o compromisso de todos por um envelhecimento digno … · promover e assegurar o envelhecimento...

30
O COMPROMISSO DE TODOS POR UM ENVELHECIMENTO DIGNO NO ESTADO DO CEARÁ. *Isabel Cristina de Pontes Lima 1 RESUMO Como garantir o envelhecimento digno em uma sociedade cujos valores simbólicos de identidade constroem uma trama para mecanismos de defesa na busca da jovialidade e negação do envelhecimento? Este questionamento concorre para inusitados desafios concernentes ao olhar que Estado e Sociedade direcionam à pessoa idosa no Ceará. Defendemos o pressuposto de que é a partir desses olhares, que se constroem e (re)constroem as tramas que permeiam as relações intergeracionais e acabam por determinar nuances para a intervenção governamental na gestão de políticas públicas direcionadas a esse segmento populacional. Esta discussão se delineia com o objetivo de apresentar aspectos significativos da realidade presente no Ceará e, a partir desse contexto, ressaltar a decisão política assumida pelo governo do Estado para o enfrentamento desta problemática. Trata-se de um artigo de revisão, metodologicamente formulado em temáticas interdependentes e complementares, cujos achados convergem para sugerir que apesar de todas as restrições sociais, econômicas e culturais vigentes, promover e assegurar o envelhecimento digno é, antes de tudo, um dever do Estado cujo cumprimento se revela possível a partir da articulação das políticas públicas voltadas à satisfação das necessidades dessa população, pela via da garantia de seus direitos. Palavras-chave: Envelhecimento, Dignidade, Ceará Acessível. 1 O Envelhecimento Sob Múltiplos Enfoques Uma abordagem sobre envelhecimento e tudo o mais que envolve vida, tempo e morte, inclui necessariamente a compreensão dos valores, estigmas e sistemas sociais, políticos e econômicos que delineiam a história de diferentes sociedades humanas fomentadas em suas representações simbólicas e culturais. A característica humana de ser, estar e agir no mundo adquire contornos 1 Isabel Cristina de Pontes Lima - Assistente Social, (UECE) Mestre em Planejamento e Gestão de Politicas Públicas (UECE), Assessora Técnica do Gabinete da Primeira Dama do Estado do Ceará – Programa Ceará Acessível.

Upload: phamtuyen

Post on 13-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

O COMPROMISSO DE TODOS POR UM ENVELHECIMENTO DIGNO NO ESTADO DO CEARÁ.

*Isabel Cristina de Pontes Lima 1

RESUMO

Como garantir o envelhecimento digno em uma sociedade cujos valores simbólicos de identidade constroem uma trama para mecanismos de defesa na busca da jovialidade e negação do envelhecimento? Este questionamento concorre para inusitados desafios concernentes ao olhar que Estado e Sociedade direcionam à pessoa idosa no Ceará. Defendemos o pressuposto de que é a partir desses olhares, que se constroem e (re)constroem as tramas que permeiam as relações intergeracionais e acabam por determinar nuances para a intervenção governamental na gestão de políticas públicas direcionadas a esse segmento populacional. Esta discussão se delineia com o objetivo de apresentar aspectos significativos da realidade presente no Ceará e, a partir desse contexto, ressaltar a decisão política assumida pelo governo do Estado para o enfrentamento desta problemática. Trata-se de um artigo de revisão, metodologicamente formulado em temáticas interdependentes e complementares, cujos achados convergem para sugerir que apesar de todas as restrições sociais, econômicas e culturais vigentes, promover e assegurar o envelhecimento digno é, antes de tudo, um dever do Estado cujo cumprimento se revela possível a partir da articulação das políticas públicas voltadas à satisfação das necessidades dessa população, pela via da garantia de seus direitos.

Palavras-chave: Envelhecimento, Dignidade, Ceará Acessível.

1 O Envelhecimento Sob Múltiplos Enfoques

Uma abordagem sobre envelhecimento e tudo o mais que envolve vida, tempo

e morte, inclui necessariamente a compreensão dos valores, estigmas e sistemas sociais,

políticos e econômicos que delineiam a história de diferentes sociedades humanas

fomentadas em suas representações simbólicas e culturais.

A característica humana de ser, estar e agir no mundo adquire contornos

1 Isabel Cristina de Pontes Lima - Assistente Social, (UECE) Mestre em Planejamento e Gestão de Politicas Públicas (UECE), Assessora Técnica do Gabinete da Primeira Dama do Estado do Ceará – Programa Ceará Acessível.

diferenciados dependendo das condições concretas em que a vida se insere. A maneira

como as pessoas agem para adequar a natureza aos seus interesses de sobrevivência

influi de modo decisivo na construção das representações mentais que balizam e

explicam a realidade.

Na antiguidade, os seres perfeitos tornavam-se modelos ou paradigmas

inteligíveis, imitados pela arte e cultura de seu tempo, “Os gregos,valorizavam muito o

jovem de corpo belo, educado pela ginástica e pela dança para tornar-se um guerreiro”

(Platão, in Chauí, 1995). Em tais circunstâncias, as arenas de lutas onde se digladiavam

os “Spartacus”, eram sólidas construções monumentais em arquitetura delineada para o

teatro competitivo, onde a força e a habilidade no manuseio das armas era a virtude que

merecia o aplauso da política. Fundava-se nas sociedades grega e romana, as origens dos

conflitos imperativos de valores que ao longo do tempo foram sendo disseminados,

concorrendo para a segregação de pessoas idosas.

Mais tarde, acreditava-se que para se chegar à velhice era necessário uma

série de atributos relacionados à sorte, à graça divina ou a outros fatores sobrenaturais.

Com o passar do tempo, as crenças forjadas em poderes místicos não se sustentaram e a

ciência veio manifestar-se como a explicação mais confiável dos fatores inexoráveis e

naturais da vida, e o homem moderno passou a contar com um universo de informações

sobre os determinantes de como envelhecer melhor.

Ultrapassados os constrangimentos enfrentados pelas lutas universais com

vistas à garantia dos direitos humanos, novas formulações científicas, filosóficas, éticas e

legais passaram a compor a agenda pública em matéria de relevância.

Pautando-se no pressuposto de que “as pessoas vão se constituindo como

sujeitos nas sucessivas interações e nos diversos espaços discursivos”, Bakhting (1997)

sugere que a imagem pública de cada pessoa se constroi a partir dos “olhos dos outros”.

Nessa perspectiva, há sempre o inacabado em cada ser. A partir do “excedente de

visão”, ou seja, do olhar dos outros, cada pessoa é, em si mesma, incompleta e cada um

só existe nas relações com os outros. Como as relações são infinitas, não se tem nunca

um sujeito absoluto. Cada pessoa é sempre resultado de um passado e uma expectativa

do que pode vir a ser no futuro.

“No mundo moderno, associamos a velhice e, logo, os velhos e as velhas à

ausência de sinais positivos ou à sua perda, como a saúde, a capacidade de produzir, o

vigor sexual, a beleza e a força física e mental. E mais que isso, fazemos a ligação entre

as imagens da velhice e da morte” (Barros, 2006, p.46)

Mesmo com as recentes campanhas públicas voltadas a disseminação de uma

nova imagem da velhice, persiste o peso negativo que culturalmente foi associado a

condição do envelhecimento nas sociedades ocidentais, portanto, essa etapa da vida,

assim como os demais momentos do seu curso são leituras culturais sobre a natureza

humana.

