o crime perfeito - capítulo 9

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Capítulo 9 – Um Chá Ligeiramente Amargo Personagens: Blazi - Jovem de 22 anos, trabalha numa empresa de animes criado por si. Takeshi - Primo do Blazi e sócio deste na empresa de animes. Ao contrário de nos últimos dias, hoje o sol nascia laranja que nem a bola de fogo ardente que é, em toda uma tela azul por pintar. Um sentimento estranho de que algo bom estaria para vir pairava no ar… e o Blazi acordou com um sorriso verdadeiro na face, o que não acontecia há semanas. - Bom dia, primo. – Disse o Blazi. - Bom dia… para onde vamos hoje? – Perguntou o Takeshi num tom rotineiro. - Para casa… vamos voltar, Takeshi. Voltar para a empresa, voltar para casa, voltar ao meu anterior estilo de vida, mais forte, após a perda da … - Sim… acho que escolhes a opção mais correcta. Tens de ser forte e conseguir seguir a tua vida sem ela, com certeza que a vida tem algo reservado para ti, senão já não estarias cá. - Exacto… é mesmo por isso que vamos voltar. – Retorquiu o Blazi com esperança. - Mas tendo em conta onde estamos, mesmo que optemos pelo caminho mais perto até à cidade, ainda teremos de passar esta noite fora. – Explicou o Takeshi. - Sim. É provável. Escolheram então optar mesmo pelo caminho mais directo para regressar à cidade, caminho este pelo qual teriam de atravessar o monte Gishn, local onde se situa a famosa estalagem do monte Gishn, muito conhecida pelo cultivo de Camellia sinensis, a planta utilizada para a produção daquele que é por muitos considerado como o melhor chá do país. Várias horas passaram desde que o Blazi e o Takeshi se fizeram ao caminho, até que pelo meio da tarde chegam à estalagem dada pelo nome de Crimson Camelia. Era a primeira vez que qualquer dos dois se deparava com a famosa estalagem. A estalagem apresentava um ar rústico e um pouco poeirento, construída em madeira antiga e com adornos florais em casca de bambu, inspirando que seria uma viagem às origens do

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O Crime Perfeito - Capítulo 9 : "Um Chá Ligeiramente Amargado"

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Capítulo 9 – Um Chá Ligeiramente Amargo

Personagens: Blazi - Jovem de 22 anos, trabalha numa empresa de animes criado por si. Takeshi - Primo do Blazi e sócio deste na empresa de animes. Ao contrário de nos últimos dias, hoje o sol nascia laranja que nem a bola de fogo ardente que é, em toda uma tela azul por pintar. Um sentimento estranho de que algo bom estaria para vir pairava no ar… e o Blazi acordou com um sorriso verdadeiro na face, o que não acontecia há semanas. - Bom dia, primo. – Disse o Blazi. - Bom dia… para onde vamos hoje? – Perguntou o Takeshi num tom rotineiro. - Para casa… vamos voltar, Takeshi. Voltar para a empresa, voltar para casa, voltar ao meu anterior estilo de vida, mais forte, após a perda da … - Sim… acho que escolhes a opção mais correcta. Tens de ser forte e conseguir seguir a tua vida sem ela, com certeza que a vida tem algo reservado para ti, senão já não estarias cá. - Exacto… é mesmo por isso que vamos voltar. – Retorquiu o Blazi com esperança. - Mas tendo em conta onde estamos, mesmo que optemos pelo caminho mais perto até à cidade, ainda teremos de passar esta noite fora. – Explicou o Takeshi. - Sim. É provável. Escolheram então optar mesmo pelo caminho mais directo para regressar à cidade, caminho este pelo qual teriam de atravessar o monte Gishn, local onde se situa a famosa estalagem do monte Gishn, muito conhecida pelo cultivo de Camellia sinensis, a planta utilizada para a produção daquele que é por muitos considerado como o melhor chá do país. Várias horas passaram desde que o Blazi e o Takeshi se fizeram ao caminho, até que pelo meio da tarde chegam à estalagem dada pelo nome de Crimson Camelia. Era a primeira vez que qualquer dos dois se deparava com a famosa estalagem. A estalagem apresentava um ar rústico e um pouco poeirento, construída em madeira antiga e com adornos florais em casca de bambu, inspirando que seria uma viagem às origens do

país numa estalagem de estilo aparentemente tradicional. Além disto, esta estalagem apresentava uma particularidade muito interessante, esta situava-se no centro de um pequeno lago, pelo que os clientes podiam aproveitar de uma calma e breve viagem numa pequena gôndola enquanto desfrutavam do delicioso e requintado chá.

