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O circuito RCG TIA para aplicações PET Pedro Daniel Santos Ferreira Dissertação para obtenção do grau de mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Júri Presidente: Prof. Doutor João Manuel Torres Caldinhas Simões Vaz Orientador: Prof. Doutor João Manuel Coelho dos Santos Varela Co-Orientador: Prof. Doutor Marcelino Bicho dos Santos Vogal: Prof. Doutor Luís Augusto Bica Gomes de Oliveira Abril 2013

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O circuito RCG TIA para aplicações PET

Pedro Daniel Santos Ferreira

Dissertação para obtenção do grau de mestre em

Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Júri Presidente: Prof. Doutor João Manuel Torres Caldinhas Simões Vaz

Orientador: Prof. Doutor João Manuel Coelho dos Santos Varela Co-Orientador: Prof. Doutor Marcelino Bicho dos Santos Vogal: Prof. Doutor Luís Augusto Bica Gomes de Oliveira

Abril 2013

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i

O cancro da mama é um dos tipos de cancro com maior grau de mortalidade entre as

mulheres. A técnica de imagem em medicina nuclear designada por Positron Emisson

Tomografhy (PET) permite a detecção precoce do tumor e indica se o tumor é benigno ou

maligno. O detector para PET é constituído por um cristal cintilador que transforma os raios

gamma em fotões, por um fotodetector opticamente acoplado que recebe os fotões e gera uma

corrente eléctrica e por um amplificador de transimpedância (transimpedance amplifier – TIA)

que transforma a corrente em tensão.

Com o aparecimento de um novo tipo de fotodetectores, o fotomultiplicador de sílicio

(silicon photomultiplier – SIPM), surgiu a necessidade de investigar um TIA adaptado às

características deste novo tipo de detectores.

Apresenta-se uma breve descrição dos SIPMs, assim como o seu modelo eléctrico

simplificado. As duas configurações básicas para TIAs, TIA realimentado e TIA de porta

comum, são analisadas e conclui-se que não são adequadas para os SIPMs. Isto levou ao

estudo do TIA de porta comum com regulação (RCG TIA).

Um circuito de teste do RCG TIA foi projectado em tecnologia UMC 130 nm com 1,2 V de

tensão de alimentação. O circuito de teste foi fabricado e avaliado experimentalmente. Obteve-

se á saída do circuito uma tensão com um valor máximo Vom, = 301 mV e tempo se subida tm, =

40 ns; o valor eficaz do ruído é Vno_rms = 1,7 mV e a potencia é P = 1,17 mW.

Fotomultiplicadores de Sílicio, Amplificadores de transimpedância, Amplificador de

transimpedância de porta comum com regulação, positron emission tomografy (PET).

RESUMO

Palavras chave

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ii

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iii

Breast cancer is one of the leading causes of death among women. The nuclear medicine

imaging technique known as Positron Emission Tomography (PET) allows earlier detection of a

breast tumor and gives an indication about the nature of that tumor (benign or malign) . The

PETs detector is composed of a scintillation crystal which convert – rays into photons in the

visible light spectrum, an optical photodetector which converts the visible light photons into an

electrical current and a transimpedance amplifier (TIA) which convert that current into a voltage.

The development of a new kind of photo-detectors, the silicon photomultiplier (SIPM), arise

the need to investigate a TIA adapted to the electrical characteristics of these detectors.

In this thesis is presented a short description of SIPMs, as well as their simplified electrical

model. The two common configurations of TIAs, the feedback TIA and the common gate TIA,

are analyzed and it is concluded that these configurations are not adequate for SIPMs. This led

to the study of the regulated common gate TIA (RCG TIA).

A test circuit comprised of a RCG TIA was designed in UMC 130 nm technology with a 1.2

V supply voltage. The test circuit was manufactured and experimentally evaluated. The

maximum voltage (Vom) measured at the circuit output was of 301 mV, with a rise time (tm) of 40

ns; the RMS noise value (Vno_rms) measured was of 1.7 mV with a power dissipation of 1.17 mW.

Silicon photomultipliers (SIPMs), Transimpedance amplifiers (TIA), Regulated common gate

Transimpedance amplifier (RCG TIA), Positron emission tomography (PET).

ABSTRACT

Keywords

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iv

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v

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

1.1 ENQUADRAMENTO E MOTIVAÇÃO .................................................................................................... 1

1.2 OBJECTIVOS .................................................................................................................................... 2

1.3 RESULTADOS OBTIDOS .................................................................................................................... 3

1.4 ORGANIZAÇÃO DA TESE .................................................................................................................. 3

CAPÍTULO 2 AMPLIFICADORES DE TRANSIMPEDÂNCIA ........................................................ 5

2.1 SIPMS ............................................................................................................................................. 5

2.2 TIA REALIMENTADO (FEEDBACK TIA) ............................................................................................. 7

2.2.1 Função de transimpedância .............................................................................................. 7

2.2.2 Análise de ruído ................................................................................................................... 9

2.3 TIA DE PORTA COMUM (CG TIA) .................................................................................................. 10

2.3.1 Função de transimpedância ............................................................................................ 11

2.3.2 Análise de ruído ................................................................................................................. 12

CAPÍTULO 3 TIA DE PORTA COMUM COM REGULAÇÃO (RCG TIA) ................................... 15

3.1 FUNÇÃO DE TRANSIMPEDÂNCIA .................................................................................................... 15

3.2 ANÁLISE DE RUÍDO ......................................................................................................................... 17

CAPÍTULO 4 PROJECTO DO CIRCUITO ....................................................................................... 21

4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 21

4.2 DIMENSIONAMENTO DO CIRCUITO ................................................................................................. 21

4.3 RUÍDO NO CIRCUITO ...................................................................................................................... 30

4.4 CORNERS....................................................................................................................................... 31

4.5 LAYOUT .......................................................................................................................................... 35

4.6 SIMULAÇÕES PÓS - LAYOUT DO CIRCUITO. ................................................................................... 37

CAPÍTULO 5 RESULTADOS EXPERIMENTAIS ............................................................................ 39

5.1 TESTE DO PROTÓTIPO DO RCG TIA ............................................................................................. 39

5.2 CIRCUITO IMPRESSO PARA TESTE DO TIA .................................................................................... 41

5.3 RESULTADOS EXPERIMENTAIS ...................................................................................................... 45

CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 49

6.1 CONCLUSÕES ................................................................................................................................ 49

6.2 SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO ............................................................................................ 50

ÍNDICE

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vi

ANEXO A1 - RUÍDO NOS SISTEMAS ELECTRÓNICOS .......................................................................... 51

A1.1 REPRESENTAÇÃO MATEMÁTICA DO RUÍDO. .................................................................................... 51

A1.2 TIPOS DE RUÍDO .............................................................................................................................. 52

A1.3 RUÍDO EM SISTEMAS DE 2-ª ORDEM ................................................................................................ 55

A2- LISTA DE COMPONENTES UTILIZADOS NA PLACA DE TESTE. ................................................. 57

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 59

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ÍNDICE DE FÍGURAS

Fig. 1.1 – Detector para PET ................................................................................................. 1

Fig. 1.2 – Forma da corrente gerada pelo SIPM ................................................................... 2

Fig. 1.3 – Forma da tensão de saída do TIA ......................................................................... 2

Fig. 2.1 – Estrutura básica de um SIPM ................................................................................ 5

Fig. 2.2 – Modelo simplificado de um SIPM .......................................................................... 6

Fig. 2.3 – Feedback TIA ........................................................................................................ 7

Fig. 2.4 – Fontes de ruído no feedback TIA .......................................................................... 9

Fig. 2.5 – CG TIA ................................................................................................................. 10

Fig. 2.6 – Fontes de ruído do circuito .................................................................................. 12

Fig. 3.1 – RCG TIA .............................................................................................................. 15

Fig. 3.2 – a) – RCG TIA com as fontes de ruído

b) – Esquema incremental do RCG para análise de ruído .................................. 17

Fig. 4.1 – Esquema do TIA RCG com um isolador na saída .............................................. 21

Fig. 4.2 – Circuito de teste utilizado na simulação do RCG TIA ......................................... 23

Fig. 4.3 – Modelo dos bond wires ........................................................................................ 24

Fig. 4.4 – Tensão à saída do isolador ................................................................................. 24

Fig. 4.5 – Módulo da impedância de entrada ...................................................................... 25

Fig. 4.6 – Resposta em frequência da função de transimpedância .................................... 26

Fig. 4.7 – Esquema do RCG TIA com indicação de Vi e Vo ................................................ 27

Fig. 4.8 – Diagramas de Bode de amplitude (em cima) e fase (em baixo) do ganho de

retorno.................................................................................................................................. 27

Fig. 4.9 – Margem de fase do circuito em função de Cd ..................................................... 28

Fig. 4.10 – Margem de fase do circuito em função de (W/L) normalizado de MP1 ............ 28

Fig. 4.11 – Circuito para analisar a estabilidade do circuito ................................................ 29

Fig. 4.12 – Ruído do circuito em função da frequência ....................................................... 30

Fig. 4.13 – Simulação da linearidade com capacidades e resistências típicas .................. 33

Fig. 4.14 – Simulação da linearidade com capacidades e resistências máximas .............. 33

Fig. 4.15 – Simulação da linearidade com capacidades e resistências mínimas ............... 33

Fig. 4.16 – Simulação da linearidade com capacidades máximas e resistências mínimas 34

Fig. 4.17 – Simulação da linearidade com capacidades mínimas e resistências máximas 34

Fig. 4.18 – Layout do RCG TIA com pads e díodos de protecção contra descargas

electroestáticas (ESD) ......................................................................................................... 35

Fig. 4.19 – Detalhe do Layout do RCG TIA ......................................................................... 35

