o coordenador pedagógico e a gestão do ensino nas séries iniciais

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

    CENTRO DE FILOSOFIA E CINCIAS HUMANAS

    FACULDADE DE EDUCAO

    PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAO BSICA

    PBLICA

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM COORDENAO PEDAGGICA

    O COORDENADOR PEDAGGICO E A GESTO DO ENSINO NAS SRIES

    INICIAIS

    MARIA ETERNA PEREIRA ARAJO

    Rio de Janeiro

    2012

    FACULDADE DE EDUCAO

  • MARIA ETERNA PEREIRA ARAJO

    O COORDENADOR PEDAGGICO E A GESTO DO ENSINO NAS SRIES

    INICIAIS

    Trabalho de concluso de curso apresentado

    Faculdade de Educao da Universidade Federal do Rio

    de Janeiro, como requisito parcial obteno do ttulo

    de Especialista em Coordenao Pedaggica.

    Orientador: Professora Doutora Sabrina Moehlecke

    Rio de Janeiro

    2012

    FACULDADE DE EDUCAO

  • Formar-se, no instruir-se;

    antes de mais nada refletir,

    pensar numa experincia vivida (...)

    formar-se aprender a construir uma distncia

    face sua prpria experincia de vida,

    aprender a cont-la atravs de palavras,

    ser capaz de a conceitualizar.

    (Remy Hess)

  • RESUMO

    Neste trabalho reflito sobre o papel do Coordenador Pedaggico nas sries iniciais.

    Investigo como a sua atuao pode contribuir para prticas mais eficazes na alfabetizao e

    letramento dos alunos do ciclo escolar 1, 2 e 3 ano de escolaridade, na Escola Municipal

    So Jos, no municpio de Queimados, no Estado do Rio de Janeiro. Levanto como hiptese a

    ideia de que a participao mais ativa e consciente desse profissional frente gesto

    pedaggica no processo ensino/aprendizagem e apoio aos professores traz a capacidade

    potencial de melhorar a aprendizagem. Discuto, sucintamente, sobre as dificuldades da escola

    em cumprir com sua obrigao legal em promover educao de qualidade, sobre a

    importncia de relacionar a teoria prtica e a necessidade de olhar a avaliao como ponto

    de partida. Ao final do projeto, apresento um plano de ao para o ano letivo de 2013, onde

    me coloco como corresponsvel pelo processo de ensino.

    Palavras-Chave: Coordenador Pedaggico, aprendizagem, alfabetizao e letramento.

  • SUMRIO

    1. Introduo 5

    2. Tema e Delimitao do Problema 10

    3. Hiptese 12

    4. Objetivos 14

    4.1. Objetivo geral 14

    4.2. Objetivos especficos 14

    5. Justificativa 15

    6. Discusso Terica 19

    7. Metodologia da pesquisa 27

    8. Plano de Ao 29

    9. Resultados Esperados 32

    10. Cronograma 33

    11. Referncias Bibliogrficas 34

  • 1. INTRODUO

    No h ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino.

    Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro.

    Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando.

    Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago.

    Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo.

    Pesquiso para conhecer o que ainda no conheo e comunicar ou anunciar a novidade.

    Paulo Freire

    A Escola Municipal So Jos, escola onde atuo como Orientadora Pedaggica e lcus

    desse projeto, est localizada no municpio de Queimados, km 187 da Rodovia Presidente

    Dutra, um dos muitos municpios dormitrios da periferia do Rio de Janeiro, na Baixada

    Fluminense.

    O bairro onde a escola est situada fica no entorno do municpio de Queimados,

    tendo caractersticas rurais. A estrutura urbana precria, a populao necessita urgentemente

    de saneamento bsico, pois falta gua encanada e esgoto, alm da pavimentao das ruas. A

    gua usada pelos moradores para beber a gua que pegam nas fontes existentes prximas

    escola.

    A populao da regio precisa se deslocar para ter acesso ao comrcio, pois no h

    lojas, mercados, padarias, pequenos comrcios nas proximidades. O transporte tambm

    precrio; a populao servida apenas por uma linha de nibus que faz a ligao de

    Queimados com o distrito vizinho, Engenheiro Pedreira, do municpio de Japeri.

    No contando com empregos na regio, a populao local v-se obrigada a grandes

    deslocamentos dirios, em busca de trabalho em outros municpios da Baixada Fluminense e

    Grande Rio de Janeiro, desperdiando nisso muitas horas e grande sacrifcio.

    As famlias, na sua maioria, tm em mdia trs filhos e, contrariando as pesquisas

    sobre as caractersticas atuais da famlia, seguem o modelo tradicional, com pai, me e filhos.

    5

  • Apesar de uma expectativa alta em relao escola, pois esperam que ela cumpra o

    seu papel de ensinar ao mximo, que funcione em tempo integral, passando, assim, por

    transformaes, os alunos no se sentem estimulados. O que vemos refletido nos vrios

    problemas encontrados na escola: alto ndice de reprovao, infrequncia, defasagem

    idade/srie.

    O nvel geral de escolaridade das mes baixo. A pesquisa realizada atravs de

    questionrio por ocasio da elaborao da proposta pedaggica mostra que 47% das 94 mes

    entrevistadas tm at o 5 ano do Ensino Fundamental, apenas 5% concluram o Ensino

    Mdio e 11% tm o Ensino Superior. Este ltimo resultado bem interessante; apesar de ser

    uma pequena porcentagem, nos mostram que apesar de ser uma comunidade carente e de rea

    quase rural, existem pessoas que valorizam a educao e buscam melhores oportunidades.

    Quanto renda familiar, 27% dos entrevistados sobrevivem com menos de um

    salrio mnimo, 40% com um salrio mnimo, 28% o fazem com at dois salrios e apenas 5%

    tm renda maior que dois salrios mnimos. Considerando que a mdia de filhos por famlia

    trs, a renda familiar per capita muito baixa. Dessas 91 famlias entrevistadas, 60% delas

    recebem algum tipo de benefcio do governo; 58% recebem recursos do Programa Bolsa

    Famlia.

    Nessas famlias entrevistadas, 38% dos pais tm empregos formais, com carteira

    assinada. Os 62% restantes esto desempregados ou trabalham sem vnculo ou na economia

    informal. Das mes, 64% esto desempregadas, 11% trabalham com carteira assinada e 25%

    trabalham sem carteira assinada.

    Quanto moradia, 56% tem casa prpria, 19% mora de aluguel e 21% mora de

    favor. Esta a uma das causas que influi muito na vida escolar dos alunos, pois

    constantemente temos alunos que se mudam e abandonam a escola.

    Apesar da baixa renda familiar, percebemos que a maioria dos lares tem geladeira,

    97%; fogo, 99%; televiso, 96%, dvd, 66%; mquina de lavar, 30%; aparelho de som, 37% e

    microcomputador, 10%.

    A participao dos responsveis est longe de ser a ideal, mas j h avanos, alguns

    nunca aparecem na escola, outros comparecem para tratar dos problemas relacionados a seus

    filhos, quase sempre para reclamar de alguma situao e h um grupo que participa

    6

  • ativamente com o qual a gesto pode contar sempre, seja na participao efetiva nas

    atividades da escola, nas reunies e outras necessidades.

    Essa comunidade no difere daquelas atendidas por outras escolas pblicas da

    periferia do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense, carente de tudo. Os servios de sade

    ficam distantes, o que dificulta o atendimento aos alunos que precisariam de atendimento

    psicolgico, fonoaudiolgico, odontolgico e outros.

    Outra carncia dessa comunidade est na ausncia total de reas de lazer, pois no h

    nenhuma oferta nesse sentido. Talvez, por esse motivo, a grande expectativa em relao

    escola que passa a ser para as crianas um espao de interao, lazer, cultura e atendimento

    das suas muitas necessidades.

