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Contribuição Para o Conhecimento dos Tardígrados Marinhos do Litoral do Norte de Portugal: Padrões de Distribuição e MeiofaunaAssociadaPedro José da Silva Centena
2012
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2012
Contribuição Para o Conhecimento dos Tardígrados Marinhos do Litoral do Norte de Portugal: Padrões de Distribuição e MeiofaunaAssociada
Pedro José da Silva CentenaEcologia Ambiente e TerritórioDepartamento de Biologia
2012
Orientador
António Paulo Fontoura Pinheiro de Magalhães, Professor Associado,
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
iv
“ Se um homem começar com cer-
tezas, acabará com dúvidas; mas
se se contentar em começar com
dúvidas, acabará com certezas.”
Francis Bacon
v
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, o Professor Doutor Paulo Fontoura, da Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto, pelo empenho e dedicação com que acompanhou este traba-
lho ao longo dos últimos dois anos. Pela disponibilidade permanente, atitude impulsio-
nadora e enorme paciência que demonstrou para comigo.
Ao Professor Doutor Ary Delmar, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto,
pelos ensinamentos relacionados com a análise granulométrica e pela ajuda na carac-
terização das amostras de sedimento.
À Unidade de Investigação de Eco-Etologia (U.I.E.E), pela cedência de equipamento
laboratorial.
Ao Professor Doutor Paulo Santos, da Faculdade de Ciências da Universidade do Por-
to, e à Raquel Vieira, do Laboratório de Biodiversidade Costeira do Centro Interdisci-
plinar de Investigação Marinha e Ambiental – CIIMAR, pela identificação das
macroalgas.
À Professora Doutora Aurélia Saraiva, da Faculdade de Ciências da Universidade do
Porto, pelo empréstimo do microscópio de contraste de interferência diferencial.
Aos meus pais, pelo suporte financeiro e incentivo à progressão dos meus estudos.
À Sandra Pereira, minha namorada, por me ter “puxado” as orelhas e incentivado a
terminar esta jornada. Pelas críticas construtivas e ajuda na revisão do texto.
E a todas as pessoas que participaram de maneira direta ou indireta na execução des-
ta dissertação.
vi
RESUMO
Os tardígrados são pequenos metazoários metaméricos de simetria bilateral e
com um corpo cilíndrico dividido em cinco segmentos. Possuem quatro pares de patas
não articuladas que podem terminar diretamente em garras ou apresentar dedos com
garras ou discos adesivos. Possuem um aparelho buco-faríngeo complexo adaptado a
uma alimentação baseada em fluidos celulares de bactérias, algas, plantas e outros
pequenos invertebrados. Os tardígrados marinhos encontram-se presentes em todos
os oceanos, desde a zona intertidal até aos grandes fundos abissais, habitando numa
grande diversidade de habitats, desde sedimentos finos, a areia grosseira, rochas ou
algas. Apesar da sua distribuição cosmopolita, as suas pequenas dimensões, o redu-
zido número de exemplares geralmente encontrados e as dificuldades de amostragem
e identificação, são inconveniente que contribuíram para a escassez de conhecimen-
tos sobre os tardígrados marinhos nomeadamente sobre a sua diversidade, ecologia e
distribuição geográfica.
Tendo em mente a taxa atual e sem precedentes de perde de biodiversidade e
a importância do conhecimento dos recursos zoológicos marinhos, decidimos estudar
os padrões de distribuição dos tardígrados em relação a um conjunto de parâmetros
físico-químicos do sedimento, em algumas praias do norte de Portugal, onde o conhe-
cimento dos tardígrados marinhos é praticamente inexistente. Sendo os tardígrados
um dos taxa constituintes da meiofauna procedemos também à análise da distribuição
dos restantes elementos deste grupo ecológico procurando determinar se existiriam
diferença significativas entre os seus padrões de distribuição.
As amostras para análise foram obtidas por recolha de areia, algas e outros
sedimentos em substrato arenoso e rochoso na zona intertidal das praias da Memória,
Lavadores, Cabedelo e Homem do Leme, durante o período de maré baixa. Simulta-
neamente foram recolhidas amostras para análise granulométrica e dados relativos
aos parâmetros físico-químicos do meio (teor em matéria orgânica, salinidade e tem-
peratura da água do mar e intersticial). A fauna foi libertada do sedimento por choque
osmótico com água doce, sendo depois decantada através de uma rede de 65 µm,
fixada (10% de formol em água do mar neutralizada com bórax a 1%) e corada com
Rosa de Bengala. No laboratório procedeu-se à contagem e identificação dos tardí-
grados e restante meiofauna e ao processamento das amostras para análise granulo-
métrica e do teor de matéria orgânica.
Relativamente aos resultados, foram pela primeira vez registadas para Portugal
as seguintes espécies e subespécie de tardígrados: Batillipes similis, Halechiniscus cf.
vii
greveni, Echiniscoides sigismundi hispaniensis e Styraconyx cf. sargassi (em Portugal
continental). A espécie Echiniscoides sigismundi sigismundi foi também identificada,
bem como uma possível nova espécie do género Halechiniscus. O número reduzido
de tardígrados e da restante meiofauna não permitiu a análise de padrões de distribui-
ção nem foi encontrada uma correlação entre os parâmetros físico-químicos e a distri-
buição da meiofauna.
Palavras-chave: Tardígrados marinhos; intertidal; meiofauna; padrões de distribuição; Portugal.
viii
ABSTRACT
Tardigrades are micrometazoans with bilateral symmetry and a cylindric body
divided into five segments. They have four pairs of unarticulated legs that may end
directly into claws or present toes with claws or adhesive discs. They have a complex
bucco-pharyngeal adapted to a feeding based on cellular fluids from bacteria, algae
and other small invertebrates. Marine tardigrades are present in all oceans, ranging
from the intertidal zone to abyssal depths, inhabiting a great diversity of habitats, from
fine sediments to coarse sand, rocks and algae. Despite their cosmopolitan distribution,
their small size, the low number of specimens frequently found and the difficulties of
sampling and identification, are disadvantages that contributed to the scarcity of know-
ledge about marine tardigrades namely about their diversity, ecology and geographical
distribution.
Taking in mind the current and unprecedented rate of biodiversity loss and the
importance of the marine zoological resources, we decided to study the patterns of
distribution of the tardigrades species in relation to some abiotic variables in some
beaches in the north of Portugal, where knowledge of marine tardígrados is practically
inexistent. Being the tardigrades one of the constituent from taxa of meiofauna, we
proceded also to an analysis of the distribution of the other elements from this ecologi-
cal group, trying to determine if existed significant differences between their distribution
patterns.
The samples for analysis were obtained by collecting sand, algae and other se-
diment from sandy and rocky substrate areas located in the intertidal zone from beach-
es of “Memória”, “Lavadores”, “Cabedelo” and “Homem do Leme”, during the period of
low tide. Simultaneously, were collected samples for granulometric analysis and data
on abiotic variables (organic matter content, salinity and temperature of sea and inters-
titial water). To release the fauna from the sediment, samples were fresh-water
shocked, decanted trough a 65 µm mesh net, fixed (in 10% buffered formaldehyde)
and stained with Bengala Rose. In the laboratory, we proceeded to the couting and
identification of tardigrades and remainder meiofauna and to the sample processing for
the granulometric analysis and organic matter content.
Relatively to the results, were for the first time registered for Portugal, the fol-
lowing species and subspecies of tardigrades: Batillipes similis, Halechiniscus cf. gre-
veni, Echiniscoides sigismundi hispaniensis e Styraconyx cf. sargassi (in continental
Portugal). The species Echiniscoides sigismundi sigismundi was also identified as well
as a new species for science, Halechiniscus sp.
ix
The reduced number of tardígrados and remainder meiofauna didn’t permit a
pattern distribution analysis neither was found a correlation between abiotic variables
and meiofauna distributions.
Key-words: Marine tardigrades; intertidal; meiofauna; distribution patterns; Portugal.
x
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ v
RESUMO .......................................................................................................................vi
ABSTRACT ................................................................................................................... viii
LISTA DE TABELAS ...................................................................................................... xiii
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... xvi
LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................................ xviii
1. INTRODUÇÃO
1.1 – GENERALIDADES SOBRE OS TARDÍGRADOS ............................................................ 2
1.2 – OS TARDÍGRADOS COMO CONSTITUINTES DA MEIOFAUNA BENTÓNICA ..................... 7
1.2.1 – Os Organismos Bentónicos .................................................................. 7
1.3 – BREVE NOTA SOBRE O ESTUDO DOS TARDÍGRADOS EM PORTUGAL ....................... 11
1.4 – OBJECTIVOS ....................................................................................................... 12
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – NOTA INTRODUTÓRIA ........................................................................................... 15
2.2 – AS PRAIAS ARENOSAS ......................................................................................... 15
2.2.1 – Nomenclatura Topográfica das Praias Arenosas ................................ 16
2.3 – ÁREA DE ESTUDO E LOCALIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM ..................... 19
2.4 – PROCEDIMENTOS ................................................................................................ 25
2.4.1 – Protocolo de Amostragem – Praias ..................................................... 25
2.4.2 – Amostras Para a Análise da Distribuição da Meiofauna ...................... 25
2.4.3 – Amostras Para a Caracterização das Comunidades em Substrato Are-
noso e Rochoso .............................................................................................. 27
2.4.4 – Amostras Físico-Químicas .................................................................. 27
2.5 – PROCEDIMENTO LABORATORIAL ........................................................................... 28
2.5.1 – Análises Sedimentológicas e Teor em Matéria Orgânica .................... 28
2.5.1.1 – Análise Granulométrica ........................................................ 28
xi
2.5.1.2 – Porosidade ........................................................................... 29
2.5.1.3 – Matéria Orgânica .................................................................. 30
2.5.2 – Processamento das Amostras Para a Análise da Distribuição da Meio-
fauna e Para a Caracterização das Comunidades em Função do Tipo de Subs-
trato ................................................................................................................ 30
2.6 – TRATAMENTO DE DADOS ..................................................................................... 32
2.6.1 – Análise Granulométrica ....................................................................... 32
2.6.2 – Análise das Comunidades de Meiofauna ............................................ 35
2.6.3 – Análises Multivariadas ........................................................................ 36
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 – TARDÍGRADOS MARINHOS INTERTIDAIS ................................................................. 39
3.1.1 – Descição das Espécies de Tardígrados Marinhos Intertidais Identifica-
das ................................................................................................................. 40
Batillipes similis .............................................................................. 40
Halechiniscus cf. greveni ................................................................ 44
Halechiniscus sp ............................................................................. 46
Styraconyx cf. sargassi ................................................................... 50
Echiniscoides sigismundi ................................................................ 53
Echiniscoides sigismundi sigismundi .............................................. 53
Echiniscoides sigismundi hispaniensis ............................................ 58
3.2 – CARACTERIZAÇÃO DO MEIO INTERTIDAL ............................................................... 63
3.2.1 – Parâmetros Granulométricos .............................................................. 63
3.2.2 – Porosidade .......................................................................................... 68
3.2.3 – Teor em Matéria Orgânica .................................................................. 70
3.2.4 – Salinidade e Temperatura da Água ..................................................... 72
3.2.5 – Análise Multivaria dos Parâmetros Granulométricos, Porosidades e Teor
em Matéria Orgânica do Sedimento ............................................................... 73
3.2.6 – Composição Florística de Macroalgas em Substrato Rochoso e Análise
da Similaridade das suas Comunidades ......................................................... 77
3.3 – ANÁLISE DAS COMUNIDADES DE MEIOFAUNA ........................................................ 80
xii
3.3.1 – Análise Global ..................................................................................... 80
3.3.1.1 – Número de Taxa e Abundância Relativa do Número de Indiví-
duos .................................................................................................... 80
3.3.2 – Análise Comparativa das Comunidades de Meiofauna em Função do
Tipo de Substrato ........................................................................................... 81
3.3.2.1 – Número de Taxa, Abundância e Abundância Relativa do
Número de Indivíduos ......................................................................... 81
3.3.2.2 – Densidade Faunística ........................................................... 83
3.3.2.3 – Índices de Diversidade e Equitabilidade ............................... 86
3.3.3 – Análise dos Padrões de Distribuição em Substrato Arenoso ............... 86
3.3.3.1 – Distribuição Horizontal e Vertical da Meiofauna .................... 86
3.3.3.2 – Influência dos Parâmetros Físico-Químicos na Distribuição da
Meiofauna ........................................................................................... 87
4. CONCLUSÕES
4.1 – CONCLUSÕES ..................................................................................................... 90
5. RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
5.1 – RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS .................................................... 93
5.1.1 – Recolha de Amostras .......................................................................... 93
5.1.2 – Extração da Meiofauna ....................................................................... 94
5.1.3 – Contagem do Número de Índivíduos ................................................... 95
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6.1 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 97
7. ANEXOS ................................................................................................................ 110
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Elementos de marés (alturas e amplitudes) registados no porto de Leixões
entre novembro de 2010 e maio e 2011. Tabela elaborada a partir de dados publica-
dos pelo Instituto Hidrográfico .................................................................................... 23
Tabela 2 – Resumo climatológico mensal, da temperatura e da precipitação, regista-
dos na estação metreológica de Pedras Rubras entre novembro de 2010 e maio de
2011. Dados publicados pelo Instituto de Meteorologia ............................................. 24
Tabela 3 – Estações de amostragem utilizadas e respetivas datas de amostragem,
com referência aos valores da altura da maré registadas durante as colheitas. * – A
altura da maré corresponde aos valores registados em igual período no porto de Lei-
xões; dados publicados pelo Instituto Hidrográfico .................................................... 25
Tabela 4 – Quadro síntese do tipo, localização e respetivas quantidades de amostras
recolhidas em cada uma das estações de amostragem ............................................. 26
Tabela 5 – Fragmento da escala de Wentworth para a classificação do tamanho dos
grãos de sedimento, apresentando as categorias de tamanho das partículas, e as res-
petivas escalas, que foram utilizadas na classificação do tipo de sedimento presente
na área de estudo ...................................................................................................... 29
Tabela 6 – Lista dos níveis de identificação utilizados ............................................... 31
Tabela 7 – Formulações dos parâmetros granulométricos utilizados ......................... 32
Tabela 8 – Nomenclatura e respetivos valores-limite utilizados para caracterizar a cali-
bração do sedimento ................................................................................................. 33
Tabela 9 – Valores-limite e respetiva nomenclatura utilizada para caracterizar a assi-
metria ........................................................................................................................ 34
Tabela 10 – Intervalos de variação e respetiva nomenclatura utilizadas na caracteriza-
ção do achatamento das curvas granulométricas ...................................................... 34
Tabela 11 – Tardígrados marinhos identificados, com referência aos locais de captura
e número de exemplares recolhidos .......................................................................... 39
Tabela 12 – Medições (em µm) efetuadas nos exemplares adultos e em estado larvar
de Halehiniscus cf. greveni ........................................................................................ 45
Tabela 13 – Medidas de algumas estruturas do exemplar de Halechiniscus sp. ....... 48
Tabela 14 – Medições (em µm) efetuadas nos exemplares de Styraconyx cf. sargassi
................................................................................................................................... 51
Tabela 15 – Algumas características morfológicas e distribuição geográfica das dife-
rentes espécies do género Echiniscoides .................................................................. 55
xiv
Tabela 16 – Algumas características morfológicas e distribuição geográfica das dife-
rentes subespécies de Echiniscoides sigismundi ....................................................... 56
Tabela 17 – Dimensões (em µm) de algumas estruturas dos exemplares de E. s.
sigismundi da praia do Homem do Leme ................................................................... 57
Tabela 18 – Dimensões (em µm) de algumas estruturas dos exemplares de E. s.
sigismundi a que foi possível determinar o sexo ........................................................ 57
Tabela 19 – Configuração das garras em E. s. sigismundi da praia do Homem do
Leme com indicação do número de garras em cada pata .......................................... 58
Tabela 20 – Dimensões (em µm) de algumas estruturas dos exemplares de Echinis-
coides s. hispaniensis da praia da Memória ............................................................... 59
Tabela 21 – Parâmetros granulométricos (diâmetro médio, calibragem assimetria e
curtose) das amostras recolhidas (nas zonas alta, média e baixa) com indicação da
classificação do diâmetro médio segundo a escala de Wentworth (1922) e das desig-
nações da calibragem, assimetria e curtose propostas por e Folk & Ward (1957) ..... 65
Tabela 22 – Valores da porosidade total, pelicular e hidrodinâmica determinados para
cada uma das zonas (alta, média e baixa) nas várias estações de amostragem ....... 68
Tabela 23 – Variação da percentagem da matéria orgânica presente no sedimento em
função da zona de amostragem (alta, média e baixa) e da praia amostrada ............. 70
Tabela 24 – Valores de salinidade e temperatura da água do mar e da água intersticial
nas diferentes estações de amostragem no momento da coleta das amostras .......... 73
Tabela 25 – Valores de variância dos parâmetros granulométricos, porosidades e teor
em matéria orgânica do sedimento explicados ao longo do 1.º eixo (Fator1) e 2.º eixo
(Fator2) da PCA ......................................................................................................... 75
Tabela 26 – Valores de variância, determinados com base nos valores médios dos
parâmetros granulométricos, porosidades e teor em matéria orgânica do sedimento,
explicados ao longo do 1.º eixo (Fator1) e 2.º eixo (Fator2) da PCA .......................... 77
Tabela 27 – Tabela de presença/ausência das macroalgas identificadas nas amostras
recolhidas em substrato rochoso ............................................................................... 78
Tabela 28 – Lista dos taxa identificados e respetivo número de indivíduos quantifica-
dos (N) ....................................................................................................................... 80
Tabela 29 – Comparação entre as densidades de meiofauna de diferentes praias are-
nosas espalhadas pelo mundo .................................................................................. 85
Tabela 30 – Valores de densidade (D – ind.10cm-2), número de indivíduos (N – n.º
total de ind.), índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) e índice de equitabilidade
de Pielou (E) das praias amostradas ......................................................................... 86
xv
Tabela 31 – Resumo dos resultados obtidos por análise BIOENV mostrando as asso-
ciações entre os parâmetros físico-químicos e a distribuição da meiofauna das praias
amostradas ................................................................................................................ 88
xvi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Ilustração esquemática fictícia que reúne algumas das características mor-
fológicas que podem ser observadas num tardígrado marinho .................................... 4
Figura 2 – Estrutura do aparelho buco-faríngeo .......................................................... 5
Figura 3 – Representação esquemática dos taxa mais representativos da meiofauna . 9
Figura 4 – Diagrama esquemático que exemplifica a teia de parâmetros físico-
químicos e biológicos que em conjunto podem determinar a estrutura e disposição das
comunidades de meiofauna ....................................................................................... 10
Figura 5 – Perfil longitudinal de uma típica praia arenosa onde pode ser observada a
terminologia e os respetivos limites referidos no texto ............................................... 17
Figura 6 – Representação esquemática da estratificação da zona intersticial de uma
praia arenosa segundo os modelos de Dahl e Salvat ................................................ 18
Figura 7 – Localização das estações de amostragem ............................................... 20
Figura 8 – Vista aérea parcial da praia da Memória encontrando-se assinalado o local
onde foram realizadas as colheitas ............................................................................ 21
Figura 9 – Vista aérea parcial da praia do Homem do Leme encontrando-se assinala-
do o local onde foram realizadas as colheitas ............................................................ 21
Figura 10 – Vista aérea parcial da praia do Cabedelo da Foz do Douro encontrando-se
assinalado o local onde foram realizadas as colheitas ............................................... 22
Figura 11 – Vista aérea parcial da praia de Lavadores encontrando-se assinalado o
local onde foram realizadas as colheitas .................................................................... 22
Figura 12 – Batillipes similis. Aspeto geral de um dos exemplares recolhidos na praia
da Memória ................................................................................................................ 42
Figura 13 – Batillipes similis. Aspeto geral de um dos exemplares recolhidos na praia
da Memória ................................................................................................................ 43
Figura 14 – Vista ventral de um exemplar de Halechiniscus cf. greveni ..................... 46
Figura 15 – Halechiniscus sp. A – vista dorsal; B – pormenor da projeção lateral entre
as patas III e IV ........................................................................................................... 49
Figura 16 – Vista ventral de Styraconyx cf. sargassi. A – focagem a evidenciar os
apêndices cefálicos e cirro E; B – Focagem a evidenciar as garras ............................ 52
Figura 17 – Exemplar de Echiniscoides sigismundi sigismundi proveniente da praia do
Homem do Leme ....................................................................................................... 58
Figura 18 – Echiniscoides s. hispaniensis. Aspeto geral da fêmea proveniente da praia
da Memória, sendo visível a ornamentação da cutícula ............................................. 61
Figura 19 – Echiniscoides s. hispaniensis. Vista ventral do macho .......................... 62
xvii
Figura 20 – Curvas granulométricas do sedimento para as quatro estações de amos-
tragem ....................................................................................................................... 64
Figura 21 – Representação a duas dimensões dos resultados da análise em compo-
nentes principais dos valores dos parâmetors granulométricos, porosidades e teor em
matéria orgânica do sedimento recolhido nas diferentes praias ao longo das várias
elevações .................................................................................................................. 74
Figura 22 – Distribuição das variáveis no círculo de correlação tendo sido usado os
valores dos parâmetros granulométricos, porosidades e teor em matéria orgânica do
sedimento recolhido nas diferentes praias ................................................................. 75
Figura 23 – PCA dos valores médios dos parâmetros granulométricos, porosidades e
teor em matéria orgânica do sedimento recolhido nas diferentes praias .................... 76
Figura 24 – Dendrograma de similaridade para a composição florística de macroalgas
nas praias estudadas ................................................................................................. 79
Figura 25 – Abundância relativa (%) dos taxa dominantes de meiofauna no conjunto
das amostras analisadas ........................................................................................... 81
Figura 26 – Abundância relativa (%) dos taxa dominantes de meiofauna nos diferentes
tipos de substrato ...................................................................................................... 83
xviii
LISTA DE ABREVIATURAS
AHH – Análise de agrupamentos hierárquico
MOD – Matéria orgânica dissolvida
MOP – Matéria orgânica particulada
PCA – Principal componete analysis (análise em componentes principais)
PVC – Policloreto de vinilo
UPGMA – Unweighted Pair Group Method with Arithmetic Mean (método da média
aritmética não ponderada entre grupos pares)
FCUP Introdução
1
1. INTRODUÇÃO
FCUP Introdução
2
1.1 – GENERALIDADES SOBRE OS TARDÍGRADOS
Os tardígrados, foram observados pela primeira vez por Goeze em 1773
(Ramazzotti & Maucci, 1983), são tradicionalmente considerados como um filo inde-
pendente, o filo Tardigrada. Encontrando-se inseridos no grupo Ecdysozoa, sendo pre-
sumivelmente aparentados com os filos Arthropoda e Onychophora (Garey et al.,
1999).
Os phyla Tardigrada, juntamente com Onychophora, apresentam característi-
cas anatómicas comuns com o phylum Arthropoda. As hipóteses evolutivas mais tradi-
cionalistas consideram aqueles grupos como sendo os precursores dos artrópodes e,
por isso, os designaram de Protoartrópodes. Os estudos efetuados recentemente por
análise molecular também sugerem relações estreitas de parentesco entre os três phy-
la (Tardigrada, Onychophora e Arthropoda) a, que, em conjunto, se podem designar
Panarthropoda.
Segundo a hipótese evolutiva mais tradicionalista, baseada sobretudo em
aspetos anatómicos, os Protoartrópodes (Onychophora + Tardigrada) apresentam
características intermédias entre Annelida e Arthropoda. Por apresentarem fortes rela-
ções de parentesco, estes quatro phyla, constituiriam o grupo dos Articulata. Contudo,
muito recentemente, surgiu uma segunda hipótese evolutiva, baseada na biologia
molecular, que considera os Panarthropoda aparentados com os Cycloneuralia e não
com os Annelida. Relembre-se que integram os Cycloneuralia os Nemata, Nemato-
morpha, Priapula, Kinorhyncha e Loricifera. Assim, os Panarthropoda e os Cycloneura-
lia constituiriam um grupo designado Ecdysozoa (Ecdysozoa = animais com ecdises,
isto é, com crescimento por mudas).
