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1 O Crescimento e o Tamanho das Cidades no Sistema Urbano Hierárquico (SUH) e no Sistema de Cidades de Henderson: Um Quadro Analítico Ademir Machado de Oliveira Resumo: Se o crescimento demográfico é algo certo, temos como certo que a maioria das cidades já existentes irão crescer, e este crescimento ocorrerá sob diferentes possibilidades, e com consequências que dependem do tamanho atual destas economias locais e como as mesmas irão gerar economias de escala internas e externas (economias de localização e urbanização) às firmas e irão atrair trabalhadores com diferentes níveis de qualificação. Assim, este estudo procura através de revisão bibliográfica estabelecer as explicações em como se dá o crescimento e o tamanho das cidades, e a estrutura de incentivos que se cria para os agentes (empresas, trabalhadores, consumidores, etc) relacionado ao crescimento e tamanho da aglomeração, a partir da interpretação dos mecanismos que operam nos sistemas de cidades do tipo-Henderson e do Sistema Urbano Hierárquico de Krugman e seus defensores. Palavras-chave: crescimento das cidades, tamanho das cidades, economias de escala internas e economias de escala externas. Abstract If population growth is something right, have it for granted that most existing cities will grow, and this growth will occur under different possibilities, and with consequences that depend on the current size of these local economies and how they will generate economies of scale internal and external (location economies and urbanization) will attract firms and workers with different skill levels. Thus, this study through literature review to establish the explanations on how is the growth and size of cities, and the structure that creates incentives for agents (firms, workers, consumers, etc.) related to the growth and size of agglomeration, from the interpretation of the mechanisms that operate in the city systems of type-Henderson and Urban System Hierarchical of Krugman and his supporters. Keywords: growth of cities, city size, internal economies of scale, external economies of scale. Introdução FUJITA, KRUGMAN e VENABLES (1999) ao procurar explicar como se dá o crescimento e o tamanho das cidades expõem três Modelos de Sistemas de Cidades (“Systems of Cities Models”) ou Modelos de Sistemas Urbanos (“Urban Systems model”): i) o “Sistema Urbano Hierárquico”; ii) o “Sistema de Cidades” tipo-Henderson; e iii) o sistema de potência de tamanhos das cidades. O modelo do “Sistema Urbano Hierárquico” tem como principal expoente Krugman (1991), que traz uma nova roupagem a chamada “Teoria Clássica da Localização” (Thunen, Weber, Christaller, entre outros), e tem como base o “Modelo Centro- Periferia” (“Core-Periphery Model”) e os efeitos positivos das economias de escala das firmas e da redução dos custos de transportes. O modelo ‘ii’ é modelo do tipo Henderson (1974; 1988) em que a “distribuição espacial de tamanhos das cidades” depende de economias de aglomeração. E, por fim, o ‘iii’ é Modelo baseado em Simon (1959) de “potência sobre os tamanhos das cidades” em que o crescimento e o tamanho das cidades é totalmente aleatório (FUJITA, KRUGMAN e VENABLES, 1999). O modelo de Simon de “potência sobre os tamanhos das cidades” vale-se da lei de potência (ver as Leis de Zipf e de Gibrat, que são aplicações ao caso) sobre o tamanho das cidades supondo que não existem nem vantagens nem desvantagens relativas ao tamanho da cidade sobre o crescimento das mesmas, em que quaisquer indústrias têm igual

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O Crescimento e o Tamanho das Cidades no Sistema Urbano Hierárquico (SUH) e no Sistema de Cidades de Henderson: Um Quadro Analítico

Ademir Machado de Oliveira

Resumo:

Se o crescimento demográfico é algo certo, temos como certo que a maioria das cidades já existentes irão crescer, e este crescimento ocorrerá sob diferentes possibilidades, e com consequências que dependem do tamanho atual destas economias locais e como as mesmas irão gerar economias de escala internas e externas (economias de localização e urbanização) às firmas e irão atrair trabalhadores com diferentes níveis de qualificação. Assim, este estudo procura através de revisão bibliográfica estabelecer as explicações em como se dá o crescimento e o tamanho das cidades, e a estrutura de incentivos que se cria para os agentes (empresas, trabalhadores, consumidores, etc) relacionado ao crescimento e tamanho da aglomeração, a partir da interpretação dos mecanismos que operam nos sistemas de cidades do tipo-Henderson e do Sistema Urbano Hierárquico de Krugman e seus defensores.

Palavras-chave: crescimento das cidades, tamanho das cidades, economias de escala internas e economias de escala externas.

Abstract

If population growth is something right, have it for granted that most existing cities will grow, and this growth will occur under different possibilities, and with consequences that depend on the current size of these local economies and how they will generate economies of scale internal and external (location economies and urbanization) will attract firms and workers with different skill levels. Thus, this study through literature review to establish the explanations on how is the growth and size of cities, and the structure that creates incentives for agents (firms, workers, consumers, etc.) related to the growth and size of agglomeration, from the interpretation of the mechanisms that operate in the city systems of type-Henderson and Urban System Hierarchical of Krugman and his supporters.

Keywords: growth of cities, city size, internal economies of scale, external economies of scale.

Introdução

FUJITA, KRUGMAN e VENABLES (1999) ao procurar explicar como se dá o crescimento e o tamanho das cidades expõem três Modelos de Sistemas de Cidades (“Systems of Cities Models”) ou Modelos de Sistemas Urbanos (“Urban Systems model”): i) o “Sistema Urbano Hierárquico”; ii) o “Sistema de Cidades” tipo-Henderson; e iii) o sistema de potência de tamanhos das cidades. O modelo do “Sistema Urbano Hierárquico” tem como principal expoente Krugman (1991), que traz uma nova roupagem a chamada “Teoria Clássica da Localização” (Thunen, Weber, Christaller, entre outros), e tem como base o “Modelo Centro-Periferia” (“Core-Periphery Model”) e os efeitos positivos das economias de escala das firmas e da redução dos custos de transportes. O modelo ‘ii’ é modelo do tipo Henderson (1974; 1988) em que a “distribuição espacial de tamanhos das cidades” depende de economias de aglomeração. E, por fim, o ‘iii’ é Modelo baseado em Simon (1959) de “potência sobre os tamanhos das cidades” em que o crescimento e o tamanho das cidades é totalmente aleatório (FUJITA, KRUGMAN e VENABLES, 1999).

