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O cinema e a produção audiovisual: Um estudo preliminar sobre as novas formas de distribuição na Internet Alessandra Campos Pérgola Universidade Federal de São Carlos Índice 1 Introdução 1 2 Descrição da pesquisa 2 3 Metodologia empregada 2 4 Análise dos resultados 3 5 Conclusão 19 6 Referências bibliográficas 19 Resumo: Este artigo trata das novas for- mas da distribuição da produção audiovisual pela Internet, bem como uma sondagem inicial de sites especializados na distribuição e exibição de filmes e vídeos de curta duração. Recentemente a popularização da Internet de banda larga 1 possibilitou uma maior eficiência, abrangência e redução de custos, do sistema que compreende a distribuição e exibição do produto audiovi- sual, promovendo a reconfiguração de suas estratégias de divulgação. 1 Conexão permanente com a Internet por linha telefônica convencional sem a cobrança de pulso por dados, possibilitando enviar e receber dados, áudio e imagens em alta velocidade. 1 Introdução Os avanços nas áreas de telecomunicações e transmissão digital de dados trouxeram no- vas possibilidades para realização de uma enorme variedade de produtos audiovisuais. Esses conteúdos influenciam diretamente o dia-a-dia de milhares de usuários da Inter- net, que têm à disposição ficção, documen- tários, projetos experimentais, animações e transmissões ao vivo, o que incentiva a pro- dução/distribuição/exibição de obras realiza- das nos mais variados formatos e suportes disponíveis, da película ao vídeo, do compu- tador doméstico às poderosas estações gráfi- cas, do amador ao profissional. A Internet é, por natureza, um meio em constante mutação, que cria e adapta sua tec- nologia de acordo com as necessidades e desejos dos produtores e consumidores do entretenimento audiovisual. Isso colaborou para que a Internet se tornasse um dos meios mais baratos e eficientes para distribuição de filmes e vídeos hoje em dia, principalmente para produtores independentes, que podem atingir maior público sem que isso signifique necessariamente acréscimo aos custos. Além disso, as tecnologias de captação e finaliza-

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O cinema e a produção audiovisual:Um estudo preliminar sobre as novas formas de

distribuição na Internet

Alessandra Campos PérgolaUniversidade Federal de São Carlos

Índice

1 Introdução 12 Descrição da pesquisa 23 Metodologia empregada 24 Análise dos resultados 35 Conclusão 196 Referências bibliográficas 19

Resumo: Este artigo trata das novas for-mas da distribuição da produção audiovisualpela Internet, bem como uma sondageminicial de sites especializados na distribuiçãoe exibição de filmes e vídeos de curtaduração. Recentemente a popularização daInternet de banda larga1possibilitou umamaior eficiência, abrangência e reduçãode custos, do sistema que compreende adistribuição e exibição do produto audiovi-sual, promovendo a reconfiguração de suasestratégias de divulgação.

1 Conexão permanente com a Internet por linhatelefônica convencional sem a cobrança de pulso pordados, possibilitando enviar e receber dados, áudio eimagens em alta velocidade.

1 Introdução

Os avanços nas áreas de telecomunicações etransmissão digital de dados trouxeram no-vas possibilidades para realização de umaenorme variedade de produtos audiovisuais.Esses conteúdos influenciam diretamente odia-a-dia de milhares de usuários da Inter-net, que têm à disposição ficção, documen-tários, projetos experimentais, animações etransmissões ao vivo, o que incentiva a pro-dução/distribuição/exibição de obras realiza-das nos mais variados formatos e suportesdisponíveis, da película ao vídeo, do compu-tador doméstico às poderosas estações gráfi-cas, do amador ao profissional.

A Internet é, por natureza, um meio emconstante mutação, que cria e adapta sua tec-nologia de acordo com as necessidades edesejos dos produtores e consumidores doentretenimento audiovisual. Isso colaboroupara que a Internet se tornasse um dos meiosmais baratos e eficientes para distribuição defilmes e vídeos hoje em dia, principalmentepara produtores independentes, que podematingir maior público sem que isso signifiquenecessariamente acréscimo aos custos. Alémdisso, as tecnologias de captação e finaliza-

2 Alessandra Campos Pérgola

ção digitais promovem a integração ágil eeficiente, além da redução de custos, dos sis-temas de produção com os meios de distri-buição. O desenvolvimento e barateamentode tecnologias mais avançadas possibilitamque cada vez mais pessoas, amadores e pro-fissionais, se interessem e utilizem os recur-sos disponíveis, incentivando a produção au-diovisual.

As vantagens criativas que atecnologia digital oferece são enor-mes, possibilitando uma maiorliberdade de expressão (...), aomesmo tempo em que permite in-tegrar num mesmo sistema os pro-cedimentos de produção em ci-nema, vídeo e televisão. (MASSA-ROLO, 2001, p. 03)

2 Descrição da pesquisa

Esta pesquisa trata das novas formas da dis-tribuição da produção audiovisual pela Inter-net, bem como uma sondagem inicial de si-tes especializados na distribuição e exibiçãode filmes e vídeos de curta duração, e comoo advento da Internet rápida possibilitou umareconfiguração do sistema que compreende aprodução, distribuição e exibição do produtoaudiovisual.

