green (2000) ressaltam que

a capacidade de uma organização de melhorar suas habilidades e aprender novas

apresenta-se como a vantagem competitiva mais defensível de todas.

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Day e Reibstein (1999) acrescentam que, é papel dos gerentes o desenvolvimento

de recursos e capacidades necessárias para o alcance e manutenção da vantagem

competitiva em uma empresa.

O estudo da vantagem competitiva é importante, pois possibilita a comparação da

empresa com seus concorrentes e o entendimento das razões pelas quais os

consumidores preferem um produto ou serviço a outro. Também pode ser citado

como benefício desse estudo a decisão sobre as vantagens que a empresa pode ou

pretende oferecer a seus consumidores (MAXIMIANO, 2000).

2.4 Desenvolvendo Estratégia Competitiva

O fracasso das estratégias de muitas empresas resulta da incapacidade de elaborar

uma estratégia competitiva geral, que englobe as etapas necessárias para se obter a

vantagem competitiva (PORTER, 1989).

Para Day e Reibstein (1999) a estratégia competitiva busca uma vantagem sobre os

concorrentes e, ao mesmo tempo, a proteção das vantagens competitivas atuais. Os

autores ressaltam ainda que poucas são as vantagens que podem ser sustentadas

indefinidamente por isso, deve-se pensar em estratégia de forma constante.

A análise da estrutura industrial é vista como ponto fundamental no desenvolvimento

de estratégias. Esta análise apresenta-se como uma metodologia para a

compreensão das forças fundamentais da concorrência em uma indústria, o que vai

proporcionar a identificação, em um nível amplo, de estratégias competitivas

genéricas de longo prazo (PORTER, 1989).

As estratégias competitivas devem analisar não apenas as necessidades do

consumidor-alvo, mas também as estratégias dos concorrentes. Portanto, para o

desenvolvimento de estratégias que levem ao alcance da vantagem competitiva, o

primeiro passo está no processo de análise e avaliação da indústria e da

concorrência (KOTLER; ARMSTRONG, 1999).

2.4.1 Análise Estrutural de Indústrias

A análise da estrutura industrial é a base fundamental do modelo proposto por Porter

(1991) para mensurar as forças de mercado visto que, para o autor, essa estrutura

exerce forte influência nas regras de competição do mercado.

Para Porter (1991) o objetivo essencial de uma estratégia competitiva é relacionar a

empresa ao seu ambiente. Segundo ele, as forças externas à indústria afetam todas

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as empresas e, por isso, o ponto primordial está nas diferentes habilidades em lidar

com essas forças.

De acordo com essa visão, a estratégia competitiva de uma empresa dentro de uma

indústria deve procurar encontrar uma posição favorável para a companhia, na qual

ela possa melhor se defender contra as forças competitivas ou influenciá-las em seu

favor.

Segundo Porter (1989), existem cinco forças que influenciam a concorrência em uma

indústria: ameaça de novos concorrentes; ameaça de produtos e serviços

substitutos; poder de negociação dos compradores; poder de negociação dos

fornecedores; e rivalidade competitiva entre os atuais concorrentes (Figura 1).

Figura 1 - As cinco forças competitivas que determinam a rentabilidade da indústria Fonte: PORTER, 1989, p. 4.

Concorrentes na Indústria

Rivalidade Entre Empresas Existentes

Entrantes

Potenciais

Compradores

Substitutos

Fornecedores

Ameaça de novos entrantes

Ameaça de serviços ou produtos substitutos

Poder de negociação dos fornecedores

Poder de negociação dos compradores

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A intensidade dessas forças varia com o tipo de indústria e com o desenvolvimento

das mesmas, visto que cada indústria tem sua própria estrutura única. A influência

conjunta destas forças determina a rentabilidade da indústria, tendo em vista que os

preços, custos e investimentos são influenciados em diferentes graus de intensidade

por cada uma destas forças competitivas (PORTER, 1989).

Os preços praticados pelas empresas sofrem influência do poder de negociação dos

compradores na medida em que estes exigem serviços de elevado valor relativo que

implicam em custos e investimentos e acabam por alterar os preços dos produtos. O

poder de negociação dos fornecedores determina os custos dos insumos,

aumentando os preços (PORTER, 1989).

Preços e custos de competição também são influenciados pela intensidade da

rivalidade entre os concorrentes, principalmente em áreas como desenvolvimento de

produtos, publicidade e força de vendas. A ameaça os novos entrantes limita os

preços e aumenta o volume de investimentos a fim de deter a entrada de novos

participantes na indústria. Os produtos substitutos têm o poder de limitar os preços

praticados na indústria (PORTER, 1989).

Segundo Porter (1989), as empresas podem influenciar as cinco forças competitivas

através de suas estratégias. Por isso, a análise dessas forças vai proporcionar à

organização a busca de uma melhor posição frente às mesmas dentro da indústria.

Com essa análise, são identificados os pontos fortes e fracos de cada situação de

mercado e a influência dessas forças na definição das estratégias competitivas.

A metodologia das cinco forças proposta por Porter vai permitir que a empresa avalie

a indústria na qual está inserida, a concorrência e assim identifique as estratégias

que possam levá-la a uma maior rentabilidade. Por isso, torna-se importante analisar

as principais características de cada uma das forças definidas por Porter.

Ameaça de novos concorrentes

Novos entrantes são vistos como uma ameaça aos integrantes de uma indústria,

pois trazem consigo uma nova capacidade de produção, novas tecnologias e o

desejo de conquistar participação e posição no mercado (PORTER, 1991).

O ingresso de novas empresas implica em redução da fatia de mercado das

empresas já existentes, pode provocar a redução de preços, o aumento nos custos,

a redução da margem de lucro, gerando uma menor rentabilidade para toda a

indústria (PORTER, 1991).

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Segundo Keegan e Green (2000), a ameaça provocada pela entrada de um novo

participante na indústria depende das barreiras de entrada existentes e da reação

esperada dos concorrentes já existentes. Para Porter (1989) as principais barreiras à

entrada de novos concorrentes, são: economia de escala, diferenciação,

necessidade de capital, custos de mudança, acesso aos canais de distribuição,

políticas governamentais, desvantagens de custo independente da economia de

escala, e a retaliação esperada.

Economia de escala está relacionada com a queda nos custos unitários do produto

ocasionada pelo aumento no volume de produção. Essa situação leva as empresas

a ingressarem com produção em larga escala ou a se submeterem a uma

desvantagem de custo (PORTER, 1991).

A diferenciação do produto, “é a medida de até que ponto um produto é visto como

único” (KEEGAN; GREEN, 2000, p.293). Os clientes desenvolvem um sentimento de

lealdade à marca da empresa, seja através da diferenciação dos produtos, do

serviço ao consumidor, do investimento em publicidade e propaganda, ou

simplesmente pelas mesmas terem entrado primeiro no mercado. Uma barreira de

entrada é estabelecida pela diferenciação, já que os novos entrantes serão forçados

a investir em recursos para romper os vínculos estabelecidos entre os clientes e as

empresas pré-existentes (PORTER, 1991).

Segundo Porter (1991), a necessidade de grande investimento financeiro para

competir torna-se uma barreira, principalmente quando o capital será empregado em

atividades arriscadas como pesquisa e desenvolvimento, e publicidade inicial.

Os custos de mudança são os custos que os compradores terão com a mudança de

fornecedores e produtos. Se esses custos são elevados, os entrantes precisam

oferecer um aperfeiçoamento substancial e melhor custo ou desempenho para que o

comprador se decida a mudar (KEEGAN; GREEN, 2000).

O acesso aos canais de distribuição torna-se outra barreira à entrada de novos

concorrentes visto que esses canais podem estar repletos ou não disponíveis. A

nova empresa terá dificuldades para entrar na indústria, pois as mesmas terão que

criar e estabelecer novos canais de distribuição o que reduz os lucros (PORTER,

1991).

O governo pode limitar ou impedir a entrada de novos concorrentes numa indústria

através de políticas de controle ambiental, limite ao acesso de matéria-prima,

licenças de funcionamento, dentre outras (KEEGAN; GREEN, 2000).

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Outra barreira citada por Porter (1991) é a vantagem de custos independente da

economia de escala. Isso ocorre porque as empresas previamente estabelecidas na

indústria podem ter vantagens de custo impossíveis de serem alcançadas pelos

entrantes qualquer que sejam seu tamanho e economia de escala, como por

exemplo: tecnologia patenteada do produto, acesso favorável às matérias-primas,

localizações privilegiadas, subsídios governamentais, e experiência.

Finalmente, uma grande barreira à entrada de novos concorrentes na indústria pode

ser imposta pela retaliação esperada. Quando os novos entrantes em potencial têm

expectativas de vigorosas retaliações por parte das empresas já estabelecidas, a

entrada pode ser desestimulada; a ameaça de que sua entrada na indústria será

uma experiência desagradável torna-se um grande fator de impedimento (KEEGAN;

GREEN, 2000).

Segundo Porter (1991) as barreiras de entrada mudam de acordo com a mudança

nas condições da indústria. Essas mudanças podem ocorrer por motivos fora do

controle das empresas, mas é preciso lembrar que as decisões estratégicas das

empresas também têm um impacto importante.

Rivalidade entre concorrentes

A concorrência entre empresas de uma mesma indústria pode ser definida como a

disputa por posição e participação de mercado entre as empresas de mesmo setor

industrial. A competição é manifestada no uso de ferramentas como a concorrência

de preços, batalhas publicitárias, novos produtos, em tentativas de diferenciação, e

no oferecimento de serviços ou garantias adicionais.

Para Keegan e Green (2000), a rivalidade se apresenta como um fator positivo na

medida em que proporciona a racionalização de custos, mas torna-se um fator

negativo quando diminui os preços e a rentabilidade o que gera instabilidade em

toda a indústria.

