o consumo musical midiático e a construção de sentidos por crianças de 9 a 12 anos

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    O consumo musical miditico e a construo

    de sentidos por crianas de 9 a 12 anos

    El consumo musical meditico y la construccinde sentidos por nios de 9 a 12 aos

    The musical media consuming and the construction

    of sense by 9 to 12 years old children

    Maria Jos Dozza Subtil1

    Resumo O presente texto prope uma reflexo sobre sentidos atribudos

    msica por crianas de 9 a 12 anos, considerando o consumo miditico

    como indutor de significados. Adorno, Horkheimer e Benjamin auxiliam na

    compreenso da dimenso contraditria da indstria cultural, e Said, Eco e

    Green so utilizados para discutir as significaes musicais. Os dados resultam

    de entrevistas e questionrios com crianas de quarta srie, que revelaram a

    predominncia da televiso na produo do gosto musical.

    Palavras-chave: Consumo miditico. Significaes musicais. Educaomusical.

    Resumen El presente texto propone una reflexin sobre sentidos asignadoa la msica por nios de 9 a 12 aos considerando el consumo meditico como

    inductor de significados. Adorno, Horkheimer y Benjamin auxilian en la

    comprensin de la dimensin contradictoria de la Industria Cultural; Said, Eco

    y Green son utilizados para discutir las significaciones musicales. Los datos

    resultan de encuestas y cuestionarios realizados con nios de cuartas series quienes

    revelaron la predominancia de la televisin en la produccin del gusto musical.Palabras-clave: Consumo meditico. Significaciones musicales. Educacin

    musical.

    1 Possui mestrado em Educao pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1997) e doutorado em Engenha-ria de Produo Midia e Conhecimento, pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003). PesquisadoraSnior do Mestrado em Educao da UEPG, atua nas seguintes reas: formao de professores, poltica educa-cional, educao a distncia, msica, arte, mdia e tecnologias. autora do livro Msica miditica e o gosto mu-

    sical das crianas. Coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educao Comunicao e Arte (GEPEAC).Email: [email protected]

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    Abstract This text proposes a reflection on the senses construction to music bychildren of 9 to 12 years old considering the media consuming as a meaningful

    inductor. Adorno, Horkheimer and Benjamin have helped us to comprehendthe contradictory dimension of the Cultural Industry and Said, Eco and Green

    have based us to discuss the musical significant. The data have resulted from

    interviews and questionnaires with children from the fourth grade level who have

    revealed the predominance on television in liking musical production.

    Keywords: Media consuming. Musical meanings. Musical education.

    Data de submisso: 03/2010Data de aceite: 06/2010

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    Introduo

    O presente texto prope uma reflexo sobre significaes musicais,objetivando entender como as crianas explicam a sua relao com amsica em decorrncia das experincias miditicas que impregnamo cotidiano.

    Tal investigao tem como objetivo maior a compreenso do cam-po musical dada a necessidade de aprofundamentos tericos quanto msica, tendo em vista a demanda crescente pela escolarizao dosfatos musicais.2

    Parte-se da compreenso de que a msica resulta da materialidadesocial e histrica, e que o homem cria na arte no apenas coisas, mas re-laes que satisfazem necessidade essencialmente humana de objetivarsua dimenso espiritual, tornando-a sensvel nas formas artsticas. Nesseprocesso ele potencializa as capacidades espirituais alm da prtica cria-dora e transformadora existente no trabalho em geral, ao mesmo tempoem que humaniza a natureza (VAZQUEZ, 1978).

    O carter social da produo artstica s se realiza quando ela fruda pelos outros, porque a obra existe para ser consumida, paraser comunicada alm das barreiras do tempo e do espao. O fruidorcapta essa experincia identificando-se com ela, reconhecendo nelaos atributos de humanidade que o autor soube incorporar. Portanto,a arte s tem significado quando outros se apropriam dessa signifi-cao (Idem).

    necessrio considerar que a msica e os seus significados so ho-

    je redutveis, embora no de forma determinante, aos imperativos eco-nmicos da sociedade capitalista de consumo. Horkheimer e Adorno(1982) criam a expresso indstria cultural como processo de indus-trializao que organiza a produo artstica e cultural no contexto dasrelaes capitalistas de produo, para ser lanada no mercado, vendidae consumida massivamente, como qualquer mercadoria.

