o curupira - a revista

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O CURUPIRA ANO 01/ 2012 EDIÇÃO NÚMERO 01 Na contramão do sistema Ensaio fotográfico Por Um Pedaço de Terra Meio Ambiente Cemitérios têm legislação própria para serem Politica No Paraná, populações indígenas também sofrem ameaça de despejo Cultura Bandas que preferem sobreviver sem gravadoras

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O CURUPIRA - A REVISTA

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O CURUPIRAAN

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012

ED

IÇÃO

NÚM

ERO

01

Na contramão do sistema

Ensaio fotográficoPor Um Pedaço de Terra

Meio Ambiente Cemitérios têm legislação própria para serem

PoliticaNo Paraná, populações indígenas também sofrem ameaça de despejo

CulturaBandas que preferem sobreviver sem gravadoras

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NA CONTRAMÃO

DO SISTEMA

Essa criatura mitológica do folclore brasileiro possui cabelos de fogo e os pés virados para trás. Defensor das matas tupiniquins, o Curupira anda pelas selvas protegendo animais e confrontando caçadores, tudo pelo bem estar dessas criaturas que têm poucos que olhem por eles. Ele engana caçadores e invasores, defende os animais e as árvores, se utiliza de artifícios como os pés virados para trás, para enganar os caçadores, que não conseguem persegui-lo.

Dessa forma, surge a Revista O Curupira, inspirada por esse personagem fantástico, representante do fo lc lore popular brasileiro, para da mesma maneira que ele, defender e lutar pela voz daqueles que têm poucos que falem por eles.

O Curupira tem como tripé de sua base editorial as editorias de Meio Ambiente; Cultura; e Política. Nesses ramos, a revista buscará sempre integrar os três assuntos, tratar de políticas públicas em prol do meio ambiente; estimular a cultura política; e a

instigação do cuidado com o meio ambiente como atributo cultural de um povo. São apenas algumas das formas de interligar esses três assuntos, havendo diversas outras.

O Curupira existe para estimular uma população jovem e interessada, a se engajar socialmente, fazer parte ativamente da política, defender o meio ambiente, e praticar valores culturais.

Fazemos parte de uma geração que vive intensamente tudo o que faz, mas ainda não conhece o seu lugar no futuro. A revista O Curupira está aqui para estimular esse conhecimento, engajar esses jovens e formar adultos responsáveis socialmente, e interessados nos assuntos que dizem respeito ao planeta como um todo.

Meio Ambiente, Cultura e Política não sobreviveriam separadamente, estão naturalmente interligados, e fazem parte de um mesmo mundo. O Curupira ajuda você leitor a entender e fazer parte ainda mais intensamente desse mundo.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTESCOMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

Decana: Eliane C. Francisco MaffezzolliReitor: Clemente Ivo JuliattoVice-Reitor: Paulo Otávio Mussi AugustoCoordenador: Julius NunesProfessoras responsáveis: Maria Teresa Freire - Texto e Juliana Souza- DiagramaçãoEditores – Ana Evelyn de Almeida e Lucas MolinariProjeto Gráfico – Ana Evelyn de AlmeidaTextos e fotos – Ana Evelyn de Almeida; Daphine Augustini; Jhonny Castro e Lucas Molinari

EX

PE

DIE

NT

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Política

Cultura

(6) Candidatos: Em época de eleição usam a criatividade para tentar se eleger

(10) Índios: Uma cultura ameaçada

(12) Trabalho Voluntário: Ajudar aos outros muitas vezes é ajudar a si mesmo

(18) Música: Artistas curitibanos recusam contratos com gravadoras e se mantêm pelas redes sociais

(22) Crônica: Consumismo cultural, um bem ou mal para o artista

(24) Cinema: O meio ambiente em foco nas telonas

SUMÁRIO

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Meio Ambiente

(29) Histórias para boi dormir: O que é verdade ou mentira na Rio + 20?

(30) Cemitérios: Legislação específica serve para fiscalizar danos ambientais

(32) Vegetarianismo: Prática que ajuda o meio ambiente e a saúde

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Em épocas de campanha política é sempre a mesma coisa: papel pra lá, musiquinha pra cá, banners e pôsteres de diversos rostos, que são usados para divulgar as propostas dos candidatos. Porém no meio destes inúmeros nomes, chamam a atenção aqueles que usam nomes diferentes, muitas vezes até engraçados, para tentar o sonho de ser um político. Inspirados em apelidos de infância, ideias inovadoras ou então nome em que é conhecido no bairro, o importante é chamar a atenção do eleitor. Por contarem com campanhas baratas, os candidatos usam da criatividade, muitas vezes usando até nome de pessoas famosas. Sendo direito garantido pela Justiça Eleitoral, a escolha do nome conta como estratégia. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, candidatos em todo o País resolveram usar nomes de grandes personalidades políticas, para conseguir votos. Ao todo no Brasil, 222 candidatos escolheram seus nomes de urna para coincidir com três políticos populares. Entre eles, 106 políticos escolheram “Lula”, 68 “Dilma” e 48 pessoas quiseram ser lembradas como “Tiririca” no momento do

voto. Em Curitiba encontramos diversos exemplos como Mestre Pop (P S C), Agostinho da floricultura (PRP), Beluga (PSL), Valdeka (PTB), Lingüiça Do Circo (PSC) entre outros. João Flausino Dias, conhecido como Lingüiça do circo, é candidato a vereador pela quarta vez. Ele afirma que nunca pensou em usar seu nome verdadeiro, pois temia ser confundido com outros candidatos que também tem o sobrenome Dias. A idéia surgiu de seu passado no circo, no qual era identificado com o nome Lingüiça. O candidato sai às ruas junto com sua equipe, todos com os rostos pintados no estilo circense, com nariz de palhaço e cores vibrantes, “nós queremos transmitir alegria e mostrar que somos diferentes”, diz Lingüiça. Quando questionado a cerca da possível interpretação errônea do nome, que poderia soar de maneira cômica, ele mostra ser exatamente o contrário “meu nome representa a classe artística, recebo ligações de diversos lugares do Brasil, no qual sou parabenizado por representar os artistas, pois é muito importante ter alguém do meio artístico na Câmara”, explica o candidato.