Porter (1991) enfatiza que a concorrência de preços é altamente prejudicial e

instável, pois afeta toda a rentabilidade de toda a indústria. Segundo o autor, a

diminuição de preços é facilmente copiada pela concorrência e, uma vez igualados

os preços, estes reduzem as receitas de toda a indústria. Esse fato só não ocorrerá

facilmente se a elasticidade-preço da indústria for bastante elevada. Por outro lado,

as batalhas publicitárias tendem a aumentar a demanda da indústria como um todo.

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Segundo Porter (1991) a rivalidade em uma indústria é conseqüência da interação

dos seguintes fatores:

• concorrentes numerosos ou bem equilibrados,

• crescimento lento da indústria,

• concorrentes divergentes,

• a estrutura de custos fixos da indústria,

• a ausência de diferenciação,

• os custos de mudança,

• os interesses estratégicos,

• as barreiras à saída da indústria.

Quando o número de participantes de uma indústria é alto, é possível que os

movimentos competitivos de algumas empresas não sejam facilmente notados.

Quando a indústria é composta de poucas empresas mas bem equilibradas em

termos de tamanho e recursos, isso cria uma instabilidade pois as mesmas estão

direcionadas a lutarem entre si, mas é preciso lembrar que estas possuem grandes

recursos para retaliações (PORTER, 1991).

Por questões estratégicas, as empresas muitas vezes se dispõem a aceitar o

crescimento lento de toda a indústria e com isso pequenas margens de lucro. Essa

estratégia é utilizada a fim de que elas estabeleçam e consolidem uma posição no

mercado (PORTER, 1991).

A divergência entre os concorrentes gera um relacionamento de choque entre as

empresas de uma mesma indústria. Estas geralmente divergem quanto à origens,

personalidades e relacionamentos, por isto acabam por apresentarem objetivos e

estratégias diferentes em relação à como competir (SILVA, 2001).

A estrutura de custos da indústria afeta as empresas uma vez que quando os custos

fixos são altos, estas são pressionadas a utilizar toda sua capacidade de produção,

o que gera excesso da capacidade produtiva e rápida redução de preços para toda a

indústria. Outra situação de custos fixos elevados está relacionada ao alto dispêndio

com armazenagem. Neste caso as empresas também se sentem vulneráveis e

obrigadas a baixar os preços para garantir as vendas (KEEGAN; GREEN, 2000).

A rivalidade em uma indústria se torna mais intensa quando os custos de mudança

de fornecedor não são percebidos (PORTER, 1991).

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16

Grandes interesses estratégicos, por parte de algumas empresas, de obter sucesso

na indústria acabam por tornar a rivalidade nesta ainda mais instável (KEEGAN;

GREEN, 2000).

Elevadas barreiras de saída são fatores estratégicos, econômicos e até emocionais

mantendo no mercado empresas que estão operando com baixo retorno e até

mesmo com prejuízo. Estas, com a esperança de obter o retorno do seu

investimento, continuam na indústria gerando a diminuição da rentabilidade de toda

a indústria já que o excesso de capacidade continua a diminuir os lucros de todos

(KEEGAN; GREEN, 2000).

Após analisar todos estes fatores que determinam a intensidade da concorrência na

indústria, Porter (1991) ainda ressalta que sempre existe espaço para melhorar a

situação através de mudanças estratégicas.

Ameaça de produtos substitutos

A concorrência de uma empresa não se limita aos competidores presentes em sua

indústria. Esta também é feita por indústrias de produtos substitutos uma vez que um

produto aceitável, disponível, que desempenhe as mesmas funções e ofereça iguais

benefícios, tem o poder de limitar os preços que podem ser cobrados (DAY;

REIBSTEIN, 1999).

Para Porter (1991, p. 39), “quanto mais atrativa a alternativa de preço-desempenho

oferecido pelos produtos substitutos, mais firme será a pressão sobre os lucros da

indústria”.

Com a finalidade de evitar surpresas quanto à concorrência por parte de substitutos,

as empresas devem dar grande atenção àqueles que estão sujeitos a tendências de

melhoramento na relação preço-desempenho oferecido e naqueles produzidos por

indústrias com altos lucros (PORTER, 1991).

Poder de negociação dos compradores

O principal objetivo dos compradores de produtos e serviços de uma indústria é

pagar o menor preço possível. Segundo Porter (1991, p.40), “os compradores

competem com a indústria forçando os preços para baixo, barganhando por melhor

qualidade ou mais serviços e jogando os concorrentes uns contra os outros; tudo à

custa da rentabilidade da indústria”.

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O poder dos compradores em relação à indústria depende de características como a

situação no mercado e a importância relativa de suas compras em comparação aos

negócios totais (PORTER, 1991).

Seguindo esse pensamento, Day e Reibstein (1999, p. 51) também afirmam que “a

extensão do poder dos clientes depende da credibilidade de sua alavancagem de

barganha e de sua sensibilidade ao preço”.

Diante disso, Porter (1991) ressalta que os clientes têm maior poder de negociação

em uma indústria, quando:

- estão concentrados ou adquirem grandes volumes, o que torna a empresa

fornecedora dependente desse relacionamento;

- os produtos da indústria são altamente padronizados ou não diferenciados, o

que aumenta o número de opções dos compradores e reduz o custo de

mudança;

- os compradores são parcialmente integrados ou existe ameaça de integração

para trás, o que incorre na negociação de concessões em preços e prazos;

- os compradores detêm as informações sobre demanda, preços reais de

mercado, e os custos de seus fornecedores o que lhes possibilita uma melhor

negociação.

Como exposto acima, a sensibilidade ao preço é outro fator importante na relação

fornecedor-comprador na medida em que pode influenciar a intensidade das

exigências dos compradores. Segundo Porter (1991), essa sensibilidade é maior

quando:

- o produto da indústria não é primordial para a qualidade ou desempenho do

produto ou serviço final do comprador;

- o custo do produto adquirido da indústria representa uma porção significativa

dos custos totais do comprador;

- o comprador está sofrendo baixa lucratividade e, por isso, busca ajuda no

fornecedor para reduzir os custos de suas compras.

Poder de negociação dos fornecedores

Se os fornecedores têm poder sobre as empresas da indústria, eles podem elevar os

preços ou reduzir a qualidade dos produtos ou serviços oferecidos, o que influencia

significativamente a rentabilidade da indústria, caso esta não consiga repassar os

aumentos ao seu preço de venda (PORTER, 1991).

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As condições que tornam os fornecedores poderosos, descritas por Porter (1991), se

assemelham àquelas que exprimem o poder dos compradores. Segundo ele, o

poder de negociação dos fornecedores tende a ser maior quando:

- os fornecedores são grandes e relativamente representados por poucas

companhias;

- não existem produtos substitutos ou quando seus produtos são altamente

diferenciados o que acarreta em altos custos de mudança;

- a venda para a indústria não apresentar importância significativa em relação

ao volume total de suas vendas;

- o produto ou serviço oferecido é de grande importância para a indústria

compradora;

- os fornecedores representam a ameaça de integração para frente, o que

aumenta a capacidade de melhores vendas para a indústria.

Porter (1991) ressalta ainda a importância de considerar recursos humanos (capital

intelectual) como fornecedores que exercem grande poder em muitas indústrias. O

autor salienta que, altamente qualificados ou organizados sindicalmente, esses

recursos têm um alto poder de barganha e podem absorver uma proporção

significativa dos lucros potenciais de uma indústria (apud SILVA, 2001).

2.4.2 Estratégias Competitivas Genéricas Após identificar e avaliar a indústria e os principais concorrentes, a empresa deve

então desenvolver amplas estratégias competitivas que melhor posicionem sua

oferta frente às ofertas dos concorrentes e lhe proporcione vantagem competitiva

(KOTLER; ARMSTRONG, 1999).

Como exposto anteriormente, Porter (1991) descreve estratégia competitiva como

um conjunto de ações ofensivas ou defensivas que procuram criar, para a empresa,

uma posição defensável dentro da indústria na qual ela compete. Essas estratégias

permitirão à empresa enfrentar com sucesso as cinco forças competitivas e assim

obter maiores retornos financeiros.

Segundo Porter (1991) existem diversas maneiras de atingir esse objetivo, mas é

preciso lembrar que a melhor estratégia para uma especifica empresa é um reflexo

de suas circunstâncias e particularidades, portanto uma solução única a ela.

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Segundo o autor, as abordagens genéricas são: liderança no custo, diferenciação, e

enfoque. Sendo que esta última pode ainda ser dividida em enfoque no custo e

enfoque na diferenciação (Figura 2).

De acordo com Porter (1989), essas estratégias são originárias da combinação dos

dois tipos de vantagem competitiva (em custo ou na diferenciação) com o escopo

(amplo ou restrito) do mercado-alvo a ser atingido.

Porter (1989) ressalta ainda que as estratégias genéricas visam o alcance da

vantagem competitiva, mas para isso, é preciso que a empresa faça escolhas quanto

ao tipo de vantagem competitiva e o escopo de mercado que se pretende atingir.

Figura 2 – As estratégias genéricas de Porter Fonte: Porter, 1989, p.10.

Liderança no custo total

Na estratégia de liderança em custo, a empresa assume a posição de produtora de

mais baixo custo da indústria, objetivando atender um mercado amplo (PORTER,

1989).

A estratégia de ser o provedor de baixo custo geral da indústria vigora em mercados

onde a grande parcela de compradores apresenta-se altamente sensível aos preços

(THOMPSON, 2000).