A partir da compreensão dos direitos humanos e da concepção de cidadania

fundamentada no reconhecimento das diferenças e no acesso de todos à participação

política e social, o mundo transforma suas premissas e, nessa trajetória, a segregação

das pessoas idosas passa a ser negada e coibida. Nesse novo tempo, se delineiam os

caminhos para a acessibilidade de pessoas idosas em todos os espaços por onde a vida

transita. Para tanto, é urgente superar a perspectiva linear das políticas públicas e

sugerir um olhar multifocal que viabilize pensar inclusões, convivências de ideais, e

novas reflexões para que se promova, de fato, a garantia dos direitos das pessoas idosas.

Sem a compreensão dos impactos provocados pelo desenvolvimento demográfico na vida

das sociedades, todas as concepções teóricas e legais perdem significado.

A classificação de envelhecimento, particularmente adotada pela

Organização Mundial da Saúde, norteia a legislação brasileira na utilização do critério

etário para definir se uma pessoa é idosa ou não. Entretanto, ao processo de

envelhecimento concorrem, além dos aspectos biológicos e fisiológicos, outras variáveis,

tais como a hereditariedade, o estado emocional e as condições sócioeconômicas e

culturais. A rigor, é a partir da conjugação dessas variáveis que o envelhecimento

transparece de modo singular, em cada indivíduo (Telles e Groisman, 2010, p.1).

Diante da realidade do envelhecimento populacional, o crescimento

demográfico analisado a partir da linha do tempo de vida assume destaque na agenda

política internacional porque o aumento da expectativa de vida, associado à tendência da

queda nas taxas de fertilidade passam a produzir aumento significativo no quantitativo

de pessoas com 60 anos ou mais. No Brasil, o envelhecimento demográfico vem se

efetivando de modo acelerado:

Um indicador que mostra o processo de envelhecimento da população brasileira é o índice de envelhecimento (divisão do numero de idosos pelo de crianças) Em 1980, existiam cerca de 16 idosos para cada 100 criança. Em 2000, essa relação era de quase 30 idosos para cada criança (IBGE,2000). Para 2040, estima-se que a população idosa (65 anos ou mais) alcançará um patamar de 18% superior ao de crianças (0 a 14 anos) e em 2050, esta relação poderá ser de 172,7 idosos para cada 100 crianças (TELLES E GROISMAN, 2010, p.2).

Esses indicadores revelam a transformação do perfil etário da população

brasileira, evidenciando também o crescimento do número de idosos com idade superior

a 80 anos. Essa realidade concorre para aumentar a contingência de doenças,

complicações e fragilidades que implicam em limitações funcionais para essas pessoas

individualmente e para o planejamento dos gastos públicos em geral. É necessário então,

adequar o orçamento, com vistas à execução de políticas públicas direcionadas às

demandas advindas desse contingente, especialmente àquelas provenientes das áreas da

saúde, previdência e assistência social. Alem desses indicadores, estudos efetivados pela

Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em relação ao peso

relativo da população idosa em cada país da referida região identificam três situações:

Uma primeira, onde os países atingiram percentuais mais elevados, caracterizando um processo de envelhecimento mais avançado, como: Uruguai, com 17,3%; Cuba, 15,4%; Argentina, 13,8% e Chile, 11,5%. A segunda mostra um grupo intermediário, com percentuais variando entre 6% e 8%, e uma terceira onde o processo de envelhecimento se encontra bem menos acentuado, como nos casos da Nicarágua e Haiti; com percentuais de 4,8% e 5,8% respectivamente2.

A longevidade da população brasileira se insere no “ranking” do grupo

intermediário, entretanto, sua importância em termos absolutos se afirma pelo fato de

representar mais de 1/3 da população deste grupo etário na região, seguido pelo México,

Argentina e Colômbia, que também assumem relevância neste cenário. O fenômeno do

envelhecimento, analisado com base nas projeções da Organização das Nações Unidas

(ONU) para 2025, coloca o Brasil na 6ª posição entre os países com a maior população

idosa do mundo.

2Brasil. IBGE, Síntese dos Indicadores Sociais uma Análise da Condição de Vida da População Brasileira, 2007

Todos os estudos mais recentes confirmam que no Brasil, o processo de

envelhecimento populacional mostra-se acelerado e essa realidade deve ser

compreendida também sob diferentes enfoques. A distribuição da população idosa, por

classe de rendimento médio domiciliar percapta, em 2006, identifica que 12,4% viviam

com rendimento de até ½ salário mínimo, o que converge para situação de pobreza. No

subgrupo de 65 anos ou mais, essa proporção cai para 10,9%, o que sugere a eficácia das

políticas públicas destinadas a esse segmento como é o caso da Política de Assistência

Social, por meio do Programa de Benefício de Prestação Continuada e da Previdência

Social, cujo peso revela-se significativo para o orçamento das famílias, especialmente nas

áreas rurais. No Nordeste, estas proporções se revelaram bem mais elevadas, 23,5%

para o caso das pessoas de 60 anos ou mais de idade e 20,8% entre os de 65 anos ou

mais, o que concorre para refletir o padrão de vida da região3.

Tal realidade se expressa no Estado do Ceará onde a população com mais de

60 anos é de 881.000 idosos. Esse contingente tem crescido a uma taxa geométrica de

3,23% no período de 1996 a 2007. Entre eles, 63,3% são chefes de família; 37,3%

trabalham e 62,7% são inativos; 71% residem em áreas urbanas e 29% em zona rural.

Excluindo a região metropolitana, constata-se que há uma concentração de 65% dessas

pessoas residindo no interior do Estado4.

“Nas camadas pobres o idoso tanto pode ser um empecilho para a

família como pode ser a única fonte de renda (em forma de

aposentadoria ou pensão). Há famílias, principalmente nos

municípios mais pobres, em que os idosos mantêm as despesas

familiares e são valorizados como um dos poucos consumidores

locais com renda fixa.” (Goldman, 2006, p.57)

Longevidade e envelhecimento são conceitos correlacionados, na medida em

que comportam aspectos relativos à qualidade da duração do tempo de vida.

Evidentemente, a longevidade contribui para o envelhecimento e este é inegavelmente

influenciado pela redução da fecundidade que altera a base da pirâmide etária.

Outro aspecto da longevidade está associado ao gênero. Essa característica

foi demonstrada por Pearl, cujos estudos sugerem que as mulheres têm uma nítida

3 Ib Id., 2007.4 Brasil, IBGE, PNAD/2005.

vantagem biológica sobre os homens. Outro fator observado é que na juventude todos os

indivíduos abaixo do peso médio, têm uma mortalidade maior. Por outro lado, todo o

excesso de peso significa maior mortalidade em indivíduos acima de 40 anos de idade.5

A longevidade está também relacionada positivamente com o status social e

econômico favorável e com o trabalho intelectual (profissões, etc) em oposição ao

trabalho manual, embora a questão da influência relativa de fatores genéticos,

determinando simultaneamente ocupações de baixo nível e uma constituição medíocre,

por um lado, e as desvantagens ambientais de ocupações manuais, por outro lado, não

tenham sido minuciosamente explorados.

A análise dos aspectos econômicos, biológicos, culturais, psicológicos e sociais,

relativos ao fenômeno do envelhecimento, se perde nas diferentes formulações teóricas se

a condição da qualidade de vida das pessoas passa ao acaso, sem uma formulação de

políticas públicas centradas principalmente para o contingente de idosos empobrecidos.

A condição de vida da pessoa idosa apresenta diferenças significativas a

depender de sua auto-estima, afetividade familiar, sociabilidade e conquistas legais, o

que difere no sentimento individual e também no coletivo, dependendo da história de

vida de cada um e da realidade histórica da sociedade em que a pessoa idosa vive.