Não menos surpreendente do que o aspecto exterior da estalagem, era também o seu aspecto interior. O Blazi entrou na estalagem e rapidamente ficou envolvido pela beleza que estava perante si. Podia-se começar a descrever a beleza da estalagem pelas suas paredes em madeira, pintadas com tinta-da-china, pintadas à mão dando origem a esplêndidas telas que lhes contavam a história por detrás do cultivo e produção do chá e também da passagem de geração em geração de não mais que uma tradição e herança familiar. Além das paredes podia-se também destacar os candeeiros em vidros, feitos artesanalmente, em diversas formas e cores, conferindo a toda a estalagem um ambiente culturalmente intenso e bastante acolhedor e misterioso; e o cheiro envolvente espalhado por todo o edifício, odor doce e suave que acariciava apaixonadamente os receptores olfactivos, causando um efeito relaxante, odor esse oriundo dos diversos cantos da estalagem, onde se localizava um pequeno ramo de camélias. O Blazi e o Takeshi estavam de tal forma envolvidos pelo ambiente contagiante da estalagem que meros segundos pareciam horas e acabaram por se abstrair por completo do que os rodeava, ignorando o recepcionista que tentava comunicar com eles há já alguns minutos, envolvência essa que levou o dito recepcionista a dar um toque no ombro de ambos para que estes caíssem em si. - Desculpe. Disse alguma coisa? – Perguntou o Blazi um pouco embaraçado devido aos seus momentos de distracção. - Boa tarde, senhores. Gostaria de saber que serviços da nossa estalagem pretendem usufruir. - Boa tarde. Gostaríamos de apenas passar a noite, em dois quartos, uma vez que não temos possibilidades económicas de experimentar o vosso famoso chá. – Explicou o Takeshi calmamente. - Com certeza. Informo-vos desde já que costumamos oferecer sempre um pequeno ramo de camélias para que possam disfrutar do nosso chá no conforto do próprio lar. Nesta estalagem impera a hospitalidade. A noite na nossa humilde estalagem custará uma despesa total de 50 euros. Espero que gostem da breve estadia. – Disse o recepcionista que de seguida entregou as chaves dos quartos e lhes indicou onde estes se situavam. Após um relaxante banho de água quente e um simples jantar de salmão assado com batata doce, o Blazi dirigiu-se ao seu quarto com o sentimento de quanto mais cedo fosse dormir mais cedo teria a oportunidade de refazer a sua vida sem a Katara. Estava já o Blazi dormir e ainda o Takeshi estava acordado, a pensar como iria ser o regresso à empresa, como iria o seu primo voltar a viver na casa onde morava com a Katara, mas agora sozinho. Tudo problemas que não eram dele, mas que por razões óbvias o preocupavam, mas nenhum desses problemas o preocupou mais do que a

sombra que ele avistou a sair da gôndola e a entrar no quarto do Blazi. Ele rapidamente saiu do quarto e gritou, acabando por acordar o Blazi e fazer a misteriosa sombra fugir. - Que se passa? Passou-se alguma coisa? – Perguntou o Blazi um pouco exaltado pela forma como foi acordado. - Não viste? – Disse o Takeshi enquanto ofegava. - Não vi o quê? – Respondeu o Blazi. - Quem entrou no teu quarto. Eu ainda estava acordado quando vi uma sombra a entrar pela porta externa, pelo caminho da gôndola. - Não. Não vi. – Retorquiu o Blazi assustado. - Acho que o melhor seria darmos uma vista de olhos em redor da estalagem, quem foi não pode estar muito longe. -Sim. Vamos, mas antes é melhor avisar o pessoal da estalagem. Assim foi, os dois primos foram ter com o recepcionista que estava a caminho do quarto do funcionários e contaram o que se passou, tendo o recepcionista chamado todos os outros funcionários para contar o que se passou. Todos os funcionários pareciam estar bem de saúde, excepto um que não se tinha apresentado e que ninguém via desde o jantar. Começaram imediatamente as buscas, tendo o resultado sido absolutamente nenhum, não encontraram o funcionário desaparecido na estalagem, em contrapartida todos os clientes estavam ilesos. Em reunião, todos os funcionários decidiram dormir e ir cedo à polícia reportar o desaparecimento, porém o Blazi e o Takeshi suspeitavam de que o funcionário desaparecido fosse mais um dos membros da DarkScorpions, tendo continuado a busca pelo desaparecido. Após uns longos minutos o Takeshi começou a ouvir uns gemidos ao longe e chamou o Blazi para irem investigar, tendo eles se deparado com um senhor de meia-idade deitado no chão, amarrado e amordaçado e apenas com a roupa interior. Rapidamente tiraram os panos que amarravam o homem e deixaram-nos contar a sua história. - Muito… obrigado… ufff! – Respondeu o homem completamente exausto. - De nada. Nós gostaríamos que nos contasse o que se passou… e nada de tentativas do que quer que seja, nós damos-lhe um minuto para recuperar o fôlego e depois fale. – Explicou o Blazi com receio que não fosse mais do apenas outro truque dos DarkScorpions. Passado breves minutos - Ora muito bem… pode começar… - Sugeriu o Takeshi. - Obrigado por me salvarem. Eu só me lembro de estar a acabar de ceifar a primeira fila da zona norte do campo de cultivo antes de ir jantar e de ver uma sombra atrás de mim… eu virei-me e depois … acordei aqui, sozinho, de noite. - Você conseguiu ver quem era? – Perguntou o Blazi.