1. Liderança de

Custo

2. Diferenciação

3A. Enfoque no Custo

3B. Enfoque na

Diferenciação

Alvo

Amplo

Alvo Estreito

Custo Mais Baixo Diferenciação

VANTAGEM COMPETITIVA

ESCOPO

COMPETITIVO

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Segundo Porter (1991), a estratégia de liderança no custo implica no planejamento e

implementação de ações e políticas funcionais que permitam a empresa oferecer

produtos a preços mais baixos que seus concorrentes.

O autor ressalta ainda que, para ser um líder no custo total, a empresa deve

descobrir e explorar todas as fontes de vantagem de custo, tais como: novas

tecnologias, instalações mais eficientes, acesso favorável às matérias-primas ou aos

canais de distribuição (PORTER, 1989).

Uma empresa que é líder no baixo custo obtém retornos acima da média em sua

indústria mesmo com a atuação das cinco forças competitivas. Essa posição amplia

as margens de retorno, defende contra a barganha dos compradores, aumenta a

flexibilidade diante da elevação do preço de insumos, cria barreiras de entrada em

termos de economias de escala e vantagens de custo, e deixa a empresa em uma

posição favorável em relação aos produtos substitutos (PORTER, 1991).

Essa proteção ocorre uma vez que as negociações tendem a erodir os lucros até o

ponto em que os lucros do concorrente mais próximo em eficiência sejam

eliminados. O que demonstra que as pressões competitivas pesam primeiramente

sobre os concorrentes menos eficientes da indústria (PORTER, 1991).

Keegan e Green (2000, p.289) ressaltam ainda que “a liderança em custo,

entretanto, só constitui uma fonte sustentável de vantagem competitiva quando

existem barreiras que impedem os concorrentes de ter também custos baixos”.

Diferenciação

A estratégia de diferenciação visa oferecer aos clientes produtos e serviços

considerados únicos em uma indústria; com atributos que os tornem diferentes dos

oferecidos pela concorrência (PORTER, 1991).

Segundo Porter (1989), nesse tipo de estratégia, a empresa deve selecionar

algumas características importantes para os clientes e posicionar-se de maneira

singular em relação a elas, a fim de satisfazer estas necessidades.

Segundo Thompson (2000), as estratégias de diferenciação apresentam-se de

maneira atrativa e competitiva quando as necessidades e preferências dos

compradores forem muito distintas para serem completamente satisfeitas por um

produto padronizado, que atenda a toda indústria.

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Para Porter (1989, p.12) “a lógica da estratégia da diferenciação exige que uma

empresa escolha atributos em que diferenciar-se, que sejam diferentes dos de seus

rivais”.

Ao assumir essa condição singular, a empresa é recompensada com um preço-

prêmio, pois produtos únicos geralmente também pedem preços especiais; o que

gera retornos acima da média da indústria (PORTER, 1989).

De acordo com Porter (1991) a rentabilidade é obtida através de maiores margens

de lucro sobre os produtos diferenciados e da conquista de mercado. Mas é preciso

lembrar que, muitas vezes, a diferenciação torna impossível a obtenção de uma alta

parcela de mercado, pois mesmo que os consumidores da indústria reconheçam a

superioridade da empresa, nem todos estarão dispostos ou terão condições de

pagar os altos preços requeridos.

Portanto, é importante ressaltar que ao adotar a estratégia de diferenciação, a

empresa não deve ignorar sua posição de custos, pois seu preço-prêmio pode ser

anulado por uma empresa que ofereça o mesmo produto ou serviço a um custo

acentuadamente inferior. Sendo assim, o diferenciador deve procurar a redução de

custos nas áreas que não afetem a diferenciação de seu produto (PORTER, 1989).

Enfoque

A estratégia de enfoque baseia-se na escolha de um alvo estreito de mercado dentro

da indústria para atendê-lo da melhor maneira possível a fim de obter vantagem

competitiva (PORTER, 1989).

Diferentemente das estratégias de custo e diferenciação que pretendem atingir seus

objetivos no âmbito de toda a indústria, a estratégia de enfoque procura atender

eficazmente um alvo estreito de mercado desenvolvendo políticas funcionais para

este fim (PORTER, 1991).

A vantagem competitiva dessa estratégia apresenta-se na capacidade de criar um

valor superior aos consumidores de um segmento estreito, na medida em que há

uma maior e melhor compreensão de suas necessidades (PORTER, 1989).

Para Thompson (2000), o segmento-alvo pode ser definido por sua singularidade

geográfica, por necessidades especiais de utilização do produto, dos serviços

diferenciados a serem prestados, ou por atributos especiais do produto que servirão

somente aos membros do segmento escolhido.

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Segundo Porter (1989), a estratégia de enfoque pode apresentar-se de duas

maneiras: enfoque no custo e enfoque na diferenciação. Essas duas variantes

baseiam-se nas diferenças entre os segmentos-alvo do enfocador e os outros

segmentos da indústria.

Na estratégia de enfoque no custo, a empresa procura uma vantagem de custo que

lhe permita oferecer preços mais baixos que os dos concorrentes em seu segmento-

alvo. Por outro lado, ao adotar a estratégia de enfoque na diferenciação, a empresa

busca uma singularidade no segmento-alvo, explorando necessidades especiais dos

compradores desse segmento (PORTER, 1989).

Compartilhando do pensamento de Porter, Thompson (2000) afirma que a estratégia

de enfoque no custo consiste em servir os membros do nicho estreito de

compradores de maneira a superar os concorrentes na base do menor preço. Já a

estratégia de enfoque na diferenciação visa oferecer um produto ou serviço

personalizado, de acordo aos gostos e necessidades dos membros do nicho

estreito.

Para que a estratégia de enfoque tenha êxito, é importante observar a atratividade

estrutural do segmento, já que, em uma mesma indústria, existem segmentos mais

ou menos lucrativos. Geralmente há espaço para diversas estratégias de enfoque

em uma indústria, desde que cada uma delas tenha segmentos-alvo diferentes

(PORTER, 1989).

Vale ressaltar que a estratégia de enfoque sempre implicará em limitações na

parcela total de mercado que a empresa poderá atingir. Optar pela estratégia de

enfoque envolve em escolha (trade-off) entre rentabilidade e volume de vendas

(PORTER, 1991).

Da mesma maneira que ocorre na liderança em custo e na diferenciação, posições

desenvolvidas de enfoque no custo ou na diferenciação, proporcionam grandes

defesas contra as forças competitivas atuantes na indústria (PORTER, 1991).

2.4.3 Outras Considerações Sobre Estratégias Compet itivas De acordo com Porter (1989), cada estratégia genérica é um método diferente para

a criação e sustentação da vantagem competitiva, que combina o tipo de vantagem

buscada pela empresa com o escopo de seu alvo estratégico. Segundo o autor, as

empresas devem fazer essas escolhas, caso contrário estarão no “meio-termo”.

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Para Porter (1989), a empresa que está no “meio-termo” é aquela que procura a

vantagem competitiva por todos os meios; essa empresa reluta em fazer escolhas

sobre como competir e acaba não conseguindo vantagem alguma.

Isso ocorre, pois, para uma execução bem sucedida, cada estratégia genérica exige

diferentes recursos, virtudes, estilos e disposições organizacionais. O que acaba

gerando um conjunto de arranjos organizacionais e sistemas de motivação

conflitantes (PORTER, 1991).

Desta forma, as empresas “meio-termo” não possuem qualquer vantagem

competitiva e competem sempre em desvantagem, pois se posicionam de maneira

errada e ineficiente, fruto de estratégias mal-elaboradas.

A baixa rentabilidade da empresa “meio-termo” resulta da perca de clientes de

grandes volumes, que buscam preços baixos; da renúncia aos lucros, para equiparar

seus preços às empresas de baixo custo; e da perca de altas margens de lucro, para

as empresas que atingiram alto padrão de diferenciação (PORTER, 1991).

2.5 As Capacidades Dinâmicas

A análise da estrutura industrial e da concorrência, proposta por Michael Porter

(1991), oferece às empresas uma melhor compreensão das forças atuantes na

indústria e de seus efeitos, permitindo a tomada de decisões estratégicas (trade-offs)

para o alcance da vantagem competitiva.

De acordo com Day e Reibstein (1999), o ambiente empresarial apresenta

mudanças cada vez mais repentinas e impactantes, causadas tanto por forças

externas, quanto internas às organizações. Para a melhor compreensão e avaliação

dessas forças, é preciso que as empresas utilizem uma visão mais ampla e

integradora.

A teoria das capacidades dinâmicas pode ser usada como uma forma de

complementar a visão de Porter, uma vez que admite que a vantagem competitiva

surge de fatores internos e externos às organizações.

Segundo o modelo das capacidades dinâmicas, a vantagem competitiva é explicada

com base na união das idéias da teoria dos processos de mercado, que a relaciona

como resultante de uma posição justificável de custo ou da diferenciação, com a

teoria dos recursos, que a relaciona a ativos e capacidades especificas e de difícil

reprodução da empresa (VASCONCELOS; CYRINO, 2000).

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A união dessas duas visões da vantagem competitiva é importante, pois descreve o

estado da vantagem e como ela foi obtida. Esse é um fator relevante no ambiente

competitivo onde as capacidades das empresas devem ser essencialmente

dinâmicas e de renovação contínua (DAY; REIBSTEIN, 1999).

A posição e o desempenho da empresa na indústria representam o estado da

vantagem competitiva. A posição superior é conseqüência dos recursos empregados

pela empresa, que resultam de investimentos para melhorar sua posição competitiva

(DAY; REIBSTEIN, 1999).

Para a teoria das capacidades dinâmicas, os recursos, conhecimentos e

capacitações possuídos e acumulados pela empresa são fundamentais para o

desenvolvimento e sustentação da vantagem competitiva (VASCONCELOS;

CYRINO, 2000).

O ponto central dessa análise apresenta-se no conjunto de processos

administrativos, já que estes influenciam a produção e organização de ativos para a

criação e manutenção de vantagem competitiva (DAY; REIBSTEIN, 1999).

