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I SEMINÁRIO NACIONAL: Família e Políticas Sociais no Brasil - UFV Grupo 1 Família e Políticas Públicas O desenho da Proteção Social Básica na rotina diária dos CRAS da Microrregião de Ubá/MG Leiliane Chaves Mageste de Almeida 1 Maria das Dores Saraiva de Loreto 2 Karla Maria Damiano Teixeira 3 RESUMO: Os CRAS constituem um organismo social atuante no cotidiano das famílias em vulnerabilidade social nos municípios. Assim, objetivou-se propor um debate sobre os desafios do Desenho da Política de Proteção Social Básica da Microrregião de Ubá/MG, no âmbito dos CRAS, considerando dados bibliográficos e documentais, além das percepções dos executores e usuários da política. Os resultados mostraram que o conhecimento das equipes para lidar com a questão social e as alternativas de intervenção ainda é limitado. Conclui-se que a Proteção Social Básica ainda é incipiente na Microrregião. PALAVRAS-CHAVE: Assistência Social; CRAS; Política de Proteção Social Básica. ABSTRACT: The CRAS are a social organism that is active in the daily life of the families in social vulnerability in the municipalities. Thus, it was aimed to propose a debate on the challenges of the Design of the Policy of Basic Social Protection of Ubá/MG Microregion, within the framework of CRAS, considering bibliographic and documentary data, besides the perceptions of the executors and users of the policy. The results showed that the knowledge of the teams to deal with the social question and the alternatives of intervention is still limited. We conclude that Basic Social Protection is still incipient in the Microregion. KEY-WORDS: Social Assistance; CRAS; Basic Social Protection Policy. INTRODUÇÃO Segundo a Política Nacional de Assistência Social - PNAS (2004), os aspectos de cidadania para a Assistência Social implicam nos seguintes direitos: autonomia, protagonismo, respeito, participação societária, liberdade de credo e de expressão, capacidade para a representação social e envolvimento nos processos de gestão dos serviços. Desse modo, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) ao apresentar como orientação o desenvolvimento humano e social e os direitos de cidadania, prevê as seguintes seguranças sociais no âmbito da proteção social, conforme MDS (2005, p. 19): a) segurança de acolhida; b) segurança social de renda; c) segurança do convívio ou vivência familiar, 1 Mestre em Economia Doméstica pela UFV, Odontóloga IFSudesteMG-Campus Rio Pomba. Brasil; [email protected] 2 Pós-Doutora em Família e Meio Ambiente pela University of Guelph, Canadá, Professora Titular DED-UFV. Brasil; [email protected] 3 Doutora em Family Ecology pela Michigan State University, Estados Unidos, Professora Titular DED-UFV. Brasil; [email protected]

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I SEMINÁRIO NACIONAL: Família e Políticas Sociais no Brasil - UFV

Grupo 1 – Família e Políticas Públicas

O desenho da Proteção Social Básica na rotina diária dos CRAS da

Microrregião de Ubá/MG

Leiliane Chaves Mageste de Almeida1

Maria das Dores Saraiva de Loreto2

Karla Maria Damiano Teixeira3

RESUMO: Os CRAS constituem um organismo social atuante no cotidiano das famílias em

vulnerabilidade social nos municípios. Assim, objetivou-se propor um debate sobre os desafios

do Desenho da Política de Proteção Social Básica da Microrregião de Ubá/MG, no âmbito dos

CRAS, considerando dados bibliográficos e documentais, além das percepções dos executores

e usuários da política. Os resultados mostraram que o conhecimento das equipes para lidar

com a questão social e as alternativas de intervenção ainda é limitado. Conclui-se que a

Proteção Social Básica ainda é incipiente na Microrregião.

PALAVRAS-CHAVE: Assistência Social; CRAS; Política de Proteção Social Básica.