As tecnologias atuais permitem o acessoa filmes de todos os formatos, gêneros equalidades a partir de computadores pesso-ais. No entanto a maioria dos filmes disponí-veis na Internet ainda é feita sem consideraruma adequação de linguagem mais apropri-ada às limitações e vantagens do meio e desua forma de transmissão.

Um dos primeiros filmes exibidos no finaldo século IXX, pelos irmãos Lumiére, mos-

trava a chegada de um trem em uma esta-ção. O interesse e o espanto causados na-quela época, pela exibição de imagens emmovimento, se assemelham com a experi-ência atual de assistir filmes e vídeos trans-mitidos via Internet na tela do computador,não necessariamente por uma inovação naexperiência visual como no início do cinema,mas sim pela vasta quantidade e variedadede conteúdos disponíveis e pela facilidade deacesso e produção destes.

Esta nova realidade de produ-ção/distribuição/exibição surge ao mesmotempo em que a democratização do acessoà Internet de banda larga, que permite atransmissão de maior quantidade de dados,aliada a novas interfaces de visualização,possibilitam avanços na qualidade visuale sonora, formando o que José Augustode Blasiis chama de “micro-cinema”: “umcinema feito em vídeo, editado e pós-produzido em casa, e alocado em um site dedistribuição”. (2000, Associação CulturalKinoforum, www.kinoforum.org).

3 Metodologia empregada

O presente projeto caracteriza-se pelapesquisa empírica de caráter qualitativo.Divide-se em quatro fases, em que foramaplicados os seguintes métodos:

1a Fase: Nessa primeira etapa, realizou-se a atualização bibliográfica e a pesquisa deartigos, projetos já realizados, entrevistas etextos referentes à distribuição da produçãoaudiovisual pela Internet, para compreendercomo o assunto é tratado atualmente, qual aimportância e abrangência do mesmo. Foipossível a participação em eventos que con-tribuíram para a pesquisa: Encontro de Mí-dias Digitais (2001, DAC-UFSCar) e Fórum

www.bocc.ubi.pt

O cinema e a produção audiovisual 3

de Convergência de Mídias Digitais (2002,SESC São Carlos), ocorridos na cidade deSão Carlos-SP.

Nesta etapa também foi realizada a pes-quisa bibliográfica e de canais de distribui-ção e exibiçãoonlinesobre os temas que en-globam e contribuem para a distribuição daprodução audiovisual pela Internet: Tecno-logia e abrangência do uso da Internet emBanda Larga, definição do Web-cinema, pa-noramas da Internet no Brasil e no mundo,como é feita e a distribuição de fato por gran-des estúdios cinematográficos, softwares quepossibilitam a distribuiçãoonlinee a televi-são na Internet.

2a Fase: Esta etapa visou o estudo da lite-ratura pertinente pesquisada na fase anterior,direcionando a pesquisa para a distribuiçãode filmes e vídeos de curta-metragem na In-ternet. Listou-se, quantitativa e qualitativa-mente, os sites especializados que possibili-tam esta distribuição, tendo como parâmetrode análise a eficiência, abrangência e dispo-nibilidade de uso desses serviços pelos pro-dutores independentes e profissionais.

3a Fase: Após a primeira triagem dos si-tes distribuidores de curtas-metragens, foramselecionados e estudados os exemplos queobtiveram resultados mais satisfatórios e quemelhor representam o avanço da tecnologiadigital para este fim, mostrando os diferen-tes meios de que se utilizam esses sites paradistribuir os filmes e vídeos.

4a Fase: Nesta etapa, foi finalizada a pes-quisa sobre os sites distribuidores e foramtestados os meios para realizar a distribui-ção pela Internet, entrando em contato como grupo de produção da “Televisão de Ima-gem e Som” (TELVIS) do Departamentode Comunicação e Artes da UFSCar – SãoCarlos, que produzem quinzenalmente um

programa de televisão que é transmitido aovivo pela Internet além de disponibilizar ví-deos dos alunos do curso de Imagem e Somno site da TELVIS, que podem ser assisti-dosonline. O acompanhamento do trabalhodeste grupo colaborou para a compreensãoda produção/distribuiçãoonline e quais sãoos softwarese tecnologias utilizados para atransmissão de imagens e sons pela Internet.Como finalização, foi realizado um estudopreliminar sobre o impacto das novas tecno-logias de distribuição cinematográfica com ouso da projeção digital de longas-metragens.

4 Análise dos resultados

4.1 Breve panorama da Internetno Brasil e a banda larga

O número de usuários da Internet é muitodifícil de ser estimado com precisão. NoBrasil, os dados variam muito de fonte parafonte. Além disso, o crescimento do nú-mero de usuários é rápido, tornando as in-formações rapidamente desatualizadas. Asestimativas mais recentes sobre a quanti-dade de usuários brasileiros foram divulga-das em janeiro de 20012 pelo Ibope eRa-tings3 e pelo serviço norte-americano Ni-elsen/NetRatings. Segundo as duas insti-tuições, havia 9,8 milhões de internautas4

em dezembro de 2000, o que perfaz 5,7%

2 Fonte: Com Ciência – Revista Eletrônica de Jor-nalismo Científico, março de 2001

3 O IBOPE/NetRatings é uma união entre o GrupoIBOPE e a Nielsen NetRatings, líder mundial em me-dição de audiência na Internet. Atuando no mercadobrasileiro desde setembro de 2000, a empresa é re-ferência no setor de análise de audiência e monitora-mento de publicidade na internet no Brasil.