Novos são os desafios colocados para as políticas púbicas em geral. No caso

específico da saúde pública, o quadro sugere a necessidade de investimentos na

qualidade do atendimento para as gerações presentes em ações preventivas, estudos e

pesquisas imunológicas, em paralelo ao planejamento estratégico, com visão de longo

prazo onde a qualificação de profissionais em gerontologia/geriatria seja estimulada

concomitante aos investimentos na farmacologia, fisioterapia, dentre outros ramos do

conhecimento científico.

O olhar focado no futuro não pode descuidar do presente, porque é agora que

se constroem as condições objetivas para o envelhecimento digno e isso implica soluções

integradas em políticas transversais, onde a saúde se articule à educação, à

infraestrutura, ao esporte, ao trabalho, à seguridade social, lazer, dentre outras, para

que de fato, vistos como seres inteiros, a população envelheça com dignidade.

5 PEARL, J. op cit TRIPICCHIO Adalberto (in) www.redepsi.com.br. capturado em 06/05/2010.

No plano do Direito, o intuito de preservar a dignidade do envelhecimento

está referendado no Estatuto do Idoso (Lei N°10.741/03). Tal diploma assegura em seu

Artigo 2° que devem ser garantidas todas as oportunidades e facilidades de saúde física e

mental, seu aperfeiçoamento moral, intelectual espiritual e social em condições de

liberdade e dignidade. Para além da garantia dos direitos, o Estatuto do Idoso revela

uma forte preocupação com a mudança dos velhos paradigmas. A partir de sua

disseminação, novos comportamentos vão sendo assimilados e a visão preconceituosa e

estigmatizante direcionada à pessoa idosa, fomentada por uma sociedade que ainda se

deixa persuadir pela fantasia da eterna juventude, vai gradativamente cedendo lugar a

uma nova compreensão sobre a evolução natural da vida e de seus determinantes.

Reescrever a história parece uma tarefa urgente e necessária. As gerações

presentes devem ser convocadas a pensar novos esquemas simbólicos do imaginário

sobre as diferentes fases da vida. Nesse caminhar, a própria existência como um todo

deve ser repensada. As representações negativas, cultivadas no passado e ainda

exploradas no presente, não favorecem a conquista da dignidade e, por isso mesmo, os

aspectos culturais são emblemáticos da necessidade de uma nova ordem social.

Diante de tamanhos desafios, ultrapassar o campo do discurso para a vida

prática, impõe a concepção de políticas públicas de caráter emancipatório, como

também exige superar a distância entre estado e sociedade. Sujeito, coletividades e suas

instâncias representativas no embate democrático precisam estar aliançadas, com poder

e autonomia preservados para enunciar demandas e balizar a disponibilidade de ofertas

de serviços essenciais à garantia dos direitos da população. Esse entendimento deve

justificar e orientar o debate contemporâneo no campo das políticas públicas para a

garantia dos direitos das pessoas idosas. Tal compreensão deve efetivar-se em práticas

cotidianas, capazes de corresponder á complexidade dos processos relacionados ao

envelhecimento, porque suas peculiaridades concorrem para exigências múltiplas de

caráter transversal. Nesse aspecto,o exercício do controle social é determinante.

Após a Constituição Federal de 1988 as práticas e mecanismos de

participação e controle social, no campo da gestão de políticas públicas de garantias de

direitos das pessoas idosas, tornaram-se temas recorrentes dos enunciados valorativos da

dignidade e da igualdade e por sua via, da democracia. A institucionalização do discurso

legal, no entanto, ainda não alcançou o êxito postulado porque o Brasil ainda não

superou os extremos das desigualdades, do mesmo modo que a noção de

transversalidade e controle social ainda se mostram vagas, sustentadas em proposições

gerais ou inespecíficas, o que não garante nem autoriza a efetividade de suas práticas.

A equidade, entendida como o provimento dos serviços para o atendimento

das necessidades da pessoa idosa exige participação ampliada, o que não se dá por acaso,

mas de modo qualificado para a intervenção nas diferentes instâncias responsáveis pela

formulação execução e avaliação de políticas públicas. Nessa lógica, os Conselhos se

configuram como espaços por excelência. A universalidade dos direitos de acesso à

serviços e benefícios essenciais requer a renovação permanente de iniciativas que visem

assegurá-los, tal como idealizados constitucionalmente. Do mesmo modo que a legislação

complementar de garantia dos direitos da pessoa idosa, não se efetiva sem que os atores

sociais, integrantes deste grupo etário, vocalizem suas demandas provocando respostas

positivas do estado em particular, e da sociedade em geral.

No caso específico do Estado do Ceará, o mapeamento dos Conselhos nos 184

municípios revela lacunas que precisam ser superadas. A inexistência, o despreparo dos

conselheiros, a falta de condições objetivas para o seu funcionamento ou sua

irregularidade comprometem o alcance da justiça social e da equidade.

Quando, por outra via, se pensa nas responsabilidades governamentais com a

garantia dos direitos da pessoa idosa, um primeiro impasse se coloca para essencial

superação: a dignidade da pessoa humana não se garante pela via de ações

desintegradas. É urgente superar o distanciamento entre instâncias governamentais e

promover a intersetorialidade entre políticas públicas, concebidas como estratégia

essencial para garantir a universalização dos direitos em relação objetiva com o

equacionamento do gasto público para a concretude na cobertura do atendimento às

necessidades da pessoa idosa em respeito a sua dignidade.

A realidade contemporânea autoriza o repensar de estratégias diferenciadas

com vistas ao enfrentamento da dinâmica da realidade, tal como esta se apresenta. Assim

compreendendo, essa Conferência anuncia uma discussão inovadora, onde os conceitos

de envelhecimento e de dignidade são colocados para além dos fundamentos teóricos que

norteiam a compreensão humana de seus postulados. Convoca, portanto, a sociedade

cearense como um todo a compartilhar saberes, vivências e responsabilidades com o hoje

e com o futuro

3 Dignidade da pessoa humana

Para os objetivos deste artigo, convém discutir o conceito de “dignidade da

pessoa humana”, o que implica, inicialmente, sua compreensão no percurso das noções

filosóficas valorativas seguindo-se para o campo do direito. A partir de então retoma-se a

questão inicial, que abre o debate em torno do tema desta Conferência, levando-se em

conta a dignidade da pessoa idosa.

Interessa, portanto, que a conceituação de pessoa humana seja a mais

abrangente possível, porque esse conteúdo não se esfacela em pedaços balizados pela

noção etária, racial ou de gênero. Essa compreensão é assim concebida de modo

intencional, para deixar bem evidente a sua contraposição cultural e simbólica ao

conceito de igualdade, contido na legislação presente.

O conceito de dignidade da pessoa humana tem sua evolução histórica

assinalada em momentos simbólicos de diferentes sociedades, a exemplo das marcas

deixadas pelo Cristianismo, depois em seus valores (re)significados pelo Iluminismo

Humanista, mais tarde reformulados na obra de Emmanuel Kant, conteúdo repensado

após os horrores da Segunda Grande Guerra Mundial, para, enfim, ser balizado pela

mais recente fase, inscrita no plano do Direito Internacional.

O Cristianismo fez emergir uma concepção de ser humano totalmente

estranha à compreensão difundida na Antiguidade. A partir de então, todos os seres da

espécie humana são filhos de Deus e compartilham da mesma dignidade. Essa

compreensão foi tomada como objeto de estudo de muitos pensadores cristãos da Idade

Média e hoje se evidencia na doutrina social da Igreja (Avila,1993).