O modelo de Simon de “potência sobre os tamanhos das cidades” vale-se da lei de potência (ver as Leis de Zipf e de Gibrat, que são aplicações ao caso) sobre o tamanho das cidades supondo que não existem nem vantagens nem desvantagens relativas ao tamanho da cidade sobre o crescimento das mesmas, em que quaisquer indústrias têm igual

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probabilidade de se desenvolver em qualquer cidade de qualquer porte, sendo que as mudanças tecnológicas e econômicas mantém estável o sistema urbano-industrial. Neste modelo a taxa esperada de crescimento da cidade é independente de seu tamanho, no entanto no modelo, não se tem explicação, ao menos até o momento, sobre quais fatores conduzem ao crescimento das cidades e também sobre a regularidade empírica que se tem na distribuição espacial dos tamanhos das cidades (FUJITA, KRUGMAN e VENABLES, 1999).

Devido às dificuldades de se estabelecer as fontes de crescimento e do tamanho das cidades em um sistema urbano totalmente aleatório, é que no presente estudo daremos ênfase aos modelos ‘i’ e ‘ii’ e suas explicações em como se dá o crescimento e o tamanho das cidades, e a estrutura de incentivos que se cria para os agentes (empresas, trabalhadores, consumidores, etc) relacionado ao crescimento e tamanho da aglomeração, e que podem explicar as mudanças ao longo do tempo em este crescimento e tamanho.

Em ambos os modelos, ‘i’ e ‘ii’, existem forças econômicas distintas que explicam a concentração das aglomerações econômicas, em que no modelo do:

Sistema Urbano Hierárquico (SUH): o sistema espacial é composto por cidades de diferentes portes (tamanhos): pequenas, médias e grandes, as quais possuem diferentes funções e características decorrentes das economias de escala internas as firmas que se manifestam de forma distinta ao tamanho da cidade e as firmas que nela se localizam;

Sistema de Cidades: o sistema espacial depende das economias de aglomeração (economias de escala externas as firmas), em que o tamanho da cidade varia de acordo com as economias (e deseconomias) de escala que se processam de acordo com a especialização ou diversificação das atividades econômicas.

O estudo é uma revisão bibliográfica, e emprega técnicas de análise textual e exploratória de dados, para a partir de análises se extrair interpretações dos mecanismos que operam nos sistemas de cidades do tipo-Henderson e do Sistema Urbano Hierárquico de Krugman, e dos defensores destes modelos, e que afetam o crescimento e o tamanho das cidades.

2 Os Fatores Associados ao Crescimento e Tamanho das Cidades no Sistema Urbano Hierárquico

Antes de expor as discussões a seguir, cabe advertir que as proposições e argumentos aqui apresentados, são em muitos casos meras conjecturas, a partir das esparsas informações dos estudos consultados, os quais em muitos casos não se baseiam em pesquisas empíricas, mesmo as que são, normalmente, apresentam resultados diversos, o que é plausível de se esperar dado as especificidades em que as questões de crescimento e tamanho das cidades se processam.

Até a publicação de Walter Isard (1956), norte-americano, as teorias econômicas da localização haviam sido publicadas em alemão sem traduções em inglês, o que para Krugman (1998) foi uma barreira para sua incorporação ao mainstream da tradição neoclássica. Isard (1956) sistematiza os conhecimentos anteriores e busca evidências empíricas para destacar que os fatores clássicos de localização não podem ser descartados na compreensão nas decisões empresariais. Em análise para o Brasil, Motta (1960), analisa cinco fatores clássicos de orientação da localização industrial: i) orientação para as matérias-primas; ii) orientação para o mercado; iii) orientação para a mão de obra; iv) orientação para

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a energia; e v) orientação não especificamente definida. Adicionalmente, Azzoni (1982) destaca que embora o processo de determinação da localização não seja tão “racional” quanto se poderia supor as “teorias clássicas de localização”, os fatores clássicos de localização não podem ser descartados na compreensão das decisões empresariais (MONASTERIO e CAVALCANTE, 2011).

Embora exista uma tendência na literatura para interpretar as condições de localização e os fatores de localização como sinônimos, Nishioka e Krumme (1973) fazem distinção, segundo Hayter (2004) os autores definem as condições de localização como sendo as diferenças em termos de atrativos entre as localidades que existem para todas as empresas e setores, enquanto os fatores de localização referem-se à importância específica que as empresas individualmente dão a uma localidade ao escolher localizar suas fábricas. Em outras palavras, um conjunto geral de condições de localização é 'traduzido' por parte das empresas em um conjunto mais específico de fatores locacionais relevantes de onde instalar suas operações.

Considerando que as condições de localização formam a estrutura regional em termos: i) dimensão do mercado consumidor; ii) dotações de recursos naturais; iii) dimensão do mercado fornecedor de insumos em geral; iv) dimensão do mercado de trabalho; e v) dimensão das infraestruturas econômica e social; entre outros, e que dado a importância da proximidade e/ou da quantidade e qualidade destas condições como fatores decisivos da localização industrial/ empresarial pra esta ou aquela empresa, temos que o fator ‘dimensão do mercado consumidor’ se torna decisivo para atrair diferentes tipos de empresas em diferentes setores, em que quanto maior o porte das empresas maior as exigências em termos de tamanho do mercado consumidor, e também maiores devem ser as exigências sobre as demais condições. Isto ocorre, porque quanto maior a planta industrial tanto maior deve ser o mercado consumidor que tornará viável tal unidade industrial.