ABSTRACT: The CRAS are a social organism that is active in the daily life of the families in

social vulnerability in the municipalities. Thus, it was aimed to propose a debate on the

challenges of the Design of the Policy of Basic Social Protection of Ubá/MG Microregion,

within the framework of CRAS, considering bibliographic and documentary data, besides the

perceptions of the executors and users of the policy. The results showed that the knowledge of

the teams to deal with the social question and the alternatives of intervention is still limited. We

conclude that Basic Social Protection is still incipient in the Microregion.

KEY-WORDS: Social Assistance; CRAS; Basic Social Protection Policy.

INTRODUÇÃO

Segundo a Política Nacional de Assistência Social - PNAS (2004), os aspectos de

cidadania para a Assistência Social implicam nos seguintes direitos: autonomia, protagonismo,

respeito, participação societária, liberdade de credo e de expressão, capacidade para a

representação social e envolvimento nos processos de gestão dos serviços.

Desse modo, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) ao apresentar como

orientação o desenvolvimento humano e social e os direitos de cidadania, prevê as seguintes

seguranças sociais no âmbito da proteção social, conforme MDS (2005, p. 19): a) segurança

de acolhida; b) segurança social de renda; c) segurança do convívio ou vivência familiar,

1 Mestre em Economia Doméstica pela UFV, Odontóloga IFSudesteMG-Campus Rio Pomba. Brasil;

[email protected] 2 Pós-Doutora em Família e Meio Ambiente pela University of Guelph, Canadá, Professora Titular DED-UFV.

Brasil; [email protected] 3 Doutora em Family Ecology pela Michigan State University, Estados Unidos, Professora Titular DED-UFV.

Brasil; [email protected]

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comunitária e social; d) segurança do desenvolvimento da autonomia individual, familiar e

social; e) segurança de sobrevivência a riscos circunstanciais.

Esse conjunto de seguranças sociais supracitadas encontra nos Centros de Referência de

Assistência Social (CRAS), um local privilegiado para sua efetivação. O CRAS é a unidade

pública descentralizada, localizado nos municípios em locais de maior vulnerabilidade social,

tendo por objetivo, conforme MDS (2009, p. 9), “prevenir a ocorrência de situações de

vulnerabilidades e riscos sociais nos territórios, por meio do desenvolvimento de

potencialidades e aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, e da

ampliação do acesso aos direitos de cidadania.”

Os Centros de Referência assumem, desta maneira, dois grandes eixos do SUAS: a

matricialidade sociofamiliar, que considera a família como núcleo social fundamental de todas

as suas ações e serviços; e a territorialização, que considera o território como fator determinante

para compreensão das situações de vulnerabilidade e risco social (MDS, 2009).

Nesse contexto, os CRAS não são simplesmente espaços físicos públicos, mas um

organismo social atuante no cotidiano das famílias, que, conforme MDS (2012a, p. 11), “atua

de forma preventiva, protetiva e proativa, reconhecendo a importância de responder às

necessidades humanas de forma integral, para além da atenção a situações emergenciais,

centradas exclusivamente nas situações de risco social.”

A questão da centralidade da família na política pública da assistência social tem que

ser conduzida de forma criteriosa pelas equipes de trabalho do CRAS, com vias ao seu

empoderamento e não à transmissão de responsabilidades cada vez maiores aos seus entes pelo

que seria um dever constitucional do Estado, expresso na Constituição de 1988. Segundo

Campos e Mioto (2003, grifo das autoras), no Brasil, há uma orientação eminentemente

“familista”, que está desde a construção da própria política da assistência perpassando todo o

processo de intervenção pública da família, responsabilizando-a pelo que seria dever do Estado.

Segundo as autoras supracitadas (2003), quando a expectativa de solidariedade da

sociedade tende a centrar-se irrealisticamente na família, existem sinais claros de retrocesso na

proteção social, considerando que as circunstâncias sociais e econômicas das famílias são de

maior privação, limitando que as mesmas possam cobrir uma gama muito maior de funções

para seus membros (ARRIAGADA, 1998).

