o corpo é discurso – nº 48
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O Corpo
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04.08.2013
ISSN: 2236-8221
Edição n. 48, Setembro de 2015 Vitória da Conquista, Bahia.
O corpo é discurso
Os holofotes estão voltados para o corpo! As camuflagens e tatuagens registradas ao
longo da história de um corpo ultrapassam todas as fronteiras da linguagem, abrindo um
leque de saberes que ora se camuflam de poesia, ora se tatuam de filosofia e se moldu-
ram em teorias que enriquecem o conhecimento. Poemas que desconstroem verdades,
textos que tatuam traçados precisos na imprecisão do nosso tempo sobre peles férteis e
áridas de múltiplos saberes. É no compasso de cada palavra citada dos nossos colabora-
dores no decorrer do nosso jornal que apresentamos mais uma edição, onde os saberes
se escamoteiam e se imprimem em diversas facetas da linguagem.
ISSN: 2236-8221
EXPEDIENTE DE
O CORPO É DISCURSO
Editores
Nilton Milanez
(LABEDISCO/CNPq/UESB)
Ricardo Amaral
(PPGMLS/FAPESB)
Vilmar Prata
(PPGMLS/FAPESB)
Organizador
Joanne Nahla
(IC-CNPq)
Matheus Vieira
(IC-CNPq)
Vinícius Reis
(PPGMLS/LABEDISCO)
Revisão
George Lima
(PPGLIN/CAPES)
Samene Batista
(PPGMLS/CAPES)
Tyrone Chaves
(PPGLIN/CAPES)
Diagramador
Ítalo Alberto
Monitor de Extensão
Ian Santiago
Secretária
Gessica Soares
Editoração eletrônica
(MARCA DE FANTASIA)
Jornal de popularização científica
Acesse o site do Labedisco: www2.uesb.br/labedisco Contato: [email protected]
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Renato Lima é graduado em Pintura pela Escola de Belas Artes - UFRJ. Para saber mais sobre o autor e
suas produções, acesse também o site Pockets - Histórias de Bolso ou a página de Facebook Pocketscomics.
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Realização:
Tenho me distanciado desse mundo,
desse plano,
das tuas ideias e tuas condutas.
Tenho construído novas verdades,
novos meios e métodos que não oprimem ninguém;
sistemas não robóticos.
Tenho sido cada vez mais além do humano,
transcendi,
virei poeira cósmica,
virei um broto no jardim de alguém.
Virei qualquer coisa sem definição.
Mas não consigo ser mais refém
das condições de convivência.
Não consigo mais ser obrigação.
(Joanne Nahla)
Me leve para a terapia, querido,
talvez me receitem alguns remédios que vão além
dos versinhos que eu faço no fim da noite.
Querendo soltar lágrimas já silenciadas, já sem conceito,
que apenas surgem e existem por qualquer motivo,
porque tudo se tornou o mesmo nada de sempre
e eu deixei de ser um ser humano quando rio e passei a ser
produto social.
Esses versos já azedaram e nunca saem da validade.
Eles se repetem como verdades incontestáveis,
como comprovação do meu fracasso em viver.
Esses versos não me tiram a agonia,
nada mais me tira a agonia que é permanecer nesse mundo.
Talvez eu precise de controle.
Talvez eu precise de receita me dizendo que eu sou normal
pra que, mesmo eu não acreditando,
eu finja que acredito e finja que tudo fica bem.
(Joanne Nahla)
JOANNE NAHLA : Graduanda em Cinema e Audiovisual
pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
UESB. Currículo Lattes: Clique Aqui!
estabelecer um diálogo entre o campo da AD e
os estudos nietzschianos é relevante, na medi-
da em que Nietzsche ressalta, em suas posi-
ções filosóficas, antes mesmo que Foucault
(2008) e Pêcheux (2009), uma Vontade de
Poder que, materializada na/pela língua(gem),
afeta os sujeitos no espaço-tempo.
Os trabalhos dos membros do grupo
se enquadram em duas linhas de pesquisa, a
saber: (i) “Corpo, Gênero e Sexualidade” que
visa analisar o corpo enquanto uma instância
discursiva que está, visceralmente, relaciona-
da à construção de identidade(s) de gênero e
de sexualidade; (ii) “Imbricamentos entre as
Teorias do Discurso e de Nietzsche” que visa
desenvolver pesquisas teóricas que buscam
pensar dispositivos de análise a partir de um
imbricamento entre o campo da Análise do
Discurso e a rede teórica nietzschiana, bem
aplicar esses dispositivos na análise de uma
diversidade corpora como, por exemplo, fil-
mes, livros didáticos, entrevistas, movimentos
sociais, dentre outros.
Dentre os projetos desenvolvidos
no/pelo GEDIN, consideramos relevante desta-
car os seguintes:
Projeto de Pesquisa: “O corpo En-
quanto uma Instância de Materialização Dis-
cursiva”.
Resumo: Este projeto destina-se a
compreender o corpo, a um só passo, en-
quanto um discurso e um espaço no qual se
materializa discursos. Discursos esses que
são efeitos de uma memória que ditam com-
portamentos, posturas, gestos, expressões
faciais, etc. Desse modo, não tomamos o cor-
po em sua organização fisio-biológia, mas sim
enquanto uma instância discursiva. Digo ins-
tância porque a corporalidade se funda a
partir de um conjunto de movimentos que
sujeito elabora no espaço no qual se imbri-
cam posições que, entre si, dizem-se, contra-
dizem-se, afirmam-se, negam-se, indentificam
-se, desidentificam-se, etc.
Projeto de Extensão: “Ensino, Dis-
curso e Corpo a partir do Cinema Brasileiro”.
Resumo: Objetiva-se, com esse
projeto de extensão, fornecer subsídios aos
professores da área de “Linguagens, Códigos
e suas Tecnologias” que estimulem a critici-
dade e a capacidade de argumentação de
seus alunos a partir da exibição e análise de
filmes brasileiros em sala de aula. Por fim,
convém mencionar que se almeja incidir no
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GRUPO DE ESTUDOS DO DISCURSO E DE
NIETZSCHE - GEDIN
Guilherme Figueira-Borges
As verdades são ilusões, das quais se
esqueceu que o são, metáforas que se
tornaram gastas e sem força sensível,
moedas que perderam sua efígie e
agora só entram em consideração
como metal, não mais como moedas.