Candidatos

driblam a

concorrência

com

criatividade

e bom humor

O circo das

eleições

Daphine Augustini

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Bruno Bolognesi, pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira ( U F P R ) , a c r e d i t a q u e o c l i m a d e concorrência entre vários candidatos do mesmo partido, faz com que os eles tenham que se destacar, por isso escolhem essas ideias. Bruno garante que a escolha do nome não influencia a seriedade e confiabilidade do candidato: “Penso que aba la a credibilidade quando o nome é manipulado de forma com que não faça parte da personalidade ou do mundo do candidato”, diz.

A falta de verbas de alguns partidos e ind iv íduos faz também com que a criatividade faça a diferença diante de uma campanha mais simples, com menos abrangência.

Assim ele acaba conhecido não a partir de matérias gráficos em si, mas no boca a boca.

Invariavelmente, essas figuras se proliferam mais rap idamente nas câmaras de vereadores. Quem explica esse fenômeno é o cientista político da Universidade Federal do Paraná, Ricardo Oliveira. Segundo o especialista, as campanhas mais baratas atraem esse tipo de candidato: “Há uma maior capilaridade. Quando se tem candidatos ao legislativo se tem uma seleção maior. São menos candidatos, porque sai mais caro. Com isso, há uma representação mais popular e folclórica para a Câmara de Vereadores, se consideramos o Senado ou a Assembléia Legislativa, por exemplo", reiterou.

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Quem nunca se viu cantarolando uma música qualquer durante podo o dia, muitas vezes até tentando alguns artifícios para esquecê-la? Pois isso acontece com todo mundo! E é neste contexto que os políticos criam jingles, para colar na memória do eleitor, torcendo para que no dia da votação ele ainda lembre-se do número.Figura conhecida em Curitiba, professor Galdino fez de seu jingle a maneira de fazer sua campanha. O vereador e também candidato, sai as ruas de maneira inusitada cantando seus números e interagindo com o povo.Mas será que os eleitores gostam desse tipo de campanha? Gabriela Vidoto, estudante de direito, acha que o som alto polui a cidade e faz com que ao invés de chamar a atenção, deixa o cidadão irritado. “Trabalho no centro e sempre encontro esse ripo de manifestação. Mesmo com o fone em um volume razoável, não consigo deixar de ouvir, acho inconveniente".

Jingles, as

musiquinhas

que não

desgrudam na

cabeça

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Hoje as bancadas representadas por grupos evangélicos, cristãos tem tido considerável re p re s e n tat i va d e n a s c â m a ra s d e deputados, vereadores e até em cargos executivos. Com isto, vem surgindo muitos indignados com a presença de políticos cristãos em nosso país. “Não pode um pastor ocupar um cargo no legislativo” é o que muitos dizem. A sociedade é uma disputa de ideias e os grupos ideológicos que mais conquistam as pessoas se tornam, aos poucos, uma grande voz e de peso nos espaços em que ocupam. Isto acontece por que vivemos em uma democracia e não em um Estado autoritário onde todos são obrigados a seguir uma linha de pensamento centralista. O cristão tem outra forma de ver o mundo e isto também pode ser praticado na política. Qual o problema? Obviamente você nunca irá ver um pastor votando a favor de leis a respeito do homossexualismo, legalização do aborto e das drogas entre outros temas mais polêmicos. Mas qualquer um, independente da opinião pode sim montar um partido e ser um político. Se for para julgar o posicionamento destes representantes e dizer quem pode ou não

pode participar da política, vamos entrar em um conceito de verdade extremamente complexo e sem fim. Por que então nos levantamos também contra empresários e ruralistas que defendem seus interesses particulares? É a mesma coisa, cada um tem uma visão de mundo e busca disputar a sociedade e a opinião. Se limitarmos a participação de alguns setores iremos voltar a ditadura que vivíamos há pouco tempo em nosso país. Quem está certo? Quem está errado? Legalizar ou não o aborto? O errado para mim pode ser o certo para você, isto faz parte da sociedade. Você pode ser contra a participação dos cristãos na política, assim como de empresár ios , soc ia l i stas , neoliberais e por ai vai.O Partido Social Cristão (PSC) foi o que conquistou a maior bancada de vereadores em Curitiba e saiu desta eleição municipal, com o deputado federal Ratinho Junior, como uma forte e nova força política no Estado. Iremos ver nos próximos quatro a n o s s e i s t o i rá s e re f l e t i r n e s t e “conservadorismo cristão” que muitos temem, ou se realmente estão interessados em construir uma cidade mais justa.

Lucas Molinari

Religião e

políticapodem se misturar?