Uma visão laica do mundo medieval emergiu com o Iluminismo em seus

postulados humanistas, que viam o homem como o centro e a medida de todas as coisas.

A partir de então, foram definidos os direitos individuais do homem e defendidos

perante o Estado. Consagraram-se, por essa via, importantes instrumentos balizadores

do poder como as constituições, as declarações de direitos pautadas pela igualdade e a

definição da lei como expressão da vontade geral.

Do ponto de vista filosófico, a dignidade humana concebida por Kant (1724-

1804), assume conteúdo valorativo maior em sua perspectiva de “ser o homem um fim

em si mesmo, dotado de dignidade ontológica, devendo o Estado orientar-se para

atendê-lo em seus interesses individuais e condições materiais indispensáveis ao exercício

da sua liberdade”. Entretanto, por seu conteúdo filosófico valorativo, a dignidade

humana assim concebida, não foi incorporada ao ordenamento jurídico inaugurado a

partir da Revolução Francesa.

Somente depois dos horrores da Segunda Grande Guerra mundial e das

repercussões derivadas dos regimes nazistas e fascistas é que o Direito Internacional

assumiu a concepção de dignidade humana como valor e princípio fundamental. Nessa

lógica, os valores de dignidade e igualdade fundamentam o expresso no artigo 22, da

Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada em 10 de dezembro de 1948

pela Assembleia Geral das Nações Unidas, nela estando consagrado que:

Todo homem, como membro da sociedade tem direito à seguridade social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais, culturais, indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade.

Com o fim da Guerra Fria ( no início dos anos de 1990 pelos acordos do

desarmamento nuclear consolidado pelo Pacto de Varsóvia em1991) os temas sociais

assumem relevância na agenda internacional favorecendo a concepção de que “as

pessoas devem ser objeto último e o centro de qualquer estratégia” (Rubarth, 1999,

p.17). A partir de então, a dimensão humana passou a compor diferentes estudos

postulados pelos mais diversos organismos internacionais, cujo conteúdo reivindicava a

reformulação de políticas públicas tendo seus ajustes econômicos orientados, no sentido

de levarem em conta a defesa da dimensão humana em contraponto a outros interesses

do capital.

Aqui é oportuno lembrar que a dignidade tutelada tem duas vertentes

fundamentais muito objetivas: primeiro, a intolerância pública à degradação do ser

humano, o que remete à esfera moral de seu conceito, e segundo, o direito de todo ser

humano a uma existência material mínima, o que corresponde às esferas política e

econômica, contidas no conceito de dignidade.

Do ponto de vista jurídico, a dignidade da pessoa humana é referendada em

seu caráter de valor, de princípio ou de direito fundamental. “O conteúdo jurídico da

dignidade se relaciona aos chamados direitos fundamentais ou humanos. Isto é, terá

respeitada sua dignidade o indivíduo cujos direitos fundamentais forem observados e

realizados, ainda que a dignidade não se esgote neles”. (Barcelos, 2002, p.110).

A doutrina jurídica brasileira consagra a dignidade da pessoa humana como

ordenamento e fundamento último dos direitos políticos econômicos e sociais. No atual

contexto histórico nacional, a dignidade da pessoa humana assume, em paralelo com a

igualdade, papel central na ordem jurídica, representando o censo valorativo

internacional, cujo conteúdo é fonte de aprimoramento contínuo, derivado das lutas

sociais e conquistas legais em todo o mundo, balizando medidas de proteção social com

vistas à preservação da dignidade da pessoa humana.

Os postulados que orientam e justificam a compreensão da dignidade da

pessoa humana no atual contexto histórico brasileiro, estão referendados na perspectiva

de que o “ser humano não pode ser desinserido das condições de vida que usufrui, e, na

mesma época, anseia-se pela sua constante melhoria e, em caso de desníveis e disfunções

pela sua transformação” (Miranda, 2000, p.192).

Assim considerando, a Constituição Federal de 1988, consagra, em seu artigo

1°, inciso III, como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, a dignidade

da pessoa humana. Em outros dispositivos complementares, compromete-se com a

redução das desigualdades (artigo 3°, inciso III) e com a repulsa à discriminação (artigo

3°, inciso IV), além de vincular o Estado brasileiro com a busca pela justiça social e com

o bem-estar social da população em geral (artigos 170 e 193). Tais determinantes

assumem forte viés promocional, direcionado essencialmente pela busca da igualdade

material, o que se delineia mais expressivamente no campo dos direitos

socioassistenciais, por meio de prestações positivas do Estado, que visam o equilíbrio das

condições socioeconômicas dos indivíduos.

“Na verdade, o princípio da dignidade da pessoa humana é o fundamento último da igualdade, razão pela qual o Estado deve se incubir da garantir a todos os mínimos vitais. Tal princípio impõe que se estabeleça um parâmetro irrenunciável para a sobrevivência de uma pessoa e das possibilidades do sistema articulado pelo Estado para esse propósito” (Melo,2007,p.113)

Nessa lógica, a satisfação das necessidades básicas em termos de igualdade

assumida pelo Estado em seus compromissos constitucionais de garantia de direitos do

cidadão promove, no campo das políticas públicas de saúde e educação, a universalidade

do atendimento. No caso da assistência social, esse direito é balizado por um recorte, vez

que é conferido “a quem dela necessitar”, isso porque, a dignidade da pessoa humana

impõe ao Estado, piso mínimo de sobrevivência a ser assegurado, na medida das

necessidades das pessoas e das possibilidades do sistema articulado pelo Estado para

esse fim.

A equidade, por seu turno, é termo jurídico que sugere o princípio

fundamental do Direito ao evocar a realização da dignidade e da justiça. Um Pais

desigual e excludente não promove equidade entre seus cidadãos em geral, muito menos

a dignidade da pessoa idosa em particular. Essa compreensão é de grande pertinência à

perspectiva da transversalidade entre políticas públicas e ao exercício do controle social.

Há que se ter presente ainda, que os preceitos legais se transformam em

letras mortas quando a sociedade permanece alienada de suas conquistas

emancipatórias. Não basta que o Estado esteja imbuído da vontade política de

concretizar garantia de direitos de dignidade humana e adote medidas concretas de

proteção social para reduzir e corrigir desigualdades. Para além do compromisso e

responsabilidade do Estado, a sociedade precisa se lançar na dinâmica da vida ativa, no

exercício do controle social, pelas instâncias representativas dos interesses coletivos, a

exemplo dos Conselhos de Direitos dentre outros, e na participação direta nas arenas de

lutas, onde a democracia concorre para a afirmação da dignidade da pessoa humana,

alargando assim, os espaços para a sonhada igualdade entre os homens.

4 Ceará Acessível: em que sentido?

Pensar o envelhecimento digno, a partir da lógica estrutural e burocrática em

que se delineiam as políticas públicas no Brasil é um desafio considerável pela própria

cultura gerencial de estilo, segmentado em um racionalismo que divide

responsabilidades e desconsidera que o sujeito de suas ações se insere numa realidade

complexa e é nela que sua vida requer o desencadear de acessos que lhe permitam

transitar numa dinâmica de realizações essenciais ao seu empoderamento e

representação cidadã.

A noção de envelhecimento digno, em seu conteúdo plural, convergiu para o

delineamento do Programa Ceará Acessível, cuja representação simbólica pode ser

compreendida no seguinte modelo:

Figura I

Assim concebido e idealizado, o Programa articula políticas públicas em suas

instâncias operacionais e representativas no que concerne ao controle social, a exemplo

dos conselhos estadual e municipais de direitos da pessoa idosa dentre outras, a exemplo

de fóruns, associações e movimentos sociais.