    2 A lei 11.769/2008 altera a lei 9.394/2006 para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino de msica.

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    Walter Benjamim contesta o carter negativo da reproduo tecno-lgica dos objetos artsticos e diz que a possibilidade de multiplicao

    presentifica e destitui a arte do seu carter sagrado e ritual. Para o autor,a obra de arte, na era de sua reprodutibilidade tcnica revoluciona o esta-tuto da cultura, dissolve o conceito burgus de arte, transforma a cultura

    de elite em cultura de massa (1982, p. 217).Dessas formulaes resulta que a anlise dos fatos musicais no pode

    prescindir da considerao dos intervenientes mais amplos que atuam naforma como se produz significados. O pano de fundo do texto a visode que as mdias em geral, e a televiso em particular, so fundamentaisnessa significao.

    As pesquisas de SUBTIL (2003, 2006) mostram o papel prepon-derante da televiso na fruio e consumo musical de crianas de9 a 12 anos, mas mais do que isso, refletem sobre o fato de queesse consumo institui no s o gosto musical, mas outra noo deinfncia, em que a prpria relao adulto/criana se constri pelamediao televisiva.

    Os dados empricos aqui apresentados resultam de pesquisa realizadade 2000 a 2006 com alunos de quarta srie de duas escolas, uma p-blica e outra particular, objetivando captar as significaes atribudas msica. O presente texto traz parte das anlises dessa pesquisa, que in-vestigou tambm preferncias musicais, mdias privilegiadas na fruiomusical, atividades dos tempos livres e mediaes familiares no consu-mo musical.

    Reflexes sobre performance a mixagem som/imagem

    como produtora de significados

    poca da pesquisa (2000 a 2006), 90% dos sujeitos da pesquisa afirma-ram a televiso como a principal fonte de conhecimento e fruio mu-sical. Os programas dominicais (Gugu, Fausto, Raul Gil em especial)

    foram os mais citados como indutores do gosto, alm das novelas cujas

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    msicas marcam determinados personagens, e foram citadas como pre-feridas pelas crianas investigadas.3

    importante lembrar que os significados atribudos msica atual-mente, particularmente em relao s crianas, tm relao com a mi-xagem cano/imagem/movimento. Msica e performance, na mdia,confundem-se. Faz parte da experincia musical e isso sem dvidadecorre do aparato tecnolgico a vivncia de eventos no s visuais,sonoros ou cinestsicos, mas a prpria aglutinao massiva, o estar juntocom outros, na grande multido (ou com os amigos, assistindo), no mes-mo balano e movimento, cantando o mesmo refro, numa experinciafsica, sensorial. Dentre as tcnicas de que a mdia dispe para promoveressa agregao, a mixagem som/imagem sem dvida a mais competen-te. vlido considerar que essa pode ser uma caracterstica apenas acen-tuada pela mdia, por meio do aparato tecnolgico, mas que j faz partedo modo de ser musical, ou seja, h visualidade e cinestesia inerentes aoouvir, tocar, cantar e interpretar. Importante ressaltar que a TV mostrano s os cantores e cenrios, mas a prpria reao do auditrio e do

    pblico dos shows, e isso faz parte do espetculo, educando as crianastambm para se comportar como pblico.A relao estabelecida entre o pblico infantil e a TV se reveste de

    espcie de mgica, agregando no s o contedo mas a forma4, cuja es-sncia um

    (...) ludismo que evidencia a cumplicidade e as regras especiais que dife-rem das leis, do institudo. Esse jogo, ritualstico, da ordem do prazer

    sem finalidade estipulada, serve de pretexto para o ser-estar-junto, e essegozo se esgota no prprio ato. A teleaudincia coloca-se como a eufemi-zao de um ritual totmico que refora o sentimento de pertena a umadada tribo (REZENDE, 2000, p. 73).

