o corpo e a morte social

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS Curso de Engenharia de Produção O CORPO INDIVIDUAL E A MORTE SOCIAL Alexandre Reis Eleonar Ferreira Josiane Sidô Laís Fagundes Mariana Castro Mariana Marley Tássia Oliveira Belo Horizonte 24 de Setembro de 2010

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Page 1: O Corpo e a Morte Social

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS

GERAIS

Curso de Engenharia de Produção

O CORPO INDIVIDUAL E A MORTE SOCIAL

Alexandre Reis

Eleonar Ferreira

Josiane Sidô

Laís Fagundes

Mariana Castro

Mariana Marley

Tássia Oliveira

Belo Horizonte

24 de Setembro de 2010

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Alexandre Reis

Eleonar Ferreira

Josiane Sidô

Laís Fagundes

Mariana Castro

Mariana Marley

Tássia Oliveira

O CORPO INDIVIDUAL E A MORTE SOCIAL

Trabalho apresentado ao curso de

Engenharia de Produção da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais à

disciplina de Cultura Religiosa II requisito

parcial para conclusão da mesma.

Professor orientador Josimar Azevedo.

Belo Horizonte

24 de Setembro de 2010

Page 3: O Corpo e a Morte Social

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 4

2. CORPO INDIVIDUAL ..................................................................................... 5

2.1 MORTE BIOLÓGICA ........................................................................................ 5

2.2 CORPOREIDADE .......................................................................................... 6

3. MORTE SOCIAL ............................................................................................ 7

4. CONCLUSÃO .............................................................................................. 11

5. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ 12

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho retoma as relações que os homens compartilham na

sociedade, entre elas a própria forma como percebem o tempo, permitem-lhes

atribuir significados específicos a várias dimensões de sua existência. Pretende-

se refletir sobre o sentido que a morte adquire para os indivíduos na sociedade

contemporânea.

Quando se fala de individualidade, está implícita, portanto, a possibilidade

de auto reflexão, de crítica, de liberdade. Como consequência, a realização

individual exige que cada pessoa deixe marcas de sua passagem, marcas estas

que caracterizarão a plenitude ou o vazio de uma existência em tempos

passados, “Corporeidade”.

Ao mesmo tempo, e em consequência, há cada vez maior insensibilidade

quanto à forma pela qual a vida é vivida e pela qual a morte se apresenta. Este é

o modo de ser dominante, ainda que permaneçam, em pontos isolados, rituais e

comportamentos que relembram velhos padrões de sociabilidade.

Na sociedade há contrastes gritantes entre as formas de viver a vida, que

se traduzem em diferenças significativas nas formas de entender a morte: por um

lado, há todo um aparato tecnológico que serve as instituições de saúde e seus

usuários; por outro, há a carência, a miséria absoluta, a ausência total de

serviços, de assistência.

O corpo é moldado pela cultura de cada indivíduo, bem como sua maneira

de ser e agir no seu meio.

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2. CORPO INDIVIDUAL

O corpo humano pode ser considerado diferentemente pelas pessoas: para

algumas o corpo é individual, adquirido no momento do nascimento; para outras o

corpo é social, reflete-se uma "imagem" de si mesmo, fornecendo às pessoas um

ponto de referência para perceber e interpretar as experiências físicas e

psicológicas. Envolve tanto corporeidade quanto as questões biológicas.

2.1 MORTE BIOLÓGICA

A morte biológica significa o fim do organismo humano, mas o ser social só

deixa de existir a partir do momento em que uma série de cerimônias de

despedida é realizada e a sociedade reafirma sua continuidade sem ele.

A morte biológica é considerada quando todos os sentidos de uma pessoa

param de funcionar, funções como: movimentos, nutrição, regulação, reatividade,

etc., e sinais de decomposição começam a surgir. Explicam-se a decomposição

pela perda das funções defensivas do organismo contra os seres vivos

“agressores” (sobretudo bactérias).