Vale destacar que no decorrer do biênio 2009-2010, um planejamento

estratégico para a gestão dessas políticas foi efetivado, tendo por fundamento os dados

da realidade local, subsidiados por estudos e pesquisas norteadores da decisão política

concretizada no Programa Ceará Acessivel, cuja organicidade articula ações

transversais em diferentes Secretarias Estaduais, cujos desempenhos financeiros

apresentam-se no quadro II que se segue:

Quadro I

RESUMO FINANCEIRO GERAL – POR PROGRAMA/ Pessoa Idosa/ 076Valor 2007

(A)Valor 2008

(B)Valor 2009

(C)Valor 2010

(D)Valor Total(A+B+C+D)

DPG 0,00 0,00 0,00 31.754,00 31.754,00SECUL

T0,00 0,00 50.000,00 50.000,00 100.000,00

SSPDS 0,00 161.550,00 179.467,77 574.147,84 915.165,61FEAS 2.944.004,82 3.002.804,70 2.804.197,23 5.912.627,05 14.663.633,

80SEDUC 0,00 0,00 188.454,00 606.720,00 795.174,00SECITECE

0,00 0,00 0,00 43.477,56 43.477,56

SESPORTE

30.000,00 30.000,00 30.000,00 30.000,00 120.000,00

FUNDEJ

0,00 0,00 50.000,00 50.000,00 100.000,00

TOTAL GERA

L

2.974.004,82 3.194.354,70 3.302.119,00 7.298.726,45 16.769.204,97

Fonte: Governo do Estado do Ceará/ SEPLAG, 2010.

A leitura dos dados contidos neste quadro revelam que a Política Estadual em

Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, nos últimos quatros anos, apresenta significativo

crescimento. Em 2007, apenas duas secretarias estaduais destinavam em seus

orçamentos recursos específicos para a execução de projetos e/ou benefícios nas áreas de

Assistência Social e Esporte Já em 2010, observa-se uma evolução pelo

comprometimento de oito setoriais envolvidas com as ações do Programa Ceará

Acessível, destinadas à esse segmento.

Como resultante das articulações efetivadas pelo Ceará Acessível, a

participação das diversas secretarias estaduais foi efetivando-se e hoje é mais

significativa, apresentando um crescimento financeiro ao longo dos quatro anos,

conforme dados do quadro II, a seguir.

Quadro II

Evolução Qualitativa de Recursos Públicos

P145%e

Pessoa IdPppppppppppppppppppppposaPolíticas de Garantia dos

Direitos

Ano 2007 Ano 2010 Total

2007 - 2010 2.974.004,82 R$ 16.769.204,99 R$ 67.117.601,33

Fonte: Governo do Estado do Ceará, Programa Ceará Acessível, 2010.

O Ceará Acessível, no entanto, não se limita a esse quadro de referências.

Outras ações e investimentos foram desenvolvidos paralelamente por essas secretarias

estaduais e seus resultados estão apresentados ao longo deste artigo. Sobretudo, importa

destacar que se começa a desdobrar políticas conjuntas em sinergias impulsionadoras da

rota de acessibilidade que gradativamente alargam-se para todo o Estado.

Contemporaneamente cresce a compreensão de que o desenvolvimento de

uma sociedade deve ser avaliado pela determinação de incorporar, valorizar e estimular

a mais ampla participação política, econômica, produtiva, cultural e social dos seus

cidadãos e prioritariamente daqueles que ultrapassam a fase dos 60 anos e têm

perspectivas amplas de chegarem aos 90 ou 100 anos de idade.

No Ceará, onde a população idosa vem crescendo, tal como se observa no

País e em quase todo o mundo, a preocupação com a garantia dos direitos dessa

população está evidenciada ,na lógica gerencial assumida, na articulação intersetorial e

na perspectiva da transversalidade das políticas públicas, com vistas à garantia dos

direitos desses cidadãos, como se passa a destacar.

4.1 Assistência Social

Uma visão social inovadora sobre a condição de vida de pessoas idosas foi

inaugurada no Brasil pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei Orgânica da

Assistência Social de 1993, pautada na dimensão ética de incluir os segmentos

vulneráveis numa visão de Proteção Social que supõe conhecer os riscos a que estão

sujeitos e as possibilidades de enfrentá-los.

A Assistência Social, efetivada como garantia de direitos de pessoas idosas no

Ceará, considera três vertentes de proteção social: os idosos e suas circunstâncias e

dentre eles, seu núcleo de apoio primeiro, isto é, sua família; a proteção social exige a

capacidade de maior aproximação possível ao cotidiano de vida das pessoas idosas, pois

é nele que os riscos e vulnerabilidades se constituem; e por último, o direito ao

abrigamento para aqueles que tiveram seus laços familiares rompidos, em situação

efetiva de Proteção Social de Alta Complexidade, pelas próprias condições que

determinam irrevogavelmente tal abrigamento.

. Proteção Social Básica

Programa de Atendimento à Pessoa Idosa Resultados (2007 – 2010)

Terceira Idade Cidadã Financiamento de Projetos e Serviços

Municipais voltados às famílias de

Pessoas Idosas, através de concurso por

Edital Público.

Edital 2010/1: 47 Projetos e

Selecionados

Edital 2010/2: 05 Projetos Selecionados

Beneficiados: 5.395 idososVALOR TOTAL: R$

1.000.000,00

A Proteção Social Básica direcionada às Pessoas Idosas previne agravos que

possam vir a provocar o rompimento dos vínculos familiares e sociais dos usuários. Visa

a garantia de direitos, o desenvolvimento de mecanismos para a inclusão social, a

aquisição de oportunidades e a participação e o desenvolvimento da autonomia das

pessoas idosas a partir de suas necessidades e potencialidades, prevenindo situações de

risco e o isolamento.

O Estado do Ceará, em seus 184 municípios exige um planejamento de ações

onde a participação de redes socioassistenciais seja uma realidade como estratégia capaz

de permitir o acesso aos idosos residentes nos distritos mais longínquos.

A territorialização dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) se

constitui oportunidade, por excelência, para a inclusão das pessoas idosas nos mais

diferentes serviços e benefícios socioassistenciais.

As ações de Proteção Social Básica previnem o confinamento de idosos;

identificam situações de dependência; colaboram com redes inclusivas no território;

previnem o abrigamento institucional e promovem sua inclusão social; sensibilizam

grupos comunitários sobre direitos e necessidades de inclusão das pessoas idosas,

disseminando novas ideias com vistas à desconstruir mitos e preconceitos; desenvolve

estratégias para estimular e potencializar recursos das pessoas idosas e suas famílias;

estimulam a participação cidadã; contribuem para resgatar e/ou preservar a integridade

e a melhoria da qualidade de vida dos idosos viabilizando a construção de espaços

inclusivos.

Os 52 Projetos Municipais, aprovados pelo projeto Terceira Idade Cidadã,

estão referendados por ações de Proteção Social Básica e concorreram para o

fortalecimento da Política de Assistência Social no âmbito municipal. Como

complementaridade são concomitantemente desenvolvidas as seguintes ações:

Programa de Atendimento à Pessoa

IdosaResultados (2007 – 2010)

Terceira Idade Cidadã – Ações Complementares

.