Fig. 4.20 – Tensão à saída do isolador ............................................................................... 37

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viii

Fig. 5.1 – Simulação do impulso de corrente do SIPM ....................................................... 39

Fig. 5.2 – Linearidade do circuito RCG TIA com o circuito de teste ................................... 40

Fig. 5.3 – Tensão de entrada com Vim = 360 mV (em cima) e impulso de tensão à saída

do isolador (em baixo) ......................................................................................................... 40

Fig. 5.4 – Esquema da placa de teste ................................................................................. 42

Fig. 5.5 – Distribuição das pistas em torno do circuito integrado ........................................ 43

Fig. 5.6 – Circuito impresso de teste ................................................................................... 43

Fig. 5.7 – Placa de circuito impresso com os componentes soldados (camada superior) . 44

Fig. 5.8 – Placa de circuito impresso com os componentes soldados (camada inferior) ... 44

Fig. 5.9 – Linearidade do circuito RCG TIA ......................................................................... 46

Fig. 5.10 – Sinais na entrada e á saída do isolador ............................................................ 46

Fig. 6.1 – TIA sugerido em [21] ........................................................................................... 50

Fig. A.1 – Ruído térmico numa resistência .......................................................................... 53

Fig. A.2 – Ruído térmico nos transístores MOS .................................................................. 54

Fig. A.3 – Ruído de cintilação nos transístores MOS .......................................................... 54

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1.1 – Especificações para o projeto do amplificador de transimpedância ................ 3

Tabela 4.1 – Dimensionamento dos componentes do RCG TIA e do isolador ................... 21

Tabela 4.2 – Tensões e correntes de polarização .............................................................. 24

Tabela 4.3 – Contribuição de cada componente para o ruído total do circuito ................... 30

Tabela 4.4 – Simulação de Corners para Vom, tm e Vno_rms com os vários tipos de

transístores, (capacidades e resistências com valores típicos ........................................... 31

Tabela 4.5 – Simulação de Corners para Vom, tm e Vno_rms com os vários tipos de

transístores, (capacidades e resistências com valores máximos ....................................... 31

Tabela 4.6 – Simulação de Corners para Vom, tm e Vno_rms com os vários tipos de

transístores, (capacidades e resistências com valores mínimos) ....................................... 32

Tabela 4.7 – Simulação de Corners para Vom, tm e Vno_rms com os vários tipos de

transístores, (capacidades com valores máximos e resistências com valores mínimos) ... 32

Tabela 4.8 – Simulação de Corners para Vom, tm e Vno_rms com os vários tipos de

transístores, (capacidades com valores mínimos e resistências com valores máximos) ... 32

Tabela 4.9 – Principais contribuições para o ruído total do circuito .................................... 37

Tabela 5.1 – Especificações da onda quandrada na entrada ............................................. 45

Tabela 5.2 – Vom e tm em função do varrimento de Vim ....................................................... 45

Tabela A.1 – Lista de componentes usados na placa de teste ........................................... 57

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xi

AO – Amplificador Operacional

APD - Avalanche PhotoDiode

CG TIA - Common Gate TransImpedance Amplifier

DRC - Design Rules Check

ESD - ElectroStatic Discharge

GBW - Gain-Bandwith product

LVS - Layout Versus shematic

PET - Positron Emisson Tomografhy

RCG TIA - Regulated Common Gate TransImpedance Amplifier

SIPM - SIlicon PhotoMultiplier

SNR - Signal to Noise Ratio

TIA - TransImpedance Amplifier

LISTA DE ACRÓNIMOS

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1

O cancro da mama é entre os vários tipos de cancro, o que tem maior incidência entre as

mulheres [1]: Uma em cada oito mulheres tem cancro da mama ao longo da sua vida [1].

Métodos de diagnóstico eficazes para a detecção de um tumor na mama num estado inicial são

fundamentais para reduzir a mortalidade e aumentar a recuperação. O método convencional de

diagnóstico, a mamografia, tem limitações, apresentando uma sensibilidade de detecção baixa

em pacientes com tecidos mamários densos. Este método não permite avaliar se o tumor é

benigno ou não, o que leva a um número elevado de biopses feitas desnecessariamente.

Para responder a estas limitações surgiu uma técnica de imagem em medicina nuclear

designada por Positron Emisson Tomografhy (PET). PET baseia-se no facto de as células

cancerígenas terem um metabolismo acelerado, precisando assim de uma maior quantidade de

glicose para a realização dos seus processos metabólicos. O paciente é injectado com

moléculas de glicose identificadas por um marcador radioativo, Fluorodeoxyglucose (18

F

−FDG), sendo assim possível identificar as zonas com maior concentração de glicose e

consequentemente as células cancerígenas. Estas modificações metabólicas não são visíveis

numa mamografia, fazendo com que o PET seja uma técnica eficaz na detecção do cancro na

mama num estágio inicial.

O detector para PET é constituído por um cristal cintilador que transforma os raios γ em fotões,

por um fotodetector opticamente acoplado que recebe os fotões e gera impulsos de corrente

eléctrica e por um TIA que a transforma os impulsos de corrente em impulso de tensão com

forma diferente, Fig. 1.1.

Fig. 1.1 – Detector para PET

Os fotodetectores usados até recentemente eram os fotodiodos de avalanche (avalanche

photodiodes - APDs).[2] O desenvolvimento de um novo fotodetectores, o fotomultiplicador de

sílicio (silicon photomultiplier – SIPM) com um ganho da ordem 106 e tensões de polarização

entre os 25 V e os 50 V tornam estes sensores mas interessantes do que os APDs, que tem

um ganho entre os 100 e os 200 e tensões de polarização entre os 100 V e os 500 V [3]. Por

outro lado os SIPMs tem uma capacidade parasita muito maior do que os APDs (pode chegar a

Capítulo 1 INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento e motivação

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2

ser de 30 vezes superior). Esta capacidade parasita elevada, juntamente com o ganho elevado

do SIPM (que se traduz num pico de corrente maior do que nos APDs), traz novos desafios na

escolha e dimensionamento do TIA, nomeadamente em termos de impedância de entrada,

largura de banda e ruído do circuito. O foco desta dissertação é investigar um amplificador de

transimpedância, que cumpra as especificações (definidas na secção 1.2) de um sistema de

mamografia PET [4], quando na entrada temos um SIPM em vez de um APD.

O objectivo desta dissertação de mestrado é investigar um TIA que a partir de um impulso

de corrente, id(t), proveniente de um SIPM, Fig. 1.2, permite gerar uma tensão, v0 (t) com a

forma da Fig. 1.3.

Fig. 1.2 – Forma da corrente gerada pelo SIPM

A corrente máxima fornecida pelo SIPM é Idm = 25 µA e a constante de decaimento é

τd = 40 ns. A tensão de saída, vo(t), do TIA tem a forma representada na Fig. 1.3, em que

Fig. 1.3 – Forma da tensão de saída do TIA

o valor máximo V0m deve ser pelo menos 250 mV e o tempo total de subida (peaking time), tm,

deve ser menor ou igual a 40 ns. A tensão Vom deve variar linearmente com a corrente Idm. O

1.2 Objectivos

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3

ruído à saída do amplificador deve ser o menor possível e a potência consumida menor ou

igual a 1 mW. Na Tabela 1.1 estão resumidas as especificações do TIA

Tabela 1.1 – Especificações para o projeto do amplificador de transimpedância

Idm 25 uA

τd 40 ns

Vom >250 mV

tm <= 40 ns

Potência <= 1 mW

Ruído na saída Mínimo

Desenvolvimento de um protótipo do circuito RCG TIA para um sistema de mamografia

PET, quando na entrada se tem um SIPM. O protótipo foi testado, apresentando na saída

Vom = 301 mV, tm = 40 ns, Vno_rms = 1,7 mV e P = 1,18 mW, cumprindo assim as especificações

definidas inicialmente com a excepção da potência que ultrapassa ligeiramente. O circuito

desenvolvido é de baixo ruído e de baixa potência.

Esta dissertação está dividida em 6 capítulos (incluindo este) e dois anexos.

No capítulo 2, os SIPMs são apresentados, assim como o seu modelo elétrico. São

estudadas as duas topologias mais usuais de TIAs, o TIA realimentado (feedback TIA) e o

amplificador de transimpedancia de porta comum (CG TIA).

No capítulo 3, o TIA de porta comum regulado (RCG TIA) é apresentado como resposta às

limitações inerentes às duas topologias apresentadas no Capítulo 2.

No capítulo 4 é elaborado o projecto do circuito RCG TIA, nomeadamente o

dimensionamento e simulação do circuito e a realização da mascara do RCG TIA. A simulação

pós – layout do circuito é efectuada.

No capítulo 5, é descrito o sistema de teste, assim como as opções feitas na elaboração

da placa de teste. Os resultados experimentais do RCG TIA são apresentados.

O capítulo 6 consiste nas conclusões retiradas do trabalho efectuado e as perspectivas de

trabalho futuro.

O anexo A1 contêm alguns resultados fundamentais sobre o ruído nos sistemas

electrónicos e o anexo A2 a lista de componentes da placa de teste.

1.3 Resultados obtidos

1.4 Organização da tese

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4

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5

Neste capítulo dá-se a conhecer o que são os SIPMs, assim como o seu modo de

funcionamento e o seu modelo eléctrico. Apresentam-se as duas topologias básicas para os

TIA, consideram-se as suas funções de transimpedância e o efeito das fontes de ruído.

Um SIPM é constituído por um conjunto de APDs ligados em paralelo, em que cada um

deles tem uma resistência de valor elevado em série (quenching resistor) [5 - 7], como está

ilustrado na Fig. 2.1.

