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O Coronavírus e seu Impacto Econômico no Brasil quarta-feira, 11 de março de 2020 RESUMO Esta nota discute os possíveis efeitos que a epidemia do novo Coronavírus pode produzir sobre o crescimento econômico brasileiro em 2020. Os principais canais pelos quais a epidemia pode afetar o Brasil são: redução nos termos de troca, queda na demanda mundial por produtos brasileiros e queda na produtividade. Estes choques são temporários e devem ser revertidos à medida em que a epidemia for controlada. Entretanto, há muita incerteza acerca da sua magnitude e duração. Por meio de um modelo DSGE de médio porte, avaliamos 81 cenários diferentes para o crescimento do PIB em 2020. Os resultados indicam que os efeitos variam substancialmente dependendo da magnitude e dinâmica dos choques envolvidos. 1. Introdução Esta nota tem como objetivo discutir os efeitos que a epidemia do novo Coronavírus, o Covid- 19, pode produzir sobre a economia brasileira. Há ainda grande incerteza sobre a dimensão e exten- são temporal do problema, de tal forma que as estimativas descritas neste texto devem ser interpre- tadas com cautela. A primeira parte da nota discute a crescente importância econômica chinesa e a propagação o vírus pelo mundo. Em seguida, apresentamos os canais pelos quais a epidemia pode afetar a economia brasileira. Por fim, apresentamos cenários possíveis de impacto do Covid-19 sobre o crescimento do PIB brasileiro em 2020, utilizando um modelo DSGE de médio porte, estimado para o Brasil. 2. A importância da China e a propagação do vírus A importância econômica da China, tanto para o Brasil quanto para o mundo, é muito maior hoje do que era no período da epidemia de SARS, ocorrida em 2003. A China concentrou em 2018 aproximadamente 18% do PIB mundial (ajustado pela paridade do poder compra) e é o destino de quase 30% de tudo que o Brasil exporta atualmente. Além disso, o país oriental produz mais de 20% de todos os bens intermediários manufaturados que são consumidos no mundo. A paralisação, ainda que parcial, da produção e exportação de tais bens já está reverberando nas cadeias globais de produção, e pode ampliar os efeitos negativos da epidemia.

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O Coronavírus e seu Impacto Econômico no Brasil quarta-feira, 11 de março de 2020

RESUMO

• Esta nota discute os possíveis efeitos que a epidemia do novo Coronavírus pode produzir sobre o crescimento econômico brasileiro em 2020.

• Os principais canais pelos quais a epidemia pode afetar o Brasil são: redução nos termos de troca, queda na demanda mundial por produtos brasileiros e queda na produtividade.

• Estes choques são temporários e devem ser revertidos à medida em que a epidemia for controlada. Entretanto, há muita incerteza acerca da sua magnitude e duração.

• Por meio de um modelo DSGE de médio porte, avaliamos 81 cenários diferentes para o crescimento do PIB em 2020. Os resultados indicam que os efeitos variam substancialmente dependendo da magnitude e dinâmica dos choques envolvidos.

1. Introdução Esta nota tem como objetivo discutir os efeitos que a epidemia do novo Coronavírus, o Covid-

19, pode produzir sobre a economia brasileira. Há ainda grande incerteza sobre a dimensão e exten-são temporal do problema, de tal forma que as estimativas descritas neste texto devem ser interpre-tadas com cautela. A primeira parte da nota discute a crescente importância econômica chinesa e a propagação o vírus pelo mundo. Em seguida, apresentamos os canais pelos quais a epidemia pode afetar a economia brasileira. Por fim, apresentamos cenários possíveis de impacto do Covid-19 sobre o crescimento do PIB brasileiro em 2020, utilizando um modelo DSGE de médio porte, estimado para o Brasil.

2. A importância da China e a propagação do vírus A importância econômica da China, tanto para o Brasil quanto para o mundo, é muito maior

hoje do que era no período da epidemia de SARS, ocorrida em 2003. A China concentrou em 2018 aproximadamente 18% do PIB mundial (ajustado pela paridade do poder compra) e é o destino de quase 30% de tudo que o Brasil exporta atualmente. Além disso, o país oriental produz mais de 20% de todos os bens intermediários manufaturados que são consumidos no mundo. A paralisação, ainda que parcial, da produção e exportação de tais bens já está reverberando nas cadeias globais de produção, e pode ampliar os efeitos negativos da epidemia.