Tendo ocorrido nos últimos anos “animadas” discussões entre a comunidade
científica relativas a este assunto (Schmidt-Rhaesa et al., 1998; Pilato et al., 2005).
Os tardígrados podem ser encontrados numa grande variedade de habitats
marinhos, dulciaquícolas e terrestres (Nelson, 2001; Bertolani et al., 2009).
O filo Tardigrada engloba, atualmente, mais de 1100 espécies e subespécies (a
maioria limnoterrestres1), organizadas em duas classes (Heterotardigrada e Eutardi-
grada), quatro ordens (Arthrotardigrada, Echiniscoidea, Parachela e Apochela) e mais
1 Espécies que vivem em água doce ou nos filmes de água que se formam em redor das plantas terrestres ou dos
grãos de sedimento.
FCUP Introdução
3
de 100 géneros (Degma et al., 2011). Uma terceira classe, Mesotardigrada, constituída
apenas por uma espécie, Thermozodium esakii Rahm, 1937, com características inter-
médias entre Heterotardigrada e Eutardigrada, não é atualmente considerada pela
maioria dos autores. Com efeito, subsistem muitas dúvidas relativamente a algumas
características mencionadas na descrição original daquela espécie que podem ter sido
motivadas por dificuldades de observação. Por outro lado, os espécimes tipo perde-
ram-se há muitas décadas e os esforços para encontrar novos exemplares têm sido
infrutíferos (Bertolani et al., 2009).
Quanto à morfologia externa, os tardígrados apresentam um comprimento que
varia entre os valores extremos de 50 µm nos juvenis e, muito raramente, 1200 µm em
adultos (o comprimento mais frequente situa-se entre 250 e 500 µm). Possuem sime-
tria bilateral e um corpo cilíndrico dividido em cinco segmentos: um segmento cefálico,
três segmentos intermédios e um segmento terminal (Møbjerg et al., 2007). Cada
segmento, com exceção do segmento cefálico, possui um par de patas não articula-
das, os lobopodes, que podem terminar diretamente em garras, ou apresentar dedos
com garras ou discos adesivos (Figura 1) (Kinchin, 1994; Nelson, 2002). O corpo
encontra-se recoberto por uma cutícula quitinosa que pode ser lisa, esculpida (apre-
sentando poros ou outras ornamentações) ou couraçada (apenas em algumas espé-
cies pertencentes à classe Heterotardigrada). Nos heterotardígrados a região cefálica
encontra-se dotada de um conjunto de órgãos sensoriais: fotoreceptores, cirros cefáli-
cos, papilas e clavas; podendo ostentar filamentos, espinhos e papilas no resto do
corpo e nas patas (Figura 1). Nos eutardígrados, a cutícula pode ser lisa ou esculpida,
enquanto os filamentos e os espinhos se encontram normalmente ausentes, e as papi-
las só raramente ocorrem. Algumas espécies marinhas exibem um desenvolvimento
muito acentuado dos filamentos laterais e/ou extensões laterais e caudais da cutícula,
designados por allae (Figura 1) (Kinchin, 1994; Bertolani et al., 2009). O tipo de cutícu-
la, a presença ou ausência de órgãos sensoriais e de outras estruturas cuticulares
constituem carateres taxonómicos de grande importância para a identificação dos dife-
rentes géneros e espécies.
Os tardígrados possuem um aparelho buco-faríngeo (Figura 2) com uma estru-
tura muito complexa e também de grande importância na diagnose de algumas espé-
cies, especialmente de eutardígrados. O aparelho buco-faríngeo é constituído por uma
boca terminal ou subterminal, ligada a um tubo bucal cuticular (total ou parcialmente
rígido) que comunica com uma faringe muscular sugadora com estruturas cuticulares
no seu interior, os placóides. Próximo da extremidade anterior do tubo bucal surge um
FCUP Introdução
4
par de estruturas rígidas designadas por estilepes (Figura 2). Os estilepes podem ser
projetados para o exterior, tendo como função perfurar as células dos itens alimenta-
res e permitir que o seu conteúdo seja ingerido pelo tardígrado (Kinchin, 1994; Berto-
lani et al., 2009).
Fig. 1 – Ilustração esquemática fictícia que reúne algumas das características morfológicas que podem ser observadas
num tardígrado marinho: 1 – clava primária; 2 – cirro A; 3 – clava secundária, 4 – cirro mediano; 5 – cirro interno; 6 –
cirro externo; 7 – papila cefálica; 8 – pata com dígitos terminados em discos adesivos; 9 – pata com dígitos terminados
em garras; 10 – órgão sensorial da pata II (espinha); 11 – projeção lateral; 12 – órgão sensorial da pata IV; 13 – apên-
dice caudal; 14 – pata sem dígitos, terminando diretamente em garras; 15 – papila coxal; 16 – cirro E; 17 – allae (ima-
gem construída através de ilustrações de: Pollock, 1976; Morgan & O’Reilly, 1988 e Chang & Rho, 1997).
O aparelho buco-faríngeo encontra-se adaptado a uma alimentação baseada
em fluidos celulares de bactérias, algas, plantas e outros pequenos invertebrados
(nemátodes e rotíferos). Conhece-se apenas uma única espécie de tardígrados que é
ectoparasita de holotúrias, Tetrakentron synaptae, Cuénot 1892 (Ramazzotti & Maucci,
1983; Kinchin, 1994; Nelson, 2001 e 2002; Bertolani et al., 2009).
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FCUP Introdução
5
Fig. 2 – Estrutura do aparelho buco-faríngeo: 1 – boca; 2 – estilete; 3 – tubo bucal; 4 – placóides; 5 – bulbo faríngeo
(modificado de Kinchin, 1994).
Uma das características mais extraordinárias que os tardígrados apresentam é
a sua aptidão para sobreviver em condições ambientais extremas. Esta resistência
encontra-se relacionada com a capacidade que possuem de permanecer num estado
de latência (criptobiose) em resposta a condições ambientais adversas. Porém esta
capacidade de entrar num estado de latência surge apenas nos tardígrados limnoter-
restres e nas formas marinhas que vivem junto ao litoral (Echiniscoides sigismundi, E.
travei e Archechiniscus marci) (Gaugler, 2002), mais sujeitos a flutuações acentuadas
de alguns parâmetros ambientais.
Quando um tardígrado entra em criptobiose, várias das suas funções biológicas
e fisiológicas (metabolismo, crescimento, reprodução, senescência) cessam tempora-
riamente ou ficam reduzidas enquanto, a sua resistência aos fatores ambientais
extremos (frio, calor, seca, radiações, altas pressões, químicos, etc.) é incrementada
(Nelson, 2002; Jönsson & Järemo, 2003). Com o fim da ação do efeito indutor da crip-
tobiose, as funções biológicas e fisiológicas do tardígrado voltam quase imediatamente
aos níveis normais (Morais, 2009).
Apesar da sua distribuição cosmopolita e, sobretudo, das suas fantásticas
capacidades para sobreviver em condições extremas (Kristensen & Higgins, 1984a), o
estudo dos tardígrados tem sido muito negligenciado, sendo frequentemente classifi-
cados como “o menos conhecido” grupo de animais protostómios (Nelson, 2001; Hal-
1
2
3
4
5
FCUP Introdução
6
berg et al., 2009). Esta falta de interesse por parte dos zoólogos parece ficar a dever-
se às dificuldades de estudo e ao facto de os tardígrados exibirem uma aparente falta
de valor económico (Nelson & Marley, 2000; Nelson, 2001). Contudo, nas últimas
décadas tem-se assistido a um incremento motivacional da comunidade científica por
estes animais, devido em parte, aos aspetos importantes que o estudo dos tardígrados
tem revelado para a compreensão da filogenia dos Metazoa (em particular dos artró-
podes) e aos avanços no estudo da criptobiose, que aparenta possuir potencial de
aplicação médica, nomeadamente na preservação de tecidos (Nelson, 2002; Jönsson
& Schill, 2007; Garey et al., 2008). Infelizmente, quando comparado com os tardígra-
dos limnoterrestres, o interesse dedicado aos tardígrados marinhos é ainda muitíssimo
mais reduzido e não tem acompanhado a tendência acima referida.
Os tardígrados marinhos estão presentes em todos os oceanos, desde a zona
intertidal até aos grandes fundos abissais (> 4000 m de profundidade), podendo
encontrar-se numa grande diversidade de habitats, tais como sedimentos finos ou
grosseiros, rochas, algas, etc., embora a maior diversidade seja proveniente de sedi-
mentos calcários (Hansen, 2005). O pequeno número de exemplares geralmente
encontrado e as dificuldades de amostragem e identificação são responsáveis pelo
escasso conhecimento sobre a biologia destes animais (D’Addabbo, 1999; Jørgensen
et al., 2010). Com efeito, depois dos trabalhos pioneiros levados a cabo na década de
70 e 80 do século XX, sobretudo, por Renaud-Mornant (Renaud-Mornant & Pollock,
1971b; Renaud-Mornant, 1980, 1981 e 1982), Pollock (Pollock, 1971b, 1976, 1979 e
1989), Kristensen (Kristensen, 1978 e 1983; Kristensen & Higgins 1984a e 1984b) e De
Zio Grimaldi (Grimaldi de Zio & D’Addabbo Gallo, 1973; Grimaldi de Zio et al., 1982a,
1982b e Grimaldi de Zio & D’Addabbo Gallo, 1987) e dos avanços verificados mais
recentemente (Neuman, 2006), os conhecimentos sobre a diversidade, ecologia e dis-
tribuição geográfica dos tardígrados marinhos é ainda escasso. Conhecem-se apenas
134 espécies de tardígrados marinhos que representam menos de 15% das espécies
que constituem o filo Tardigrada (Guidetti & Bertolani, 2005). No que diz respeito a
outras áreas da biologia, como a fisiologia e biologia reprodutiva, com exceção da
espécie Halobiotus crispae, usada como modelo em vários programas de investigação
(Møbjerg & Dahl, 1996; Møbjerg et al., 2007; Halberg et al., 2009), pode dizer-se que o
desconhecimento é total.
FCUP Introdução
7
1.2 – OS TARDÍGRADOS COMO CONSTITUINTES DA
MEIOFAUNA BENTÓNICA
1.2.1 – OS ORGANISMOS BENTÓNICOS
Em ecologia, o termo “bentos” emprega-se para designar as comunidades de
animais, plantas/algas e micro-organismos que habitam o fundo dos mares, rios e
lagos. A fauna marinha bentónica inclui invertebrados, como Protozoa, Nemertea,
Kinorhyncha, Nemata, Nematomorpha, Annelida, Tardigrada, Arthropoda, Mollusca,
Echinodermata, entre outros, mas também alguns vertebrados como os peixes demer-
sais (Xiaoshou, 2009). No meio marinho estas formas de vida podem ser encontradas
numa grande variedade de habitats, desde os fundos abissais até à região supratidal2,
vivendo entre ou sobre, sedimento fino, algas epilíticas3 ou outros substratos duros
(Coull & Chandler, 2009; Giere, 2009). À fauna bentónica que vive sobre a superfície
do substrato dá-se o nome de epifauna, enquanto aos animais que vivem enterrados
no sedimento ou se deslocam entre os seus interstícios se dá o nome de infauna ou
fauna intersticial.
Uma das características mais usadas na classificação dos organismos bentóni-
cos é a sua dimensão. Esta divisão por tamanho corporal é estabelecida tendo em
consideração a passagem ou retenção dos animais pelas malhas de diferentes crivos.
Segundo este critério de classificação, são considerados três grupos: macrobentos,
meiobentos e microbentos.
Porém, devido à complexidade biológica e à variação na forma destes organis-
mos, torna-se extremamente difícil definir para o tamanho das malhas, um conjunto de
valores-limite padronizados que possam ser aplicados a todos os taxa, o que se reflete
numa ligeira variação, de autor para autor, dos limites que balizam cada uma das
categorias (Hulings & Gray, 1971; Gwyther, 2002; Coull & Chandler, 2009). Além dis-
so, outros fatores podem influenciar a eficácia de retenção da malha, comprometendo
todo o sistema de classificação. O vigor aplicado na triagem, que pode influenciar a
fragmentação e o posicionamento dos espécimes e as alterações ontogénicas dos
2 Região da praia situada imediatamente acima do nível das marés vivas sendo por isso raramente encoberta pelas
marés.
3 Algas que vivem sobre a superfície das rochas.
FCUP Introdução
8
organismos, são apenas alguns exemplos de fatores que podem comprometer a corre-
ta classificação da fauna segundo este método (Rodrigues et al., 2007 citando: Rees,
1984; Ohwada, 1988 e Bacheler, 1990)
Esta classificação acaba por ter apenas um valor meramente informativo, com
importância na organização e sistematização das linhas orientadoras da investigação.
Foi, precisamente com esta perspetiva alargada que o termo foi aplicado no presente
trabalho.
O termo “meiobentos” foi criado por Mare, em 1942, para definir um conjunto
de metazoários bentónicos e também Foraminifera (atualmente inserido no filo Gra-
nuloreticulosa), que se distinguia por apresentar um tamanho intermédio entre a
macrofauna e a microfauna (Hulings & Gray, 1971; Giere, 2009). Na prática são regu-
larmente definidos como meiobentos os metazoários bentónicos (e alguns protozoá-
rios) com vida livre ou hapto-sésseis4, capazes de atravessar uma rede com uma
malha de 1000-500 µm de largura (valor variável em função do tipo de sedimento e do
taxon em estudo), mas que são retidos por uma malha de menores dimensões, nor-
malmente de 63-31 µm (Hulings & Gray, 1971; Coull & Chandler, 2009; Giere, 2009;
Xiaoshou, 2009). Em muitos trabalhos de meiobentologia (e neste estudo também), o
termo meiofauna é empregue como sinónimo de meiobentos. Tal se deve ao facto de
os constituintes faunísticos deste grupo serem superiores, em número, face aos outros
organismos.
Do ponto de vista taxonómico, o meiobentos é um grupo bastante diversificado,
sendo constituído por representantes de 19 dos 34 filos do Reino Animal, aos quais se
juntam 3 filos do Reino Protista (Granuloreticulosa, Rhizopoda e Ciliophora). De notar
que cinco daqueles filos de metazoários (Gastrotricha, Kinorhyncha, Gnathostomulida,
Loricifera e Tardigrada) são formados por elementos exclusivamente meiobentónicos
(Vincx, 1996; Coull & Chandler, 2009; Giere, 2009).
Alguns animais enquadram-se na definição de meiofauna durante todo o seu
ciclo de vida, constituindo o que se designa por meiofauna permanente ou membros
permanentes. Enquanto outros pertencem à meiofauna apenas durante os estágios
iniciais de desenvolvimento, sendo designados de meiofauna temporária. É o caso
das larvas e/ou juvenis de algumas formas pertencentes à macrofauna bentónica
(Hulings & Gray, 1971; Coull & Chandler, 2009). Juntamente com os 5 filos exclusivos
mencionados anteriormente, a meiofauna permanente inclui outros taxa: Mystacocari-
da, Rotifera, Nemata, Polychaeta, Copepoda, Ostracoda, Turbellaria, bem como
4 Animais que vivem fixos a um substrato, mas que são capazes de se desprender e alterar a sua posição.
FCUP Introdução
9
alguns membros de Hydrozoa, Nemertea, Entoprocta, Gastropoda, Aplacophora, Bra-
chiopoda, Holothuroidea, Tunicata, Priapula, Oligochaeta e Sipuncula (Vincx, 1996;
Xiaushou, 2009). Em conjunto, Nemata, Copepoda, Ostracoda e Acari constituem cer-
ca de 98% do números total de indivíduos na maioria das comunidades de meiofauna
(Curvelo & Corbisier, 2000). Na Figura 3 encontram-se representados os taxa mais
comuns da meiofauna.
Fig. 3 – Representação esquemática dos taxa mais representativos da meiofauna: A – Priapula; B – Nemata; C –
Mollusca, Gastropoda; D – Crustacea, Ostracoda; E – Loricifera; F – Kinorhyncha; G – Platyhelminthes, Turbellaria; H –
Tardigrada; I – Arthropoda, Acari; J – Granuloreticulosa, K – Crustacea, Copepoda; L – Annelida, Oligochaeta; M –
Annelida, Polychaeta; N – Rotifera; O – Gastrotricha (fonte: Coull & Chandler, 2009).
O meiobentos é um grupo ecologicamente heterogéneo ocorrendo em todos os
biótopos aquáticos e zonas climáticas, desde os lagos Alpinos até aos fundos oceâ-
nicos (Coull, 1999; Giere, 2009). Pode até ser encontrado nos ambientes mais poluí-
dos ou em condições de anóxia e em vários tipos de sedimentos, desde as finas
argilas até aos grosseiros substratos de cascalho e conchas. Também pode ser
observado em associação com a vegetação aquática, em algas, musgos e líquenes, e
K
M N
O
A
J L
E
D
B C
F
G I
H
FCUP Introdução
10
em várias estruturas feitas por outros animais como fendas de coral, tubos de vermes,
etc. (Coull & Chandler, 2009).
Fig. 4 – Diagrama esquemático que exemplifica a teia de parâmetros físico-químicos e biológicos que em conjunto
podem determinar a estrutura e disposição das comunidades de meiofauna (fonte: modificado de Knox, 2001).
Bactérias Microfauna Meiofauna
Microalgas bentónicas
Macrofauna
H2S O2 pH T oc S ‰ H2O Dispo- nível
Estrutura biogénica
Biofilme
Alimento Predação
Bioturbação
Perturbação Detritos e partículas orgânicas
Matéria orgânica
dissolvida
Composição e tamanho dos grãos de sedi-
mento
Porosidade Permeabi-
lidade
Suprimento de água (zona
eulitoral) Fluxo de água
MEIOFAUNA Estrutura e distribuição
Reprodução / Recrutamento Colonização
FCUP Introdução
11
Em ambiente marinho, a meiofauna raramente se encontra uniformemente dis-
tribuída pelo substrato. As variações na distribuição, composição e estrutura destas
comunidades são condicionadas por complexas interações de fatores físico-químicos
e biológicos (Fig. 4). A uma macro-escala (metros – quilómetros), a ocorrência de
variações nos fatores físico-químicos (composição e granulometria do sedimento, sali-
nidade, flutuações na temperatura, ação das marés, concentração de oxigénio, etc.),
parece ser o principal gerador de heterogeneidade e zonação das comunidades meio-
bentónicas (Li et al., 1997; Coull & Chandler, 2009). Enquanto a uma micro-escala
(milímetros – centímetros), os padrões observados serão, sobretudo, o resultado de
uma intricada interação entre os fatores físico-químicos e biológicos (distribuição do
alimento, reprodução, predação, competição interespecífica, ação estruturante da
macrofauna sobre o ecossistema, etc.) (Sandulli & Pinckney, 1999; Coull & Chandler,
2009; Giere, 2009).
A meiofauna desempenha duas funções importantes nos ecossistemas aquáti-
cos: servir de alimento aos níveis tróficos superiores e facilitar a mineralização e circu-
lação da matéria orgânica (Coull & Chandler, 2009).
1.3 – BREVE NOTA SOBRE O ESTUDO DOS TARDÍ-
GRADOS EM PORTUGAL
Quando em 1936 foi publicada a obra de referência sobre tardígrados de Mar-
cus, o conhecimento sobre a Fauna Portuguesa de Tardígrados era ainda inexistente.
O trabalho pioneiro sobre a matéria, onde foram descritas as três primeiras espécies
para Portugal, só seria publicado um anos depois, em 1937, por Barros e Cunha
(1937). Após este primeiro trabalho e durante os dez anos subsequentes, deve real-
çar-se a importante contribuição para o conhecimento dos tardígrados portugueses
(sete publicações reportando 31 registos, incluindo três novas espécies) dada por Da
Cunha (1941; 1943; 1944a,b; 1947a,b; 1948). Mais tarde o seu trabalho estender-se-ia
até ao arquipélago da Madeira (Da Cunha & Do Nascimento, 1962) (Morais, 2009).
Após um hiato de aproximadamente 20 anos, um novo impulso sobre o conhe-
cimento da fauna de tardígrados portugueses foi dado por Fontoura (1981, 1982,
FCUP Introdução
12
1985), Maucci (1983) e Maucci & Durante Pasa (1984a,b,c). Um destes estudos (Fon-
toura, 1985) foi efetuado no arquipélago dos Açores, tendo sido reportadas as primei-
ras cinco espécies para a região. Os restantes trabalhos focaram-se no território conti-
nental português, tendo sido descritas cinco novas espécies para a ciência.
Com o fim deste curto, mas produtivo, período de estudos, seria necessário
esperar pelo alvorecer do novo milénio para que fossem reativados os trabalhos sobre
os Tardígrados de Portugal. Estes novos trabalhos centraram-se no Açores (Fontoura
& Pilato, 2007; Pilato et al., 2007; Fontoura et al., 2008a,b), onde o número total de
espécies açorianas subiu para 17 (cinco delas novas para a ciência) e em Portugal
continental (Fontoura et al., 2009a,b; Morais & Fontoura, 2009) fixando-se em 66 o
número total de espécies registadas (Morais, 2009).
Apesar de Portugal possuir uma extensa linha costeira com fundos marinhos
ricos em “hotspots” de biodiversidade e um considerável desenvolvimento no campo
da Biologia Marinha, o conhecimento sobre os tardígrados marinhos portugueses é
muito escasso, revelando-se quase nulo. Com efeito, apenas se tem conhecimento do
registo de duas (eventualmente três) espécies marinhas de Halechiniscidae, todas
elas no mar dos Açores: Tholoarctus natans Kristensen & Renaud-Mornant, 1983 e
Styraconyx sargassy Thulin, 1942, (Kristensen & Renaud-Mornant, 1983; Kristensen &
Higgins, 1984b). A ocorrência de Bathyechiniscus tetronyx Steiner, 1926 é duvidosa
(Ramazzotti & Maucci, 1983, Kristensen & Higgins, 1984b).
1.4 – OBJETIVOS
Perante a atual crise mundial de biodiversidade, é nosso dever estudar e
documentar a diversidade de espécies do nosso planeta, legando às gerações vindou-
ras um conjunto de conhecimentos inestimáveis para a compreensão e conservação
dos recursos zoológicos que se poderão perder irremediavelmente, num futuro pró-
ximo. No caso concreto de Portugal, este aspeto reveste-se de particular importância
devido à recente proposta submetida às Nações Unidas para alargar a nossa ZEE
(Zona Económica Exclusiva). Deste modo e face à completa inexistência de conheci-
mentos sobre os tardígrados marinhos na costa continental portuguesa, decidimos ser
pioneiros e desenvolver um estudo sobre o tema.
FCUP Introdução
13
Com este estudo, pretendeu-se contribuir para o conhecimento dos padrões de
distribuição dos tardígrados marinhos da zona intertidal de algumas praias do norte de
Portugal e estudar possíveis efeitos que alguns parâmetros físico-químicos pudessem
ter sobre os referidos padrões de distribuição.
Em particular, foram objetivos deste trabalho:
1. Iniciar uma lista das espécies de tardígrados marinhos que habitam a
região intertidal de algumas praias da zona litoral da área metropolitana
da cidade do Porto, e avaliar a sua abundância relativa e tirar ilações
sobre a seleção de habitat;
2. Determinar os padrões de distribuição vertical e horizontal dos tardígra-
dos e tentar relacioná-los com as variações de determinados parâme-
tros físico-químicos (salinidade, granulometria, porosidade e teor em
matéria orgânica do sedimento);
3. Determinar a abundância relativa de outros grupos de meiofauna na
comunidade e comparar a sua distribuição e abundância com a dos tar-
dígrados.
FCUP Material e Métodos
14
2. MATERIAL E MÉTODOS
FCUP Material e Métodos
15
2.1 – NOTA INTRODUTÓRIA
O presente estudo foi realizado na faixa costeira compreendida entre a praia da
Memória e a praia de Lavadores. Em termos litológicos, esta região é caracterizada
pela existência de extensos e importantes afloramentos rochosos, destacando-se
entre eles, pelas suas dimensões, valor científico e pedagógico, o Complexo Metamór-
fico da Foz do Douro e o afloramento granítico da praia de Lavadores (Silva, 2001;
Gomes et al., 2002; Sousa et al., 2010). Apesar da importante componente rochosa
deste trecho da faixa litoral, é possível encontrar na região não só praias de substrato
rochoso, mas também praias predominantemente arenosas ou mistas. Neste trabalho
deu-se especial atenção à fauna característica da praia arenosa, sem, contudo,
esquecer a biocenose do substrato rochoso.