Nietzsche (1996, p. 57)
O grupo de estudos do discurso e
de Nietzsche (GEDIN) nasceu, em 2011, na
Universidade Estadual de Goiás (UEG) Câm-
pus Iporá, a partir do desejo de propiciar,
aos alunos, um espaço de discursão das
teorias da Análise do Discurso francesa e da
teoria nietzschiana.
A Análise do Discurso francesa
(AD) tem se mostrado um relevante aparato
teórico, no campo da linguística, de analise
de diferentes corpora linguísticos e/ou ima-
géticos. Nesse sentido, nossa proposta de
grupo de estudos visa (re)pensar o campo da
AD a partir de um diálogo com a teoria ni-
etzschiana para fornecer, teórico e metodo-
logicamente, subsídios que possam balizar
gestos interpretativos outros no campo dos
estudos linguísticos. Acreditamos, pois, que
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ensino desta área na Subsecretaria Estadual
de Ensino de Iporá, em dois pontos, quais
sejam: fornecer técnicas que possibilitem o
trabalho com filmes nacionais em sala de
aula, desvelando que, nessa materialidade
linguística e visual, há a incidência de uma
exterioridade sócio-histórico-ideológica que
funda uma dada constituição corporal imagi-
nária para o brasileiro; interpelar os sujeitos
professores a produzirem interpretações,
estimulando, assim, a capacidade crítica e
argumentativa frente à materialidade fílmica.
(Projeto aprovado no Proext com recurso de
R$ 98.877,00)
Estudantes Vinculados
Daniela Cristine Alves Franco
(Iniciação Científica/Bolsa UEG)
Karis Alves Domingos (Extensão/
Bolsa UEG)
Haloana Moreira Costa (Iniciação
Científica/bolsa UEG)
Laurianne Guimarães Mendes
(Iniciação Científica/Voluntária)
Mábsom Silva Lemes (Iniciação Cien-
tífica/Bolsa CNPq)
Rayka Minelly (Permanência/ Bolsa
UEG)
Referências
FOUCAULT, M. A ordem do discur-
so. Trad. Bras. 3ed. São Paulo: Edições Loyola,
1996.
_______. Microfísica do Poder. Rio
de Janeiro: Edições Graal, 2008.
NIETZSCHE, F. W. Obras Incomple-
tas. São Paulo: Editora nova cultural, 1996.
PÊCHEUX, M. Semântica e Discur-
so – uma crítica à afirmação do óbvio.
Campinas: Ed. da UNICAMP. 2009.
que aprendi no grupo, fazendo pesquisa, vi
na sala de aula. Temas como a saúde men-
tal na atenção básica, matriciamento e o
cotidiano das pessoas com sofrimento
psíquico grave foram os que mais me atra-
íram. Terminando a graduação, mudei pra
Salvador, pra fazer residência em saúde
coletiva com área de concentração em
saúde mental no Instituto de Saúde Coleti-
va (ISC/UFBA), com práticas realizadas
nos serviços de saúde mental. Foi uma
experiência incrível e decidi continuar na
Bahia; fiz mestrado em Saúde Comunitária,
também no ISC, com a pesquisa intitulada
“Relações possíveis entre corpos urbanos
e subjetivos: a experiência de sujeitos em
sofrimento psíquico moradores do Distrito
Sanitário da Liberdade, Salvador/BA”, que
se trata de uma etnografia cartográfica
com pessoas que acompanhei em seu coti-
diano durante 06 meses. Depois do mes-
trado, iniciei a docência e há três anos
também com a experiência na gestão, na
Coordenação de Saúde Mental, álcool e
outras drogas de Vitória da Conquista/BA.
Ricardo Amaral: Sobre o livro A Histó-
ria da Loucura de Michel Foucault, qual
a sua relação de leitura com o referido
livro e autor?
Monique Brito: É uma leitura imprescindí-
vel para quem quer realmente entender a
construção social da loucura, ao invés de
ficar lendo apenas DSM´s, CID´s e manu-
ais de psicopatologia. Tive contato com
essa leitura durante a graduação (no
grupo de pesquisa e não no “programado”
da sala de aula), mas acredito que ele por
si só seria ainda insuficiente. Outras leitu-
ras de Foucault como Microfísica do Po-
der, Vigiar e Punir, História da Sexualida-
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A convidada para entrevista dessa edição
de O Corpo é Discurso foi a Profª. Ms.
Monique Brito. Com trajetória profissional
voltada para questões relativas à saúde
mental, entre outros temas, a entrevista-
da tratou da história da loucura, possibi-
lidades de tratamento e a relação entre
corpo e subjetividade. A entrevista foi
realizada pelo mestrando Ricardo Amaral
do Programa de Pós-Graduação em Me-
mória: Linguagem e Sociedade e pesqui-
sador do Laboratório de Estudos do Dis-
curso e do Corpo – Labedisco/Uesb.
Ricardo Amaral: Você poderia falar um
pouco sobre seu percurso na área da
saúde mental?
Monique Brito: Desde o início da minha
graduação, na UFRN, me aproximei da
saúde mental através do grupo de pes-
quisa do qual comecei a fazer parte ainda
no segundo semestre do curso e, a partir
daí, foi paixão pela saúde mental. Agrade-
ço enormemente à minha orientadora
Magda Dimenstein por me apresentar a
isso tudo, porque praticamente nada do
“Outras leituras de
Foucault [...], com-põem a complexidade
que esse tema tem, além de colocar a lou-cura dentro dessa mo-vimentação rizomáti-ca que é a sociedade
humana.”
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de, O nascimento da Clínica, Doença men-
tal e Psicologia, etc., compõem a comple-
xidade que esse tema tem, além de colo-
car a loucura dentro dessa movimenta-
ção rizomática que é a sociedade huma-
na.
Ricardo Amaral: Sabemos que os es-
paços de tratamento para o sujeito em
sofrimento mental eram os hospitais
psiquiátricos. Hoje em dia, temos ou-
tros espaços que são os Centros de
Atenção Psicossocial. Quais foram as
condições de possibilidades para que
houvesse essa mudança?
