o convite ao anticomunismo

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    Enviado pelo camarada Lcio Jr para Comunidade Josef Stlin

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    Convite ao anticomunismo: a persistncia do paradigma da

    Guerra Fria em um texto didtico de Filosofia

    Lcio Emlio do Esprito Santo Jnior1

    Resumo

    Esse artigo trata da presena do paradigma da Guerra Fria em um texto didtico:Convite Filosofia, de Marilena Chau. O texto demonstra a necessidade de atualizar o

    material didtico brasileiro, levando em conta a atual gerao de historiadores Ps-Guerra Fria: Grover Furr, Arch Getty, dentre outros.

    Palavras-chave: Histria, Guerra Fria, revoluo russa, Stlin, Marilena Chau

    Introduo

    Esse artigo trata da persistncia do paradigma histrico da Guerra Fria no texto

    didtico Convite Filosofia, originalmente elaborado para o Ensino Mdio, de autoria

    de Marilena Chau. Esse paradigma histrico da Guerra Fria foi elaborado em boa parte

    pela academia norte-americana e somente agora comea a ser revisto pela mesma. Uma

    anlise do livro de Marilena Chau comprova que esse paradigma ainda continua

    vigorando na universidade brasileira.

    1. O que o paradigma da Guerra Fria

    Em primeiro, que paradigma seria esse? O paradigma histrico da Guerra Fria

    seria uma explicao histrica fortemente anticomunista gerada principalmente nas

    universidades norte-americanas a partir dos anos 40 e 50. Ligada ao complexo

    1 Graduado em Filosofia. Mestre em Estudos Literrios (UFMG).

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    partir para construir a sociedade sem estado: ainda foram necessrias longas

    negociaes com os alemes e austracos, assim como depois da paz em separado veio a

    guerra civil. Sem uma administrao, est claro que a revoluo fracassaria.

    Marilena Chau cita o fracasso da revoluo na Alemanha como uma das

    dificuldades experimentadas pela revoluo de outubro, mas articula esse argumento na

    sequncia de seus argumentos de que foi uma revoluo contra toda expectativa

    marxista (como se marxista fosse sinnimo de menchevique). A mesma Chau

    descreve o perodo do comunismo de guerra, quando a Rssia sovitica estava em

    guerra civil, como capitalismo de estado, que um conceito muito imprprio: como

    se pode dizer que existe capitalismo num sistema econmico onde os bancos e as

    fbricas acima de quarenta empregados foram estatizados? Marx e Engels escreveram

    na Crtica do Programa de Gotha:

    Entre a sociedade capitalista e a sociedade comunista medeia o perodo datransformao revolucionria da primeira na segunda. A este perodocorresponde tambm um perodo poltico de transio, cujo Estado no podeser outro seno a ditadura revolucionria do proletariado (MARX EENGELS, 2001, p. 20).

    Chau argumenta que Lnin teria proposto o afastamento de Stlin em 1923, mas

    que o lder no foi atendido. Realmente, o testamento continha essa crtica (sugeria esseafastamento, mas no em favor de Trotsky), mas esse mesmo texto tambm chamou

    Trostky de falso bolchevista. Nessa poca, houve o debate pblico sobre os rumos da

    revoluo, com a teoria do socialismo em um s pas de Stlin contra a teoria da

    revoluo permanente, de Trotsky (que era a mesma teoria que ele apresentava desde

    1906).

    A teoria de Trotsky implicaria na alternativa de impor a revoluo atravs de

    aventuras militares ou retornar ao que existia antes de outubro de 1917. Tal hiptese foi

    derrotada, assim como Stlin foi eleito secretrio geral do partido sucessivas vezes.

    Realmente, Stlin imps a industrializao forada, a coletivizao e fez expurgos

    polticos no decorrer dos anos 30. Tais acontecimentos se deram em funo da

    aproximao de uma nova guerra mundial a partir de 1929: em 31 o Japo invadiu a

    China, em 33, Hitler subiu ao poder. A partir da, passou a ser possvel uma coligao

    de estados europeus contra a Unio Sovitica. Os grandes expurgos foram mais para

    poder organizar um sistema de poder que era catico do que um exemplo de

    totalitarismo, de acordo com textos como Origens dos Grandes Expurgos (livro indito

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    em portugus), do historiador norte-americano Arch Getty. De acordo com esse

    historiador, at essa poca, se algum era expulso do partido, bastava uma autocrtica

    verbal para poder voltar. No foram apresentados, at hoje, documentos comprovando a

    tortura dos acusados e as falsificaes dos chamados Julgamentos de Moscou. E

    existem, pelo contrrio, evidncias demonstrando que os julgamentos foram justos.