Assim sendo, a dimensão do mercado consumidor é relevante para a escala de produção da empresa e, consequentemente, para esta criar e capturar economias de escala. Como mercado consumidor mais amplo está associado a maior aglomeração urbana, temos que isto explica parcialmente a preferências de grandes empresas por grandes cidades para se instalarem e por que, normalmente, só se instalam em cidades periféricas com a obtenção de incentivos fiscais e subvenções públicas, ou seja, terão que ter compensações (parte desta vem dos menores custos de instalações das cidades menores) pela perda de economias de escala dos grandes centros urbanos para se instalarem em cidades menores.

Por definição, economias de escala são reduções no Custo Médio (e consequente-mente todas as demais formas de custos associadas a este) geradas pelo aumento da escala de produção, logo as economias de escala são internas às firmas (no sentido de que cada firma gera benefícios diretamente a si), em que quanto maior for o tamanho da aglomeração urbana maiores são as possibilidades de economias de escala associadas, decorrente das maiores alternativas aos sistemas produtivos de se aumentar a produção e se obter ganhos em diferentes áreas da firma. Assim, as fontes principais de economias de escala das firmas (micro-fundamentos) decorrentes de maior aglomeração urbano-industrial, base do Sistema Urbano Hierárquico (SUH), estão relacionadas a:

economias de maior elasticidade de substituição entre os fatores produtivos, em que a Taxa Marginal de Substituição Técnica (TMST) maior, entre capital e trabalho, implica em menor custo total (CT) e médio (CMe) de produção mantendo o nível de produção constante ou tornando-o crescente;

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economias de especialização (ou de gestão), através da maior divisão do trabalho, decorrentes da maior especialização da mão-de-obra e maior automação de tarefas simples, elevando a produtividade e reduzindo custos;

economias financeiras obtidas com empréstimos a taxas de juro menores, do que aquelas taxas obtidas por empresas menores;

economias de marketing, obtidas pela maior divisão dos custos de propaganda e vendas sob maior número de produtos;

economias de portfolio de produtos, a ampliação permite reduzir custo fixo médio de produção e obter também econômicas de marketing;

economias de diversificação de mercados, obtidas por poder orientar a produção por estratos de mercados, segmentos e nichos, possibilitando aumentar preços e receitas, estas também pela ampliação das vendas globais;

economias comerciais, obtidas com compras de insumos em quantidades maiores, obtendo descontos maiores;

economias de maior (in)divisibilidade dos investimentos, em que os gastos com investimentos podem ser decompostos (diluídos) em proporções menores dado maior produção;

economias de maior (in)divisibilidade técnica, muitos equipamentos e máquinas exigem plantas industriais com escala mínima ampliada para serem plenamente aproveitados, logo o aumento de escala de produção reduz os dimensionamentos sub-ótimos (subutilizações) nas firmas;

economias geométricas, a capacidade produtiva dos equipamentos ou instalações maiores é superior aos custos incorridos com a ampliação da produção;

economias de uso ampliado de recursos, em que a empresa que tem muitas máquinas e equipamentos iguais pode fazer a manutenção adquirindo peças de reposição a preços menores e com staff próprio de manutenção, o que reduz custos;

economias com integração vertical (fusão ou aquisição de empresas) a montante (fornecedores) ou a jusante (distribuidores) no mesmo setor, em que diferentes processos de produção passam a ser controlados pela mesma empresa, possibilitando economias nos custos de transporte e de estocagem, bem como a diminuição dos custos de transação da empresa;

economias com integração horizontal, é a expansão de um negócio no mesmo nível (segmento) de uma cadeia produtiva ou setor, este crescimento pode ser alcançado com estratégias de expansão interna ou da aquisição de concorrentes, gerando em ambas as estratégias: economias de marketing, economias de portfolio de produtos, economias de diversificação de mercados (PRATTEN, 1991; PORTER, 1992; FUJITA, KRUGMAN e VENABLES, 1999; LOOTTY e SZAPIRO, 2002; VARIAN, 2003).

A concentração industrial (acumulação de renda, riqueza, produção, etc.) tenderá a ocorrer de forma que quanto maiores e melhores às condições de localização regional maior a atração de empresas, em especial as de maior porte, ocorrendo um processo de causação mutua ou de reforço contínuo: maior condição regional tende a atrair maiores empresas que tornam maior e melhor ainda a condição regional, o que tende a atrair empresas maiores ainda, e o ciclo continua indefinidamente, nos moldes da “causação circular e acumulativa”

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de Myrdal (1957), em que “o processo acumulativo, quando não controlado, promoverá desigualdades crescentes” (Myrdal, 1968, p. 32), ou seja, este processo pode causar o “auto-reforço” das condições de subdesenvolvimento para as regiões pobres e de desenvolvimento para as regiões ricas. Assim, a estrutura regional determina a dinâmica interna da região em termos de atratividade à localização das empresas e, consequente, do ritmo de crescimento econômico e nível de desenvolvimento regional.

Destacamos, sem formalismos matemáticos e gráficos, que a dinâmica do Sistema Urbano Hierárquico baseia-se no “Modelo Centro-Periferia” (“Core-Periphery Model”), Krugman (1991, 1996) e Fujita et all (1999), em que as firmas e os consumidores distribuem-se entre as regiões e ambos tentam maximizar rendas e minimizar gastos (especialmente com transporte) determinando ofertas e demandas simultaneamente (considerando as elasticidades de oferta e demanda), e os trabalhadores migram livremente e procuram regiões que ofereçam os mais altos salários reais ou maior oferta de empregos (influenciando o equilíbrio do sistema espacial) nos dois setores produtivos: agricultura (mercados espacialmente fixos e competitivos, com retornos constantes de escala e produtos homogêneos e dividido entre as regiões central e periférica) e manufatura (mercados móveis que produzem bens diferenciados com retornos crescentes de escala e concentrado na região central), em que a preferência por variedades(ou diversidade) por parte dos consumidores bloqueia ações monopolistas das firmas e de concentração da demanda, em que o comportamento das firmas e trabalhadores leva ao equilíbrio (e desequilíbrio) do sistema espacial regional através da ação de duas forças: as forças centrípetas (economias de escala e reduções dos custos de transporte) que agem atraindo mais firmas e trabalhadores a cidade maior com atividades industriais diversificadas (elevando o salário real geral na região); e as forças centrífugas (aumentos nos custos de transporte e a existência de mercados periféricos) que dispersam firmas e trabalhadores para a(s) cidade(s) periférica(s), menor(es), e concentrada no mercado agrícola. Da tensão entre as forças centrifugas e centrípetas se estabelece o equilíbrio entre oferta e demanda em todos os mercados (inclusive de trabalho). O resultado é alcançado considerando que: todas as firmas são móveis; os trabalhadores (e consumidores) migram; as tecnologias são homogêneas; e não há economias externas à firma (economias de aglomeração) (KRUGMAN, 1991, 1996).

