o código florestal como ferramenta para o planejamento
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O Código Florestal como ferramenta para o Planejamento Ambiental na Bacia Hidrográfica do Córrego do Palmitalzinho - Regente Feijó/ São Paulo
Aline Kuramoto Gonçalves [email protected]
Graduada em Geografia pela FCT- UNESP Campus Presidente Prudente Mestranda em Agronomia pela FCA- UNESP Campus Botucatu
INTRODUÇÃO
O recurso natural que se torna cada vez mais escasso é a água, o bem mais precioso e
necessário na Terra, sendo que a água potável, de uso para o consumo humano, tem a
parte da sua origem nos cursos d’água que consiste no bem público indispensável para
os seres humanos, a fauna e a flora. Além da fauna e a flora apresentarem, atualmente,
situações de degradação devido ao uso inadequado desse recurso, por fins diversos.
No Brasil a bacia hidrográfica é unidade territorial para implementação de diversas
políticas atuais sob o que decorre da proteção e conservação dos recursos hídricos, no
que tange a Política Nacional de Recursos Hídricos e a atuação do Sistema Nacional de
Recursos Hídricos. A gestão local da bacia hidrográfica demanda a observação de certas
características ambientais, sociais e econômicas e deve-se adorar a esse sistema, pois,
compreende a sua área geográfica formada por cursos d’água e seus afluentes, direciona
a ocupação humana que se abastece de suas águas, mas para monitorar “a qualidade da
água de um manancial depende, portanto, dos usos e atividades desenvolvidas em toda a
bacia hidrográfica” (MOTTA, 1995, p. 107). Assim, o presente estudo contempla a
bacia hidrográfica do Córrego do Palmitalzinho localiza-se entre as coordenadas
geográficas 22°14’ de latitude ao Sul e 51°21’ de longitude Oeste, no município de
Regente Feijó - São Paulo, a escolha dessa área de estudo consiste o seu manancial Rio
Santo Anastácio ser o responsável pelo abastecimento de água para a população de
Presidente Prudente que, atualmente, encontra-se prejudicado devido ao uso irregular do
seu recurso, a água e a ocupação da terra. O uso e ocupação das terras de forma
inadequada decorrem muitas vezes de um processo histórico, devido a retirada da
vegetação para dar inicio as novas áreas de pastagens, produção agrícola e moradia,
assim associado a uso e ocupação das terras inadequadas processos naturais que
ocorrem de maneira mais intensa e consequentemente, alterando a quantidade e a
qualidade dos recursos hídricos. Dessa maneira o estudo sobre a Legislação Ambiental
Brasileira: O Código Florestal (Lei 12.651/12) que se destaca como um método de
gestão ambiental através da preservação do meio ambiente e dos recursos naturais
através de duas principais fontes de proteção ambiental – previstas através de situações
de preservação e conservação – que são as Áreas de Preservação Permanente (APP) e a
Reserva Legal (RL). Ao longo dos anos sofreu diversas alterações, sendo a partir de
2009 foi intensificado o debate, em maio a Lei nº 12.651/12 e posteriormente, sendo
complementado com a MP da Lei nº 12.727 de 17 de outubro do mesmo ano. Dessa
forma, a legislação auxiliará na avaliação do uso e ocupação da Bacia do Córrego do
Palmitalzinho em Regente Feijó- SP através dos conflitos em APP e a produção
exercida dentro da bacia.
OBJETIVO GERAL
O objetivo principal dessa pesquisa apresenta-se como um esforço de compreender
sobre a Legislação Ambiental Brasileira: O Código Florestal (Lei 12.651/12) que se
destaca como um método de gestão e planejamento ambiental através da preservação do
meio ambiente e dos recursos naturais através de duas principais fontes de proteção
ambiental – previstas através de situações de preservação e conservação – que são as
Áreas de Preservação Permanente (APP) na bacia do Córrego do Palmitalzinho, assim
tendo a comparação entre a legislação ambiental brasileira e o uso da terra nesta bacia.
METODOLOGIA
A Metodologia deste trabalho consistiu no acompanhamento em jornais e revistas de
divulgações diárias e semanais e nos sites dos órgãos públicos sobre a alteração do
Código Florestal. Além dessas ações o desenvolvimento desses resultados têm-se a
elaboração de cartas cartográficas para as aplicações das análises, acima citadas o uso
de software como o ArcGis®, a fim de subsidiar o monitoriamente e gestão ambiental
referentes ao limite da bacia hidrográfica, o uso e ocupação do solo, drenagem, áreas de
APP, bem como as áreas de conflitos foram processadas neste software e também, a
realização de trabalhos de campo na área da bacia em foco as Áreas de Preservação
Permanente.