    3 Em pesquisa realizada em 2008 e 2009, cujos dados esto sendo tabulados e analisados, h alterao em rela-o a isso quando aparece, particularmente nas escolas particulares, a internet como veiculadora das msicasde preferncia. No entanto, a televiso ainda constitui-se na principal fonte de fruio musical, com os mesmosprogramas de auditrio registrados em anos anteriores.4

    Autor pioneiro na abordagem dessa questo foi Mc Luhan, ao cunhar a expresso o meio a mensagem, paraafirmar a supremacia da forma televisiva subliminar, camuflada sob o contedo na produo dos significados.

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    Said (1991, p. 22), referindo-se aos concertos de msica clssica, tececonsideraes sobre a execuo e interpretao musical que podem ser

    apropriadas ao nosso caso particular: A performance de uma importn-cia imediata maior mais urgente, mais tensa e inflamada para a msi-ca do que para a recepo seja da literatura, seja das artes visuais.

    O autor afirma a ideia de certa dependncia da msica como ex-perincia esttica altamente especializada e reclusa da performance,como forma e roupagem que ela veste para se disponibilizar socialmen-te. Essa natureza pblica da performance teria a funo de encurtar asdistncias entre o ntimo, o particular, a composio e a exposio sociale cultural por meio da interpretao. Assim, vlido afirmar que ela seconfigura como mediao entre produo e fruio, dela depende a ob-jetivao do fato musical.

    importante refletir sobre o fato de que a mdia espetaculariza asociedade, a vida, o sofrimento e a dor e, particularmente em relao msica, dando realce vida privada dos cantores e autores, intrpretes,e desse modo criando uma forma de fruio paralela que influi na atri-

    buio de significados msica. As manifestaes das crianas revelammuito do carter expressivo da msica.

    Explicitaes quanto ao significado da apreciao musical5

    O que pensam e falam as crianas sobre msica6

    As formulaes deste item resultam de pesquisa feita por meio de ques-tionrio e entrevistas, em um total de 126 crianas de idade varivel de

    9 a 12 anos (53% com 10 anos), em duas escolas, uma pblica e outraparticular, com perguntas abertas, para levantar os significados atribu-dos aos sentimentos, sensaes, emoes e conhecimentos mobilizadospela msica. So elas:

    5 Importa esclarecer que essa pesquisa desenvolveu-se dentro de um projeto que visava, a partir de atividades mu-sicais, conhecer melhor as crianas de determinada faixa etria (9 a 12 anos), objetivando uma proposta de edu-cao musical que levasse em conta os saberes e vivncias dos alunos.6

    As reflexes deste item referem-se a momentos diferentes da pesquisa. O primeiro, de 1999 a 2002, e o segun-do, de 2005 a 2006.

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    1- Voc gosta de msica? Por qu?2- Escreva frases ou palavras que descrevam o que voc gosta numa

    msica.3- Voc gosta de msica erudita? Sim? No? Por qu?

    As duas primeiras questes revelaram algumas categorias de significa-o organizadas em temas abrangentes. Assim, o por qu e aquilo de quegostam em msica se traduzem em expresses e palavras distribudascomo segue:

    - conhecimento (31%) respostas que fazem referncias a elemen-tos objetivos da msica, passveis de serem observados e relatados deforma a evidenciar um conhecimento prtico, como som, ritmo, me-lodia, andamento, letra e cantores, por exemplo;- bem-estar fsico (20%) referncias a relaxamento, calma e des-canso;- expresso de sentimentos (15%) manifestaes que explicitam a

    possibilidade de a msica provocar comportamentos afetivos;- divertimento/distrao (19%) a msica como lazer, diverso eatividade para passar o tempo e espairecer;- prticas musicais (15%) manifestaes que apontam o carteroperativo ouvir, cantar e danar.

    A maior incidncia est na classificao conhecimento (31%), queretrata reconhecimento objetivo de elementos musicais, seja em relao

    aos cantores, ao ritmo ou s letras. Essa evocao remete a uma prticaque busca identificar, reconhecer e classificar as diversas formas e estilosmusicais. Importa destacar que esse no um conhecimento sistemticoproposto pela escola, ou qualquer outra instituio formal, mas prove-niente das veiculaes miditicas que impem um gosto, mas favorecemtambm um saber musical.