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quarta-feira, 11 de março de 2020 ̶ Nota Informativa

A cidade de Wuhan, epicentro do surto, é um importante polo industrial e logístico. A cidade está localizada na maior província da China Central, Hubei, produz aproximadamente 4.5% do PIB chinês e possui 60 milhões de habitantes. A paralisação da produção e circulação de pessoas na região e suas vizinhanças ajudou a conter a propagação do vírus no curto prazo, mas causou uma redução importante no ritmo de atividade econômica do país.

Os dados das sondagens industriais na China apontaram desaceleração expressiva no ritmo de crescimento em fevereiro. Adicionalmente, os dados de alta frequência indicam que o consumo de carvão e o nível de congestionamento nas cidades, proxies para o nível de atividade econômica, estão abaixo dos padrões históricos, a despeito da retomada recente. O governo chinês já anunciou diversas medidas para estimular a economia, como redução dos juros e incentivos fiscais, o que deve ajudar na retomada da atividade à frente.

Apesar dos esforços de contenção da doença no território chinês e redução expressiva no número de novos casos no país, houve notável propagação do Covid-19 em outros países nos últi-mos dias, aumentando as incertezas globais sobre a dimensão e término da epidemia. Houve forte reação nos preços de ativos e aumento na aversão ao risco, inclusive no Brasil. Tem-se observado que governos e bancos centrais pelo mundo estão promovendo medidas para atenuar os impactos negativos da epidemia. Ainda assim, alguns países, como a Itália, já adotaram medidas de contenção da epidemia que irão provocar desaceleração no ritmo de atividade no curto prazo.

3. Canais pelos quais a economia brasileira pode ser afetada Para realizar as simulações sobre o impacto da epidemia no PIB, selecionamos os principais

canais pelos quais a epidemia do Covid-19 pode afetar o desempenho da economia brasileira. Vale

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Parcela do PIB Chinês no PIB Mundial (ajustado pela PPP)

Fonte: Fundo Monetário Internacional

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Parcela das Exportações Brasileiras para a ChinaFonte: Secex

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quarta-feira, 11 de março de 2020 ̶ Nota Informativa

destacar que esses efeitos são transitórios, e devem ser revertidos após a contenção da epidemia. Ainda assim, há grande incerteza sobre quando isso deve ocorrer.

1. Redução das exportações. A redução no ritmo de atividade global tende a gerar uma queda na demanda por exportações brasileiras, sobretudo de commodities. Ainda assim, os dados disponíveis até o momento não apresentam alterações significativas nas expor-tações brasileiras em decorrência do surto. Os dados completos da balança comercial dos próximos meses trarão informações adicionais sobre este canal de transmissão.

2. Queda no preço de commodities e piora nos termos de troca. A menor demanda global tende a pressionar para baixo os preços em dólar de commodities. O preço de insumos importados também pode aumentar, tendo em vista a menor disponibilidade destes no mercado. Desde o primeiro óbito por Covid-19, anunciado em 11 de janeiro, os preços das commodities mais relevantes na pauta de exportação brasileira recuaram. Os gráficos abaixo apresentam um indicador proprietário de preço de commodities para o Brasil (IC-SPE). Ele sintetiza o movimento dos preços internacionais das principais commodities, ponderadas por sua importância na balança comercial brasileira. Este indicador recuou aproximadamente 15% desde o primeiro óbito. A desagregação do índice aponta que os produtos cujos preços mais recuaram foram petróleo, café, carne bovina e minério de ferro. Vale destacar que a queda recente no preço do petróleo, decorrente de um conflito acerca do nível de produção acordado pelos maiores produtores, também aumentou a volatilidade nos mercados e provocou um movimento global de aversão a risco, com forte reação negativo dos preços de ativos.