As pessoas em geral se vêem como possuindo um corpo, a velha crença

cartesiana da separação “mente” e corpo como se fossem dois seres distintos, se

insere em expressões como “meu corpo”, “eu tenho um corpo”. O homem se

relaciona com o corpo como se fosse algo distinto dele.

Por fim, quando a pessoa morre, a oxigenação pára de acontecer e o

organismo se desequilibra. Minerais como o sódio e o potássio, importantes para

o metabolismo, deixando de ser produzidos. Com isso, as células se

desarmonizam e passam a sugar o próprio corpo. Ao mesmo tempo bactérias

entram no processo de decomposição. As primeiras avançarem na carne são a

flora intestinal e da mucosa respiratória. Para continuarem vivas, essas bactérias

invadem os tecidos e os consomem. Depois, as bactérias do ambiente deixam o

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cadáver irreconhecível. O resto do corpo fica para insetos e até mesmo cães,

gatos e urubus. Um corpo sepultado leva de um a dois anos para se decompor

totalmente, mas esse tempo pode variar dependendo das condições do ambiente

e do cadáver, se o morto tomava antibiótico, por exemplo, o processo demora

mais. Depois no fim, sobram apenas ossos e dentes, que duram milhares de anos

a mais que os outros órgãos.

2.2 CORPOREIDADE

Corporeidade é a maneira pela qual o cérebro reconhece e utiliza o corpo

como instrumento relacional com o mundo. O corpo é movido por intenções

provenientes da mente. Estas se manifestam através do corpo, que interage com

o mundo, e este informa a mente através de seus órgãos sensoriais. Analisando

as respostas obtidas do ambiente, muda ou reafirma suas intenções, utilizando o

corpo para novas manifestações.

A esta capacidade de o indivíduo sentir e utilizar o corpo como ferramenta

de manifestação e interação com o mundo chamamos de corporeidade, que

evolui de acordo com a idade. A qualidade da corporeidade depende da qualidade

e desenvolvimento das relações neuronais estabelecidas entre as áreas

sensoriais e motoras do cérebro.

O vivenciar do mundo pelo corpo é um processo natural que, além de

seguir padrões normalmente comuns a todos os seres humanos, pode se

diferenciar em termos de qualidade e intensidade, dependendo do tipo de

atividades adotadas.

A corporeidade guarda três dimensões que mantêm uma relação

indissociável e complexa: Fisiológicos (físico), psicológicos (emocional afetiva) e

espirituais (mental-espiritual sendo o universo físico, o universo da vida e o

universo antropossocial).

Como podemos perceber com base em documentos, reportagens e

informações após a morte de um indivíduo o corpo morre e é enterrado, mas fica

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a corporeidade da dimensão psicológica. Após a morte esta dimensão deixa o

indivíduo vivo através de imagens, lembranças, histórias e sentimentos.

3. MORTE SOCIAL

A morte ou invisibilidade social é um conceito aplicado a seres socialmente

invisíveis, seja pela indiferença ou pelo preconceito. No livro “Homens invisíveis:

relatos de uma humilhação social”, o psicólogo Fernando Braga da Costa

conseguiu comprovar a existência da invisibilidade pública, por meio de uma

mudança de personalidade. Há vários fatores que podem contribuir para que essa

invisibilidade ocorra: sociais, culturais, econômicos e estéticos. De acordo com

psicólogo Samuel Gachet a invisibilidade pode levar a processos depressivos, de

abandono e de aceitação da condição de “ninguém”, mas também pode levar a

mobilização e organização da minoria discriminada.

3.1 INVISIBILIDADE SOCIAL E VIOLÊNCIA

Nas periferias das cidades nas quais a presença do Poder Público é fraca,

o crime consegue instalar-se mais facilmente. São os chamados espaços

segregados, áreas nas quais a infra-estrutura urbana de equipamentos e serviços

é precária ou insuficiente, e há baixa oferta de postos de trabalho.

Na sociedade, em que o consumo é endeusado, o crime é visto como

forma de superação da exclusão social. A violência não tem um caráter

meramente destrutivo, ela funciona como um último recurso que tenta

restabelecer o que é justo segundo a ótica do agressor.