RESULTADOS
O Código Florestal sofreu inúmeras mudanças, as Áreas de Preservação Permanente ao
redor dos cursos d' água foram alteradas, sendo a sua metragem a partir do leito regular
do rio e também, à divisão de módulos fiscais (tamanho do imóvel) para determinar a
recomposição mínima de APP na bacia, não dependendo apenas do tamanho do curso
d’água.
As Áreas de Preservação Permanente devem ser mantidas intactas para garantir a
qualidade dos recursos hídricos da bacia, a biodiversidade e o bem- estar social. De
forma que a Lei nº 12.651/12, em seu Art. 4º para áreas rurais já consolidadas que não
foram desmatas até 2008, estabelece que:
Art. 4º. Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; [...]. (BRASIL, CÓDIGO FLORESTAL, Lei nº. 12.727).
Com estudos na bacia hidrográfica do Córrego do Palmitalzinho e das informações
recolhidas referentes à área como: o limite, o uso e ocupação, drenagem, áreas de APP,
etc; no qual, os dados e as informações foram tratados no Sistema de Informação
Geográfica (SIG) ArcGis 10.0, a fim de dar suporte à integração dos dados e a
simulação ao Novo Código Florestal na Bacia Hidrográfica do Palmitalzinho. Buscou-
se elaborar o mapa temático resumindo as informações legais e hidrológicas. A seguir a
figura 1 situação da bacia quanto as APP, sem considerar os módulos fiscais.
Figura1: Bacia do Córrego do Palmitalzinho- APP de acordo com o Código Florestal
Bacia do Córrego do Palmitalzinho- APP de acordo com o Código
Florestal
A figura 1 representa como deveria ser a paisagem da área com mata ciliar em torno das
redes de drenagem e nascentes, respeitando os limites propostos pelo Código Florestal
Brasileiro. As nascentes devem ter no mínimo 50 metros de largura de raio com até 10
metros de largura, as Áreas de APP devem ter 30 metros contadas a partir do leito
regular.
O “novo” Código Florestal sancionado pela presidenta trouxe novos instrumentos e
alterações como a obrigatoriedade nacional do Cadastro Ambiental Rural aos produtores
rurais, para que assim futuramente possam buscar recursos de financiamento e para
facilitá-la de um maior controle de monitoramento.
Neste contexto, para a divisão dos módulos fiscais é necessário a consultar ao site do
INCRA, no qual estabelece o Módulo Fiscal de cada município, previsto no Decreto
n°84.685 de 06 de maio de 1980.
Art. 1º O Módulo Fiscal de cada Município previsto no parágrafo segundo do Art. 50 da Lei 4.504, de 30/11/64, com a nova redação dada pela Lei 6.746, de 10 de dezembro de 1979, e calculado na forma do art. 4 do Decreto nº84. 685, de 06 de maio de 1980.
Com os dados cedidos pela CATI - de Presidente Prudente através do Projeto
de Microbacias do Governo Estadual de São Paulo (2008) foi possível obter as divisões
das propriedades rurais. Dessa forma, a figura 2 representa a divisão dos módulos
fiscais na área da bacia, com a base de dados e a carta dos módulos foi possível gerar os
índices desses módulos que são descritos na Tabela 1 e competem na sequência das
propriedades rurais localizados na figura 2.
Dessa forma, a partir da consulta da tabela dos módulos fiscais verificou-se que no
município de Regente Feijó o valor de 1 módulo fiscal equivale 24 hectares. Com isso, é
possível calcular as Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal em cada
propriedade que devem ser preservadas, segundo a lei. Vale ressaltar também com os
módulos fiscais são identificadas quais áreas são autorizadas, exclusivamente, para a
continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em
áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008 e o tamanho a ser recuperado, nos
cursos d'água. São apresentados na sequência Tabela 1 e a Tabela 2 a situação de acordo
com os Módulos Fiscais da Bacia do Córrego Palmitalzinho.
Tabela 1- Exigências relacionadas a faixa de proteção das APPs de acordo com o Módulo Fiscal dos Imóveis Rurais
Tamanho do
Imóvel (Módulos Fiscais)
Total da Recuperação
(metros)
Largura do Rio (metros)
Até 1 Módulo Fiscal 5 qualquer
1 a 2 8 qualquer
2 a 4 15 qualquer
4 a 10 20 10
Demais casos Mínimo 30 e máximo 100 metros
Metade da largura do curso d'água
Fonte: BRASIL, Código Florestal, Lei nº. 12.651
A tabela a seguir, representa os imóveis rurais (figura 2) com a sua metragem que foi possível
obter com o uso do software Arcgis e identificá-los quanto a sua recomposição e tamanho.