3. Interrupção da cadeia produtiva de alguns setores. A paralisação da produção e do esco-amento de bens intermediários chineses, importantes para a indústria brasileira, pode afetar a produção de manufaturados em alguns setores, induzindo uma redução nos es-toques. Isso pode ser interpretado como um choque temporário de produtividade na economia. Será importante acompanhar os próximos dados de produção industrial e im-portação de bens intermediários para quantificar a importância deste canal.

4. Queda nos preços de ativos e piora das condições financeiras. Após o aumento expres-sivo no número de novos casos fora da China, as principais bolsas de valores pelo mundo acumularam perdas expressivas, refletindo uma piora nas perspectivas de recuperação econômica. Houve aumento na volatilidade e na demanda por ativos de menor risco. A queda nos preços de ativos e o aumento na aversão a risco tendem a piorar as condições de financiamento para as empresas ao aumentar o custo do investimento e apertar as restrições de colateral.

5. Redução no fluxo de pessoas e mercadorias. A epidemia pode provocar comportamentos precaucionais na população como diminuição de viagens, reduções de jornada, ou ainda, adoção de home-office. Assim como o canal anterior, este também depende de um agra-vamento da epidemia em território nacional e não será considerado nas simulações.

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quarta-feira, 11 de março de 2020 ̶ Nota Informativa

4. Cenários e Estimativas de Impacto no PIB Para quantificar os efeitos dos canais mencionados na seção anterior, vamos utilizar um mo-

delo de equilíbrio geral (DSGE) de médio porte para uma pequena economia aberta, estimado para o Brasil. O modelo foi escolhido porque permite avaliar o impacto de diversos choques de forma integrada. Ele possui as características tradicionais de modelos DSGE utilizados por bancos centrais pelo mundo, como rigidez nominal e custos de ajustamento do investimento, e incorpora caracte-rísticas particulares da economia brasileira: cadeia produtiva que utiliza, em parte, bens importados na produção; governo com metas de resultado primário e inflação; agentes com diferentes restrições de crédito, entre outros.

Vamos avaliar o efeito de 3 choques transitórios no crescimento brasileiro em 2020, que sin-tetizam os efeitos descritos na sessão anterior. Para cada choque, consideramos cenários alternativos para a magnitude e duração. Veja abaixo a descrição de cada choque, os seus efeitos sobre o PIB e os cenários considerados:

• Termos de troca: os termos de troca são definidos como a razão entre os preços de bens exportados e importados pelo Brasil. Como exposto acima, a epidemia está pressionando os preços de commodities para baixo, reduzindo os termos de troca. Além disso, é possível que haja aumento no preço de bens importados como consequência da menor disponibilidade destes no mercado, o que também piora os termos de troca. Em relação ao impacto no PIB, a queda nos termos de troca reduz o valor daquilo que exportamos, o que por sua vez reduz a renda dos exportadores. Ao mesmo tempo, ocorre uma redução no consumo de insumos para a produção de produtos manufaturados localmente, reduzindo o volume produzido.

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IC-SPE - Índice (10/Jan/2020 = 100)Fonte: Bloomberg. Elaboração Própria

Soja Farelo de sojaAçúcar Minério de ferroMilho Carne bovinaCafé Petróleo brutoIC-SPE

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IC-SPE (Índice Jan/2019 = 100)Fonte: Bloomberg. Elaboração Própria

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quarta-feira, 11 de março de 2020 ̶ Nota Informativa

Entre os cenários, consideramos que os termos de troca podem cair 5%, 10% e 15%, com posterior recuperação após o choque. Estes cenários compõem um espectro suficiente de possibilidades, tendo em vista as variações recentes nos preços.

• Crescimento mundial: o crescimento mundial é uma variável determinante para o volume de bens exportados pelo Brasil. Uma queda no volume de exportações reduz a renda dos ex-portadores brasileiros. Consideramos cenários em que o crescimento do PIB mundial possa cair 0.2, 0.4 ou 0.6 pontos percentuais em 2020. A OCDE, por exemplo, reduziu a expectativa de crescimento mundial de 2.9% para 2.4% em 2020 em função da epidemia.