As características que tornam estes dispositivos tão promissores são a elevada eficiência

quântica (é o valor que representa o número de electrões ou buracos criados como corrente

por efeito fotoelétrico, a dividir pelo número de fotões incidentes, exprime-se em percentagem),

elevado ganho (carga produzida por um APD a dividir pela carga do electrão), operação com

baixas tensões de alimentação, insensibilidade a campos magnéticos, excelente resolução

temporal, robustez e dimensões reduzidas [5].

Fig. 2.1 – Estrutura básica de um SIPM

Um APD consiste basicamente numa junção p – n polarizada inversamente com uma

tensão ligeiramente superior á tensão de disrupção [6], em que a quenching resistor limita a

Capítulo 2

AMPLIFICADORES DE TRANSIMPEDÂNCIA

2.1 SIPMs

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6

corrente que o atravessa. Esta tensão de polarização produz um campo eléctrico muito forte na

zona de deplecção. Um fotão, ao incidir na zona de deplecção do APD, se tiver energia

suficiente, poderá originar um par electrão – buraco, que é acelerado devido à existência do

campo eléctrico. O electrão acelerado embate na rede cristalina do silício, fazendo com que

outros electrões adquiram energia para que se formem novos pares electrão - buraco. Este

processo, que tem o nome de avalanche [8], gera uma corrente eléctrica. O efeito de avalanche

manter-se-á até que a tensão de polarização inversa se torne menor do que a tensão

disrupção, devido à passagem da corrente na resistência em série [8]. As correntes dos vários

APD’s somam-se, dando origem a uma corrente que sobe em poucos ns para valores de

dezenas a centenas de μA, descendo depois de forma aproximadamente exponencial. Após a

extinção do efeito de avalanche, a tensão inversa de polarização dos APDs sobe acima da

tensão de disrupção, ficando deste modo o APD preparado para detectar outro fotão [8].

Na literatura são apresentados vários modelos eléctricos para os SIPM [5 - 7]. Estes

modelos são complexos, mas neste trabalho é utilizado o modelo simplificado que está

representado na Fig. 2.2.

Fig. 2.2 – Modelo simplificado de um SIPM

e que consiste numa fonte de corrente, id, em paralelo com um condensador Cd. Neste trabalho

considera-se 25 μA para o valor máximo da corrente e 300 pF [9] para o condensador.

A resistência de entrada do circuito electrónico ao qual está ligado o SIPM, altera

ligeiramente a proporcionalidade entre o número de APD’s que disparam e a intensidade de

corrente total fornecida pelo SIPM e além disso antecipa o tempo em que ocorre a extinção do

efeito de avalanche [7].

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7

O Feedback TIA [10], é o circuito mais frequentemente utilizado. É constituído por um

amplificador operacional (AO) realimentado negativamente por uma resistência em paralelo

com um condensador, como está representado na Fig. 2.3. O condensador em paralelo com a

resistência aumenta a estabilidade e contribui para que o impulso de tensão na saída tenha a

forma desejada.

Fig. 2.3 – Feedback TIA

A função de transimpedância,V0(s)/Id(s), considerando que o AO é um amplificador ideal,

resume-se á impedância de realimentação, Zf (s).

(2.1)

Para as especificações consideradas neste trabalho, a aproximação de que o AO é ideal é

grosseira, visto que a frequência do primeiro pólo do AO poderá não ser muito maior que a dos

restantes pólos do circuito [11]. Considera-se que o AO tem um pólo dominante, sendo o seu

ganho de tensão

(2.2)

2.2 TIA realimentado (Feedback TIA)

2.2.1 Função de transimpedância

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8

È conveniente considerar-se o inverso de A(s),

(2.3)

em que A0 é o ganho em baixa frequência e B é o produto ganho largura de banda

(2.4)

A análise do circuito da Fig. 2.6 considerando o AO com um pólo permite obter [11]

(2.5)

se fizerem as seguintes aproximações [11]:

(2.6)

(2.7)

(2.8)

A função de transimpedância pode ser rescrita tendo em conta as constantes de tempo

dos dois pólos, que deverão ser reais para ter-se a forma adequada do impulso de saída. Se τ1

e τ2 forem as constantes de tempo associadas aos dois pólos, a função de transimpedância

pode ser expressa como

(2.9)

Comparando (2.5) com a (2.9), obtém-se

(2.10)

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9

(2.11)

Neste trabalho considera-se que os dois pólos são coincidentes, visto que é difícil

conseguir-se ter um muito afastado do outro.

De (2.11) com τ1 = τ2 = 10 ns, Cd = 300 pF e Rf = 20 kΩ obtêm-se B = 60 GHz. Este valor

de B é impraticável. Para se ter valores aceitáveis reduz-se Rf, e usa-se um pós amplificador

de tensão de forma a cumprir o valor de Vom.

As fontes de ruído do circuito são a resistência e o AO [11].

Fig. 2.4 – Fontes de ruído no feedback TIA

Se se considerar que a contribuição do transístor de entrada do AO é dominante, a

densidade espectral da tensão de ruído de entrada do AO, , é

(2.12)

em que gm_in é a transcondutância do transístor de entrada do AO e γ é igual a 2/3 para

transístores de canal longo e maior para transístores de canal curto. É usual na análise de

ruído admitir que γ = 1. È isto que se faz nesta dissertação. O ruído de entrada do AO pode ser

minimizado aumentando gm_In, o que corresponde a aumentar a largura do canal W, ou a

corrente de polarização. A corrente é limitada pela potência aceitável e W é limitado pelo

que não deve ser muito inferior a 100 mV para que o transístor esteja em inversão

forte.

2.2.2 Análise de ruído

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10

A função de transferência do ruído, N(s), que traduz, neste caso, a influencia do ruído

gerado pelo AO, Vna, no ruído total á saída do circuito,Vn0, é expressa por [11]

(2.13)

com as aproximações (2.6) (2.7) e (2.8).

A tensão eficaz de ruído á saída do TIA, é também deduzida em [11], obtendo-se

(2.14)

Da equação (2.14) conclui-se que para minimizar o ruído na saída devido ao AO, é

necessário maximizar o parâmetro gm_in, visto que os valores Rf, τ1 e τ2 são determinados pelas

especificações do TIA.

O CG TIA [12] é outro dos circuitos básicos utilizados e está representado na Fig. 2.5, em

que VB e IB são, respectivamente, a tensão e a corrente de polarização do transístor M1

Fig. 2.5 – CG TIA

A impedância de entrada do transístor na configuração de porta comum é [12]

(2.15)

desprezando o efeito de corpo no transístor M1.

2.3 TIA de porta comum (CG TIA)

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11

A função de transimpedância do CG TIA [11] é:

(2.16)

A função de transimpedância tem dois pólos reais com constantes de tempo:

(2.17)

(2.18)

Se τ1 = 10 ns e Cd = 300 pF é necessário gm1 = 30 mS. Este valor de gm1 é excessivo pois

(2.19)

em que ID é a corrente de polarização e Vt é a tensão de limiar. A corrente de polarização

necessária seria de 3 mA, admitindo que VGS – Vt tem o valor mínimo de 100 mV, o que é um

valor excessivo.

2.3.1 Função de transimpedância

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12

Na Fig. 2.6 estão representados as fontes de ruído no CG TIA [11] em que

Fig. 2.6 – Fontes de ruído do circuito

InX é a fonte de corrente de ruído na resistência RX, InB a fonte de corrente de ruído na fonte de

corrente IB e In1 é fonte de corrente de ruído no transístor M1. As respectivas densidades

espectrais são

(2.20)

(2.21)

(2.22)

Considera-se que γ = 1 e que a fonte de corrente IB é realizada por um transístor MOS com VGS

constante e transcondutância gmB.

As funções de transferência de ruído e as expressões dos valores eficazes da tensão de

ruído na saída do circuito foram deduzidas em [11], indicando-se aqui apenas os resultados.

Efeito da fonte de ruído InX

(2.23)

em que τ2 é dado por (2.18)

2.3.2 Análise de ruído

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13

O valor de depende exclusivamente de constantes e de parâmetros que estão

envolvidos na resposta temporal do circuito e por isso não existem graus de liberdade

para minimizar o seu valor.

Efeito da fonte de ruído InB

(2.24)

em que τ1 e τ2 são dados por (2.17) e (2.18)

O valor de é reduzido se se diminuir o valor de gmB, o que se obtêm

aumentando a tensão de overdrive, VGS,-Vt do transístor que realiza a fonte corrente.

Efeito da fonte de ruído In1

(2.25)

Esta equação é válida se em que τZ = R0B Cd;

R0B é a resistência incremental da fonte corrente e τ1 e τ2 são dados por (2.17) e

(2.18).

O valor de é minimizado aumentando o valor de gm1, que está condicionado

pelo valor de τ1 de acordo com (2.17).

Uma limitação já identificada do CG TIA é que para τ1 = 10 ns é necessário ter um

gm1 = 30 mS e consequentemente uma corrente ID1 muito elevada. O valor elevado dessa

corrente implica além do elevado consumo, a redução de RX e consequentemente da amplitude

de v0. Um circuito que permite resolver estas limitações é o RCG TIA que será apresentado no

próximo capítulo e cujo estudo constitui o objectivo da dissertação.

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14

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15

Capítulo 3

TIA DE PORTA COMUM COM REGULAÇÃO

(RCG TIA)

Neste capítulo é estudado o RCG TIA, o qual permite superar as limitações do CG TIA de

porta comum. A função de transimpedância é apresentada e é efetuado o estudo do ruído.

O RCG TIA é o circuito da Fig. 3.1 [12 - 14].