O preconceito, o abandono, a repelência são formas por meio das quais a

indiferença social se instala, criando indivíduos socialmente invisíveis. É no

cotidiano que as atitudes discriminatórias geram a marginalização do outro,

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enquanto membro de um grupo diferente. A invisibilidade social é uma poderosa

venda que usamos para não enxergarmos as misérias humanas escancaradas na

sociedade. Nesse sentido, a invisibilidade tem o “poder” de nos anular, seja

através do isolamento e da solidão, seja por meio da incomunicabilidade e da

desvalorização. Por não ser reconhecido ou minimamente notado, o típico

indivíduo invisível, reage das seguintes formas: absorvendo o estigma, aceitando

a inferioridade que lhe é imputada, não levando em consideração as agressões

sofridas ou se rebela através de atitudes violentas.

A violência urbana se caracteriza pela multicausalidade. O fator relevante

para o seu acontecimento é a má distribuição de renda, a falta de oportunidade

para os jovens, faz com que estes se tornem “exército de reserva do narcotráfico”.

De fato, tal dessemelhança socioeconômica funciona como “caldo de

cultura” para a disseminação da conduta delitiva. O trafico de drogas é um fator

relevante no aumento de crimes violentos, as taxas de homicídio, por exemplo,

são elevadas pelos “acertos de conta”, chacinas e outras disputas entre

traficantes rivais.

O narcotráfico nas favelas tem mais relação com a escassez de recursos

simbólicos para a construção positiva das identidades dos individuos, do que com

a escassez dos recursos materiais para a sua sobrevivência física. O tráfico

seduz o indivíduo oferecendo-lhe recursos simbólicos compensatórios de sua

invisibilidade social. O seu recurso simbólico principal é a arma, recorrendo à este

instrumento, restaura as condições mínimas para a edificação da auto-estima, do

reconhecimento e da construção de uma identidade; estabelece uma interação,

na qual torna possível sua reconstrução subjetiva e o projeto de sua auto-

invenção. Trata-se de uma dialética perversa, em que o indivíduo afirma ser o

protagonismo e se estrutura como sujeito, submetendo-se a um engajamento

trágico com uma cadeia de relações e práticas que o condenarão, muito

provavelmente, a um desfecho letal, cruel e precoce, antes dos 25 anos.

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3.2 OBESIDADE

Obesidade é uma doença que constitui um importante fator de risco para o

aparecimento, desenvolvimento e agravamento de outras doenças. É uma doença

crônica, atinge homens e mulheres de todas as etnias e de todas as idades, reduz

a qualidade de vida e tem elevadas taxas de morbilidade e mortalidade.

De acordo com o assunto em estudo, Morte Social, a obesidade se encaixa

com um dos fatores que levam atualmente muitas pessoas se tornarem seres

socialmente invisíveis, seja pela indiferença, ou seja, pelo preconceito que

sofrem.

Tristeza, irritabilidade e agressividade, dependendo da intensidade e da

frequência, podem se tornar indícios de estados depressivos. A discriminação e

estigmatização social podem gerar um impacto negativo.

Devido ao incômodo que sofrem por causa das críticas, acabam se

isolando dentro de casa, de forma a evitar a sociedade.

A obesidade traz imagens e significações sociais que a conecta com um

lado pesado e lento em contraste com a leveza e a velocidade do mundo

contemporâneo. Ser obeso significa ser estranho, descuidado e imoral. Nos dias

atuais, o corpo é espetáculo a ser admirado.

3.3 BULLYING

Bullying é um termo inglês usado para designar práticas de violência física

ou psicológica, atos que são cometidos intencionalmente e com repetidas vezes

com o objetivo de intimidar/atacar um indivíduo sem defesa.

As pessoas que praticam o bullying são geralmente muito agressivas com

as vítimas, e isto acontece em relacionamentos/ambientes onde não há equilíbrio

entre as partes, trata na maioria das vezes da exclusão social. Este tema é pouco

abordado na sociedade.