A análise do ambiente, da estrutura industrial e as condições de mercado, é fator de

grande importância para essa teoria, pois é determinante nos processos de decisão

estratégica. Isso porque as ações dos concorrentes e as alterações nas condições

de mercado mudam também os recursos essenciais para garantir o desempenho

superior das empresas (VASCONCELOS; CYRINO, 2000).

Segundo Vasconcelos e Cyrino (2000), para a manutenção da vantagem

competitiva, é preciso que as empresas se antecipem às alterações de mercado e

aos movimentos competitivos de seus concorrentes. Isso exigirá uma análise

criteriosa da maneira como as competências são reunidas e renovadas a fim de

responder as transformações no ambiente.

Diante disso pode-se dizer que a empresa, estando inserida em um mercado

altamente competitivo, necessita de permanente ajuste e desenvolvimento para que

permaneça nesse mercado. Esse constante desenvolvimento pode ser caracterizado

como aprendizagem organizacional (DAY; REIBSTEIN, 1999).

Para Vasconcelos e Cyrino (2000), na abordagem das capacidades dinâmicas o

importante não é o acumulo de recursos e sim a forma de combinação destes para

que resultem em novos recursos e oportunidades capazes de gerar fontes adicionais

de renda e, portanto vantagem competitiva.

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Apresenta-se nesse capítulo a metodologia que viabilizou o levantamento e análise

das principais características, valores, estratégias e competências que a Companhia

Portuária Vila Velha (CPVV) apresenta que lhe permite traçar, elaborar e

desenvolver estratégias competitivas para a atuação no concorrido e especializado

mercado de apoio logístico offshore às empresas petroleiras.

3.1 Metodologia

O presente trabalho foi desenvolvido da seguinte maneira:

- Organização do referencial teórico de suporte a pesquisa;

- Breve análise do setor de prospecção e produção de petróleo no Espírito

Santo;

- Análise do setor de prestação de serviços logísticos offshore no Espírito

Santo;

- Análise situacional da empresa;

- Levantamento e análise das principais estratégias, ações e competências da

empresa.

A análise situacional foi realizada por meio de características externas e internas à

organização. Externamente, procurou-se fazer uma breve análise do setor de

prospecção e produção de petróleo no Espírito Santo para que com isso fosse

possível entender e analisar o setor de prestação de serviços logísticos offshore no

estado (concorrência, mercado, vantagens e barreiras). A análise interna procurou

reconhecer a imagem da empresa, sua proposta de valor para os clientes, suas

ações estratégicas, seus desafios e competências.

3.2 Caracterização do Estudo Para a caracterização da pesquisa, considera-se como base a taxionomia proposta

por Vergara (2003) que classifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e

quanto aos meios.

Quanto aos fins, o trabalho apresenta-se como de caráter descritivo e explicativo.

Descritivo, pois tem o objetivo de descrever a realidade da empresa analisada,

especificamente os valores, as competências, estratégias competitivas, e como a

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26

mesma as desenvolve para alcançar vantagem competitiva frente aos concorrentes;

como também descrever as características do mercado atuante, suas ameaças e

oportunidades.

O caráter explicativo deste trabalho se justifica, pois este visa esclarecer quais os

fatores determinantes para a empresa no desenvolvimento de estratégias que levem

à vantagem competitiva no mercado de prestação de serviços de apoio logístico

offshore às petroleiras.

Quanto aos meios, caracteriza-se por ser bibliográfico, documental, de campo e

estudo de caso. Bibliográfico, pois para a fundamentação teórica foram utilizados

como base materiais publicados em livros, revistas e endereços eletrônicos.

Documental, já que também foram consultados documentos de trabalho, fotos e

relatórios de poder da empresa estudada. Estudo de caso, visto que se limita à

investigação de apenas uma organização, e de campo, pois foram realizadas visitas

e entrevistas.

3.3 Coleta dos Dados A forma de coleta de dados neste trabalho se deu via análise de documentos,

entrevistas informais e observação espontânea.

A coleta de informações iniciou-se com a revisão de literatura em livros, periódicos,

endereços eletrônicos, trabalhos de dissertação e teses, entre outras fontes

bibliográficas.

No trabalho em campo, foram realizadas visitas à empresa nas quais foram

consultados alguns documentos e relatórios internos além da realização de

entrevistas.

As entrevistas foram semi-estruturadas visando oferecer uma maior liberdade e

espontaneidade aos entrevistados. O roteiro de entrevista foi montado com questões

básicas sobre o objeto de estudo, além de outras acrescentadas no momento da sua

realização, conforme as respostas fornecidas pelos entrevistados.

3.4 Instrumentos da Pesquisa Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram entrevistas semi-

estruturadas com:

� Luiz Eugenio Bianchi, Coordenador Administrativo Financeiro – CPVV

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� Antônio Paulo Riempst de Menezes, Diretor – CPVV

� Edson David Meneghel, Engenheiro e Coordenador de Projetos –

PETROBRAS

Seguem abaixo os principais tópicos abordados nas entrevistas:

� O setor

- configuração

- crescimento e demanda

- empresas participantes

- rivalidade / concorrência

- força e poder da concorrência

- barreiras ao mercado

� A empresa

- histórico

- constituição e organização

- atuação

- posição da empresa no mercado

- recursos operacionais e mão-de-obra

- clientes

- desafios

� Estratégias

- proposta de valor

- mercado atingido

- estratégias

� Competências distintivas na criação de vantagem competitiva

- inovações tecnológicas e P&D

- preocupação com a qualidade e meio ambiente

- relacionamento com os clientes

- visão e capacidade gerencial

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3.5 Tratamento dos Dados A revisão de literatura permitiu um maior conhecimento acerca do assunto estudado,

servindo de base para todo o desenvolvimento do trabalho.

Os dados coletados tanto durante as visitas à empresa, quanto pelas entrevistas

foram analisados de acordo com o referencial teórico proposto neste trabalho.

3.6 Limitações do Método O método de investigação que caracteriza esse trabalho é o estudo de caso, pois se

limita à investigação de um fenômeno, o desenvolvimento de vantagem competitiva,

em uma mesma organização.

Assim o estudo buscou analisar as principais estratégias e capacidades da

Companhia Portuária Vila Velha (CPVV) para o desenvolvimento de vantagem

competitiva. Desse modo, essa análise não permite traçar generalizações, das

conclusões obtidas, para outras organizações ou mesmo para outros setores.

4 ANÁLISE DO CASO Apresenta-se neste capítulo a análise da Companhia Portuária Vila Velha; de sua

posição no mercado, estrutura, características, estratégias e capacidades para o

desenvolvimento e manutenção de vantagem competitiva na prestação de serviços

de logística offshore no Espírito Santo.

4.1 Contextualização O Brasil apresenta-se como o 13º maior produtor mundial de petróleo, produzindo

aproximadamente 1.570.871 barris/dia. A maior produção do país é a do estado do

Rio de Janeiro com aproximadamente de 1,2 milhão barris/dia, seguida pelo estado

do Rio Grande do Norte com aproximados 80 mil barris/dia.

O Anexo A apresenta tabelas da Agência Nacional do Petróleo (ANP) com

informações sobre a produção de petróleo e gás natural brasileira e no estado do

Espírito Santo dentre os anos de 2000 a 2004. Já no Anexo B é apresentada a

produção de óleo e gás natural da Petrobrás em março de 2005.

Segundo a Gerência de Imprensa da Petrobrás, até o final deste ano, a produção

brasileira deverá chegar a 1,8 milhão de barris/dia e em 2010 a previsão é de uma

produção de 2,3 milhões de barris/dia.

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29

O estado do Espírito Santo aparece em 6º lugar no ranking da produção de petróleo,

produzindo atualmente cerca de 39 mil barris/dia. Segundo o jornal A Tribuna, a ANP

estima que em 2006, estes números aumentem para 180 mil barris/dia e até o ano

de 2010 o estado esteja produzindo até 380 mil barris/dia, alcançando assim o 2º

lugar no ranking de produção.

As pesquisas e exploração no setor petrolífero brasileiro foram intensificadas a partir

de 1997 com a regulamentação do fim do monopólio estatal sobre a exploração e

produção de petróleo e gás natural. Esta abertura também propiciou o aumento do

volume de capital investido no setor, pois, além da Petrobrás, empresas privadas e

multinacionais passaram ter participação neste mercado.

Nos últimos anos, as pesquisas foram intensificadas e, com isso, houve uma maior

descoberta e melhor exploração das jazidas de petróleo e gás natural no Brasil.

Hoje, o país possui 32 bacias sedimentares (17 no mar e 15 em terra), sendo que

seis em terra (Solimões, Ceará, Potiguar, Sergipe/Alagoas, Espírito Santo e

Recôncavo) e sete no mar (Ceará, Potiguar, Sergipe/Alagoas, Recôncavo, Espírito

Santo, Campos e Santos) já são produtoras (Anexo C).

Dentre as novas descobertas é de notável destaque as ocorridas na costa do estado

do Espírito Santo que já está sendo considerado a segunda maior província

petrolífera do Brasil. De acordo com o jornal A Tribuna, o estado possui reservas

estimadas em 4 bilhões de barris e apresenta hoje uma produção de 39 mil

barris/dia, com projeções de produção de 43 mil barris/dia já para o segundo

semestre de 2005.

O cenário do setor petrolífero no Espírito Santo apresenta-se altamente propício e

em desenvolvimento. Até 2010, a Petrobrás investirá montantes da ordem de US$ 6

bilhões enquanto as outras operadoras devem investir cerca de US$ 9 bilhões.