Assim, nas linhas que se seguem serão desenvolvidos alguns aspetos sobre a
praia arenosa, abordando-se sobretudo a morfologia, alguns termos da nomenclatura
topográfica e os modelos de zonação da zona intertidal.
2.2 – AS PRAIAS ARENOSAS
Com regularidade define-se, geomorfologicamente, a praia arenosa como uma
acumulação de sedimentos não consolidados (constituídos por minerais, conchas ou
fragmentos de rochas) que se estende em direção a terra, desde o nível mais baixo
alcançado pelas marés vivas5 (spring tides), até à zona onde se verifiquem alterações
marcantes no tipo de sedimento, nas formas fisiográficas (dunas, falésias, etc.) ou
surja vegetação estabelecida permanentemente (Figura 5) (Costal Enginnering
Reserch Center, 1984; Komar, 1998; Knox, 2001; Chrzastowski, 2005). Porém, alguns
trabalhos científicos que abordam a dinâmica sedimentar costeira, prolongam o limite
inferior da praia até à zona em que as ondas deixam de provocar o movimento ativo
5 Maré de grande amplitude, com as preia-mares mais altas e as baixa-mares mais baixas. Ocorre quando a Lua, a
Terra e o Sol se encontram alinhados, durante as fases de Lua Nova e Lua Cheia, tendo desse modo somados os seus
efeitos de atração.
FCUP Material e Métodos
16
do sedimento sobre o fundo do mar, o que normalmente acontece entre os 10 – 20
metros de profundidade (Komar, 1998).
As praias arenosas constituem o interface mais abundante entre os ecossiste-
mas marinho e terrestre, ocupando cerca de 2/3 da linha costeira a nível mundial
(Brown & McLachlan, 2006). Na literatura, o termo “praia arenosa” é livremente aplica-
do para designar uma série de ambientes marinhos, desde as praias oceânicas cons-
tantemente expostas à ação das ondas, até aos extremamente abrigados bancos de
areia das zonas estuarinas que surgem durante a baixa-mar (McLachlan, 1983). Toda-
via neste trabalho, o termo “praia” será exclusivamente utilizado para mencionar as
faixas de areia localizadas na zona litoral e que se encontram em contacto direto com
a água do mar.
As praias de substrato arenoso distinguem-se como sendo ambientes rigorosos
e extremamente dinâmicos, onde a topografia e estrutura do habitat são estabelecidos
pela interação entre os processos hidrodinâmicos e as características granulométricas,
como o tipo de sedimento, o regime de ondas, marés e correntes (Domenico et al.,
2009). Porém, ainda que comportem mudanças constantes nas condições físicas, as
praias arenosas constituem um dos ambientes costeiros mais resilientes, devido à
capacidade que possuem em absorver a energia das ondas (Brown & McLachlan,
2006).
Apesar das condições difíceis do meio, as praias arenosas não são desertos
biológicos desprovidos de vida. A zona intertidal das praias proporciona uma grande
multiplicidade de habitats para a fauna. Sendo possível encontrar uma série de
pequenos organismos a viver no ambiente lacunar, entre os grãos de sedimento (bac-
térias, protozoários, microalgas e meiofauna). Mas também macro invertebrados ben-
tónicos, de maiores dimensões e que escavam espaços entre os grãos de sedimento,
onde crustáceos, poliquetas e moluscos constituem as formas dominantes (Defeo et
al., 2009).
2.2.1 – NOMENCLATURA TOPOGRÁFICA DAS PRAIAS ARENOSAS
A nomenclatura topográfica da “praia” apresenta uma grande variabilidade de
termos, quer entre a literatura científica nacional como na internacional, pelo que neste
trabalho foi adotada a terminologia utilizada por Komar (1998). Na Figura 5 encontra-
FCUP Material e Métodos
17
se representado o perfil de uma típica praia arenosa, onde pode ser observada a ter-
minologia e os respetivos limites que foram utilizados neste trabalho.
Fig. 5 – Perfil longitudinal de uma típica praia arenosa onde pode ser observada a terminologia e respetivos limites
referidos no texto.
Baseada na sua morfologia, a “zona da praia” é subdividida em duas zonas: a
alta-praia e a antepraia. A alta-praia (backshore) é constituída pela zona que se
estende em direção a terra, desde o limite superior da antepraia até ao ponto onde se
desenvolve vegetação permanente ou surge alguma unidade fisiográfica (duna, falé-
sia, etc.). Esta zona só é afetada pela ação das ondas durante fortes temporais, espe-
cialmente quando associados a marés excecionalmente altas, sendo por isso
vulgarmente designada por zona seca da praia. A antepraia (foreshore) corresponde à
fração inclinada do perfil da praia situada entre a crista de berma (ou, na ausência
desta, entre o limite superior da zona alcançada pelo espraio das ondas na maré
cheia) e a zona da maré baixa marcada pelo refluxo da onda subsequente ao espraio
(Komar, 1998). Por sua vez, a antepraia encontra-se subdividida em duas zonas: a
zona intertidal, que corresponde à área da antepraia que normalmente permanece
submersa durante a maré alta e emersa na maré baixa, e a zona de espraio, que tal
como o nome indica, é a zona onde ocorre o espraiamento da onda sobre a praia.
Na zona intertidal podem ainda considerar-se vários patamares. Com efeito,
existem dois modelos reconhecidos para a zonação da zona intertidal das praias are-
Zona de
Empolamento
Zona de espraio
Crista da berma
Berma Berma de temporal
DUNA
10 /20 m
Nível médio do mar Nível máx. da maré viva
Nível mín. da maré viva
Praia
Antepraia Alta-praia
Zona Litoral Zona Costeira
Zona de
Rebentação
Zona
Intertidal
FCUP Material e Métodos
18
nosas (Reis et al., 2000). O primeiro modelo foi proposto por Dahl (1953), e baseia-se
na distribuição da fauna intersticial para subdividir a zona intertidal em três zonas: (1)
zona alta, caracterizada pela presença de crustáceos que respiram O2 atmosférico; (2)
zona média, caracterizada pela presença dominante de isópodes da família Cirolani-
dae; e (3) zona baixa onde podem ser encontrados moluscos e poliquetas (Figura 6).
Salvat (1964, 1966, 1967) propôs um modelo alternativo de zonação (o mesmo usado
neste estudo) baseado no teor de água entre o sedimento. Segundo este modelo a
zona intertidal é subdividida em quatro zonas: (1) zona de areia seca, apenas alcan-
çada por salpicos ou por grandes ondas durante as marés-vivas; (2) zona de reten-
ção, onde o sedimento conserva alguma água e é alcançado por todas as marés; (3)
zona de ressurgência, onde há circulação de quantidades consideráveis de água
devido à subida e descida das marés; e (4) a zona de saturação, onde o sedimento
se encontra permanentemente saturado por água mas onde a movimentação de água
intersticial é fraca (Figura 6). A zona de areia seca de Salvat corresponde à zona alta
de Dahl. A zona de retenção e ressurgência equivalem à zona média enquanto a zona
de saturação é homóloga da zona baixa (Reis et al., 2000 citando McLachlan et al.,
1981 e Wendt & McLachlan, 1985).
Fig. 6 – Representação esquemática da estratificação da zona intersticial de uma praia arenosa segundo os modelos
de Dahl e Salvat (modificado de McLachlan, 1983).
FCUP Material e Métodos
19
2.3 – ÁREA DE ESTUDO E LOCALIZAÇÃO DAS
ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM
O presente estudo decorreu no litoral da área metropolitana do Porto, tendo
sido selecionadas quatro estações de amostragem: praia da Memória (41.23027° N,
8.722018° W) no concelho de Matosinhos; praia do Homem do Leme (41.162113° N,
8.686139° W) no concelho do Porto; praia do Cabedelo da Foz do Douro (41,137132°
N, 8,667577° W) e praia de Lavadores (41,12691° N, 8,667769° W) ambas no conce-
lho de Vila Nova de Gaia (Figuras. 7, 8, 9, 10 e 11). Estas praias são do tipo oceânico
com um perfil topográfico de declive pouco acentuado, de fácies6 batido e móvel,
embora com afloramentos rochosos dispersos. Os ventos dominantes sopram do qua-
drante norte e sudoeste e a ondulação predominante é a de noroeste.
As marés que ocorrem nesta área são do tipo semidiurno, isto é, com ocorrên-
cia de duas preia-mares e duas baixa-mares em cada dia lunar. Durante o período de
realização deste trabalho (novembro 2010 – maio 2011), foi registada no porto de Lei-
xões uma amplitude média das marés de 2,9 m durante as marés vivas e de 1,7 m nas
marés mortas, segundo dados do Instituto Hidrográfico (Tabela 1).
As temperaturas atmosféricas médias mensais, registadas pela estação meteo-
rológica de Pedras Rubras, entre novembro de 2010 e maio de 2011, encontram-se
compreendidas entre os 6,5oC e os 22,91oC. Enquanto a precipitação média mensal
em igual período foi de 98,4 mm (Tabela 2) (dados do Instituto de Meteorologia).
6 Corpo sedimentar com características específicas que o distingue de outras unidades rochosas vizinhas.
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20
Fig. 7 – Localização das estações de amostragem: 1 – praia da Memória; 2 – praia do Homem do Leme; 3 – praia do
Cabedelo da Foz do Douro; 4 – praia de Lavadores; P.L. – porto de Leixões (fonte: Googlemaps).
N
1km
1
2
3
4
P. L.
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Fig. 8 – Vista aérea parcial da praia da Memória encontrando-se assinalado o local onde foram realizadas as colheitas
(fonte: Bingmaps).
Fig. 9 – Vista aérea parcial da praia do Homem do Leme encontrando-se assinalado o local onde foram realizadas as
colheitas (fonte: Bingmaps).
N
10 m
N
10 m
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Fig. 10 – Vista aérea parcial da praia do Cabedelo da Foz do Douro encontrando-se assinalado o local onde foram
realizadas as colheitas (fonte: Bingmaps).
Fig. 11 – Vista aérea parcial da praia de Lavadores encontrando-se assinalado o local onde foram realizadas as colhei-
tas (fonte: Bingmaps).
25 m
N
N
10 m
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Tabela 1 – Elementos de marés (alturas e amplitudes) registados no porto de Leixões entre novembro de 2010 e maio
e 2011. Tabela elaborada a partir de dados publicados pelo Instituto Hidrográfico.
ALTURA (metros)
Máx. 3,6
Marés vivas Min. 3
Méd. 3,2
Preia-mar Máx. 2,7
Marés mortas Min. 2,3
Méd. 2,5
Altura média das marés na preia-mar 2,9
Altura média das marés 1,8
Máx. 0,6
Marés vivas Min. 0
Méd. 0,4
Baixa-mar Máx. 1,3 Marés mortas Min. 0,7
Méd. 1
Altura média das marés na baixa-mar 1,7
AMPLITUDE (metros)
Máx. 3,6
Marés vivas Min. 1,2
Méd. 2,9
Amplitude média das marés 2,2
Máx. 2,2
Marés mortas Min. 1,0
Méd. 1,5
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Tabela 2 – Resumo climatológico mensal, da temperatura e da precipitação, registados na estação metreológica de
Pedras Rubras entre novembro de 2010 e maio de 2011. Dados publicados pelo Instituto de Meteorologia.
Mês Média
Temp. Máx. Mês (°C)
Temp. Máx. Ocorrida
(°C)
Média Temp. Min.
Mês (°C)
Temp. Min. Ocorrida
(°C)
Prec. Total Mês
(mm)
Nov. / 2010 16,0 24,5 2,8 1,1 168,1
Dez. / 2010 13,7 19,2 6,5 -0,6 130,9
Jan. / 2011 13,94 16,8 7,46 -0,6 130,4
Fev. / 2011 14,80 19,1 6,82 1,0 159,6
Mar. / 2011 16,77 24,3 9,98 2,4 68,6
Abr. / 2011 22,69 30,6 13,15 6,7 115,6
Mai. / 2011 22,91 28,5 14,21 10,2 19,7
Média 17,29 23,29 8,7 2,89 113,27
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2.4 – PROCEDIMENTO DE CAMPO
2.4.1 – PROTOCOLO DE AMOSTRAGEM – PRAIAS
Cada uma das quatro estações de amostragem selecionadas foi visitada, uma
única vez, entre novembro de 2010 e maio de 2011 (Tabela 3), para se proceder à
recolha das amostras. Foram recolhidas amostras para a análise da distribuição da
meiofauna intersticial e para a caracterização das comunidades de meiofauna em
substrato arenoso e rochoso. Também se procedeu à amostragem de sedimentos
para determinação do teor em matéria orgânica e análise sedimentológica (Tabela 4).
Cada estação foi ainda sumariamente caracterizada do ponto de vista florístico e físi-
co-químico (temperatura e salinidade da água do mar e intersticial). Todas as amos-
tras foram recolhidas na zona intertidal durante o período da manhã, coincidindo com
a baixa-mar (Tabela 3).
Tabela 3 – Estações de amostragem utilizadas e respetivas datas de amostragem, com referência aos valores da
altura da maré registadas durante as colheitas. * – A altura da maré corresponde aos valores registados em igual
período no porto de Leixões; dados publicados pelo Instituto Hidrográfico.
ESTAÇÃO DE AMOSTRAGEM DATA DE AMOSTRAGEM ALTURA DAS MARÉS* (em
metros)
Praia de Memória 24 de novembro de 2010 0,5
Praia de Lavadores 23 de dezembro de 2010 0,3
Praia do Cabedelo da Foz do Douro
22 de março de 2011 0,1
Praia do Homem do Leme 5 de maio de 2011 0,6
2.4.2 – AMOSTRAS PARA A ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DA MEIO-
FAUNA
Para a coleta das amostras usadas na análise da distribuição da meiofauna, foi
necessário definir em cada um dos locais de amostragem, um transecto perpendicular
à linha de água e que atravessasse toda a zona intertidal. Neste transecto foram esco-
lhidos três pontos de acordo com o modelo de zonação da zona intertidal proposto por
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26
Salvat (1964, 1966, 1967) (ver Figura 6, pág. 18). O ponto mais afastado da linha de
água foi designado por zona alta, correspondendo à zona de retenção; o intermédio
por zona média, correspondendo à zona de ressurgência, e o ponto mais próximo do
mar foi designada por zona baixa, correspondendo a zona de saturação.
Tabela 4 – Quadro síntese do tipo, localização e respetivas quantidades de amostras recolhidas em cada uma das
estações de amostragem.
As amostras relativas a cada ponto foram obtidas com um amostrador tipo
corer, um tubo de PVC (comprimento 30 cm, diâmetro interno 6,9 cm, perfazendo uma
área de aproximadamente 37,39 cm2), inserido no sedimento até uma profundidade de
30 cm. As amostras foram depois subdivididas em três frações de 10 cm: 0-10 cm
(fração A), 10-20 cm (fração B) e 20-30 cm (fração C); sendo seguidamente sujeitas a
uma lavagem com água doce, tendo como objectivo aplicar um choque osmótico nos
organismos, narcotizando-os e permitindo a sua extração do sedimento.
TIPO DE AMOSTRA ZONA DE RECOLHA SUBDIVISÃO QUANTIDADE
Amostras para a análise da distribuição de meiofauna
Zona alta
Fração A 1
Fração B 1
Fração C 1
Zona média
Fração A 1
Fração B 1
Fração C 1
Zona baixa
Fração A 1
Fração B 1
Fração C 1
Amostras para a caracteriza-ção das comunidades em substrato arenoso
Zona média Não subdividida 1
Amostras para a caracteriza-ção das comunidades em substrato rochoso
Zona média Não subdividida 1
Granulometria
Zona alta Não subdividida 1
Zona média Não subdividida 1
Zona baixa Não subdividida 1
Teor em matéria orgânica
Zona alta Não subdividida 1
Zona média Não subdividida 1
Zona baixa Não subdividida 1
Total de amostras por estação de amostragem 17
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27
Durante a lavagem o sedimento foi cuidadosamente agitado, fazendo-se pas-
sar posteriormente o sobrenadante por uma rede com uma malha de 65 µm. O mate-
rial depositado na rede foi sujeito a fixação (10% de formol em água do mar
neutralizada com bórax a 1%) e corado com Rosa de Bengala. Sendo armazenado em
pequenos frascos devidamente etiquetados para posterior análise em laboratório.
2.4.3 – AMOSTRAS PARA A CARACTERIZAÇÃO DAS COMUNIDADES
EM SUBSTRATO ARENOSO E ROCHOSO
Com o objetivo de compreender a composição das comunidades de meiofauna
em função do tipo de substrato, procedeu-se, em cada estação de amostragem, à
colheita de um volume de 1600 cm3 de sedimentos presentes em substrato arenoso.
Em substrato rochoso, foram obtidos outros tantos 1600 cm3 de sedimentos e algas
obtidos por raspagem.
Estas amostras foram recolhidas entre as zonas baixa e média da praia, tendo
sido aplicada a metodologia acima descrita para a extração e preservação dos orga-
nismos.
2.4.4 – AMOSTRAS FÍSICO-QUÍMICAS
As amostras para a análise sedimentológica (granulometria, porosidade) e para
a determinação do teor em matéria orgânica do sedimento foram obtidas segundo o
mesmo esquema utilizado para a meiofauna intersticial, em transecto e nas mesmas
zonas (alta, média, baixa).
As amostras para análise sedimentológica foram também obtidas com recurso
a amostradores tipo corer idênticos aos utilizados para a meiofauna. Sendo os amos-
tradores posteriormente selados e transportados para o laboratório para análise.
Paralelamente, foram colhidas amostras de sedimento (cerca de 42 cm3 obtidos
por escavação a ±15 cm de profundidade) para a determinação do teor em matéria
orgânica.
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28
A temperatura e salinidade da água intersticial e do mar foram obtidas por leitu-
ra em refratómetro portátil para água do mar, modelo HI 96822 da Hanna Instruments.
As determinações da salinidade e temperatura da água intersticial foram obtidas ao
nível do lençol de água, na zona média da praia, enquanto para a água do mar os
dados foram recolhidos na zona de rebentação.
2.5 – PROCEDIMENTO LABORATORIAL
2.5.1 – ANÁLISES SEDIMENTOLÓGICAS E TEOR EM MATÉRIA
ORGÂNICA
2.5.1.1 – ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
Na caracterização textural dos sedimentos, as amostras foram levadas à estu-
fa, durante 72 horas, a uma temperatura de 60 °C. Em seguida foram peneiradas a
seco, em agitador eletromagnético, durante 15 minutos, sendo usada uma coluna de
crivos com malhas que variaram de -4 φ a 4 φ, com intervalos de 1 φ.
As frações granulométricas retidas nos crivos foram pesadas e os pesos
expressos em percentagem do peso total. Seguidamente procedeu-se à sua classifi-
cação em função do tamanho das partículas de acordo com a tabela de classificação
estabelecida por Wentworth (1922) e reproduzida na Tabela 5.
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29
Tabela 5 – Fragmento da escala de Wentworth para a classificação do tamanho dos grãos de sedimento, apresentan-
do as categorias de tamanho das partículas, e as respetivas escalas, que foram utilizadas na classificação do tipo de
sedimento presente na área de estudo.
2.5.1.2 – POROSIDADE
A porosidade total ( ) de uma amostra de sedimento pode ser definida como a
relação entre o volume de vazios (poros, canais, etc.), sejam eles interconectados ou
não, e o volume total da amostra.
Para determinar a porosidade total das amostras recolhidas, foi utilizado o
método de saturação em água. Este método consiste em vedar uma das extremidades
do tubo de PVC contendo a amostra e, em seguida, adicionar água até atingir a borda
do tubo. O valor da porosidade total ( ) é então calculado aplicando-se a seguinte
equação:
em que equivale ao volume total dos espaços vazios (determinado pelo volume de
água utilizado para saturar a amostra) e representa o volume total da amostra.
CLASSE TEXTURAL DESCRIÇÃO GENÉRICA DIÂMETRO (mm) ESCALA PHI (φ)
Cascalho
… … …
Seixos 8.0 – 16.0 -3 a -4
4.0 – 8.0 -2 a -3
Grânulos 2.0 – 4.0 -1 a -2
Areia
Areia muito grossa 1.0 – 2.0 0 a -1
Areia grossa 0.50 – 1.0 1 ─ 0
Areia média 0.25 – 0.50 2 ─ 1
Areia fina 0.125 – 0.25 3 ─ 2
Areia muito fina 0.0625 – 0.125 4 ─ 3
Silte 0.0039 – 0.0625 8 ─ 4
Argila < 0.0039 > 8
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30
A porosidade hidrodinâmica corresponde à fração do volume total dos espaços
vazios da amostra onde existe, efetivamente, um fluxo de fluidos (gás, água, etc.).
Para determinar o valor desta porosidade, foi necessário verter do tubo de PVC a água
anteriormente adicionada para determinar o volume total dos espaços vazios da amos-
tra. O volume de água recolhida após o vazamento do tubo corresponde ao valor da
porosidade hidrodinâmica da amostra.
A porosidade pelicular, ou seja, o volume de água que fica aderente à super-
fície dos grãos de sedimento, foi determinada através do cálculo da diferença entre o
valor da porosidade total e hidrodinâmica da amostra.
2.5.1.3 – MATÉRIA ORGÂNICA
As amostras específicas foram colocadas em estufa de secagem, durante um
período mínimo de 72 horas, até se obter peso constante. A determinação do teor em
matéria orgânica do sedimento foi obtida após combustão das amostras recolhidas
para o efeito, em mufla a 550 °C, durante 6 horas. A diferença de peso das amostras
antes e depois da combustão corresponde ao valor do teor em matéria orgânica,
expresso posteriormente em percentagem, relativamente ao peso de cada amostra.
2.5.2 – PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS PARA A ANÁLISE DA
DISTRIBUIÇÃO DA MEIOFAUNA E PARA A CARACTERIZAÇÃO DAS
COMUNIDADES EM FUNÇÃO DO TIPO DE SUBSTRATO
No laboratório, o material colhido foi transferido para uma placa de Petri e
observado à lupa binocular Wild (10-50x), equipada com iluminação de luz fria
SCHOTT-KL 1500. Procedendo-se assim à triagem da meiofauna.
As amostras foram primeiro analisadas em busca de tardígrados, tendo-se efe-
tuado posteriormente a contagem da restante meiofauna. Esta contagem da meiofau-
na foi efetuada através do uso de subamostras. Para facilitar esta tarefa foi usada uma
placa de Petri com fundo quadriculado (quadrados de 1 x 1 cm). Foram contados
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31
todos os organismos encontrados no interior de um grupo de 5 quadrados aleatoria-
mente distribuídos e que em conjunto representavam 25% da área da placa de Petri.
Os valores obtidos foram posteriormente multiplicados por 5 para se obter uma
estimativa do número de organismos presentes na placa. Os organismos encontrados
foram recolhidos com uma pipeta Pasteur e armazenados em tubos Eppendorf com
fixador (líquido de Bouin, formol a 10% em água do mar neutralizada com bórax a 1%).
Procedeu-se depois à identificação dos organismos até níveis taxonómicos
elevados (grandes grupos, Tabela 6) recorrendo-se a obras literárias e páginas da
internet especializadas, nomeadamente: Brusca & Brusca (2003), Appeltans et al.
(2011) e ETI BioInformatics (2011). Relativamente aos tardígrados, a identificação das
espécies foi feita pela observação de vários carateres morfológicos (apêndices cefáli-
cos, tipo e número de dígitos, presença/ausência de espinhos nas patas etc.), com
recurso a uma chave dicotómica atualizada (Fontoura et al. 2012) para os diferentes
géneros de tardígrados marinhos, cuja elaboração foi iniciada na fase preliminar deste
estudo, bem como pela comparação com a descrição original das diferentes espécies
disponível na literatura.
Quando necessário, recorreu-se à montagem de alguns exemplares em prepa-
rações extemporâneas para observação em maior detalhe em microscópio ótico de
contraste de fase (Zeiss Axioskop Phase Contrast Microscope) e/ou microscópio de
contraste de interferência diferencial (DIC).
Tabela 6 – Lista dos níveis de identificação utilizados.