Fig. 3.1 – RCG TIA

Como se observa na Fig. 3.1, ao CG TIA foi adicionado o transístor de fonte comum M2

com carga activa IB2, que constituem um amplificador de ganho A, estabelecendo assim uma

malha fechada entre a porta e a fonte do transístor de porta comum.

O ganho A é dado por

(3.1)

3.1 Função de transimpedância

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16

A impedância de entrada, Zi é [11]

(3.2)

se (3.2a)

A expressão (3.2) pode simplifica-se se

(3.2b)

(3.2c)

resultando

(3.2d)

A impedância de entrada do RCG TIA é A vezes menor do que a do CG TIA. Na montagem de

fonte comum com carga activa o valor de A pode chegar até cerca de 100. O facto de no RCG

TIA a impedância de entrada não depender só de gm1, como acontece no CG TIA, permite ter

uma corrente mais pequena no transístor de porta comum e, consequentemente, um valor de

Rx maior do que no CG TIA.

Como se pode observar na Fig 3.1, a corrente id divide-se pela impedância de entrada do

TIA de porta comum com regulação e o condensador Cd, sendo

(3.3)

em que

(3.4)

A corrente Is1 flui através de ZX,

(3.5)

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17

em que τ2 é o segundo pólo do RCG TIA

(3.6)

A função de transimpedância é assim [11]

(3.7)

Na Fig. 3.2 estão representadas as várias fontes de ruído existentes no circuito

Fig. 3.2 – a) – RCG TIA com as fontes de ruído

b) – Esquema incremental do RCG para análise de ruído

As densidades espectrais de potência das várias fontes de ruído são

(3.8)

(3.9)

(3.10)

(3.11)

Despreza-se o ruído gerado por RX, pois se espera que a sua contribuição não seja

significativa, visto que RX tem um valor da ordem das dezenas de kΩ.

3.2 Análise de ruído

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18

As funções de ruído, bem como a contribuição para Vno_rms das várias fontes de ruído,

serão apresentadas a seguir.

Fonte de ruído In1

A função de ruído é, [11]

(3.12)

onde

(3.12a)

e τ1 e τ2 foram definidos em (3.4) e (3.6), respectivamente.

A equação (3.12) é válida se verificarem as seguintes aproximações

(3.12b)

(3.12c)

(3.12d)

Aplicando (A.15) e (3.12 ) obtêm-se

(3.13)

Substituindo (3.8) e (3.12a) em (3.13) e considerando τZ2 >> τ1τ2 obtem-se uma expressão

simplificada de (3.14)

(3.14)

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19

Exemplo

Considerando Cd = 300 pF, τ1 = τ2 = 10 ns, A = 100, de (3.4) obtêm-se gm1 = 300 μS.

Considerando RX = 20 KΩ e os valores de Cd, τ1, A e gm1 mencionados anteriormente, de

(3.14) obtêm-se = 158 μV

. Fonte de ruído InB1

InB1 ocupa a mesma posição de Id na Fig 3.2b). Assim a função de ruído é igual a (3.7).

Aplicando (A.13) a (3.7) obtêm-se

(3.15)

Substituindo (3.10) em (3.15) obtêm-se

(3.16)

Exemplo

Considerando RX = 20 KΩ, τ1 = τ2 = 10 ns, gmB1 = gm1 = 300 uS tem-se = 158 μV.

Fonte de ruído In2

A função de ruído é [11]

(3.17)

em que τZ, τ1 e τ2 foram definidos em (3.12a), (3.4) e (3.6), respectivamente.

Aplicando (A.15) a (3.17) obtêm-se

(3.18)

Substituindo (3.9) e (3.12a) em (3.17) e considerando τZ2 >> τ1τ2 obtêm-se

(3.19)

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20

O valor de pode ser reduzido aumentando o valor de gm2. Na prática o valor de

gm2 pode chegar até cerca de 6 mS. Uma alternativa seria reduzir RX, visto que os

outros termos são constantes (τ1 = τ2 = 10 ns), mas RX está limitada pelo ponto de

funcionamento em repouso do circuito e pelo valor pretendido para amplitude máxima

do sinal à saída.

Exemplo:

Se RX =20 kΩ, Cd = 300 pF, gm2 = 6 mS e τ1 = τ2 = 10 ns tem-se, = 3,5 mV.

Fonte de ruído InB2

A fonte InB2 ocupa a mesma posição da fonte In2 na Fig 3.2b), e por isso a função de

ruído é igual a (3.17).

Aplicando (A.15) a (3.17) obtêm-se

(3.20)

Substituindo (3.11) e (3.12a) em (3.19) e considerando τZ >> τ1 τ2 obtêm-se

(3.21)

O valor de é tanto menor quanto menor for o quociente entre gmB2 e (gm2)

2

Exemplo

Se RX =20 kΩ, Cd = 300 pF, gm2 = 6 mS, gmB2 = 2 mS, e τ1 = τ2 = 10 ns tem-se

Vno_rms = 2 mV

A fonte de ruído In2 é a que tem maior contribuição para Vno_rms, aproximadamente 64 %. A

fonte de ruído InB2 tem também uma contribuição significativa, contribuindo com cerca de 36 %

As restantes fontes de ruído são desprezáveis.

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21

Neste capítulo o circuito RCG TIA é dimensionado de forma a cumprir as especificações

mencionados em 1.2. A impedância de entrada e a estabilidade do circuito serão analisadas.

Serão estudados a influência dos corners em tm, Vom e Vno rms. A linearidade do circuito será

analisada em condições típicas e também nos corners. O layout do circuito será apresentado,

tal como as simulações da resposta no tempo e do ruído com a inclusão de parasitas.

Na Fig. 4.1 está representado o esquema do RCG TIA com um isolador na saída.

Fig. 4.1 – Esquema do TIA RCG com um isolador na saída

Tabela 4.1 – Dimensionamento dos componentes do RCG TIA e do isolador

Transístores W (μm) L (μm) Fingers R (Ω) C (F)

MN0 40 1 20 - -

MN1 8 1 4 - -

MN2 220 1,3 20 - -

MN3 3,4 0,240 2 - -

MP0 420 5 20 - -

MP1 420 5 20 - -

MP2 240 1,2 24 - -

MP3 240 1,2 24 - -

MP4 249,66 0,6 38 - -

R0 1,5 16 - 10685 -

R1 2 20 - 9957 -

C1 26,5 15,41 - - 418 f

Capítulo 4 PROJECTO DO CIRCUITO

4.1 Introdução

4.2 Dimensionamento do circuito

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22

No dimensionamento do circuito (ver Tabela 4.1) foram considerados os seguintes critérios:

Os transístores MP1 e MP2 devem estar na saturação e ter um ro, muito maior do que o

do transístor MN2, de modo que a equação (3.1) passe a ser . Para

estes transístores Vgs –Vt deve ser o maior possível, para minimizar a sua contribuição

para Vno rms, mas garantindo que MP2 se mantem saturado. Os transístores MP1 e MP2

tem um Vgs –Vt = 287 mV;

O valor de gm_MN2 deve ser o maior possível para minimizar a contribuição de MN2 para

Vno rms. Para tal o transístor MP2 deve fornecer a corrente máxima possível (sem que

nenhum dos transístores do andar de regulação saia da saturação) e o transístor MN2

deve ter Vgs –Vt o menor possível. Conseguiu-se obter um gm_MN2 = 6,46 mS com uma

corrente de 400 μA e com Vgs_NM2 –Vt_NM2 = 108 mV.

O ganho A deve ser aproximadamente 100 e gm_MN3 deve ter um valor tal que a

impedância de entrada seja suficientemente baixa para se obter os valores de tp e Vom

pretendidos. No circuito projectado A =103 e gm_MN3 = 489 μS. Para obter-se este valor

de gm_MN3 o transístor MN1 deve fornecer uma corrente de 30 μA e ter um W/L tal que

Vgs_NM3 –Vt_NM3 = 100 mV.

O pólo do amplificador de regulação tem uma constante de tempo

(4.1)

com

(4.2)

Da experiencia adquirida durante as simulações do circuito observou-se que o pólo do

amplificador de regulação tem influência na estabilidade do circuito. A frequência do

pólo de regulação deve ser tal que a estabilidade do circuito seja maior ou igual a 60º.

Como a corrente de 30 uA é muito pequena, o espelho de corrente formado por MN0 e

MN1 tem uma relação de espelhamento de 5 para 1 (de 150 μA para 30 μA). Estes

transistores têm L = 1 μm para que o efeito de modulação do canal não seja sentido. O

valor de W é o necessário para que MN0 e MN1 tenham as correntes acima indicadas.

O valor para Rx = R1 + R0 é determinado pelo ponto funcionamento em repouso

necessário para acomodar a tensão de saída, sem que o transístor MN3 saía da

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23

saturação. R1 e R0 são do tipo non salicide HR poly resistor, porque isto permite obter

valores de resistência mais elevados para os mesmos W e L. R0 e R1 tem um W = 1,5

μm e W = 2 μm, respectivamente, porque para estes valores a variação normalizada

varia nos corners entre ] 0,85, 1,18[ e nas simulações de Monte Carlo varia entre ]0,9,

1,1[ [16].O valor de CX = C1 é determinado através de (3.6) em que τ2 = 10 ns e RX =

20,6 kΩ, CX = C0 = 418 fF.

O andar isolador é do tipo p, com tensão de alimentação, VDD2 = 3,3 V, visto que a

tensão DC na saída do isolador é 586 mV e a utilização de transístores de 1,2 V não

permitiria que estivessem na saturação. A resistência de saída do isolador é 1/gm_MP4 e

deve ser a menor possível, de forma que o pólo devido à capacidade parasita da ponta

de prova fique localizado em alta frequência. Para tal, a corrente no transítor MP4 é

2,25 mA e VGS_MP4 – Vt_MP4 = 400 mV.