As grandes descobertas e investimentos desse setor trouxeram uma nova impulsão

à economia capixaba, que se apresenta em larga expansão. Parte desta

alavancagem é proveniente dos investimentos diretos, dos direitos de royalties, e da

movimentação em todos os setores direta e indiretamente relacionados e

impactados pelo desenvolvimento destas atividades.

O crescimento da prospecção e produção de petróleo no Espírito Santo tem afetado

e afetará ainda mais diretamente o mercado dos prestadores de serviços essenciais

ao setor. Dentre estes, destacam-se as atividades de apoio logístico offshore.

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Atualmente, existem no estado, 5 empresas que operam neste segmento. A

Companhia Portuária Vila Velha foi a primeira a atuar no setor. Hoje, a empresa se

configura como a maior do ramo tendo movimentado, em 2004, acima de 218 mil

toneladas de suprimentos (Anexo D); detendo aproximadamente 85% do mercado.

O sucesso da companhia pode ser atribuído, principalmente, ao constante

compromisso e preocupação com a qualidade e especialização dos serviços

oferecidos.

4.2 Apresentação da Empresa

4.2.1 Histórico Os primeiros projetos do que seria a Companhia Portuária Vila Velha são datados de

1994 quando foi criada a empresa Multix Vitória Serviços Portuários Ltda., para o

transporte de cargas em geral e realizações de operações portuárias.

Em 1995, a empresa ampliou seu objeto social para exploração comercial de

instalações e operações portuárias, movimentação e armazenagem de mercadorias,

exploração de áreas alfandegadas e atividades relacionadas com a preparação,

construção, adaptação, manutenção e ampliação de instalações portuárias

passando a ser denominada Portuária Vila Velha Ltda.

Em 1996 houve a aprovação do projeto de implantação do terminal portuário

especializado na movimentação de containeres e carga geral. Nesta época, a

empresa já se chamava Companhia Portuária Vila Velha (CPVV).

Em 24 de novembro de 2000 a CPVV inaugurava, junto ao complexo portuário do

Espírito Santo, o primeiro terminal portuário privativo do Brasil localizado em Aribiri,

no município de Vila Velha/ES.

A CPVV iniciou suas atividades como um terminal de carga visando operações de

navios porta-container de 4ª geração, com área de retroporto para pátio de

containeres, carga paletizada, veículos e equipamentos.

Nesta época, o Espírito Santo já havia perdido o posto de centro distribuidor de

veículos estrangeiros do país diante da instalação de várias montadoras no Brasil.

Este fato causou grandes impactos nas atividades do setor portuário.

Atentos às movimentações do mercado e às descobertas de jazidas petrolíferas ao

longo do litoral capixaba, a CPVV decidiu então a ampliação e diversificação do seu

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terminal portuário, visando dotá-lo de condições operacionais para que o mesmo

atuasse também como porto offshore.

Esses novos investimentos transformaram o terminal privativo da CPVV em base de

apoio para pesquisa, exploração e produção de petróleo e gás natural, através da

oferta de serviços de logística marítima; coordenação de material de perfuração;

apoio logístico para transporte terrestre entre a base e outras localidades; serviços

complementares (alfandegários, de importação e exportação, de segurança de

trabalho, proteção, defesa ambiental) e base de apoio e suprimentos.

4.2.2 Caracterização da Empresa

A Companhia Portuária Vila Velha é uma empresa de tradição no mercado de apoio

logístico offshore à indústria petrolífera no estado do Espírito Santo configurando-se

como a primeira e maior empresa deste setor.

A empresa é constituída sob a forma de sociedade por ações onde participam a Cisa

Trading S.A, Coimex Empreendimentos e Participações Ltda., e a Tervap Pitanga

Mineração e Pavimentação Ltda.

Os órgãos que estruturam a companhia são: a assembléia geral dos acionistas e o

conselho de Administração. As atividades da empresa estão, essencialmente,

divididas em três diretorias sendo elas: Diretoria Administrativa, Diretoria Comercial,

e Diretoria de Logística e Operações. A estrutura organizacional da CPVV é

apresentada no Anexo E.

A Diretoria Administrativa é responsável pela coordenação administrativa, financeira

e contábil; e pela administração de compras, serviços, recursos humanos, e

tecnologia de informação.

A Diretoria de Logística e Operações é responsável por coordenar e supervisionar as

operações portuárias, de matérias para perfuração, armazenagem, pátio, píer,

programações e controles, e o Sistema Integrado de Saúde, Segurança, Meio

Ambiente e Qualidade (HSEQ).

O terminal portuário está localizado na foz do rio Aribiri, estrada de Capuaba, bairro

Aribiri, no município de Vila Velha/ES. A empresa conta com três canais de acesso:

- marítimo: canal de acesso ao Porto de Vitória;

- rodoviário: BR 101/262 – Rodovia Carlos Lindenberg – estrada de Capuaba;

- ferroviário: Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e ferrovia Centro Atlântica

(FCA).

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Para suas operações a CPVV conta com um terminal de 55.000m2 de área onde

ocorre todo o recebimento, registro e coordenação dos materiais utilizados pelas

empresas de petróleo.

Seu cais possui comprimento de 285 metros, com píer com largura mínima de 23m e

máxima de 40m, que possibilita a atracação de até quatro embarcações. O Anexo F

apresenta o quadro de atracações no cais da CPVV entre os anos de 2000 e 2004, e

o Anexo G apresenta algumas fotos da empresa.

A companhia emprega 50 pessoas e, para manutenção do seu fluxo de atividades,

opera em três turnos. Várias de suas atividades são terceirizadas, como

alimentação, segurança, limpeza, locação de equipamentos, gerenciamento de

resíduos, dentre outras. Também são gerados aproximadamente 130 empregos

indiretos.

Os empregados e colaboradores da CPVV são profissionais treinados e altamente

habilitados, um reflexo dos grandes investimentos que a empresa realiza em

treinamento e manutenção do nível técnico.

Segundo Bianchi, a visão da empresa é a manutenção de seus clientes

proporcionando o desenvolvimento e contribuindo para o crescimento do grupo, mas

também como fator de desenvolvimento social da região na geração de novos

empregos, impostos e outros benefícios.

A empresa definiu sua missão como a superação das expectativas de seus clientes

por meio da oferta de serviços e logística de alto padrão de qualidade; respeitando a

preservação do meio ambiente e segurança da integridade física dos funcionários,

tendo como princípios balizadores de suas relações: a ética, integridade, e

manutenção de relações comerciais significativas de longo prazo.

Os principais clientes atualmente atendidos pela CPVV são: Petrobrás, BR

Distribuidora, Repsol YPF, Unocal, Shell Brasil E&P, e Esso S/A.

Para maior comodidade e agilidade na execução de serviços de seus clientes, que

muitas vezes precisam estar em contato direto com o terminal, a CPVV dispõe de

instalações e salas específicas para cada um deles.

A fim de garantir a qualidade de seus serviços, a CPVV monitora e analisa

constantemente as atividades realizadas pelos parceiros ou terceiros. Essas atitudes

visam atenuar e minimizar possíveis falhas.

Como garantia da qualidade e segurança no desempenho de suas atividades, todos

os equipamentos, máquinas e acessórios utilizados pela CPVV são certificados por

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órgão certificador reconhecido internacionalmente. Os containeres, cestas,

guindastes, eslingas e empilhadeiras também são testados e certificados.

Além disso, várias das atividades, instalações e procedimentos da companhia estão

em conformidade com as especificações da American Petroleum Institute (API).

Estas normas regulamentam e especificam os produtos (óleo e gás natural),

derivados de petróleo, bem como equipamentos utilizados na indústria do petróleo,

formas de armazenamento, construções de tanques, de plataformas, de tubulações

visando instalações e operações seguras.

Outro fator que evidencia a preocupação com a segurança é o fato de a CPVV

manter uma brigada de emergência para atuação em primeiros socorros e combate

a incêndio.

A CPVV possui certificação na norma NBR ISO 9001:2000 para Operações

Portuárias e Base de Apoio para Atividade de Pesquisa, Exploração e Produção de

Petróleo e Gás.

Como meio de garantir a qualidade dos serviços prestados e a satisfação dos

clientes, a empresa procura unificar as práticas operacionais de segurança e meio

ambiente. Para isso, como parte de seu Sistema de Gestão Ambiental, a CPVV

obteve em 2003 a certificação da norma NBR ISO 14001:1996.

Anualmente, além da auditoria interna, a CPVV é auditada externamente por

empresas de renome no mercado o que também proporciona um maior e melhor

controle de seus serviços. Seus clientes também realizam auditorias na empresa a

fim de terem um melhor acompanhamento dos negócios.

A CPVV é uma empresa consciente da importância de cuidar da qualidade de seus

serviços, do meio ambiente, da saúde e bem estar de seus empregados e

colaboradores. Para isso, procura a grande interação das áreas: operacional,

comercial e administrativa, com a operação de um Sistema Integrado de Saúde,

Segurança, Meio Ambiente e Qualidade (HSEQ) o que assegura um melhor

desenvolvimento de suas atividades.

A empresa ainda possui grande atuação na área social realizando investimentos que

se destinam a preservação do meio ambiente e ao bem estar e desenvolvimento das

comunidades à sua volta. Com isto, contribui para o desenvolvimento da região,

promovendo melhor utilização de recursos naturais, materiais, humanos e culturais,

apoiando projetos sociais que visam o desenvolvimento e promoção de cidadania.

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4.2.3 Infra-Estrutura e Serviços

Para o atendimento a seus clientes, a CPVV dispõe de uma eficiente infra-estrutura

essencial a boa execução, controle e monitoramento de suas atividades. Seu prédio

administrativo e demais escritórios são dotados de equipamentos e recursos da mais

alta tecnologia.

Os investimentos em sistemas avançados de informação e comunicação permitem

uma maior integração das atividades e apresentam-se como peças fundamentais

para o estreitamento das relações com clientes.