Granuloreticulosa - Filo
Platyhelminthes - Filo
Gastrotricha - Filo
Kinorhyncha - Filo
Nemata - Filo
Priapula - Filo
Annelida - Classe
Tardigrada - Espécie
Crustacea - Ordem, subordem e subclasse
Hexapoda - Ordem e Família
Cheliceriformes - Ordem
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32
2.6 – TRATAMENTO DE DADOS
2.6.1 – ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
A caracterização e posterior comparação das amostras sedimentológicas em
termos granulométricos exigiram o cálculo de diversos parâmetros, especificadamente:
diâmetro médio dos grãos (MZ), calibragem (σI), assimetria (SKI) e curtose (KG) das
curvas de frequência granulométricas. Para o cálculo destes parâmetros foi utilizado o
programa de computador Gradistat v8.0 (Blott & Pye, 2001) e as fórmulas propostas
por Folk & Ward (1957) que se encontram listadas na Tabela 7.
Tabela 7 – Formulações dos parâmetros granulométricos utilizados (fonte: Folk & Ward, 1957; ᶲx – diâmetro médio do
grão de sedimento respetivamente ao valor x da percentagem cumulativa).
PARÂMETRO EQUAÇÃO
Diâmetro médio MZ = ᶲ16+ᶲ50+ ᶲ843
Calibragem ᶲ ᶲ
ᶲ ᶲ
Assimetria ᶲ ᶲ ᶲ
ᶲ ᶲ
ᶲ ᶲ ᶲ
ᶲ ᶲ
Curtose ᶲ ᶲ
ᶲ ᶲ
A determinação do diâmetro médio dos grãos (MZ) permite-nos inteirar sobre a
ordem de grandeza do sedimento predominante na amostra, sendo afetado pela inten-
sidade do agente de transporte e/ou pelos níveis energéticos do ambiente deposicio-
nal.
A calibragem (σI), por vezes designada por grão de seleção do sedimento, é
determinada pelo cálculo do desvio padrão, expressando a maior ou menor concentra-
ção de partículas em torno da média. Fornece-nos informações sobre a homogeneida-
de do tamanho do grão, sendo que, numa amostra bem calibrada, todos os grãos
exibem dimensões semelhantes, enquanto amostras mal calibradas apresentam grãos
com vários tamanhos. Este parâmetro encontra-se diretamente relacionado com a
constância ou a irregularidade dos níveis energéticos do ambiente deposicional, sendo
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33
influenciado pela proveniência, modo de transporte do sedimento e eficiência do agen-
te de seleção (Folk, 1974). Na Tabela 8 indicam-se as classes de calibragem e os res-
petivos valores-limite usados neste trabalho, segundo o proposto por Folk & Ward
(1957).
Tabela 8 – Nomenclatura e respetivos valores-limite utilizados para caracterizar a calibração do sedimento (fonte: Folk
& Ward 1957).
DESIGNAÇÃO σI (em unidades phi)
Muito bem calibrada < 0,35
Bem calibrada 0,35 - 0,50
Moderadamente calibrada 0,50 - 1,00
Mal calibrada 1,00 - 2,00
Muito mal calibrada 2,00 - 4,00
Extremamente mal calibrada > 4,00
O grau de assimetria (SKI) da curva de distribuição de um sedimento é, segun-
do Suguio (1973), indicado pelo afastamento do diâmetro médio em relação à media-
na. Numa distribuição normal, o diâmetro médio e a mediana coincidem e, portanto,
não existe assimetria. Contudo, se a curva de distribuição exibe uma cauda que decli-
na para a direita, sendo o diâmetro médio superior ao valor da mediana, diz-se que a
distribuição é desviada para a direita ou que tem assimetria positiva. Na situação
inversa, quando a curva apresenta uma cauda que declina para a esquerda e o diâme-
tro médio do grão é inferior à mediana, temos uma distribuição com curva assimétrica
negativa ou desviada à esquerda. Distribuições granulométricas com assimetria positi-
va expressam o enriquecimento da distribuição em partículas finas, enquanto assime-
trias negativas indicam um acréscimo das granulações mais grosseiras. Na Tabela 9
são apresentados os limites e respetivas designações para os valores de assimetria
usados neste trabalho.
A curtose (KG) é a medida do grau de achatamento de uma curva de distribui-
ção de frequências em relação à curva normal de referência. Segundo Suguio (1973),
a curtose traduz a relação entre a dispersão na parte central e nas caudas da curva de
distribuição. Contudo, ainda segundo o mesmo autor, não se conhece muito sobre o
seu significado físico e geológico e pouco se sabe sobre a magnitude ou frequência
dos seus valores nos sedimentos. Muitos autores preferem usá-la como uma medida
do grau de seleção (Borba, 1999) Numa distribuição normal, a curva granulométrica
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34
não é nem achatada, nem muito pontiaguda, sendo designada por mesocúrtica. Se a
curva de distribuição granulométrica tem uma forma mais pontiaguda do que a curva
normal é denominada de leptocúrtica e quando apresenta uma forma mais achatada é
chamada de platicúrtica. Para a classificação das curvas de distribuição de frequên-
cias, segundo o coeficiente de curtose, foram usadas os limites e designações propos-
tos por Folk & Ward (1957), enumerados na Tabela 10.
Tabela 9 – Valores-limite e respetiva nomenclatura utilizada para caracterizar a assimetria (fonte: Folk & Ward, 1957).
SKI DESIGNAÇÃO
+ 0,30 a + 1,00 Assimetria muito positiva
(fortemente assimétrica no sentido dos finos)
+ 0,10 a + 0,30 Assimetria positiva
(assimétrica no sentido dos finos)
- 0,10 a + 0,10 Aproximadamente simétrica
- 0,30 a - 0,10 Assimetria negativa
(assimétrica no sentido dos grosseiros)
- 1,00 a - 0,30 Assimetria muito negativa
(fortemente assimétrica no sentido dos grosseiros)
Tabela 10 – Intervalos de variação e respetiva nomenclatura utilizadas na caracterização do achatamento das curvas
granulométricas (fonte: Folk & Ward, 1957).
KG DESIGNAÇÃO
< 0,67 Muito platicúrtica
0,67 a 0,90 Platicúrtica
0,90 a 1,11 Mesocúrtica
1,11 a 1,50 Leptocúrtica
1,50 a 3,00 Muito leptocúrtica
> 3,00 Extremamente leptocúrtica
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35
2.6.2 – ANÁLISE DAS COMUNIDADES DE MEIOFAUNA
Uma vez identificados os organismos, procedeu-se à análise dos dados obti-
dos. Para verificar a existência de padrões de variação espacial foram analisados os
seguintes parâmetros: densidade de cada taxon (expressa em número de indivíduos
por 10 cm2), riqueza em taxa, índice de diversidade de Shannon – Wiener e o índice
de equitabilidade de Pielou. A análise destes parâmetros foi efetuada com o auxílio do
programa de computador Microsoft Excel 2007, tendo sido empregues as seguintes
fórmulas:
DENSIDADE DE CADA TAXON
sendo o número de indivíduos de um determinado grupo e a área da
amostra ( para as amostras de utilizadas na análise da distribuição da
meiofauna; para as amostras utilizadas na caracterização das comu-
nidades em função do substrato).
ÍNDICE DE DIVERSIDADE DE SHANNON – WIENER
O índice de diversidade de Shannon – Wiener possui a vantagem, face
a outros índices de diversidade, de exprimir a importância relativa de cada gru-
po e não somente a relação entre o número total de indivíduos e grupos. Para
o cálculo deste índice foi usada a seguinte fórmula (adaptada de Shannon &
Weaver, 1949):
sendo o número de grupos e a proporção da amostra contendo indivíduos
do grupo .
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36
ÍNDICE DE EQUITABILIDADE DE PIELOU
O índice de equitabilidade de Pielou compara a diversidade de Shannon
– Wiener com a distribuição dos organismos pelos grupos, tendo como objetivo
testar a uniformidade da comunidade e inferir sobre a sua diversidade. A diver-
sidade é máxima quando todos os grupos apresentam um número uniforme de
indivíduos. O índice de equitabilidade de Pielou é expresso pela seguinte fór-
mula (adaptada de Pinto-Coelho, 2000):
em que corresponde ao valor do índice de Shannon – Wiener previamente
calculado e ao número total de grupos da amostras.
2.6.3 – ANÁLISES MULTIVARIADAS
Análise em componentes principais
Com o intuito de identificar as associações entre os parâmetros físico-químicos
e em que medida estas associações poderiam ser usadas para diferenciar as praias
foi utilizada a análise em componentes principais PCA (do inglês Principal Component
Analysis).
Esta análise foi realizada usando os parâmetros físico-químicos (granulometria,
porosidades e teor em matéria orgânica) previamente transformados pelo Log (x+1),
para aumentar a homogeneidade das variâncias.
Foram realizadas duas PCA, a primeira usando os dados recolhidos em cada
praia ao longo das diferentes elevações (zona baixa, média e alta) e a segunda usan-
do para cada praia a média da soma dos valores observados em cada elevação.
Na realização da PCA foi utilizado o programa informático STATISTICA v8.0
(StatSoft, Inc. 2007).
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37
Análise de agrupamento hierárquico
A análise de agrupamento hierárquico (AAH) foi executada com o objetivo de
estimar a semelhança entre as praias quanto à composição de macroalgas. Para pos-
sibilitar esta análise foi elaborada uma matriz binária com os dados de presença-
ausência resultantes da identificação das espécies de macroalgas. Como método de
agrupamento foi utilizada a média aritmética não ponderada (UPGMA - Unweighted
Pair Group Method with Arithmetic Mean) e como medida de distância o coeficiente de
Jaccard. As praias foram agrupadas com base no seu grau de similaridade, como des-
crito por Lepš & Šmilauer (2003) para a AAH, e os dados representados na forma de
dendrograma. Todo o processo de análise foi executado através do programa informá-
tico PRIMER v6 (Clarke & Gorley, 2006).
Análise BIOENV
A análise BIOENV foi executada com o intuito de correlacionar os parâmetros
físico-químicos (granulometria, porosidades e teor em matéria orgânica) com os dados
biológicos, procurando encontrar qual(is) o(s) parâmetro(s) que melhor explica(m) a
distribuição da meiofauna. Para a realização desta análise, os dados relativos aos
parâmetros físico-químicos e de abundância da meiofauna em função das diferentes
elevações tiveram de ser previamente transformados. Os dados relativos aos parâme-
tros físico-químicos forma transformados pelo Log (x+1) e posteriormente normaliza-
dos enquanto os dados referentes à meiofauna foram transformados pela com o
intuito de minorar a influência das espécies mais abundantes sobre as menos repre-
sentadas.
Para a elaboração da matriz de similaridade dos dados referentes à distribuição
das abundâncias da meiofauna foi utilizado o índice de similaridade de Bray-Curtis.
Todo o processo de análise foi realizado através do programa informático PRI-
MER v6 (Clarke & Gorley, 2006).
FCUP Resultados e Discussão
38
3. Resultados e Discussão
FCUP Resultados e Discussão
39
3.1 – TARDÍGRADOS MARINHOS INTERTIDAIS
No presente trabalho foram colhidos 31 exemplares de tardígrados marinhos
pertencentes a quatro géneros da classe Heterotardigrada (Tabela 11): Batillipes simi-
lis Schulz, 1955; Halechiniscus cf. greveni Renaud-Mornant & Deroux, 1976; Halechi-
niscus sp.; Styraconyx cf. sargassi Thulin, 1942; Echiniscoides sigismundi sigismundi
Schultze, 1865 e Echiniscoides sigismundi hispaniensis Kristensen & Hallas, 1980.
Tabela 11 – Tardígrados marinhos identificados, com referências aos locais de captura e número de exemplares reco-
lhidos.
TAXA LOCALIZAÇÃO Nº. DE EXEMPLARES
Arthrotardigrada
Batillipedidae
- Batillipes similis Schulz, 1955 Praia da Memória (amostras em substrato rochoso)
5
Halechiniscidae
- Halechiniscus cf. greveni Renaud-Mornant & Deroux, 1976
- Halechiniscus sp.
- Styraconyx cf. sargassi Thulin, 1942
Praia de Lavadores (amos-tras em substrato rochoso)
6
1
2
Echiniscoidea
Echiniscoididae
- Echiniscoides sigismundi sigismundi Schultze, 1865
Praia do Homem do Leme (amostras em substrato
rochoso) 15
- Echiniscoides sigismundi hispaniensis Kris-tensen & Hallas, 1980
Praia da Memória (amostras em substrato rochoso)
2
A grande variabilidade intraespecífica da morfologia dos Arthrotardigrada
(subordem que inclui a maioria das espécies marinhas de tardígrados) constitui um
problema quando pretendemos proceder a identificações taxonómicas ao nível de
espécie (Renaud-Mornant, 1982). Batillipes noerrevangi Kristensen, 1978, por exem-
plo, exibe polimorfismo dos apêndices caudais relacionado com o ciclo de vida, a épo-
ca do ano e as condições ambientais (Gaugler, 2002). Esta variabilidade morfológica
entre os tardígrados marinhos torna-se ainda mais problemática pois é conhecida
FCUP Resultados e Discussão
40
apenas para algumas espécies, já que os estudos intrapopulacionais são raros
(Renaud-Mornant, 1982).
As dificuldades na identificação dos exemplares são ainda acrescidas pela difi-
culdade na observação dos carateres morfológicos, muitos deles com elevado valor
taxonómico. Muitos destes carateres, pelas suas reduzidas dimensões, posição ou
deformações causadas pelo processo de montagem, são de difícil visualização e
medição, podendo conduzir a interpretações subjetivas por parte de observadores
menos cautelosos e experientes. Além disso certas estruturas tornam-se impercetíveis
pouco tempo após a montagem dos exemplares, devido à ação (diafanização, por
exemplo) dos meios de montagem. Nestas condições, mesmo identificações a níveis
taxonómicos mais elevados, como por exemplo o género, podem ser bastante difíceis.
Sendo as dificuldades agravadas ainda mais perante a inexistência de tabelas de iden-
tificação atualizadas.
3.1.1 – DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES DE TARDÍGRADOS MARINHOS
INTERTIDAIS IDENTIFICADAS
Batillipes similis Schulz, 1955 (redescrito por D’Addabbo et al., 1999) (Figuras
12 e 13).
Material examinado: Cinco exemplares provenientes duma amostra recolhida
em substrato rochoso na praia da Memória, em novembro de 2010.
Descrição: Arthotardigrada com patas telescópicas cada uma das quais com
seis dedos pedunculados, de comprimento desigual, com a extremidade em forma de
disco adesivo. Os primeiros três pares de patas possuem órgãos sensoriais em forma
de espinho. O comprimento do corpo é compreendido entre 121 – 197 µm. A cutícula é
transparente e ornamentada com uma fina pontuação dorsal.
O conjunto de apêndices cefálicos é formado por um par de cirros laterais A,
um par de clavas primárias, um par de cirros internos, um par de cirros externos e um
único cirro mediano. Os cirros laterais A são estruturas bem desenvolvidas, encon-
trando-se assentes em cirróforos que servem igualmente de apoio às clavas primárias.
As clavas primárias são estruturas alongadas e cilíndricas em forma de baqueta, têm
um comprimento inferior ao dos cirros laterais A. Os cirros cefálicos externos, os cirros
FCUP Resultados e Discussão
41
internos e o cirro mediano, tal como os restantes apêndices cefálicos, são bastantes
desenvolvidos e apresentam um cirróforo basal.
Os cirros somáticos E apresentam um anel basal refringente.
A principal característica destes exemplares é a presença de projeções laterais
triangulares, denominadas auriculae, entre cada par de patas, sendo estas projeções
mais notórias entre o terceiro e quarto par. Apresentam também uma projeção caudal
de forma e comprimento variáveis (geralmente triangular).
Distribuição geográfica: Esta espécie foi encontrada no Oceano Atlântico (Ale-
manha, França, Reino Unido, Espanha); surge também no Mar Mediterrâneo e no
Oceano Pacífico (Maucci, 1986); sendo agora citada pela primeira vez para Portugal.
FCUP Resultados e Discussão
42
Fig. 12 – Batillipes similis. Aspeto geral de um dos exemplares recolhidos na praia da Memória (obtida através de
microscópio ótico de contraste de fase – barra da escala = 10 µm).
FCUP Resultados e Discussão
43
Fig. 13 – Batillipes similis. Aspeto geral de um dos exemplares recolhidos na praia da Memória (obtida através de
microscópio ótico de contraste de fase – barra da escala = 10 µm).
FCUP Resultados e Discussão
44
Halechiniscus cf. greveni Renaud-Mornant & Deroux, 1976 (Tabela 12
e Figura 14).
Material examinado: Seis exemplares (2 machos, 2 fêmeas, 1 indivíduo de
sexo indeterminado e 1 indivíduo em estado larvar) coletados numa única amostra
recolhida no substrato rochoso da praia de Lavadores, em dezembro de 2010.
Descrição: Arthotardigrada de comprimento corporal compreendido entre 77,0
e 153,5 µm. O bordo anterior da cabeça é liso, expandindo-se por dois lobos laterais
cónicos. A região cefálica subdivide-se num lobo dorsal e outro ventral no qual está
colocado o cone bucal subterminal.
O conjunto de apêndices cefálicos é formado por um par de cirros laterais A,
um par de clavas primárias, um par de cirros internos e externos e um único cirro
mediano. Todos os cirros cefálicos encontram-se organizados segundo um mesmo
padrão: uma região basal que serve de apoio, o scapus, seguida por um flagelo. Os
cirros laterais A e as clavas primárias coocorrem na extremidade dos lobos laterais da
região cefálica. As clavas primárias são estruturas tubiformes, de diâmetro uniforme ao
longo de toda a sua extensão, atingindo um comprimento médio de 18,9 µm. As clavas
primárias demonstram dimorfismo sexual, com os machos, embora de tamanho mais
reduzido, a exibirem clavas maiores. Os cirros externos ( = 13,3 µm) ocupam uma
posição antero-ventral, enquanto os cirros internos, de dimensões ligeiramente supe-
riores ( = 14,4 µm), surgem no bordo antero-dorsal da região cefálica. O cirro media-
no é constituído por um flagelo e cirróforo bem desenvolvidos (apesar de em nenhum
dos exemplares ter sido encontrado um flagelo completo).
As patas são telescópicas, possuindo quatro dígitos, terminados em garras
sem calcar. Os dedos internos são ligeiramente mais compridos que os externos, sen-
do esta característica mais evidente nos dedos da pata IV. As garras dos dedos exter-
nos são simples (não apresentam esporões ou espinhos na região dorsal), enquanto
as dos dedos internos possuem um pequeno esporão dorsal.
O órgão sensorial dos três primeiros pares de patas, exibe a forma de um espi-
nho que aumenta progressivamente em comprimento da pata I para a pata III, enquan-
to na pata IV apresenta a forma de papila.
Os cirros E são compridos ( = 28,6 µm) apresentando uma região proximal
anelada, em forma de “acordeão”.
A distância média registada entre o gonóporo e o ânus foi de 20,8 µm.
FCUP Resultados e Discussão
45
A forma larvar, com apenas dois dedos em cada pata, possuía um comprimen-
to de 64,6 µm.
Tabela 12 – Medições (em µm) efetuadas nos exemplares adultos e em estado larvar de Halehiniscus cf. greveni
(Comp. – comprimento corporal; C.A – cirro lateral A; C.e – cirro cefálico externo; C.i – cirro cefálico interno; C.m –
cirro mediano; Cl.1 – clava primária; P1 – espinho da pata I; P2 – espinho da pata II; P3 – espinho da pata III; P4 –
papila da pata IV; C.E – cirro E; T.bucal – tubo bucal; A-G – distância ânus-gonóporo).
Nota: As características morfológicas (qualitativas e quantitativas) dos exem-
plares estudados coincidem com a descrição de Halechiniscus greveni Renaud-
Mornant & Deroux, 1976, mesmo tendo em conta a redescrição de Grimaldi de Zio et
al. (1990). Porém a subdivisão da região cefálica num lobo dorsal e outro ventral, típi-
ca de Halechiniscus chafarinensis Grimaldi de Zio & Villora Moreno, 1995, impede uma
identificação conclusiva. Contudo, H. chafarinensis apresenta uma série de 9 expan-
sões laterais bem evidentes que não foram observadas nestes exemplares.
Distribuição geográfica: A primeira descrição desta espécie foi feita com base
em exemplares recolhidos junto da Estação Biológica de Roscoff (Costa Atlântica fran-
cesa, na zona do Canal da Mancha) por Renaud-Mornant & Deroux (1976). Posterior-
mente foram também encontrados por Kristensen (1981) numa pequena poça situada
entre as rochas na zona intertidal de uma praia em St. Pol-de-Leon (Costa Atlântica
francesa, na zona do Canal da Mancha). Existem também registos para o Mar Mediter-
râneo, mais concretamente no Mar Jónico (D’Addabbo et al., 1987; Grimaldi De Zio &
MACHO 1 MACHO 2 FÊMEA 1 FÊMEA 2 SEX. IND. LARVA
Comp. 77,0 81,4 127,0 153,5 89,0 64,6
C.A 18,1 21,5 30,4 16,6
C.e 13,1 11,3 15,8 12,0 14,1
C.i 12,1 14,5 19,0 11,8
C.m 16,0 19,6 8,1 9,1 16,1
Cl.1 22,9 22,4 18,0 12,1
P1 11,2 6,3
P2 6,8 10,4 12,9 12,1 6,9
P3 9,9 19,1 17,0 9,3
P4 13,6 8,7 13,6 13,8
C.E 25,3 24,7 35,2 29,0
T.bucal 14,3 20,83 19,6
A-G 14,0 28,9 19,5
FCUP Resultados e Discussão
46
D’Addabbo, 1987), no Mar Tirreno (D’Addabbo et al., 1989) e segundo Villora-Moreno
& Grimaldi De Zio (1996) em Espanha, mais concretamente no Golfo de Valência, e no
Mar de Alborão, na extremidade ocidental do Mar Mediterrânico. Foram ainda coleta-
dos por Gaugler (2002) dois exemplares no sul da Califórnia.
Esta espécie é agora citada pela primeira vez para Portugal.
Fig. 14 – Vista ventral de um exemplar de Halechiniscus cf. greveni (obtida através de microscópio de contraste de
interferência diferencial [DIC] – barra da escala = 10 µm).
Halechiniscus sp. (Tabela 13 e Figura 15).
Material examinado: Um exemplar (fêmea) colhido numa única amostra prove-
niente de substrato rochoso da praia de Lavadores, em dezembro de 2010.
FCUP Resultados e Discussão
47
Descrição: Fêmea adulta do género Halechiniscus, com 157,4 µm de compri-
mento corporal.
A cutícula é finamente pontuada dorsalmente, exibindo expansões laterais
triangulares (Figura 15) entre cada par de patas, sendo manifestamente mais eviden-
tes as localizadas entre o terceiro e quarto par.
A região cefálica apresenta o bordo frontal liso, expandindo-se por dois lobos
laterais cónicos e não sendo subdividida em lobo dorsal e ventral. Os cirros laterais A
(33,7 µm) e as clavas primárias (19,7 µm) coocorrem na extremidade dos lobos late-
rais da região cefálica. As clavas primárias têm uma forma cilíndrica e apresentam um
diâmetro uniforme em todo o seu comprimento. Os cirros cefálicos externos (18,4 µm),
tal como na maioria das outras espécies de Halechiniscus, ocupam uma posição ante-
ro-ventral, enquanto os cirros cefálicos internos (19,7 µm) surgem no bordo antero-
dorsal da região cefálica. O cirro mediado encontrava-se fragmentado, não tendo sido
possível determinar o seu comprimento.
As patas são telescópicas possuindo quatro dígitos, terminados em garras de
tamanho semelhante entre si. Os dedos internos são ligeiramente mais compridos que
os externos, sendo esta característica mais evidente nos dedos da pata IV. As garras
dos dedos externos são simples (não apresentam esporões ou espinhos na região
dorsal), enquanto as dos dedos internos possuem um pequeno esporão dorsal.
Os primeiros três pares de patas possuem um órgão sensorial em forma de
espinho que vai aumentando progressivamente em tamanho entre a pata I e III. Na
pata IV o órgão sensorial ostenta a forma de papila.