Na Fig. 4.2 está representado o circuito de teste utilizado na simulação do circuito.

Fig. 4.2 – Circuito de teste utilizado na simulação do RCG TIA

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24

Na Tabela 4.2 estão os valores das tensões e correntes de polarização, referenciados na

Fig. 4.2.

Tabela 4.2 – Tensões e correntes de polarização

VDD1 (V) 1,2

VDD2 (V) 3,3

IB1 (μA) 150

IB2 (μA) 400

IBUF (mA) 2,35

Fig. 4.3 – Modelo dos bond wires

Na Fig. 4.3 está representado o modelo dos bond wires, em que Rb e Lb são a resistência

e indutância parasitas do fio e Cp é a capacidade dos pads. Os projectistas de circuitos

consideram, como regra geral que Rb = 50 Ω/mm e Lb = 1 nH /mm. Neste trabalho considerou-

se que Rb = 200 Ω, Lb = 4 nH e Cp = 300 fF.

Fig. 4.4 – Tensão à saída do isolador

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25

Da observação da Fig. 4.4 verifica-se que o Vom = 330 mV e tp = 40 ns. Estes resultados

cumprem as especificações estabelecidas na secção 1.2 para estes dois parâmetros.

A potência do circuito é 1,18 mW. Este valor ultrapassa em 118 μW (corresponde

aproximadamente a um desvio de 10 %) o valor estipulado para este parâmetro

Itotal = 980 μA;

VDD1 = 1,2 V;

P = Itotal VDD1 = 1,18 mW;

Fig. 4.5 – Módulo da impedância de entrada

O módulo da impedância de entrada é 26 Ω até 1 MHz, e a partir daí atinge um máximo de

35 Ω á frequência de 15,9 Mhz. Esta subida da impedância de entrada deve-se à diminuição do

efeito do ganho do amplificador de regulação devido ao seu polo. Em seguida, avalia-se se a

equação (3.2d) é uma boa estimativa para a impedância de entrada. A equação (3.2d) não

pode ser aplicada pois a condição (3.2c) não se verifica. ro_MN3 = ro1 é apenas 3 vezes maior do

que RX. Sendo assim à equação (3.2a) aplica-se apenas a condição (3.2.c) resultando

(4.3)

Sabendo que A = 103, gm_MN3 = gm1 = 489 μS e | ZX | / ro1 0,3 obtêm-se Zi 26,4 Ω. O estudo

teórico acerca da impedância de entrada é coincidente com os resultados obtidos por

simulação até 1 MHz.

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26

Fig. 4.6 – Resposta em frequência da função de transimpedância

Os diagramas de Bode correspondentes à função de transimpedância, estão na Fig. 4.6. A

amplitude tem um valor em baixa frequência de 86 dBΩ que é igual a 20,6 kΩ, a largura de

banda a 3 dB é 16,22 MHz que corresponde aproximadamente à frequência do polo devido a

RX e CX. A função de transimpedância apresenta 4 polos, pois o seu módulo desce 75 db numa

década e a fase desce até aproximadamente 330º. Este facto difere do que foi apresentado na

secção 3.1, em que se considerava que a função de transimpedância tinha apenas dois pólos

reais. A existência de dois polos adicionais faz com que o amplificador tenha um produto ganho

largura de banda, GBW, menor, sendo o GBW = 289,3 MHz.

O ganho de retorno é definido como

Na Fig. 4.7 estão representadas as tensões Vo e Vi. O estudo dos diagramas de Bode de

amplitude e fase do ganho de retorno permitem avaliar a estabilidade do circuito.

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27

Fig. 4.7 – Esquema do RCG TIA com indicação de Vi e Vo

Fig. 4.8 – Diagramas de Bode de amplitude (em cima) e fase (em baixo) do ganho de retorno

Da análise da Fig. 4.8 verifica-se que o circuito tem uma margem de fase de 59º, o que garante

que o circuito é estável. Observa-se que existem dois pólos, com frequências

aproximadamente 217 kHz e 25,9 MHz. A estabilidade é influenciada pelo pólo do amplificador

de regulação e por Cd. Cd influencia a localização do 1-º pólo do ganho de retorno. Quanto

menor for Cd maior a frequência deste, reduzindo deste modo a margem de fase do circuito,

Fig. 4.9.

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28

.

Fig. 4.9 – Margem de fase do circuito em função de Cd

O pólo do amplificador de regulação influencia a localização do 2-º polo do ganho de

retorno. Quanto menor for a frequência deste pólo menor a frequência do 2-º pólo e

consequentemente a fase do ganho de retorno diminui mais rapidamente fazendo com que

ocorra uma diminuição da margem de fase do circuito. Na Fig. 4.10 está representado a

margem de fase do circuito em função do (W/L) normalizado de MP1. Com o aumento de (W/L)

normalizado de MP1, a constante de tempo do polo do amplificador de regulação aumenta

visto que Csd_MP1 aumenta e o paralelo de Ro_MP1 com Ro_MN2 também aumenta. Sendo assim

conclui-se que a margem de fase do circuito diminui com o aumento da constante de tempo do

pólo de regulação.

Fig. 4.10 – Margem de fase do circuito em função de (W/L) normalizado de MP1

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29

Na Fig. 4.11 está representado o circuito usado para obter as formas de onda da Fig. 4.7.

Utilizou-se um L_teste = 1 GH para que em DC se comporte como um curto-circuito, para se

possa estabelecer as tensões em repouso na porta do transístor NM2 e em AC como um

circuito aberto, abrindo deste modo a malha interna para que se possa determinar a evolução

em frequência do ganho de retorno. O V_teste é uma fonte de tensão sinusoidal de 1 V à qual

é aplicada um varrimento em frequência entre 0,1 Hz e 1 GHz. O terminal negativo da fonte

está ligada a um C_teste = 1 F para que em AC se comporte como um curto – circuito,

estabelecendo a ligação à massa. Foi adicionado um condensador entre a fonte de MN3 e a

massa para que este nó mantenha a mesma capacidade que tinha antes de se abrir a malha,

para que as medidas sejam rigorosas.

Fig. 4.11 – Circuito para analisar a estabilidade do circuito

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30

Na Fig. 4.12 está representado o espectro do ruído do circuito obtido por simulação.

Fig. 4.12 – Ruído do circuito em função da frequência

O ruído total do circuito é Vno_rms = 3 mV, que é um valor aceitável, visto que é cerca de

100 vezes menor do que Vom. Este valor é cerca de metade do ruído total obtido teoricamente,

5,5 mV. Esta diferença deve-se ao facto de o zero da função de ruído estar a uma frequência

(413 kHz) superior à teórica para as principais contribuições de ruído (1/(2πRo_MN1Cd) 3 kHz)

e também devido à existência de 4 pólos em vez dos dois pólos reais considerados na teoria.

A Tabela 4.3 apresenta as contribuições dos vários elementos para o ruído total do

circuito.

Tabela 4.3 – Contribuição de cada componente para o ruído total do circuito

Componente Tipo de ruído Contribuição para o

ruído total (V2)

% da contribuição para

o ruído total

MN2 Térmico 67,2

MP1 Térmico 24,9

MP0 Térmico 6,3

MN3 Cintilação 0,5

Tal como foi concluído na secção 3.2, o transístor MN2 é o que tem maior contribuição

para o ruído total do circuito, 67,2 %. Este transístor e MP1 são responsáveis praticamente

pelo ruído total do circuito, 92,1%. Tal como era esperado o ruído é do tipo térmico, de acordo

com a indicação do simulador (Tabela 4.3).

4.3 Ruído no circuito

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31

Nas tabelas seguintes estão os valores de Vom, tm e Vno_rms, em que os transistors são

simulados em condições:

tt - típicas;

ss - transístores n lentos e transístores p lentos;

snfp, - transístores n lentos e transístores p rápidos;

fnsp - transístores n rápidos e transístores p lentos;

ff - transístores n rápidos e transístores p rápidos;

Os condensadores e resistências podem ter valores máximos, típicos e mínimos. Considera-se

que a temperatura é 25º e que as tensões de alimentação se mantêm constantes.

Tabela 4.4 – Simulação de Corners para Vom, tm e Vno_rms com os vários tipos de transístores,

(capacidades e resistências com valores típicos

Transístores Vom (mV) Tm (ns) Vo_rms (mV)

tt 331 40 3

ss 304 45 2

snfp 326 41,5 2,7

fnsp 336 40 3,2

ff 334 38 3,3

Tabela 4.5 – Simulação de Corners para Vom, tm e Vno_rms com os vários tipos de transístores, (capacidades e resistências com valores máximos

Transístores Vom (mV) Tm (ns) Vo_rms (mV)

tt 358 43 2,6

ss 326 49 1,4

snfp 352 45 2,2

fnsp 364 43 2,9

ff 361,7 42 3

4.4 Corners

Page 46: O circuito RCG TIA para aplicações PET - Técnico Lisboa ... · Dissertação para obtenção do grau de mestre em ... Tabela 5.2 – V om e t m em função do varrimento de V im

32

Tabela 4.6 – Simulação de Corners para Vom, tm e Vno_rms com os vários tipos de transístores,

(capacidades e resistências com valores mínimos)

Transístores Vom (mV) Tm (ns) Vo_rms (mV)

tt 295 37,4 3,1

ss 271 42 2,1

snfp 290 38,4 2,8

fnsp 300 37 3,3

ff 298 36 3,4

Tabela 4.7 – Simulação de Corners para Vom, tm e Vno_rms com os vários tipos de transístores, (capacidades com valores máximos e resistências com valores mínimos)

Transístores Vom (mV) Tm (ns) Vo_rms (mV)

tt 282 39,2 2,7

ss 261 44,5 1,86

snfp 278 40,6 2,5

fnsp 286 39 2,87

ff 284,5 38,1 2,98

Tabela 4.8 – Simulação de Corners para Vom, tm e Vno_rms com os vários tipos de transístores, (capacidades com valores mínimos e resistências com valores máximos)

Transístores Vom (mV) Tm (ns) Vo_rms (mV)

tt 381 41,3 2,96

ss 343 46,5 1,48

snfp 374 42 2,46

fnsp 387 40 3,25

ff 385,4 39 3,47

Vom apresenta um valor sempre acima de 250 mV, cumprindo as especificações para este

parâmetro. Vno_rms não excede 3,5 mV, que é um valor aceitável visto que Vno_rms é

aproximadamente 100 vezes menor do que Vom. Para a maioria dos corners o valor de tm está

abaixo de 44 ns (valor 10 % acima da especificação inicial, 40 ns); isto só não acontece

quando os transístores p e n são lentos e as capacidades e resistências não são mínimas.