O mecanismo gerador das externalidades, relacionado aos retornos crescentes, está baseado nas forças de interação do mercado e leva em consideração as backward linkages (ligações a montante ou para trás), que são as transações da empresa com fornecedores, e as forward linkages (ligações à jusante ou para frente), que são as transações da empresa com os consumidores corporativos (empresas) e finais do seu produto. Assim, o foco da abordagem está nos efeitos dos custos de transporte envolvidos nestas ligações e os efeitos que estas ligações causam na concentração (aglomeração ou dispersão) espacial da indústria e de trabalhadores.

Assim sendo, no “Modelo Centro-Periferia”, o aumento de concentração de firmas e trabalhadores em uma região a tornará central (a maior cidade), ao passo que as regiões em seu envolto serão periféricas (cidades menores) a esta central, estabelecendo uma hierarquia espacial entre as cidades em termos de atividades econômicas nelas exercidas: cidade central produz bens industriais, que são de maior valor agregado e diversificados (e também produz bens agrícolas), e cidades periféricas produzem bens agrícolas e homogêneos (KRUGMAN, 1991, 1996). Como extensão podemos pensar nas cidades periféricas sendo também fornecedoras de insumos (bens agrícolas) para a cidade central.

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A preferência locacional dos trabalhadores influencia nesta hierarquia dado que influência na localização das firmas, em que podemos destacar que quando os custos de transporte forem suficientemente baixos, e distinguindo os trabalhadores, forçosamente, em dois grandes grupos: i) trabalhadores de baixa qualificação e com grande oferta de mão de obra, e ii) trabalhadores de alta qualificação com pequena oferta de mão de obra. Sendo que, os trabalhadores do grupo (i) encontram emprego em maior número em indústrias com tecnologia trabalho-intensivas e recursos naturais-intensivas, e os do grupo (ii) em industriais capital-intensivas e tecnologia-intensivas (intensivas em P&D). Logo, as empresas intensivas em capital e tecnologia tendem a se concentrar em regiões de alta concentração econômica e urbana, pois nestas tem maiores possibilidades de encontrar uma oferta maior de mão de obra altamente qualificada, pois estes trabalhadores geralmente procuram residir em locais com maiores amenidades sociais e urbanas e maiores possibilidades de atualização profissional (algo como a migração seletiva de Hirschman, em que os melhores profissionais buscam melhores postos de trabalhos em economias mais estabilizadas e desenvolvidas), com isso, o salário médio para diferentes categorias desta região tende a ser maior (apesar de que o custo de vida tende a ser maior também), tornando esta região menos atrativa as empresas intensivas em trabalho e em recursos naturais, as quais procuram normalmente uma grande oferta de mão de obra pagando um padrão salarial baixo.

O Modelo Centro-Periferia nos permite novas extensões, para melhor compreensão do crescimento e do tamanho das cidades no SUH, em que podemos argumentar que ao passo que a concentração regional vai aumentando, em boa parte pela atração de empresas capital-intensivas e tecnologia-intensivas, a região tende a expulsar as empresas trabalho-intensivas e recursos naturais-intensivas (estas porque os recursos naturais muitas vezes já estão esgotados localmente), levando a mão de obra de baixa qualificação a tender a ter maior mobilidade, pois procuram estar onde existe maior oferta de emprego. Portanto, duas forças agem ao mesmo tempo em cada localidade: as forças centrípetas e centrifugas (Krugman, 1995). As centrípetas levam a aglomeração das empresas, as quais agem diferenciadamente sob diferentes tipos de empresas, por exemplo, quando aumenta a concentração de uma região ela vai atraindo mais e mais empresas capital e tecnologia intensivas, por outro lado, nesta mesma região as forças centrifugas estão agindo e dispersando as empresas trabalho e recursos naturais intensivas, as quais estão sendo atraídas (forças centrípetas agindo) por outras regiões, em que levam estas novas regiões a passarem por processo de crescimento até que passam a ser atrativas para empresas capital e tecnologia intensivas e, com isso, deixam de ser tão atrativas as empresas trabalho e recursos naturais intensivas que outrora se instalaram e a causação circular vai se manifestando indefinidamente, o que revela como se dá o crescimento e o tamanho das cidades no modelo do SUH.

3 Os Fatores Associados ao Crescimento e Tamanho das Cidades no Sistema de Cidades do Tipo Handerson

Paralelo as relações entre as economias internas das firmas para explicar o crescimento e tamanho das cidades temos as economias externas às firmas, mas que são internas a um segmento industrial ou a toda indústria/setor, e que são à base do Sistema de Cidades de Handerson (1974; 1988).

As economias externas de escala são chamadas de economias de aglomeração, na qual, por definição, se têm ganhos com maior volume de atividades econômicas

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acontecendo próximas espacialmente uma das outras. A literatura sobre economias de aglomeração tem em Marshall (1920) o seu predecessor, o qual descreve pioneiramente as vantagens de se concentrar firmas e trabalhadores de uma atividade econômica em uma mesma área geográfica.