Dentre esses sistemas podemos citar os de comunicação em rede; rádio UHF e

VHF; serviços de internet; e SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior.

A CPVV também possui uma boa infra-estrutura de tecnologia de informação com a

utilização de fibra óptica e cabeamento para atender as necessidades de utilização

de sistemas de computadores e telecomunicação.

Para garantir a execução ininterrupta dos serviços, a empresa possui também rede

elétrica dotada de estabilizador de voltagem, sistemas de proteção e geração própria

de energia, evitando assim eventuais falhas.

A regulamentação e gestão das atividades administrativas são feitas por um Sistema

de Gestão Integrada, de forma a efetuar um melhor controle e otimização das

mesmas.

Outro sistema de grande importância e utilidade é o sistema logístico operacional

OPENPORT, que permite um controle e monitoramento em tempo real (on-line) de

todas as etapas dos serviços que são realizados para os clientes.

O terminal dispõe ainda de estruturas e equipamentos essenciais à atividade de

suprimento e apoio logístico offshore tais como:

- tomadas de lama, água e diesel;

- silos para granéis;

- plantas de fluidos de perfuração;

- galpão e estrutura para inspeção de tubos;

- tanque de água potável (capacidade para 1700 m3 );

- tanques de óleo diesel (dois de 240 m3 e um de 1000 m3);

-guindastes, empilhadeiras, containeres e equipamentos de manuseio e

transporte.

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Todo o investimento aplicado no arranjo estrutural montado e desenvolvido na CPVV

tem o intuito de garantir a qualidade de seus processos e serviços. A empresa tem

consciência de que seus recursos humanos são peças primordiais ao bom

andamento de suas atividades. Uma prova disto é a preocupação constante com

treinamento e desenvolvimento de seu pessoal e colaboradores.

A excelência da CPVV está na prestação de serviços de base de apoio logístico e

suprimentos às empresas operadoras da área de petróleo. Para isso mantém um

ritmo ininterrupto de operação.

São oferecidos serviços de abastecimento de água potável, óleo diesel e alimentos,

além de produtos para necessidades pessoais e medicamentos para os operadores

embarcados. O Anexo D mostra o quadro acumulativo de alguns produtos

movimentados em seu cais entre 2000 e 2004.

A empresa oferece também serviços de base de apoio logístico para transporte

terrestre entre a base e outras localidades. Outros serviços prestados são: a

coordenação de material de perfuração; o controle e identificação de materiais; a

armazenagem de equipamentos; e o fornecimento de equipamentos para manuseio

de carga.

Também são realizados serviços alfandegários, importação, exportação, e

armazenagem em áreas alfandegadas. A importação ocorre no regime REPETRO,

um seguimento de produto inventariado em admissão temporária, para atendimento

exclusivo de empresas petrolíferas.

Como citado anteriormente, a CPVV oferece ainda uma estrutura para inspeção de

tubos em um galpão, em conformidade com as especificações da API, que permite

fácil acesso e assegura um apropriado ambiente para que as inspeções sejam

realizadas.

Outro serviço de suma importância é a gestão de resíduos com equipamentos e

aterros licenciados e certificados pelos órgãos ambientais, hoje realizada pela

empresa Vitória Ambiental. Com isso evidencia-se o comprometimento com o meio

ambiente e a importância do trabalho em parceria.

A preocupação com a qualidade e a boa execução dos serviços também fica

evidenciada na preparação de seus profissionais. Estes são treinados de acordo

com as especificações da API para estocagem, manuseio e transporte de

equipamentos e matérias destinados a atividade petrolífera.

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4.2.4 Qualidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança

A CPVV realiza um gerenciamento sistêmico de todas as questões referentes a

qualidade, meio ambiente, saúde e segurança. E busca com isto, a melhoria

contínua de sua eficácia e satisfação do cliente.

A empresa procura conscientizar seus empregados, parceiros e colaboradores sobre

todas essas questões, tornando de conhecimento público suas políticas de

preservação.

Seguindo essa política de preservação, a CPVV atende a toda legislação ambiental

e trabalhista, bem como a outras legislações e regulamentações acordadas entre a

empresa e demais partes interessadas. Os aspectos ambientais são gerenciados de

forma a melhorar o desempenho dos serviços além de promover a prevenção da

poluição.

A consciência da necessidade de promover o desenvolvimento de suas atividades

em concordância com a visão de proteção ao meio ambiente, levou a empresa a

definir três estratégias básicas de ação:

� gerenciamento de resíduos, que estabelece um sistema específico de

transporte e disposição final visando reciclar ou destinar resíduos gerados na

base, plataformas e nas embarcações, de acordo com a legislação ambiental;

� plano emergencial para o controle do derrame de óleo no mar, que visa

prevenir acidentes ambientais, controlar a poluição e promover o bem estar

da comunidade;

� monitoramento periódico dos parâmetros de qualidade da água, ecossistema

e fontes de poluição.

Na questão de saúde e segurança, a CPVV procura conduzir atividades de

maneira a gerenciar os riscos inerentes e promover a prevenção contínua de

acidentes.

Para gerenciar esses aspectos a empresa atua com: controle de riscos inerentes

às atividades portuárias de apoio logístico desenvolvidas; aplicação de

ferramentas de segurança para prevenção de acidentes; e atendimento à

legislação trabalhista.

Com todo esse arranjo, a CPVV mostra-se uma empresa padrão em todos os

aspectos enfatizando assim, seu comprometimento com ações corporativas e

sócio-ambientais.

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4.3 O desenvolvimento de Vantagem Competitiva

O constante desenvolvimento e aprimoramento de estratégias que permitam o

alcance e sustentação de vantagem competitiva é o método responsável pela

manutenção da posição de destaque da Companhia Portuária Vila Velha em seu

mercado.

Desde sua fundação, a empresa soube unir recursos e competências para o

desenvolvimento de novas técnicas e processos, o que proporciona o seu destaque

no mercado de apoio logístico offshore com a oferta de produtos e serviços de

qualidade superior.

Segundo Bianchi, a principal oferta de valor da CPVV encontra-se na qualidade de

seus produtos e serviços, que visam atender prontamente às necessidades e

expectativas do exigente e especializado mercado das indústrias petrolíferas.

4.3.1 Análise da Indústria e Concorrência

Nos últimos anos a economia do Espírito Santo vem sofrendo impactos positivos da

descoberta de jazidas de petróleo e reservas de gás natural. Segundo a Agência de

Desenvolvimento em Rede do Espírito Santo S.A - ADERES, as projeções indicam

que o estado será o segundo maior produtor brasileiro de petróleo.

O boom petrolífero tem aberto grandes oportunidades para a prestação de serviços

logísticos associados à atividade portuária no estado. Desde o final dos anos 90, são

realizados investimentos em terminais especializados no apoio às plataformas de

prospecção e produção de petróleo.

Com a intensificação das perfurações na costa do estado e dos investimentos das

operadoras de óleo e gás, intensifica-se, também, o mercado para as empresas

especializadas em apoio e logística offshore.

Conscientes disso, as empresas do setor estão negociando parcerias e realizando

grandes e acelerados investimentos para não permanecerem à margem do

crescimento de mercado.

O desenvolvimento e expansão do setor petrolífero impulsionou e impulsionará

ainda mais os setores de atividades relacionadas a ele. Diante disso, pode-se

concluir que o mercado de apoio logístico offshore no ES tende ao crescimento.

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Essa abertura e crescimento de mercado exigirão cada vez mais das empresas

participantes do setor, pois, como o mercado mostra-se atrativo, a competição e

concorrência do setor tendem a aumentar.

Atualmente, esse mercado é composto pelas seguintes empresas:

- CPVV;

- Porto de Tubarão – consorcio DAT;

- Peiú – VOL (Vitória Offshore Logistics);

- Porto de Capuaba – CODESA (Cia Docas do Espírito Santo);

- Porto de Ubú.

Segundo a ADERES, deve-se ainda ressaltar que existem duas novas

oportunidades portuárias para offshore no estado, que estão configuradas no Porto

de Barra do Riacho e na Enseada de Jaburuna.

A CPVV deve atentar-se para os possíveis novos entrantes na indústria, visto que

esta mostra-se atrativa. Também é preciso analisar as possibilidades de

reorganização e reestruturação dos concorrentes, que podem estar desenvolvendo

novas estratégias, prática, processos e tecnologias para melhor competirem no

mercado.

A expansão do mercado também aumentará o volume dos serviços demandados

pelos clientes. Esse fato pode deixá-los ainda mais fortes, dando a eles maior poder

de negociação de preço e qualidade pretendidos.

Mesmo detendo 85% do mercado de logística offshore no ES, a CPVV deve analisar

constantemente os movimentos competitivos no mesmo. Isto fará com que ela não

seja surpreendida por movimentos inesperados, visto a abertura de mercado e a

possibilidade de grande expansão.

Como ressaltam Kotler e Armstrong (1999), com a intensificação da concorrência no

mercado, a empresa deve primar pela busca da qualidade em seus produtos e

processos, para que assim consiga maior eficiência no atendimento aos clientes.

4.3.2 Como a CPVV Desenvolve Vantagem Competitiva

Para Keegan e Green (2000) a maior e mais sustentável vantagem competitiva das

organizações é a capacidade de melhorar suas habilidades e aprender novas.

Diante disto, os recursos e competências exercem um papel fundamental no

desenvolvimento de vantagem competitiva; sendo que as competências

empresariais podem ser configuradas como a capacidade de empregar e combinar

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recursos, por meio de processos organizacionais, em função de um objetivo

específico (LIPPARINI, 2000).

É importante ressaltar que as competências também estão relacionadas aos

processos de aprendizagem organizacional, que se desenvolvem a partir da

integração de múltiplas bases de conhecimento.