- Só consegui ver que era alguém muito alto e penso que tinha cabelo comprido e que estava vestido de escuro, em termos de feições não me consigo lembrar… ainda me dói imenso a cabeça. – Explicou o funcionário tentando ser o mais explícito possível para com eles. - Deixe-me ver a sua nuca, se não se importar. – Disse o Blazi, tendo conseguido observar um hematoma de tamanho significativo. – Você tem aí um belo hematoma. Eu aconselho-o a vir connosco até à estalagem para todos saberem que está bem (dentro dos possíveis) e depois ir ao hospital para que lhe façam os primeiros socorros e por fim que vá à polícia contar o que se passou, claro. - Sim… é melhor. – Respondeu o funcionário muito agradecido. O Blazi e o Takeshi ajudaram o funcionário a ir até à estalagem depois decidiram ir fazer um pequeno passeio nocturno para discutir o que se tinha passado e eventualmente descobrirem novas pistas. - Então… estás bem? – Perguntou o Takeshi. - Sim, se não fosses tu talvez já não estivesse neste mundo. – Respondeu o Blazi muito agradecido. - É na boa. Tiveste a sorte de eu ainda estar acordado. Quem sabe se o alvo não eramos os dois. Mas não te preocupes, não tens de agradecer. - Sim, provavelmente era suposto estarmos ambos mortos neste momento… e isto só prova que eles decidiram não ameaçar, mas sim atacar-nos definitivamente. -Concordo, mas o que podemos fazer… não sabemos nada sobre eles. Penso que a única coisa que podemos fazer é … Ah! WTF?? Que é isto? – Disse o Takeshi após tropeçar nalgo e quase cair. - Deve ser uma rocha… - Comentou o Blazi. - Não… não é. Aquilo em que tropecei acabou mexer com o contacto. – Disse o Takeshi, tirando o telemóvel para usá-lo como lanterna. Aquilo que quase mandou o Takeshi era não mais nem menos que uma mochila perdida. Seria do bandido, seria de algum funcionário, seria de alguém que tinha passado pelo monte a fim de também passar a noite na estalagem? Nenhum deles fazia ideia do que seria, mas a obtenção da resposta estava apenas a um abrir a mala de distância. Eles abriram então a mala mas apenas encontraram roupa… mas não era uma roupa qualquer, era muito provavelmente a roupa do membro da DarkScorpions que os tinha tentado matar há poucos minutos. A roupa era semelhante à do bandido que matou a Katara, capa preta com o símbolo e também uma camisa preta, casaco preto e umas calças pretas. A única diferença estre estas vestes e as que ele tinha visto no outro dia fatídico era que o bandido do assalto ao banco tinha uma camisa branca, enquanto estas era preta e com o símbolo da seita bordado a branco no lado de dentro do colarinho. O que quereria essa diferença significar… seria de uma seita semelhante, mas não a mesma; seria talvez de um grupo de membros a actuar noutro distrito ou cidade; seria de um membro de estatuto inferior ou superior? Eles não sabiam a resposta, mas algo teria de ser feito, aquela mala com roupa não podia ficar ali.

- O que fazemos com esta roupa? – Perguntou o Takeshi. - Sinceramente não sei… ficamos com ela, entregamos à polícia, entregamos mas ficamos com uma peça para nós? – Respondeu o Blazi em forma de resposta devido à sua incapacidade de decidir o destino daquelas vestes. - Eu acho que deveríamos entregar a roupa… talvez consigam associar a alguém. - Parece-me bem, mas … eu tenho uma ideia ainda melhor. Continua…