Monique Brito: Luta. Recentemente em
uma mesa de debate nas comemorações
da luta antimanicomial tive o desprazer
de ouvir uma docente de uma universida-
de federal e um profissional da saúde
mental afirmarem (na verdade, um afir-
mar e o outro fazer questão de concor-
dar) que a reforma psiquiátrica teria
acontecido naturalmente sem a luta anti-
manicomial, o que é um absurdo sem
tamanho. Não sei se é desconhecimento
ou conhecimento perverso, mas é uma
injustiça sem tamanho com as pessoas –
profissionais, usuários, familiares, etc. –
que lutaram bastante para que mudanças
acontecessem. Lógico que é um conjunto
de fatores, inclusive vontade e abertura
política. Também tem a insustentabilidade
do modelo hospitalocêntrico diante de
discussões em outros campos como o dos
direitos humanos, por exemplo, e não só no
campo específico da saúde mental. Infeliz-
mente não acompanhei todo esse processo
da luta antimanicomial, até porque eu esta-
va nascendo ainda, mas espero acompa-
nhar até o fim da minha vida, para que
nunca seja capaz de emitir uma opinião
descontextualizada, que deslegitime lutas
políticas tão fortes quanto essa. Outro
aspecto importante tem sido a ocupação
dos espaços de gestão, como a Coordena-
ção Nacional de Saúde Mental, por militan-
tes da reforma, que atualmente tem na
pasta Roberto Tykanori, um militante e
estudioso do campo da saúde mental.
Ricardo Amaral: Historicamente, o ele-
trochoque foi a forma de tratamento
mais conhecida e difundida no meio
social, apesar de já ter mudado subs-
tancialmente o entendimento sobre o
tratamento em saúde mental. Gostaria
que você falasse sobre a relação do
eletrochoque com o corpo. Qual a lei-
tura que se faz do corpo de um indiví-
duo submetido a esse tipo de trata-
mento por longos anos?
Monique Brito: Bom, o eletrochoque, hoje
conhecido como ECT
(eletroconvulsoterapia) e ainda praticado,
por mais absurdo que pareça, é apenas
mais uma das formas de contenção física
oferecida ao “corpo louco” na tentativa de
tentar domesticá-lo, docilizá-lo. Não con-
sigo enxergá-lo senão como punição, es-
pecialmente antigamente, quando era
praticado sem qualquer tipo de anestesia.
Mas existem outras formas de fazer essa
contenção, como as amarras literais, a
contenção química, por exemplo, que tam-
bém encarcera esses corpos. Muito do
que vemos ao olhar para um sujeito em
sofrimento psíquico pode ser mais prove-
niente de efeitos colaterais das drogas
utilizadas em seu tratamento do que do
próprio adoecimento psíquico. Não é por
“Não sei se é desco-
nhecimento ou conhe-cimento perverso, mas é uma injustiça sem ta-manho com as pessoas – profissionais, usuá-rios, familiares, etc. – que lutaram bastante
para que mudanças
acontecessem.” “Muito do que vemos
ao olhar para um su-jeito em sofrimento
psíquico pode ser mais proveniente de efeitos colaterais das drogas utilizadas em seu tra-
tamento do que do próprio adoecimento
psíquico.”
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acaso que muitos se negam a usar os
medicamentos. Ficar dopado, babando,
sem conseguir elaborar pensamentos
mais complexos, ter sua libido bastante
afetada, esses são alguns dos efeitos.
Não sou, de forma alguma, contra a tera-
peuta medicamentosa, mas sou sim con-
tra a forma como ela ainda é utilizada por
muitos profissionais, isolada e exagera-
damente.
Ricardo Amaral: Atualmente, a atenção
psicossocial traz outro olhar sobre a
loucura. A subjetividade do sujeito e
suas relações sociais são a base para o
entendimento do que é saúde mental.
Qual a importância desse outro olhar
para o sujeito da loucura?
Monique Brito: Em primeiro lugar, o deslo-
camento da noção de doença, de uma dis-
função orgânica, de uma pessoa sem dese-
jo, de um mero corpo físico a ser tratado e
colocado “de volta no lugar”. Quando a
subjetividade do sujeito louco passa a ter
importância nas “decisões terapêuticas”,
ele deixa de ser apenas um corpo sobre o
qual vamos intervir. Gosto de pensar no
corpo subjetivo, até para não pularmos
direto para o ponto oposto de uma lógica
binária. Não existe subjetividade que não
seja construída no e pelo corpo, assim
como não existe corpo que não traga as
marcas da subjetividade. Nós não temos
um corpo, mas somos um corpo em toda
sua complexidade, que traz em si as mar-
cas da nossa existência: nossa relação
com o mundo é inevitavelmente atraves-
sada pela nossa vivência corporal, desde
aspectos simples, como de que altura eu
olho o mundo, até a forma como meu cor-
po é recebido pelas outras pessoas, de
que forma ele é aceito por mim e pelos
outros, como ele é modificado. Não é dife-
rente para os sujeitos que experimentam
a loucura. A relação corporal não é mera-
mente física, mas subjetiva. Então, na
minha opinião, enxergar a subjetividade
no ato do cuidado é enxergar uma subjeti-
vidade corporificada também.
MONIQUE BRITO : Mestre em Saúde Coletiva (2012) e Sanitarista Especialista em Saúde Mental
(2009) pelo Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, graduada em Psicologia pela UFRN (2007).
Coordenadora de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do município de Vitória da Conquista /
BA. Docente e pesquisadora da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) em Vitória da Con-
quista/BA. Currículo Lattes: Clique Aqui!
RICARDO AMARAL : Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Soci-
edade/UESB. É integrante do Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo Labedisco/UESB
sob a orientação do Prof. Dr. Nilton Milanez e editor do periódico eletrônico "O Corpo é Discur-
so" (ISSN: 2236-8221). Especialista em Saúde Mental Coletiva pela Faculdade Ruy Barbosa
(2012) e graduado em Psicologia (2009) pela mesma Instituição. Currículo Lattes: Clique Aqui!
“A relação corporal
não é meramente físi-ca, mas subjetiva. En-
tão, na minha opinião, enxergar a subjetivi-
dade no ato do cuida-do é enxergar uma
subjetividade corpori-
ficada também.”
objetos sobre o qual eles e sociedade
trabalham por meio de práticas corpo-
rais, seja comendo, dormindo, asseando-
se ou exercitando-se. Connell (1995)
ainda afirma que há políticas de gênero
condutoras de relações de aliança e de
dominação e subordinação entre diver-
sas masculinidades. Portanto, a hege-
monia de um padrão de masculinidade
não significa controle sobre outras pos-
sibilidades.
Vale considerar que todo esse campo de
normatização é efetivado pelo discurso¹ e
tem como objetivo controlar a sexualidade
e o gênero² para tornar os corpos dóceis.