Esses conhecimentos desenvolvem-se na simples execução dos processos

organizacionais, como também nas relações da empresa com clientes,

fornecedores, representantes, concorrentes, e outros (LIPPARINI, 2000).

Day e Reibstein (1999) enfatizam que o sucesso de uma empresa está diretamente

relacionado com a capacidade dos gerentes em desenvolver recursos e

competências necessárias ao alcance e manutenção de vantagem competitiva.

Este estudo procurou identificar as maneiras pelas quais a Companhia Portuária Vila

Velha alcança um desempenho superior, ou seja, desenvolve vantagem competitiva;

quais os valores, recursos, competências e estratégias desenvolvidas pela empresa.

Com esse propósito, os principais aspectos analisados neste trabalho foram:

inovações tecnológicas; qualidade de produtos, processos e serviços;

relacionamento com clientes; e competências gerenciais.

Inovações tecnológicas

Todas as atividades de uma empresa envolvem algum tipo de tecnologia que pode

gerar impacto sobre o mercado. A vantagem competitiva é alcançada quando a

empresa obtém e explora uma inovação que a permita executar suas atividades

melhor que os concorrentes (PORTER, 1989).

Segundo Porter (1989) a transformação tecnológica é um dos principais guias da

concorrência, pois tem o poder de alterar a estrutura da indústria modificando suas

regras. Para o autor, as empresas devem usar a inovação tecnológica de maneira a

favorecer sua estratégia genérica.

Para a CPVV as inovações tecnológicas são de fundamental importância, visto a

empresa realizar análises contínuas que permitam encontrar maneiras para o

aperfeiçoamento de suas técnicas e processos.

Mesmo não possuindo um departamento específico de pesquisa a empresa prima

pela inovação tecnológica visando acompanhar o exigente e especializado mercado

petrolífero.

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Para o desenvolvimento de novas tecnologias de máquinas, processos e atividades,

a CPVV contrata o trabalho de empresas especializadas além de realizar parcerias

com seus clientes e fornecedores. Também são estabelecidas parcerias com

universidades e centros de pesquisa para o desenvolvimento de trabalhos um pouco

mais elaborados ou que necessitem de equipamentos ou atenção específica.

Os profissionais da companhia estão envolvidos nos projetos na medida em que

idealizam, coordenam, participam ou gerenciam os mesmos. As principais pesquisas

são sobre práticas de controle, operações, segurança, produtos e maquinário que

agilize e garanta maior eficiência ao trabalho.

Outro ponto a ser destacado é a visão da empresa sobre os recursos empregados

em pesquisa e desenvolvimento de inovações tecnológicas. A CPVV entende que

estes são um importante investimento, pois cada inovação pode ser capaz de

colocar a empresa em um posição vantajosa de mercado.

Vale ressaltar que a vantagem competitiva é gerada pela operacionalização da

informação obtida com a pesquisa; a maneira ou capacidade de adaptá-la ao

contexto da organização é que faz a diferença.

Qualidade de produtos, serviços e processos

A satisfação do cliente e a lucratividade da empresa relacionam-se diretamente com

a qualidade de produtos e serviços por ela ofertados. A qualidade torna-se requisito

indispensável em mercados competitivos visto a grande importância da fidelização

de clientes (KOTLER; ARMSTRONG, 1999).

Qualidade não se refere apenas a técnicas e controles estatísticos, mas sim em

mudanças no funcionamento de toda a empresa para a plena satisfação do

consumidor. Para Maximiano (2000, p. 198), “a qualidade exige uma visão sistêmica

para investigar as ações das pessoas, as máquinas, informações e todos os outros

recursos envolvidos na administração da qualidade”.

A qualidade pode ser utilizada como uma estratégia para proporcionar o aumento da

lucratividade da empresa. As receitas podem aumentar devido a maior participação

no mercado (seja por maiores vendas ou pelo atendimento a novos nichos); preços

mais altos; e redução nos custos por uma melhor eficiência, produtividade e

utilização do capital (SLACK, 1997).

A CPVV procura atender aos mais rigorosos e variados padrões de qualidade e

segurança requeridos em seu ramo de atividade. O sistema de gestão integrada das

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atividades administrativas padroniza sua execução aumentando assim a eficiência e

o controle de qualidade, o que proporciona maior confiabilidade dos clientes em

torno dos processos da empresa.

O controle logístico e operacional realizado pelo sistema OPENPORT permite

monitorar todas as fases dos serviços prestados aos clientes. Esse sistema facilita a

descoberta de erros e falhas no processo agilizando sua correção. Isso enfatiza a

preocupação da empresa com a qualidade dos serviços oferecidos, uma vez que

não permite a transferência de erros para as próximas etapas do processo o que

poderia gerar uma falha ainda maior.

As ferramentas de controle de identificação de materiais também são essenciais à

manutenção da qualidade. A identificação facilita a localização da origem e causas

de quaisquer problemas que possam ocorrer.

Para garantir a qualidade de seus insumos e serviços, a empresa seleciona

criteriosamente seus fornecedores e parceiros procurando orientá-los da melhor

maneira possível a fim de que estes trabalhem seguindo os padrões de qualidade

esperados pela CPVV e seus clientes. Nesse contexto vale ressaltar a importância

do adequado entrosamento e confiança entre a empresa e seus fornecedores

Os investimentos realizados pela CPVV em capacitação e treinamento de

empregados e colaboradores visam o aumento e desenvolvimento das habilidades e

do nível técnico dos mesmos e assim envolvê-los na filosofia da empresa.

Todas as atividades e processos da empresa passam por um rígido controle de

qualidade e sistema de gestão, garantindo assim a boa execução das atividades e,

consequentemente, a qualidade dos serviços da CPVV.

Segundo Bianchi, os serviços da CPVV também podem ser monitorados através das

auditorias realizadas por seus próprios clientes, como exemplo o caso da Petrobrás,

que as realiza trimestralmente. Nelas, eventuais falhas e necessidades de melhoria

são apontadas e discutidas.

A empresa procura atender a todas as normas e exigências de seu mercado que

podem ser governamentais, ambientais, fiscais, ou até mesmo estipuladas por seus

próprios clientes. Estas variam bastante podendo ser referentes a práticas e

processos, qualidade, especificação, normas de saúde, segurança, meio ambiente e

a conduta social.

Outro fator importante para manutenção e melhoria da qualidade é a integração da

CPVV com seus clientes. A empresa reconhece a importância da participação

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destes no projeto, produção e avaliação dos serviços oferecidos; o que permite seu

constante aprimoramento.

Relacionamento com clientes

O conhecimento das necessidades e desejos do cliente auxilia a empresa na

compreensão do mercado com informações de grande valor para tomada de

decisões. A construção de relacionamentos estáveis e duradouros com os clientes é

peça fundamental na criação dessas vantagens (KOTLER; ARMSTRONG, 1999).

Em mercados competitivos, os consumidores não devem ser vistos como simples

compradores passivos e sim como colaboradores; parte integrante da cadeia de

produção da empresa, na qual exercem papel fundamental na criação conjunta de

valor aos produtos e serviços. Para Kotler e Armstrong (1999), a criação de valor

baseia-se no gerenciamento do relacionamento da empresa com os clientes.

A CPVV possui uma relação de parceria com seus clientes visto que o bom

andamento de suas atividades reflete diretamente no desenvolvimento dos trabalhos

dos mesmos.

O constante e aberto relacionamento que a empresa mantém com seus clientes

contribui para o desenvolvimento de seus valores, visto que estes podem fornecer

valiosas informações. Geralmente, estas informações se referem às novas

demandas ou necessidades dos clientes, o que proporciona à CPVV uma melhor

compreensão e desenvolvimento destas.

Através de reuniões, visitas e conversas informais, a empresa procura se abrir ao

diálogo com os clientes, de forma a trocarem informações sobre produtos, serviços e

processos visando melhor atender suas necessidades.

A abertura da empresa para auditoria de seus clientes também comprova o

estreitamento e a confiança dessa relação. A CPVV disponibiliza ainda salas e

estruturas específicas para utilização de cada um de seus clientes, proporcionando a

estes maior comodidade e agilidade para a execução dos serviços no terminal.

Para maior integração das atividades, a Petrobrás, maior cliente da empresa, atua

dentro do terminal em um módulo de trabalho com cerca de dez funcionários. Isso

possibilita um melhor controle, gerenciamento e agilidade das atividades e

operações.

Dessa forma percebe-se que a empresa tem consciência de que o bom

gerenciamento das relações com os clientes traz melhorias a todos os envolvidos

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nessa relação. Isto permite o conhecimento e compreensão das necessidades e

desejos dos clientes e sua melhor satisfação.

Competências gerenciais

As competências gerenciais também são grandes responsáveis pela posição de

mercado hoje ocupada pela CPVV. A visão estratégica dos tomadores de decisão foi

e ainda é muito importante para o sucesso do negócio.

A transformação e competitividade da indústria torna cada vez maior a importância

dos administradores da organização. As empresas necessitam de profissionais

inovadores, criativos e atualizados. Para Silva (2000) o sucesso da estratégia

competitiva de uma empresa relaciona-se diretamente com o desenvolvimento e a

exploração das competências de seus gestores.

Essas competências são importantes, pois são os administradores da empresa os

responsáveis pelo desenvolvimento de estratégias, análise de mercado, gestão de

recursos e pela tomada de decisão; fatores diretamente relacionados ao sucesso da

empresa (SILVA, 2000).

O empreendedorismo pode ser ressaltado como uma competência fundamental dos

gestores da CPVV. Um bom exemplo disto foi o fato da empresa, inicialmente

projetada para atender a movimentação de containeres de carga geral e a

importação de automóveis, ter se reestruturado para atuar em atividades

relacionadas à exploração e produção de petróleo.