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No Paraná cerca de 13 mil pessoas residem em terras indígenas, estando espalhadas por mais de 20 cidades no Estado segundo o CENSO 2010. Próximo a Curitiba residente em Piraquara região metropolitana, existe a tribo Araça-i que está no local há 14 anos. Porém já quase foram expulsos do local. No Brasil se tornou notório a situação da tribo Guarani-Kaiowá, que estão sofrendo uma ação de despejo, além de assassinatos e ameaça de morte por fazendeiros.Os indígenas da tribo Araça-i buscam preservar suas origens Guaranis que tem como prioridade, o lado espiritual do ser vivo e manter sua cultura e tradição repassando os seus valores para os mais jovens. A língua falada por eles é o Guarani, porém, todos aprendem o português desde cedo na escola que frequentam no próprio local. Além disto, são ensinadas as disciplinas de matemática, história, ciências

entre outras matérias, pelos próprios líderes da tribo e também por professores que vem de fora. A escola possui turmas do ensino básico até a 5ª série. Todo o restante da grade escolar é feito em escolas públicas próximas a região.Nesse ano alguns integrantes da tribo irão prestar vestibular, um deles é Leonardo de Souza. “Eu pretendo cursar letras, e com isso poder trazer todo o meu aprendizado para a nossa escola”, comentou o indígena que é professor de Guarani e Português.

Uma cultura em

extinção

Tribos indígenas Lucas Molinari

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Influência Cultural

A tribo hoje possui condições muito limitadas sendo influenciada pela cultura dominante. As casas não podem ser mais construídas do modo tradicional devido à proibição de cortes de árvores. Mas ainda há algumas feitas de barro. O alimento principal não é adquirido através das caças, como tradicionalmente foi. Normalmente o que consomem conseguem através de doações de instituições privadas, sociedade civil, do FUNASA (Fundação Nacional da Saúde), ou até mesmo compram o que precisam. O d i n h e i r o q u e a r r e c a d a m v e m principalmente do artesanato e também há indígenas que possuem um trabalho próximo a região.Há televisores, rádios, bandeira de times de futebol em algumas casas. Além de alguns índios terem o cabelo pintado, mechas e corte de cabelo ao estilo moicano. Ninguém anda pelado, ou com aqueles trajes tradicionais feitos artesanalmente, como imaginamos. As roupas, tênis que vestem são em sua maioria adquiridas por doação.

Ameaça de despejo

O grupo migrou da região de Mangueirinha-PR que segundo Florinda da Silva, filha do pajé Karaí Tataendy, o fato ocorreu devido a conflitos religiosos na região. “Durante estes conflitos o pajé recebeu dos espíritos que deveríamos vir para outra terra. Então recebemos este local como doação e temos toda a documentação em nosso nome” comentou Florinda. Há alguns anos a tribo foi ameaçada de despejo por grupos ambientais, por estarem em uma área de proteção ambiental e que estariam prejudicando o meio ambiente. Porém, a demarcação das terras onde eles vivem está legal, registrada no nome do pajé, não sendo uma ocupação. Recentemente a tribo Guarani-Kaiowá que vive no Mato Grosso do Sul sofreu uma ação judicial de despejo, isto fez com que criassem uma carta de suicídio coletivo caso tivessem que sair da região. A carta gerou uma repercussão nacional e internacional.O local onde estão acampados há um ano é irregular, porém a tribo já tinha sido expulsa d a s s u a s te r ra s d e o r i ge m e e stá aguardando há décadas a demarcação das áreas a que têm direito garantido pela constituição.O fato chamou a atenção também da violência que povos indígenas vem sofrendo por não poderem ter um pedaço de terra, assim como das constantes expulsões e ameaça de morte por fazendeiros. O suicídio nas tribos vem se tornando algo comum, pois não possuem mais perspectivas, terras ou por ficarem confinados em reservas indígenas.

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Muitos se sentem instigados a contribuírem para um mundo melhor. O trabalho voluntário tem sido uma opção para quem busca ajudar. O Centro de Ação Voluntária (CAV) de Curitiba oferece cursos para aqueles que não sabem como e onde atuar. Há também opções de voluntariados no exterior, em diferentes áreas.E m 1 9 9 5 o m o v i m e n t o n a c i o n a l Comunidade Solidária composto pela sociedade civil e por representantes do E s t a d o , p r o c u r a r a m p r o m o v e r a participação de todos no desenvolvimento de políticas sociais. Então decidiram realizar o I S e m i n á r i o d e m o b i l i z a ç ã o d e organizações públicas, sendo Curitiba foi a primeira capital do país a receber o encontro. Deste movimento surgiu o CAV em 1998, auxiliando milhares de cidadãos a

participarem de programas voluntários.“O Centro busca fazer a ponte com quem busca ter esta experiência com trabalho voluntário, bem como empresas e de instituições que necessitam de pessoas que atuem voluntariadamente”, comentou o Analista de Projetos Thiago Baise. A instituição oferece semanalmente palestras com duração de 1 hora, tratando sobre responsabilidade e compromisso, o que contribui para o desenvolvimento pessoal e a descoberta de suas potencialidades.“Além de contribuir com o outro, o trabalho voluntário contribui com quem se doa. É também uma das formas de exercer a cidadania e de se relacionar com outras pessoas” afirmou Baise. O CAV auxilia na busca por trabalhos em Curitiba e região metropolitana.