4 Nome comum dado aos usuários da Internet

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4 Alessandra Campos Pérgola

da população brasileira. A empresa norte-americana NUA5 fez uma compilação de da-dos sobre o acesso à Internet em quase todosos países do mundo. Segundo essa compila-ção, o Brasil ocupa o segundo lugar na Amé-rica Latina em termos de proporção da popu-lação com acesso à Internet (6,71% / 407,1milhões), perdendo para o Uruguai com 9%.Nos Estados Unidos, o país com a maiorproporção de pessoas plugadas à Internet,55,83% da população tem acesso à rede.

A Internet hoje em dia funciona comoum grande banco de dados, onde as pessoasacessam e buscam informações de qualquertipo. Os produtos audiovisuais pensadospara a Internet se adequam a esse sistema,pois não são necessariamente assistidos so-mente em dias e horários específicos, e porisso são armazenados para que o espectadorpossa assistir quando quiser. Com o adventoda banda larga os formatos de vídeo podemimplementar novas características, como in-teratividade ou maior qualidade de imagem esom, deixando, em alguns casos, o especta-dor à vontade para escolher a duração, perso-nagens, ângulos de câmera (como aconteceem DVDs com a função multi-ângulo), acon-tecimentos, sexo do protagonista etc, comojá acontece em jogos para computador porexemplo.

4.2 Web-cinemaO termo “web-cinema” foi dito inicialmentepor Arlindo Machado6 em uma entrevistaonde ele afirma que “um produto audi-ovisual concebido especificamente para arede não é mais cinema, nem televisão,

5 www.nua.ie/surveys/how_many_online/index.html6 Professor e especialista em cinema e linguagem

das novas mídias. ECA - USP

nem rádio, pelo menos não no sentido emque hoje entendemos esses meios” (2002,www.justoaqui.com). Arlindo Machado dizque “um audiovisual disponibilizado na In-ternet é diferente de um audiovisual comoconhecemos, para o meio telemático e queessa nova forma de distribuição, que estásendo experimentada, terá que receber umnovo nome” (2002, www.justoaqui.com.br).Pessoas assistindo a filmes na televisão nãosignifica que cinema é televisão, assim comoum filme também não vira web-cinema so-mente por ser distribuído pela Internet. AInternet parece ser um meio de distribuiçãoideal para filmes e vídeos de curta duração eé nesse sentido que ela está sendo utilizadaatualmente.

Nos anos 90 houve a explosão do digital.As transformações desta década até hoje fa-zem teóricos acreditar que no futuro próximoos meios diferentes – cinema, televisão, ví-deo, multimídia, rádio – estãrão convergindoem direção a um meio novo, que será único,mas plural. Essa foi a discussão do “FórumConvergência das Mídias Digitais”, ocorridono SESC São Carlos em 2002 em parceriacom o curso de Imagem e Som da UFSCar,que trouxe profissionais e estudiosos de di-ferentes partes do Brasil para mostrar o queacontece atualmente e quais os rumos dessapossível convergência. Este novo meio, queenglobará os meios existentes hoje, poderáutilizar as linguagens dos meios atuais emum novo ambiente, em formas diferentes ecom imensa variedade de estilos e gêneros,assim como a televisão hoje.

O web-cinema não inclui apenas narraçãode ficção e, no futuro, esse cinema poderáassumir através dos recursos digitais de in-teratividade, formas mais próximas dovide-ogame, ou das atualidades e do telejornal,

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e em outros casos ainda, mais relacionadascom o videoclipe ou o documentário.

Com o avanço cada vez mais rápido dastecnologias para Internet e com o adventoda Internet em banda larga é possível ima-ginar produtos audiovisuais inteiramente no-vos, como já é o caso das web-câmeras, quepodem ficar permanentemente ligadas em al-gum lugar, transmitindo imagens e sons aovivo de tudo o que acontece, seja real ou fic-ção. As web-câmeras explodiram há aproxi-madamente quatro anos atrás, quando usuá-rios de computadores comuns deixavam suaswebcamsligadas 24 horas em lugares estra-tégicos, como quarto ou banheiro de suascasas. Em alguns casos, o acesso a esseserviço é pago, para que, por exemplo, se-jam reveladas intimidades do cotidiano dealguém, fenômeno que foi inspiração livrepara osreality showspara televisão como oBig Brother7.

O fenômeno daswebcamsfez prolife-rar uma série de serviços na Internet queexploram esta tecnologia. Misturando umpouco de exibicionismo, voyeurismo e vigi-lância, estes sites formam comunidades vir-tuais cujo objetivo não é outro senão o de semostrar na rede.

É importante “não confundir mídia eforma narrativa veiculada nesta mídia” (RA-MOS, 2001, p.37). Algumas formas narra-tivas são particulares à mídia televisiva, ou-tras não. O cinema deve ser entendido en-quanto forma narrativa que pode ser veicu-lado pela mídia televisiva, na sala de cinemae pela Internet. O fato de o cinema ser re-alizado com câmeras com suporte digital oupelícula é digno de pesquisas, mas não di-minui suas fronteiras. O grande número de

7 www.globo.com/bbb

filmes recentes produzidos com utilização desuporte digital é uma prova evidente disso. Osuporte digital serve tanto para experiênciasde vanguarda como para narrativas clássicasou vídeos independentes veiculados na Inter-net.