No entanto, como mecanismo, age a partir
de agenciamentos com outros dispositivos,
normatizando o que deve ou não ser dito e
feito a partir de técnicas de controle sutis.
São olhares vigilantes que compactuam na
aparência com as normas e valores con-
siderados ilícitos, criando ambiente ambí-
guo e favorável para que o desvio se pro-
duza, seja produzido e aconteça.
Nota-se que no campo citado há
um condescender na aparência e que
faz parte de um jogo perverso. Obser-
va-se a existência de ambientes de
permissividades que estimula a vivência
e a manifestação da sexualidade. E, ao
fazer isso, possibilita que o controle e a
docilização atuem de maneira muito
mais eficiente e completa, já que eles
passam a agir a partir do desejo, po-
dendo assim ser identificado em dife-
rentes instâncias sociais como escola e
família, dentre outros.
Com isso, podemos perceber
que a dominação pouco a pouco vai
atuando no sentido de tornar o corpo
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No campo das questões da
construção da adolescência masculina,
referenciado nas discussões de Santos
(2015) e Santos e Dinis (2013), observa
-se que os embates estão centrados no
ser para os outros e, ao mesmo tempo,
o tentar negar-se. Seria um tipo de
fortalecer-se por meio da identidade
heterossexual e o corpo trabalhado
para a expressão de uma heterossexu-
alidade masculinizada, normativa e tida
como padrão aceitável. Seriam, talvez,
mecanismos de fuga em meio ao pro-
cesso de normatização imposta pela
norma e disciplina ao corpo.
Em relação aos mecanismos de
disciplina do corpo para Foucault
(2007), os corpos dos homens são
como corolário da produção de verda-
de dentro dos discursos, tornando-se
¹Em Foucault (1999), o olhar para o discurso seria o observar dos saberes de certo contexto e análise do mesmo em suas contradições. Portanto, o discurso nada mais é do que a reverberação de uma verdade nascendo diante de seus próprios olhos (FOUCAULT, 2011a). O discurso possibilita a formação do objeto e a produção de subjetivi-
dade. Os objetos do discurso encontram na história seu lugar e sua lei de emergência, permitindo que esses objetos estejam em constante formação e transformação,
tornando-se marcados por descontinuidades, devido às historicidades que ostentam. Então, relações discursivas não caracterizam a língua, nem circunstâncias do
discurso, mas o próprio discurso enquanto prática. Quanto à prática discursiva, é um conjunto de regras que definem sua especificidade. Assim, pressupõe-se que a
masculinidade de adolescentes é construída por discursos historicamente produzidos e modificados.
²Sobre gênero, para Scott (1995) trata-se de categoria socialmente imposta sobre um corpo sexuado, mas que, devido à proliferação de estudos sobre sexo e sexualida-
de, o termo tornou-se palavra particularmente útil, por oferecer meios de diferenciar práticas de papéis sexuais atribuídos a cada um/a. Weeks (1986, p. 45) fortalece esse conceito afirmando que O gênero (a condição social pela qual somos identificados como homem ou como mulher) e a sexualidade, (a forma cultural pela qual vive-
mos nossos desejos e prazeres corporais) tornaram-se duas coisas inexplicavelmente vinculadas. O resultado disso é que o ato de cruzar a fronteira do comportamento
masculino ou feminino apropriado (isto é, aquilo que é culturalmente definido como apropriado) parece algumas vezes, a suprema transgressão.
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cada vez mais dócil, adequado a uma
sexualidade e gênero estabelecidos
pela norma e, por consequência, bus-
ca-se alcançar uma sexualidade mani-
pulável e desvinculada de suas dimen-
sões culturais, sociais e subjetivas,
perdendo com isso a sua força de se-
xualidade, como dimensão afetiva e
interativa, não sendo muito diferente
nas questões de gênero. Ainda, articu-
lada a esse processo, a incitação à
sexualidade e suas múltiplas possibili-
dades de expressão, constituíram uma
das operações mais ativamente envol-
vidas na produção das subjetividades,
sendo um modo de produção que in-
veste no dizer sem desvelar.
Mas, não podemos aceitar que
o estabelecido e que nos é apresenta-
do sempre foi assim ou está deste
modo desde sempre, pois, trata-se de
um discurso que foi remodelado histo-
ricamente e ajustado para atender as
demandas de cada tempo. Especifica-
mente sobre a adolescência masculina,
o discurso inicialmente foi estabelecido
a partir das transformações ocorridas
nas relações de poder europeias em
fins do século XVIII e início do século
XIX. Para Foucault (1982), o investi-
mento era nos corpos e no disciplina-
mento para torná-los dóceis, fazendo
surgir sociedades disciplinares, na pos-
sibilidade de continuidade e manutenção
do modelo ideal de homem. A novidade
foi o investimento indiscriminado nos
corpos, não distinguindo grupo social ou
econômico. Foucault (2007) sinaliza
ainda que, para tal objetivo, o controle
do sexo foi fundamental nas políticas de
higienização, pois viabilizaria o controlar
das populações e isso envolvia cresci-
mento, declínio, matrimônios e etc.
O que se pode observar, a partir
daí, é o surgimento de organizações
voltadas para cuidar da recém-
descoberta adolescência, instituições
centradas no investimento para o forta-
lecimento corporal e moral dos jovens.
Os estudos de Soares (1994) e Pinheiro
(2006) sinalizam que foi no início do
século XX, na Europa, que surgiram tais
organizações juvenis de tradição medi-
eval extinta. Elas inspiraram constru-
ções da imagem da adolescência insti-
tucionalizada nas escolas e em organi-
zações extracurriculares da Alemanha.
Nas vésperas da eclosão da Primeira
Guerra Mundial, na Alemanha, já existia
uma juventude seduzida pelo naciona-
lismo, por segmentos conservadores da
sociedade, em que a obsessão era pela
prática de esportes para produção de
um corpo saudável e que refletisse uma
mente sã. Dando um salto na historia e
buscando referências mais recentes,
observa-se a adolescência vem sendo
considerada como momento crucial do
desenvolvimento do indivíduo, aquele
que marca não só a aquisição da ima-
gem corporal definitiva como também a
estruturação final da personalidade. O
reforço e busca é que,
O adolescente não pode ser estudado
apenas sob a ótica de suas modifica-
ções corporais, pois se é verdade que
nelas se radicam as angústias básicas
da puberdade, não é menos certo,
contudo, que sem o adequado entendi-
mento da crise dos valores por que
passa o jovem jamais lograremos
compreender o real significado da
transformação da criança em adulto
(OSORIO, p. 10. 1989).