    Por ser uma comunidade quase rural e com tantas carncias, percebe-se que no h

    grandes interaes dos nossos alunos com o mundo letrado, e isso fica claro na grande

    dificuldade que detectamos para a aprendizagem da leitura e escrita. O ndice de reprovao

    no terceiro ano do Ciclo tem sido alto, os alunos no conseguem ser plenamente alfabetizados

    at esse nvel, sendo ento um grande gargalo. Segundo os dados do Censo Escolar em 2005,

    a taxa de reprovao foi de 18%, 2007 40%, 2009 23% e 2011 19%.

    Como a legislao permite a reprovao apenas por um ano nessa etapa, verificamos

    que muitos alunos tm protelada a sua alfabetizao para as sries seguintes, sempre com

    grandes lacunas.

    Percebemos que as turmas de quarto ano, onde o aluno j deveria estar alfabetizado,

    so formadas por grande parte de alunos que no atingiram os objetivos em leitura e escrita

    nos anos anteriores, o que torna difcil o trabalho do professor, pois se de um lado deve dar

    prosseguimento aos conceitos a serem construdos e ampliados, por outro, v-se na obrigao

    de fazer um trabalho de alfabetizao. No ano de 2011, ao realizar uma sondagem inicial

    sobre o nvel de alfabetizao das duas turmas do quarto ano, que tinha um total de cinquenta

    e quatro alunos, percebeu-se que 26% deles no liam, 35% liam mal, no tendo condio de

    interpretar um texto e apenas 30% tinha condio de ler e interpretar. Hoje, esta situao um

    pouco melhor, em uma turma com 33 alunos, temos cerca de quatro alunos que recebem

    ateno especial para a alfabetizao, mas que continuam com grandes dificuldades na

    produo de um texto.

    7

  • Essa escola, que relativamente nova e teve a sua inaugurao em 1999, oferece da

    Educao Infantil Pr Escolar I e II, ao Ensino Fundamental Anos Iniciais do 1 ao 5 ano.

    A oferta do Pr-Escolar I, iniciado em 2010, alterou um pouco a aprendizagem dos alunos. A

    turma do 2 ano deste ano teve a oportunidade de frequentar o Pr-escolar I e boa parte destes

    alunos j produzem textos com coeso e coerncia, ainda que com muitos erros ortogrficos,

    o que aceitvel nesse perodo. Esperamos que esses alunos cheguem ao terceiro ano lendo e

    produzindo textos e que ao chegar ao 4 e 5 ano tenham condio de ter ampliado o rol de

    conhecimentos dando-lhes condies de chegar ao 6 ano sem grandes atropelos e que possam

    continuar sua escolaridade com grandes possibilidades de sucesso, pois estudos demonstram

    que o grande nmero de evaso e abandono escolar acontecem nessa fase.

    Diante desse quadro, vemos ampliado o campo de atuao da escola que, s vezes,

    por falta de compromisso das famlias, outras, pelas impossibilidades diante de tantas

    carncias, transferem parte das suas obrigaes para a instituio escolar. E, no raramente,

    a escola, atravs dos seus profissionais, que detecta as necessidades dos alunos e intervm. Ou

    seja, a escola a cada dia se v obrigada a ampliar a sua atuao, sem recursos humanos

    adequados no atendimento desta demanda, as obrigaes vo se somando, o que tira muitas

    vezes o foco. O professor no tem s que ensinar, ele tem que cuidar dos alunos nas suas

    carncias mais elementares como higiene, alimentao...

    Alm de tudo isso, temos as questes estruturais, as polticas pblicas inadequadas e

    a m formao dos professores.

    A estrutura da escola no a ideal e no facilita na organizao das prticas

    pedaggicas. No tem laboratrio de informtica, no tem biblioteca e nem sala de leitura, o

    que dificulta na organizao das atividades oferecidas no contraturno para os alunos que

    fazem parte do Programa Mais Educao e tem a carga horria ampliada. H apenas 4 salas de

    aula e 1 sala de professores. Adequar espaos para o uso no contraturno de mais trs grupos

    de alunos em diferentes oficinas problemtico; para isso usa-se o ptio, a sala de professores

    e uma pequena varanda. Com exceo da sala de professores, os outros espaos no so

    adequados para as oficinas de banda e canto, cujos rudos, somados aos das salas de aula,

    atrapalham as atividades docentes.

    As polticas pblicas so inadequadas, com suas leis que obrigam a escola a colocar

    em prtica exigncias para as quais no foi preparada humana e materialmente. Para

    8

  • exemplificar cito a incluso: como incluir os alunos surdos ou com deficincias visuais sem

    nenhuma estrutura? A escola deve estar aberta e preparada para receber toda a diversidade de

    alunos, mas deve tambm atender a cada um na sua diversidade, quando no o faz ela est

    excluindo, negando a essas crianas a herana cultural a que tem direito.

    Outra situao detectada que impede a melhoria na qualidade do ensino oferecido

    est na qualificao docente. A cada incio de ano letivo recebemos novos professores, que

    so contratados para suprir as carncias, esse rodzio faz com que toda a orientao realizada

    anualmente se perca. O declnio na formao deixa o trabalho de orientao cada vez mais

    rduo, sendo esse o principal n nessa escola. Todos os outros dificultam o processo, mas no

    interferem to diretamente na aprendizagem dos alunos. Na luta pela melhoria da qualidade

    na educao, a escola precisa minimizar o efeito desse despreparo, preparando o seu corpo

    docente, levando-os a uma prtica reflexiva e comprometida politicamente com a comunidade

    a que est inserida.

    A formao inadequada que no garante competncias mnimas, trazendo para a

    equipe gestora a corresponsabilidade nas prticas de ensino, principalmente para o

    Coordenador Pedaggico. Este dever ter clareza absoluta sobre os processos que envolvem a

    escola, mas ater-se s questes do ensino, deixando de ter o seu foco principal no controle da

    prtica pedaggica para ser corresponsvel pelo trabalho realizado pelo professor e pelos

    resultados dos alunos.

    com base nesse entendimento que pensei focar a minha pesquisa/ao em uma

    proposta de interveno junto ao grupo de professores. Nela vou investigar como, na funo

    de Coordenadora Pedaggica, posso contribuir para uma prtica docente mais reflexiva e

    produtiva, propondo um projeto de interveno conjunta para a melhoria das prticas de

    alfabetizao/letramento na escola.

    9

  • 2. TEMA E DELIMITAO DO PROBLEMA DE PESQUISA

    Quando me candidatei a esta vaga no curso de Coordenao Pedaggica, eu o fiz no

    intuito de me capacitar para a funo que eu j exercia, mas para a qual no me sentia

    preparada, pois, apesar de ter feito a graduao em Pedagogia em uma conceituada

    universidade e de ter sado portadora do diploma de Gesto dos Sistemas Educacionais, que

    me multi-habilitou em orientao, superviso e gesto, sentia-me, e ainda sinto-me, um

    pouco, despreparada para esta funo que exige tantos saberes tericos e prticos sobre o

    ensino/aprendizagem.

    Algumas questes rondam-me constantemente, para algumas eu j encontrei

    respostas refletindo sobre a prtica durante o exerccio da funo, para outras eu ainda

    necessito de maior embasamento terico e de reflexes contnuas para que possa influenciar

    no trabalho realizado na escola em parceria com os professores, na luta em prol de um projeto

    coletivo de educao, que garanta o direito a um mnimo de qualidade. Digo mnimo, porque

    entendo que muitas outras questes precisam ser revistas e o professor no nico a ser

    responsabilizado pelo caos na educao brasileira.

    As minhas inquietaes nesse momento passam por algumas questes, dentre elas

    destaco: o fato de ter um profissional responsvel pelo pedaggico na escola garante a

    qualidade da educao oferecida? Como o CP pode mudar a situao de fracasso escolar? Que

    tipo de interveno ele pode realizar no grupo que faa a diferena? Portanto, pretendo

    ampliar meus conhecimentos sobre o papel do Coordenador Pedaggico como o gestor do

    ensino nas sries iniciais, investigando de que forma a sua atuao como formador e

    corresponsvel pelo ensino pode alterar a situao de fracasso na alfabetizao/letramento dos

    alunos das sries iniciais, refletindo sobre as possveis intervenes que garantam prticas

    mais eficazes.