    Comentou o historiador Grover Furr (tambm indito em portugus), de Montclair State

    University (New Jersey) a respeito desse assunto:

    Durante a ltima dcada, muita evidncia documental emergiu dos arquivosformais soviticos para contradizer o ponto de vista cannico desde o tempode Kruschev de que os rus, nos Processos de Moscou e na conspiraomilitar do Caso Tukachevsky, foram vtimas inocentes foradas a fazerconfisses falsas. Ns publicamos e escrevemos um grande nmero detrabalhos ou, ao pesquisar para publicar, podemos dizer que agora temosforte evidncia de que as confisses no eram falsas e que rus dosProcessos de Moscou pareciam ter sido verdadeiros em confessar asconspiraes contra o governo sovitico (FURR, 2010, p. 7).

    Assim, h que se fazer a reviso de tudo o que se comumente se escreve a

    respeito da histria da Unio Sovitica nos livros didticos. Em seu livro didtico,

    Chau utiliza frequentemente o conceito totalitarismo para definir o regime da Unio

    Sovitica. O conceito de totalitarismo abrange nazismo, comunismo e imperialismo.

    Como iguala nazismo e comunismo, um conceito tpico do paradigma histrico da

    Guerra Fria. Igualar nazismo e comunismo recurso tpico da propaganda

    anticomunista. No obstante, h todo um tpico chamado o totalitarismo stalinista. E,

    para ela, ele no acabou nem com sua morte:

    Embora o totalitarismo russo esteja ligado indissoluvelmente ao nome deStlin, isso no significa que tenha terminado com sua morte. At a chamadaGlasnost (transparncia), proposta nos anos 80 por Gorbachev, existiu ostalinismo sem Stlin, ou seja, o totalitarismo (CHAU, 2001, p. 427).

    Ela ainda vai mais alm, insistindo que as grandes teses de Marx foram

    destrudas pelas teses stalinistas. Um simples fragmento de um discurso de Gorbachev

    pode responder quem destruiu o qu:

    O objectivo da minha vida era a eliminao do comunismo, uma ditadurainsuportvel sobre o povo. A minha mulher, que tinha compreendido estanecessidade mesmo antes de mim, apoiou-me inteiramente. Foi justamentepara o alcance deste objectivo que me servi da minha posio no partido eno pas. Precisamente por isso, a minha mulher incentivavameconstantemente para que ocupasse sucessivamente posies cada vez maisaltas no pas. Quando conheci pessoalmente o Ocidente, percebi que nopodia renunciar ao objectivo definido. E, para ser alcanado, precisava de

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    substituir toda a direco do PCUS e da URSS, bem como a direco emtodos os pases socialistas. O meu ideal nessa altura era a via dos pasessociais-democratas. (GORBACHEV, apud: GOSWEILLER, 2011,p. 12).

    Esse foi o discurso de Gorbachev no contexto de 1991, quando dodesmoronamento da Unio Sovitica. O que verifiquei aqui que Marilena Chau que

    essa exposio praticamente um exemplo do paradigma histrico da Guerra Fria. O

    que fica que a revoluo socialista impugnada enquanto experimento socialista.

    3. Concluso

    O texto didtico de Marilena Chau mostra uma interpretao em sintonia comum paradigma histrico da Guerra Fria e que persiste, embora devesse ser superado. No

    entanto, esse paradigma configura ainda a maior parte de nossos estudos histricos.

    Marilena Chau fez uma exposio tendenciosa, associada aos mencheviques e a

    Trotsky, da revoluo de outubro, assim como o perodo Stlin foi visto sob esse

    prisma. Mesmo a remisso a Marx mistificada, supondo que Marx e Engels

    imaginaram uma transio que se desse diretamente do capitalismo para uma sociedade

    sem estado, o que contraria um dos poucos textos onde eles imaginaram como seria a

    sociedade socialista, a Crtica ao Programa de Gotha.

    4. Bibliografia:

    CHAU, Marilena. Convite Filosofia. So Paulo: Editora tica, 2001.

    ENGELS, Friedrich. MARX, Karl. Crtica do Programa de Gotha.

    FURR, Grover. Evidncias da Colaborao de Trotsky com a Alemanha e o Japo.

    . .

    GETTY, Arch. The Origins of the Great Purges: The Soviet Party Reconsidered, 1935-

    1938. New York: Cambridge University Press, 1995.

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    GOSSWEILER, Kurt. As vrias cascas da cebola Gorbachev. >..