Os cirros E exibem cirróforos robustos (4,9 µm) e um comprimento total de 40,1
µm.
Nota: Tendo em conta as expansões laterais presentes no exemplar de Lava-
dores, há algumas semelhanças com Halechiniscus jejuensis Chang & Rho, 2002,
espécie descrita pela primeira vez numa região sublitoral rasa na ilha de Jeju, situada
na extremidade sul da península coreana e, mais recentemente, citada também para a
região central do Vietname, tendo sido encontrada numa zona de mangue (Tchesu-
nov, 2011). Contudo, em H. jejuensis as expansões laterais são bastante mais proe-
minentes. Expansões laterais ocorrem também noutras espécies de Halechiniscus
mas a forma das expansões laterais, do cirro E e órgãos sensoriais e, ainda, de aspe-
tos relativos às garras é muito diferente nessas espécies.
Deste modo, considerando o que acabou de ser referido, e tendo em conta que
apenas se encontrou um indivíduo com estas características, considerou-se oportuno
FCUP Resultados e Discussão
48
não atribuir este exemplar a nenhuma das espécies já descritas. Eventualmente, tra-
tar-se-á de uma nova espécie para a ciência.
Tabela 13 – Medidas de algumas estruturas do exemplar de Halehiniscus sp.
CARATERES MORFOLÓGICOS COMPRIMENTO (µm)
Comprimento corporal 157,4
Cirro lateral A 33,7
Clava primária 19,7
Cirro cefálico externo: 18,4 Cirroforo Scapus Flagelo
1,6 6,6
10,2 Cirro cefálico interno: 19,7
Cirroforo Scapus Flagelo
2,5 6,8
10,4
Órgão sensorial pata I: 9,26
Scapus Flagelo
4,84 4,42
Órgão sensorial pata II: 16,5
Scapus Flagelo
10,7 5,8
Órgão sensorial pata III: 18,2
Scapus Flagelo
5,8 12,4
Órgão sensorial pata IV: 19,5
Cirroforo Papila
Extremo
11,3 5,0 3,2
Cirro E: 40,1
Cirroforo Scapus Flagelo
4,9 9,0
26,2
Tubo bucal 25,7
Distância ânus-gonóporo 22,4
FCUP Resultados e Discussão
49
Fig. 15 – Halechiniscus sp. A – vista dorsal; B – pormenor da projeção lateral entre as patas III e IV (obtida através de
microscópio ótico de contraste de fase – barra da escala = 10 µm).
A
B
FCUP Resultados e Discussão
50
Styraconyx cf. sargassi Thulin, 1942 (Tabela 14 e Figura 16)
Material examinado: Dois exemplares provenientes de substrato rochoso da
praia de Lavadores.
Descrição: Arthotardigrada (família Halechiniscidae) de cutícula lisa, sem pla-
cas dorsais, com cone bucal subterminal e comprimento corporal variável entre 105,7
e 112,4 µm.
A cabeça apresenta-se provida com um conjunto completo de apêndices cefáli-
cos. Os cirros laterais A são longos ( = 17,1 µm), com mais do dobro do comprimento
da clavas primárias ( = 6,7 µm), não sendo segmentados e não partilhando uma base
comum com estas. A clava primária é alongada e ligeiramente em forma de S, encon-
trando-se parcialmente rodeada por uma membrana, resultante da extensão do cirrófo-
ro, que a subdivide em duas partes: uma proximal, longa, e uma distal curta. Próximo
da base da clava primária situa-se o órgão de van der Land. As clavas secundárias
exibem uma forma lenticular. Os cirros cefálicos internos, externos e mediano pos-
suem o aspeto de uma cerda, não apresentando tal como os cirros A, segmentação.
Os cirros E são longos ( = 22,7 µm) e encontram-se assentes em cirróforos.
Em cada pata observa-se um conjunto de quatro dígitos terminados em garra.
Os dedos possuem pedúnculo e o par de dedos internos, em comparação com o par
externo, é ligeiramente mais comprido. As garras são sensivelmente do mesmo tama-
nho e ostentam três ganchos.
Os órgãos sensoriais dos três primeiros pares de patas são longos e semelhan-
tes a espinho, enquanto na pata IV existe uma papila com uma extremidade bastante
alongada.
Nota: A identificação dos exemplares estudados como pertencendo à espécie
Styraconyx sargassi Thulin, 1942 não é evidente e necessita de confirmação. Com
efeito, foram examinados apenas dois exemplares, de pequenas dimensões, tendo
sido muito difícil observar e medir alguns carateres taxonómicos importantes devido às
deformações causadas pelo processo de montagem.
Apesar de na descrição original de Thulin não serem mencionados órgãos sen-
soriais nos três primeiros pares de patas, todas as outras características estão de
acordo com os padrões definidos para S. sargassi. Além disso, segundo Kristensen &
Higgins (1984b), a distribuição de S. sargassi parece estar restrita a uma determinada
associação com algas do género Sargassum. Género este que apesar de não ter sido
FCUP Resultados e Discussão
51
observado nas amostras recolhidas na praia de Lavadores, foi identificado noutros
locais (praia da Aguda) próximos da área de estudo em questão (Santos, 2008), sob a
forma da espécie exótica e prejudicial Sargassum muticum.
Distribuição geográfica: Oceano Atlântico (Açores), Mar Mediterrâneo (Espa-
nha: Alicante, Barcelona e Maiorca), Oceano Índico (Madagáscar) e Oceano Pacífico
(Califórnia - EUA) (Kristensen & Higgins, 1984b).
Tabela 14 – Medições (em µm) efetuadas nos exemplares de Styraconyx cf. sargassi.
CARATERES MORFOLÓGICOS EXEMPLAR 1 EXEMPLAR 2
Comprimento corporal 105,7 112,4 109,1
Cirro lateral A 16,6 17,5 17,1
Clava primária 4,7 8,6 6,7
Clava secundária 3,9
Cirro cefálico externo 7,6 13,0 10,3
Cirro cefálico interno 7,8 10,6 9,2 Cirro mediano 8,0 11,1 9,6
Cirro E 20,8 24,5 22,7
Tubo bucal 15,6 15,1 15,4
Estiletes 16,6 15,2 15,9
Bulbo bucal 15,2 x 13,3 14,5 x 14,0
FCUP Resultados e Discussão
52
Fig. 16 – Vista ventral de Styraconyx cf. sargassi. A – focagem a evidenciar os apêndices cefálicos e cirro E; B – Foca-
gem a evidenciar as garras (obtida através de microscópio ótico de contraste de fase – barra da escala = 10 µm).
A
B
FCUP Resultados e Discussão
53
Echiniscoides sigismundi (M. Schultze, 1865) (Tabela 15)
Echiniscoides sigismundi (M. Schultze, 1865) é a espécie tipo do género Echi-
niscoides Plate, 1889. Trata-se de um género de tardígrados intertidais muito comum e
geralmente associado a cracas (Balanus sp. e Chthalamus sp.) e algas (Enteromorpha
sp.). Conta atualmente com oito espécies. Os tardígrados do género Echiniscoides são
caracterizados por possuírem a cutícula não dividida em placas dorsais e apêndices
sensoriais (cefálicos e das patas) de dimensões reduzidas. Nos adultos, cada pata,
sem dedos, tem mais de quatro garras simples (Kristensen & Hallas, 1980). A espécie
apresenta, provavelmente, uma distribuição geográfica circunglobal. Contudo, a gran-
de variabilidade individual que se pode observar, sobretudo no que diz respeito à
ornamentação cuticular e número de garras por pata, levou Kristensen & Hallas (1980)
a descrever seis subespécies. Este número foi depois alargado para oito, com a inclu-
são de duas novas subespécies do Antártico (Grimaldi de Zio et al., 2000).
Neste trabalho, identificamos indivíduos pertencentes a duas subespécies:
Echiniscoides s. sigismundi Schultze, 1865 e Echiniscoides s. hispaniensis Kristensen
& Hallas, 1980.
Echiniscoides sigismundi sigismundi Schultze, 1865 (Tabelas 16,
17, 18, e 19, Figura 17).
Material examinado: Quinze exemplares (1 macho, 3 fêmeas e 11 de sexo
indeterminado), um dos quais em estado simplex, provenientes de uma amostra obtida
em substrato rochoso da praia do Homem do Leme, em maio de 2011.
Descrição: Echiniscoides com comprimento corporal compreendido entre 137,4
e 228,8 µm ( = 185,6 µm) e cutícula lisa. O corpo é incolor. Manchas oculares presen-
tes e bem evidentes. A abertura bucal é subterminal; o tubo bucal medianamente
comprido (comprimento do tubo bucal relativamente ao comprimento total entre 16 e
25,2%).
Os cirros laterais A apresentam a forma de um curto espinho, com um compri-
mento médio de 8,4 µm. Na sua base observam-se, umas pequenas papilas, as clavas
primárias. Os cirros cefálicos externos e internos são cónicos e de dimensões muito
reduzidas, sendo difíceis de observar e medir. As clavas secundárias são pouco evi-
FCUP Resultados e Discussão
54
dentes, sendo constituídas por pequenas projeções localizadas na extremidade ante-
ro-lateral da cabeça.
Em cada pata há oito a nove garras simples (sem esporões) e de tamanho
semelhante, sendo a configuração mais frequente 9,9,9,8 (Tabela 19).
Apenas se observaram apêndices sensoriais no terceiro e quarto pares de
patas; uma seta na pata III e uma papila na pata IV.
Os cirros E exibem uma forma em espinho semelhante à dos cirros A ( = 7,8
µm).
O ânus, separado do poro genital, não possui abas laterais.
Distribuição geográfica: Segundo Kristensen & Hallas (1980) esta subespécie
será típica da costa europeia do Atlântico, tendo sido observada com regularidade em
rochas e algas macrófitas no Mar do Norte (França, Dinamarca, Noruega, e Suécia).
Há também registos localizados mais a sul (Tenerife). Os registos efetuados para a
América do Norte e Mediterrâneo devem ser encarados com cautela, pois podem refe-
rir-se a outras subespécies. Em Portugal, embora a subespécie seja conhecida há
bastante tempo, poucas são as referências escritas (Centena et al., 2011, Kristensen
and Neves, pers. comm.).
Tabela 15 – Algumas características morfológicas e distribuição geográfica das diferentes espécies do género Echiniscoides.
E. andamanensis
(Chang & Rho, 1998)
E. bruni (D’Addabbo et al.,
1992)
E. higinsi (Hallas & Kristensen,
1982)
E. hoepneri (Kristensen & Hallas,
1980)
E. horningi (Miller & Kristensen,
1999)
E. pollocki (Hallas & Kristensen,
1982)
E. sigismundi s. lat. (M. Schultze, 1865)
E. travei (Bellido & Beltran,
1983)
Comp. corporal Médio Pequeno Grande Grande Médio Médio Pequeno a grande Grande
Config. das garras
8,8,8,7 10,10,10,10 6,6,6,6 9,9,9,8 8,8,8,7 8,8,8,7 Variável 9,9,9,8
Tubo bucal Curto Longo Longo Longo Curto Curto Curto Curto
Apêndices cefálicos
Cónicos Tufo terminal Cónicos Cónicos Cónicos Tufo terminal Cónicos Cónicos
Apêndices somáticos
Curtos Curtos Longos Curtos Curtos Médios Curtos Curtos
Cutícula Lisa Esculpida Esculpida Lisa Esculpida Esculpida Variável Lisa
Órg. sensorial pata I
Papila Seta Papila Ausente Papila Papila Ausente / papila Ausente
Órg. sensorial pata II
Papila Ausente Seta Seta Papila Papila Ausente / papila Papila
Órg. sensorial pata III
Seta Seta Seta Seta Forma de garrafa Seta Seta / forma de
garrafa Seta
Aba anal Não Não Não Não Sim Sim Não Não
Placa bucal Não Não Não Não Sim Sim Não Não
Clava terciária Não Não Não Não Sim Não Não Não
Placa dorso-caudal
Não Não Não Não Não Não Não Sim
Distribuição Oceano Índico
(Ilhas Andaman) Mar Mediterrâneo
Oceano Atlântico (E.U.A)
Oceano Atlântico (Gronelândia)
Subantártico (Ilhas Macquarie)
Oceano Atlântico (E.U.A)
“Cosmopolita” Subantártico
(Ilhas Kerguelen)
Tabela 16 – Algumas características morfológicas e distribuição geográfica das diferentes subespécies de Echiniscoides sigismundi.
E. s. sigismundi (M. Schultze, 1865)
E. s. galliensis (Kristensen & Hallas,
1980)
E. s. groenlandicus (Kristensen & Hallas,
1980)
E. s. hispaniensis (Kristensen & Hallas,
1980)
E. s. mediterranicus (Kristensen & Hallas,
1980)
E. s. polynesiensis (Renaud-Mornant,
1976)
E. s. porphyrae (Grimaldi et al.,
2000)
E. s. verrucariae (Grimaldi et al.,
2000)
Comp. Corporal
Médio Pequeno Muito grande Pequeno Pequeno Médio Grande Grande
Config. das garras
9,9,9,8 10,9,10,9 8,8,8,8 7,7,7,6 11,12,11,10 9,9,9,8 9,9,9,8 9,10,9,9
Cutícula Lisa Grosseiramente
esculpida Esculpida / pontuada
Grosseiramente esculpida
Lisa Grosseiramente
esculpida Pontuada Pontuada
Órg. sensorial pata I
Ausente/papila Ausente Papila Ausente Ausente Ausente/papila Papila Papila
Órg. sensorial pata II
Ausente/papila Ausente Papila Ausente Ausente Papila Ausente Ausente
Órg. sensorial pata III
Seta Seta Seta Seta Seta Forma de
garrafa / curta Forma de
garrafa / longa Forma de
garrafa / longa
Garras centrais abruptamente
curvadas Não Não Não Não Não Sim Não Não
Distribuição Oceano Atlântico
(Noruega, Dinamarca e França)
Oceano Atlântico (França)
Oceano Atlântico (Gronelândia,
Noruega, E.U.A)
Oceano Atlântico (Espanha)
Mar Mediterrâneo (Espanha)
Oceano Pacífico Subantártico
(Ilhas Marion) Subantártico
(Ilhas Marion)
FCUP Resultados e Discussão
57
Tabela 17 – Dimensões (em µm) de algumas estruturas dos exemplares de E. s. sigismundi da praia do Homem do
Leme. Comp. – comprimento corporal; C.A – cirro lateral A; C.i – cirro cefálico interno; P2 – órgão sensorial pata II; P3
– órgão sensorial pata III; P4 – órgão sensorial pata IV; C.E – cirro E; T.bucal – tubo bucal; T.bucal/Comp. – razão
tubo bucal comprimento corporal; N – n.º de exemplares; MIN. – valor mínimo; MAX. – valor máximo; - valor médio.
Tabela 18 – Dimensões (em µm) de algumas estruturas dos exemplares de E. s. sigismundi a que foi possível determi-
nar o sexo. Comp. – comprimento corporal; C.A – cirro lateral A; C.i – cirro cefálico interno; P3 – órgão sensorial pata
3; P4 – órgão sensorial pata 4; C.E – cirro E; T.bucal – tubo bucal; T.bucal/Comp. – razão tubo bucal comprimento
corporal; Config. garras – configuração das garras.
CARATERES MORFOLÓGICOS N MIN. MAX.
Comp. 14 137,4 228,8 185,6
C.A 13 3,4 10,1 8,4
C.i 11 3,4 6,0 4,5
P2 1 7,4 7,4
P3 10 2,2 8,1 5,1
P4 12 2,6 4,8 4,0
C.E 12 5,9 10,4 7,8
T.bucal 12 22,9 49,8 36,7
T.bucal/Comp. 12 16% 25,2% 19,9%
CARATERES MORFOLÓGICOS MACHO FÊMEA 1 FÊMEA 2 FÊMEA 3
Comp. 168,3 201,6 221,9 228,8
C.A 7,9 9,6 10,1 10,1
C.i 5,0 3,9 6,0
P3 6,0 2,2
P4 4,0 3,3 2,6
C.E 7,8 8,5 10,4
T.bucal 39,9 49,8 46,2 36,5
T.bucal/Comp. 23.7% 24,7% 20,8% 16,0%
Config. garras 9-9-8-8 9-9-?-8 9-9-9-8 9(?)-9-8-8
FCUP Resultados e Discussão
58
Tabela 19 – Configuração das garras em E. s. sigismundi da praia do Homem do Leme com indicação do número de
garras em cada pata. N – n.º de exemplares; % – percentagem.
Fig. 17 – Exemplar de Echiniscoides sigismundi sigismundi proveniente da praia do Homem do Leme (microscopia
ótica de contraste de fase – barra da escala = 10 µm).
Echiniscoides sigismundi hispaniensis Kristensen & Hallas,
1980 (Tabelas 16 e 20, Figuras 18 e 19).
Material examinado: Dois exemplares (macho e fêmea) provenientes de uma
amostra recolhida no substrato rochoso da praia da Memória, em novembro de 2010.
GARRAS PATA I N ; %
PATA II N ; %
PATA III N ; %
PATA IV N ; %
8 2 ; 14,3 1 ; 7,7 5 ; 38,7 9 ; 64,3
9 12 ; 85,7 12 ; 92,3 8 ; 61,5 5 ; 35,7
FCUP Resultados e Discussão
59
Descrição: Echiniscoides de pequenas dimensões (♂ 132 µm; ♀ 216 µm), de
cutícula incolor e grosseiramente esculpida. A ornamentação cuticular é constituída
por pequenos tubérculos circulares, organizados em linhas regulares transversais.
Manchas oculares presentes. Boca subterminal como na subespécie tipo mas o tubo
bucal é bem mais longo (Tabela 20). Não possuem placa caudal ou abas anais.
Tabela 20 – Dimensões (em µm) de algumas estruturas dos exemplares de Echiniscoides s. hispaniensis da praia da
Memória. N – n.º de exemplares; - valor médio; T.bucal/Comp. – razão tubo bucal comprimento corporal.
O conjunto de apêndices cefálicos é formado por um par de cirros laterais A,
um par de cirros cefálicos externos e internos, um par de clavas primárias e secundá-
rias. Os cirros laterais A são relativamente longos (♂ 5,7 µm; ♀ 15,7 µm), assentando
numa base situada muito próximo da clava primária em forma de pequena papila. Os
cirros cefálicos externos ocupam uma posição ventral, sendo constituídos por uma
papila terminada num pequeno tufo de curtas e esparsas cerdas. Os cirros cefálicos
internos, em posição mais dorsal, exibem uma constituição idêntica à dos cirros cefáli-
cos externos. As clavas secundárias apresentam uma forma lenticular.
As garras simples inserem-se diretamente nas patas, tendo exibido a seguinte
configuração: 8,8,8,8,na fêmea e 9,9,9,8, no macho.
Na fêmea observaram-se apêndices sensoriais no segundo, terceiro e quarto
pares de patas. Nas patas II e III apresentam a forma de uma seta de comprimento
crescente (respetivamente 7,5 e 9,6 µm) enquanto na pata IV assumem a forma de
uma pequena papila (5,1 µm). No macho não se observou a seta na pata II.
Os cirros E são também relativamente compridos (♂ 7,7 µm; ♀ 16,8 µm), tendo
uma aparência semelhante à do cirro A.
CARATERES MORFOLÓGICOS N MACHO FÊMEA
Comprimento do corpo 2 132,0 216,0 174,0
Cirro A 2 5,7 15,7 10,7
Cirro cefálico externo 1 4,7 4,7
Cirro cefálico interno 2 2,0 6,8 4,4
Órgão sensorial pata II 1 7,5
Órgão sensorial pata III 2 4,2 9,6 6,9
Órgão sensorial pata IV 1 5,1
Cirro E 2 7,7 16,8 12,3
Tubo bucal 2 32,3 51,1 41,7
T.Bucal/Comp. 2 23,7% 24,5% 24,1%
FCUP Resultados e Discussão
60
O ânus, separado do poro genital, não possui abas laterais.
Nota: De acordo com a descrição original, resumida na Tabela 16, os exempla-
res de Echiniscoides sigismundi hispaniensis Kristensen & Hallas, 1980, subespécie
rara, são de dimensões muito reduzidas, a cutícula é ornamentada com tubérculos
circulares, os dois primeiros pares de patas não apresentam órgãos sensoriais e o
número de garras varia entre 7 a 9 (patas I a III) e 6 a 8 (patas IV). Num dos exempla-
res da Praia da Memória observou-se um apêndice sensorial no segundo par de patas.
Por outro lado, nestes exemplares, os apêndices cefálicos eram terminados em tufo
(em E. sigismundi os apêndices cefálicos são descritos como sendo cónicos). Assim,
se a diferença observada para os apêndices cefálicos se pode ter ficado a dever a
uma deficiente observação nas poucas descrições anteriores, a presença do órgão
sensorial no segundo par de patas é motivo suficiente para questionar a identificação
destes exemplares como pertencendo a Echiniscoides s. hispaniensis. Tendo em con-
ta os carateres morfológicos a que, tradicionalmente, se atribui uma maior importância
taxonómica (número de garras, cutícula e número e forma de apêndices), verifica-se
(Tabela 15) que os exemplares estudados, para além das semelhanças já referidas
com Echiniscoides s. hispaniensis, apresentam afinidades com Echiniscoides higginsi
Hallas & Kristensen, 1982. Contudo, E. higginsi é uma espécie de maior tamanho e
que apresenta uma configuração das garras diferente (6,6,6,6 versus 8,8,8,8 ou
9,9,9,8) e não variável. Sabendo que no género Echiniscoides a variabilidade interindi-
vidual é acentuada e uma vez que apenas foram observados dois exemplares consi-
derou-se prudente atribuí-los à subespécie Echiniscoides sigismundi hispaniensis,
sugerindo-se, desde já, a reavaliação do seu estatuto taxonómico, eventualmente a
elevação à categoria de espécie. Com efeito, em novas amostras provenientes da
Praia da Memória no âmbito de outros projeto a decorrer (Fontoura & Tavares, com.
pess) foi estudado um número considerável de indivíduos de características análogas
em que também se verificou que a presença da seta no segundo par de patas mas em
apenas cerca de 20% dos indivíduos.
Distribuição geográfica: Echiniscoides sigismundi hispaniensis foi citado ape-
nas para Espanha (Sada, A Corunha na Galiza) por Kristensen & Hallas (1980). Este
registo constitui a primeira citação para Portugal.
FCUP Resultados e Discussão
61
Fig. 18 – Echiniscoides s. hispaniensis. Aspeto geral da fêmea proveniente da praia da Memória, sendo visível a orna-
mentação da cutícula (microscopia ótica de contraste de fase – barra da escala = 10 µm).
FCUP Resultados e Discussão
62
Fig. 19 – Echiniscoides s. hispaniensis. Vista ventral do macho (microscopia ótica de contraste de fase – barra da
escala = 10 µm).
FCUP Resultados e Discussão
63
3.2 – CARACTERIZAÇÃO DO MEIO INTERTIDAL
3.2.1 – PARÂMETROS GRANULOMÉTRICOS
Entre os vários fatores que influenciam a distribuição da meiofauna, as dimen-
sões dos grãos de sedimento, ou seja a sua granulometria, evidencia-se como um dos
mais importantes, determinando diretamente a composição e a riqueza específica das
comunidades de organismos e, indiretamente, a quantidade de alimento disponível e
as condições físico-químicas do meio intersticial (Ward 1973, 1975; Giere, 2009). Por
esta razão, não é possível descorar a análise granulométrica quando se pretende rea-
lizar um estudo sobre a ecologia das comunidades bentónicas em substratos móveis.
Os resultados obtidos através da análise granulométrica do sedimento serão de
seguida apresentados e discutidos.
Diâmetro médio
As curvas cumulativas de distribuição do sedimento (Anexo I), construídas para
cada uma das amostras e reunidas num mesmo gráfico (Figura 20), permitiram evi-
denciar claramente a existência de uma grande homogeneidade nas distribuições gra-
nulométricas, com o predomínio indubitável das classes texturais grânulos e seixos.