    Pelas minhas leituras, percebo que em muitos sistemas de ensino as atribuies do

    Coordenador Pedaggico tm passado por reformulaes, concentrando a sua atuao mais no

    cuidado com o pedaggico; no mais como o fiscalizador dos trabalhos docentes, mas um

    parceiro, atuando junto com o professor na definio de estratgias, diretrizes e prticas

    pedaggicas, corresponsabilizando-se pela aprendizagem dos alunos, monitorando os avanos

    10

  • e retrocessos, fazendo da avaliao o ponto de partida para novas discusses e crescimento

    dos docentes.

    Quando o Coordenador Pedaggico tem clareza do seu papel na gesto pedaggica

    da escola e assume a sua importante posio frente ao grupo de professores, com as condies

    devidas claro, pode alterar todo o processo de ensino na escola. Portanto, para intervir frente

    a situao de fracasso da Escola Municipal So Jos, alm de refletir sobre a minha prtica,

    planejo montar o meu plano de ao para o ano de 2013, focado na capacitao do grupo de

    professores que trabalham no Ciclo de Alfabetizao, concentrando todos os esforos na

    melhoria da prtica docente. Pretendo ajudar a mudar o paradigma da avaliao, que recai

    apenas sobre o processo de aprendizagem, para que tambm inclua as prticas de ensino

    desenvolvidas pelos professores, de forma a promover o crescimento de todos a partir dessa

    avaliao que vai retroalimentar a ao do CP no grupo de docentes e destes sobre os alunos.

    11

  • 3. HIPTESES

    Em um projeto coletivo de educao, todos esto encarregados pelo

    ensino/aprendizagem. O professor no pode ser o nico responsabilizado pela no

    aprendizagem e, para que ele vena as suas limitaes, precisa ter parceiros na equipe tcnico-

    pedaggica da escola, sendo o Coordenador Pedaggico seu principal aliado,

    corresponsabilizando-se na garantia de prticas de ensino reflexivas e efetivas que minimizem

    as situaes de fracasso escolar. Desse modo, esse projeto traz como hiptese a ideia de que

    uma participao mais ativa e pedaggica da CP no processo de ensino/aprendizagem e no

    apoio aos professores traz a capacidade potencial de melhorar a aprendizagem dos alunos.

    Hoje no mais aceitvel que o coordenador se perca no controle de certas

    burocracias e documentaes escolares, esse no pode ser o seu foco. Para que a escola

    garanta no s o acesso e a permanncia na escola, mas uma educao de qualidade, precisa

    concentrar o seu olhar na sua proposta pedaggica, corrigindo a rota sempre que necessrio,

    avaliando, reavaliando, planejando, replanejando... Ainda hoje, pela falta de profissionais na

    escola, o CP tem que atender pais na secretaria, controlar a disciplina dos alunos, monitorar

    horrio de professor, enfim, se depender das exigncias da rotina escolar, o coordenador passa

    o dia apagando fogo e preenchendo papis, no se atendo, como necessrio, s questes mais

    amplas que a escola precisa dar conta.

    Sendo um dos envolvidos na construo do projeto poltico pedaggico da escola, o

    CP deve ter clareza da teoria que sustentar a prtica docente, e acho que aqui h uma lacuna

    na maioria das escolas, tambm na Escola Municipal So Jos, onde nem todos sabem as

    implicaes de suas escolhas. como se fosse uma opo neutra, sem consequncias ou

    implicaes na organizao da escola. Mas acredito que quando todos entenderem - corpo

    docente e gestores, que necessrio dominar as ideias, concepes e teorias que esto

    contidas na opo por esta ou aquela linha pedaggica, os avanos viro.

    Aproximar teoria e prtica, atravs da formao em servio, o campo principal de

    atuao do Coordenador Pedaggico no enfrentamento do maior desafio desta escola que

    garantia da aprendizagem (alfabetizao) dos alunos, facilitando a transposio da teoria para

    a prtica, adequando a metodologia utilizada pelo professor.

    12

  • Sendo o professor o sujeito do processo de ensino, como nos garante Telma Weisz

    (2011), ele necessita, conscientemente, agir em cima das carncias detectadas nas avaliaes

    para que o processo de aprendizagem, cujo sujeito o aluno, avance de um conhecimento j

    construdo para outro mais evoludo. Mas o que verifico que, por mais que faa parte do

    nosso discurso o uso consciente dos resultados avaliativos, a avaliao no tem sido usada a

    favor do aluno, no por que os professores assim desejem, mas por no saber que intervenes

    poderiam ser feitas.

    Para que o professor possa intervir de forma consciente na alfabetizao dos alunos

    dever mudar o paradigma primeiro planeja depois avalia; a avaliao dever ser o ponto de

    partida. Nessa questo, o CP desempenha um papel importante, pois todo o trabalho

    pedaggico de formao do professor deve partir do que os alunos alcanaram ou no, quais

    as dificuldades que o professor est encontrando naquele momento, definindo diretrizes,

    prticas pedaggicas, direcionando, assim, os momentos de formao.

    13

  • 4. OBJETIVOS

    4.1 Objetivo Geral

    a) Geral:

    Melhorar as prticas de alfabetizao/letramento na Escola Municipal So Jos.

    4.2 Objetivos Especficos

    Investigar as possveis atuaes do Coordenador Pedaggico, dentre elas a

    de corresponsvel pela formao dos professores.

    Coordenar e organizar as aes pedaggicas da escola, envolvendo a

    comunidade escolar na busca democrtica de solues para as demandas encontradas, visando

    oferecer uma educao de qualidade.

    Melhorar significativamente os resultados da alfabetizao na Escola

    Municipal So Jos.

    14

  • 5. JUSTIFICATIVA

    O necessrio fazer da escola um mbito onde leitura e escrita

    sejam prticas vivas e vitais, onde ler e escrever sejam instrumentos

    poderosos que permitem repensar o mundo e reorganizar o prprio

    pensamento, onde interpretar e produzir textos sejam direitos que

    legtimo exercer e responsabilidades que necessrio assumir.

    Delia Lerner

    Ao buscar um tema para este Trabalho de Concluso de Curso - TCC, demorei a me

    decidir sobre o que pesquisar. A partir da palestra da professora Renata Biscaia, as coisas se

    tornaram mais claras, pois no seria apenas uma pesquisa terica, mas haveramos de

    apresentar uma proposta de interveno que viesse ao encontro daquilo que mais nos

    incomodava na nossa escola de atuao, foi ento que pensei em focar o meu plano de ao

    num projeto de interveno em leitura. No entanto, cheguei concluso que propor um

    projeto de leitura talvez no fosse o ideal, mas pensar um projeto de interveno junto aos

    professores, refletir como, na minha condio de coordenadora pedaggica, poderia contribuir

    com um projeto conjunto para o aperfeioamento da prtica pedaggica, pensando formas de

    colaborar na capacitao docente que viesse ao encontro das suas maiores dificuldades que a

    de intervir com situaes significativas de aprendizagem que possibilitem o avano no

    processo de aprendizagem dos alunos.

    Infelizmente, a Escola Municipal So Jos ainda vive situaes onde o fracasso

    escolar visvel. Na tabela abaixo, temos as altas taxas de reprovao, bem acima da mdia

    brasileira, que exemplifica as deficincias no processo de alfabetizao, sendo o terceiro ano o

    grande gargalo, pois a escola, que ciclada, no tem reprovao nos dois primeiros anos. Mas

    ao chegar ao terceiro ano, o aluno que no teve sucesso em seu processo de aprendizagem

    retido por mais um ano, conseguindo ou no ter sucesso ele aprovado para o quarto ano. Por

    isso, temos uma alta taxa de reprovao no quarto ano, quando ele fica reprovado novamente,

    15

  • o que no garante que ele se recupere plenamente, mesmo com todo o empenho do professor,

    pois esse fracasso j est introjetado.