Page 47: O circuito RCG TIA para aplicações PET - Técnico Lisboa ... · Dissertação para obtenção do grau de mestre em ... Tabela 5.2 – V om e t m em função do varrimento de V im

33

De seguida analisar-se-á o efeito dos corners na linearidade do circuito. Nas Fig. 4.13 à

Fig. 4.17 apresentam-se os gráficos de Vom(Idm) para os mesmos casos considerados acima.

Fig. 4.13 – Simulação da linearidade com capacidades e resistências típicas

Fig. 4.14 – Simulação da linearidade com capacidades e resistências máximas

Fig. 4.15 – Simulação da linearidade com capacidades e resistências mínimas

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34

Fig. 4.16 – Simulação da linearidade com capacidades máximas e resistências mínimas

Fig. 4.17 – Simulação da linearidade com capacidades mínimas e resistências máximas

Da observação das Fig. 4.13 à Fig. 4.17 conclui-se que os corners tem uma influência

pouco significativa na linearidade do circuito.

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35

O layout do circuito está representado na Fig. 4.18 e na Fig. 4.19. O layout foi submetido

ao programa DRC (design rules check) e ao programa LVS (Layout versus shematic) que

avaliam o cumprimento das regras de desenho e que verificam a compatibilidade entre o

esquema do circuito e o layout. O layout passou com sucesso estas verificações.

Fig. 4.18 – Layout do RCG TIA com pads e díodos de protecção contra descargas electroestáticas (ESD)

Fig. 4.19 – Detalhe do Layout do RCG TIA

4.5 Layout

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36

Na realização do layout do circuito foram feitas as seguintes opcções:

Utilizaram-se pads rf em vez dos convencionais porque os de RF têm uma capacidade

parasita de aproximadamente 300 fF enquanto os convencionais tem

aproximadamente 2 pF.

Aplicou-se a técnica de centróide comum aos espelhos de corrente, de modo que o

espelhamento da corrente seja o mais perfeito possível [17].

Colocaram-se anéis de guarda à volta de todos os componentes. Isto é especialmente

importante no caso do transístor MN2 que é o que contribuí mais significativamente

para o ruído á saída [17].

Nas interligações entre os vários componentes utilizaram-se os metais da quinta à

oitava camada, com o objectivo de minimizar as capacidades parasitas para o

substracto. Na ligação aos pads utilizou-se o metal da ultima camada, porque é o que

tem a menor resistência e a menor capacidade parasita.

Os transístores MP0 e MP1, implantados com a técnica de centroíde comum ocupam

uma área considerável. Portanto a ligação de Vdd1 aos transístores nas extremidades

do centroíde é longa, o que implica um numero de quadrados significativo, ou seja, a

resistência pode não ser desprezável e consequentemente, a queda de tensão também

não. Para resolver esta questão utilizaram-se dois metais com uma largura de 1 um

ligados em paralelo. O mesmo foi feito na ligação de MP1 para MN2.

Depois da colocação dos pads ficou uma zona vazia que se aproveitou para preencher

com três condensadores de 10 pF ligados em paralelo entre a porta e a fonte do

transístor MP0. O objectivo destes condensadores é filtrar o ruído na corrente que

polariza o transístor MP0.

Usaram-se diodos com dimensões mínimas para servirem na protecção ESD.

Nas linhas de alimentação de VDD1 e GND usou-se metal 1 com uma largura de 10

μm e para as linhas de VDD2 metal 2 com a mesma largura. Utilizam-se as primeiras

camadas de metal para maximizar as capacidades parasitas, que contribuem para

filtrar o ruído de alta frequência das tensões de alimentação.

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37

Procedeu-se à simulação do circuito incluindo as resistências e capacidades parasitas

extraídas do layout e determinou-se Vom, Tm e Vno_rms. O circuito é simulado com os valores da

Tabela 4.2 e utilizando o esquema da Fig. 4.2.

Fig. 4.20 – Tensão à saída do isolador

Obteve-se Vom = 324 mV e tm = 39,6 ns. Se compararmos com os valores obtidos na

secção 4.1, conclui-se que o efeito das capacidades parasitas é pouco significativo.

Tabela 4.9 – Principais contribuições para o ruído total do circuito

Componente Tipo de

ruído

Contribuição para o ruído

total (V2)

% da contribuição para o

ruído total MN2 Térmico 46.6

Linha_Iin Térmico 27,7

MP1 Térmico 17,3

MP0 Térmico 1,8

Obteve-se também Vno_rms = 3,2 mV. Confirma-se que o transístor NM2 tem a maior

contribuição para o ruído, mas a sua contribuição é agora 46,6% em vez de 67,2%. Isto deve-

se ao facto de se ter colocado um anel de guarda espesso em volta deste transístor, que fez

com que algum do ruído gerado seja filtrado. Existe uma nova contribuição importante para o

ruído final que é a da resistência da linha que transporta o sinal de entrada. Uma forma de

resolver esta situação seria aumentar a largura da linha, mas isso iria aumentar a capacidade e

influenciar tm. MP0 era responsável por 6.3 % do ruído total, mas com a inserção de um

condensador de contorno de 30 pF a contribuição passou para 1,8 %.

4.6 Simulações pós - layout do circuito.

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38

Page 53: O circuito RCG TIA para aplicações PET - Técnico Lisboa ... · Dissertação para obtenção do grau de mestre em ... Tabela 5.2 – V om e t m em função do varrimento de V im

39

Neste capítulo é apresentado a forma de simular o impulso proveniente do SIPM

recorrendo a elementos de circuito discretos. Descreve-se o projecto da placa de circuito

impresso de teste. Os resultados experimentais de Vom, tm, Vno_rms e da linearidade do circuito

são dados a conhecer.

O teste do TIA com SIPM na entrada requer a utilização de componentes e técnicas que

não estão disponíveis. Sendo assim, optou-se por simular o impulso do SIPM. Este tem a

forma indicada na Fig. 1.2. Para reproduzir esse impulso aplicou-se um escalão de tensão com

amplitude Vim e com um tempo de subida de 1 ns a um condensador Ca de 1 pF em série com

condensador Cd` = Cd - Ca = 299 pF. O condensador Ca = 1 pF é incluído no circuito integrado

do TIA.

Fig. 5.1 – Simulação do impulso de corrente do SIPM

Na Fig. 5.1 está representado o esquema equivalente de Norton do circuito ligado na

entrada. O esquema equivalente de Norton é constituído por uma fonte de corrente em paralelo

com um condensador Cd. A fonte de corrente é um impulso de Dirak cuja carga é

(5.1)

Capítulo 5 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

5.1 Teste do protótipo do RCG TIA

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40

O esquema equivalente de Norton do circuito de entrada é semelhante ao modelo simplificado

usado nas simulações para o impulso de corrente do SIPM, cuja diferença consiste no tipo de

fonte de corrente usada

A Fig. 5.2, obtida por simulação do circuito, mostra que a relação entre Vom e Vim é

aproximadamente linear até Vim = 360 mV. Esta será a tensão máxima com que o circuito deve

ser testado.

Fig. 5.2 – Linearidade do circuito RCG TIA com o circuito de teste

Na Fig. 5.3 estão representadas as tensões de entrada e saída (obtida por simulação) do

RCG TIA,

Fig. 5.3 – Tensão de entrada com Vim = 360 mV (em cima) e

impulso de tensão à saída do isolador (em baixo)

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41

Na Fig. 5.3 constata-se que a forma de onda da tensão à saída do isolador é muito

semelhante à que se obteve com o modelo do SIPM, com os valores Vom = 295 mV, tm = 23 ns

e Vno_rms = 3,6 mV.

O circuito impresso foi desenhado com a ferramenta de software EAGLE 5.11, sendo os

footprints dos vários componentes desenhados a partir dos respectivos catálogos. O circuito foi

implementado numa placa de duas camadas com espessura de 0,8 mm. A camada superior

serve para a colocação dos vários elementos do circuito e para as ligações entre eles,

enquanto que a camada inferior é usada como plano de massa e para as ligações que não

puderam ser feitas na camada superior.

Em seguida analisam-se as várias opções tomadas no desenho do circuito impresso

Uma das preocupações que se deve ter é com as linhas de sinal. Estas podem comportar-

se como um sistema de parâmetros concentrados ou como um sistema de parâmetros

distribuídos. Um sistema de parâmetros concentrados caracteriza-se por a evolução do sinal

ser função apenas do tempo, enquanto que num sistema de parâmetros distribuídos a

evolução do sinal depende para além do tempo, da posição ao longo da linha.