Rosenthal e Strange (2004) fazem extensa explanação sobre a natureza e as fontes de economias de aglomeração. Destacam que os efeitos da aglomeração se estendem a pelo menos três diferentes dimensões: a geográfica, a industrial e a temporal. A dimensão geográfica examina a existência de externalidades de aglomeração sob a extensão espacial, em que à medida que a distância aumenta as economias de aglomeração se atenuam (HENDERSON, 2003). A distribuição espacial da economia tem um impacto não trivial sobre a atividade econômica e sobre o crescimento da economia (BALDWIN e MARTIN, 2004). A dimensão temporal examina os efeitos das condições passadas da indústria sobre o crescimento econômico atual, em que se estabelece se as economias de aglomeração são estáticas ou dinâmicas (os conhecimentos e habilidades dos trabalhadores e empresas aumentam com o tempo), e evidenciam que as economias de aglomeração afetam positivamente o crescimento das cidades direta e indiretamente (HENDERSON et al., 1995).

A dimensão industrial mostra que a aglomeração provoca retornos crescentes na indústria, decorrentes de maior especialização (referência a tríade de Marshall, 1920): i) compartilhamento de insumos especializados entre as firmas (envolve maior oferta de insumos e retornos crescentes de escala internos); ii) concentração de mão-de-obra (a aglomeração permite uma melhor adequação entre as necessidades do empresário e habilidades do trabalhador e reduz o risco para ambos), e iii) transbordamentos/transmissão de conhecimento (knowledge spillovers). Além disso, também evidenciam outras fontes de economias de aglomeração: vantagem natural, os efeitos de particularidades do mercado local, a concentração de demanda (economias no consumo local) e rent-seeking1 (este como efeito negativo).

Desde as proposições de Marshall várias sistematizações foram feitas em relação às “economias de aglomeração”, que levam à concentração da atividade econômica em determinada localidade, classificando-as em “economias de localização”, que são as economias de escala, externas à firma, mas internas à indústria (aglomeração dentro de cada segmento industrial), e que tem como base a especialização produtiva setorial (economias de especialização). Os autores que tem destaque nesta sistematização são Marshall-Arrow-Romer (MAR). Por outro lado, existe a ideia de que a diversidade industrial contribui diretamente para as economias de aglomeração, e que é atribuída a Jacobs (1969), que são as economias de escala, externas à firma e a um segmento industrial específico (aglomeração de diferentes segmentos industriais), e são classificadas em “economias de urbanização” (que ficaram conhecidas como economias do tipo Jacobs-Porter), e que tem como base a diversidade produtiva setorial (ou economias de diversificação).

Além desta classificação, das economias de aglomeração, existe outra importante distinção das economias externas de escala. Scitovsky (1954) considera duas categorias de economias de aglomeração: as pecuniárias e as tecnológicas (ou não-pecuniárias). As pecuniárias relacionam-se as interações de mercado que levam a redução nos custos sem afetar produtividade, logo podem ser mensuradas pelos mecanismos de preço. E, as

1 Pode ser definido como comportamento em que para: (i) Buchanan (1980) "é designado para descrever o comportamento num contexto institucional onde os esforços individuais para maximizar o valor geram um desperdício social em vez de um excedente social"; ou como situação nas quais: (ii) Ekelund e Tollison (1981) “ os indivíduos buscam retornos dos direitos monopolistas sancionados pelo Estado”. Maiores detalhes ver: BALBINOTTO NETO, G.. As Origens Clássicas da Teoria da "Rent-Seeking”, Porto Alegre: UFRGS, 2001.

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tecnológicas relacionam-se às interações de fora do mercado, e que afetam diretamente a função de produção da firma, levando a aumentos de produtividade sem afetar custos, logo estão associadas à spillovers de conhecimento.

A tese da especialização (MAR) afirma que os spillovers de conhecimento acontecem mais facilmente em regiões com estruturas de produção mais especializada, ou seja, os efeitos são intra-setorial (ou intra-industrial). De outro lado, a tese da diversificação (Jacobs) defende que os “transbordamentos” ocorrem quando há um agrupamento de empresas que atuam em segmentos diversos, ou seja, os efeitos são inter-setoriais (ou inter-industriais).

Em síntese, as economias de aglomeração podem ter a forma de economias de localização (os benefícios da aglomeração gerados a produtores similares) e economias de urbanização (os benefícios da aglomeração permeiam produtores diversificados), ou seja, as economias de aglomeração beneficiam as firmas em geral do mesmo ou de diferentes segmentos por se localizarem perto de outras, e este benefício pode ser maior quanto maior for o volume desta aglomeração (rendimentos crescentes de escala).

Em relação às economias de localização (ou de justaposição) que decorrem da proximidade geográfica entre firmas independentes, mas pertencentes a mesmo segmento industrial, em que esta aglomeração gera a formação de clusters, em que os micro-fundamentos dos benefícios aos membros do cluster ocorrem via:

maior compra e maior oferta de insumos leva a redução dos custos dos insumos;

aumento da especialização é crescente pelas sinergias geradas;

aumento de produtividade decorrentes de efeitos a montante e a jusante das firmas;

aumento de inovação e aprendizado, decorrentes de “efeitos de transbordamentos” (ou “spillover tecnológicos”);

aumento da concentração de trabalho especializado leva a um aperfeiçoamento constante das especialidades;

melhor coordenação da cadeia de produção gera políticas que melhoram a organização da produção local; entre outras fontes (ARROW (1962); ROMER (1986); ROSENTHAL e STRANGE, 2004; ARNOTT e MCMILLEN, 2006; BRUECKNER, 2011).

Portanto, os ganhos estão associados a maior especialização produtiva, que gera rendimentos crescentes à escala das firmas, e que tornam a concentração geográfica da produção benéfica aos membros do cluster, revelando economias de aglomeração do tipo Marshall-Arrow-Romer (MAR), que são os ganhos decorrentes de redução de custos e aumentos de produtividade de economias de especialização.