O diâmetro médio das partículas de sedimento nas amostras recolhidas variou
entre 2,25 e 9,28 mm (Tabela 21). Na praia da Memória, as amostras analisadas apre-
sentaram um diâmetro médio muito semelhante. O sedimento nesta praia foi o que
registou o menor diâmetro médio, tendo sido classificado como grânulo, segundo a
classificação estabelecida por Wentworth (1922). Já as amostras da praia de Lavado-
res apresentaram uma maior heterogeneidade textural, com os sedimentos mais gros-
seiros acumulados preferencialmente na zona baixa da praia, diminuindo
gradualmente essa tendência em direção à zona alta. Na praia do Cabedelo da Foz do
Douro, este gradiente na distribuição das partículas sedimentares exibiu um compor-
tamento inverso. Os sedimentos mais grosseiros foram encontrados em maior percen-
tagem na zona alta da praia, diminuindo gradualmente essa tendência para a zona
média e, posteriormente, para a zona baixa. Na praia do Homem do Leme os seixos
foram a classe textural dominante, sendo esta a praia que apresentou o sedimento
com o maior diâmetro médio. Nesta praia os sedimentos de maiores dimensões surgi-
FCUP Resultados e Discussão
64
ram aglomerados na zona média, diminuindo ligeiramente de tamanho na zona alta e
mais acentuadamente na zona baixa, embora pertencendo sempre à classe textural
seixos.
Fig. 20 – Curvas granulométricas do sedimento para as quatro estações de amostragem (Mem. – praia da Memória,
Lav. – praia de Lavadores, Cab. – praia do Cabedelo da Foz do Douro, Hom. – praia do Homem do Leme), segundo
as diferentes zonas amostradas (B – baixa, M – média, A – Alta).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
16 -4
Seixos e
superiores
8 -3
Seixos
4 -2
Grânulos
2 -1
Areia muito grossa
1 0
Areia grossa
0,5 1
Areia média
0,25 2
Areia fina
0,125 3
Areia muito fina
0,063 4
Silte
< 0,063 > 4
Argila
mm phi
Pe
rce
nte
age
m c
um
ula
tiva
Diâmetro dos grãos
Mem B
Mem M
Mem A
Lav B
Lav M
Lav A
Cab B
Cab M
Cab A
Lem B
Lem M
Lem A
Tabela 21 – Parâmetros granulométricos (diâmetro médio, calibragem assimetria e curtose) das amostras recolhidas (nas zonas alta, média e baixa) com indicação da classificação do diâmetro
médio segundo a escala de Wentworth (1922) e das designações da calibragem, assimetria e curtose propostas por e Folk & Ward (1957).
ESTAÇÃO DE AMO-
STRAGEM ZONA
PARÂMETROS GRANULOMÉTRICOS
Diâmetro Médio Calibragem Assimetria Curtose
Praia da Memória
Alta 2,7 mm
(grânulos)
0,65 (moderadamente calibrada)
0,11 (positiva)
0,75 (platicúrtica)
Média 2,25 mm (grânulos)
0,62 (moderadamente calibrada)
0,19 (positiva)
0,81 (platicúrtica)
Baixa 2,26 mm (grânulos)
0,66 (moderadamente calibrada)
0,16 (positiva)
0,89 (platicúrtica)
Praia de Lavadores
Alta 3,05 mm (grânulos)
1,39 (mal calibrada)
0,14 (positiva)
0,78 (platicúrtica)
Média 4,60 mm
(seixos)
1,10 (mal calibrada)
0,54 (muito positiva)
0,47 (muito platicúrtica)
Baixa 5,74 mm
(seixos)
0,81 (moderadamente calibrada)
0,05 (aproximadamente simétrica)
1,38 (lepticúrtica)
Praia do Cabedelo da Foz do Douro
Alta 4,10 mm
(seixos)
0,98 (moderadamente calibrada)
0,101 (positiva)
1,10 (mesocúrtica)
Média 4,01 mm
(seixos) 0,96
(moderadamente calibrada) 0,04
(aproximadamente simétrica) 1,07
(mesocúrtica)
Baixa 2,91 mm (grânulos)
0,98 (moderadamente calibrada)
-0,04 (aproximadamente simétrica)
0,87 (platicúrtica)
Praia do Homem do Leme
Alta 8,75 mm
(seixos)
0,57 (moderadamente calibrada)
0,37 (muito positiva)
0,56 (muito platicúrtica)
Média 9,28 mm
(seixos)
0,61 (moderadamente calibrada)
0,22 (positiva)
0,86 (platicúrtica)
Baixa 6,16 mm
(seixos)
0.88 (moderadamente calibrada)
0,95 (muito positiva)
0,46 (muito platicúrtica)
FCUP Resultados e Discussão
66
Calibragem
Os valores obtidos para a calibragem indicam que a maioria das amostras é
formada por sedimento moderadamente calibrado (Tabela 21), refletindo-se numa
grande homogeneidade do tamanho dos grãos. A exceção recai sobre a zona média e
alta da praia de Lavadores que apresentam uma má calibragem do sedimento, suge-
rindo uma mistura de sedimentos gerados e/ou trabalhados por distintos ambientes
sedimentares.
Para Folk (1974), a calibragem (também designada de seleção) encontra-se
diretamente relacionada com a constância ou a irregularidade dos níveis energéticos
do ambiente deposicional, sendo influenciado pela proveniência, modo de transporte
do sedimento e eficiência do agente de calibragem.
No segmento costeiro da praia de Lavadores aflora um relevante maciço graní-
tico de grão médio a grosseiro. Da meteorização (física e química) das rochas afloran-
tes deste maciço resulta, em última análise, a formação dos clastos grosseiros
dominantes no sedimento desta praia. A má calibragem obtida poderá ser uma conse-
quência da mistura entre clastos retrabalhados e recém-formados ou resultar da mistu-
ra com partículas mais finas transportadas pelas marés, correntes marinhas litorais e
pelo rio Douro
Assimetria e Curtose
A assimetria é um parâmetro estatístico que nos indica o grau de distorção da
distribuição granulométrica em relação a uma distribuição normal ou seja, permite-nos
inferir sobre o grau de enriquecimento da população granulométrica em sedimentos
finos ou grosseiros. Distribuições granulométricas com assimetria positiva expressam
um enriquecimento em partículas finas, enquanto assimetrias negativas relatam um
acréscimo das granulações mais grosseiras. A curtose mede o grau de achatamento
da curva de distribuição em relação à curva normal e quando relacionada com a assi-
metria permite-nos inferir sobre o grau de seletividade do meio e a proveniência do
sedimento acumulado. Os valores de assimetria e curtose determinados para cada
estação de amostragem encontram-se indicados na (Tabela 21).
A praia da Memória apresentou uma assimetria positiva, indicando um desvio
da normalidade no sentido da diminuição do tamanho das partículas. A distribuição
platicúrtica do sedimento sugere a existência de um ambiente pouco seletivo, em que
ocorre uma mistura de populações sedimentares geradas e/ou trabalhadas por outros
FCUP Resultados e Discussão
67
ambientes sedimentares. A distribuição da curtose, conjuntamente com os restantes
parâmetros e características morfológicas da praia, leva-nos a considerar que, os
sedimentos finos que se encontram a ser incorporados serão transportados pela ação
eólica, tendo a sua origem nas dunas adjacentes.
A praia de Lavadores possui uma zona baixa com distribuição granulométrica
aproximadamente simétrica, denotando a ocorrência de uma mistura equitativa de
partículas finas e grosseiras. Pelo contrário, a assimetria positiva a muito positiva nas
zonas alta e média, respectivamente, indicam o acúmulo de sedimentos menos gros-
seiros. A ação marinha na zona baixa é fortemente seletiva (distribuição leptocúrtica),
gerando um cordão litoral moderadamente calibrado e constituído por seixos; a assi-
metria positiva, nesta zona, justifica-se assim por fenómenos de arredondamento e
desgaste dos seixos. Na zona média, a conjugação da assimetria muito positiva com
uma distribuição muito platicúrtica resulta do retrabalhamento e consequente mistura
granulométrica condicionada pela ondulação e marés; esta ação hidrodinâmica mari-
nha estende-se até à zona alta, sendo contudo mais perene.
Esta distribuição sedimentar é típica das praias fechadas (protegidas por mas-
sas rochosas) e rochosas, em que a ação das ondas na zona de rebentação tende a
gerar a maior parte da massa sedimentar por erosão das rochas. O material formado é
então trabalhado e os sedimentos menos grosseiros são espraiados para fora da zona
de espalho (zona baixa), ficando aí retidos os seixos, relativamente aos quais, em
condições normais, não existe suficiente energia hidrodinâmica para os mobilizar para
as zonas superiores da praia.
Na praia do Cabedelo da Foz do Douro, a distribuição granulométrica aproxi-
madamente simétrica nas zonas baixa e média revela uma equidade na mistura entre
partículas finas e grosseiras, enquanto na zona alta existe uma tendência para o acu-
mulo de partículas finas (assimetria positiva). A distribuição platicúrtica na zona baixa
sugere a ocorrência de um ambiente pouco seletivo onde se verifica a deposição e
mistura de sedimentos transportados fluvialmente com sedimentos trabalhados pelo
mar, enquanto as distribuições mesocúrticas (zonas média e alta) apontam para a
ocorrência de uma zona de transição entre um ambiente onde predomina a deposição
de sedimento e outro em que prevalece o transporte.
A praia do Homem do Leme possui uma distribuição granulométrica positiva a
muito positiva com um achatamento platicúrtico a muito platicúrtico, indicando uma
tendência para o aumento da percentagem de sedimentos menos grosseiros na distri-
buição granulométrica. Na região onde se encontra inserida esta praia não é notória a
movimentação de areias, dado os sedimentos transportados pelo rio Leça e pelas cor-
rentes longitudinais vindas do norte serem desviadas pelo quebramar do porto de Lei-
FCUP Resultados e Discussão
68
xões, enquanto os sedimentos transportados pelo rio Douro são depositados mais a
sul (Duarte, 2009). Sendo assim, os poucos sedimentos “finos” encontrados terão a
sua génese no sedimento já existente na praia. A assimetria muito positiva reforça
esta análise, colocando em evidência um regime hidrodinâmico suficientemente forte
para retrabalhar os sedimentos grosseiros, tornando-os mais finos.
3.2.2 – POROSIDADE
Os valores determinados para a porosidade total (Tabela 22) encontram-se
dentro dos limites considerados normais para o tipo de sedimento encontrado nas
praias analisadas (entre 20 a 50% por volume em areias naturais segundo Brown &
McLachlan, 2006).
Tabela 22 – Valores da porosidade total, pelicular e hidrodinâmica determinados para cada uma das zonas (alta, média
e baixa) nas várias estações de amostragem.
ESTAÇÃO DE AMOSTRAGEM ZONA POROSIDADE
Total Hidrodinâmica Pelicular
Praia da Memória
Alta 46,3% 38% 8,3%
Média 49,7% 47,2% 2,5%
Baixa 53,9% 51,6% 2,3%
Praia de Lavadores
Alta 39% 30,1% 8,9%
Média 49,3% 38,7% 6,6%
Baixa 49,9% 46,8% 3,1%
Praia do Cabedelo da Foz do Douro
Alta 43,1% 37,4% 5,7%
Média 45,2% 42,6% 2,6%
Baixa 44,4% 41,2% 3,2%
Praia do Homem do Leme
Alta 51,5% 49,8% 1,7%
Média 51,5% 51,2% 0,3%
Baixa 37,4% 32,9% 4,5%
Os valores máximos de porosidade total são obtidos em areias bem calibradas
(com tamanho bastante uniforme) e de grãos não muito arredondados (Suguio, 1973).
Sedimentos bem selecionados têm maior porosidade total do que sedimentos simila-
res mal calibrados. Em amostras onde o sedimento se encontra mal calibrado, ou seja,
FCUP Resultados e Discussão
69
existe uma grande heterogeneidade no tamanho dos grãos, as partículas de menores
dimensões preenchem os interstícios que se formam entre os grãos maiores, reduzin-
do assim a percentagem de espaços vazios e, consequentemente, a porosidade total.
O tamanho das partículas não influência, pelo menos em teoria, o valor da
porosidade. Porém, na prática, observa-se que na generalidade, quanto mais fino o
sedimento maior é o valor da porosidade, apesar da diminuição do tamanho dos poros
(Suguio, 1973). Suguio (1973) considera que tal será parcialmente função das diferen-
ças na disposição (packing, que por sua vez depende da calibragem e forma dos
grãos) e orientação dos grãos. Por outro lado quanto mais fina a areia, menor a pro-
babilidade dos poros serem preenchidos por partículas ainda mais pequenas.
Em suma, a porosidade é determinada pelas características granulométricas da
fração dominante e pelo tamanho e proporção das outras frações misturadas com ela
(Brown & McLachlan, 2006).
No caso das áreas em estudo, se compararmos os valores obtidos para a
porosidade total (Tabela 22) com os resultados da análise granulométrica (Tabela 21),
nomeadamente o diâmetro médio e a calibragem, observamos que estão de acordo
com o acima referido. De um modo geral, para zonas com sedimento de igual classe
textural, a porosidade total é tanto maior quanto melhor calibrados (menor valor de
calibragem) se encontrarem os grãos.
Embora a porosidade total represente, em certa medida, o volume de água que
se encontra “armazenada” no sedimento, esta não representa a quantidade de água
que ele poderá fornecer, ou seja, a quantidade de água que se desloca entre os grãos
de sedimento. Sucede que a ação da gravidade é incapaz de deslocar toda a água
armazenada; uma parcela desta água fica retida nos interstícios pela atração molecu-
lar que se estabelece entre a água e a superfície das partículas sedimentares.
A porosidade hidrodinâmica representa precisamente a percentagem do volu-
me total de água “armazenada” que se encontra “livre” para circular entre os interstí-
cios. Sendo favorecida pelas mesmas condições que determinam os valores máximos
da porosidade total. Assim se compreende que, dentro da mesma praia, valores supe-
riores de porosidade total correspondam a uma maior porosidade hidrodinâmica
(Tabela 22).
A porosidade pelicular, refere-se à retenção de água na superfície das partícu-
las sedimentares, sendo provocada sobretudo por forças iónicas que fazem com que
haja atração entre as moléculas de água e a superfície das partículas. Em termos
absolutos, o somatório da área superficial das partículas, para o mesmo volume e/ou
peso de amostra, é tanto maior quanto mais pequenas forem as partículas. Deste
FCUP Resultados e Discussão
70
modo, os valores de porosidade pelicular registados irão depender das percentagens
de partículas finas existentes nas amostras. Os resultados obtidos corroboram esta
afirmação; dentro de uma mesma praia, zonas com maior percentagem de partículas
finas (consultar Anexo I – Histogramas das distribuições granulométricas) apresentam
também uma maior porosidade pelicular (Tabela 22).
3.2.3 – TEOR EM MATÉRIA ORGÂNICA
As percentagens de matéria orgânica (matéria orgânica particulada) contidas
no sedimento variaram entre 0,16 e 0,72%, encontrando-se distribuídas espacialmente
conforme a Tabela 23. A menor percentagem foi registada na zona baixa da praia da
Memória, enquanto o valor mais elevado foi assinalado na zona baixa da praia do
Homem do Leme.
Tabela 23 - Variação da percentagem da matéria orgânica presente no sedimento em função da zona de amostragem
(alta, média e baixa) e da praia amostrada.
ESTAÇÃO DE AMO-
STRAGEM ZONA % DE MATÉRIA ORGÂNICA
% MÉDIA DE MATÉRIA
ORGÂNICA
Praia da Memória
Alta 0,22
Média 0,17 0,18
Baixa 0,16
Praia de Lavadores
Alta 0,21
Média 0,35 0,27
Baixa 0,23
Praia do Cabedelo da Foz do Douro
Alta 0,24
Média 0,24 0,28
Baixa 0,35
Praia do Homem do Leme
Alta 0,20
Média 0,22 0,38
Baixa 0,72
O aporte de material orgânico no sedimento das praias ocorre sob a forma de
matéria orgânica dissolvida (MOD) e particulada (MOP). A MOD origina-se principal-
mente a partir da decomposição e excreção bacterianas, mas também a partir da lixi-
viação de materiais em decomposição de origem vegetal e animal ou pela exsudação
de bactérias e plantas (Giere, 2009). Enquanto a MOP engloba todas as partículas
FCUP Resultados e Discussão
71
orgânicas detríticas independentemente do seu tamanho, desde partículas microscó-
picas até grandes fragmentos (Brown & McLachlan, 2006).
A determinação do teor em matéria orgânica pelo método de combustão a ele-
vadas temperaturas apresenta o inconveniente de não permitir determinar a quantida-
de de MOD contida nas amostras, fornecendo somente indicações sobre o teor em
MOP. Contudo, mesmo cientes desta limitação, a necessidade de otimização de tem-
po e recursos levou-nos a optar por este método.
A quantidade MOP que se acumula na zona intertidal está dependente de
vários fatores como as correntes marítimas, o grau de exposição às ondas, a inclina-
ção da praia, a granulometria do sedimento e a quantidade de vegetação presente nas
áreas circundantes (Dahl, 1953). Segundo Giere (2009), na maioria das praias areno-
sas a quantidade de MOP corresponde a menos de 1% do peso total das amostras de
sedimento; situação que foi igualmente observada nas praias analisadas neste estudo.
Uma substancial percentagem de MOP encontrada no sedimento deriva de
organismos planctónicos (bactérias, fitoplâncton e zooplâncton) mortos que são captu-
rados pelo enorme sistema filtrante que são as praias (Giere, 2009). Outra fonte de
MOP é constituída pelas pilhas de macrófitas e de outro material orgânico de origem
marinha, terrestres ou antropogénica que são depositados nas praias pela ação dos
ventos, marés e correntes marinhas (Duong, 2008).
Ao analisarmos os valores médios do teor em matéria orgânica, observamos
que as praias de Lavadores e do Cabedelo da Foz do Douro apresentam valores muito
semelhantes (respetivamente 0,27 e 0,28%), enquanto as praias da Memória (0,18%)
e do Homem do Leme (0,38%) se diferenciam claramente entre si e das demais. A
semelhança entre as praias de Lavadores e do Cabedelo poderá estar relacionada
com a proximidade geográfica entre ambas, encontrando-se assim sujeitas aos mes-
mos fatores condicionadores de acúmulo de MOP. Inversamente, as praias da Memó-
rias e do Homem do Leme, distintamente afastadas entre si, não compartilharão os
mesmos fatores de acumulo.
O sedimento da praia do Homem do Leme apresentou um teor em MOP distin-
tamente superior ao das restantes praias. A origem desta superioridade estará relacio-
nada, provavelmente, com a existência dos muitos afloramentos rochosos observáveis
durante o período de baixa-mar. Estas estruturas geológicas servem de substrato a
macrófitas e outros organismos que, quando soltos, serão depositados na praia, for-
mando pilhas de material orgânico que posteriormente será incorporado nos interstí-
FCUP Resultados e Discussão
72
cios do sedimento. De acordo com Brown & McLanchlan (2006), os locais onde se
estabelecem macrófitas constituem uma fonte apreciável de detritos orgânicos para as
praias adjacentes.
Assim como na praia do Homem do Leme, a componente rochosa em Lavado-
res é igualmente considerável. Contudo, o caráter mais exposto da praia conduz a
uma maior dispersão dos detritos orgânicos e consequentemente a um menor teor de
MOP acumulada. O diâmetro médio do grão de sedimento é outro fator que poderá ter
contribuído para acentuar as diferenças entre estas duas praias. Orr et al. (2005) cons-
tatou que quanto mais grosseiro o sedimento mais MOP é acumulada, tendo sido pro-
posto que tal se ficava a dever à maior facilidade com que as partículas penetravam
nos interstícios.
3.2.4 – SALINIDADE E TEMPERATURA DA ÁGUA
Na zona intertidal das praias arenosas, as condições vigentes na água intersti-
cial resultam essencialmente das características físico-químicas da água do mar, pelo
que, na maioria das situações, a salinidade intersticial mantêm-se muito semelhante à
registada na água do mar (Pollock, 1971a). Contudo, apesar desta consonância de
valores, é normal observarem-se gradientes de salinidade ao longo das praias. Estes
gradientes estabelecem-se horizontalmente, devido à diminuição da capacidade de
infiltração da água do mar e em alguns casos devido ao contacto com fontes continen-
tais de água doce, mas também verticalmente, com as zonas superiores do sedimento
a ficarem hipossalinas devido à ação diluidora da água da chuva ou hipersalinas pela
evaporação da água salgada (Pollock, 1971a; Brown & McLachlan, 2006; Giere, 2009).
As determinações da salinidade e temperatura da água intersticial foram obti-
das ao nível do lençol de água, na zona média da praia, enquanto para a água do mar
os mesmos parâmetros foram obtidos na zona de rebentação. Os valores determina-
dos encontram-se registados na Tabela 24.
Na praia da Memória, Lavadores e Cabedelo da Foz do Douro os valores de
salinidade são muito semelhantes ao valor médio (32,8‰) registado por Galhano
(1970) na praia de Francelos (situada aproximadamente 3 km a sul da praia de Lava-
dores). Estes registos, segundo Knox (2001), encontram-se dentro do intervalo de
valores normalmente determinados para a salinidade da água do mar (32 – 37‰).
FCUP Resultados e Discussão
73
Na praia do Homem do Leme foi registado um valor superior de salinidade
(49,0‰). Esta diferença pode ser um reflexo da diminuição da precipitação média
mensal (Tabela 2, pág. 24) e do acréscimo da taxa de evaporação pelo aumento da
temperatura; sendo vários os fatores abióticos (correntes, ventos, temperatura, pluvio-
sidade, etc.) que exercem efeito sobre a salinidade e que a fazem variar com a época
do ano. De igual modo, a salinidade de 30‰ registada na praia de Lavadores, o menor
valor registado, terá sido ocasionado pelo influxo de água doce proveniente das fortes
chuvadas verificadas nos dias que antecederam a coleta de amostras.
De acordo com o “Sistema de Veneza”, adotado durante o Simpósio de Veneza
de 1958 e que define a nomenclatura a usar na classificação das águas marinhas
segundo a salinidade, podemos dizer que na Memória, Lavadores e Cabedelo da Foz
do Douro as águas são consideradas eualinas enquanto no Homem do Leme são
hiperalinas.
Tabela 24 – Valores de salinidade e temperatura da água do mar e da água intersticial nas diferentes estações de
amostragem no momento da coleta das amostras. Mem. – praia da Memória; Lav. – praia de Lavadores; Cab. – praia
do Cabedelo da Foz do Douro; Hom. – praia do Homem do Leme.
3.2.5 – ANÁLISE MULTIVARIADA DOS PARÂMETROS GRANULOMÉ-
TRICOS, POROSIDADES E TEOR EM MATÉRIA ORGÂNICA DO SEDI-
MENTO
Apesar de em cada praia terem sido recolhidos dados relativos à salinidade e
temperatura da água intersticial e do mar, optamos por não incluir estes parâmetros na
análise em componentes principais (PCA). Esta decisão foi tomada tendo em conside-
MEM. LAV. CAB. HOM.
SALINIDADE DA ÁGUA DO MAR (‰) 35 30 35 49
SALINIDADE DA ÁGUA INTERSTICIAL (‰) 34 30 36 49
TEMPERATURA DA ÁGUA DO MAR (°C) 18,2 14,1 19,4 22,4
TEMPERATURA DA ÁGUA INTERSTICIAL (°C) 17,8 14,5 19,1 21,8
MÊS DE AMOSTRAGEM novembro dezembro março maio
FCUP Resultados e Discussão
74
ração que os valores a nível intersticial foram registados apenas para a zona média
das praias, o que impossibilita a sua utilização para a diferenciação (ou não) das
várias elevações (zona baixa, média, alta)
A PCA (Figura 21 e 22, Tabela 25) dos valores obtidos para a granulometria,
porosidade e teor de matéria orgânica presentes no sedimento de cada praia, ao nível
das diferentes elevações amostradas, não revelou uma clara diferenciação destas
características entre as amostras, com exceção para as da praia do Homem do Leme
e da zona alta da praia de Lavadores. No entanto, uma nova análise utilizando os valo-
res médios registados em cada uma das praias revelou um nítido afastamento entre
elas (Figura 23 e Tabela 26). Demonstrando a separação das praias em termos das
características analisadas.