IV Jornada GerontológicaValor: R$ 39.920,00

Curso de Memória e SocializaçãoValor: R$ 34.570,00

Apoio ao Conselho Estadual dos Direitos dos Idosos - CEDI/CE e Conselhos Municipais Valor: R$ 14.346,00

Grupos de Convivência Valor: R$ 60.250,00

Capacitação – Multiplicadores Sociais de Atenção à Pessoa Idosa. 3 Módulos com 120h/a.Valor: R$ 45.000,00

Disseminação da Política do Idoso e Monitoramento de Projetos Municipais Valor: R$ 105.814,00TOTAL GERAL: R$ 300.000,00

. Proteção Social Especial

Programa de Atendimento à Pessoa Idosa Resultados (2007 – 2010)- Abrigo de Idosos

- Idoso Sujeito Pleno

Abrigo para 105 Idosos (Construção,

Reforma e Aquisição de Equipamentos)

Valor: R$ 2.861.902,00

Manutenção do Abrigo para 105 Idosos.

Valor: 1.700.000,00

Como já se fez referência, a ampliação da expectativa de vida e a redução da

mortalidade convergem para uma maior longevidade da população. Simultâneos, esses

indicadores desafiam o Sistema de Garantia de Direitos da Pessoa Idosa, impondo a

necessidade de ações intersetoriais para a efetivação desses direitos. O Estatuto do Idoso

ao estabelecer garantias fundamentais a essa população, destaca a obrigação da família,

da sociedade, da comunidade e do Poder Público em assegurar à pessoa idosa, com

absoluta prioridade a efetivação do direito à vida, à saúde, à educação, à cultura, ao

esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito, à não-

discriminação e a convivência familiar e comunitária.

Entretanto, a violência contra a Pessoa Idosa é uma realidade

multidimensional e quando se manifesta é relatada com muito sofrimento pela ruptura

das expectativas de afetividade entre familiares. A violência intrafamiliar compreende

tanto maus tratos físicos, quanto psicológicos, além da negligência e, em sua face mais

perversa, o abandono.

A ênfase da Política de Assistência Social na Proteção Especial prioriza a

reestruturação dos serviços de abrigamento aos Idosos que por uma série de fatores não

contam mais com a proteção e o cuidado de suas famílias. Os serviços de Proteção

Especial têm estreita interface com o sistema de garantias de direitos exigindo muitas

vezes, uma gestão mais complexa e compartilhada com o Poder Judiciário, Ministério

Público e outros órgãos e ações do Executivo.

Um abrigo constitui-se, portanto, num serviço de Proteção Social Especial de

alta complexidade. Garante proteção integral – moradia, alimentação, higienização e

trabalho protegido para idosos sem referências familiares e/ou em situação de ameaça

necessitando do afastamento de seu núcleo familiar de violência. (violência institucional)

Para cumprir os determinantes legais destinados a Pessoas Idosas que

vivenciam tais situações de risco e vulnerabilidade, a Secretaria do Trabalho e

Desenvolvimento Social (STDS) mantém o Abrigo de Idosos, situado na Avenida Olavo

Bilac, 1280 – Álvaro Weyne – Fortaleza, numa área física de 8.539,59 m², cujas

instalações passam por construção e reforma física, além de (re)estruturação gerencial

em seus aspectos técnicos para o aprimoramento da qualidade dos serviços

disponibilizados aos seus abrigados. A obra que se processa, encontra-se em estágio

avançado com perspectiva de conclusão em maio de 2011.

4.2 Cidades

Programa de Atendimento à Pessoa Idosa Resultados (2007 – 2010)Projeto Costa Oeste Residencial Dom Helder Câmara

Das 864 unidades construídas, 78 destinadas para pessoas idosas

Residencial Alves de LimaDas 310 unidades construídas, 27 unidades para a pessoa idosa

Residencial Oscar AraripeDas 110 unidades construídas, 13 destinadas a pessoas idosas

Residencial Leonel Brizola68 unidades construídas, das quais, 07 destinadas a pessoas idosas.

A Secretaria das Cidades, em seu Programa Habitacional, tem reservado

unidades adaptadas para pessoas idosas, além de desenvolver trabalho social junto à

população beneficiada pelos projetos habitacionais sob sua responsabilidade. Tais

iniciativas correspondem à garantia de direitos de pessoas idosas a habitação digna,

postulados pela legislação vigente.

4.3 Ciência, Tecnologia e Educação Superior

Programa de Atendimento à Pessoa Idosa Resultados (2007 – 2010)Inclusão Digital da Pessoa Idosa Valor: R$ 43.477,56

No processo de modernização tecnológica, os papeis sociais tradicionais

foram, aos poucos, sendo modificados. A inclusão digital de pessoas idosas se insere na

agenda do Programa Ceará Acessível como mais uma conquista porque garante o

manejo de equipamentos tecnológicos indispensáveis à vida cotidiana com liberdade e

autonomia.

O acesso à comunicação pela via da Internet é um direito contemporâneo que

perpassa todas as gerações. A vinculação de pessoas de todo o mundo em redes de

relacionamentos virtuais é uma realidade e se inscreve numa nova forma de ser, agir e

estar no mundo.

Além do utilitarismo puro e simples que a inclusão digital de pessoas idosas

possa almejar, está implícito em sua prática o acesso desses cidadãos ao conhecimento

em sentido amplo pelas possibilidades que se abrem frente ao manejo da tecnologia da

informática .É com esse entendimento que o Ceará Acessível transita pela via da Ciência

e da Tecnologia, formando coalizões cada vez mais articuladas para efetivar direitos de

pessoas idosas.

4.4 Cultura

Programa de Atendimento à Pessoa Idosa Resultados (2007 – 2010)

Memórias Centenárias do Ceará Livro em fase de editoraçãoValor: R$ 50.000,00

O livro “Memórias Centenárias do Ceará”, em sua versão 2010, utiliza-se da

metodologia de entrevistas para a composição de histórias de vida e é protagonizado por

quatro idosos de relevante participação no meio cultural cearense: José Claúdio de

Oliveira; Orlys Gurgel; Sinésio Cabral e Valdemar Caracas.

José Cláudio de Oliveira, escritor, entrevistado por Nirez, aos 83 anos de

idade, indagado sobre seus planos para o futuro afirmou: “Eu estou no futuro [...] tenho

um livro novo na cabeça, mas a máquina de escrever não existe mais [...] hoje é tudo no

computador, a máquina de escrever caiu mesmo”.

Orlys Gurgel, com 82 anos, conta como enfrentou os preconceitos da

sociedade cearense, relembrando fatos de sua juventude, há mais de 60 anos. Foi a

primeira mulher radialista. Em sua entrevista revela: “Eu queria um palco, queria

aparecer. Ai me identifiquei com o Rádio. Na minha época era muito difícil, porque o

tabu era esse: moça de família não trabalha em Rádio, mas eu provei que trabalha, tive

dignidade, e ainda hoje tenho.

Sinésio Cabral é a terceira personalidade em destaque. Poeta, 95 anos,

entrevistado por Sânzio, conta sua história de vida e entre suas lembranças, um versinho

de sua autoria ilustra breve passagem neste artigo:

“Não anda fora dos trilhosnem mesmo, por tentaçãoquem tem mãe dos seus filhos bem dentro do coração”

Por último, Valdemar Caracas, aos 103 anos de idade, poeta e líder dos

ferroviários, em sua lucidez, faz questão de deixar no livro o registro de sua última

vontade: “[...] neste espaço de chão foi sepultado o líder ferroviário Valdemar Cabral

Caracas” e acrescenta: “[...] eu quero é ir junto com os caboclos que me ajudaram a

viver e me respeitaram”.