E, em relação às economias de urbanização, relacionadas à proximidade geográfica entre firmas pertencentes a diferentes segmentos industriais, em que os ganhos decorrem da concentração geográfica de firmas, trabalhadores, consumidores e infraestruturas públicas e econômicas, sendo que os micro-fundamentos dos benefícios desta aglomeração ocorrem via:

maior disponibilidade de infraestruturas de: transporte, aeroportos, energia e telecomunicações, que reduz os custos de produção ou criam facilidades a produção e comércio;

maior disponibilidade de infra-estruturas públicas: centros de educação profissional, universidades, etc

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maior acesso a mão-de-obra qualificada e diversificada;

maiores serviços públicos e comerciais de apoio e suporte às empresas;

maior acesso a maiores oportunidades de emprego;

maior acesso a serviços pessoais (lazer, educação, saúde) e amenidades recreativas e culturais que atraem trabalhadores mais qualificados;

maior acesso a serviços de assistência técnica e de reposição de peças e componentes para máquinas, veículos e equipamentos;

maior e melhor acesso a diversas áreas da cidade, por vias de acesso rápido, reduzindo os custos de produção e comercialização e também os custos de mobilidade urbana de trabalhadores e consumidores;

serviços especializados em grandes áreas urbanas que não existem em áreas menores;

gestão do espaço urbano obtendo uma utilização mais eficiente e racional do espaço;

maior variedade em consumo, suporta um grande número de fabricantes especializados, o que reduz preços e atrai mais consumidores;

Maior número de empregadores podem reduzir o tempo médio de desemprego da força de trabalho;

Maior número de consumidores reduzem as flutuações da demanda, proporcionando melhor programação da produção;

Menor variabilidade nas vendas das empresas, permitem menor estoques, o que reduz os custos; entre outras fontes (JACOBS, 1969; PORTER, 1992; MILLSS e HAMILTON, 1994; MORI, 1997; ROSENTHAL e STRANGE, 2004 ARNOTT e MCMILLEN, 2006; BRUECKNER, 2011).

O mecanismo pelo qual as economias urbanas operam é bastante simples: na medida em que o tamanho e potencial de mercado depende da densidade da população, e as transações de empresas com consumidores e com outras empresas estão limitadas pelos custos de transporte e transação, logo a capacidade de explorar as economias de escala urbanas depende do tamanho da cidade, pois a concentração reduz o espaço físico entre consumidores e empresas e reduz os custos de transação, permitindo aumentar a produtividade.

Alguns autores distinguem alguns tipos de micro-fundamentos de economias urbanas, em: sharing (mecanismos de compartilhamento), matching (mecanismos de “casamento“ entre oferta e demanda), em custos de transportes; e em learning (mecanismos de aprendizagem). Os três primeiros são economias de aglomeração pecuniárias e a última economia de aglomeração tecnológica.

O sharing associa mecanismos de compartilhamento, em que maiores aglomerados urbanos permitem acesso mais barato a bens e serviços que apresentam sistemas de produção com ganhos de escala ou nível de especialização expressivos, e que são utilizados por demais agentes no espaço urbano O matching associa as relações entre o melhor casamento entre oferta e demanda, em que grandes cidades apresentam maior concentração de empregadores e trabalhadores, com isso, os mercados de insumos em geral e de trabalho são maiores (e em muitos casos de melhor qualidade), o que traz vantagens

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para trabalhadores e empresas (DURANTON e PUGA, 2004; ARNOTT e MCMILLEN, 2006; BRUECKNER, 2011).

As firmas dependem tanto de transporte de insumos para produzir, quanto de transporte dos bens finais às famílias (consumidores), diante disso, as grandes cidades apresentam maior concentração de firmas fornecedoras e de consumidores de modo que permitem diminuir o nível de utilização dos serviços de transporte dado melhor aproveitamento do sistema, e também pela redução de custos que a concentração (redução de tempo e distância) e o melhor aproveitamento geram (BRUECKNER, 2011). No entanto, quando os custos de transporte são relevantes dependendo do tipo de produto que a firma produz, a decisão quanto à localização da firma pode ou não reforçar a aglomeração. Assim, as diferenças de custos das empresas de transportar matéria-prima ou de transportar o produto final determinam onde a indústria irá localiza-se: no local onde os custos de transporte de matéria-prima ou os custos de transporte do produto final são menores, estabelecendo, com isso, dois perfis de localização para empresas que produzem produtos do tipo:

Weight loss/lossing: a localização da indústria será orientada para o mercado de insumo;

Weight gain/gaining: a localização da indústria será orientada para o mercado de consumo (ARNOTT; MCMILLEN, 2006, BRUECKNER, 2011).

Nesta tipologia, os custos de transporte são tidos como relevantes e os demais custos, inclusive com trabalhadores, como secundários. Assim, o local otimizado de produção corresponde ao ponto de menor custo total de transporte, relativamente à localização das fontes de matéria prima e/ou aos mercados de consumo. Nas indústrias em que a incidência, em termos de volume, do uso de matéria-prima é significativo como as siderurgias e usinas sucroalcooleiras, estas passam a localizarem-se o mais perto possível das respectivas fontes de insumos e, as outras, se estabelecem junto aos mercados de consumo, como as fábricas de refrigerantes (ARNOTT; MCMILLEN, 2006, BRUECKNER, 2011).

Maior aglomeração produz maior learning (aprendizado), em que através de diversos mecanismos se gera maiores spillovers (transbordamentos/transmissão) de conhecimentos, os mecanismos estão associados à aquisição de competências por parte dos trabalhadores e da sua aprendizagem sobre novas tecnologias, e isso de deve aos sistemas de inovação e a forma como se processam a geração, difusão e adoção de novas tecnologias em uma localidade (DURANTON e PUGA, 2004).

Em síntese, se os custos são reduzidos para apenas um segmento industrial, temos economias de localização, e se os custos são reduzidos para toda a indústria (ou setor), temos economias de urbanização. Percebemos que, existe uma sutil distinção entre economias de localização e de urbanização, especialmente porque suas fontes estão no mesmo local: o espaço urbano-industrial, por exemplo, uma área urbana que está próxima de uma fonte barata de eletricidade pode atrair uma grande indústria intensiva em energia e, assim, temos uma economia de localização, os efeitos a montante (em direção a fornecedores) e a jusante (distribuidores) associados aos aumentos de empregos e renda gerados e, consequentemente de consumo, atraem empresas menores de diversas áreas (mercados, padarias, farmácias, etc) e, com isso, temos economia de urbanização.