Corroborando com esta questão, Rizzotti (2011) comenta que a complexidade da

questão social expressa de diferentes formas na vida dos usuários apresenta para as equipes de

referência sempre um desafio, tanto para decifrar este processo quanto para ofertar caminhos

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de superação das demandas que surgem e, principalmente, que os caminhos apontados não

sejam impostos às famílias de forma que elas tenham que aderir, sem o exercício do

protagonismo.

Por outro lado, como afirma Arretche (2001), existe uma grande distância entre o

desenho original da política concebido por seus formuladores e a tradução dos seus objetivos

em intervenções públicas, que diz respeito à contingência da implementação, explicadas pelas

decisões tomadas pelos implementadores no contexto em que operam.

Nesse contexto, o papel dos mediadores está justamente na construção de relações de

forma a conectar segmentos previamente fragmentados; ou seja, o elemento relacional deve

estar presente na discussão sobre mediação, permitindo evidenciar, tanto em termos estruturais

quanto dinâmicos, como ela ocorre e quais são seus impactos (LOTTA, 2012).

De acordo com o desenho da política de PSB (Figura 1), os Centros de Referência

ofertam dois serviços complementares entre si: o Programa de Atendimento Integral à Família

(PAIF) e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), que compõem

basicamente a essência da Proteção Social Básica (PSB) prestada no âmbito dos CRAS.

FIGURA 1 - Desenho da PSB no âmbito dos CRAS.

Fonte: MDS (2012b, p. 66), com adaptações.

De acordo com a figura 1, as famílias ou indivíduos ao chegarem ao CRAS são acolhidas

por diversas formas e podem, dependendo da vulnerabilidade social vivenciada e de sua

vontade, serem acompanhadas pela equipe técnica de nível superior, por meio de um plano de

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acompanhamento familiar, composto de intervenções em ações particularizadas ou por meio de

grupos de família, sob orientação da equipe, buscando-se atingir os objetivos propostos no

plano.

O trabalho social a ser desenvolvido com famílias no PAIF, define-se, conforme MDS

(2012b, p. 12), como:

um conjunto de procedimentos efetuados a partir de pressupostos éticos,

conhecimento teórico-metodológico e técnico-operativo, com a finalidade de

contribuir para a convivência, reconhecimento de direitos e possibilidades de

intervenção na vida social de um conjunto de pessoas, unidas por laços

consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade – que se constitui em um espaço

privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias, com o objetivo de

proteger seus direitos, apoiá-las no desempenho da sua função de proteção e

socialização de seus membros, bem como assegurar o convívio familiar e comunitário,

a partir do reconhecimento do papel do Estado na proteção às famílias e aos seus

membros mais vulneráveis.

O SCFV complementa o trabalho social com famílias, prevenindo a ocorrência de

situações de vulnerabilidade e risco social, sendo realizado em grupos, organizado a partir de

percursos, de modo a garantir aquisições progressivas aos seus usuários, de acordo com seu

ciclo de vida. Outra forma de intervenção é o acompanhamento das famílias inseridas em ações

do PAIF e oficinas do SCFV; e, quando a demanda não é de competência do CRAS, realiza-se

os encaminhamentos necessários para outras unidades competentes.

Questiona-se sobre a aplicabilidade do desenho da política de PSB, em função da

limitação de recursos humanos e materiais, que podem interferir, por exemplo, na busca ativa,

no plano de acompanhamento familiar e no processo de intervenção social, o que levou à sua

análise, dentro de uma realidade concreta.

OBJETIVO

Este estudo propõe um debate sobre o Desenho da Política de Proteção Social Básica da

Assistência Social, no âmbito dos CRAS, bem como sobre seus desafios na realidade prática,

sob o olhar dos executores e usuários da política.

