o cristão e a cultura michael s. horton- resenha

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Michael S. Horton, O Cristão e a Cultura. 1 O livro de Michael Horton, O Cristão e a Cultura é um livro para o leitor geral, nas entrelinhas um livro pastoral, especialmente para os que lutam contra uma subcultura cristã, que prejudica ao invés de encorajar suas ambições “divinas”. Ele nos esclarece o erro cometido pela igreja cristã em dividir a vida entre esferas mundanas e sagradas, onde o erro estaria em pressuposições erradas sobre o cristianismo e sua teologia mal produzida. Assim, Horton apresenta-nos uma provocante, diferente e interessante chamada para os cristãos se inserir de vez no mundo, sendo esse mundo criação do divino, embora separado do mundo, em sua configuração moral pecaminosa. O desígnio do livro é promover um cristianismo reformador para o nosso tempo. Livre de divisões e pressuposições que não sejam válidas ao olhar da Bíblia. Partindo da mentalidade libertadora da Reforma Protestante, Michael Horton cita com freqüência as palavras de Lutero e Calvino e alguns puritanos. Jogando assim contra a parede o pensamento separatista que é o criador de uma subcultura repleta de coisas cristãs: música cristã, viagens cristãs, reuniões de executivos cristãos, seminários cristãos, redes de televisão cristã, como a arte cristã. Partidos da política cristã, ciência cristã e até mesmo lazer cristão! Nas palavras do próprio autor: “A pressão de justificar a arte, ciência e a diversão em termos do seu valor espiritual ou sua utilidade evangelística, acaba prejudicando tanto o dom da criação quanto o dom do Evangelho, desvalorizando o primeiro e distorcendo, no processo o segundo, (p. 11). O que ele ainda chama de imitações nada criativas, repetitivas, superficiais da música popular! Para Horton a arte não precisa ser “santificada” exigindo que ela sirva os interesses morais e religiosos da igreja, “a arte não precisa de justificativas”. Ela é demonstração da glória de Deus sendo ou não sacralizada, sendo um maravilhoso dom de Deus. Em minha análise, o livro O Cristão e a Cultura, é um livro indispensável a qualquer cristão e também não-cristão interessado em cultura e como a Reforma religiosa dos sécs. XVI e XVII (Puritanos) influenciaram no sentido divinodo trabalho e sua importante contribuição para o bem comum de qualquer sociedade.

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Page 1: O cristão e a cultura   michael s. horton- resenha

Michael S. Horton, O Cristão e a Cultura.

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O livro de Michael Horton, O Cristão e a Cultura é um livro para o leitor geral,

nas entrelinhas um livro pastoral, especialmente para os que lutam contra uma

subcultura cristã, que prejudica ao invés de encorajar suas ambições “divinas”. Ele

nos esclarece o erro cometido pela igreja cristã em dividir a vida entre esferas

mundanas e sagradas, onde o erro estaria em pressuposições erradas sobre o

cristianismo e sua teologia mal produzida. Assim, Horton apresenta-nos uma

provocante, diferente e interessante chamada para os cristãos se inserir de vez no

mundo, sendo esse mundo criação do divino, embora separado do mundo, em sua

configuração moral pecaminosa.

O desígnio do livro é promover um cristianismo reformador para o nosso

tempo. Livre de divisões e pressuposições que não sejam válidas ao olhar da Bíblia.

Partindo da mentalidade libertadora da Reforma Protestante, Michael Horton cita

com freqüência as palavras de Lutero e Calvino e alguns puritanos. Jogando assim

contra a parede o pensamento separatista que é o criador de uma subcultura repleta

de coisas cristãs: música cristã, viagens cristãs, reuniões de executivos cristãos,

seminários cristãos, redes de televisão cristã, como a arte cristã. Partidos da política

cristã, ciência cristã e até mesmo lazer cristão!

Nas palavras do próprio autor: “A pressão de justificar a arte, ciência e a

diversão em termos do seu valor espiritual ou sua utilidade evangelística, acaba

prejudicando tanto o dom da criação quanto o dom do Evangelho, desvalorizando o

primeiro e distorcendo, no processo o segundo”, (p. 11). O que ele ainda chama de

imitações nada criativas, repetitivas, superficiais da música popular! Para Horton a

arte não precisa ser “santificada” exigindo que ela sirva os interesses morais e

religiosos da igreja, “a arte não precisa de justificativas”. Ela é demonstração da

glória de Deus sendo ou não sacralizada, sendo um maravilhoso dom de Deus.

Em minha análise, o livro O Cristão e a Cultura, é um livro indispensável a

qualquer cristão e também não-cristão interessado em cultura e como a Reforma

religiosa dos sécs. XVI e XVII (Puritanos) influenciaram no “sentido divino” do

trabalho e sua importante contribuição para o bem comum de qualquer sociedade.

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Michael S. Horton, O Cristão e a Cultura.

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Apresenta o valor de uma vida digna em trabalhos seculares, tanto nas artes,

lazer, ciência, filosofia, música e o quanto pode em alta probabilidade transformar

uma cultura.

Além de perspectivas culturais, Horton gasta parte de sua munição tratando

da Bíblia como um livro criado com a finalidade de falar de: Quem é Deus, de quem

somos nós, do plano redentor de Cristo e como ter uma vida devota a Ele, em

contraste com as idéias de que a Bíblia é: Um manual de instruções, criado para

responder a todo tipo de problema, seja ele científico, psicológico, terapêutico. Nas

entrelinhas tentando colocar a Bíblia em posição de relevância, ela é forçada a

responder por coisas que não foram a sua real e primária intenção, (p. 59,60).

“Temos que parar de nos acomodar à cultura que opomos e começar a

transformá-la”, é o que o autor diz na conclusão do livro nos mostrando a

importância de conhecer a nossa própria teologia, e os nossos “ídolos”, bem como

as maneiras como nós somos formados mais pelo espírito da nossa época do que

pelo Espírito de Cristo. Existem desafios únicos em nossos dias e um contexto

diferente da época Européia da Reforma, mas as idéias básicas continuam as

mesmas. Que em vez de sermos transformados pela cultura, possamos transformá-

la com as nossas raízes bem profundas, um Evangelho realmente sadio.

Termino com Horton citando João Calvino falando sobre a graça que Deus

dispensada aos “homens naturais”, os quais mesmo sem a submissão a Jesus,

ainda são imagem de Deus:

“Esses homens a quem as Escrituras denominam „homens naturais‟ eram verdadeiramente argutos e sagazes na sua investigação das coisas inferiores. Que nós, de acordo, aprendamos de seu exemplo quantos dons o Senhor deixou à natureza humana, até mesmo após ela ter perdido seu verdadeiro bem.”

Recomendo o livro com louvor!