Fica assim demonstrada a grande visão dos gestores, que atentos aos fortes

indicativos de mercado para a prestação de serviços à atividade petrolífera,

reconfiguraram o arranjo estrutural da companhia para atender os exigentes e

relevantes serviços demandados por esta atividade.

Também é o corpo gerencial da empresa que idealiza todas as políticas de

qualidade, segurança, e relacionamento da CPVV. A competência dos gestores

reflete sua capacidade de unir e gerir diferentes recursos de forma a produzir uma

atividade de valor para a empresa e seus clientes. Sua ampliada visão de mercado

os coloca à frente na implementação de inovações e dos movimentos competitivos.

Sendo assim, a maior competência dos gestores da CPVV encontra-se na

capacidade de integrar, construir e reorganizar os recursos e competências da

organização sejam eles humanos, materiais ou tecnológicos, a fim de buscar as

melhores maneiras e práticas para o atendimento das necessidades dos clientes.

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4.4 Novos Desafios

A CPVV está sempre atenta aos constantes desafios impostos pelo mercado cada

vez mais competitivo. Diante disso, a empresa procura a contínua inovação e

melhoria de sua estrutura, atividades e processos para melhor atender às

necessidades de mercado.

Como forma de agilizar e melhor atender às demandas dos clientes, a empresa

construirá mais um píer de atracação com capacidade para abrigar três navios. A

ampliação torna-se importante, pois a crescente movimentação tem exigido

improvisações e provocado sobrecarga nos equipamentos, o que algumas vezes

atrapalha a qualidade na prestação dos serviços.

Ainda para melhor satisfazer os clientes, a empresa quer ampliar suas instalações

armazenadoras e as de natureza administrativo-instrumental, atendendo assim as

exigências derivadas da crescente movimentação de cargas e da necessidade no

atendimento dos serviços complementares.

Essas inovações são de grande importância para a empresa visto a intensificação

das atividades petrolíferas no estado, o que demandará maior capacidade de

atendimento, agilidade, segurança e qualidade dos prestadores de serviços de

logística offshore.

Também podem ser vistos como novos desafios, as constantes revisões de

atividades, processos e operações da CPVV e das empresas parceiras que

objetivam a melhoria contínua levam à excelência empresarial.

Segundo Bianchi, a companhia pretende ampliar os negócios da empresa com a

retomada de seu projeto original, ou seja, atender à movimentação de cargas

conteinerizadas e cargas em geral. Para isso, além da ampliação do cais de

atracação e da estrutura administrativa, será necessária a ampliação de sua

retroárea para armazenamento das cargas.

Outro ponto a ser destacado é a participação da empresa no projeto de dragagem

da baía de Vitória com objetivo de aumentar a profundidade da mesma para que

permita a entrada e atracação de embarcações de maior porte.

A expansão do escopo da empresa aumentará suas atividades proporcionando a

geração de novos negócios. Essa expansão é válida desde que não coloque em

detrimento as atividades e investimentos nos serviços já ofertados. Muitas vezes, as

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empresas ao ampliarem seu mercado com a oferta de produtos e serviços

diferenciados a mercados distintos acabam prejudicando a qualidade de suas

atividades.

A empresa precisa ter cuidado para não perder seu foco de atividades. A ampliação

deve ser cuidadosamente analisada para não prejudicar o desempenho e

crescimento dos serviços de logística offshore. O crescimento do setor petrolífero no

Espírito Santo demanda grande atenção e investimento visto a necessidade de

serviços de qualidade e altamente especializados.

Para a CPVV, também são vistos como novos desafios a manutenção, melhoria e

intensificação de projetos sociais que busquem cada vez mais a geração de

emprego e renda para a população, oportunidades, inclusão social, e a preservação

do meio ambiente.

5 CONCLUSÃO

As atividades relacionadas à indústria petrolífera podem ser vistas como um dos

principais fatores que impulsionam a economia do Espírito Santo nos últimos anos. A

descoberta e exploração de jazidas de petróleo e gás natural vêm desencadeando

um processo de desenvolvimento econômico na medida em que movimenta setores

direta e indiretamente relacionados a este mercado.

A intensificação da prospecção e produção de petróleo no estado tem gerado

grandes investimentos e oportunidades relacionadas à prestação de serviços ligados

ao setor. Dentre estas atividades, destacam-se os serviços de logística offshore,

com atividades de apoio à pesquisa, prospecção e produção de petróleo.

Com as projeções de crescimento e desenvolvimento do setor petrolífero, conclui-se

que o mercado de logística offshore também está em expansão. Para alcançar

vantagem competitiva, as empresas inseridas nesse contexto de competitividade

necessitam cada vez mais de estratégias bem definidas e dinâmicas técnicas de

gestão.

Em ambientes competitivos o sucesso da estratégia empresarial passa a ser

relacionado com a capacidade das empresas em avaliar as novas tendências e

responder rapidamente as novas necessidades dos clientes.

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A partir da teoria das capacidades dinâmicas, concluiu-se que as empresas podem

alcançar vantagem competitiva através da formulação de estratégias que as permita

fazer o melhor uso de seus recursos e competências adquiridos.

Com base nesse contexto, este trabalho procurou analisar como as empresas

apresentam competitividade no mercado prestador de serviços à indústria

petrolífera, ou seja, como estão desenvolvendo vantagem competitiva.

O estudo utilizou como referência a Companhia Portuária Vila Velha, líder em

serviços de logística offshore no ES. A empresa foi a primeira do estado a atuar

nesse do setor e hoje atende a 85% do mercado.

Para a melhor estruturação, o trabalho foi dividido em quatro partes básicas:

introdução, referencial teórico, metodologia e análise do caso. No capítulo referente

à introdução, foram definidos o problema da pesquisa, os objetivos, delimitações e

justificativas.

O referencial teórico buscou a revisão de literatura necessária à compreensão do

tema. As estratégias competitivas foram analisadas de acordo com a visão de Porter

(1989) que propõe um modelo baseado na análise estrutural da indústria, visto sua

forte influência nas regras de competição de mercado.

De acordo com Porter (1989) a estratégia determina como a organização irá

competir, suas metas e políticas para realizá-las. Para o desenvolvimento de uma

estratégia competitiva é preciso relacionar a empresa ao seu ambiente para assim

compreender a concorrência e identificar as características estruturais que

possibilitam a formulação de estratégias geradoras de vantagem competitiva.

Para a teoria das capacidades dinâmicas a vantagem competitiva é desenvolvida

pela capacidade que a empresa apresenta de unir, configurar e reorganizar,

capacidades e recursos a fim de elaborar estratégias para a atuação frente às

mudanças.

Segundo Vasconcelos e Cyrino (2000), o fundamental nessa abordagem não é o

acúmulo de recursos e sim a combinação dos mesmos de maneira a resultar em

novos recursos e oportunidades capazes de gerar lucratividade, ou seja, vantagem

competitiva.

No capítulo referente à metodologia, foi explicada a maneira e os meios de

execução do trabalho, que se trata de um estudo de caso. Na análise do caso foi

relatado o aumento da demanda de serviços de logística offshore com a

intensificação das atividades petrolíferas no ES. Também foi realizada a análise da

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empresa enfatizando suas características, estruturas e políticas. Nessa análise

foram estudados os principais fatores de desenvolvimento de vantagem competitiva

da CPVV.

A posição da CPVV é mantida pelo contínuo desenvolvimento de vantagens

competitivas destacando-se pela qualidade dos produtos, processos e serviços

oferecidos. O destaque da empresa é claramente evidenciado em suas práticas e

políticas que primam pela qualidade, segurança, meio ambiente e desenvolvimento

social.

Como principais fontes de vantagem competitiva da empresa, foram analisadas:

inovações tecnológicas; qualidade de produtos, serviços e processos;

relacionamento com clientes; e competências gerenciais.

Mesmo não possuindo um departamento específico de pesquisa e desenvolvimento,

a empresa investe em inovações tecnológicas por reconhecer sua importância no

acompanhamento do exigente e especializado mercado petrolífero.

Ao entender que a gestão da qualidade é um processo que requer melhoria

contínua, a CPVV está sempre à procura de novas tecnologias que possam

aprimorar a qualidade já existente. As constantes preocupações com a qualidade e

segurança de seus processos, contribuíram para a melhoria organizacional e,

conseqüentemente, para o destaque da empresa.

Em mercados competitivos a qualidade torna-se estratégica, pois pode reduzir

custos, aumentar a produção, e até definir novos nichos de mercado. Para sua

manutenção e destaque no mercado, as empresas devem utilizar seus recursos

humanos, tecnológicos e financeiros na melhoria da qualidade de toda sua cadeia

de atividades.

A CPVV mantém um relacionamento de parceria com seus clientes e fornecedores,

que são vistos como colaboradores na criação de valor dos serviços oferecidos.

Essa relação permite o melhor conhecimento das necessidades e desejos dos

clientes, auxiliando a empresa na compreensão e atuação de mercado, com

informações de grande valor para tomada de decisão.

As capacidades gerenciais também são consideradas como aspecto fundamental na

formulação e implementação de suas estratégias. A visão de futuro dos

administradores é vista como elemento importante para o desenvolvimento da

vantagem competitiva, uma vez que estes são os coordenadores das demais fontes

que desenvolverão a performance superior.

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Conclui-se então, que as variáveis analisadas representam a fonte de

desenvolvimento de vantagem competitiva da CPVV no mercado de apoio logístico

offshore no ES. A correta integração desses aspectos promove a eficiência na

gestão e execução de suas atividades gerando um valor superior a seus clientes.

Neste caso, pode-se destacar a competência gerencial como responsável por

combinar os recursos e capacidades da empresa para o alcance de sua posição de

destaque.

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