    Srie / Ano Horrio Turma(s) Disciplina(s)

    Taxa de Reprovao da

    Disciplina (em %)

    Taxa de Reprovao

    do Brasil (em %)

    3 Ano 13:00 - 17:00 302 Lngua /Literatura

    Portuguesa 20 % 10.3 %

    3 Ano 07:30 - 11:30 301 Lngua /Literatura

    Portuguesa 19 % 10.3 %

    4 Ano 07:30 - 11:30 401 Lngua /Literatura

    Portuguesa 16 % 10.3 %

    Fonte: PDE Interativo, referente ao resultados do IDEB de 2009

    Esta no uma realidade somente da escola onde atuo; na verdade, por maiores que

    sejam nossos ndices, ainda temos escolas da rede municipal de Queimados em situao pior

    que a nossa, pois nos anos de 2011 e 2012 foram formadas turmas inteiras de alunos do quarto

    ano de escolaridade para serem alfabetizados.

    A tabela acima corresponde aos dados relativos a 2009. Hoje esta situao mudou

    um pouco, a taxa de reprovao j est bem menor, mas nada justifica que em uma escola,

    onde as turmas so pequenas, pois atende a um reduzido nmero de moradores, sendo distante

    e de difcil acesso, ainda haja taxas assim.

    O IDEB da escola est em elevao, mas ainda estamos longe da nossa meta. Este

    avano se deu devido reduo da taxa de evaso e melhoria na taxa de aprovao, mas no

    est ligada ainda a elevao do desempenho dos nossos alunos na Prova Brasil pois, pelos

    ndices, no avanamos muito.

    Anos iniciais do Ensino Fundamental

    Esfera IDEB Observado Meta

    2005 2007 2009 2011 2013

    IDEB Brasil 3.6 4.0 4.4 4.7 4.7

    IDEB Estado 3.7 3.8 4.0 4.8 4.8

    IDEB Municpio 3.6 3.7 3.8 4.2 4.7

    IDEB Escola (E M SAO JOSE) 4.1 3.3 3.6 4.2 5.2

    Fonte: PDE Interativo

    16

  • No resultado da Prova Brasil de 2011, que saiu recentemente, verificamos que numa

    escala de 0 a 350, a nota da prova de portugus foi de 168, devendo estar, pelo menos, na

    faixa de 200, para estar dentro do nvel adequado. De acordo com a tabela Descrio dos

    Nveis da Escala de Desempenho de Lngua Portuguesa SAEB, encontrada no site do INEP,

    nossos alunos esto dentro do intervalo de 125 a 175 da escala, que corresponde ao nvel dois

    de desempenho, que nos leva a considerar que:

    identificam o tema de um texto;

    localizam informao explcita. Exemplo: identificando, dentre vrios personagens, o

    principal, e, em situaes mais complexas, a partir de seleo e comparao de partes do

    texto;

    localizam elementos como o personagem principal;

    estabelecem relao entre partes do texto: personagem e ao; ao e tempo; ao e

    lugar.

    inferem informao em texto verbal (caractersticas do personagem) e no verbal

    (tirinha);

    interpretam pequenas matrias de jornal, trechos de enciclopdia, poemas longos e

    prosa potica;

    identificam o conflito gerador e finalidade do texto.

    Porm, necessitariam interpretar textos de maior complexidade e reconhecerem

    elementos de uma narrativa com temtica e vocabulrio complexos para alcanarem o nvel

    trs da escala de desempenho, o que nos deixaria numa situao um pouco mais confortvel.

    Em matemtica, numa escala de 0 a 425, o resultado no foi muito diferente, a nota

    obtida 195, mostra que a escola est no nvel trs, enquanto o considerado adequado seria

    estar no nvel quatro com nota entre 200 e 225.

    Nesse nvel, nossos alunos:

    calculam resultado de uma adio com nmeros de trs algarismos, com apoio de

    material dourado planificado;

    localizam informao em mapas desenhados em malha quadriculada;

    reconhecem a escrita por extenso de nmeros naturais e a sua composio e

    decomposio em dezenas e unidades, considerando o seu valor posicional na base decimal;

    17

  • resolvem problemas relacionando diferentes unidades de uma mesma medida para

    clculo de intervalos (dias, semanas, horas e minutos).

    Ao considerar o baixo desempenho dos alunos da Escola Municipal So Jos em

    portugus e matemtica, podemos imaginar que boa parte dessa dificuldade se d devido a

    incompetncia da escola em propiciar uma efetiva alfabetizao. E, para que isto acontea,

    precisa melhorar a qualidade das prticas pedaggicas na escola, sendo condio essencial

    para que haja avanos significativos na aprendizagem da leitura e escrita. Portanto, penso que

    esse tema seja pertinente e se justifique, pois atravs deste plano de ao, me proponho a,

    junto com o corpo docente, principalmente os professores do 1, 2 e 3 ano de escolaridade;

    refletir sobre as intervenes que promovam o avano dos alunos.

    18

  • 6. DISCUSSO TERICA

    O Brasil tem conseguido, nesses ltimos anos, cumprir com o seu compromisso na

    garantia do direito ao acesso educao e tem se esforado na garantia da permanncia, onde

    os gestores das unidades educativas tm uma participao significativa, pois so eles que tm

    a incumbncia de cuidar da frequncia e infrequncia dos alunos, encaminhando para os

    rgos competentes os casos crticos.

    Contudo, ainda um grande desafio para a educao brasileira a garantia de uma

    escola com qualidade social, pois se a escola no consegue garantir o mnimo de qualidade ela

    no consegue manter o aluno em seu seio, na verdade muitos alunos so abortados por no

    se adequarem s exigncias da escola. H uma luta travada, principalmente no segundo

    segmento do Ensino Fundamental, pelos educadores para que o adolescente das camadas

    populares se mantenha na escola. Talvez fosse diferente se a escola desse conta de sua tarefa

    mais elementar que garantir a aprendizagem.

    Bruno e Abreu fazem observaes interessantes quanto ao fracasso escolar; para elas

    o analfabetismo, a repetncia e a evaso so

    sintomas observveis e mensurveis a posteriori de um processo

    (...) construdo e alimentado e legitimado desde o incio e ao

    longo de toda a vida escolar. (...) quando um aluno abandona a

    escola, a escola j o abandonou h tempos... O fracasso j foi

    produzido e nesse momento o da evaso j se cristalizou e

    se desdobrou. (2006, p.95)

    Durante essa especializao e no desenvolvimento desse trabalho, tenho sido levada

    a refletir sobre o papel da escola, seu objetivo principal, o que seria uma escola de qualidade e

    como alcan-la. Penso que o papel da escola, na figura dos seus gestores, seria a garantia do

    cumprimento do direito do educando a uma educao que garantisse o que nos diz a

    Constituio Federal de 1988, no art. 205:

    A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia,

    ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade,

    visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para

    o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho.

    19

  • O que percebemos na prtica que a escola pblica no tem garantido aos seus

    alunos o seu pleno desenvolvimento, no o tem preparado para o exerccio da cidadania e nem

    qualificado para o trabalho, pois se nos debruarmos sobre os ndices de desempenho da

    educao brasileira, ou refletirmos sobre os dados das nossas escolas, percebemos quo

    distantes estamos do cumprimento da lei.