JUSTIFICATIVA

Ao colocar em evidência as tensões em torno da política de PSB, bem como entre os

diferentes eixos de sua atuação, busca-se compreender a dinâmica que esta política social

enfrenta para a garantia das seguranças sociais previstas pelo SUAS, com vias ao seu

aprimoramento. Considera-se que ao ouvir os executores e usuários da política, pode-se obter

uma visão mais realística da proteção social básica, no âmbito do CRAS, ao propiciar um

ambiente em que as pessoas envolvidas possam refletir e trazer contribuições para a melhoria

do serviço e práticas sociais.

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MÉTODO

A pesquisa trata-se de um estudo de caso incorporado de subunidades de análise,

delimitando uma pesquisa qualitativa, que foi realizada na Microrregião de Ubá, localizada na

Mesorregião da Zona da Mata de Minas Gerais, constituída por 17 municípios.

Além da pesquisa bibliográfica e documental de cadernos do MDS e normativas do

SUAS sobre a temática em questão, optou-se pela coleta de dados por meio de entrevistas,

fundamentadas em um roteiro semiestruturado com os responsáveis diretos pela implementação

da política de PSB e usuários dos CRAS, com mais de cinco anos de implantação da

Microrregião, perfazendo um total de 12 CRAS, acreditando que estes Centros apresentariam

profissionais e beneficiários da política com uma visão mais engajada das tensões vivenciadas

em sua rotina diária.

A amostra dos executores, selecionada de forma intencional, foi constituída 65

integrantes dos CRAS; enquanto que a amostra dos usuários, selecionada por conveniência e

acessibilidade foi formada 162 pessoas que procuraram o Centro pelos mais diversos motivos.

Os dados coletados das entrevistas foram tratados descritivamente por meio da análise de

conteúdo, conforme metodologia proposta por Bardin (2011).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os principais resultados obtidos revelam que a política de PSB está sendo implementada

na Microrregião de Ubá/MG com uma oferta contínua de serviços, sendo o CRAS um espaço

público de referência na orientação e acolhida das famílias em situação de vulnerabilidade

social, que se encontram satisfeitas com os serviços prestados, como expresso nas seguintes

falas:

O CRAS é uma terapia prá gente, aqui é um lugar muito aconchegante! Por exemplo,

assim, igual a ginástica, a gente faz muitas amizades, é um lugar muito bom prá gente,

é um clima muito bom! (Entrevistada 102)

É um lugar que você vem prá resolver alguma coisa que precisa. (Entrevistada 155)

No entanto, reconhece-se que este processo se depara com desafios de naturezas

diversas, tanto do ponto de vista técnico-operacional quanto teórico-metodológico.

Exemplificando, no que diz respeito ao espaço físico do CRAS, 50% dos coordenadores o

consideram inadequado, revelando opiniões e realidades distintas vivenciadas, conforme o

depoimentos:

Inadequado, para o desenvolvimento dos serviços de convivência e para reuniões da

equipe, precisa salas maiores, temos que ficar manejando as oficinas. (Coordenadora

B5)

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Na análise descritiva das entrevistas dos executores pode ser verificado que a

confirmação da presença de Unidades bem planejadas representa uma minoria na Microrregião,

pois, mesmo os CRAS com espaço físico próprio, nem todos foram projetados para este fim,

constituindo aproveitamento de espaços municipais já existentes. Sendo assim, não apresentam

o número de cômodos exigido e, ainda, em alguns casos, o espaço está sendo compartilhado

com outras repartições municipais fora dos critérios legais. Outra questão relevante verificada

foi que, na maioria dos Centros de Referência, existe falta de acessibilidade, conforme disposto

nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para pessoas com

deficiência ou idosos, o que representa uma incoerência com a proteção social.

Desse modo, é preciso lutar por espaços mais adequados, que tenham recursos para o

exercício das funções da política social, que, em seu processo de implementação, enfrenta

realidades distintas, que exigem um conhecimento detalhado do seu território. Sobre a questão

do território, Lindo (2015) relata que a inclinação territorial assumida pela PNAS é resultado

de uma lenta construção de experiências que se combinam, se articulam e se conflitam nas

dimensões da gestão, da teorização e da operacionalização, como expresso nos depoimentos:

Na verdade foi feito um desenho e nem tudo isto existia, então, a ideia é esta, temos

que reformular e construir a política de assistência dentro do município. Então, criou-

se um desenho, para a partir daí [...] trabalhar na construção da política prevista. [...]