Trabalho Voluntário é exemplo de cidadaniaAjudar aos outros muitas vezes é ajudar a si mesmo

Lucas Molinari

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Para quem busca fazer voluntariado fora do Brasil, existem diversas áreas disponíveis estre elas estão saúde, educação, meio ambiente e de proteção aos animais. A estudante Giulia Lacerda escolheu a África do Sul como destino, escolhendo um programa voltado ao meio ambiente. “Foi uma experiência incrível. Primeiro por conhecer um lugar onde o ser humano é o intruso, segundo por entender a lógica da savana e suas atuais dif iculdades” comentou Giulia.Entre as atividades desenvolvidas pela voluntária estavam a preservação da mata, d e s m o n t a r a r m a d i l h a s a r m a d a s ilegalmente por caçadores e limpar a poluição causadas pelo ser humano. Além disto, pode aprender sobre o meio ambiente sul africano. “Tínhamos aula sobre a vegetação, os animais e seus comportamentos, além de coisas úteis para a sobrevivência na savana” afirmou a estudante.H á p r ê m i o s q u e i n c e n t i v a m e homenageiam aqueles que se destacam no projeto voluntário. Nelson Fonseca que é atua como professor, foi um dos vencedores do prêmio em 2010, pelo mérito em sua

atuação, na categoria Educação. Fonseca foi coordenador do projeto “Oportunidade” promovido pelo Instituto Bazzaneze de Governança e Auditoria, que teve como objetivo orientar e capacitar adolescentes com idade entre 15 e 18 anos por meio de aulas de cidadania, informática, inglês, comunicação e língua portuguesa. Nelson comenta que em 2007 recebeu uma proposta para ser professor de Inglês em Dublin na Irlanda. Mas estava lecionando para os alunos do Instituto Bom Aluno do Brasil, até que recebeu uma carta de mais 100 metros dos seus alunos, e com as passagens já compradas decidiu continuar morando no Brasil e atuando no projeto. Trabalhar para o outro é uma filosofia de vida que escolheu. “Fiz uma opção de não ser rico e trabalhar pela sociedade. Vale a pena quando você consegue mostrar que os sonhos são possíveis” comentou Nelson.“Recomendo sempre que as pessoas façam trabalhos voluntários, porque, além de gratificante, oferece ao voluntário uma visão de mundo além do que se imagina e do que se pode aprender dentro de uma sala de aula, no trabalho ou em casa”, concluiu Giulia Lacerda.

Voluntariado no exterior

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Por um pedaço de terra

Lutando pela vida

Movimento Sem Terra Lucas Molinari

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Na região da Lapa-PR está localizado o Assentamento Contestado do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. O local é habitado por 108 famílias e possui ensino fundamental, médio e superior, onde cerca 200 pessoas estudam. Os membros se organizam em forma de cooperação se dividindo em diferentes atividades que contribuem para o desenvolvimento social e econômico da

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Legião Rural

Senhor Deus,O Planeta terra que herdei foi confiscadoE eu me consolo em vagar por um solo alheio,E no espelho do passado vejo a terra nascer bela e nua.Meu teto são as estrelas,Estou coberto pela poeira que minha legiãolevanta pelo caminho da vida.Luto pela terra.Luto pela reforma.Luto pela vida perdida em um confronto por terra.Meu horizonte é um arame farpado,e no gramado estão as plantas dos meus pés.Senhor Deus,Estou de luto,Estou sem terra...Mas ainda luto.

Chico Mendes

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Será o fim das gravadoras?

Bandas curitibanas recusam contrato com gravadoras e se mantém com as redes sociais

Lucas Molinari

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Atualmente os artistas estão usufruindo cada vez mais dos novos meios tecnológicos e principalmente das redes sociais para divulgarem e reproduzirem o seu trabalho. A Banda Mais Bonita da Cidade e a Copacabana Club recusaram assinar contrato com gravadora, com isto as produções dos seus discos foram por financiamento público e através dos cachês que recebiam.Com a chegada e a evolução da internet ficou muito mais fácil para as bandas conseguirem se projetar no cenário musical. Porém é preciso também contar com a sorte, como foi o caso da Banda Mais Bonita da Cidade que postou um vídeo no Yo u Tu b e e s e m n e n h u m a g ra n d e expectativa, tiveram mais de um milhão de visualizações em uma semana. Isto deu uma virada no grupo, que antes apenas

divulgavam suas músicas para seus amigos, em alguns bares, passaram então a serem co n h e c i d o s n a c i o n a l m e nte d a n d o entrevistas para as principais emissoras do país.A partir de então a banda começou a receber ligações para fazerem shows em diferentes regiões do país, inclusive recebendo propostas de gravadoras, porém todas foram recusadas. “As gravadoras viam na gente sacos de dólar, era um produto muito quisto naquele momento. Tinham um interesse financeiro muito grande. Não tem problema ter interesse em dinheiro, a gente também tem, mas não é esta a questão. Na gravadora de repente alguém fala: "o talvez vocês tenham que tirar este arranjo e botar aquele”, a gente não queria neste momento abrir mão das nossas coisas” comentou a vocalista Uyara Ramos.

Copa Cabana Club

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Por terem conseguido esta visibilidade, optaram por produzir o primeiro disco através do financiamento público e mais uma vez contaram com a ajuda da internet. O grupo utilizou o site catarse.com, uma espécie de “vaquinha virtual” onde as pessoas doavam um determinado valor e ganhavam alguns brindes como bótons, camisetas e até o CD depois que ficasse pronto. Ao todo arrecadaram mais de 52 mil reais e o disco saiu sem um selo de uma gravadora.A Copacabana Club iniciou em 2007 e com os shows que faziam, juntavam dinheiro para gravar suas músicas. A partir disto utilizaram a rede social My Space para que as pessoas conhecessem o seu trabalho. Mas também contaram com a sorte para que ganhassem certa visibilidade. Porém desta vez não foi pela internet. “Fizemos um show em 2008 em São Paulo, que deu uma virada na banda. Um crítico da Folha estava lá e colocou a gente na capa da ilustrada. Golpe de sorte” comentou Cacá vocalista da banda.A publicação no jornal rendeu bons frutos ao grupo, que de 20 acessos que tinha por dia chegaram a ter 6 mil. No ano seguinte o