    A escola tem sido levada a ampliar muito o seu leque de atuao para garantir o

    acesso e permanncia do aluno no seu interior, mas ainda no tem conseguido garantir a

    qualidade almejada. Mas o que seria essa qualidade, como mensur-la? Se considerar a

    realidade da escola onde esse projeto ser desenvolvido, que atende crianas dos 4 aos 10

    anos, ou seja, do pr-escolar ao quinto ano de escolaridade, creio que seria uma boa escola se

    promovesse a alfabetizao e letramento dos alunos at o terceiro ano, reduzindo a

    reprovao, garantindo a aprendizagem, alargando as suas possibilidades de sucesso escolar

    nos anos seguintes. Portanto, se pensarmos sobre o trabalho a ser desenvolvido nas

    instituies escolares, chegamos concluso que o seu objetivo maior a promoo da

    aprendizagem dos alunos. Este o foco do seu trabalho, o fim do trabalho a ser

    desenvolvido pela escola e tudo deve convergir para que a aprendizagem acontea, as foras

    devem ser somadas visando esse objetivo, do gestor escolar ao funcionrio da limpeza este

    deve ser o entendimento.

    Para que a escola cumpra a contento o seu papel, a gesto pedaggica deve ser a

    prioridade dos gestores, todas as outras dimenses que envolvem a gesto escolar devem ser

    subsidirias dessa dimenso, pois concordo com Lck:

    A gesto pedaggica , de todas as dimenses da gesto escolar,

    a mais importante, pois est mais diretamente envolvida com o

    foco da escola que o de promover aprendizagem e formao

    dos alunos (...) Constitui-se como a dimenso para a qual todas

    as demais convergem, uma vez que esta se refere ao foco

    principal do ensino que a atuao sistemtica e intencional de

    promover a formao e a aprendizagem dos alunos como

    condio para que desenvolvam as competncias sociais e

    pessoais necessrias para sua insero proveitosa na sociedade e

    no mundo do trabalho, numa relao de benefcio recproco.

    (LCK, 2009, p.95)

    20

  • Porm, o que vemos na prtica que a gesto no democrtica e a dimenso

    pedaggica no recebe dos diretores de escola a ateno devida. O Coordenador Pedaggico

    tem que travar um embate para chamar a ateno para os projetos que esto sendo executados,

    tem dificuldades em dar prosseguimento aos planejamentos realizados porque esbarra na

    questo das verbas, pois no tem autonomia para decidir e o diretor foca em outras

    prioridades. Talvez isto acontea no porque o diretor assim o queira, mas pelas exigncias do

    prprio sistema e das polticas educacionais que sobrecarregam o gestor com tantas

    incumbncias, falta capacitao para o exerccio do cargo, alm dos baixos salrios, pois para

    que um profissional da educao sobreviva com um pouco de dignidade se v obrigado a

    assumir mais de um emprego.

    Sendo a gesto pedaggica to importante, pois supe a organizao, coordenao e

    avaliao de todos os processos e aes voltados para a promoo da aprendizagem dos

    alunos e sua formao, alm de dizer respeito aos esforos sistemticos, organizados e

    intencionalmente direcionados para a formao dos alunos, tendo por base os saberes da

    educao que orientam a reflexo, a ordenao e sistematizao e a crtica do processo

    pedaggico (cf. Lck, 2009), o Coordenador Pedaggico pode efetivamente contribuir na

    promoo de uma educao de fato, tendo um papel importantssimo na superao dos

    obstculos impostos para a escola, sem, contudo, ter um arcabouo legal para a sua profisso,

    com formao adequada e valorizao do seu trabalho.

    O papel do Coordenador Pedaggico na escola

    Parece haver um consenso entre os especialistas em educao sobre o importante

    papel que o Coordenador Pedaggico pode desempenhar no enfrentamento dos desafios

    colocados para a escola, que vai de articulador do Projeto Poltico Pedaggico, mediador do

    processo ensino/aprendizagem e formador dos professores.

    Bruno e Abreu (2006, p.105) concebem o Coordenador Pedaggico como

    O profissional que na unidade escolar responde

    fundamentalmente pelo processo de formao continuada dos

    educadores e pelo projeto de construo coletiva do projeto

    poltico pedaggico da escola e que, em comunho com os

    professores, elabora a qualidade das prticas educativas,

    21

  • favorecendo tambm, nesse processo, o crescimento intelectual,

    afetivo e tico dos professores e alunos.

    Mas, apesar desse consenso, no cotidiano escolar comum o envolvimento do

    Coordenador Pedaggico em situaes que vo da resoluo de problemas que envolvem a

    disciplina dos alunos, apaziguando os nimos e resolvendo os conflitos inerentes a este

    espao, to multifacetado; faltas de professores, que o obriga a assumir turmas; atendimento

    aos responsveis que, por algum motivo no compareceram s reunies, desejando saber

    como est o seu filho; atendimento aos professores nas suas muitas solicitaes que vo de

    suprimento de materiais a ajuda com algum aluno que no faz as atividades; reunies as mais

    diversas, cujo foco nem sempre colabora para o bom desenvolvimento de suas atribuies,

    mas que o deslocam da escola, principal lcus da sua atuao. Ou seja, infelizmente, ele se v

    mais envolvido em questes rotineiras que ocupam o tempo do que em atividades que

    envolvem o processo ensino/aprendizagem e de formao do professor. Percebo esta realidade

    ao conversar com colegas da rede municipal queimadense e tambm do estado fluminense,

    que fazem parte da minha rede de contatos.

    A Fundao Victor Civita, em 2011, realizou uma pesquisa para conhecer o perfil do

    Coordenador Pedaggico brasileiro e chegou concluso que grande parte deles concorda que

    a funo do coordenador seria a gesto da aprendizagem do aluno, acompanhando o trabalho

    pedaggico, contribuindo com a construo do PPP da escola, alm de contribuir para a

    formao dos professores. Mas que em contrapartida quando perguntados sobre o que

    realmente fazem, a lista de atividades destoa bastante do que seria a sua funo, indo da

    contribuio na gesto administrativa, ao supervisionamento de reformas ao papel de porteiro

    da escola.

    Nessa mesma pesquisa verificou-se tambm que nem todos os coordenadores

    entrevistados tinham plena conscincia de qual seria o seu campo de atuao na escola, pois

    boa parte deles eram professores desviados das funes docentes sem habilitao em

    pedagogia, no tendo clareza de qual seria a funo junto ao Projeto Poltico Pedaggico, de

    como poderia acompanhar o trabalho pedaggico de um professor na sala de aula ou como

    contribuir na elaborao do planejamento ou nas avaliaes a serem aplicadas e suas

    implicaes.

    Lembramos que h uma grande lacuna na formao do Coordenador Pedaggico.

    Fica a impresso que qualquer profissional da educao pode exercer esse cargo dispensando

    22

  • uma formao adequada. Fiz parte de uma turma do curso de pedagogia da UERJ, cujo

    currculo contemplava a habilitao em gesto, superviso e orientao, mas que, na verdade

    no me proporcionou a viso, que acho deveria ter, para exercer esta funo. Na rede estadual,

    tive a oportunidade de participar de uma capacitao com carga horria de 100 horas para

    coordenadores pedaggicos, com um amplo leque de discusses que contribuiu em parte para

    ampliar a minha viso quanto ao meu papel, mas ainda assim insuficiente. Quando tomei

    conhecimento dessa ps-graduao e disse aos meus colegas que me candidataria, muitos

    deles me questionaram pra qu, se eu j tinha Pedagogia? Mas a cada dia percebo que para o

    exerccio da orientao pedaggica nunca estarei pronta, pois os desafios da escola se

    ampliam e tambm as exigncias da funo.

    Na Escola Municipal So Jos recebemos novos professores todo incio de ano

    letivo, contratados para suprir as carncias. So profissionais que acabaram de sair dos cursos

    de Formao de Professores, inexperientes e mal formados, no tm nem noo do que fazer,

    o nvel de conhecimento muito fraco, no tendo condio sequer de fazer os relatrios

    descritivos dos alunos, pois no sabem produzir textos, no tem coerncia nem coeso textual,

    alm de erros grosseiros de ortografia. Quando a escola percebe que esse professor no tem

    condio de desempenhar o seu papel, pois compromete ainda mais a aprendizagem dos

    alunos, solicita a SEMED a substituio, que, no geral, troca-o de escola. Por isso, opta-se

    pela resoluo interna, atravs da orientao e superviso do trabalho, ajudar esse professor na

    sua tarefa, tentando reduzir os impactos negativos da m formao, cabendo ao Coordenador

    Pedaggico ser o mediador do processo ensino e aprendizagem, reduzindo as possibilidades

    de fracasso a que estas turmas estariam fadadas.