A classificação em um dos dois tipos de sistemas pode ser decidida a partir do

comprimento da linha, lreal, e de um parâmetro designado por comprimento efectivo, em

polegadas, definido por

(5.2)

em que tr é o tempo de subida, do sinal em ps, e D, em ps/polegada, é o inverso da velocidade

de propagação do sinal [18]. Nesta dissertação considera-se para tr o valor de tm. Segundo [18],

considera-se que se lreal < l/6, a linha comporta-se como um sistema de parâmetros

concentrados, caso contrário a linha comporta-se como um sistema de parâmetros distribuídos.

Nesta tese optou-se por fazer as linhas de sinal o mais curtas possível, de forma que se

comportem como sistemas de parâmetros concentrados.

Os sinais de entrada e saída tem tr iguais a 1 ns e 23 ns, respectivamente. Assume-se para D o

valor de 180 ps/polegada (valor máximo correspondente as camadas superficiais das placas de

FR4). Aplicando (5.2) obtem-se para o sinal de entrada l = 5,56 polegadas e para o sinal de

saída l = 127,8 polegadas. Para que as linhas de sinal se comportem como um sistema de

parâmetros concentrados, lreal < 2,3 cm para o sinal de entrada e para o sinal de saída lreal < 54

cm. As linhas devem ser rectas ou então fazerem ângulos de 45º, de forma a minimizar as suas

capacidades .parasitas.

5.2 Circuito impresso para teste do TIA

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42

A geração das tensões de alimentação (1,2 V e 3,3 V) é feita por dois reguladores de

tensão (Reg 1 para 1,2 V e Reg 2 para 3.3 V), cada um associado a um divisor resistivo, ver

Fig. 5.4. O regulador de tensão, TPS 71701DCKT da Texas Instruments [20] tem baixo ruído

apresentado uma Power supply rejection ratio (PSRR) = 67 dB a 100 kHz. Para que este tipo

de regulador seja estável é necessário ligar um condensador de 1 μF (C5 para 1,2 V e C2 para

3,3 V) entre a saída do regulador e o plano de massa. Os condensador C5 e C2 em conjunto

com os condensadores C4 = C1 = 0,1 μF funcionam como condensadores de contorno,

fazendo baixar a impedância entre as linhas de alimentação e o plano de massa, filtrando o

ruído de média e alta frequência. Os condensadores de contorno devem ser colocados o mais

próximo possível do pino de saída dos reguladores.

Fig. 5.4 – Esquema da placa de teste

Para monitorizar as correntes de polarização Ib2, Ibuf e Ib1 são utilizadas as resistências

R1 = 680 Ω, R2 = 500 Ω e R3 = 1,8 kΩ, respectivamente. Os valores destas resistências

permitem que as correntes Ib2, Ibuf e Ib1 não ultrapassem os valores máximos que as linhas

respectivas suportam. Rvar1 = 2 kΩ, Rvar2 = 500 Ω, Rvar3 = 5 kΩ.

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43

Fig. 5.5 – Distribuição das pistas em torno do circuito integrado

A distribuição das pistas foi feita de forma a minimizar o comprimento dos bond wires e

consequentemente as suas indutâncias parasitas. A distância entre pistas, Dp, é 0,2 mm e a

sua largura, Lp, é 0,3 mm. A largura das pistas de sinal manteve-se constante, visto que a

variação da largura, causa descontinuidades na sua impedância, influenciando os sinais que as

percorrem. Quanto às linhas de alimentação e às linhas que transportam as correntes de

polarização optou-se por uma largura de 0,6 mm. Na Fig. 5.6 está o desenho da placa de teste

com a ferramenta de software EAGLE e na Fig. 5.7 e Fig. 5.8 mostra-se a placa de teste com

os componentes já soldados.

Fig. 5.6 – Circuito impresso de teste

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44

Fig. 5.7 – Placa de circuito impresso com os componentes soldados (camada superior)

Fig. 5.8 – Placa de circuito impresso com os componentes soldados (camada inferior)

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45

Com o gerador de sinais HP 8130A (programable pulse generator) forneceu-se ao circuito

uma onda quadrada com as características indicadas na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Especificações da onda quandrada na entrada

Amplitude,Vim, (mV) Varrimento entre [100; 400]

Atraso (ns) 50

Tempo de subida (ns) 1

Tempo de descida (ns) 1

Período (μs) 1

Na Tabela 5.2 apresentam-se os valores medidos de Vom e tm para diferentes valores de

Vim.

Tabela 5.2 – Vom e tm em função do varrimento de Vim

Vim (mV) Vom (mV) tm (ns)

100 98 34,8

150 140 35,6

200 184 36,4

250 222 37,2

300 261 38,4

310 268 38,8

320 275 39

330 282 39,2

340 288 39,6

350 295 39,8

360 301 40

370 307 40,4

A partir da Tabela 5.2 traçou-se o gráfico Vom (Vim) na Fig. 5.9, e comparou-se este com uma

recta.

5.3 Resultados experimentais

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46

Fig. 5.9 – Linearidade do circuito RCG TIA

Conclui-se que circuito é aproximadamente linear até Vim = 360 mV (correspondente a uma

carga produzida pelo SIPM de 360 fC).

Fig. 5.10 – Sinais na entrada e á saída do isolador

A Fig. 5.10 mostra que para Vim = 360 mV, a tensão de saída do isolador, com Vom = 301

mV e tm = 40 ns. Estes resultados cumprem as especificações definidas na secção 1.2. O valor

de tm é cerca de 17 ns maior que o obtido por simulação (secção 5.1).

Para tentar explicar a diferença entre os valores de tm simulado e medido fez-se uma

simulação em que se aumenta os valores das indutâncias e dos bond wires, colocou-se os

transístores p e n como transístores lentos, consideram-se as resistências e condensadores

nos seus valores máximos e diminui-se a tensão de alimentação em 20 mV (queda de tensão

medida experimentalmente). Obteve-se um aumento de 6 ns para tm.

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47

O valor de Vno_rms calcula-se recorrendo à definição de valor eficaz,

(5.3)

em que é o valor médio.

São adquiridas 5 amostras de 10000 pontos do ruído à saída do círcuito. A cada uma das 5

amostras aplica-se a equação (5.3);

(5.4)

De seguida aplica-se (5.4). Obtem-se Vno_rms = 1,7 mV, que é um valor aceitável visto que

é cerca de 176 vezes maior do que Vom. O valor para Vno_rms é cerca de metade do que foi

obtido por simulação. Isto é natural porque o tm é cerca do dobro do obtido por simulação, o

que significa que o ruído é integrado numa banda de frequência menor.

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48

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49

Neste capítulo são apresentadas as conclusões do estudo efectuado, assim como

sugestões de trabalho futuro.

O feedback TIA não pode ser usado com SIPMs de capacidade elevada na entrada, visto

que, para cumprir as especificações estabelecidas, o amplificador operacional deveria ter um

produto ganho largura de banda de 60 GHz, o que é impraticável.

O CG TIA também não pode ser usado, pois para ter uma impedância de entrada

suficientemente baixa requer uma corrente de polarização do transístor de porta comum de

3mA, o que significa uma potência excessiva e uma redução significativa do valor da função de

transimpedância em baixa frequência (RX na Fig. 2.5).

O RCG TIA tem como principal vantagem conseguir obter-se uma impedância de entrada

baixa, cerca cem vezes inferior à do CG. No circuito projectado a impedância de entrada varia

entre 26 Ω e 35 Ω. A expressão deduzida na teoria para a impedância de entrada é uma boa

aproximação para a obtida por simulação em baixas frequências.

A função de transimpedância do circuito tem um valor em baixa frequência de 86 dbΩ (RX =

20,6 kΩ, na Fig. 4.6). A largura de banda a 3 db é igual a 16,7 MHz que é aproximadamente

definida pela constante de tempo CX RX, (Fig. 4.6).

A função de transimpedância, ao contrário do que foi considerado na teoria, possui quatro

pólos, porque o diagrama de Bode da amplitude desce 75 db numa década e o diagrama de

fase chega próximo dos 330º. Além disto, o zero da função de ruído experimental está a uma

frequência superior à teórica. Como consequência, o ruído total do circuito é aproximadamente

metade do que foi obtido teoricamente. O transístor de regulação e a resistência da pista que

transporta o sinal de entrada são os que tem maior contribuição para o ruído total do circuito,

especialmente o transístor que está entre a fonte e a porta do transístor de porta comum que

contribui com pelo menos 50 %.

O circuito é estável apresentando uma margem de fase de 59º. Quanto maior for Cd maior

a margem de fase do circuito e quanto maior for a constante de tempo do pólo do andar de

regulação menor é este parâmetro.

O RCG TIA foi projectado com a tecnologia UMC 130nm para uma tensão de alimentação de

1,2 V e tem Vom = 301 mV, tm = 40 ns e Vno_rms = 1,7 mV para Vim = 360 mV (Fig. 5.9). A

potência do circuito é de 1,17 mW. O circuito cumpre as especificações definidas inicialmente

para Vom, tm, Vno_rms, ultrapassando ligeiramente a potência total pretendida. Vno_rms é cerca de

176 vezes superior a Vom, que é um valor bastante aceitável. No entanto o circuito apresenta

Capítulo 6 CONCLUSÕES

6.1 Conclusões

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50

um tm superior em 17ns (que corresponde praticamente ao dobro) em relação ao que foi

simulado. Apesar do esforço despendido para explicar esta discrepância ainda não foi possível

chegar a uma conclusão. Como tal o ruído é aproximadamente metade do que foi simulado. O

circuito é linear até Vim = 360mV o que é equivalente a dizer para SIPMs cuja carga seja inferior

ou igual a 360fC.