Neste mesmo caminho de raci-
³ Sobre subjetivação, trata-se de reforços nas constituições de sujeitos e mecanismos de poder e de vontade de verdade que atravessa cada um/a. É a ética enquanto constituição de si, como sujeito para si mesmo e de seus próprios atos. Ética que passa por tal vontade de verdade. Seria saber de si para si em uma procura de verda-
des centralizadas. O autor ainda possibilita afirmar que a subjetivação refere-se ao processo constitutivo de cada um/a e como mecanismo possibilita objetivação. A seu
turno, a objetivação seria então, o conceito, o preconceito, aquilo que é descritivo de alguém, a partir do referencial dado por quem vê e observa.
“Especificamente so-
bre a adolescência masculina, o discurso inicialmente foi esta-belecido a partir das
transformações ocorri-das nas relações de poder europeias em fins do século XVIII e
início do século XIX.”
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ocínio, entre autores/as como: Hercu-
lano-Houzel (2005), Becker (2003),
Aberastury e Knobel (1981), dentre
outros, o discurso é que, somente
quando a maturidade biológica é acom-
panhada de amadurecimento afetivo e
intelectual, torna possível entrar no
universo adulto. Assim, fica facil identi-
ficar nas literaturas afirmações como,
As mudanças psicológicas que se
produzem neste período, e que é a
correlação de mudanças corporais,
levam a uma nova relação com os
pais e com o mundo. Isto só é possí-
vel quando se elabora, lenta e doloro-
samente, o luto pelo corpo de crian-
ça, pela identidade infantil e pela
relação com os pais da infância.
Quando o adolescente se inclui no
mundo com este corpo já maduro, a
imagem que tem do seu corpo mudou
também sua identidade, e precisa
então adquirir uma ideologia que lhe
permita sua adaptação ao mundo
e/ou sua ação sobre ele para mudá-
lo. [...] mover-se-á entre o impulso
ao desprendimento e a defesa que
impõe o temor à perda do conhecido
é um período de contradições, confu-
so, ambivalente, doloroso, caracteri-
zado por fricções com o meio famili-
ar e social. (ABERASTURY e KNOBEL,
1981, p. 13).
As descrições citadas mostram
que procedem dos anos de 1980 os
discursos marcados pelo modelo de
busca da felicidade que chegou até
nós. Vivo nos manuais psicopedagógi-
cos dos anos de 1960, ele reapareceu
forçando transformação na rigidez dos
dispositivos educacionais e familiares,
inspirado na percepção higienista.
Nesse caminho, para Foucault (2011b;
2010; 2007), é preciso compreender as
correspondências entre as práticas
desde a antiguidade e certos processos
de subjetivação³ contemporâneos. Tra-
ta-se de um trabalho da crítica sobre si
mesmo, sobre os outros e sobre o pró-
prio presente. Nesse contexto, o autor
reflete sobre uma questão que se mos-
tra fundamental para a discussão aqui
apresentada. Para o autor, os gregos
entenderam o ethos como uma maneira
de ser e de conduzir-se por meio de
práticas refletidas de liberdade, sob o
influxo de uma questão permanente e
não sobre uma sociedade de controle,
disciplinamento e docilização dos corpos
como a que vivemos no nosso tempo.
O autor pressupõe que é possí-
vel estabelecer uma ponte histórica
entre as experiências ético-políticas da
antiguidade e a exigência moderna de
uma crítica do presente que se faz e se
refaz ao longo do viver. Nisso, fica en-
tendido o interesse do autor pelo tema.
Isso se deve ao fato de o modelo da
moral cristã, uma moral de obediência
a um código de regras, iniciar o come-
ço de um desaparecimento. Para enen-
der considerações de Foucault (2004) é
importante reforçar que ele recorre a
textos gregos não de forma historio-
gráfica comum, seu interesse é de tra-
çar uma genealogia capaz de servir na
elaboração de uma ética contemporâ-
nea.
Em seus estudos, Foucault
(2004b) encontrou outra forma de sub-
jetivação na cultura de si grega, a qual
não se tratava de uma moral da lei e do
preceito geral, mas uma ética da plura-
lidade de normas, de escolha e de mo-
dos de vida. Suas análises histórico-
genealógicas chegaram a um questio-
namento extremo do estatuto filosófico
da subjetividade. Sua preocupação es-
tava centrada no sujeito. Essas afirma-
ções nos permitem perceber que houve
mudanças radicais nos discursos, che-
gando aos conhecidos e disseminados
mecanismos de docilização de corpos,
de imposição de normas de sexualidade
e de gênero de nosso tempo. Mas preci-
samos reforçar que estas são questões
de difícil ou impossível ajuste. Nesse
sentido, Butler (2003) nos esclarece
que,
“[...] dentre outros, o
discurso é que, somen-te quando a maturida-de biológica é acom-
panhada de amadure-cimento afetivo e inte-lectual, torna possível
entrar no universo
adulto.”
Página 12 O Corpo
tornar-se homem se dá por meio
dos projetos de gênero masculino com os
quais se envolve e pelo pertencimento a
determinados grupos nos quais há regras
e maneiras complexas para construírem-
se e se fazerem pertencer ao modelo de
masculinidade hegemônica existente. Por
meio de discursos ocorre a sedimenta-
ção e fixação de corpos na identidade mas-
culina, em razão de relações de saber e
poder estabelecidas (FOUCAULT, 2007).
Sobre relações de poder, como
integrante do cotidiano entre pessoas, é
Foucault (2003) quem descreve a forma
nas quais as relações fazem com que, no
corpo, ocorram materializações por ele-
mentos que chegam até ele. Para Fernan-
des (2012), trata-se de corpo diretamente
mergulhado num campo político nos quais,
relações de poder têm alcance imediato
sobre ele. Elas investem, marcam o corpo,
o dirigem e obrigam-no a cerimônia. Trata-
se de um movimento para enquadrá-lo e
docilizá-lo. Mas, afinal, o que seria então
um corpo dócil? Para Foucault, (1979, p.
75), é dócil um corpo que pode ser subme-
tido, que pode ser utilizado, que poder ser
transformado e aperfeiçoado.
Assim, no adestramento de cor-
pos é imprescindível saber quais recursos
são fundamentais para que aconteça seu
funcionamento e propicie resultados para
quem usa de tais recursos de dominação.