    A constatao acima chama a ateno para uma das novas exigncias para a funo

    do coordenador, pois a escola que tenha interesse em promover o sucesso escolar de seus

    alunos dever pensar na capacitao e formao de seus professores, sanando essas carncias

    diante do seu projeto de educao.

    ...a formao continuada deve estar centrada na escola [...]. o

    lugar onde os saberes e as experincias so trocadas, validadas,

    apropriadas e rejeitadas [...]. no cruzamento dos projetos

    individuais com o coletivo, nas negociaes ali implicadas que

    a vida na escola se faz e que, quanto mais projetos individuais

    estejam contemplados no coletivo, maior a possibilidade de

    sucesso destes. (Almeida 2006, p. 86)

    23

  • Conhecer a teoria que sustenta a proposta pedaggica da escola

    Ao fazer a escolha pela concepo de ensino que daria embasamento a prtica

    pedaggica na Escola Municipal So Jos fez-se a opo pelo construtivismo. Mas esta opo

    nem sempre interfere nas prticas desenvolvidas pelos professores, que na sua maioria usa as

    ideias empiristas com todas as suas implicaes.

    Acredito que a primeira questo que o Coordenador Pedaggico deve se ater seria

    buscar o domnio sobre as implicaes que a teoria construtivista traz para o processo de

    ensino, fazendo reflexes sobre a forma como se d o conhecimento e como pode orientar o

    professor, acompanhando sistematicamente o seu trabalho, colaborando com prticas mais

    afinadas com a teoria escolhida para embasar a Proposta Pedaggica da Escola.

    Pois, no geral, os professores, segundo Weisz, tm as suas prticas impregnadas pela

    teoria empirista cujas

    representaes sobre o que aprender e o que ensinar, quem

    o aluno, como ele aprende e o que e como se deve ensinar se

    expressa em um modelo de aprendizagem conhecido como

    estmulo-resposta. Esse modelo define a aprendizagem como

    a substituio de respostas erradas por certas (2011, p.48)

    Considerando que o professor aprende a priori a usar metodologias empiristas e que

    estas no do conta da alfabetizao e letramento dos alunos, torna-se necessrio confrontar

    tais prticas com as teorias construtivistas, principalmente como cada uma destas teorias

    concebe a construo do conhecimento.

    Os processos de ensino e aprendizagem

    A autora supra citada, em seu livro O dilogo entre o ensino e a aprendizagem, traz

    um entendimento que acredito ser o que basicamente vem faltando na formao docente. Para

    ela no existe um processo nico de ensino-aprendizagem, mas

    dois processos distintos: o de aprendizagem, desenvolvido pelo aluno, e o

    de ensino, pelo professor. So dois processos que se comunicam, mas no

    se confundem: o sujeito do processo de ensino o professor, enquanto o do

    processo de aprendizagem o aluno (2011, p.55).

    Esse entendimento muda a ao docente, pois o professor necessitar

    24

  • compreender o caminho de aprendizagem que o aluno est percorrendo

    naquele momento e, em funo disso, identificar as informaes e as

    atividades que permitam a ele avanar do patamar de conhecimento que j

    conquistou para outro mais evoludo. Ou seja, no o processo de

    aprendizagem que deve se adaptar ao de ensino, mas o processo de ensino

    que tem de se adaptar ao de aprendizagem (2011, p.55).

    Ao refletir sobre esta concluso da autora sobre como fazer com que o conhecimento

    do aluno avance, pensamos sobre uma situao muito comum no ensino brasileiro, o aluno

    que constantemente tem de se adaptar ao processo de ensino, o professor passa o contedo

    sem se importar com o processo de aprendizagem do aluno. Nessa condio as defasagens vo

    se acentuando e o aluno vai se distanciando do ideal, quando ele chega ao segundo segmento

    do Ensino Fundamental, as carncias so to gritantes, que a maioria evade, no consegue

    avanar.

    Weisz coloca a importncia de o professor organizar situaes de aprendizagem que

    consistem em atividades planejadas, propostas e dirigidas com a inteno de favorecer a ao

    do aprendiz sobre um determinado objeto de conhecimento respeitando alguns princpios que

    transcrevo abaixo:

    os alunos precisam pr em jogo tudo o que sabem e pensam sobre o contedo que

    se quer ensinar;

    os alunos tm problemas a resolver e decises a tomar em funo do que se

    propem a produzir;

    a organizao da tarefa pelo professor garante a mxima circulao de informao

    possvel;

    o contedo trabalhado mantm suas caractersticas de objeto sociocultural real, sem

    transformar-se em objeto escolar vazio de significado social.

    A avaliao como ponto de partida

    Acredito que para que haja uma melhoria substancial da qualidade na educao

    oferecida nas escolas, o professor precisa rever constantemente a sua concepo de avaliao,

    precisa deixar de pensar a avaliao de forma reduzida, que se limite a constataes, se

    reduzindo a nota ou conceito ao fim de um perodo.

    25

  • A avaliao uma atividade orientada para o futuro. Avalia-se para tentar

    manter ou melhorar nossa atuao futura. Essa a base da distino entre

    medir e avaliar. Medir refere-se ao presente e ao passado e visa obter

    informaes a respeito do progresso efetuado pelos estudantes. Avaliar

    refere-se reflexo sobre as informaes obtidas com vistas a planejar o

    futuro.Portanto, medir no avaliar, ainda que o medir faa parte do

    processo de avaliao. (Fernandes e Freitas, p.18)

    Pois a avaliao descreve que conhecimentos, atitudes ou aptides que os alunos

    adquiriram, ou seja, que objetivos do ensino j atingiram num determinado ponto de percurso

    e que dificuldades esto a revelar relativamente a outros.

    O Coordenador Pedaggico pode fazer a diferena nesta questo, pois pode, atravs

    de suas intervenes junto ao professor, ampliar o conceito de avaliao, mostrando todas as

    possibilidades que so colocadas a partir dos diagnsticos realizados. Esses diagnsticos

    realizados ao longo de um perodo e discutidos nos Conselhos de Classe, podem nortear a

    prtica pedaggica no perodo seguinte e tambm o campo de interveno do Coordenador

    Pedaggico nos encontros de formao, pois sinaliza onde o professor est tendo dificuldade

    para fazer o conhecimento dos alunos avanar, a avaliao passa a ser o ponto de partida.

    O articulador do Projeto Poltico Pedaggico

    O coordenador no papel de articulador do Projeto Pedaggico da escola deve se ater

    tambm aos objetivos e metas que demandem algum tipo de interveno junto aos docentes.

    Por exemplo, ao longo desses trs anos que estou como coordenadora na Escola Municipal

    So Jos, temos tentado fazer da leitura uma prtica diria nas turmas, mas nem todos os

    professores o fazem. Deixando de lado os porqus, penso que esta uma demanda real que

    pode mudar o curso de aprendizagem dos alunos, sendo um hiato na formao do professor

    uma demanda para a interveno do Coordenador Pedaggico.

    26

  • 7. METODOLOGIA

    A metodologia escolhida para a realizao deste trabalho foi a pesquisa-ao, tendo

    como inteno a interveno na realidade encontrada na minha escola de atuao, visando

    mudar o quadro ora encontrado. Esta modalidade muito pertinente ao tipo de proposta

    desejada como podemos ver na opinio de Tripp (2005, p.445), em seu artigo Pesquisa-ao:

    uma introduo metodolgica traduz o que seria este tipo de pesquisa

    importante que se reconhea a pesquisa-ao como um dos inmeros

    tipos de investigao-ao, que um termo genrico para qualquer

    processo que siga um ciclo no qual se aprimora a prtica pela oscilao

    sistemtica entre agir no campo da prtica e investigar a respeito dela.