A gente passa do pressuposto que este processo é lento, ele é devagar... (Coordenadora

PSB A2)

A primeira coisa que eu tenho que ter consciência é que tô num bairro de

vulnerabilidade social. [...] Então, vou ter que saber como é primeiro, como é que

funciona aqui no bairro, como é que eu vou conseguir chegar até aquela pessoa, [...]

tenho que arrumar todo um jeito de chegar prá ela e conversar com ela, despida de

qualquer preconceito. Se é uma casa onde existe tráfico de droga, se é uma casa onde

tá ocorrendo algum tipo de abuso sexual, a gente tem que ir com todo tato, prá

conseguir conversar, prá conseguir chegar até aquela pessoa. (Técnica de Nível

Superior C17)

Assim, os resultados da presente pesquisa corroboram com Lindo (2015, p. 202), ao

expressar que “a política, portanto, é em si, de algum modo, um território em disputa”, aos

profissionais não basta somente assistir às pessoas marginalizadas, mas estarem atentos aos

fatores que geram os meios de produção das desigualdades e, para isso, se torna pertinente a

ação conjunta das políticas públicas, que buscam o combate às desigualdades socioespaciais e

a garantia de direitos. O referido autor (p. 194) acrescenta que o CRAS não é apenas um

território de atuação, mas de ação, afirmando: “o território não pode ser apenas um recorte

delimitador de uma área: aquela onde se faz presente a população carente de determinada

cidade”; ou seja, é fundamental que os profissionais da assistência conheçam as influências

complexas que atuam no seu território, que pode originar de outros territórios, sejam no mesmo

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município ou em outros centros urbanos.

No caso concreto da Microrregião de Ubá/MG, a vigilância socioassistencial é muito

fragilizada, comprometendo a oferta adequada de serviços protetivos, como no relato:

A gente perpassa por um série de questões, do vínculo da equipe com a comunidade,

da equipe conhecer o território no qual ela trabalha, de buscar estratégias prá estar

trazendo estas famílias. [...] O CRAS tá alí, a equipe tá alí, prá ofertar o serviço, mas

é prá quem quiser, só que se a equipe conhecer o território, tiver engajada, ela

consegue trazer. (Coordenadora PSB A1)

Nesse sentido, recomenda-se um incremento da capacitação teórica e prática dos

profissionais do CRAS, de forma sistemática e continuada, ao possibilitar uma análise mais

crítica da realidade em sintonia com as demandas de seus usuários, na perspectiva de promover

um maior empoderamento das famílias em vulnerabilidade; pois, como comentam Castro e

Oliveira (2011, p. 39):

vive-se uma conjuntura nacional de redução dos direitos sociais e trabalhistas,

desemprego estrutural, precarização do trabalho, desmonte da previdência pública,

sucateamento da saúde e educação, manipulação dos espaços de controle social e

minimização dos direitos garantidos na Constituição de 1988.

A falta de operacionalização da intersetorialidade é outro fator que coloca em risco o

direcionamento de ações em sincronia dentro dos municípios, levando aos desvios da política,

por falta de pactuação entre os diferentes atores do processo de implementação, como na fala:

O modelo CRAS hoje exige que seja assim, então se o assistente social for

individualista, por mais que ele seja eficaz, ele não será eficiente, e o psicólogo

também, por maior que seja o seu conhecimento e capacidade de resolver conflitos

individuais, ele não vai conseguir resolver conflitos sociais. E nós atendemos usuários

indivíduos, que pertencem a um social, a família é a raiz social. (Técnico de Nível

Superior C5)