A produção audiovisual passa por uma re-volução de meios. Podemos captar em ví-deo, desde os formatos mais simples, comuma câmera mini-DV de preço mais aces-sível e por isso de uso comum, aos profis-sionais, de qualidade broadcast como Beta-cam, até os mais sofisticados, como câmerasHDTV (High Definition Television).

Sob esses aspectos pode-se dizer que to-dos os obstáculos que os grandes estúdiosimpuseram entre o diretor do filme e seupúblico (produtores, agentes, distribuidores,exibidores etc.) podem ser demolidos pelaInternet.

4.3 Distribuição pela Internetpor grandes estúdios

Desde 2001 os grandes estúdios deHollywood planejam distribuir filmespedidos via Internet nos Estados Unidos, deacordo com o desejo e demanda do público.Os estúdios que tiveram essa iniciativa –MGM, Paramount, Sony, Universal e War-ner Bros. – se uniram para proporcionar aosusuários de banda larga dos EUA uma novae grande opção de filmes de todos os tipos,passando pelos clássicos até estréias. Comestas iniciativas, os sete grandes estúdiosde cinema respondem às preocupações dosprodutores de Hollywood quanto à crescenterede de pirataria dos filmes na Internet.

Em 2001 os EUA tinham mais de 10 mi-lhões de casas conectadas à banda larga e

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6 Alessandra Campos Pérgola

mais de 35 milhões8 de computadores ap-tos a receber esse tipo de serviço, incluindoempresas e universidades. Esse grande pú-blico foi a justificativa para a opção de distri-buiçãoonline dos filmes, mesmo que aindanão se tenha um nome específico para estetipo de serviço. Os estúdios não informaramquando esse novo sistema entrará em opera-ção e o tempo de recepção dos filmes pelousuário dependerá da velocidade de sua co-nexão com a Internet. Os filmes poderão serassistidos diretamente da tela do computadorou da TV, ligada ao computador por um sis-tema de cabos específicos.

A distribuição de filmes na Internet tam-bém é a nova aposta das empresas Walt Dis-ney e 20th Century Fox. Estas duas empre-sas apostaram na distribuição online, sendoque o serviço deverá estar disponível no iní-cio do próximo ano (2004). O Movies.com(www.movies.com) irá distribuir filmes e ou-tros programas produzidos pelos estúdios daWalt Disney e da Twentieth Century Fox,mas não exclui a hipótese de incluir outrasproduções.

4.4 Distribuição não intencionalFato semelhante a essa distribuição alme-jada pelos grandes estúdios já acontece sema intenção dos mesmos, utilizandosoftwaresPeer-to-Peer9(P2P ) gratuitos, paradown-load de arquivos. Um exemplo destessoftwaresé o Kazaa (www.kazaa.com). Esteé no momento o mais popular dos compar-tilhadores de arquivos. Os usuários podem

8 fonte: Jornal JB Online, 16/08/2001 –www.jbonline.terra.com.br

9 Programas que conectam usuários para transfe-rência de arquivos diretamente, de um computadorpara outro.

procurar por arquivos de outros usuários damesma rede, organizar e tocar os arquivose se comunicar com outras pessoas. Su-porta áudio, vídeo,software, jogos, imagens,e documentos. Distribui-se de tudo nessessoftwarese nem sempre com o consenti-mento de distribuição adequado. Os usuáriosde Internet têm facilidades incríveis e quasenenhuma censura para ouvir músicas, filmesetc.

Ainda não há uma lei específica de di-reitos autorais para a Internet e após a fa-lência do Napster (Primeiro software popu-lar para compartilhamento de música, ex-tinto em meados de 2000 por fazer pirata-ria), outros programas surgiram, mais poten-tes e mais preparados tecnologicamente paraenfrentar a censura e fazer a alegria de seususuários. Isso foi possível com a chegada datecnologia da banda larga, pois como a Inter-net ficou mais rápida, os programas de com-partilhamento além de distribuir arquivos demúsica, começaram a distribuir também ar-quivos maiores como filmes esoftwarespi-ratas completos.

Um bom exemplo do que acontece atu-almente com essa distribuição ilegal é queo programa Kazaa continua vivo e dis-tribuindo músicas, filmes e fotos gratui-tamente pelo mundo. O site da em-presa norte-americana de computadores Ap-ple (www.apple.com/trailers) disponibilizaem seu sitetrailers de lançamentos de filmesque sairão em cartaz nos EUA, aproximada-mente um mês antes de chegar ao Brasil. Épossível assistir otrailer de um filme no siteda Apple ou outro lugar, e utilizarsoftwa-res P2Ppara fazerdownloaddeste filme (emum tempo relativamente curto) muito antesde sua estréia em salas de cinema no Brasil.

A forma de pirataria utilizada no antigo

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Napster, para troca de músicas, ainda nãoafeta a indústria cinematográfica da mesmaforma que a da música, pois o público ci-néfilo ainda não deixa de freqüentar as sa-las de cinema, porém, o crescente númerode downloadsilegais de filmes na Internet(cerca de 350 mil filmes por dia, segundoa Viant, empresa de pesquisas de mercado)já começa a preocupar os órgãos da indús-tria cinematográfica. Ou seja, essa divulga-ção e distribuição não são realizadas intenci-onalmente pelos empresários ou pela distri-buidora do filme, e sim pelo próprio públicoque armazena este filme e o deixa disponívelpara outros usuários.