A praia do Leme caracteriza-se pelos valores mais elevados das componentes
matéria orgânica, seixos e componentes finos do sedimento. A praia da Memória
apresenta uma forte influência das componentes grânulos, areia muito grossa e poro-
sidade hidrodinâmica. Na praia de Lavadores destacam-se os componentes areia
grossa, areia média e porosidade pelicular. A praia do Cabedelo aparenta ser caracte-
rizada por um conjunto maior de componentes destacando-se, aparentemente, as
componentes areia grossa e porosidade pelicular.
Fig. 21 – Representação a duas dimensões dos resultados da análise em componentes principais dos valores dos
parâmetros granulométricos, porosidades e teor em matéria orgânica do sedimento recolhido nas diferentes praias ao
longo das várias elevações (b – zona baixa, m – zona média, a – zona alta).
FCUP Resultados e Discussão
75
Fig. 22 – Distribuição das variáveis no círculo de correlação tendo sido usado os valores dos parâmetros granulométri-
cos, porosidades e teor em matéria orgânica do sedimento recolhido nas diferentes praias
Tabela 25 – Valores de variância dos parâmetros granulométricos, porosidades e teor em matéria orgânica do sedi-
mento explicados ao longo do 1.º eixo (Fator1) e 2.º eixo (Fator2) da PCA.
VARIÁVEL FATOR1 FATOR2
Seixos 0,124 0,381
Grânul (grânulos) 0,0475 - 0,490
ArMtGr (areia muito grossa) - 0,0654 - 0,518
ArGr (areia grossa) 0,110 - 0,396
ArMed (areia média) 0,389 - 0,0535
ArFn (areia fina) 0,419 0,0886
ArMtFn (areia muito fina) 0,433 0,0439
Arg+Silt (argila + silte) 0,419 0,0888
MatOrg (matéria orgânica) 0,383 0,0822
PorHid (porosidade hidrodinâmica) - 0,344 0,239
PorPel (porosidade pelicular) 0,112 - 0,324
FCUP Resultados e Discussão
76
Fig. 23 – PCA dos valores médios dos parâmetros granulométricos, porosidades e teor em matéria orgânica do sedi-
mento recolhido nas diferentes praias.
FCUP Resultados e Discussão
77
Tabela 26 – Valores de variância, determinados com base nos valores médios dos parâmetros granulométricos, poro-
sidades e teor em matéria orgânica do sedimento, explicados ao longo do 1.º eixo (Fator1) e 2.º eixo (Fator2) da PCA.
VARIÁVEL FATOR1 FATOR2
Seixos 0,0946 - 0,228
Grânul (grânulos) 0,127 0,0387
ArMtGr (areia muito grossa) 0,127 0,00826
ArGr (areia grossa) 0.0981 - 0,239
ArMed (areia média) - 0,0854 - 0,241
ArFn (areia fina) - 0,126 0,0621
ArMtFn (areia muito fina) - 0.122 - 0,0472
Arg+Silt (argila + silte) - 0,127 0,0424
MatOrg (matéria orgânica) 0,118 - 0,0829
PorHid (porosidade hidrodinâmica) - 0,0131 0,372
PorPel (porosidade pelicular) 0,0951 - 0,233
3.2.6 – COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE MACROALGAS EM SUBSTRA-
TO ROCHOSO E ANÁLISE DA SIMILARIDADE DAS SUAS COMUNIDA-
DES
Foram identificadas 21 espécies, distribuídas por 19 géneros, integrantes de 3
classes (Tabela 27). A classe Rhodophiceae apresentou o maior número de espécies
(16), seguida pelas classes Chlorophyceae (3) e Phaeophyceae (2). Em relação à dis-
tribuição do número de espécies por praia, verificou-se que a praia do Homem do
Leme possui a maior riqueza específica (9 espécies), logo seguida pela praia da
Memória (8), enquanto Lavadores e Cabedelo apresentam cinco espécies cada.
O número total de espécies registadas pode ser considerado semelhante ao
obtido noutros estudos efetuados na mesma área geográfica, nomeadamente por
Múrias dos Santos (1994). Valores ligeiramente superiores (27 espécies) foram citados
por este autor para um conjunto de praias (Cabo do Mundo, Foz do Douro e Valada-
res) de características morfológicas e geológicas análogas. O mesmo autor cita ainda
um número superior de géneros (25) e uma proporção maior de Phaeophyceae (7
géneros) e menor de Chlorophyceae (2 géneros). Contudo, é importante ressalvar que
as diferenças metodológicas limitam as comparações entre os estudos e, portanto,
estas devem ser feitas com muita prudência. O nosso objetivo era o de obter uma
FCUP Resultados e Discussão
78
caracterização sumária da composição de macroalgas que ocorrem em micro-habitats
(fendas, covas, poças, etc.) passíveis de albergar tardígrados marinhos intertidais, em
oposição à realização de um levantamento pormenorizado e representativo da comu-
nidade de macroalgas de cada praia.
Tabela 27 – Tabela de presença/ausência das macroalgas identificadas nas amostras recolhidas em substrato rocho-
so. “+” = presença, “-” = ausência).
Em relação à análise de agrupamentos, verificou-se que os mais elevados índi-
ces de similaridade foram encontrados entre praias vizinhas. Em contrapartida, meno-
res semelhanças foram obtidas entre praias geograficamente mais distantes. A maior
similaridade florística (42,86%) foi verificada entre as praias de Lavadores e do Cabe-
delo da Foz do Douro enquanto a menor similaridade (7,21%) ocorreu entre as praias
ALGAS MEMÓRIA LAVADORES CABEDELO DA FOZ
DO DOURO HOMEM DO LEME
RHODOPHYCEAE
Porphyra dioica + - - -
Porphyra umbilicalis - - + -
Lithothamnion sp. - - - +
Chondrocanthus teedei + - - -
Chondrus crispus - + + -
Mastocarpus stellatus - + + -
Corallina officinalis + - - -
Callithamnion tetricum - + - -
Calliblepharis jubata - - - +
Ceramium sp. - - + -
Ceramium virgatum - - - +
Grateloupia turuturu - - - +
Gracilaria gracilis - - - +
Plocamium cartilagineum + - - -
Polysiphonia nigra - - - +
Gelidium sp. - - - +
PHAEOPHYCEAE
Cystoseira sp. + - - -
Halopteris scoparia + - - -
CHLOROPHYCEAE
Codium tomentosum + + - -
Rhizoclonium riparium - - - +
Ulva rigida + + + +
FCUP Resultados e Discussão
79
da Memória e do Homem do Leme. As relações florísticas, visualizadas por intermédio
de um dendrograma gerado pelo método da média aritmética não ponderada (UPG-
MA) e a partir dos índices de similaridades de Jaccard, encontram-se representadas
na Figura 24.
Fig. 24 – Dendrograma de similaridade para a composição florística de macroalgas nas praias estudadas. A análise de
agrupamento hierárquico foi obtida através do método da média aritmética não ponderada (UPGMA) e pelo coeficiente
de similaridade de Jaccard. Lav – praia de Lavadores; Cab – praia do Cabedelo da Foz do Douro; Hom – praia do
Homem do Leme; Mem – praia da Memória.
A explicação para a maior similaridade entre praias vizinhas poderá estar rela-
cionada com o facto de estarem sujeitas a idênticas condições ambientais (fontes
nutricionais, grau de exposição às ondas, etc.) que condicionam a fixação das espé-
cies, resultando, consequentemente, em composições florísticas mais similares.
Devido ao reduzido número de tardígrados que foram observados torna-se bas-
tante difícil estabelecer uma relação entre a composição de macroalgas das diferentes
praias e a composição da correspondente comunidade de tardígrado. É necessário
assim realizar estudos mais exaustivos para aprofundar os conhecimentos relativos a
esta temática.
Sim
ilari
dad
e (
%)
Dendrograma de similaridade florística entre as praias
UPGMA e índice de similaridade de Jaccard
FCUP Resultados e Discussão
80
3.3 – ANÁLISE DAS COMUNIDADES DE MEIOFAUNA
3.3.1 – ANÁLISE GLOBAL
3.3.1.1 – NÚMERO DE TAXA E ABUNDÂNCIA RELATIVA DO NÚMERO
DE INDIVÍDUOS
Na área amostrada foi quantificado um total de 55.001 indivíduos distribuídos
por 22 taxa (Tabela 28 e Anexo II). Granuloreticulosa foi o taxon mais abundante, ten-
do sido observado em todas as amostras. Todavia, o elevado número de indivíduos
observado associado à dificuldade em distinguir muitas das suas formas conduziu-nos
à decisão de apenas assinalar a sua presença/ausência. Deste modo, os Copepoda
(incluindo Nauplius) foram o grupo taxonómico dominante no conjunto das amostras,
perfazendo 67,5% dos organismos quantificados sendo seguidos pelos Nemata com
25,4% (Figura 25).
Tabela 28 – Lista dos taxa identificados e respetivo número de indivíduos quantificados (N).
TAXA N TAXA N
GRANULORETICULOSA * ARTHROPODA
PLATYHELMINTHES 565 Crustacea
GASTROTRICHA 10 Malacostraca
KINORHYNCHA 5 Isopoda 50
NEMATA 13.955 Sphaeromatidae 20
PRIAPULA 5 Amphipoda 430
ANNELIDA Caprellidea 10
Polychaeta 755 Maxillopoda
TARDIGRADA Copepoda + Nauplius 37.100
Heterotardigrada Ostracoda 1.120
Batillipes similis 5 Hexapoda
Halechiniscus sp. 1 Entognatha
Halechiniscus cf. greveni 6 Collembola 10
Styraconyx cf. sargassi 2 Insecta
Echiniscoides sigismundi sigismundi 15 Chironomidae 790
Echiniscoides sigismundi hispaniensis 2 Cheliceriformes
Chelicerata
Acari 120
FCUP Resultados e Discussão
81
Uma vez que esta faixa do litoral é constituída por praias expostas, era já de
esperar uma dominância dos Copepoda sobre os Nemata. Segundo Covazzi et al.
(2000), citando Brown & McLachlan (1990) e Villora-Moreno et al. (1991), as praias
abrigadas, menos expostas à ação das ondas e caracterizadas por sedimento de grão
fino, são geralmente dominadas pelos nemátodes enquanto as praias mais expostas,
com sedimento mais grosseiro e/ou sujeitas a uma maior ação das ondas, são domi-
nadas pelos copépodes.
Entre os taxa menos abundantes destacam-se os Tardigrada, que representou
apenas 0,06% da meiofauna quantificada.
Fig. 25 – Abundância relativa (%) dos taxa dominantes de meiofauna no conjunto das amostras analisadas. “Outros” é
formado pelo conjunto de taxa que individualmente registaram menos de 1% de ocorrências.
3.3.2 – ANÁLISE COMPARATIVA DAS COMUNIDADES DE MEIOFAUNA
EM FUNÇÃO DO TIPO DE SUBSTRATO
3.3.2.1 – NÚMERO DE TAXA, ABUNDÂNCIA E ABUNDÂNCIA RELATIVA
DO NÚMERO DE INDIVÍDUOS
Copepoda + Nauplius
(67,5%)
Nemata
(25,4%)
Ostracoda
(2%)
Chironomidae
(1,4%)
Polychaeta
(1,37%)
Outros
(1,3%)
Platyhelminthes
(1,0%)
FCUP Resultados e Discussão
82
Nas amostras em substrato arenoso foram quantificados no total 8.205 indiví-
duos repartidos por 10 taxa: Granuloreticulosa, Platyhelminthes, Nemata, Polychaeta,
Isopoda, Amphipoda, Copepoda (incluindo Nauplius), Ostracoda, Chironomidae e Aca-
ri.
Em média foram registados 6 grupos taxonómicos por praia, sendo a praia do
Homem do Leme a que apresentou um maior número (9), seguida pela praia do
Cabedelo (7), Lavadores (5) e Memória (4).
Em termos de abundância de indivíduos, foram quantificados 5.100 na praia do
Homem do Leme, 3.025 na praia do Cabedelo, 30 em Lavadores e 50 na Memória.
Esta disparidade de valores verificada entre as praias pode ser um reflexo da não utili-
zação de réplicas de amostragem, sendo esta desigualdade de valores potenciada
pela distribuição aleatória e em aglomerados populacionais da meiofauna.
Pela análise da abundância relativa do número de indivíduos dos diferentes
taxa, verificou-se que, neste tipo de substrato, os Copepoda (incluindo Nauplius)
foram, inquestionavelmente, o grupo dominante, constituindo 87,5% do total de efeti-
vos; seguidos pelos Nemata com 9,2% (Figura 26).
Nas amostras em substrato rochoso foi obtido um maior número de taxa e uma
maior riqueza de indivíduos por taxa. No total foram quantificados neste meio 35.496
indivíduos pertencentes a 20 taxa: Granuloreticulosa, Platyhelminthes, Gastrotricha,
Nemata, Priapula, Polychaeta, Tardigrada (incluindo 3 espécies, 2 subespécies e 1
género), Isopoda, Sphaeromatidae, Amphipoda, Caprellidea, Copepoda (incluindo
Nauplius), Ostracoda, Chironomidae e Acari.
O número médio de grupos taxonómicos por praia foi de 10. A praia de Lavado-
res foi a que apresentou maior número de grupos (12), sendo seguida pela praia do
Homem do Leme (11), Memória (10) e Cabedelo (8).
O maior efetivo populacional foi registado na praia do Homem do Leme (25.165
ind.) enquanto o menor ocorreu na praia da Memória (1.477 ind.). Nas praias de Lava-
dores e do Cabedelo foram registadas respetivamente 6.769 e 2.085 indivíduos.
Tal como observado nas amostras em substrato arenoso, os Copepoda
(incluindo Nauplius) constituíram-se como o grupo dominante (59,5%), contudo, a sua
dominância foi menos expressiva do que aquela observada no meio arenoso. Os
Nemata assumiram-se como o segundo grupo mais representativo, constituindo 33,6%
do total de efetivos quantificados (Figura 26).
FCUP Resultados e Discussão
83
Fig. 26 – Abundância relativa (%) dos taxa dominantes de meiofauna nos diferentes tipos de substrato. “Outros” é
formado pelo conjunto de taxa que individualmente registaram menos de 1% de ocorrências.
3.3.2.2 – DENSIDADE FAUNÍSTICA
A densidade faunística total nas amostras em substrato arenoso foi de 289
inds.10cm-2 ( ≅ 72 inds.10cm-2) tendo os valores variado entre 1,1 e 178 inds.10cm-2,
com o menor valor a ser registado na praia de Lavadores e o mais alto na praia do
Homem do Leme (Anexo III). Os reduzidos valores de densidade faunística obtidos
nas praias da Memória e de Lavadores são uma consequência da baixa abundância
anteriormente já verificada e discutida.
Como já era de esperar pela análise da abundância de indivíduos, as amostras
em substrato rochoso apresentaram uma maior densidade de indivíduos. No total
foram registados 1252 inds.10cm-2 ( ≅ 313 inds.10cm-2). A maior densidade foi deter-
minada para a praia do Homem do Leme (888 inds.10cm-2) enquanto a menor, como
era de esperar, ocorreu na praia da Memória (52 inds.10cm-2) (Anexo III).
Comparar as densidades da meiofauna obtidas neste, ou noutro, trabalho e
confrontá-las com os resultados de estudos anteriores pode resultar numa tarefa qua-
se inútil e infrutífera pela inexistência de procedimentos padronizados na coleta dos
dados. O tipo de dispositivo de amostragem, o tamanho da amostra, a profundidade
de amostragem, o tipo de sedimento, o tamanho da malha da rede usada na filtragem
87,5%
9% 3,4%
Amostras em Substrato Arenoso
2,2%
59,5%
33,6%
3,5% 2,3%
Amostras em Substrato Rochoso
Chironomidae Copepoda + Nauplius Nemata Ostracoda Outros
FCUP Resultados e Discussão
84
da fauna, o método de extração, a experiência do observador, não esquecendo as
variações sazonais na comunidade faunística e as condições climatéricas são apenas
algumas das variáveis que dificultam a comparação de resultados entre estudos. Con-
tudo, apesar de toda esta variabilidade de condições, estudos sugerem que a densi-
dade média da meiofauna a nível mundial varia entre 10 e 1.000 inds.10cm-2
(Genttleson, 1976) não existindo variações significativas com a latitude do local de
amostragem (Dexter, 1992).
Apesar das limitações anteriormente apresentadas, as densidades de meiofau-
na reportadas neste trabalho, à exceção das verificadas no substrato arenoso das
praias da Memória e Lavadores, são equiparáveis às verificadas noutros estudos
semelhantes (Tabela 29).
Com exceção do estudo efetuado por Galhano (1970) e Múria dos Santos
(1994) não foram identificados outros estudos na mesma área geográfica que permi-
tissem uma comparação mais rigorosa com o nosso trabalho. Apesar das semelhan-
ças, o estudo de Galhano (1970) destaca-se pelo facto de a amostragem ter sido
continuada por um longo período de tempo (14 meses) e pela periodicidade das amos-
tragens (mensal), enquanto Múria dos Santos (1994) analisou os padrões de zonação
dos povoamentos bentónicos em substrato rochoso mas não disponibilizou dados
numéricos relativamente às densidades faunísticas encontradas. A nível nacional os
restantes estudos centram-se sobretudo nas comunidades estuarinas, que possuem
particularidades próprias, não sendo comparáveis com os ambientes litorais marinhos.
Tabela 29 – Comparação entre as densidades de meiofauna de diferentes praias arenosas espalhados pelo mundo.
LOCALIZAÇÃO PROFUNDIDADE DE
AMOSTRAGEM (cm) TIPO DE SEDIMENTO DENSIDADE
(inds.10cm-2
) MÉTODO DE AMOSTRAGEM AUTOR
Francelos (Portugal)
0-30 Areia grossa
9965
Corer Galhano, 1970
Cabedelo (Portugal) 9881
Cape Henlopen (Costa Este dos E.U.A)
0-50
Areia grossa a grânulos 9051
Corer Dean, 1981
Areia média 13506
Cape Paterson (Costa Este da Austrália)
0-15 Areia média 307 Corer Haynes & Quinn, 1995
Svalbard (Noruega) 0-5 Grânulo = 407 Corer Szymelfenig et al., 1995
Mar da Lingúria (NO Mediterrâneo)
0-12 Grânulo = 131 a 231 Corer Covazzi et al., 2000
Bélgica 0-10 Areia fina 56 a 3518 Corer Gheskiere et al., 2002
Heist (Bélgica)
0-10
Areia fina a média
868
Corer
Kotwicki et al., 2005
Knokke-Heist (Bélgica) 1268
De Panne (Bélgical) Areia fina a média 1012
Audresselles (Bretanha – França)
Areia média 361
Collelungo (Mar Tirreno, NO Mediterrâneo)
0-10 Areia média 14 a 716 Corer Moreno et al., 2006
Brasil 0-10 Areia fina 618 a 674 Corer Gomes & Fillho, 2009
FCUP Resultados e Discussão
86
3.3.2.3 – ÍNDICES DE DIVERSIDADE E EQUITABILIDADE
Quanto aos resultados dos índices de diversidade de Shannon-Wiener e de equi-
tabilidade de Pielou (Tabela 30), os valores obtidos foram muito baixos, independente-
mente do tipo de amostra. Estes resultados ficaram a dever-se ao reduzido número de
taxa identificados por amostra e à preponderância de abundância de alguns.
Tabela 30 – Valores de densidade (D – ind.10cm-2), número de indivíduos (N – n.º total de ind.), índice de diversidade de
Shannon-Wiener (H’) e índice de equitabilidade de Pielou (E) das praias amostradas. (Mem., Lav., Cab., Lem. – respeti-
vamente Memória, Lavadores, Cabedelo e Homem do Leme; Ar, R – respetivamente amostras em substrato arenoso e
rochoso).
D N H’ E
Mem.Ar 1,76 50 0,35 0,089
Lav.Ar 1,06 30 0,58 0,17
Cab.Ar 106,69 3025 0,1 0,012
Lem.Ar 179,88 5100 0,25 0,029
Mem.R 52,09 1477 0,46 0,063
Lav.R 238,74 6769 0,37 0,042
Cab.R 73,54 2085 0,23 0,03
Lem.R 887,56 25165 0,34 0,034
3.3.3 – ANÁLISE DOS PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO EM SUBSTRATO
ARENOSO
3.3.3.1 – DISTRIBUIÇÃO HORIZONTAL E VERTICAL DA MEIOFAUNA
O reduzido número de exemplares recolhidos (Anexo IV) impossibilitou a realiza-
ção de uma análise consistente, sobre a distribuição dos grupos taxonómicos ao longo de
um gradiente vertical e horizontal no substrato arenoso das diferentes praias.
A escassez de exemplares obtidos poderá, como já fui mencionado, ter sido um
reflexo da não realização de réplicas de amostragem. Contudo, se tal procedimento
tivesse sido adotado teria resultado num volume de material impossível de analisar em
tempo útil por um único observador.
FCUP Resultados e Discussão
87
Como alternativa ao aumento do número de amostras, foi equacionada a hipótese
de condensar numa só tabela os dados biológicos das quatro praias, porém tal não foi
exequível devido às suas diferentes características sedimentológicas o que acabaria por
distorcer os resultados. É bem conhecida a influência do tamanho médio do grão do
sedimento na distribuição dos dois maiores grupos de meiofauna, copépodes e nemáto-
des. Enquanto os copépodes preferem o sedimento grosseiro, os nemátodes são mais
abundantes no sedimento fino (Giere, 2009). Outro impedimento à condensação dos
dados biológicos prende-se com a dispersão temporal da recolha de amostras. Sem uma
amostragem simultânea em todas as praias seria impossível determinar se os eventuais
padrões de distribuição observados seriam uma consequência de mudanças nos parâme-
tros físico-químicos do meio ou um reflexo das variações sazonais na composição faunís-
tica das comunidades.
Os tardígrados foram igualmente recolhidos em pequeno número, tendo surgido
apenas nas amostras em substrato rochoso, inviabilizando também assim a possibilidade
de analisar a sua eventual distribuição ao longo de um padrão horizontal e/ou vertical no
substrato arenoso.
3.3.3.2 – INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS NA DISTRI-
BUIÇÃO DA MEIOFAUNA
A análise BIOENV foi executada com o intuito de correlacionar os parâmetros físi-
co-químicos com os dados biológicos, procurando encontrar qual(is) o(s) parâmetro(s)
que melhor explica(m) a distribuição da meiofauna. Porém, as correlações encontradas
foram muito fracas encontrando-se muito próxima do valor de zero (Tabela 31), indicando
que não existe relação entre os parâmetros físico-químicos analisados e a distribuição da
meiofauna.
A falta de uma indiscutível relação entre a distribuição da meiofauna e os parâme-
tros físico-químicos do sedimento pode ser um resultado inesperado, quando existe uma
miríade de estudos mostrando existir correlação entre ambos (ver por exemplo: Wieser
1959; Balakrishnan & Govindakutty, 1972; Bezerra et al. 1997; Covazzi et al. 2000; Albur-
querque et al. 2007; Boeckner, 2009). Contudo, a não observação de uma relação entre
os parâmetros físico-químicos do sedimento e a distribuição da meiofauna não significa
que a mesma não exista. Mesmo quando esta relação é forte e bem documentada,
FCUP Resultados e Discussão
88
numerosos fatores, como o recrutamento, predação, competição ou condições climatéri-
cas podem alterar a composição e distribuição faunística e tornar menos evidentes as
relações entre as variáveis (Tolhurst et al., 2010). Além disso, não nos podemos esque-
cer de que, mais uma vez, o facto de não termos usado réplicas de amostragem relativas
à meiofauna poderá ter comprometido a análise dos dados.
Tabela 31 – Resumo dos resultados obtidos por análise BIOENV mostrando as associações entre os parâmetros físico-
químicos e a distribuição da meiofauna das praias amostradas.
MELHOR CORRELAÇÃO
R 2.ª MELHOR CORRELAÇÃO
R MELHOR COMBINAÇÃO R
Areia grossa 0,145 Porosidade pelicular 0,140
Areia grossa
Porosidade Hidrodinâmica
Porosidade Pelicular
0,277
FCUP Conclusões
89
4. CONCLUSÕES
FCUP Conclusões
90
4.1 – CONCLUSÕES
Os resultados obtidos após a realização deste trabalho sugerem as seguintes con-
clusões:
Relativamente às características do sedimento:
A análise granulométrica ao sedimento revelou uma grande homogeneidade entre
as praias, verificando-se um predomínio indubitável das classes texturais grânulos e sei-
xos e uma calibragem moderada do sedimento.