Assim, os resultados da pesquisa evidenciam que as intervenções vêm se mostrando

setorializadas e ineficazes para romper com os mecanismos de reprodução da pobreza. Embora

exista técnicos mais engajados neste processo, a responsabilidade pelo incremento das relações

entre os diversos setores cabe ao coordenador do CRAS junto aos gestores da Assistência e de

outras políticas sociais municipais, para buscar o apoio da administração municipal no

incremento dessas relações, como verificado nos relatos:

Você vê, eles acreditam que vai se construir uma rede, que todas as outras políticas

estão abertas à nossa política, e muitas vezes não estão.(...) Eles não entendem o que

que é a rede, acham que a gente tá levando é trabalho, principalmente a saúde, acho

que a saúde talvez seja o mais frágil. (Técnica de Nível Superior C17)

Nesse cenário, para melhorar a formação de redes e intersetorialidade entre os serviços

existentes na Microrregião, deve-se fomentar a prática de reuniões periódicas com

representantes da rede socioassistencial, pois é uma alternativa para o conhecimento da

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realidade dos outros serviços. Esta conscientização é encontrada no seguinte relato:

O compartilhamento de opiniões nos leva a construir e desconstruir questões.

(Coordenadora PSB A2)

Assim, esta política que tem como fundamento a constituição de sujeitos de direitos

através do acesso aos bens e serviços produzidos socialmente, conta, ainda, com um

imediatismo de ações, que são incompatíveis com a atuação de forma preventiva que a política

de atenção básica necessita para evitar riscos e violações de direitos, como relatado a seguir:

O objetivo do CRAS é um, mas por termos que atender demandas de CREAS, como

vai dar tempo para planejar, o serviço é direcionado pela demanda espontânea.

(Técnica de Nível Superior C12)

O depoimento supracitado corrobora com as autoras Campos e Mioto (2003), de que a

assistência social está marcada por um caráter essencialmente curativo, aonde os projetos de

caráter mais preventivo vêm perdendo força, o que reforça a necessidade de ampliação de ações

no sentido de melhorar a aproximação das relações dos executores dos serviços com os seus

usuários, pelo incremento da busca ativa, bem como pela contratação de mais profissionais para

constituírem as equipes de CRAS, como expresso nos relatos:

A prática da assistência social é muito diferente da teoria, [...] esses cursos de

capacitações, mesmo, que eu vou, o que eles falam lá é tudo muito lindo, tudo muito

bonito, só que quando a gente chega aqui, [...] eu não tenho os profissionais que eu

preciso para trabalhar. (Coordenadora B2)

Além da constituição de equipes mínimas de referência se constata uma tendência de

alta rotatividade de cargos, precarização de vínculos e despreparo para o desempenho de

funções, como relatado:

A falha que eu vejo maior nessas políticas de assistência social é essa: é, deles criarem

um padrão e acreditarem que isto vai acontecer, em todos os municípios do Brasil. E

isto não é assim. (...) as mudanças de secretaria, de gestores, pela própria política de

assistência ser uma política nova, apesar dos últimos governos federais, estarem dando

uma atenção especial à área social, o desenvolvimento do SUAS, a implantação dos

CRAS, [...] mesmo assim, ainda não é uma política que realça tanto quanto à política

de saúde e educação. (Técnica de Nível Superior C17)

Não temos nenhum funcionário que trabalha dentro do CRAS concursado, são todos

contratos ou de prestação de serviços de três meses, que é muito instável, que a pessoa

não tem direito a nada, décimo terceiro... [...] Isto dá uma rotatividade muito grande,

se a pessoa encontra uma condição melhor de trabalho, ela não continua no CRAS.

(Coordenadora B4)

Por outro lado, as questões burocráticas impostas na prática rotineira dos CRAS,

sobrecarregam as equipes mínimas de referência, como pontuado por uma das coordenadoras:

Os relatórios do governo são muito quantitativos e a gente trabalha muitas questões

subjetivas, (...) as questões são muito amarradas e prá além disso eles mudam de

orientação, tipo, como responder aquela pergunta. A gente faz assim, com base em

muitas reuniões, muito estudo, porque a orientação é muito curta e fechada.