Vem do poder disciplinar o objetivo de
adestrar multidões confusas e inúteis de
corpos. Segundo Foucault (1982), é desse
ponto em diante que ocorrem produções
de indivíduos obedientes. São tipos de dis-
ciplina e poder que tornam os indivíduos
simples objetos e instrumentos do seu
próprio exercício. O poder disciplinar des-
taca-se por ser invisível, vigiar sem ser
visto e ser expresso no controle sobre
corpos, mantendo assim, o indivíduo disci-
plinado. Além disso, o exame faz com que
individualidades do corpo faça parte da
composição de documentação administra-
tiva, devido tudo ser anotado. Nisso per-
cebe-se edificações de saberes.
Foucault (1982) salienta que tal
vigilância e produção de saberes foram
fundamentais para se controlar alu-
nos/as, presos/as, loucos/as e operá-
rios/as. Então, não se pode dizer que é a
vigilância física que marca o corpo, embo-
ra cause outras violências. Refimo-nos
aqui aos que temem ser punidos ou exclu-
ídos e, por isso, autovigiam-se constante-
mente. Mas, medo de quê? De acordo com
Michael Warner (1991), seriam os denomi-
nados de fora da norma, de subalternos,
clandestinos, ilegais ou anormais. Miskolci
(2009) refere-se aos que estão na mar-
gem e, por isso, são excluídos. Desse mo-
“Mas, afinal, o
que seria então um corpo dócil? Para Fou-cault, (1979, p. 75), é
dócil um corpo que po-de ser submetido, que
pode ser utilizado, que poder ser trans-
formado e aperfeiçoa-
do.“
Página 13 O Corpo
do, a vida, os direitos sobre ela, o corpo e
a felicidade têm sido foco de lutas políti-
cas e resistências. Nesse campo,
O que é reivindicado e serve de objeti-
vo é a vida, entendida como as neces-
sidades fundamentais, a essência
concreta do homem, a realização de
suas virtualidades, a plenitude do
possível. Pouco importa que se trate
ou não de utopia: temos aí um proces-
so bem real de luta; a vida como obje-
to político foi de algum modo tomada
ao pé da letra e voltada para o siste-
ma que tentava controlá-la.
(FOUCAULT, 2007, p. 158).
Portanto, na atualidade, há uma
transição no modo de organização do
poder social. O controle se espalhou por
todo o tecido social e não age mais como
molde, semelhante ao que ocorria nas
sociedades disciplinares. Ele tem atuado
nas modulações flexíveis e constante-
mente aperfeiçoáveis. Assim, é sob um
biopoder que a sexualidade e o gênero de
adolescentes masculinos têm sido forja-
dos na busca por ajustes e atendimento
aos padrões normativos estabelecidos.
Trata-se de ações sobre o corpo, desde
muito cedo, visando à docilização e à
padronização heteronormativa. Uma po-
tencialidade de biopoder que enraizada,
toma forma e conotação naturalizada.
Considerações:
Em um mundo em que o discur-
so científico é tido como verdade, para o
adolescente o mesmo é cheio de vontade
de verdade e exerce papel subjetivador e
docilizador. Desse modo, entendemos que
o poder gere a vida e a sexualidade e o
gênero de tais sujeitos e se tornaram seu
alvo e resultado. Então, se o corpo é local
envolvido no estabelecimento das frontei-
ras que definem quem cada um(a) é, ser-
vindo de fundamento para a identidade,
inclusive para a sexual e de gênero, está
aí a importância dessa discussão. É atra-
vés do corpo que o adolescente tem bus-
cado reforçar suas identidades masculi-
nas fazendo exercícios físicos que res-
saltem seus músculos, masculinidade e
virilidade. Mas, mesmo assim, é preciso
entender que existem múltiplas masculi-
nidades.
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cia normal. Porto Alegre: Artes Médicas.
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SOARES, C. L. Educação física: Raízes
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Associados, 1994.
WARNER, M. Fear of a queer planet: Queer Politics and Social Theory. London:
University of Minnesota Press. 1991.
Página 14 O Corpo
Acesse a Conferência ministrada pelo Prof. Msndo. Tyrone Chaves
(Labedisco/PPGMLS) durante o 4° encontro do curso "O Lampejo do Sentido: Ar-
queologia e Corpo em Michel Foucault". Clicando sobre a imagem a baixo:
Acesse o vídeo “Divas da Linguagem: Leis de organização para o campo do discurso
visual.” - Prof. Dr. Nilton Milanez . Clicando sobre a imagem a baixo:
tempo. Nas próprias observações de Mar-
cel Mauss a respeito das técnicas corpo-
rais, o autor salienta que a sociedade se
insere na existência do corpo, seja no ato
de dormir, comer ou se mover. Já dizia ele:
“Os casos de adaptação são de natureza
psicológica individual. Mas geralmente são
comandados pela educação, e no mínimo
pelas circunstâncias da vida em comum,
do convívio”.
As marcas corporais também
vêm ganhando ênfase nos estudos socioló-
gicos, principalmente as tatuagens que
são, nos dias atuais, emblemas de corpos
socialmente moldados na contemporanei-
dade, onde a exposição de um corpo dese-
jado é fundamental para a oferta da mídia,
onde esta por sua vez aproveita dos pa-
drões de beleza construído por ela própria
para produzir sua logística de mercado.
Entretanto, essas marcas vão
além da simples oferta de exposição ao
público, elas se configuram, muitas vezes,
como exposição de idéias, um verdadeiro
discurso do corpo. E tendo em mente a
ideia de LACAN (2005, p. 53), onde mostra
que “cada realidade se funda e se define
por um discurso.”
O Discurso de Pertencimento
Em conexão com o corpo, David
Le Breton (1993), exemplifica a tatuagem
como inscrições corporais, ou seja, em-
blema do coletivo sendo carregado no
corpo com função própria: “Instrumentos
de sedução, elas são ainda com maior
freqüência um modo ritual de afiliação ou
de separação.” (pp. 59-60). Em minha
pesquisa, particularmente, houve diálogos
de subjetividade e essa afirmada afiliação
entre os sujeitos entrevistados.