4.5 Educação

Programa de Atendimento à Pessoa Idosa Resultados (2007 – 2010)Cursos de Alfabetização para a Pessoa Idosa

Apoio às Ações dos Docentes e Discentes

Projeto Eterno Aprendiz (Alfabetização de Idosos com Inclusão Digital)

Encontro para Formação de Professores (PAPI)

Seminário Estadual para Troca de Experiências com Carga Horária de 18h/dia

13.574 idosos em 151 municípios

Laboratório de Informática com 20 turmas no interior e 10 na capital

Realizado

Realizado

Valor: R$ 616.720,00

A implementação do Programa Brasil Alfabetizado no Ceará conta com a

adesão de 156 municípios, os quais firmaram convênio com o Ministério da Educação.

Os demais, (38 municípios), que não aderiram ao Programa Federal tiveram Planos de

Trabalho elaborados pela Secretaria de Educação do Estado e sua execução efetivou-se

mediante parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais e Sem Terra – MST,

Central Única dos Trabalhadores – CUT e Ministério da Pesca e Agricultura – MPA. Tal

iniciativa resultou na alfabetização de 44.170 (Quarenta e Quatro Mil Cento e Setenta)

idosos.

A implantação do Programa de Atendimento à Pessoa Idosa – PAPI,

representou significativa conquista por oportunizar o resgate do tempo e de

oportunidades de educação formal para idosos em situação de analfabetismo.

O PAPI foi criado com o objetivo de promover a alfabetização de pessoas com

idade igual ou superior a 60 anos, com apoio de recurso digital, tendo promovido a

inclusão de 450 (Quatrocentos e Cinquenta) idosos no mundo das novas tecnologias.

Para tanto, investiu na formação de educadores com programa pedagógico voltado para

o alcance dos resultados almejados, como também na qualificação tecnológica desses

profissionais para o manejo dos computadores utilizados como ferramentas para a

alfabetização de idosos e inclusão digital.

4.6 Esporte

Programa de Atendimento à Pessoa Idosa Resultados (2007 – 2010)

Jogos da Felizidade

Projetos para Pessoas Idosas

Metas:

- 1.000 idosos participando de ginástica em Vilas Olímpicas e 585 idosos inseridos nos Jogos da FelicidadeValor: R$ 120.000,00

R$ 100.000,00

Total Geral: R$ 220.000,00

O esporte e o lazer como impulsionadores para a atividade física lúdica

colaboram para a melhoria da qualidade de vida de pessoas idosas. Os Jogos da

Felizidade movimentam de forma prática o envelhecimento ativo em seus determinantes

sociais e legais, de saúde pública. É exercício de inclusão social e acessibilidade pela

preservação da viabilidade física e emocional de pessoas idosas.

O Projeto Felizidade nessa gestão assistiu a 1.162 (hum mil cento e sessenta e

dois) idosos participantes de atividades físicas, recreativas, socioesportivas e culturais.

Pela via da prática esportiva, o Ceará Acessível vislumbra a cultura do

envelhecimento saudável, onde os obstáculos podem ser transponíveis pela via do direito

à vida saudável e ativa.

A dimensão transversal do Ceará Acessível propicia a busca pela autonomia

coletiva de pessoas idosas. Seus direitos estão formalizados. Usufruir de vida ativa é

prerrogativa de cada ser humano e nessa compreensão, a articulação entre políticas

públicas precisa se mover em espiral, num convite permanente para que pessoas idosas

participem ativamente da dinâmica local de sua própria casa, de seu bairro e de sua

cidade.

4.7 Saúde

A agenda do Governo do Estado do Ceará, voltada para a implementação de

políticas públicas na área da saúde, converge para a descentralização e universalização

do atendimento conforme dinamizado pelo Sistema Único da Saúde (SUS), cujas ações

se voltam para atenção ás demandas da população cearense em geral.

De modo específico o Programa Ceará Acessível inseriu no MAPP e em sua

Matriz GPR, ações complementares voltadas á garantia dos direitos de pessoas idosas a

partir do ano de 2009, com destaque para os projetos/atividades conforme quadro a

seguir:

Programa de Atendimento à Pessoa Idosa Resultados (2009 – 2010).Programa Saúde da Família-PSF

.Seminários sobre temas de interesse das pessoas idosas ( Demência, osteoporose, maus tratos, prevenção de quedas)

Seminário sobre envelhecimento e saúde da pessoa idosa

. Capacitação para Cuidadores de Idosos em domicílios e em unidades de saúde.

Incremento de 99.030 idosos cadastrados e atendidos pelo PSF. Seminários desenvolvidos nas Regiões do Aracati, Brejo Santo, Camocim, Canindé, Crato, Crateús, Fortaleza, Iço, Iguatú, Juazeiro, Maracanaú, Quixadá, Russas, Tauá e Tianguá, com a participação de 440 profissionais para otimizar o atendimento á pessoa idosa.. Realizado em Fortaleza com a participação de 350 profissionais das equipes do PSF.. 50 pessoas capacitadas.

Total Geral R$176.009,87

Esses indicadores, associados ao desempenho das ações globais, efetivadas no

âmbito da política da saúde no Ceará, conferem o reconhecimento do direito do cidadão

e a responsabilização do estado com a garantia de respostas às demandas da pessoa

idosa. Nesse sentido, destaca-se que as ações do SUS são monitoradas por indicadores

diversos, onde os dados epidemiológicos registram conquistas na redução do

quantitativo de óbitos materno-infantil, dado que repercute nos indicadores de

longevidade no Estado

As informações do SAI/SUS, relativas ao número de consultas médicas e

serviços ambulatoriais são anualmente crescentes (2.359.497 em 2010). Do mesmo modo,

os exames clínicos especializados relacionados aos diagnósticos em laboratórios clínicos

(anatomia patológica, citopatologia, radiologia, ultrasonografia, tomografia, ressonância

magnética, medicina nuclear, endoscopia, radiologia intervencionista, dentre outras).

4.8 Segurança Pública e Defesa Social

Programa de Atendimento à Pessoa Idosa Resultados (2007 – 2010)

Construção de Quadra Coberta

Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade

Alambrado de Proteção e Segurança para a Quadra Coberta da Terceira Idade do Corpo de Bombeiros

Quadra coberta construídaValor: R$ 341.017,77

300 núcleos em funcionamento em Fortaleza e RMF e 14 municípios atendem a 60 mil idososValor: R$ 521.723,02

Valor: R$ 52.424,82

O rompimento com o modelo histórico do sistema policial no Ceará vem se

efetivando, em especial com a criação do Ronda do Quarteirão e pelo trabalho do Corpo

de Bombeiros, através do Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade que se realiza em

praças e demais espaços públicos, reunindo pessoas idosas para a prática de exercícios

físicos.

Trata-se de experiência exitosa disseminada pelos bairros de Fortaleza e

cidades do interior do Estado. Sua prática redefine e amplia o conceito de segurança

pública, que converge para a afirmativa da capacidade de policiais e bombeiros

assumirem a missão de proteger a sociedade de todas as formas de violência, garantindo-

lhes acesso ao lazer e à prática de esportes, contribuindo significativamente para a

sociabilidade, autoestima e consequente melhoria da qualidade de vida de seus

participantes.

4.9 Turismo

Programa de Atendimento à Pessoa Idosa Resultados (2007 – 2010)

Clube da Melhor Idade Concessão de diárias e passagens

(Nacional e Internacional)

A qualidade de vida para pessoas idosas é uma premissa que se estende

também às possibilidades de fazer turismo. Nessa perspectiva, algumas garantias legais

estão estabelecidas a exemplo do Passe Livre, que lhes assegura gratuidade nos

transportes coletivos urbanos (ônibus, metrô) a partir dos 65 anos de idade. Nos

coletivos municipais, 10% dos assentos são reservados aos idosos e tais assentos

apresentam placas indicativas.