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(Coordenadora PSB A2)

A análise da fala evidencia que existem dificuldades no preenchimento dos relatórios

do governo, derivadas da capacitação insuficiente dos profissionais, aliada a um processo

construído historicamente de assistência, como benesse, que ainda associa a assistência social

com a provisão de bens materiais, dificultndo a transmissão ao usuário sobre o sentido da

assistência, como uma política de direito; bem como a sua importância para a construção da

autonomia dos sujeitos, como nos relatos:

Sabe qual que é o maior obstáculo que eu vejo? [...] É a pessoa que vem buscar, o

usuário. Ele entender o que é a verdadeira busca dele e o que significa mesmo o

CRAS. Na verdade, a maioria dos usuários pensa: vou lá no CRAS pedir um Bolsa

Família, buscar uma cesta básica, é o lugar do pedinte, então eu acho que um dos

grandes obstáculos do pessoal que trabalha no CRAS é reverter essa situação.

(Coordenadora B6)

A cultura do assistencialismo ela é muito forte, inclusive, dentro da própria assistência

social mesmo, a gente se depara com essa dificuldade de romper com o outro colega,

no sentido de sair do assistencialismo e partir para a questão dos direitos. (Técnica de

Nível Superior C24)

Reconhece-se, portanto, que, enquanto o assistencialismo estiver enraizado, também,

em membros das equipes dos CRAS, não há como progredir nos objetivos propostos pela

PNAS. Entretanto, esta questão não pode ser desculpa para a falta de eficácia da intervenção,

é preciso mais capacitação, consolidar a gestão social e estabelecer processos de avaliação, pois

“sem isso, corre-se o risco, grave, de utilizar recursos públicos e escassos em intervenções

fracas, mal desenhadas, em que não se sabe exatamente o que se deseja alcançar, nem se o

projeto alcançou os resultados pretendidos” (CARNEIRO, 2004, p. 87).

Assim, no cotidiano dos pequenos municípios brasileiros o discurso político e imperioso

da troca de favores ocasiona tanto a insegurança de profissionais contratados provisoriamente

quanto a falta de reconhecimento da política pública da assistência como um direito dos

cidadãos, como expresso nas falas:

Você sabe como é cidade pequena, tem um pouco de crítica, um pouco de política,

nimguém tá satisfeito. (Facilitadora E8)

O pessoal fala de prefeito não valer nada, mas gente, eu não sei se é prefeito, se é

governo, o que que é, mas foi a melhor coisa que Deus fez foi este CRAS prá nós.

(Entrevistada 125)

Esta questão pode ser mais incidente, se os usuários dos CRAS possuem um nível de

escolaridade mais baixo, com direito de opinião e organização pouco expressivos, como

constatado na área de abrangência do estudo em questão. Desse modo, nos Centros de

Referência pesquisados, a forma de participação cidadã nas atividades ofertadas é, em geral, de

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forma passiva, pois o principal direcionamento das oficinas com adultos é a execução de

trabalhos manuais e a convivência entre pessoas da mesma idade. As atividades citadas com

maior número de participantes eram voltadas para a dança e alongamento, dentre outras; isto é,

compreendem atividades que não apresentam oportunidade de discussão dos interesses da

família, por serem atividades essencialmente físicas, não representando espaços de mobilização

da comunidade e construção de projetos de vida em conjunto, típicos de uma cidadania ativa.