Eric de Carvalho (2009), estudi-
oso no assunto de marcas corporais, ao
dialogar sobre seus estudos com tatuados
as teorias de Bauman, salienta sobre as
relações sociais que alguns grupos de
pessoas associadas a determinadas cren-
Página 15 O Corpo
O assunto sobre o corpo tem
chamado atenção de muitos estudiosos
da vertente social e antropológica, como
David Le Breton (1953), por exemplo, que
mostra que este tema “está sob a luz dos
holofotes”. O texto que aqui se mostra é
um breve resumo do resultado de parte
de minha pesquisa monográfica para
obtenção de título de licenciatura e ba-
charelado em Ciências Sociais. Para este
propósito elencarei os principais pontos
de minha pesquisa monográfica, elevando
-os a categoria de discursos.
Para Michael Foucault, um dos
estudiosos do discurso, afirma que este
vai além da linguagem. Em suas concep-
ções filosóficas esse discurso se mani-
festa, não somente numa fala de determi-
nado saber, mas em signos e contextos
históricos. “Certamente os discursos são
feitos de signos; mas o que fazem é mais
que utilizar esses signos para designar
coisas. “É esse ‘mais’ que os torna irre-
dutíveis à língua e o ato de quem fa-
la” (FOUCAULT, 1960, p. 56).
A configuração social do corpo
é notável em vários lugares, gêneros e
“[...] essas mar-
cas vão além da sim-ples oferta de exposi-ção ao público, elas se
configuram, muitas vezes, como exposição
de idéias, um verda-deiro discurso do cor-
po. “
Página 16 O Corpo
ças e valores, atribuem relações de soli-
dariedade e afinidade e juntamente com
essas relações está vinculada, muitas
vezes, os “signos” que demarcam uma
espécie de totem e clã:
O indivíduo que se afirma em um des-
ses grupos deseja ser reconhecido
como pertencente a ele, por isso as
tribos urbanas elegem seus signos de
pertencimento e suas práticas rituais
e, quando possível, os fazem conheci-
dos do senso comum. (CARVALHO,
2009 p. 08).
Discurso da mídia
O discurso da mídia sobre o
corpo também está sendo explorado a um
bom tempo, tempo suficiente para saber-
mos como os bombardeios de propagan-
das hedonistas influenciam a mente dos
indivíduos. Sendo o corpo um dos princi-
pais alvos dos discursos midiáticos, ele
sofre diferentes formas de aprovação ou
reprovação. Até mesmo em quesitos de
saúde a mídia pode converter a medicina
em técnica para “melhoramento” do cor-
po, ou seja, não mais as patologias devem
ser tratadas, mas o corpo também.
A própria tatuagem se manifes-
ta como complemento decorativo em que
cabe um discurso positivo atribuído ao
resultado de se ter um bom corpo, como
abordam Sabino e Luiz (2006). “Ela se
apresenta como adorno e acabamento
distintivo daqueles que buscam, no culti-
vo do corpo, dos músculos e da ausência
de adiposidade, o sinal de destaque e
superioridade”. (p.5).
Os produtos midiáticos fazem
parte do nosso dia a dia sob várias for-
mas, pode ser em linguagem, com frases
e expressões vigentes na moda em de-
terminada época, em forma de imagem e
até comportamento, sendo de fácil visibi-
lidade os trajes e trejeitos de muitos
jovens que acompanham o que se passa
na televisão. Abordando mais um aspecto
da mídia, tatuagem e corpo, minha pes-
quisa evidenciou o uso de produtos midi-
áticos como marca corporal de pessoas
tatuadas.
Em determinado tópico da pesquisa abor-
do um pouco sobre o trabalho dos tatua-
dores e a escolha que os clientes fazem
das imagens a serem impressas no cor-
po. No caso lá descrito, eu apresento a
imagem de um desenho famoso tatuado
no corpo de uma mulher, evidenciando
que a mídia e seu produto foram regis-
trados como propaganda em um suporte
que está cada vez mais em evidencia por
todo o lugar que passa e este suporte é o
corpo. Ao tomar conhecimento de pesqui-
sas como a do próprio Eric de Carvalho, e
confirmando sua tese em minha experi-
ência, percebi que a tatuagem, ou qual-
quer marca corporal não se apresenta
como discurso ao corpo e pelo corpo,
mas ambos elaboram a retórica, ou seja,
transformam suas existências em diálo-
go:
Muitos tatuam objetos midiáticos
como forma de propagar seu próprio
corpo, ou seja, se estiver usando uma
imagem da moda, meu corpo ficará em
destaque. Em contrapartida, outros
utilizam o corpo como forma de imor-
talizar a tatuagem da época. (ROQUE,
2014 p. 20)
Então, se olharmos para essa
lógica, o corpo é para quem? Se na exi-
gência da mídia todos devem possuir
corpos alinhados, então neste caso a
tatuagem serve para obedecer a duas
regras: A um emblema reforçado de um
corpo bem cuidado, como dito anterior-
mente, e também para destacar o que
hoje é obrigatoriamente exigido que se
iguale perante o quesito beleza, sucesso
e poder. Sendo assim, podemos pensar
que, por motivos orientados pela própria
corporeidade no meio social, todos nós
precisamos deixar impressões e prefe-
rencialmente as positivas ou destacastes.
Discurso do Imaginário
Minha intenção, no início deste
artigo, era apenas dividir um pouco do
Página 17 O Corpo
conhecimento que adquiri durante os
períodos de academia e conseqüente-
mente em meu trabalho de conclusão de
curso. Para isso evidenciei no início deste
trabalho que elencaria apenas alguns
tópicos de minha pesquisa, salientando a
temática da tatuagem e do corpo. No
entanto, falar de tatuagem e corpo sem
expor o contexto do imaginário social,
penso eu, é basicamente deixar pontas
soltas. Minha pesquisa não transcorreu
apenas nas questões subjetivas, envol-
vendo a relação de tatuagem e corpo, ela
percorreu caminhos largos, pegando
pontos específicos envolvendo experiên-
cias com tatuados e agentes que vivem
da tatuagem.
Ao adentrar a pesquisa relatan-
do os tatuadores como produtores e
reprodutores de tatuagens, percebi que
tal hostilidade migrou. A posição negativa
agora não está mais em possuir tatua-
gens, mas em relação às circunstancias
em que elas são produzidas. Ao entrevis-
tar os tatuadores, observei que o que
permeava a consciência imaginária dos
que o rodeavam era a de que seu traba-
lho não se iguala a um trabalho hegemo-
nicamente instituído. Ora, se pensarmos
dessa forma, o que existia de aversivo
em possuir tatuagens se materializou no
cotidiano de seu produtor.
O imaginário social é um emara-
nhado de crenças e mitos que perpassam
as sociedades em seu cotidiano e mo-
mento histórico, pois se anteriormente o
imaginário social remetia ao simples uso
da tatuagem a algo repulsivo, isso mudou.