    Porque os cantores cantam bem... estilo rock... clssica... Gosto dos rit-

    mos... o som... a letra... o ritmo... o tom de voz... velocidade em que se canta

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    (escola particular). Porque o cantor bom, bonito e a msica suave... oritmo e o ttulo... pelo tipo dela (crianas da escola pblica).

    A outra opo de resposta, numericamente significativa (20%), re-lao da msica aobem-estar fsico, diz respeito ao sentir-se bem e fazreferncia a sensaes fsicas/mentais evocadas como acalmar, relaxar,descansar etc.

    Porque a msica faz com que nos acalme, e assim nosso corpo se solte...

    a msica me faz bem... porque quando escuto me sinto melhor(crianas daescola particular). Porque faz bem para os ouvido (sic)... a gente se sentemelhor e faz que ser criativo (crianas da escola pblica).

    A incidncia de respostas est em equilbrio entre as duas escolas eentre os sexos, o que demonstra certa unanimidade nessa viso de msi-ca como terapia, para acalmar, relaxar e produzir sensao de bem-estar,e que privativa dessa rea, no se repetindo nas outras expresses arts-ticas. Interessante observar como essa concepo compartilhada comos professores (SUBTIL, 2008).

    Por outro lado, 15% das falas explicitam o gostar de msica por meio

    da expresso de sentimentos, emoes e vivncias que ela provoca. Pala-vras habituais so paz, alegria e amor:Porque me alegra quando estou triste... uma msica que tem a ver co-

    migo... porque a msica me faz sentir bem e principalmente expressar as

    coisas que sinto... s vezes voc pode expressar coisas do interior(crianasda escola particular ). Acho a msica interessante, ela mexe com meucorao... gosto das partes romnticas... me faz sentir alegria e emoo(crianas da escola pblica).

    Em relao aos sentimentos provocados pela msica, Snyders (1982,p. 90) considera que a qualidade musical no o atributo fundamentalpara emocionar e enlevar: Num dado momento, uma msica pode nostocar at s lgrimas e reconheceremos em seguida que ela era bastantebanal, musicalmente falando, e que estava, naquele momento, associada

    a um conjunto de elementos emotivos.Gostar de msica comodivertimento/distrao, (19%), ou seja, por-

    que ela anima e serve para preencher o tempo, est no imaginrio e no

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    cotidiano dessas crianas (e da sociedade). Prtica descompromissada,que no exige esforo e oferece prazer. Eco (1976, p. 299) faz meno a

    uma msica de entretenimento e de evaso, de jogo e de consolo.Gosto de diverso... as pessoas gostam de msica para se distrair(crian-

    as da escola particular). Porque a msica bom para refrescar o pensa-mento... porque a gente se agita, deixando tudo o que ruim de lado...

    interessante e bom para passar o tempo (crianas da escola pblica).As prticas musicais ouvir/danar/cantar so atividades elencadas

    pelas crianas como motivos para gostar de msica (15%). Cabe ressaltarque essa opo aparece muitas vezes subentendida na anterior, ou seja,tais prticas so ligadas ideia de diverso e passatempo e revelam umaspecto mais operativo que as anteriores:

    Porque gostoso de ouvir... porque gosto de cantar, danar... gostosa, apa-rece sempre em rdios e na TV, d pra ouvir, danar e tudo mais... d prase agitar, danar, cantar... faz bem cantar (crianas da escola pblica).

    Tal opo foi significativamente maior na escola pblica. O carterde festa da msica talvez seja apropriado de modo mais recorrente nascamadas populares.

    Apesar de no serem significativos numericamente, chamaram aateno dois aspectos presentes nas manifestaes das crianas, querevelam introspeco, em particular as meninas, manifestados quan-do fazem referncia a lembrar/esquecer junto com outras aluses asentimentos inerentes msica. Ouvir msica, sentir saudade e lem-

    brar algum ou esquecer o cotidiano no so aes tributveis so-mente aos adultos: bom para esquecer os problemas... esqueo o queestava fazendo... me faz imaginar e lembrar das pessoas que eu gosto(crianas da escola particular); faz eu lembrar da minha me e dasminhas irms... faz a gente ficar com saudades (crianas da escolapblica); e a reflexo sobre a vida, em especial na escola particular:porque podemos saber sobre a vida do mundo... a msica a mais bela

    melodia e representa o agito da vida... significa o valor da vida. bom

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    ressaltar que essa escola, de carter confessional, tem como prtica aorao e momentos de ref lexo.