• Produtividade: uma possível quebra nas cadeias globais de produção, e redução de jornada dos trabalhadores em caso de um improvável agravamento da epidemia em território naci-onal podem ser interpretadas no modelo como uma queda temporária na produtividade brasileira. Consideramos cenários em que a produtividade da economia se mantem cons-tante, cai 0.25 desvios padrão ou cai 0.5 desvios padrão. Para se ter uma noção da magnitude desse choque no modelo, uma queda na produtividade de 0.5 desvios padrão durante ape-nas um período equivale a uma redução de 0.55% na produtividade total dos fatores, repre-sentando um choque forte.

Além de combinar os choques descritos acima, consideramos nas nossas estimativas cenários alternativos para o ritmo de retomada do crescimento mundial, dos termos de troca e da produtivi-dade ao longo do ano. Isto é importante para averiguar o impacto no PIB de um possível prolonga-mento temporal da epidemia e seus desdobramentos.

Nos cenários construídos todos os choques foram calibrados sob hipóteses alternativas de recuperação. Assim, a recuperação em todos os choques segue o mesmo ritmo, porém em cada cenário tal ritmo assume um comportamento alternativo, desde uma recuperação mais rápida, já se dissipando no segundo trimestre, até casos mais graves com recuperação iniciada somente no se-gundo semestre.

A Tabela 1 (abaixo) sintetiza o resultado das simulações. O conteúdo da cada tabela indica o impacto no crescimento do PIB brasileiro em 2020, em pontos percentuais, nos diferentes cenários. Podemos observar que no cenário mais otimista o impacto da epidemia no crescimento do PIB seria de apenas -0.10 pontos percentuais. Em contrapartida, o cenário mais extremo indica queda de 0.66 pontos percentuais.

É importante destacar que ainda há muita incerteza acerca da magnitude dos choques à frente, e da inclusão de novos choques como o financeiro. É necessário aguardar a evolução dos dados para que possamos assimilar com maior precisão os impactos da epidemia. Ainda assim, acre-ditamos que a maioria dos choques terá apenas efeitos transitórios sobre a economia. Isso significa que, após a estabilização da situação, haverá uma retomada acelerada no ritmo de atividade, puxada pelo movimento de reposição de estoques, melhora nos termos de troca e aumento na produtivi-dade.

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quarta-feira, 11 de março de 2020 ̶ Nota Informativa

Tabela 1: Cenários de Impacto do Coronavírus no PIB brasileiro em 2020 (em pontos percentuais). Cenário Base: Crescimento de 2,4% segundo as projeções oficiais de janeiro/2020

5. Conclusão Esta nota informativa teve como objetivo avaliar os canais pelos quais a epidemia de Covid-

19 por afetar a economia brasileira, bem como fornece estimativas de impacto no crescimento do PIB em 2020. Ressaltamos que ainda é cedo para precisar o impacto. Na medida em que mais dados econômicos do Brasil e do restante do mundo forem divulgados, será possível refinar as estimativas e reavaliar o cenário. Por fim, destacamos que as projeções oficiais de crescimento do PIB da SPE levam em conta um conjunto amplo de modelos. Esta nota teve o objetivo apenas de quantificar, usando uma metodologia alternativa, o impacto de um evento econômico específico.

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-15% -0.19 -0.23 -0.26 -0.24 -0.28 -0.31 -0.29 -0.33 -0.36

-5% -0.13 -0.19 -0.24 -0.20 -0.26 -0.31 -0.27 -0.33 -0.38

-10% -0.20 -0.25 -0.31 -0.27 -0.32 -0.38 -0.34 -0.39 -0.45

-15% -0.26 -0.32 -0.37 -0.33 -0.39 -0.44 -0.40 -0.46 -0.51

-5% -0.17 -0.24 -0.31 -0.26 -0.33 -0.40 -0.35 -0.42 -0.49

-10% -0.26 -0.32 -0.39 -0.35 -0.41 -0.48 -0.44 -0.50 -0.57

-15% -0.34 -0.41 -0.48 -0.43 -0.50 -0.57 -0.52 -0.59 -0.66

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Choque na Produtividade Choque nos ►Termos de Troca ▼

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