Aliado a isso, as equipes relatam uma resistência, por parte dos grupos prioritários, na

inserção nas atividades dos CRAS, que pode estar relacionado à falta de interesse do usuário,

que, com uma baixa autoestima pelas situações discriminatórias vivenciadas em seu dia a dia,

mina os seus interesses e estabelece uma descrença e desconfiança da política. Então, o desafio

maior se torna traduzir em linguagem simples e clara os objetivos da política, para ampliar a

mobilização e participação. Este entendimento é bem evidente na seguinte fala:

Porque enquanto ele não conhece aquele trabalho, ele não vai aderir àquele trabalho

alí. Porque se a gente pensar em vulnerabilidade social, o que é que a gente encontra

lá? De tudo. Então, como é que você vai trazer esta pessoa prá cá, que ela sabe que no

mundo que a gente vive hoje, todo mundo quer fazer uma coisa de mal com o outro,

e aí, ele vai vim? (pausa) Ele vai vim, só depois que ele começar a conhecer e saber o

que é. (Coordenadora B7)

É fato que a participação no CRAS é voluntária, mas os CRAS vêm enfrentando

dificuldades de inserção em suas atividades, justamente com as famílias de maior

vulnerabilidade social, como é o caso das famílias beneficiárias do programa Bolsa Família

(BF), que receiam perder o benefício, como pode ser observado no seguinte relato:

A barreira que eu vejo são os beneficiários do Bolsa Família, porque o CRAS, a

prioridade dele é atender este público. Só que eles têm medo de vir prá cá, prá poder

fazer um curso, alguma oficina, [...] porque eles têm medo de perder isto. O Bolsa

acabou virando prá eles um recurso. Se aumentar a renda, perde, sai do Programa.

Você quer fazer um cadastro, acaba sonegando informação. Você chama esta pessoa

ela põe mil e um obstáculo lá, porque tem que trabalhar, porque tem filho, que é isso,

que é aquilo. (Técnica de Nível Médio D3)

Apesar da ênfase dos dispositivos da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), em

estabelecer um conjunto de serviços, programas e benefícios em sintonia; na prática, as políticas

de transferência de renda, como no caso do BF, têm constituído, em sua maioria, uma via de

mão única na implementação desta política, evidenciando a falta de formação de redes e a

busca, por parte desses beneficiários, do mercado de trabalho informal em detrimento do

mercado formal, a evasão das atividades do CRAS para facilitar a sonegação de informações

junto aos gestores do BF, que, em geral, estão também dentro do CRAS.

Enfim, um trabalho social de qualidade, baseado no desenho da política de PSB, que

seja capaz de promover uma mudança fundamental na vida dos cidadãos dos municípios que

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I SEMINÁRIO NACIONAL: Família e Políticas Sociais no Brasil - UFV

integram a Microrregião de Ubá/MG, ainda se encontra de forma incipiente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os CRAS, dentro dos municípios da Microrregião de Ubá/MG, têm se portado como

um lócus da política de assistência social, de referência importante para as famílias em

vulnerabilidade social que o frequentam. Entretanto, sua prática rotineira, como a de todas as

políticas sociais, ao se deparar com as tensões e os desafios impostos pela multicausalidade e a

complexidade dos problemas sociais, ainda apresenta limitações tanto do ponto de vista técnico-

operacional quanto teórico-metodológico.

Existe uma distância entre o modelo da formulação da política do SUAS e o desenho

real da implementação da PSB: O desenho proposto pelo SUAS buscou romper com a

fragmentação de programas e acreditou na formação de redes e intersetorialidade; entretanto,

existem limitações associadas ao conhecimento das equipes para lidar com a questão social e

sobre as alternativas de intervenção, as atenções ainda estão priorizadas nas demandas

emergenciais, existindo descontinuidades de ação entre as redes socioassistenciais e, como

espaço de acesso aos direitos de cidadania, ainda é palco do assistencialismo histórico e da

precarização das relações de trabalho de seus próprios trabalhadores.

Assim, para consolidar o status de espaço de proteção dos membros das famílias em

vulnerabilidade, é essencial a incorporação da concepção, por parte dos profissionais da

Assistência Social, de que o CRAS é um espaço privilegiado de sua atuação e que eles são

elementos fundamentais como indutores do processo de atenção social básica.

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