No que diz respeito ao tardígrados intertidais, podemos dizer:
Foram efetuados os primeiros registos para Portugal continental. As espécies
inventariadas, todas em substrato rochoso, pertencem a 4 géneros diferentes da classe
Heterotardígrada: Batillipes similis Schulz, 1955; Halechiniscus cf. greveni Renaud-
Mornant & Deroux, 1976; Halechiniscus sp.; Styraconyx cf. sargassi Thulin, 1942; Echi-
niscoides sigismundi sigismundi Schultze, 1865 e Echiniscoides sigismundi hispaniensis
Kristensen & Hallas, 1980. É importante referir que pelo menos uma dessas espécies,
Halechiniscus sp., poderá ser uma nova espécie para a ciência.
No que diz respeito à análise das comunidades de meiofauna, os resultados obti-
dos durante o período de estudo indicam que:
A comunidade meiobentónica foi mais rica e diversificada em substrato rochoso
do que no arenoso. Em substrato rochoso o número de efetivos foi de 35.496 indivíduos
distribuídos por 20 taxa para uma densidade de 52 a 888 inds.10cm-2. Em substrato are-
noso foram quantificados 8.205 indivíduos repartidos por 10 taxa para uma densidade
compreendida entre 1,1 e 178 inds.10cm-2
Os Copepoda (incluído Nauplius) foram o grupo dominante, no conjunto das
amostras (67,5%), em substrato arenoso (87.5%) e em substrato rochoso (59.5%). A
representação de Nemata com respetivamente 25,4%, 9,2% e 33,6 % dos efetivos foi
também importante.
FCUP Conclusões
91
Relativamente à análise dos padrões de distribuição espacial da meiofauna em
substrato arenoso:
Face ao reduzido tamanho das amostras não foi possível retirar ilações sobre a
distribuição vertical e/ou horizontal das comunidades meiobentónicas.
Quanto à influência dos parâmetros físico-químicos na distribuição da meiofauna:
Não se encontrou uma correlação entre os parâmetros físico-químicos e as distri-
buições da meiofauna. Contudo, deve referir-se que a não observação desta correlação
não deverá ser entendida como indicativa da sua inexistência. Outros fatores não equa-
cionados e o reduzido tamanho da amostra podem ter contribuído para a tornar essas
relações pouco evidentes.
FCUP Recomendações para Futuros Trabalhos
92
5. RECOMENDAÇÕES PARA
FUTUROS TRABALHOS
FCUP Recomendações Para Futuros Trabalhos
93
5.1 – RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABA-
LHOS
Nos seguintes pontos serão apresentadas algumas recomendações, sobretudo de
ordem metodológica, que poderão contribuir para a obtenção de melhores resultados em
futuros estudos.
5.1.1 – RECOLHA DE AMOSTRAS
A maior dificuldade no estudo das comunidades de meiofauna prende-se com a
sua distribuição e estrutura notoriamente irregular e difícil de prever. Com efeito, comple-
xas interações entre fatores físico-químicos e biológicos conduzem ao surgimento de
agregados de animais de composição, distribuição e densidades mutáveis no espaço e
no tempo.
Esta irregularidade na distribuição e estrutura dos organismos pode exigir a reco-
lha de um número razoável de amostras, caso pretendamos garantir a obtenção de uma
visão fiel da estrutura e composição da comunidade. Porém, para um investigador inex-
periente na área o número de amostras pode constituir um problema, principalmente se
dispuser de um curto período de tempo para as analisar.
Foi precisamente esta exiguidade temporal, exigida pelos atuais cursos de mes-
trado, que nos levou a optar pela não realização de réplicas de amostragem ao longo das
várias praias. Ao adotar este desenho experimental estávamos cientes que poderíamos
comprometer a fiabilidade dos resultados quantitativos e a sua comparação com outros
estudos, mas permanecíamos confiantes que continuaríamos a garantir a manutenção
dos objetivos iniciais. Porém, tal decisão veio a revelar-se errónea perante a extrema
irregularidade observada na distribuição e densidade da meiofauna.
Este facto parece sugerir que estudos futuros se concentrem num número mais
reduzido de praias.
Se tivéssemos focado o nosso estudo apenas numa praia (em vez de quatro),
poderíamos ter recolhido três amostras e mais nove réplicas de amostragem (as nove
réplicas equivalem ao número de amostras que deixariam ser recolhidas nas outras
FCUP Recomendações Para Futuros Trabalhos
94
praias). Deste modo poderíamos ter obtido uma visão mais fiel da distribuição da meio-
fauna sem contudo ter aumentado o número de amostras a analisar.
A utilização de uma única praia como local de estudo apresenta outra vantagem, a
de permitir uma análise sazonal da distribuição da meiofauna caso as amostragens fos-
sem distribuídas ao longo do tempo. Neste caso poderíamos ter efetuado dois conjuntos
de amostragens (cada um com três amostras e três réplicas) divididas por duas épocas
diferentes do ano.
5.1.2 – EXTRAÇÃO DA MEIOFAUNA
A lavagem das amostras com água doce, com o objetivo de aplicar um choque
osmótico nos organismos, narcotizando-os e provocando a sua libertação do sedimento,
é um método amplamente usado nos estudos de tardígrados marinhos (Kristensen &
Higgins, 1984b; Noda, 1987; Pollock, 1995; Grimaldei de Zio et al., 1999; Kristensen &
Mackness, 2000), contudo, pode questionar-se o seu grau de eficiência. Segundo Gau-
gler (2002), acredita-se que este método não seja suficiente para induzir um choque
osmótico nos organismos de maiores dimensões, como alguns Amphipoda e Polychaeta
o que poderá ter como resultado uma subavaliação do número de efetivos.
Um outro método, usado tanto em tardígrados (Villora-Moreno & Grimaldi de Zio,
1996; D’Addabo et al., 1999; D’Addabo et al., 2007) como noutros componentes da meio-
fauna (Conrad, 1974; Willems et al., 2009; Semprucci et al., 2010), é a narcotização com
cloreto de magnésio (MgCl2).
O uso de MgCl2 foi testado durante uma experiência preliminar deste estudo não
tendo sido observadas vantagens relativamente à lavagem com água doce. Contudo,
reconhece-se a necessidade de uma análise mais pormenorizada sobre o assunto. Com
efeito, sabe-se que o tempo de atuação desse agente narcotizante é importante, sendo
necessários cerca de 10 a 20 min para produzir os melhores resultados (Hulings & Gray,
1971). Todavia este tempo de ação não foi respeitado pois seria incomportável com a
necessidade de fazer uma recolha rápida das amostras antes da subida da maré.
Segundo Gaugler (2002), a percentagem de eficácia do MgCl2 é de apenas 60%
pelo que é recomendável a sua utilização simultânea com outro método.
Assim, atendendo às condicionantes dos dois métodos apresentados, considera-
mos que na tentativa de aumentar a eficiência da amostragem, seria útil considerar a sua
utilização simultânea em futuros estudos. A incompatibilidade do uso do MgCl2 com a
necessidade de uma recolha rápida das amostras poderia ser ultrapassada com o pro-
FCUP Recomendações Para Futuros Trabalhos
95
cessamento das mesmas em laboratório. Naturalmente que, neste caso, poderiam surgir
outros problemas metodológicos relacionados com o volume e peso do material a trans-
portar.
5.1.3 – CONTAGEM DO NÚMERO DE INDIVÍDUOS
A triagem da meiofauna em laboratório revelou ser a tarefa mais complicada, tra-
balhosa e demorada de realizar neste estudo.
Tal dificuldade esteve relacionada com a grande quantidade de detritos presentes
em certas amostras que tornavam muito complicada a observação dos organismos. O
uso do corante Rosa de Bengala para aumentar o contraste da meiofauna nem sempre
se revelou eficaz dado, em alguns casos, os detritos terem ficado igualmente corados.
Esta dificuldade de observação pode ter conduzido a uma subavaliação do núme-
ro de indivíduos presentes nalgumas amostras.
Em situações semelhantes às observadas, Williams & Williams (1974) indicam
como uma boa solução o uso de Rosa de Bengala em combinação com o contracorante
Negro de clorazol E. O Rosa de Bengala cora os animais de cor-de-rosa enquanto os
detritos adquirem a tonalidade cinzenta escura do Negro de clorazol E. Mesmo assim,
segundo os mesmos autores, alguns nemátodes, oligoquetas e crustáceos poderam tam-
bém ficar corados pelo contracorante.
Outro método eficaz, caso exista a possibilidade de utilizar uma centrifugadora,
consiste na separação dos detritos da meiofauna por via de um gradiente de densidade
através do uso de Ludox HS 40®, ou de uma solução açucarada (economicamente mais
acessível) (Vincx, 1996; Somerfield et al., 2005).
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96
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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6.1 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FCUP Anexos
110
7. ANEXOS
FCUP Anexos
111
ANEXO I
DISTRIBUIÇÕES GRANULOMÉTRICAS DO SEDIMENTO DA PRAIA DA MEMÓ-
RIA
Distribuição granulométrica do sedimento da zona baixa da praia da Memória, apresentada pelo histograma e curva
cumulativa da percentagem de massa retida.
0,00 0,787
5,083
60,190
31,866
2,001 0,052 0,012 0,008 0,003
0
10
20
30
40
50
60
70
16 -4
8 -3
4 -2
2 -1
1 0
0,5 1
0,25 2
0,125 3
0,063 4
< 0,063 > 4
mm phi
Mas
sa r
eti
da
(%)
Diâmetro dos grãos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 > 4
Mas
sa a
cum
ula
da
reti
da
(%)
Diâmetro dos grãos (phi)
FCUP Anexos
112
Distribuição granulométrica do sedimento da zona média da praia da Memória, apresentada pelo histograma e curva
cumulativa da percentagem de massa retida.
0,00 0,525 4,103
60,718
34,029
0,592 0,026 0,003 0,004 0,00 0
10
20
30
40
50
60
70
16 -4
8 -3
4 -2
2 -1
1 0
0,5 1
0,25 2
0,125 3
0,063 4
< 0,063 > 4
mm phi
Mas
sa r
eti
da
(%)
Diâmetro dos grãos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 > 4
Mas
sa a
cum
ula
da
reti
da
(%)
Diâmetro dos grãos (phi)
FCUP Anexos
113
Distribuição granulométrica do sedimento da zona baixa da praia da Memória, apresentada pelo histograma e curva
cumulativa da percentagem de massa retida.
0,00 0,174 2,273
53,003
41,354
3,134 0,028 0,010 0,011 0,013
0
10
20
30
40
50
60
16 -4
8 -3
4 -2
2 -1
1 0
0,5 1
0,25 2
0,125 3
0,063 4
< 0,063 > 4
mm phi
Mas
sa r
eti
da
(%)
Diâmetro dos grãos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 > 4
Mas
sa a
cum
ula
da
reti
da
(%)
Diâmetro dos grãos (phi)
FCUP Anexos
114
DISTRIBUIÇÕES GRANULOMÉTRICAS DO SEDIMENTO DA PRAIA DE LAVA-
DORES
Distribuição granulométrica do sedimento da zona baixa da praia de Lavadores, apresentada pelo histograma e curva
cumulativa da percentagem de massa retida.
0,914
20,779
59,054
14,057
5,000
0,132 0,020 0,008 0,014 0,021 0
10
20
30
40
50
60
70
16 -4
8 -3
4 -2
2 -1
1 0
0,5 1
0,25 2
0,125 3
0,063 4
< 0,063 > 4
mm phi
Mas
sa r
eti
da
(%)
Diâmetro dos grãos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 > 4
Mas
sa a
cum
ula
da
reti
da
(%)
Diâmetro dos grãos (phi)
FCUP Anexos
115
Distribuição granulométrica do sedimento da zona média da praia de Lavadores, apresentada pelo histograma e curva
cumulativa da percentagem de massa retida.
8,579
20,752
29,824
19,080
16,962
4,730
0,045 0,002 0,01 0,017 0
5
10
15
20
25
30
35
16 -4
8 -3
4 -2
2 -1
1 0
0,5 1
0,25 2
0,125 3
0,063 4
< 0,063 > 4
mm phi
Mas
sa r
eti
da
(%)
Diâmetro dos grãos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 > 4
Mas
sa a
cum
ula
da
reti
da
(%)
Diâmetro dos grãos (phi)
FCUP Anexos
116
Distribuição granulométrica do sedimento da zona alta da praia de Lavadores, apresentada pelo histograma e curva
cumulativa da percentagem de massa retida.
5,939
10,997
26,211
22,681
18,997
13,312
1,353 0,226 0,221 0,064
0
5
10
15
20
25
30
16 -4
8 -3
4 -2
2 -1
1 0
0,5 1
0,25 2
0,125 3
0,063 4
< 0,063 > 4
mm phi
Mas
sa r
eti
da
(%)
Diâmetro dos grãos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 > 4
Mas
sa a
cum
ula
da
reti
da
(%)
Diâmetro dos grãos (phi)
FCUP Anexos
117
DISTRIBUIÇÕES GRANULOMÉTRICAS DO SEDIMENTO DA PRAIA DO CABE-
DELO DA FOZ DO DOURO
Distribuição granulométrica do sedimento da zona baixa da praia do Cabedelo da Foz do Douro, apresentada pelo
histograma e curva cumulativa da percentagem de massa retida.
0
5,611
25,696
39,002
27,484
2,139 0,032 0,013 0,01 0,013
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
16 -4
8 -3
4 -2
2 -1
1 0
0,5 1
0,25 2
0,125 3
0,063 4
< 0,063 > 4
mm phi
Mas
sa r
eti
da
(%)
Diâmetro dos grãos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 > 4
Mas
sa a
cum
ula
da
reti
da
(%)
Diâmetro dos grãos (phi)
FCUP Anexos
118
Distribuição granulométrica do sedimento da zona média da praia do Cabedelo da Foz do Douro, apresentada pelo
histograma e curva cumulativa da percentagem de massa retida.
0,990
10,33
39,387 37,450
8,665
3,099
0,050 0,009 0,007 0,010 0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
16 -4
8 -3
4 -2
2 -1
1 0
0,5 1
0,25 2
0,125 3
0,063 4
< 0,063 > 4
mm phi
Mas
sa r
eti
da
(%)
Diâmetro dos grãos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 > 4
Mas
sa a
cum
ula
da
reti
da
(%)
Diâmetro dos grãos (phi)
FCUP Anexos
119
Distribuição granulométrica do sedimento da zona alta da praia do Cabedelo da Foz do Douro, apresentada pelo histo-
grama e curva cumulativa da percentagem de massa retida.
0,720
11,51
41,197
34,332
8,206
3,801
0,175 0,027 0,016 0,019 0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
16 -4
8 -3
4 -2
2 -1
1 0
0,5 1
0,25 2
0,125 3
0,063 4
< 0,063 > 4
mm phi
Mas
sa r
eti
da
(%)
Diâmetro dos grãos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 > 4
Mas
sa a
cum
ula
da
reti
da
(%)
Diâmetro dos grãos (phi)
FCUP Anexos
120
DISTRIBUIÇÕES GRANULOMÉTRICAS DO SEDIMENTO DA PRAIA DO HOMEM
DO LEME
Distribuição granulométrica do sedimento da zona baixa da praia do Homem do Leme, apresentada pelo histograma e
curva cumulativa da percentagem de massa retida.
11,067
26,775
33,493
21,736
1,879 0,868 1,152 2,045
0,522 0,462
0
5
10
15
20
25
30
35
40
16 -4
8 -3
4 -2
2 -1
1 0
0,5 1
0,25 2
0,125 3
0,063 4
< 0,063 > 4
mm phi
Mas
sa r
eti
da
(%)
Diâmetro dos grãos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 > 4
Mas
sa a
cum
ula
da
reti
da
(%)
Diâmetro dos grãos (phi)
FCUP Anexos
121
Distribuição granulométrica do sedimento da zona média da praia do Homem do Leme, apresentada pelo histograma e
curva cumulativa da percentagem de massa retida.
5,004
64,255
30,244
0,445 0,02 0,012 0,003 0,003 0,009 0,006 0
10
20
30
40
50
60
70
16 -4
8 -3
4 -2
2 -1
1 0
0,5 1
0,25 2
0,125 3
0,063 4
< 0,063 > 4
mm phi
Mas
sa r
eti
da
(%)
Diâmetro dos grãos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 > 4
Mas
sa a
cum
ula
da
reti
da
(%)
Diâmetro dos grãos (phi)
FCUP Anexos
122
Distribuição granulométrica do sedimento da zona alta da praia do Homem do Leme, apresentada pelo histograma e
curva cumulativa da percentagem de massa retida.
5,741
55,053
37,220
1,784 0,174 0,017 0,007 0,003 0 0,001
0
10
20
30
40
50
60
16 -4
8 -3
4 -2
2 -1
1 0
0,5 1
0,25 2
0,125 3
0,063 4
< 0,063 > 4
mm phi
Mas
sa r
eti
da
(%)
Diâmetro dos grãos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 > 4
Mas
sa a
cum
ula
da
reti
da
(%)
Diâmetro dos grãos (phi)
ANEXO II
Tabela de abundância dos taxa identificados durante a campanha de amostragem segundo as diferentes praias e as respectivas zonas amostradas (Mem, Lav, Cab, Lem – respectivamente praia
da Memória, Lavadores, Cabedelo da Foz do Douro e Homem do Leme; b, m, a – zona de recolha das amostras: zona baixa, zona média e zona alta; Ar – amostras para a caracterização das
comunidades de meiofauna em substrato arenoso; R – amostras para a caracterização das comunidades de meiofauna em substrato rochoso).
(*) -- Apenas foi registada a sua presença/ausência nas amostras.
ANEXO III
Tabela de densidades (inds.10cm-2) dos taxa identificados no conjunto das amostras utilizadas na caracterização das comunidades de meio fauna em função do tipo de substrato (Mem.Ar, R –
respectivamente amostras recolhidas em substrato arenoso e rochoso da praia da Memória; Lav.Ar, R – respectivamente amostras recolhidas em substrato arenoso e rochoso da praia de Lavado-
res; Cab.Ar, R – respectivamente amostras recolhidas em substrato arenoso e rochoso da praia do Cabedelo da Foz do Douro; Lem.Ar, R – respectivamente amostra recolhida em substrato are-
noso e rochoso da praia do Homem do Leme.
Taxa Amostras
Mem.Ar Lav.Ar Cab.Ar Lem.Ar Mem.R Lav.R Cab.R Lem.R
Acari 0 0 0,35 0,71 0 0 1,41 0,88
Amphipoda 0 0 0,53 0,18 4,94 2,82 0,53 3,70
Batillipes similis 0 0 0 0 0,18 0 0 0,00
Caprellidea 0 0 0 0 0,18 0 0 0,00
Chironomidae 0 0 0 0,35 0 2,12 0,53 24,87
Collembola 0 0 0 0 0 0 0 0,00
Copepoda (incluindo Nauplius) 1,23 0,35 102,64 148,84 14,46 56,78 2,82 670,66
Echiniscoides sigismundi hispaniensis 0 0 0 0 0,07 0 0 0,00
Echiniscoides sigismundi sigismundi 0 0 0 0 0 0 0 0,53
Gastrotricha 0 0 0 0 0,35 0 0 0,00
Halechiniscus sp. 0 0 0 0 0 0,04 0 0,00
Halechiniscus cf. greveni 0 0 0 0 0 0,21 0 0,00
Isopoda 0 0 0,18 0 0 0 0 0,71
Nemata 0 0 0 0 0 0 0 0,00
Ostracoda 0,35 0,18 0 26,10 30,86 165,59 65,25 158,36
Platyhelminthes 0,18 0 0,88 0,88 0,35 5,47 0 25,75
Polychaeta 0 0,35 1,41 0,35 0 0,35 1,94 0,00
Priapula 0 0,18 0 2,47 0,71 5,11 1,06 1,41
Sphaeromatidae 0 0 0 0 0 0,18 0 0,71
Styraconyx cf. sargassi 0 0 0 0 0 0,07 0 0
ANEXO IV
Tabela de distribuição das abundâncias da meiofauna nas amostras da praia da Memória utilizadas na análise dos padrões de distribuição.
ELEVAÇÃO ZONA BAIXA ZONA MÉDIA ZONA ALTA
TOTAL 0-10 10-20 20-30 0-10 10-20 20-30 0-10 10-20 20-30
Collembola 0 0 0 0 0 0 5 0 0 5
Copepoda (incluindo Nauplius) 0 20 50 40 70 195 5 30 10 420
Kinorhyncha 0 0 0 0 5 0 0 0 0 5
Nemata 0 0 0 0 5 0 10 10 15 40
Ostracoda 5 0 20 0 0 0 0 20 0 45
Platyhelminthes 0 0 0 20 0 0 0 0 0 20
Polychaeta 0 0 0 5 15 0 5 10 0 35
Tabela de distribuição das abundâncias da meiofauna nas amostras da praia de Lavadores utilizadas na análise dos padrões de distribuição.
ELEVAÇÃO ZONA BAIXA ZONA MÉDIA ZONA ALTA
TOTAL 0-10 10-20 20-30 0-10 10-20 20-30 0-10 10-20 20-30
Collembola 0 0 0 0 0 0 5 0 0 5
Copepoda (incluindo Nauplius) 5 0 5 0 0 25 5 0 0 40
Nemata 0 15 0 0 0 0 5 0 0 20
Ostracoda 0 0 0 0 0 0 0 0 5 5
Platyhelminthes 0 0 0 15 50 20 25 20 5 135
Polychaeta 0 0 0 0 5 5 5 0 0 15
Taxa
Profundidade (cm)
Taxa
Profundidade (cm)
Tabela de distribuição das abundâncias da meiofauna nas amostras da praia de Lavadores utilizadas na análise dos padrões de distribuição.
ELEVAÇÃO ZONA BAIXA ZONA MÉDIA ZONA ALTA
TOTAL 0-10 10-20 20-30 0-10 10-20 20-30 0-10 10-20 20-30
Collembola 0 0 0 0 0 0 5 0 0 5
Copepoda (incluindo Nauplius) 5 0 5 0 0 25 5 0 0 40
Nemata 0 15 0 0 0 0 5 0 0 20
Ostracoda 0 0 0 0 0 0 0 0 5 5
Platyhelminthes 0 0 0 15 50 20 25 20 5 135
Polychaeta 0 0 0 0 5 5 5 0 0 15
Tabela de distribuição das abundâncias da meiofauna nas amostras da praia do Cabedelo da Foz do Douro utilizadas na análise dos padrões de distribuição.
ELEVAÇÃO ZONA BAIXA ZONA MÉDIA ZONA ALTA
TOTAL 0-10 10-20 20-30 0-10 10-20 20-30 0-10 10-20 20-30
Acari 5 0 15 0 0 0 0 0 0 20
Copepoda (incluindo Nauplius) 85 150 170 55 775 888 2595 1520 660 6898
Nemata 5 5 15 0 5 5 0 10 25 70
Ostracoda 0 0 5 0 0 0 10 35 0 50
Platyhelminthes 5 25 45 25 45 25 40 30 5 245
Polychaeta 0 0 0 0 0 0 25 0 0 25
Taxa
Profundidade (cm)
Taxa
Profundidade (cm)
Tabela de distribuição das abundâncias da meiofauna nas amostras da praia do Homem do Leme utilizadas na análise dos padrões de distribuição.
ELEVAÇÃO ZONA BAIXA ZONA MÉDIA ZONA ALTA
TOTAL 0-10 10-20 20-30 0-10 10-20 20-30 0-10 10-20 20-30
Acari 0 0 0 0 5 0 0 0 0 5
Amphipoda 0 0 20 0 0 0 0 0 45 65
Caprellidea 5 0 0 0 0 0 0 0 0 5
Copepoda (incluindo Nauplius) 155 340 240 120 327 175 5 10 95 1467
Isopoda 0 0 5 0 0 0 0 0 0 5
Nemata 15 35 470 40 285 310 0 0 15 1170
Ostracoda 5 0 35 25 5 0 0 0 0 70
Platyhelminthes 0 30 5 0 5 0 0 0 0 40
Polychaeta 0 170 155 20 5 0 5 0 15 370
Taxa
Profundidade (cm)