    A terceira questo trouxe mais elementos de anlise da produo designificados. Ainda que parea que a msica clssica7 no de conhe-cimento das crianas, em particular das camadas mais pobres, as res-postas mostram que as informaes circulam (gostando ou no desseestilo) em maior ou menor intensidade pelos grupos sociais. No total(126 alunos investigados), 34 afirmaram gostar de msica clssica, 89no e 3 no responderam. Cabe ressaltar que a msica erudita se fazpresente na mdia em novelas e comerciais e foi reconhecida pelos su-jeitos da pesquisa.8

    As afirmaes positivas, em sua maioria, so da escola particular, pro-venientes das meninas: porque bonita bem suave... gosto de msica,no importa se clssica ou no, o que vale o sentimento (!)... me deixa

    calma... Uma dessas respostas chama a ateno pelo significado de clas-se na aquisio de capital cultural: gosto porque desde beb eu j ouviamsicas clssicas.

    de um menino da escola pblica a resposta mais significativa emrelao ao gostar de msica clssica, e revela certo apuro auditivo: gostoporque fcil de escutar e difcil de tocar. No deixa de ser uma explicaoadequada a um tipo de msica com complexidade muito maior, de produ-o e de execuo, do que as que habitualmente esto na mdia, e, quandoveiculadas, servem para pano de fundo em novelas ou personagens.

    As justificativas para o no gostar so: porque chata... parada... dsono... algumas no tm letra... algumas so tristes... devagar... muito

    estranho os passos de dana (com certeza refere-se ao bal)... eu gostode msica mais agitada... no d pra danar... irritante... porque os

    cantores gritam ao invs de cantar (refere-se pera)...o meu pai nogosta e eu puxei ele.

    7 Utilizei msica clssica porque significa, no senso comum, a msica elaborada, erudita, quando colocada emrelao msica popular, e o termo mais conhecido.8

    Podemos citar como exemplos Carmina Burana, de Karl Orff, As quatro estaes, de Vivaldi, msicas de Bach,Beethoven, Villa-Lobos.

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    Uma constante nas respostas a questo do andamento muito lento,no d pra danare tem a ver com o ritmo. Adorno (1991) destaca a difi-

    culdade em ouvir consciente e seletivamente a msica sria, decorren-te do assdio auditivo miditico que elege a msica ligeira (popular)como padro de gosto a ser aceito e seguido.

    Cabe refletir sobre o fato de que, na escola particular, a resposta nega-tiva msica clssica destaca certa familiarizao, revelada na refernciaao bal e pera, que permite no gostar, aludindo a elementos prpriosdesse gnero musical. Enquanto na escola pblica o no gostar tem a vertambm com a falta de acesso. Algumas respostas so: eu nunca ouvi...porque no sei nenhuma... no conheo e no vejo falar dela. Algumas, noentanto, revelam algum tipo de conhecimento: eu no gosto de msicade som grave... merrita (sic) quando eu quero dormir... acho esquisita... elescantam com voz estranha (pera)... muito lenta e no faz o meu tipo.

    Aqui reside contingncia independente da ao da mdia, ou, pelomenos, no to dependente, que a aquisio cultural por familiariza-o, ou capital cultural familiar, um aprendizado precoce que depende

    do poder aquisitivo para adquirir CDs e discos e tambm de um conhe-cimento que prprio de um estilo de vida. Difere do capital escolaradquirido, configura-se como a possibilidade das crianas da escola par-ticular acessarem desde cedo obras que atendam a um gosto mais seleti-vo da famlia ouo desde beb (BOURDIEU apud SUBTIL, 2003).