4 Resultados e Discussões

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Em relação às economias de escala e como estas afetam o crescimento e o tamanho das cidades no Sistema Urbano Hierárquico, sem grandes dificuldades é possível perceber que o mecanismo sob o qual o sistema opera, em que a partir de um determinado limiar a concentração deixa de ser tão atraente a determinado tipo de empresa e passa a ser mais atraente a outros tipos de empresas, e este ciclo vai ocorrendo ao logo do processo de evolução da concentração industrial e urbana das economias, denotando que, espacialmente, cada economia passa por diferentes fases de: aglomeração x dispersão (preservadas as especificidades e suas relações com: concentração x desconcentração e industrialização x desindustrialização) para diferentes tipos de indústrias, explicando, ao menos em parte, que o crescimento não será contínuo ou ao menos terá grandes oscilações ao longo do ciclo de vida das cidades, e que a medida que a cidade cresce mais difícil se torna os incrementos do seu crescimento em decorrência do aparecimento de deseconomias de escala que surgem com o maior tamanho, o que sugere que as cidades grandes crescem a taxas decrescentes quanto maior for o seu tamanho, induzindo a uma convergência entre os tamanhos das cidades, mas no entanto as maiores serão sempre maiores, pois já passaram por fases de concentração e desconcentração que as menores ainda vão passar.

Assim, as mudanças no padrão espacial dos tipos de atividades industriais e na concentração destas e de trabalhadores explicam no modelo do SUH como se dá o crescimento e o tamanho das cidades. Uma questão central para determinar qual o resultado em termos de crescimento e de tamanho da cidade em cada momento é saber qual é o efeito líquido das forças que promovem a aglomeração contra as que geram a dispersão (HENDERSON, 2005).

Quando estamos analisando o comportamento das empresas e segmentos industriais individuais ou em conjunto atuando em grandes centros urbanos a distinção entre economias de localização e de urbanização não se torna tão clara, isto fica evidenciado pelos estudos revisados, em que ficou muito nítida a grande dificuldade em se definir quais são os mecanismos pelos quais as economias de localização e de urbanização afetam o crescimento e o tamanho das cidades. Assim, vamos a seguir procurar apresentar alguns desses mecanismos.

Quando as empresas vendem produtos homogêneos, elas evitam a aglomeração espacial porque a competição de preços impõe limites aos preços e ao crescimento empresarial (THISSE, 2011). Logo a especialização parece ser melhor no curto prazo do que no longo prazo para empresas que vendem produtos mais homogêneos. Dessa forma as economias de localização (especialização) tendem a se manifestar mais em setores que produzem bens não homogêneos. Outro aspecto é que quando os transbordamentos são pequenos de uma indústria, ou seja, os efeitos a montante e a jusante são concentrados, o excesso de especialização limita o crescimento da economia (HANDERSON, 2000). Outro aspecto é que se as empresas tiverem sua sede fora da região existem vazamentos da renda local que diminuem as possibilidades de crescimento. Uma forma de tornar o saldo mais positivo entre vazamentos de renda é se ter uma especialização na produção de bens exportáveis , e que gerem transbordamentos para demais empresas locais.

As "economias de urbanização" tendem a ser mais importantes para os serviços que para a indústria, pois os setores de serviços dependem de trabalhadores mais especializados para prestar os serviços, e como estes trabalhadores tendem a se concentrar em centros maiores devido aos benefícios de maior facilidade de emprego e de atualização profissional que obtém ao estarem em centros maiores, logo o setor de serviços altamente especializado tende a ser concentrados em grandes centros. Outro aspecto é que a maior parte dos

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serviços são feitos para os indivíduos consumirem diretamente, logo dependem diretamente do consumo deste, o qual ao estar mais concentrado gera maior demanda, em especial os serviços de maior valor agregado e mais específicos que dependem de número maior de consumidores com maior poder aquisitivo, o que só é encontrado em grandes centros urbanos. Outro aspecto que afeta o crescimento das cidades é a indivisibilidades de alguns produtos e serviços, da infraestrutura e do conhecimento.

Henderson (1988) argumenta que as fontes de economias de urbanização são mais importantes nos anos iniciais do desenvolvimento de uma empresa, fazendo com que a empresa busque se localizar nas maiores cidades. À medida que a empresa cresce, ela pode mover-se para cidades menores, em busca de menor concorrência e insumos mais baratos e de ampliação de mercados, com isso, na fase de amadurecimento da empresa as economias de localização tornam-se a força dominante para determinar a localização das firmas. Assim sendo, o ciclo de vida das firmas tem associação com as economias de urbanização (fase de crescimento) e de localização (fases de amadurecimento), e explica parcialmente por que toda a produção não ocorre apenas em um pequeno número de grandes cidades.

Por mais que se façam diversos investimentos que ampliem o potencial de mercado de uma localidade, à medida que o tamanho cidade aumenta aparecem incentivos para os agentes dispersarem, ou seja, aparecem deseconomias de escala, em que a aglomeração da atividade econômica aumenta a concorrência para os fatores de produção disponíveis em cada localidade, como imóveis e recursos naturais (chamados muitas vezes de “primeira natureza”), elevando o preço destes insumos de produção. Outros incentivos para que as empresas se dispersam podem incluir os aumentos dos custos de produção e dos custos de oportunidade de empresas e trabalhadores, como os custos de congestionamento das vias urbanas, da poluição do ar, da violência urbana, etc (DEVEREUX et al., 2003). Assim, as deseconomias de escala afetam negativamente a concentração industrial, ou seja, afetam os rendimentos crescentes à escala que estimulam a concentração geográfica da produção no mesmo local. Este resultado associa-se a outro fato bem documentado na economia de que os custos elevados de commuting estabelecem um limite superior para o crescimento das cidades por longos períodos de tempo (BAIROCH, 1985).