4.5 Distribuição intencionalAs empresas brasileiras TeleImage(www.teleimage.com.br) e a iMusica(www.imusica.com.br) se uniram em 2003para criar um sistema inédito na AméricaLatina devideo on demand(VOD) que per-mitirá a usuários residenciais e corporativosreceberem arquivos audiovisuais em seuscomputadores. As iniciativas de organizare tornar essa troca uma prática comercialestão restritas a poucos exemplos na Europae EUA, como MovieLink e Sight Sounds(EUA) e Fnac.com (França), que vendemfilmes como "Harry Potter".

No Brasil, o público potencial para o ser-viço é representado pelos 700.000 usuáriosde banda larga (segundo dados do IDC - In-ternational Data Corporation10), o que indicaum aumento de 112% sobre o ano passado,um dos maiores índices de crescimento nomundo.

Para esses consumidores, além de títu-

10 www.idc.com

los consagrados, a união TeleImage e iMu-sica trará a possibilidade de distribuir for-matos ditos como alternativos. De acordocom Patrick Siaretta, presidente da TeleI-mage "Produtores de curtas-metragens, fil-mes de animação e outros conteúdos não-comerciais também terão acesso a uma novaferramenta para divulgar e distribuir seus tra-balhos"(2003, Jornal JB Online). Os interes-sados em licenciar seus produtos já podementrar em contato pelo site da iMusica.

A TeleImage fornecerá toda sua experiên-cia para a digitalização de conteúdo e cap-tação de novos materiais. A iMusica, res-ponsável pela implantação da primeira pla-taforma de Distribuição e Gerenciamento deMídia Digital da América Latina, utilizarásua tecnologia nessa nova empreitada.

O resultado desta parceria TeleImage -iMusica chegou ao mercado consumidor noinício de setembro de 2003 para venda nossites que compõem a Rede de DistribuiçãoDigital iMusica.

Em maio de 2003, a empresa Sight-Sound (uma loja de vídeosonline)(www.sightsound.com) lançou o quefoi considerado o primeiro filme comdistribuição exclusiva pela Internet: “TheQuantum Project”. O filme, orçado em 3milhões de dólares, recuperou seu inves-timento depois de uma hora que estavadisponibilizado paradownload. Mais de ummilhão de usuários “baixaram” o filme, aocusto de 3,95 dólares. A SightSound usouuma tecnologia própria de compactação edigitalização criptografada que permite umaqualidade superior à convencional. Todo oprojeto do filme foi pensado para o formatoda rede.

Antes do lançamento do “The QuantumProject”, a Miramax, ex-produtora indepen-

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dente, hoje subsidiária da Walt Disney Com-pany, já havia anunciado um acordo para lan-çar de 12 títulos de seu catálogo paradown-loada partir desta tecnologia da SightSound.

4.6 Televisão e InternetSeguindo a tendência de colocar programa-ção de TV na Internet, a rede de TV britâ-nica BBC (www.bbc.co.uk), anunciou a cri-ação do Creative Archive, um serviço gra-tuito que vai colocar todo o acervo de ima-gens da emissora, um dos maiores do mundo,à disposição dos internautas. O anúncio foifeito em agosto de 2003, no festival de TVde Edimburgo11, pelo diretor-geral da BBC,Greg Dyke, que não divulgou o cronogramado projeto.

Por todo o mundo, emissoras de TV, comoa americana ABC (www.abc.go.com) e a ita-liana RAI (www.rai.it), põem parte da pro-gramação na rede. O canal de esportes ESPNde TV por assinatura (www.espn.com) ofe-rece vídeos de esportes e também planejatransmitir ao vivo.

No Brasil, o Globo Media Center(www.gmc.globo.com), por exemplo,oferece, permanentemente, quase todas asatrações exibidas pela Rede Globo. Depoisque os programas vão ao ar, os vídeoslevam, em média, de duas a quatro horaspara entrar no site. Além da programaçãoda TV aberta, também ficam disponíveis nosite os conteúdos dos canais pagos GNT,Multishow e Sexy Hot.

Já o canal de notícias Globo News é trans-mitido ao vivo, 24 horaspor dia. Para acessar o acervo - que incluiprogramas antigos -, é preciso ser assinante

11 www.eif.co.uk

do Globo.com (www.globo.com) ou pagar amensalidade de acesso do Globo Media Cen-ter.

A brasileira Rede TV!(www.redetv.com.br), oferece sua pro-gramação ao vivo na Internet gratuitamente.Duas webcamsmostram o que se passaem outros estúdios da TV enquanto umprograma é transmitido. Há ainda uma vide-oteca com trechos de programas anteriores.

A Rede Bandeirantes, do Rio de Ja-neiro (www.tv.videomart.com.br/band), e aTV Cultura (www.tvcultura.com.br), tam-bém podem ser assistidas ao vivo pela Inter-net.

Além dos sites que trazem vídeos deprogramas produzidosoriginalmente para a TV, há um grandenúmero de endereços que oferecematrações especialmente feitas para exi-bição via Internet. O site Comfm(www.comfm.com) é um portal que trazlinks para quase 3.000 emissoras de TV detodo o mundo e oferece três novos canaistodos os dias.