grupo conseguiu um dinheiro através de um concurso e decidiram então produzir um vídeo clipe, o que em questões de meses foi parar na MTV, virando até vinheta na Sony, o que gerou ainda mais visibilidade para o Copacabana Club.Após conseguiram gravar o primeiro disco, três gravadoras se interessaram em colocar o selo delas no CD do grupo, porém a banda recusou a proposta. “Pra gente não era vantagem nenhuma, eles só ofereceram o que a gente já tinha. Se uma gravadora bancasse o que a gente tinha investido, talvez tivéssemos aceitado. Mas não sei qual gravadora teria cacife para bancar uma banda que não é mainstream” disse a vocalista.Ambos os grupos afirmaram que é possível se manter no cenário musical sem ter uma gravadora, mas caso recebessem uma excelente proposta de investimento e não só ganhar em cima com a venda de músicas, não haveria problema em assinar contrato. As gravadoras possuem uma estrutura comercial que as bandas não têm, o que de certa forma contribui para a divulgação e projeção nacional dos grupos que estão iniciando suas carreiras.

Banda Mais Bonita da Cidade

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Cultura á

vendaJhonny Castro

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Acobreado pelo impacto de raios solares sobre sua superfície, um lençol jazia sobre o chão, e nele vários, infinitos diria o sábio, pacotes plásticos com uma capinha colorida de papel embelezando de forma pouco eficiente. Dentro de tudo isso um disco, com dados gravados, onde pela benção da tecnologia será possível (se tudo correr bem) assistir a um filme famoso, p r o d u z i d o a s a b e - s e l á q u a n t o s quilômetros daqui.

“É três por 10 real, é três por 10 real!”. É o que gritava o homem na calçada, o sujeito me invocava àquela afamada sensação de insegurança. Na calçada aqui do bairro mesmo, na rua principal, onde se localizam diversos comércios e boa parte do movimento de pessoas da região. Por ali devem passar milhares de pessoas por dia, e dezenas ou centenas delas talvez se interessem pelos invólucros plásticos no lençol.

Uma garota que caminha pela calçada se aproxima subitamente pelo f lanco e s q u e r d o d o l e n ç o l , e s e a b a i xa impetuosamente. Vasculha os pacotes, talvez procurando algo em específico, talvez apenas verificando as opções. Por fim escolhe três, paga os 10 reais ao sujeito que grita, e sai caminhando naturalmente.Em casa, faltam livros nas estantes, a TV está ligada em um programa de auditório de qualidade duvidosa e contestável. Um casebre pobre, onde toda a cultura que é consumida vem dessa forma, irregular e incompleta. A garota assiste ao filme, e deveras gosta. Produção cultural de qualidade em seu televisor.

Mas o que pode ser considerado de qualidade é uma questão retórica de difícil resolução, além disso não podemos nem

ao menos def in i r o que pode ser considerada cultura. Um filme blockbuster hollywoodiano poderia não ser cultura dependendo muito do ponto de vista. É uma questão pontual saber até que ponto o que a garota consome é melhor do que algo que um crítico de cinema consome.H o j e , o co n s u m o d a c u l t u ra e stá relacionado a uma série de fatores externos, como a exposição midiática de determinado produto, produtor ou propagador cultural. Essa exposição, ou falta dela, orienta a grande massa consumidora sobre o que está em voga na cultura.

Cultura é algo muito mais primitivo que isso, não é só o que toca na rádio, ou passa na televisão, ou ainda os livros que são publicados. Cultura é toda a expressão de um povo, o próprio idioma é cultura. Assim, cultura não tem o caráter original de vendável, de produto. Então porque a garota consome o filme dessa forma? Porque três custam 10 reais?

Tudo o que pode ser vendido vira comércio na sociedade capitalista contemporânea, e se cultura pode ser vendida, fato é que ela será comercializada. Nesse contexto, o público tem necessidade de um certo aval, e a mídia é avalista, pois pras grandes massas o que tem espaço na mídia deve ser considerado bom pelo simples fato de estar lá. Assim, por essa lógica, espaço na mídia impulsiona as vendas, gerando mais espaço na mídia, num círculo vicioso.A necessidade de lazer é uma condição b á s i c a d o s e r h u m a n o, e c u l t u ra proporciona lazer, logo é naturalmente justo pagar por ela, por isso há o consumismo da cultura como produto. E a orientação de mercado da mídia nada mais é do que a própria projeção de um povo.