Considerando que as cidades existem porque atendem aos interesses de indivíduos (trabalhadores e consumidores) e empresas, e que as economias de aglomeração dependem do tamanho da cidade e do tipo de produção (o que depende da oferta de insumos em especial de trabalho) e consumo (o que depende especialmente do padrão de renda local) realizada nesta cidade, de tal modo que em conjunto eles determinam as economias de localização e de urbanização. Logo, a racionalização do tamanho das cidades e do sistema de cidades (tamanhos diferentes de cidades para atender às necessidades de diferentes indústrias, trabalhadores e consumidores) é complexa. No caso das economias de localização a revisão bibliográfica sugere que os mecanismos que a fazem surgir operam com maior intensidade em espaços urbanos menores (apesar de alguns estudos indicarem que quando as indústrias surgem estas tendem a ir para espaços urbanos maiores e após atingem certo nível de maturação, tendem a ir para locais menores mais especializados na sua atividade produtiva), para os quais a especialização eleva a competitividade local, decorrentes especialmente dos ganhos de spillovers de conhecimento gerados intra-indústria, e também porque a infraestrutura econômica e social é ainda incipiente e as instituições que fomentam o desenvolvimento tecnológico e a competição empresarial são ausentes ou pouco representativas, logo a especialização é o caminho mais fácil para se ter mais forcas para competir com cidades e empresas maiores. No entanto, as evidencias indicam que ao passo que a cidade cresce o excesso de especialização inibe o seu

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crescimento, pois a partir de determinado limiar de tamanho (ou tamanho crítico como no modelo centro-periferia) as cidades tem perdas com a falta de diversidade de suas economias, pois dos aspectos que estimulam a aglomeração a diversidade de bens e modos de vida que se tem com o maior adensamento das cidades é relevante. Assim, a partir de determinado limiar de tamanho a falta de diversidade comparativamente ao excesso de especialização se mostra prejudicial ao crescimento, revelando com isso que as economias urbanas se mostram mais vantajosas, ou seja, os spillovers de conhecimento das economias de diversificação se mostram mais efetivas para o crescimento econômico das grandes cidades. O limiar do tamanho das cidades a que aludimos deve ser visto como distinto para cada cidade, pois este depende de como o sistema urbano-industrial esta constituído em termos de perfis de empresas, trabalhadores e consumidores e sua operacionalização, gerando efeitos aglomerativos ou dispersivos, com isso, podemos ter cidades com diferentes tamanhos apresentando diferentes taxas de crescimento e, consequentemente, tamanhos diferentes sendo alcançados ao longo do tempo.

Parece existir um consenso de que um mecanismo importante que afeta tanto as economias de localização quanto as de urbanização são os sistemas de transporte que afetam os custos de produção e transação e a mobilidade urbana, logo investimentos que melhorem esta infra-estrutura sempre permitem que independente do tamanho que a economia urbana tenha atingido, esta possa continuar a crescer. Outro mecanismo importante que afeta também as economias de especialização e as de diversificação são os spillovers de conhecimento. Em que, especulativamente podemos sugerir que os spillovers de especialização (localização) parecem ser dependentes de instituições e sistemas regionais de inovação (normalmente se relacionam as vocações regionais), em que as inovações são em sua maioria incrementais sobre sistema de produção já consolidados e sobre produtos maduros. E, os spillovers de urbanização (diversificação) mais dependentes de Sistemas Nacionais de Inovação e em alguns casos de consórcios de inovação entre empresas multinacionais e até mesmo países, tem parte de suas inovações voltadas a inovações radicais em sistemas de produção emergentes e em novos produtos. Ademais, vários estudos sugerem que os efeitos dos spillovers ocorrem em consequência de como ocorre a geração, difusão e adoção de novas tecnologias e o quanto gera de retornos crescentes de escala intra-indústria (especialização) ou inter-indústrias (diversificação), ou seja, quanto mais aptos estiverem os ambiente empresarial e institucional para favorecer a geração, difusão e adoção de novas tecnologias, maiores podem ser os efeitos no crescimento e no tamanho das cidades, sejam pequenas e médias buscando maior especialização ou grandes cidades buscando maior diversificação.

6. Considerações Finais

Se o crescimento demográfico é algo certo, temos como certo que a maioria das cidades já existentes irão crescer, algumas saindo de pequenas para médias, e muitas destas atualmente médias em grandes cidades e outras se transformando em megalópoles, este crescimento ocorrerá sob diferentes possibilidades, as quais ainda estão em aberto, e com consequências variadas, dependendo de como as economias locais irão gerar economias de escala internas e externas (aglomeração) às firmas e irão atrair mais trabalhadores e com maior qualificação.

O crescimento e o tamanho das cidades nada mais são do que o crescimento e o tamanho das condições materiais oferecidas aos indivíduos e empresas para que nela habitem, logo este crescimento depende da forma como se dá produção e distribuição da renda (e o seu crescimento) entre os indivíduos que habitam a cidade, com isso, ações que

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aumentem a produtividade do sistema urbano e reduzam os custos de produção e transação (melhorias nos sistemas de transporte e de mobilidade urbana) – ações que geram economias de escala, de localização e de urbanização, e que tornem a cidade mais atrativa através da ampliação da diversidade de modos de vida (consequentemente de consumo), permitem que independente do tamanho que a economia urbana tenha atingido, esta possa continuar a crescer e alcançar maiores tamanhos, oferecendo maiores vantagens a firmas, trabalhadores e consumidores.

Considerando que o estudo é uma revisão bibliográfica, que se vale de técnicas de análise textual e exploratória de dados, o mesmo carece de estudos mais aprofundados e maiores sistematizar a ponto de oferecer uma sistematização mais representativa das estruturas de incentivos que se criam para empresas, trabalhadores e consumidores relacionados ao crescimento e tamanho da aglomeração, a partir da interpretação dos mecanismos que operam nos sistemas de cidades do tipo-Henderson e do Sistema Urbano Hierárquico de Krugman, e dos defensores destes modelos, e afetam o crescimento e o tamanho das cidades.

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