    Alguns suportes conceituais sobre a atribuio de

    significados msica

    No se pode desconsiderar o fato de que as descries e adjetivaes pro-postas pelas crianas para significar o gosto musical relacionam-se comum padro que remete s cantigas, acalantos e melodias atvicas, perten-centes a um imaginrio rtmico musical brasileiro. Tourinho (1993, p.18)traz consideraes sobre nossas caractersticas musicais, afirmando uma

    ... exaltao expressiva que a nossa msica projeta, na nossa alma mel-

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    dica marcadamente lrica e na contagiante fora rtmica que caracteriza

    nossas produes musicais. Essa ideia refora a tese da especificidade da

    msica na produo de significaes que, somadas a uma diversidade deinfluncias e vivncias, particularmente as miditicas, determinariam atendncia ao gosto de msicas romnticas por um lado e pelas de ritmomais marcado e danveis por outro.

    Martins (1994, p.13) considera que as estruturas rtmico-meldicasprprias das canes da infncia so formadoras das matrizes cognitivasdo desenvolvimento musical e, acrescente-se, dos padres de gosto. Porisso, para ele, cantar apenas a exteriorizao dessas matrizes, no levan-do a compreenso musical mais apurada. Pode-se afirmar, entretanto,que um ouvir mais atento seria bom comeo para a educao musical.

    possvel entender a diferena entre a atribuio de significados,a partir do conhecimento o que decorre das instituies especficasde ensino de msica, ou de trabalho escolar sistemtico e a signifi-cao resultante da prtica casual, particularmente auditiva, propostapela mdia quando as crianas trazem informaes perifricas sobre

    os namoros, os acontecimentos da vida dos cantores. Tais fatos podemno ser significativos em termos de conhecimento musical mas, dadasas outras percepes acionadas, particularmente a visual, interferem,em muitos casos decisivamente, na escolha, fruio e aquisio de pa-dres musicais.

    Green (1997, p.27) trabalha com a construo social do significadomusical a partir de dois vetores: o significado musical inerente e o signi-ficado musical delineado. O primeiro lida com as inter-relaes dos ma-

    teriais sonoros, a organizao dos elementos, os sons da msica e a formacomo eles se apresentam objetivamente ao ouvinte. Constri-se pelasrelaes entre o todo musical e suas partes, por meio dos decalques, re-peties, nfase em semelhanas e diferenas com outras msicas e queestabelecem os estilos e formas passveis de serem reconhecidos ou no.Essa significao tem a ver com certo grau de familiaridade do ouvinte,da sua capacidade de reconhecimento, afirmando ou negando a forma

    em questo.

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    Esse aspecto do significado musical, no entanto, apenas parcial, eno ocorre por si, pois a msica deve ser entendida como objeto cultural

    que se insere num vasto espectro social, poltico e econmico: Os con-textos de produo e de distribuio, e o contexto da receptividade afetam

    a nossa compreenso musical (idem: p.29). No podem ser consideradosapenas como aparatos extramusicais, mas como instituidores da experi-ncia musical do ouvinte, porque, quando se ouve msica, no se podeseparar os significados inerentes, prprios da organizao dos elementosrtmico-sonoros, das vivncias sociais e culturais, que envolvem questesde gnero, classe social e etnia. A isso, a autora denomina de significadodelineado e faz questo de afirmar: Por esta expresso gostaria de trans-mitir a ideia de que msica, metaforicamente, delineia uma pletora de

    fatores simblicos (idem).A atribuio positiva do significado inerente msica erudita

    gosto porque lenta, ou negativa no gosto de voz grave, aliada avalores extramusicais significado delineado: positivo porque ouodesde beb, negativo o meu pai no gosta e eu puxei a ele, determi-

    naro aquilo que ela denomina de celebrao ou alienao (ibid: p.30).A primeira revela uma correspondncia entre os dois significados, e asegunda quando a negao aos significados inerentes leva a uma deli-neao negativa, ou vice-versa.

    Essas relaes de significao so contraditrias e ambguas quan-do, por exemplo, em relao ao funk as meninas da escola particularapreciam, admiram e reconhecem as suas caractersticas (significadoinerente positivo), mas atribuem a ele um significado delineado ne-

    gativo muito besterento, meu pai no qu (sic) que eu compre, etc.(SUBTIL, 2003).