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Já há algum tempo o meio ambiente é motivo de preocupação entre especialistas e ambientalistas, e se transferindo também para determinada parcela da população mundial, que cada vez mais se interessa pelos problemas ambientais. Assim, no universo do cinema, essa arte tão enraizada na cultura de massa da população, também é possível identificar traços desse problema de ordem mundial.Nos últimos 10 anos, surgiram diversos exemplos de retratação de problemas climáticos nas telas de cinema. Entre eles, está o polêmico documentário Uma Verdade Inconveniente, produzido pelo ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, foi criticado amplamente pelo seu apelo político em segundo plano, e sua forma tendenciosa de lidar com o assunto. A película, porém, foi a vencedora do Oscar de Melhor Documentário em 2007.Os documentários ainda são a grande maioria nas produções quando o assunto é meio ambiente e problemas climáticos, até mesmo pelo seu formato e técnica de produção, que permite uma aproximação especializada do tema, já que os filmes de enredo tendem a se preocupar mais com a história.O curta-metragem A História das Coisas (The Story of Stuff, 2007), é apresentado pela ativista Annie Leonard, e faz duras críticas à cultura consumista ocidental, apresentando os ciclos de produção de algumas coisas, e derrubando alguns mitos. O filme tem 20 minutos de duração numa mescla de animação com documentário, com Annie sempre na tela. Estima-se que o curta já tenha sido visto por mais de 10 milhões de pessoas.Fora da linha dos documentários e filmes ativistas também há um certo espaço para demonstrar preocupação ambiental. O blockbuster O Dia Depois de Amanhã, dirigido por Roland Emmerich e lançado em 2004, conta a história de um paleoclimatologista que descobre um sério problema na calota polar do hemisfério norte, que numa sequência de eventos apocalípticos acaba levando o mundo ao maior perigo climático já enfrentado.Apesar de deixar o problema do clima em segundo plano, e se preocupar mais com o desenvolvimento narrativo das personagens, o filme apresenta uma crítica severa ao modo como a humanidade lida com o seu próprio planeta, deixando de lado os cuidados necessários em prol do setor econômico.As animações são geralmente orientadas para o público infantil, que no futuro serão os adultos que cuidarão do nosso planeta. O longa Wall-E trata dessa temática ambiental de forma muito singela, contando a história de um robozinho que no futuro tem o trabalho de limpar uma Terra devastada pelo lixo acumulado. Apesar do caráter apocalíptico do filme, ele traz uma mensagem de esperança, quando Wall-E encontra vida entre tanta morte.O cinema tem a característica de atingir uma parcela extremamente alta da população, sendo uma das formas de arte mais acessíveis, tanto culturalmente quanto mercadologicamente. Dessa forma, possui uma certa obrigação de incentivar o pensamento crítico na sociedade, e tratar dos problemas mais sérios da humanidade. Esse foco é por vezes deixado de lado em prol do financeiro, afinal cinema é indústria. Porém, há uma tendência crescente a levantar assuntos polêmicos como a situação ambiental nas telonas. Esperamos que a nova geração de diretores, que está começando agora, venha com essa visão crítica cada vez mais acentuada, pronta para lidar com esses problemas em todas as esferas da sociedade, principalmente nessa forma de arte tão abrangente que é o cinema.

Uma preocupação ambiental no cinemaJhonny Castro

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Estrada Ferrêa Graciosa : História e natureza

A construção da ferrovia começou oficialmente em fevereiro de 1880. Considerada impra�cável por inúmeros engenheiros europeus à época, a obra teve início em três frentes simultâneas: entre Paranaguá e Morretes (42 km), entre Morretes e Roça Nova (38 km) e entre Roça Nova e Curi�ba (30 km). A estrada guarda muitos momentos emocionantes da história do estado e possui uma natureza exuberante . É a maior área preservada de Mata Atlân�ca do pais e possui uma beleza como nenhum outro local do Brasil.

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« Ela liga Curi�ba à Antonina através da Serra do Mar ...

Numa mágica secreta de arrepiar !

Nesta estrada é possível admirar um lindo

colibri ! Nesta estrada é

possível vislumbrar o Pico do Marumby ...»

Luciana do Rocio Mallon

O estado do Paraná conservava cerca de 80% de suas florestas no início do século XX, e graças à exploração da araucária e expansão agrícola, até a década de 1960, haviam sido desmatados 119.688km² a uma taxa de 2400km² por ano: no estado restam, hoje, apenas o Parque Nacional do Iguaçu no extremo oeste e a cobertura vegetal na Serra do Mar.

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São 110 quilômetros viajando pela maior área preservada de Mata Atlân�ca do Brasil e por uma ferrovia com 125 anos de história. O passeio de trem na Graciosa garante ao viajante 110 quilômetros viajando pela maior área preservada de Mata Atlân�ca do Brasil e por uma ferrovia com 125 anos de história.A Mata Atlân�ca nos reserva uma beleza exuberante, que não é vista em outros locais do país.Rios, grandes montanhas, plantas e muita história. Muitos dos espaços que existem durante o percurso, são de extrema importancia na história do estado.Ao chegar em Morretes é possível aproveitar a culinária local, rios e feita de artesanato.

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Depois de “Os Mercenários”, de Sylvester Stallone, e da animação “Rio”, o próximo filme a ser rodado em terras tupiniquins é a ficção científica “Rio +20”.O longa conta a história de um grupo de líderes mundiais que fingem que entendem alguma coisa e resolvem fazer uma conferência mundial e gastar um pouco do dinheiro público de seus governos. Para justificar esse gasto infundado, eles precisam convencer o mundo todo de que a conferência realmente tem um propósito.A história promete ser um suspense dramático, dirigido pelo aclamado diretor e secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon, e o elenco conta com alguns dos mais

importantes atores e chefes de estado do mundo.Uma equipe de produção hollywoodiana foi deslocada para a cidade maravilhosa para dar suporte técnico às filmagens, fazendo com que o Rio de Janeiro esteja tomado por pessoas que não deveriam estar lá, fazendo coisas que nem mesmo eles sabem o quê.As filmagens acabam no dia 22 de junho, próxima sexta-feira, o que significa que semana que vem tudo deve voltar à normalidade, sem que nada tenha mudado por aqui.