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A escola e trabalho são bons exemplos de ambientes propícios a esta

prática que é dada a partir de comentários, intimidação da vítima e de pessoas

que estejam dispostas a se relacionar com ela, e também por criticas de etnia,

vestimentos, religião e classe social.

Os sintomas de quem sofre bullyng são: medo de freqüentar certos locais,

principalmente o ambiente no qual ela é rejeitada, desconfiança, tristeza, se

limitam na sociedade, se auto-excluem afim de não receberem críticas.

3.4 FALTA DE REGISTRO

Não ter registro corresponde viver à margem da sociedade. E impacta até

no orçamento dos municípios que recebem repasses federais e têm como critério

a contagem populacional segundo o número de registros.

A certidão de nascimento é o primeiro passo para o pleno exercício da

cidadania, sem ela, uma pessoa, oficialmente, não tem nome, sobrenome e

nacionalidade, portanto está em um estado de morte social. Só com a certidão é

possível fazer matrícula escolar, realizar casamento civil, registrar filhos, participar

dos programas sociais do Governo Federal como o Bolsa Família, Luz para

Todos, entre outros.

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4. CONCLUSÃO

Diante do tema abordado e das informações encontradas, percebemos que

a morte do nosso corpo transcende o biológico, visto que quando morremos o que

acaba é a matéria, mas as lembranças, as histórias e sentimentos mantêm o

indivíduo vivo para a sociedade.

O ser humano sempre conviveu com incertezas, crenças e fantasias.

Somente uma certeza prevalece, a certeza que a morte virá. A falência de seus

órgãos dará inicio ao processo de decomposição do corpo humano que com o

tempo não mais existirá.

Em contrapartida, existem pessoas que cujo corpo está vivo, mas essas

são mortas socialmente, como por exemplo, os casos das classes mais baixas da

periferia, pessoas que são obesas, a falta de registro, ou seja, todo o tipo de fator

que possa causar discriminação pela sociedade e com isso tornar alguns

indivíduos invisíveis.

Portanto, o que esse trabalho proporcionou de aprendizagem foi a questão

de que o tema morte é muito abstrato, estar vivo não é apenas o fato de respirar,

mas sim ser reconhecido pela sociedade, e certas pessoas conseguem se manter

“vivos” por muito tempo de acordo com o fenômeno da corporeidade enquanto

outros vivem muito tempo sem existir para a sociedade atual.

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5. BIBLIOGRAFIA

http://sulimeacao.blogspot.com/2010/01/preconceito-e-indiferenca_22.html

(acessado em 31/08/10)

http://www.uff.br/ichf/publicacoes/revista-psi-artigos/2004-1-Cap2.pdf

(acessado em 31/08/10)

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(acessado em 31/08/10)

http://www.webartigos.com/articles/26983/1/Invisibilidade-Social-Meninos-de-

Rua/pagina1.html (acessado em 31/08/10)

http://www.enapet.ufsc.br/anais/IN_VISIBILIDADE_SOCIAL_O_JOGO_DRAMATI

CO_ENTRE_VISIBILIDADE_E_INVISIBILIDADE_DOS_ATORES_SOCIAIS.pdf

(acessado em 31/08/10)

http://www.shinealight.org/EstadoDeViolencia.pdf (acessado em 05/09/10)

http://www.rieoei.org/deloslectores/1230Figueiredo.pdf (acessado em 05/09/10)

http://www.ibpb.com.br/RicardoRegoTese.pdf (acessado em 05/09/10)

http://www.fflch.usp.br/sociologia/temposocial/pdf/vol06n12/Moderno.pdf

(acessado em 07/09/2010)

http://urutu.hcnet.usp.br/ipq/prato/textos_dr_arthur.html

(acessado em 03/09/2010)

http://www.scielo.br/pdf/prc/v18n1/24815.pdf (acessado em 03/09/2010)

http://www.dad.puc-rio.br/dad07/arquivos_downloads/43.pdf

(acessado em 03/09/2010)