Como questões prioritárias a investigar na sequência do trabalho aqui relatado propõe-se:

- Analisar o efeito do pólo do andar de regulação na função de transimpedância e na

impedância de entrada do circuito;

- Explicar a diferença entre o tm obtido experimentalmente e o tm simulado;

- Com base no circuito RCG TIA, projectar um circuito reconfigurável que permita

amplificar o sinal de fotomultiplicadores com capacidades e picos de corrente diferentes;

Uma outra questão que seria interessante investigar é a seguinte. Em [20] é proposto um

amplificador de transimpedância para comunicações ópticas que se baseia no CG TIA, ao qual

se adiciona um transístor, M2, que estabelece uma realimentação entre a entrada e a saída do

amplificador, como se indica na Fig. 6.1. Segundo [21], a impedância de entrada é semelhante

à que se obtém com RCG TIA, o valor da função de transimpedância em baixa frequência é

menor mas consegue-se uma largura de banda maior do que no RCG TIA e o ruído obtido com

este circuito é também menor. Sugere-se projectar este circuito para as especificações do

sistema PET e comparar os resultados com o RCG TIA descrito nesta dissertação.

Fig. 6.1 – TIA sugerido em [21]

6.2 Sugestões de Trabalho Futuro

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51

O ruído é uma variável aleatória (corrente ou tensão) que aqui se representa por x(t). O

ruído é caracterizado pelo seu valor quadrático médio, X2rms [15]

(A.1)

O ruído pode também ser representado no domínio da frequência, através da densidade

espectral de potencia, , que se relaciona com X2rms, da seguinte forma, [15]

(A.2)

A unidade de é [unidades de x]2/Hz, mas é comum fazer-se a raiz quadrada de que

é expressa em unidades de [unidaders de x]/ .

Na análise do ruído nos circuitos electrónicos é usual aplicar-se o seguinte teorema, [15]:

Se uma fonte de ruído x(t) numa rede linear produz ruído y(t) numa dada localização na rede,

as densidades espectrais estão relacionadas dos seguinte modo.

(A.3)

em que

é a função de rede.

Nos circuitos electrónicos podem existir várias fonte de ruído. Se x1(t) e x2(t) forem fontes

de ruidos sem correlação e

(A.4)

então [15]

ANEXO A1 - RUÍDO NOS SISTEMAS

ELECTRÓNICOS

A1.1 Representação matemática do ruído.

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52

(A.5)

A equação (A.5) é válida se as fontes de ruído x1 e x2 forem independentes entre si. Caso

exista correlação entre fontes de ruído x1 e x2, tem-se que adicionar mais um termo à equação

(A.5).

Uma medida de ruído utilizada é a relação sinal ruído (signal to noise ratio - SNR) [15]

.

(A.6)

O ruído dos sistemas electrónicos pode ser de três tipos:

Ruído térmico;

Ruído de cintilação;

Ruído de passagem;

O ruído de passagem é considerado nesta dissertação, porque os circuitos analisados são do

tipo CMOS.

Resistências

As resistências produzem ruído térmico devido ao movimento de portadores de carga. O

ruído térmico na resistência é proporcional à temperatura. O ruído pode ser representado por

uma fonte de tensão vn em série com a resistência ou por uma fonte de corrente de ruído em

paralelo com a mesma resistência, como está representado na Fig. A.1. A densidade espectral

de potência é [15]

(A.7)

ou

(A.8)

A1.2 Tipos de ruído

Ruído térmico

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53

em que k é a constante de Boltzmann, , e T é a temperatura absoluta em

Kelvin.

Fig. A.1 – Ruído térmico numa resistência

A densidade espectral do ruído térmico é constante na frequência e por isso se diz que o ruído

é branco.

Transístores MOS

Os transístores MOS têm ruído térmico devido ao movimento aleatório de portadores de

carga no canal. Este ruído pode ser representado por uma fonte de corrente in entre o dreno e

a fonte ou por uma fonte de tensão, vn,, em série com a porta do transístor, como se mostra na

Fig. A.2. A densidades espectrais de potência são [15]:

(A.9)

ou

(A.10)

em que gm é a transcondutância do transístor e γ é igual a 2/3 para transístores de canal longo

e maior para transístores de canal curto. É usual na análise de ruído admitir que γ = 1. È isto

que se faz nesta dissertação. A equação (A.10) é válida apenas nos casos em que a corrente

de porta é aproximadamente igual a zero ou seja para frequências de operação baixas ou

médias.

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Fig. A.2 – Ruído térmico nos transístores MOS

Os transístores MOS apresentam também ruído de cintilação (flicker) que está associado

com imperfeições na interface entre o óxido da porta e o substracto de silício. Este ruído pode

ser representado por uma fonte de tensão em série com a porta, com uma densidade espectral

de potência [15]:

(A.11)

em que K é uma constante dependente da tecnologia, Cox é a capacidade entre a porta e o

substracto por unidade de área (Cox=εox/tox, onde εox é a constante dieléctrica e tox é a

espessura do óxido entre a porta e o substracto), W é a largura do canal e L é o seu

comprimento.

Fig. A.3 – Ruído de cintilação nos transístores MOS

O ruído de cintilação não é branco, uma vez que a sua densidade de espectral depende

da frequência; é muitas vezes referido como ruído 1/f.

Ruído de cintilação

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Considere-se um sistema invariante no tempo com uma fonte de ruído x(t), cuja densidade

espectral de potencia é . y(t) é o ruído, resultante de x(t), á saída do sistema, com densidade

espectral de potencia e valor eficaz e

, respectivamente. e

relacionam-se através

da função de ruído N(s). Através de N(s), estabelece-se a relação de com

. Se N(s) for

uma função de 2-ª ordem, interessa distinguir dois casos:

N(s) com dois pólos

Sendo

(A.12)

o valor de é [11]

(A.13)

N(s) com dois pólos e um zero

Sendo

,

(A.14)

o valor de é [11]

(A.15)

A1.3 Ruído em sistemas de 2-ª ordem

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Tabela A.1 – Lista de componentes usados na placa de teste

Componente Valor Referencia Fabricante

C1, C4 0,1 uF GRM21BR71E104KA01L Murata

C2, C5; C6 1 uF C1206F105K5RACU Kemet

C3 300 pF C0805301F8GAC Kemet

Rvar 1 2 kΩ 3223 W -1 – 202 E Bourns

Rvar 2 500 Ω 3223 W -1 – 501 E Bourns

Rvar 3 5 kΩ 3223 W -1 – 502 E Bourns

R1 680 Ω MC1206F6800SE Multicomp

R2 560 Ω MC1206F5600SE Multicomp

R3 1,8 kΩ MC1206F1801SE Multicomp

R4 162 kΩ MC1206S4F1623T5E Multicomp

R5, R7 324 kΩ CRCW12034KFKEA Vishaydale

R6 1 MΩ MC1206F1004SE Multicomp

Reg 1, Reg 2 Ajústavel TPS71701DCKT Texas Instruments

SMA 1, SMA 2 - 901-9864 Amphenol RF

A2- LISTA DE COMPONENTES UTILIZADOS

NA PLACA DE TESTE.

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Page 73: O circuito RCG TIA para aplicações PET - Técnico Lisboa ... · Dissertação para obtenção do grau de mestre em ... Tabela 5.2 – V om e t m em função do varrimento de V im

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[1] R. Siegel, D. Naishadham, A. Jemal. “Cancer Statistics, 2012,” CA: A Cancer Journal for Clinician, Vol.

62, N -º 1, pp. 10 – 29, Jan 2012.

[2] E: Albuquerque et al., “The Clear – PEM Electronics System,” IEEE Transaction on Nuclear Science, vol.

53, No. 5, pp. 2704 -2711, 2006.

[3] P.Buzhan et al.,”An advanced study of siliconphotomultiplier,” ICFA Instrumentation Bulletin, vol. 23, pp.

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[4] M. Abreu et al., “Clear PEM: A PET imaging system dedicated to breast cancer diagnostics,” Nuclear

Instruments and Methods in Physics Research A 571, pp. 81 – 84, 2007.

[5] F. Corsi et al., “Electrical Charactrization of Silicon Photo - Multipliers for Optimal Front - End Design,”

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[6] N. Pavlov, G. Mæhlum, and D. Meier “Gamma spectroscopy using a silicon photomultiplier and a

scintillator,” IEEE Nuclear Science Symposium Conference Record, ,pp. 173–180, 2005.

[7] S.Seifert et al.,“Simulation of Silicon Photomultipliers Signals”, IEEE Transaction on Nuclear Science,

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[8] S. Cova, M. Ghioni, A. Lacaita, C. Samori, and F. Zappa "Avalanche Photodiodes and Quenching

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[10] M. Johnson, “Photodetection and measurements: maximizing performance in optical systems,” McGraw

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[11] L. Oliveira, C Leitão, and M. M. Silva, Noise Performance of Regulated Cascode Transimpedance

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[12] X. Yun, M. Stanacevic, V. Kuzminsky and M. Gouzman “Current-mode Preamplifier for Response

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[14] S. Park and H. Yoo, “1.25 – Gb/s Regulated Cascode CMOS Transimpedance Amplifier for Gigabit

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REFERÊNCIAS

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[17] C. Saint, J. Saint, “IC Mask Design: Essential Layout Techniques,” pp. 97 – 130, Mc Graw – Hill, 2002.

[18] H. Johnson, M Graham “Hight Speed Digital Design: A Handbook of Black Magic,” Prentice Hall, 1993,

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[19] “Low Noise, High-Bandwidth PSRR Low-Dropout 150mA Linear Regulator," Texas Instruments,2006;

[20] Z. Lu, K. Yeo, W. Lim, M. Do and C. Boon, “Design of a CMOS Broadband Transimpedance Amplifier

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pp. 461 – 471, March 2010.