    V-se que gostar ou no de determinadas formas musicais identifica-se com a atribuio de significados, ora formais, ora simblicos, e, emrelao ao universo pesquisado crianas de 9 a 12 anos , a ao damdia determinante pela afirmao exaustiva de determinados objetosculturais (msicas romnticas, para danar, de ritmo rpido etc.). No

    entanto, mesmo quando essa imposio atinge a delineao dos signifi-

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    cados sociais veja-se o status que a msica sertaneja ocupa, indepen-dentemente de classe social , isso no acontece de forma homognea

    e totalizadora em razo das interferncias de fatores morais, culturais,religiosos, mediaes que minimizam o controle miditico.

    Outro autor tambm faz referncia a essas duas dimenses, colo-cando a msica como experincia esttica, envolvendo contedos denatureza figurativa, de carter sensorial, fisiolgica, simblica, dimen-so sinttica relativa estruturao dos smbolos construdos cultural-mente, e acrescenta a dimenso semntica, que supe a liberdade deinterpretao e atribuio de significados (SANTOS, 1994). Assim, ad-jetivar uma msica depende de aes que vo desde ouvir os sons cons-titutivos de uma melodia, reconhecendo as relaes entre os elementosformais que determinaro se funk, samba, msica lenta, rpida oureligiosa, at localiz-la no repertrio disponvel, concedendo-lhe umvalor (SUBTIL, 2003, 2006).

    necessrio reforar, entretanto, que a mdia atua na produo designificados inerentes ou delineados, propondo conhecimento formal so-

    bre as diferenas de estilos, bandas, cantores e gneros, mas impondomsicas com valor simblico a ser consumido no mesmo patamar dasoutras mercadorias quando no h atuao efetiva de outras instnciassociais que promovam a crtica desses produtos.

    Esse um processo externo/interno, isto , a dialtica entre o subjeti-vo e o objetivo, considerando-se as mediaes sociais mdia, famlia eescola , os processos perceptivos, cognitivos e afetivos desencadeados eas vivncias socioculturais particulares do sujeito:

    Smbolos e estruturaes presentes na bagagem de conhecimento decada ouvinte ou de cada criador favorecem mltiplas leituras e formasde estruturar o material. A estruturao do objeto musical, esttico, re-quer uma ao subjetiva e ao mesmo tempo reflexiva, guiada por umaideia de sentimento feeling ideia (WITKIN, 1977 apud SANTOS,1994, p.22).

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    Eco (1976) sugere cinco possveis funes da arte, que interessaapresentar na ntegra como auxiliares na anlise das significaes musi-

    cais das crianas:

    1 - Funo de diverso (arte como jogo, estmulo para a divagao,momento de descanso e de luxo).2 - Funo catrtica (arte como solicitao violenta das emoes econsequente libertao e relaxamento da tenso nervosa ou num n-vel mais amplo, de crises emotivas e intelectuais).3 - Funo tcnica (arte como proposta de situaes tcnico-formais,para serem gozadas como tal, avaliadas segundo critrios de habilida-de, adaptao, organicidade etc.).4 - Funo de idealizao (arte como sublimao dos sentimentos eproblemas e, portanto, como evaso superior e suposta como tal ,da sua contingncia imediata).5 - Funo de reforo ou duplicao (arte como intensificao dos pro-blemas ou das emoes da vida cotidiana, de maneira a p-los em

    evidncia e a tornar importante e inevitvel sua considerao ou co-participao) (idem: p.305).

    H aproximao entre essas funes e as categorias levantadas nasfalas das crianas. Afuno de diverso (1) desempenhada pela msi-ca, convite distenso, ao repouso, pretexto para esquecer os problemasda vida cotidiana (idem: p.305), aparece na relao da msica combem-estar fsico e distrao/divertimento e nas referncias ao lembrar/esquecer, postas pelas crianas, que, segundo o autor, tanto os cultosquanto os ingnuos podem vir a usufruir um dia, particularmente nascanes de consumo.