    Planeja-se, implementa-se, descreve-se e avalia-se uma mudana para a

    melhora de sua prtica, aprendendo mais, no correr do processo, tanto a

    respeito da prtica quanto da prpria investigao.

    Os sujeitos envolvidos nessa pesquisa-ao sero os professores das turmas do Ciclo

    - 1, 2 e 3 ano escolar. Com base no nmero de alunos que temos hoje, possivelmente sero

    de trs a quatro turmas e consequentemente o mesmo nmero de professores. A faixa etria

    desses alunos est compreendida entre seis e oito anos de idade. Como o projeto ser

    executado no ano de 2013, alguns professores sero novos na escola, provavelmente

    aprovados no concurso pblico que est em andamento.

    Ao realizar o planejamento desse trabalho, lancei mo da pesquisa quantitativa de

    dados para diagnosticar a realidade da aprendizagem na Escola Municipal So Jos,

    examinando resultados das avaliaes externas realizadas pelo Ministrio Educao e Cultura,

    encontradas no site do INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio

    Teixeira e no SIMEC Sistema Integrado de Monitoramento e Controle. Alm da

    observao no estruturada da realidade dos alunos atravs de testes de leitura e dos relatos

    dos professores nos Conselhos de Classes, quando examinamos o desempenho dos mesmos.

    Quanto participao dos professores, pretendo que seja de forma colaborativa, pois

    ser um projeto conjunto, onde seremos corresponsveis e copesquisadores. Entendendo que

    este projeto de interesse de toda a comunidade escolar, pois trata da razo de existir da

    escola, que a garantia da aprendizagem, conto com a adeso de todos.

    27

  • Ainda necessitarei fazer uso da metodologia de pesquisa bibliogrfica, pois, para

    intervir nas limitaes docentes frente aos problemas de aprendizagem dos alunos, terei que

    estudar muito ao longo do ano letivo de 2013.

    28

  • 8. PLANO DE AO

    No incio do ano letivo, ao receber os professores na escola, pretendo expor o meu

    Plano de Ao, explicando-lhes os motivos que me levaram a idealiz-lo, expondo-lhes os

    dados que usei na introduo e justificativa deste trabalho, pois considero importante que

    todos estejam cientes do desempenho dos nossos alunos e resultados da escola.

    Solicitar aos professores que apliquem atividades avaliativas do nvel de desempenho

    dos alunos confrontando com as fases do processo de construo leitura e da escrita (ficha em

    anexo), para, assim, identificar os alunos dentro dos nveis e juntos buscarmos em literatura

    adequada, alternativas para fazer com que os alunos avancem para os nveis seguintes.

    Debater com os professores o contedo dos vdeos que fazem parte da srie do Salto

    para o Futuro: Todos podem aprender a ler e a escrever1, onde a autora traz importantes

    abordagens sobre alfabetizao do ponto de vista da neurocincia.

    Na semana de planejamento, que geralmente, na segunda quinzena do ms de

    fevereiro, resgatar da proposta pedaggica da escola as competncias mnimas a serem

    construdas (em anexo) pelos alunos do 1, 2 e 3 ano de escolaridade, que devero nortear o

    planejamento anual, j pensando que caminhos podero ser tomados visando o pleno

    desenvolvimento desses alunos.

    Leitura de texto da Revista Nova Escola2 com dicas de agrupamentos que sejam mais

    produtivos, para contribuir na organizao da sala de aula.

    Propor aos professores que de posse do livro didtico, da matriz curricular e das

    competncias para cada ano de escolaridade, faam o planejamento anual de modo que seja o

    mais objetivo e prximo da realidade, evitando inchaos desnecessrios. Trabalhando a

    leitura e produo escrita de forma contextualizada, preferencialmente atravs de projetos que

    promovam a reflexo dos alunos sobre importncia da leitura e da escrita na sociedade

    moderna, tornando-os autores competentes.

    1 Srie do Salto para o Futuro: http://tvescola.mec.gov.br 2 In.: http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/interacoes/como-agrupo-meus-alunos-427365.shtml?page=0#

    29

  • Usar os materiais encontrados sobre alfabetizao e letramento para a capacitao

    dos professores nos encontros pedaggicos durante o ano. Dentre esses materiais esto

    algumas sries do Salto para o Futuro sobre alfabetizao e letramento: Letra Viva e Todos

    podem aprender a ler e escrever.

    Acompanhar a aprendizagem dos alunos e a prtica do professor atravs de

    portfolios, da observao da prtica do professor em sala de aula, testes de leitura e produo

    de textos, anlise dos resultados e realizar os encaminhamentos necessrios.

    Acompanhar semanalmente o Plano de Aula do Professor, intervindo quando

    necessrio para que as aulas estejam dentro do objetivo maior que alfabetizar letrando,

    dando aos professores todo o embasamento necessrio para que mudem as prticas

    tradicionais arraigadas e infrutferas.

    Usar o Conselho de Classe como um momento propcio a reflexes sobre os avanos

    e retrocessos no processo de ensino e aprendizagem, refletindo sobre suas causas e

    consequncias. Dividindo o que foi promissor com o grupo e pensando alternativas para

    enfrentamento das dificuldades de aprendizagem dos alunos bem como as limitaes

    enfrentadas pelo professor. Trazer reflexes sobre a avaliao de forma a transformar as

    prticas avaliativas em prticas de aprendizagem.

    Realizar em conjunto com os professores um planejamento anual com as prticas

    cotidianas de leitura, planejando os projetos a serem desenvolvidos durante o ano,

    acompanhando atravs de portfolio as aes dos professores.

    Para atuar frente necessidade de formao dos professores penso percorrer os

    caminhos apontados por Lerner (2002) com a dupla conceitualizao e pela tematizao da

    prtica descrita por Weiss (2011).

    Na dupla conceitualizao, durante a formao, ocorre paralelamente dois

    aprendizados: sobre o objeto de ensino e sobre as condies didticas necessrias para que as

    crianas se apropriem dos contedos. Aqui lembro que a grande dificuldades dos alunos da

    Escola Municipal So Jos a alfabetizao e boa parte desses problemas advm do pouco

    acesso a situaes de leitura e escrita em seus lares. Se quisermos avanar nessa questo

    temos que avanar na capacitao do professor enquanto leitor e produtor de texto, torn-lo

    capaz de intervir, intervindo na sua formao.

    30

  • Na tematizao da prtica o Coordenador Pedaggico ele acompanha a prtica

    docente capturando-a e registrando-a para depois conversar com o professor confrontando os

    registros com o planejamento do professor, fazendo devolutivas, ajudando se necessrio,

    trazendo contribuies para a melhoria didtica na apresentao de determinado contedo,

    etc.

    31

  • 9. RESULTADOS ESPERADOS

    O que esperamos com esse projeto melhorar as prticas pedaggicas na escola de

    forma a reduzir as situaes de no alfabetizao.

    No consideramos esse trabalho simples e de fcil execuo, mas acreditamos que

    quando percebemos que podemos, atravs da formao, tanto do Coordenador Pedaggico

    quanto do professor, ter uma postura de agentes de transformao, fugindo do determinismo a

    que a escola parece estar condenada, onde poucos se sentem responsveis pelas mudanas

    necessrias, intervir de forma consciente e alterar o quadro que ora se apresenta.

    Tambm no me percebo capaz de intervir em todas as carncias que foram e sero

    detectadas ao longo da execuo desse plano de ao, mas diante da responsabilidade que a

    funo me exige no poderei me acomodar, terei que incessantemente me capacitar para

    contribuir com a melhoria da prtica do professor.

    Considerando todas as carncias que a escola pblica vive hoje, resultado de toda

    essa desigualdade social que a est, utopia acreditar que conseguiremos, apenas com

    esforo da equipe da escola, sanar todas as nossas dificuldades. Mas se conseguirmos reduzir

    o nmero de alunos que passam para o 6 ano em situao de analfabetismo funcional,

    alfabetizando de fato a grande maioria deles at o 3 ano, possibilitando que cheguem ao 4

    ano com condies de ampliar o seu rol de conhecimentos, j ter sido um grande avano.