Para viagens entre Estados (transporte interestadual) os idosos com renda

inferior a 2 (dois) salários mínimos têm direito à gratuidade na passagem, com limite de

2 (duas) vagas por veículo. Caso as vagas tenham sido preenchidas, o idoso tem direito à

redução de 50% no valor da compra da passagem.

Coerente com a garantia de tais direitos, a Secretaria do Turismo vem

desenvolvendo o Projeto Clube da Melhor Idade, disponibilizando a concessão de

passagens aéreas e diárias em hotéis para que pessoas idosas do Clube possam participar

de eventos (reuniões, Congresso Luso/Brasileiro em Lisboa, Congresso Regional em São

Luís – MA; Reunião Nacional em Brasília) oportunidade em que divulgam os pontos

turísticos e o artesanato do Estado do Ceará.

Vale ressaltar ainda, o apoio à Ouvidoria do Estado para criação e

manutenção da Ouvidoria do Idoso. E, em apoio às ações da Secretaria do Trabalho e

Desenvolvimento Social (STDS), promoveu-se o incentivo e articulações para a

realização do projeto Fortalecimento Institucional em suas etapas de capacitação de

Conselheiros Municipais dos Direitos do idoso com o apoio da STDS e do Portal

Inclusivo em articulação com a Secretaria do Planejamento e Gestão e a Empresa de

Tecnologia da Informação do Estado do Ceará (ETICE), o que está consolidado num

mecanismo destinado a comunicação virtual das políticas públicas direcionadas a idosos

no Ceará.

Sem o intuito de relatar atividades cotidianas efetivadas até então, deixa-se,

aqui, uma breve síntese do que foi possível empreender, até agora, no sentido da

articulação de políticas públicas para a garantia dos direitos de idosos no Ceará.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Afinal, diante do exposto, como garantir o envelhecimento digno em uma

sociedade cujos valores simbólicos de identidade constroem uma trama para

mecanismos de defesa na busca da jovialidade?

Nos limites deste artigo seria precipitado apontar caminhos como verdades

últimas, entretanto, algumas pistas podem balizar o consenso em torno dos rumos que se

deve perseguir para a busca de respostas positivas às dificuldades presentes.

Como já foi identificado por Silva (2008), uma época histórica se caracteriza

principalmente por um sistema de ideias, sistema de técnicas e institucionalidade.6 Essa

mudança, postulada no campo das políticas públicas destinadas às pessoas idosas, exige

o direcionamento do olhar multifocal para suas mais diferentes condições de existência

digna. Tais condições mudam quando se transformam, de forma qualitativa e

simultânea, as relações institucionais em sua dinâmica de respostas às demandas da

população.

Já não se discute se o envelhecimento da população é projeção consistente. A

realidade confirma esse fato. O que está em discussão é como garantir o envelhecimento

6 SILVA , José de Souza. A mudança de época e o contexto global cambiante. Implicações para a mudança institucional em organizações de desenvolvimento. (mimeo), 2008

com dignidade, mas também não se pode pensar o futuro desconsiderando o hoje.

A realidade contemporânea é excludente, injusta e perversa em condições

objetivas de vida para expressiva maioria das pessoas idosas, seja pelas limitações

econômicas, sociais ou culturais que vivenciam.

A experiência na gestão de políticas públicas, voltadas à garantia dos direitos

de pessoas idosas, autoriza a compreensão de que operadas isoladamente se mostram

reducionistas e questionáveis no alcance de seus objetivos. Do mesmo modo, é

compreensível que o controle social por parte dos Conselhos, efetivado no campo da

participação ativa no planejamento, monitoramento e avaliação dessas políticas, ainda

deixa muito a desejar. Assim sendo, o envelhecimento digno das gerações presentes está

seriamente comprometido, o que não desanima vislumbrar um futuro diferente, onde

todas as barreiras atitudinais excludentes tenham sido superadas pelo esforço coletivo

para a transformação da realidade

Articular saberes, esforços e vontades parece ser um caminho possível à

gradativa mudança cultural que, hoje fomentada pela perspectiva consumista do

descartável, valoriza o que é novo em detrimento do que é velho. Nessa lógica, coisas e

pessoas são colocadas sob a mesma ótica. Seres coisificados perdem sua identidade e,

quando muito, são transformados em mero elementos de cálculos estatísticos, ao passo

que suas projeções adquirem visibilidade.

Muito mais que aparato legal de garantia de direitos, fala-se aqui de

mudança nos modos de ser, pensar e agir de uma sociedade inteira, não somente de

pessoas idosas. Para que esse ideal adquira concretude toda a coletividade precisa estar

consciente dos limites e possibilidades presentes.

No que diz respeito ás responsabilidades do Estado do Ceará, está em curso

uma articulação permanente entre as políticas públicas, voltadas à garantia dos direitos

das pessoas idosas. Embora recente, o Programa Ceará Acessível já extrapola seu estágio

de concepção filosófica e organizacional e, aos poucos, adquire visibilidade pela

pertinência da vontade política de transformar o quadro da realidade local.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AVILA,Fernando B. Pequena Enciclopédia de doutrina social da igreja. 2° Ed.,

Loyola,1993. São Paulo

BARCELOS, Ana Paula. A eficácia jurídica dos princípios constitucionais: O principio

da dignidade da pessoa humana. Rio de Janeiro,Renovar, 2002.

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. S. Paulo:Editora Hucitec, 1995.

BRASIL. Decreto Federal nº 3.298/99, alterado pelo Decreto 5.296/2004.

________. IBGE, PNAD/2005.

________.IBGE, Síntese dos Indicadores Sociais uma Análise da Condição de Vida da População Brasileira, 2007

BARROS, Muriam Moraes Lins de Barros. Envelhecimento, cultura e transformações sociais. (in)Tempo de Envelhecer. Percursos e dimensões psicossociais. Ligia Py et alii Organizadores. S.Paulo: Ed. Setembro, 2006.

CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 3ª Ed., S. Paulo, Ed. Ática, 1995.

GOLDMAN, Sara Nigri. As dimensões sociopoliticas do envelhecimento (in)Tempo de Envelhecer. Percursos e dimensões psicossociais. Ligia Py et alii Organizadores. S.Paulo: Ed. Setembro, 2006.

LEVINAS, Emmanuel. Humanismo do outro homem. 2ª Ed., Petrópolis, RJ, Ed. Vozes, 1993.

MIRANDA,Jorge, Manual de direito constitucional. Direitos fundamentais.3° ED Revista Mestrado em Direito, 200.

MELO, Adriana Zawanda. Direitos sociais, igualdade e dignidade da pessoa humana. Revista Mestrado em Direito, 2007.

MORIN, Edgar. Ciência com consciência. 4ª Ed. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2000

ONU. Declaração dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 1975 (mimeo)

PEARL, J. op cit TRIPICCHIO Adalberto (in) www.redepsi.com.br. capturado em 06/05/2010.

RUBARTH, Ernesto Otto. A diplomacia brasileira e os temas sociais. O caso da saúde. Brasília, Instituto Rio Branco. Centro de Estudos Estratégicos, 1999.

SILVA , José de Souza. A mudança de época e o contexto global cambiante. Implicações para a mudança institucional em organizações de desen volvimento. (mimeo), 2008

TRUCOM, Conceição. Sem qualidade de vida a longevidade é cada vez mais frágil (in) Agência FAPESP. www.docelimao.com.br capturado em 06/05/2010