*Este texto apresenta conteúdo fictício

História pra Boi dormir

Filme de Hollywood é rodado no Rio de

JaneiroJhonny Castro

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O hábito de sepultar os corpos humanos remonta da Idade da Pedra, há mais de cem mil anos. Entretanto, o agrupamento dessas sepulturas em um ambiente específico é bem mais recente, tendo surgido apenas na Era Cristã. Na Idade Média era comum enterrar os mortos dentro das igrejas ou em suas imediações. A palavra cemitério tem origem no grego 'koumeterion' que significa 'dormitório'; e 'cadáver' vem do latim e s ignif ica 'carne dada aos vermes' , e representa o destino desses corpos mortos.Depois de morto, o cadáver inicia o processo de decomposição, que é a destruição de sua matéria. Um dos produtos da decomposição é uma substância v iscosa ac inzentada conhecida como necrochorume, composto de sais minerais, água e substâncias degradáveis, e que na qual também podem estar presentes agentes patogênicos como vírus e bactérias.Essa substância pode vazar, e se não for gerida com cuidado, pode atingir e contaminar águas superficiais, como nascentes, lençóis freáticos

e até mesmo o solo e o ar. Por essa razão, os cemitérios atualmente são considerados áreas de impacto ambiental e têm regras rígidas de implantação, nem sempre seguidas à risca.Essas regras são determinadas pela resolução n° 335/2003 do CONAMA, Conselho Nacional de Meio Ambiente. Todo cemitério precisa, por exemplo, de licença ambiental pra funcionar. Os cemitérios que já existiam tiveram, na época, 180 dias para se adequar às novas regras, mas muitos não o fizeram até hoje.É o caso dos Cemitérios Parque Horto da Saudade e municipal Central, de Tubarão, Santa Catarina, que recentemente teve sua gestão municipal acionada pelo Ministério Público devido ao não cumprimento da resolução. Em 2010, um compromisso havia sido firmado entre o Judiciário e a Prefeitura de Tubarão, no entanto o acordo continuou sem resultado, o que fez com que a ação fosse ajuizada em março de 2012.

Existe legislação para determinar critérios na implantação de cemitérios

Jhonny Castro

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Impacto ambiental

Há registros de epidemias de febre tifóide acontecidas nos anos 1970 em Berlim e em Paris, eles teriam sido ocasionados pela proximidade de cemitérios em relação a fontes de água, como nascentes e lençóis freáticos. No entanto, no Brasil nunca foi registrado nenhum caso de impacto ambiental mais agressivo causado pela implantação de um cemitério.Muitos cemitérios são antigos, e foram implantados em áreas afastadas da cidade, mas que hoje em dia já foram atingidas pelo avanço imobiliário. Se na época não houve o devido cuidado ambiental na implantação, a resolução n° 335/2003 do CONAMA fez com que alguns casos fossem regularizados.O técnico em meio ambiente Maurício Freitas, que é encarregado do Cemitério Jardim Independência, em Araucária, afirma que hoje em dia é muito difícil haver algum impacto ambiental agressivo em se tratando de cemitérios. “Considerando as disposições do CONAMA, e desde que sejam cumpridos os procedimentos e empreendimentos, não há risco de impacto ambiental”, destaca Maurício.Apesar de todos os critérios adotados, a fiscalização referente ao assunto ainda é escassa. Os órgãos responsáveis pelo licenciamento ambiental na implantação dos cemitérios são de administração municipal, que devem seguir a legislação nacional; e a fiscalização fica a cargo geralmente dos órgãos estaduais. Estudos acerca da contaminação ambiental também são recentes, no Brasil desde a década de 1980, o hidro geólogo Alberto Pacheco, da Universidade de São Paulo, realiza estudos em cemitérios da capital paulista, portanto ainda não há um acompanhamento muito rígido em relação a esse serviço.

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Uma prática que ajuda a alma, o corpo e o planeta

Daphine Augustini

Em uma cultura como a brasileira, na qual muitos dos pratos típicos levam carne, e o bom churrasquinho é sempre bem vindo, é muito difícil pensarmos em abolir o consumo de carne. Porém, 9% dos brasileiros, e mais

milhares de pessoas pelo mundo, já estão mudando seus hábitos alimentares, e sentindo uma grande melhora em suas vidas e também em sua posição diante o meio ambiente.

O não consumo de carne pode diminuir o risco de doenças

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Ser vegetariano nem sempre é apenas parar de comer carne. Segundo o coordenador da Sociedade Vegetariana Brasileira, sede de Curitiba, Ricardo Laurino existem divisões, e as mais comuns são: os semi-vegetarianos, que são pessoas que comem com pouca frequência carnes brancas. Os ovolacto vegetarianos (comumente chamados de vegetarianos), que não comem nenhum tipo de carnes, mas consomem laticínios e ovos (e derivados). Os lactovegetarianos que além da carne, excluem também os o v o s .Os ovovegetarianos, que incluem os ovos, mas excluem os laticínios. E também os vegetarianos estritos ou veganos que consomem apenas produtos de origem vegetal, excluindo até mesmo o mel e subprodutos e também procuram ao máximo não consumir itens que utilizem de alguma forma qualquer animal, tanto na alimentação, como no vestuário, lazer e e t c .No entanto, muito além da alimentação, o v e g e t a r i a n i s m o é u m a fo r m a d e demonstrar apresso e consciência pelas questões ambientais. Segundo o professor da UFPR e Engenheiro Florestal Carlos Firkowski , no Brasil existem mais cabeças de gado que de pessoas. Imaginando que uma pessoa média pese uns 60 kg e que um boi pese 300kg em espaço natural, um b o i r e p r e s e n t a 5 p e s s o a s .Nesse contexto a criação de gado além de ocupar muito espaço, que na maioria é desmatado de áreas de natureza exuberante, diminuindo a biodiversidade, ela também compacta o solo, destrói a mata ciliar e libera metano. Sem contar que mais de um terço da água utilizada no mundo está no processo de produção e industrialização de carnes e derivados de animais, isso ocorre enquanto 1 bilhão de