Tabela 2: Os módulos Fiscais
Propriedades Área (hectares)
Módulo Fiscal ( 1 módulo= 24 hectares)
Recuperação da APP
A 58 2 a 4 15m B 42 2 a 4 15m
C 20 Até 1 módulo 5m
D 132 4 a 10 20m
E 161 4 a 10 20m
F 73 2 a 4 15m G 84 2 a 4 15m
H 23 Até 1 módulo 5m I 5 Até 1 módulo 5m
J 32 1 a 2 8m K 33 1 a 2 8m
L 4 Até 1 módulo 5m M 4 Até 1 módulo 5m
N 52 1 a 2 8m O 32 1 a 2 8m
TOTAL Área: 755 ha
TOTAL Recuperação APP:157m
Fonte: dos Módulos Fiscais da Bacia do Córrego do Palmitalzinho. Org: GONÇALVES, A.K., 2013.
Quanto ao cumprimento da Legislação Ambiental, principalmente no que se refere à
proteção dos cursos d’água no Código Florestal, verifica-se que a bacia do Córrego do
Palmitalzinho apresentam seus módulos fiscais entre 1 a 2 e 2 a 4 módulos fiscais no
qual, a recuperação total é de 8 a 15 metros. Entretanto, na bacia apresentam algumas
propriedades de até 1 módulo fiscal e duas propriedades maiores que o tamanho do
imóvel (módulo fiscal) são de 4 a 10 módulos, no total de recuperação a 20 metros com
a largura do rio de 10 metros.
De acordo com a figura 3, a seguir, realizou a simulação do novo Código Florestal junto
as divisões das propriedades da bacia, de forma a demonstrar a recomposição das Áreas
de Preservação Permanente e assim, observar e questionar possíveis mudanças quanto
as áreas de APP com o uso e ocupação da terra.
Figura 3: Bacia do Córrego do Palmitalzinho- Simulação das APP do novo Código Florestal
Limite das Propriedades
A simulação das áreas de APP na bacia do Córrego do Palmitalzinho, com o novo
Código Florestal foi possível ressaltar que as mudanças ocorridas a partir dos módulos
fiscais.
Com os recursos de quantificação dos buffers para o cálculo de área no Arcgis foi
possível mensurar as áreas de APP com e sem os módulos fiscais. Conforme ilustra a
figura14, a qual representa a Bacia como parâmetro de delimitação das APP a partir do
leito regular do rio, sendo assim têm de APP 146 hectares.
No entanto, em relação à figura 16, a qual atribuiu-se no cálculo de delimitação das
APP o módulo fiscal de forma a totalizar 75 hectare. Assim, as diferenças das áreas de
APP correspondem a 71 hectares entre os dois.
Diante disso, mesmo com o cumprimento da legislação ambiental como instrumento de
planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos, a manutenção da cobertura da
vegetação da bacia irá sofrer alterações, de forma com a talvez, comprometer em
algumas áreas a qualidade dos recursos naturais do local, devido ao uso da terra.
Segundo Santos (2004, p.85), o conceito de bacia hidrográfica consiste:
Uma bacia hidrográfica circunscreve um território drenado por um rio principal, seus afluentes e subafluentes permanentes ou intermitentes. Seu conceito está associado à noção de sistema, nascentes, divisores de águas, cursos hierarquizados e foz. Toda ocorrência de eventos em uma bacia hidrográfica, de origem antrópica ou natural, interfere na dinâmica desse sistema, na quantidade dos cursos de água e sua qualidade (SANTOS, 2004, p. 85).
O Código Florestal no ordenamento jurídico brasileiro têm a sua importância quanto à
proteção das florestas, ao uso sustentável dos recursos naturais e das demais formas de
vegetação.
Durante toda a sua vigência ao longo dos anos, o Código Florestal Brasileiro sofreu
várias alterações em seu conteúdo, de forma que garantisse a qualidade de vida a todos
os brasileiros através da preservação e conservação dos recursos naturais. Outro fator
importante da lei é destacado por SOS Floresta (2012) como a única lei nacional que
proíbe a ocupação da população urbana ou agrícola de áreas de riscos que estejam, por
exemplo, sujeitas a inundações e deslizamentos de terra.
Por esse motivo que as obrigações determinadas dentro da lei quanto à proteção e
preservação das Áreas de Preservação Permanente e a manutenção da Reserva Legal, na
qual se constitui de uma parcela de vegetação nativa em propriedades rurais, têm se
destacado nas discussões de estratégia para o uso sustentado das propriedades.
BIBLIOGRÁFIA
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