No Brasil, a All TV (www.alltv.com.br),apresenta uma programaçãoao vivo, 24 horas por dia, que inclui noti-ciário, entrevistas e debates. Os programaspodem ser assistidos pelo Windows MediaPlayer, programa incluso no pacote de insta-lação do Windows. Foi a primeira do Brasilnesse aspecto. Atualmente, em São Paulo,a programação é transmitida também pelaTVA. Alguns programas da All TVonlinetêm “linha direta”, onde o usuário pode co-locar seu apelido, como numa sala de bate-papo e fazer perguntas aos apresentadoresdos programas, em tempo real. Além da pro-gramação ao vivo o site também possui pro-gramaçãoon demand, onde o usuário pode

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escolher programas inteiros para assistir, en-tre os programas distribuídos online nas úl-timas 72 horas. A distribuiçãoonlineé gra-tuita e se sustenta com patrocinadores que di-vulgam no site.

Há ainda uma infinidade de sites quetransmitem programas nos moldes da TV,mas ao vivo pela Internet, como o Inter-net TV (www.internetv.com.br) que trans-mite entrevistas ao vivo em horários específi-cos e o site TV OM (www.tvom.com.br) queé feito para os amantes de rodeios e transmiteas principais competições do esporte no país.Demanda e programação não faltam.

O importante na Internet é saber “garim-par” para achar o que se tem interesse e usu-fruir dessas facilidades sem limites de horá-rio nem a preocupação de horário certo paraassistir os programas, como nos canais deTV normal, pela facilidade da programaçãodisponívelon demand.

Faculdades e cursos de cinema além deutilizarem a distribuiçãoon demandde ví-deos, colocando seus trabalhos universitáriosgratuitamente em sites, também usam a di-vulgação como na TV, fazendo programasonline em tempo real que podem ser trans-mitidos em horários específicos.

O curso de Imagem e Som da UFS-Car desenvolve o projeto TELVIS(www.telvis.ies.ufscar.br), uma TVon-line que transmite programas ao vivo, feitospelos alunos a cada 15 dias, e depois dis-ponibiliza o conteúdoon demandtambém.Com isso, os alunos aprendem a trabalharcom essa nova tecnologia, ampliando osconhecimentos teóricos para a prática, edivulgam seus trabalhos. Além da trans-missão pela Internet os programas podemser vistos em um telão dentro do teatro doDepartamento do curso. O site contém fotos,

notícias, informações sobre os programas esobre o projeto.

4.7 Distribuição deCurta-metragem

A distribuição de vídeos de curta dura-ção na Internet é realizada através de si-tes que disponibilizam serviços, pagos ounão, e através de festivais de vídeo fei-tos exclusivamente para a Internet. A In-ternet fornece cada vez mais ferramentase possibilidades para que os realizadoreshospedem e exibam seus filmes utilizandoa tecnologia destreaming, além de forne-cer gratuitamente uma série desoftwaresque podem ajudar na produção e distribui-ção. Sites como o Icast (www.icast.com),AntEye (www.anteye.com) e CameraPlanet(www.cameraplanet.com) proporcionam umvasto espaço em seus servidores para hospe-dar e fornecer vídeos emstreaming. Para osvisitantes há sempre a possibilidade de criarcanais personalizados com os vídeos preferi-dos e de entrar em contato com o realizador.

Muitos realizadores estão construindo suaaudiência através da Internet. Se antes elesprecisavam ir até aos festivais para seremvistos e para mostrar seus trabalhos, agorapodem utilizar também a Internet. O filme"More"de Mark Osborne (EUA, 1998)12, porexemplo, apesar de ter sido indicado ao Os-car e ganho prêmios em festivais, é um curta-metragem de 6 minutos que teria caído no es-quecimento se não fosse a Internet. "More",exibido pela Ifilm (www.ifilm.com) ficou 1ano na lista dos filmes mais acessados e Os-borne ganhou uma legião de admiradores.

Há pequenos produtores e diretores inde-

12 www.scifi.com/exposure/frameup/more.html

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pendentes no Brasil, na maioria das vezes,estudantes de cinema, que após finalizaremseus vídeos de baixo custo, fazem um site naInternet para divulgação dos mesmos, onde“montam” uma pequena loja virtual paravender coletâneas dos vídeos, geralmenteem VHS ou CD, como no exemplo do sitewww.brv.xuxe.nom.br. Em alguns casos es-ses produtores idependentes conseguem pro-jeção e ganham popularidade, como é o casodo Pepa Filmes (www.pepafilmes.com.br)que disponibiliza seus projetos para down-load e já é reconhecido e entrevistado porJornais e canais de TV, como Canal Brasil.Segue abaixo a análise dos sites especializa-dos na distribuição de produtos audiovisuasde curta duração,:

4.7.1 Portacurtas

O site PortaCurtas (www.portacurtas.com.br) é um projeto desenvolvido pela SynapseProduções com patrocínio do programa Pe-trobras Cinema, para disponibilizar na Inter-net a produção nacional de filmes de curta-metragem.