    Para o alcance desses resultados espero mudar a viso do professor sobre o processo

    de ensino dos alunos mostrando que para que nossos alunos sejam bons leitores e bons

    escritores preciso garantir na alfabetizao situaes de comunicao contextualizadas.

    32

  • 10. CRONOGRAMA

    Aes

    Fev

    Ma

    r

    Ab

    r

    Ma

    i

    Ju

    n

    Ju

    l

    Ag

    o

    Set

    Ou

    t

    No

    v

    Apresentao do Plano de Ao aos professores X

    Exposio dos ndices e resultados da escola

    (Fluxo, evaso escolar, relao idade/srie,

    desempenho dos alunos nas avaliaes de portugus

    e matemtica na Prova Brasil)

    X

    Planejamento, com professores, de atividades que

    possibilitem avaliar as hipteses dos alunos do

    primeiro ao terceiro ano.

    X X

    Avaliao diagnstica dos alunos X

    Organizao dos dados da avaliao em tabelas e

    grficos possibilitando a visualizao do

    desempenho dos alunos.

    X X X X

    Aprofundamento terico sobre os nveis do

    processo de alfabetizao e letramento e diviso

    dos alunos em grupos produtivos.

    X X

    Rever e reelaborar, quando necessrio, as

    competncias a serem construdas pelos alunos dos

    trs anos do Ciclo de Alfabetizao.

    X X

    Realizar o planejamento anual e elaborar o Plano de

    Curso atentando para situaes de aprendizagem X

    Acompanhar semanalmente o Plano de Aula do

    Professor, intervindo quando necessrio para que as

    aulas estejam dentro do objetivo maior que

    alfabetizar letrando.

    X X X X X X X X X X

    Promover a capacitao docente nos Encontros

    Pedaggicos. X X X X

    Elaborar projetos, em parceria com os professores,

    que promovam a leitura e escrita. X X X X X X X X X X

    33

  • 11. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ALMEIDA, L. R. A dimenso relacional no processo de formao docente: uma

    abordagem possvel. In: Bruno, E. B.G; Almeida, L. R. & Christov, L. H. S. (Orgs.). O

    coordenador pedaggico e a formao docente. So Paulo: Loyola, 2006.

    BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil,

    promulgada em 5 de outubro de 1988. 24. ed. So Paulo: Saraiva, 2000.

    BRUNO. Eliane; ABREU. Luci. O coordenador Pedaggico e a questo do fracasso

    escolar. In: ALMEIDA. Laurinda; PLACO, Vera (orgs). O coordenador pedaggico e

    questes da contemporaneidade. 7. ed. So Paulo: Loyola, 2006.

    FERNANDES, Claudia; FREITAS, Luiz Carlos de. Indagaes sobre currculo: currculo e

    avaliao. Braslia: Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Bsica, 2007.

    FUNDAO VICTOR CIVITA. O coordenador pedaggico e a formao de professores:

    intenes, tenses e contradies. 2011

    LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possvel e o necessrio. Ed. Artmed,

    2002.

    LCK, Helosa. Dimenses de gesto escolar e suas competncias. Curitiba: Editora

    Positivo, 2009.

    MARTINS. Ana Rita; SANTOMAURO. Beatriz e BIBIANO, Bianca. Como agrupo meus

    alunos? Disponvel em Acesso em: 12 de

    out. 2012.

    MEC. SEED. TVE, Salto para o Futuro. Letra Viva: prticas de Leitura e Escrita.

    Disponvel em Acesso

    em: 20 de out. 2012.

    TRIPP, David. Pesquisa-ao: uma introduo metodolgica. In.: Educao e Pesquisa, So

    Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005

    TV Escola. Todos Podem aprender a ler e escrever. Disponvel em

    Acesso

    em: 12 de out. de 2012.

    WEISZ, Telma. O dilogo entre o ensino e a aprendizagem. So Paulo: tica, 2011.

    34

  • Anexo

  • Competncias mnimas a serem construdas em Lngua Portuguesa e Matemtica no

    Ciclo de Alfabetizao:

    a) Primeiro ano de escolaridade.

    Ln

    gu

    a P

    ort

    ug

    ues

    a

    Fazer intercmbio oral, ouvindo com ateno e formulando perguntas.

    Ouvir com ateno textos lidos.

    Ler textos conhecidos, como parlendas, adivinhas e canes.

    Conhecer e recontar repertrio variado de textos literrios.

    Escrever textos de memria de acordo com sua hiptese de escrita.

    Escrever o prprio nome e utiliz-lo como referncia para a escrita.

    Conhecer as representaes das letras maisculas do alfabeto de imprensa.

    Localizar palavras em textos.

    Escrever usando a hiptese silbica com ou sem valor sonoro convencional.

    Reescrever ditando textos conhecidos.

    Revisar textos coletivamente, apoiados em leitura em voz alta feita pelo

    professor.

    Mate

    mti

    ca

    Ampliar o conhecimento dos nmeros.

    Contar oral e mentalmente objetos.

    Utilizar estratgias pessoais para resolver problemas que envolvam as quatro

    operaes.

    Indicar o nmero certo quando houver poucos objetos.

    Ler mapas e plantas baixas simples.

    Identificar e representar semelhanas e diferenas entre formas geomtricas.

    Montar e desmontar embalagens tridimensionais.

    Usar o calendrio.

    Comparar, identificar e estimar grandezas (comprimento, massa, temperatura e

    capacidade) e iniciar o uso de instrumentos de medidas.

    Comear e usar e a fazer tabelas simples.

  • b) Segundo ano de escolaridade

    L

    ngu

    a P

    ort

    ugu

    esa

    Participar de intercmbio oral, ouvindo, perguntando e planejando a fala para

    diferentes interlocutores.

    Recontar histrias conhecidas recuperando caractersticas da linguagem do

    texto original.

    Apreciar textos literrios.

    Ler, com ajuda, diferentes gneros.

    Ler, por si mesmo, textos conhecidos.

    Entender o sistema alfabtico, mesmo escrevendo com erros ortogrficos.

    Escrever alfabeticamente textos que conhece de memria.

    Reescrever histrias conhecidas, ditando-as ou de prprio punho.

    Produzir textos simples de autoria.

    Mate

    m

    tica

    Realizar contagem oral.

    Saber regras do sistema numrico.

    Ler e produzir escritas numricas.

    Identificar e representar diferentes formas geomtricas.

    Utilizar sistemas de medidas convencionais.

    Usar e fazer tabelas e grficos de colunas.

    c) Terceiro ano de escolaridade

    Ln

    gu

    a P

    ort

    ugu

    esa

    Participar de situaes de intercmbio oral, ouvindo com ateno, formulando

    e respondendo a perguntas, explicar e compreender explicaes, manifestar

    opinies sobre o assunto tratado.

    Apreciar e ler textos literrios.

    Ler, com ajuda, textos para estudar (textos de sites, revistas etc).

    Reescrever de prprio punho histrias conhecidas, considerando as

    caractersticas da linguagem escrita.

    Produzir textos coletivamente com a ajuda do professor ou em parceria com

    colegas.

  • Mate

    m

    tica

    Utilizar o sistema numrico em sua forma convencional.

    Articular melhor os nmeros em estratgias de clculo mental.

    Usar tcnicas convencionais de adio e subtrao.

    Comear a sistematizar algoritmos (conta armada).

    Ampliao do uso das operaes de adio, subtrao, multiplicao e

    diviso.

    Interpretar representaes do espao.

    Aprimorar o uso da linguagem especfica para figuras e formas.

    Saber ver as horas.

    Utilizar o sistema mtrico (convencional ou no) com mais preciso.

    Aprimorar o uso de tabelas simples e usar grficos com colunas e barras.