A pesquisa com os tatuadores, entretan-
to, mostrou que seu estilo de vida, traba-
lho, exagerado horas vagas, ganho razoá-
vel, incomodavam quem os rodeavam.
Bronislaw Baczko, estudioso do
Imaginário Social, mostrou que tais mitos
estão relacionados a questões políticas,
de jogos de poder. Esse teórico frisa que
“a esfera política se utiliza das represen-
tações coletivas, assim almejando se
legitimar no poder (BACZKO, 1984, p.
297).” Em meus resultados de pesquisa
isso se confirmou, pois esse imaginário
permitia uma batalha simbólica entre o
reconhecimento e valor do trabalho de
um tatuador perante outros modelos de
trabalhadores.
Pierre Bourdieu antecipou esta
questão hegemônica ao tratar da luta dos
artesãos do século XV, em detrimento de
suas atividades. Assim, em minhas con-
clusões percebi que os tatuadores tam-
bém reivindicavam sua categoria de tra-
balho perante a hegemonia do imaginário
social das pessoas que tinham as ativida-
des destes como inconvencionais e des-
prestigiada. E essas reivindicações se
convertiam na necessidade de boa quali-
ficação para tatuar, ambiente bem prepa-
rado e total atenção, respeito e profissio-
nalismo prestado a cada corpo exposto
em suas “salas de trabalho.”
Considerações
Compreender o corpo, a corpo-
reidade, a performance, tudo que envolve
processos corporais aos olhos das Ciên-
cias Sociais é um despertar de uma visão
inovadora e contribuinte para este tipo
de ciência. O corpo que antes era apenas
objeto de estudo biológico, clínico e físico
ganhou espaço diante de estudiosos apai-
xonados pelo tema em meio a controver-
sas sociais. Mover, andar, sentar, com-
portar-se é mais do que movimento físi-
co, é um leque de simbologia social e
cultural e a ciência ligth está cada vez
mais desmistificando e surpreendendo o
mundo com algo que faz parte de cada
ser humano ou cada ser humano faz par-
te dele.
Página 18 O Corpo
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73312006000200007&script=sciarttext. Acesso em: 2014.
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25, 26 e 27 de Novembro acontecerá o II Colóquio
Internacional Mídia e Discurso na Amazônia que
tem como tema: cidade, memória e mediação em
Belém na UFPA.
Leitura do Livro “Espaços, corpos e subjetividades insólitas e horríficas na literatura e no cinema”,
Organizado por Nilton Milanez, Cecília Barros-Cairo e Marisa Martins Gama-Khalil
Leitura do livro “M. Foucault e os domínios da linguagem: Discurso, poder, subjetividade ”,
Organizado por Vanice Sargentini e Pedro Navarro-Barbosa
Dica de O Corpo
Este livro eletrônico curtocircuita a composição de uma rede de
corpos e espaços fantásticos no quadro de objetos de imagens
em movimento, na sua maior parte, e na literatura, com um estu-
do específico. A tessitura dessa trama de estudos é o resultado
do Simpósio Espaços, corpos e subjetividades insólitas e horrífi-
cas na literatura e no cinema, realizada durante o II Congresso
Internacional Vertentes do Insólito Ficcional, realizado durante os
dias 28 a 30 de abril de 2014, na Universidade Estadual do Rio de
Janeiro, em meio aos guindastes, ao concreto e à força humana
que modificava a paisagem do Maracanã para a Copa do Mundo.
Acesse o livro clicando sobre a imagem ao lado.
O livro Michel Foucault e os Domínios da Linguagem – Discurso, poder, sub-
jetividade, organizado pelos professores Vanice Sargentini (UFSCAR) e
Pedro Navarro-Barbosa (UEM), reúne um importantíssimo conjunto de
estudos em Análise do Discurso centrados em uma perspectiva foucaultia-
na. Os estudos discursivos nessa vertente teórica tiveram um marco na
França, em decorrência de certo diálogo teórico de Pêcheux com Foucault,
quando da proposição da chamada terceira época da AD. Em um de seus
últimos textos, Pêcheux (1984) explicitou que a AD compartilhava com a
perspectiva arqueológica foucaultiana a preocupação de considerar as
condições históricas de existência dos discursos em sua heterogeneidade.
Entretanto, esse apontamento teve, em sua época, um caráter embrionário
do que consiste atualmente nos estudos em AD foucaultianos, cujas aborda-
gens, centradas nas teorias de Michel Foucault, contemplam, além da pers-
pectiva arqueológica, as reflexões em torno da genealogia e da estética da
existência / técnicas/cuidado de si.
Resumo retirado do texto INCURSÕES FOUCAULTIANAS NOS DOMÍNIOS LIN-
GÜÍSTICO-DISCURSIVOS – RESENHA DE “MICHEL FOUCAULT E OS DOMÍNIOS
DA LINGUAGEM – DISCURSO PODER, SUBJETIVIDADE”, por Cleudemar Alves
Fernandes.
O corpo é discurso
Conselho Editorial Internacional
Beatriz de Las Heras (Universidad Carlos III de Madrid)
Jean-Jacques Courtine (University of Auckland)
Martha Guadalupe Loza Vazquez (Universidad Autônoma de Guadalajara)
Philippe Dubois (Sorbonne Nouvelle – Paris 3)
Conselho Editorial Nacional
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Anderson de Carvalho Pereira (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)
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Vanice Maria Oliveira Sargentini (Universidade Federal de São Carlos)
Página 20 O Corpo
O Corpo é Discurso
é o primeiro jornal
eletrônico de
popularização
científica da Bahia.
Colaboradores
Popularização da Ciência
A pesquisa científica gera conhecimentos, tecnologias e inovações que benefi-
ciam toda a sociedade. No entanto, muitas pessoas não conseguem compreender a
linguagem utilizada pelos pesquisadores. Neste contexto, a grande mídia e as novas
tecnologias de comunicação cumprem o papel de facilitadores do acesso ao conhe-
cimento científico. Para contribuir com esse processo, em sintonia com o espírito
que anima o Comitê de Assessoramento de Divulgação Científica do CNPq, criamos
esta seção no portal do CNPq. Seja bem-vindo ao nosso espaço de popularização da
ciência e aproveite para conhecer as pesquisas dos cientistas brasileiros e os bene-
fícios provenientes do desenvolvimento científico-tecnológico.