O site oferece um grande acervo de curtasmetragens para exibiçãoonline e ferramen-tas de pesquisa num banco de dados de maisde 1.400 filmes, diretores, elenco e até diá-logos. Para assistir aos filmes é preciso umprograma básico de áudio e imagem como oWindows Media Player13 ou o Realplayer14.Não é possível copiar os filmes para um com-putador pessoal. Os cineastas/produtores te-rão participação (royalties) das receitas gera-das pela inserção de publicidade, associada àexibição de seus filmes, via tecnologiastrea-

13 www.microsoft.com/downloads14 www.real.com

ming15 (como Realplayer, etc.) e também daarrecadação com a comercialização destre-amingssem anúncios,downloadde filmespara usuários com conexão banda larga, oumesmo venda de filmes ou coletâneas emVHS ou DVD (no caso de curtas-metragens,compilações com um mínimo de títulos sele-cionados diretamente por cada comprador).

Os cineastas/produtores, detentores dosdireitos autorais, receberão uma senha, an-tes do início das operações do site, e comela poderão verificaronline, a qualquer mo-mento, os créditos de cada um de seus filmes,relativamente a cada uma das formas de re-ceita acima. Relatórios anuais serão envia-dos também por correio, e as transferênciasderoyaltiesrealizadas em até 30 dias após aemissão de cada relatório.

4.7.2 E-movies

Empresa para divulgação de curtas-metragens nacionais nas mídias tradicionaise em novos mercados como linhas aéreas,aeroportos, Internet, instituições, tvs a cabo,etc. Os filmes serão exibidos em rodíziono site (www.e-movies.com.br), a titulo dedivulgação, sem pagamento. O acervo éconstituído de vários formatos de filmes(Super 8, 16mm, 35mm, super VHS, Beta,Digital) e de cineastas iniciantes até os maisfamosos.

4.7.3 Proyecto Rayuel

O projeto Rayuel, de promoção cultural,e a empresa sueca CaribeVision, especia-lizada em cabos, fibra ótica, comunicaçãoe publicidade, oferecem aos produtores la-tino americanos a possibilidade de colocar

15 áudio e vídeo em tempo real

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O cinema e a produção audiovisual 11

gratuitamente os seus produtos na Internet(www.caribevision.com) como: videoclipes,peças teatrais e monólogos,trailers de filmesou documentários, vídeo-arte etc.

4.7.4 Eveo

O EVEO (www.eveo.com), um dos sitesde streaming de vídeo mais conhecidos,que significa"everyone’s a director"("Todomundo é um diretor"), continha um catálogode 2.500 vídeos e uma rede de 1.500 realiza-dores formando seu canal. O site se transfor-mou em 2003 e acabou se lançando agressi-vamente numa nova direção: o Eveobiz.comque irá desenvolver uma plataforma “eVideopara eBusiness” com a qual pretende inte-grar eficientemente a criação, ostreamingeo processo de distribuição de vídeos para ne-gócios externos. Uma espécie de nova solu-ção para originar, aplicar, distribuir e gerarreceita com ostreamingde vídeo na Inter-net. Em entrevista à indieWIRE16, o diretordo EVEO, Olivier Zitoun, declarou que seusonho inicial com o EVEO era “democrati-zar o cinema através da Internet”.

4.7.5 Atomfilms

A Atomfilms (www.atomfilms.com) é umdos maiores e mais bem sucedidos sitesprovedores de entretenimento atualmente,e em conjunto com a Shockwave.com(www.shockwave.com) que distribui jogos,formam a AtomShockwave Corporation edisponibilizam na Internet um acervo comjogos e os melhores curtas-metragens e ani-mações já produzidos. A maior parte dessesvídeos é de produtores independentes, sendo

16 www.indiewire.com - site de comunidade e fontepara produtores independentes

que qualquer pessoa pode colocar gratuita-mente seu trabalho neste site, que passarápor uma seleção, devido ao grande númerode material recebido todos os dias. O grandesegredo dessa empresa, que consegue atin-gir cerca de 16 milhões de visitantes ao mês,segundo informações publicadas no própriosite, se deve à sólidas parceirias com empre-sas de grande porte.

Mais de 200 parceiros patrocinam e fa-zem propaganda de suas empresas no siteda Atom. As boas estratégias dão umagrande audiência estimulando cada vez maiso investimento de empresas no site, comopor exemplo, a parceria com a Lucas On-line, divisão da Lucasfilm, produtora dofilme “Guerra nas Estrelas” do diretor Ge-orge Lucas. A Atomfilms abriu espaço paraque paródias e documentários sobre o filme“Guerra nas Estrelas” fossem exibidos nosite. Além de esse projeto ter estimulado acriatividade de cineastas amadores e anima-dores - permitindo a exposição de seus traba-lhos num site de grande sucesso - os seleci-onados pela Atomfilms receberam parte doslucros gerados pelo projeto com propaganda.

O mais novo investimento da Atom Filmsé a criação de um canal na TV a cabo de-dicado exclusivamente a filmes de curta du-ração, colocando no ar toda sua coleção decurtas e animações.

4.7.6 Anima Mundi Web

O Anima Mundi Web(www.animamundiweb.com.br) é a ver-são virtual do Anima Mundi, um dosmais destacados festivais internacionais deanimação do mundo. Desde 2000, vemrealizando a competição online, onde osusuários podem votar pelo site, priorizando

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os trabalhos que utilizam ferramentasde animação específicas para a Internet,como o programa Flash, da Macromedia(www.macromedia.com), onde é possívelfazer animações e exportar vídeos em for-mato compatíveis com os disponibilizadosna rede.