    A funo ritualstica, atvica ou catrtica (2), com esse carter deescape e desafogo de tendncias reprimidas (ibid), creditada msica e dana, corresponde a uma profunda necessidade da sociedade comofator de equilbrio coletivo. Essa , sem dvida, uma das funes mais

    claramente explicitadas pelas crianas nas entrevistas e nas respostas

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    escritas, dando conta que danar/cantar/expressarsentimentos e emo-es, proporcionados pela msica, gratificam, dado o carter de festa,

    alegria e prazer.A arte como evaso superior (4), idealizao de problemas, subli-

    mao dos sentimentos e fuga e a a cano poderia ser consideradacomo elemento narctico capaz de atenuar ficticiamente as tenses re-ais, graas a uma soluo de elementar misticismo (p.306) relaciona-se funo de reforo ou duplicao (5), que o apelo excitao decarter ertico. A evocao pela msica do romance, da sensualidade,do agito e da paixo poderia ser qualificada como evaso superior.

    As funes 2 (liberao), 4 (narcose) e 5 (excitao) so da mesma na-tureza e levariam a uma espcie de crescendo, de exorbitncia da emo-o sensual e do apelo aos sentidos, em detrimento de fruio baseadana reflexo, na racionalidade e no conhecimento funo tcnica (3).

    Os significados inerentes da funo tcnica (2) e que se revelamno que denominei conhecimento esto imbricados nos significados de-lineados pelas outras funes descritas por Eco, isto , h mixagem de

    todas essas formas de fruio. E a o papel da mdia revela-se decisivo,reforando cada uma dessas funes e significados pelo aporte do apa-rato tcnico e mercadolgico que objetiva vender os produtos musicais.Merece destaque o que j foi dito, no incio deste trabalho, sobre o papeldo marketing musical para o consumo da massa no processo de atribuirao produto um significado social (delineado) de forma a atrair os consu-midores. Ao criar uma moda musical, a indstria cultural centraliza-seem determinadas formas (funk, ax,forr etc.) e estrelas (Daniel, Latino

    e Kelly Key) (SUBTIL, 2006), entre outras, de sorte a ativar o desejo deposse dessas mercadorias simblicas.

    Consideraes finais

    preciso reconhecer a dificuldade em estabelecer um protocolo de es-

    tudo do papel dos estmulos musicais na produo de significados, pela

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    fluidez do prprio contedo de anlise e da caracterstica introspectivadas evidncias, pois nem todos manifestam o que sentem, ou o nvel de

    emoo provocado por um estmulo musical. fcil perceber que es-sas reaes no esto ligadas ao som por si prprio, mas somatria deelementos que acompanham a mixagem som/imagem e performancedos artistas definidores de um padro de apreciao musical.

    Ao propor-se uma discusso sobre a msica como linguagem arts-tica que produz respostas de carter emocional, cognitivo e fsico, pelarelao entre os seus elementos intrnsecos, no se pode desconsideraros aportes das mdias com valores e fatores simblicos externos a ela. Emdiferentes momentos da pesquisa foi possvel ver com clareza que, paraas crianas, o conceito e a noo de msica so decorrentes da mixagemsom/imagem e da performance dos artistas e intrpretes (SUBTIL, 2003,2006). Nessa dimenso, o aporte dos sentidos, das emoes, evidente-mente com o contributo dos conhecimentos que a prpria mdia oferece, fundamental na recepo, significao e expresso musical.

    Se aprofundarmos essa reflexo devemos pensar sobre o papel da es-

    cola. Essa instituio no pode negar a cultura miditica na produode significados musicais das crianas, antes procurar entender a mdiacomo um dos espaos sociais nos quais essa cultura se constri. O quegostam, valorizam e assumem em msica expresso em diferentes mo-mentos e diversas formas. Cabe ressaltar que interpretam e vivem as cul-turas miditicas a partir dos filtros intermedirios e de experincias esignificados compartilhados, ou seja, das mediaes. A a escola deve sefazer presente como instituio que, mais do que criticar, ou ignorar a

    mdia e a msica miditica, tem a funo de preparar as crianas paraexpressar e ressignificar essas vivncias.

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