pessoas no mundo não tem acesso à água. E também os oceanos, que segundo vários especialistas correm o risco de tornarem-se mortos em menos de 50 anos.Segundo a filosofia de purificação, o Vidya Yoga, que é uma vertente da Yoga, prega o vegetarianismo seguindo a justificativa da não violência, AHIMSA e a SAUCHA que é a pureza. Eles preconizam a pureza de pensamentos, corpo, energia interior e a carne é um fator negativo neste sentido. Segundo o Mestre de Raja Vidya Yoga, Rajiv Satyanarayana, vegetariano há 14 anos, a American Dietetic Association and Dietitians of Canada, tem parecer que a dieta vegetariana é efetiva no combate e prevenção de várias doenças. Porém, além de evitar diversas doenças, os benefícios na mente são também evidentes. “Em relação ao aspecto mental , quem consumia carne e deixa de ingeri-la rapidamente sente-se mais tranquilo, menos estressado, com menos ansiedade e menos tendência a sentimentos negativos como a raiva”, diz, Rajiv.

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E é pensando em diminuir esse impacto e ajudar na sobrevivência dos animais com dignidade, que muitas pessoas fazem a sua escolha em não comer mais carne. A estudante de Marketing Daphne Koch de Carvalho é vegetariana há seis anos, e começou a pensar em parar de comer carne logo depois que viu um documentário c h a m a d o “A ca r n e é f ra ca ”. N e ste documentário ela percebeu a verdadeira chacina que são os matadouros e como os animais hoje são visto como um produto. “Desde criança sempre fui muito apegada a animas, independente se era uma formiga ou um cachorrinho, e depois de ver esse documentário me questionei muito do porque ingerir animais pra me darem 'vida', sendo que não precisamos disso”, diz a estudante. Após mudar sua dieta, ela percebeu melhoras em seu corpo e sua mente. “Percebia que meu organismo pesava demais. Aos 14 anos parei de vez, hoje meu humor melhorou 100% (acredito que seja devido a não ingerir mais os muitos hormônios que a carne possui), minha pele ficou muito melhor e minha digestão nem preciso comentar ”, retrata Daphne.Luiz Vicente é criador do projeto Eco Trailler,

e está sempre disposto a ajudar a natureza. Vegetariano há mais de 30 anos, ele sentiu q u e d e v e r i a a j u d a r o s a n i m a i s e intuitivamente, aos 17 anos, tornou-se vegetariano. No início foi difícil mudar a sua dieta, mas hoje se sente muito completo e real izado procurando sempre novas informações acerca da prática. “Creio que é um caminho sem volta, não me vejo mais como um ser que vai se alimentar de outro ser vivo e que bate o coração”, diz Luiz.Os benefícios do vegetarianismo se estendem também para o controle das maiores doenças de nossa sociedade. Segundo o coordenador da sede de Curitiba da Sociedade Vegetariana Brasileira, Ricardo Laurino, a opção em não comer carne pode diminuir as principais causas de infarto, por e x e m p l o .Segundo diversos estudos científicos todas essas causas apresentam diminuição nas pessoas que aderem a uma dieta sem carnes e produtos de origem animal. Se pensarmos em obesidade, o índice de pessoas em situação de obesidade mórbida que comem carne chega a ser 80% maior do que vegetarianos e 150% maior do que no grupo d e v e g a n o s .

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Porém, uma dúvida que assola a mente daqueles que pensam em se tornar vegetarianos é sobre o mito de que a falta da prote ína da carne é pre judic ia l ao organismo. Porém, segundo o Mestre Rajiv esta necessidade não é verdadeira. A dieta vegetariana é 100% compatível com todas as necessidades nutricionais humanas. O Conselho Federal de Nutrição emitiu um parecer no inicio de 2012 confirmando esta posição. “Além disso, não ha diferença alguma entre proteínas de origem animal e vegetal”, diz Rajiv. Neste contexto a Associação Dietética Norte Americana e a Nutricionistas do Canadá, já apontam em seus estudos que as dietas vegetarianas (inclusive vegana) são perfeitamente adequadas quando bem planejadas e que os profissionais de saúde tem o dever de

incentivá-las quando seus pacientes demonstram interesse em adotá-las. Para Ricardo Laurino “o conselho é que todas as pessoas, vegetarianas ou não, é estarem bem informadas quanto aos alimentos que consome e acompanhar a saúde com os profissionais capacitados para isso”, conclui.E para começar a ser vegetariano basta força de vontade. O processo pode começar em qualquer fase da vida, inclusive na gestação. “O início é simplesmente parar de comer carne! É muito simples! É algo que todos devem se esforçar, independente desta opção. Algumas pessoas param do dia para a noite, outras precisam de mais tempo, mais informação, mais desapego. Mas abandonar o consumo da carne é algo que todos devem fazer. O quanto antes, melhor!”, completa o mestre Rajiv.

“O início é simplesmente parar de comer carne! É muito simples! É algo que todos devem se esforçar, independente desta opção. Algumas pessoas param do dia para a noite, outras precisam de mais tempo, mais informação, mais desapego. Mas abandonar o consumo da carne é algo que todos devem fazer. O quanto antes, melhor!”

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Esperança

perdida

Ana Evelyn de Almeida

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Companheiro, abandonado

Inocente, desesperado

Amoroso, cansado

Carinhoso, machucado

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Leal, esquecido

Dedicado, maltratado

Verdadeiro, desiludido

Sincero, triste

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