4.7.7 FIFI - Festival du FilmDel’Internet

Criado em 1999 na França, o FIFI - Fes-tival International du Film de l’Internet(www.fififestival.net) apresenta em sua sele-ção todo e qualquer produto audiovisual enarrativa procedente de um endereço na In-ternet. Essa concepção abrangente da produ-ção e exibição faz deste festival um dos maisdemocráticos e diferenciados na Internet.

4.7.8 Fluxus - Festival Internacional deCinema pela Internet

Este festival tem como principal caracte-rística o fato de ser exclusivamente vir-tual. Em sua quarta edição, o Fluxus -Festival Internacional de Cinema na Internet(www.fluxusonline.com) pretende discutir ocruzamento entre mídias (cinema, vídeo, In-ternet), suportes, linguagens e gêneros, apre-sentando em sua competição documentários,animações, filmes e vídeos de narrativa fic-cional e experimental. Na sua terceira edi-ção em 2002, o Fluxus recebeu 351 trabalhosdos mais diversos formatos, estilos e gêne-ros, inscritos de todas as partes do mundo.A nova edição do festival tende a valorizar ocinema contemporâneo e todo trabalho queincorpora em si o conceito de imagem emmovimento. Esta diversidade expressiva po-derá ser observada nos trabalhos de web-

arte, que competem na nova categoria, In-teractiva, e que absorvem em si diferentesmídias concretizando um modelo audiovi-sual próprio para a Internet. A categoria E-cinema traz 15 filmes que mostram tambémuma grande variedade de mídias e parâme-tros temáticos. Curtas de ficção, vídeo-arte eexperiências videográficas juntos na mesmacategoria, para comprovar que as fronteirastecnológicas e criativas já não podem ter umlimite certo para demarcação. Já a categoriaAnémic traz as mais variadas técnicas de ani-mação, do videoclipe à ficção, do sensorialao conceitual. Mais uma vez, as animaçõesem formato digital (Flash) são agrupadas àsanimações tradicionais para que os especta-dores possam notar sua valorização e desen-volvimento estético, haja visto que é umatecnologia desenvolvida para a Internet. Osdocumentários também trabalham com a fle-xibilidade do vídeo digital.

4.7.9 Justoaqui

A Justoaqui (www.justoaqui.com.br) é o pri-meiro “Guia Brasileiro de Mídia na Inter-net”. Os realizadores do site acreditam quea tendência da Internet é se tornar, cada vezmais, uma mídia completa com rico con-teúdo de áudio e vídeo.

A proposta da Justoaqui é de classificar,comentar e disponibilizar este material exis-tente na Internet (vídeo, tv,webcame esta-ções de rádio), indicando o caminho desteconteúdo ao usuário, de forma a simplificare objetivar o acesso a ele, não se restringindoapenas em catalogar ou buscar endereços desites na Internet, mas também a jogar umolhar crítico sobre este conteúdo. Por nãoproduzir conteúdo próprio, a Justoaqui temtotal independência de ponto de vista e, com

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O cinema e a produção audiovisual 13

uma equipe de críticos, comentaristas e es-pecialistas de conteúdo audiovisual, a metada Justoaqui é oferecer um serviço que setorne uma referência para o internauta. Alémde identificar e comentar mídias disponíveisna Internet, a Justoaqui oferece também, emcada vídeo ou áudio, uma tribuna livre paraos seus usuários deixarem críticas e comen-tários. Estes são somados aos comentáriosda equipe da Justoaqui, consolidando o as-pecto independente da crítica e aumentandoa sua confiabilidade.

A Justoaqui pretende contribuir no desen-volvimento deste novo tipo de mídia, lan-çando em breve um programa de patrocíniode produções independentes de conteúdo au-diovisual na Internet. Produtores de vídeoe áudio poderão enviar seus projetos para aJustoaqui, que terão sua qualidade avaliadapor uma equipe especializada. Caso apro-vado, o material poderá ser digitalizado ehospedado no site do Justoaqui sem custo ne-nhum para o produtor.

4.7.10 Senef Online Festival

Como resposta à emergência das produçõesaudiovisuais que utilizam novas tecnologias,desde o ano de 2000 o Seoul Net Festival,na Coréia, realiza sua versãoonline. O fes-tival procura antever o panorama da tecno-logia digital, de trabalhos realizados especi-ficamente para a Internet. O SeNef OnlineFestival (www.senef.net) promove as novaspropostas que redefinem as fronteiras do ci-nema como linguagem.

4.7.11 Yahoo Online Festival

O Yahoo Online Festival (www.onlinefilmfestival.com) começou na Internet e atual-

mente promove uma festa nada virtual numhotel em Los Angeles. O filme "Time-code"17, de Mike Figgis (2000), teve sua pré-estréia no Yahoo Festival. Figgis usou a In-ternet para produzir e promover o filme e emseu site, foi feito ummaking ofda produção,em que era possível acompanhar a filmageme as reuniões do elenco, e ver algumas dascenas sendo filmadas.

"Timecode", cuja atriz principal é SalmaHayek, tem um formato inusitado: são qua-tro histórias filmadas com uma câmera digi-tal, que acontecem ao mesmo tempo em qua-tro cantos da tela, e cujos personagens se en-contram ao final do filme.

Outros participantes do festival sãoSam Solokow e Rob Robbins Lobl, quedirigiram o filme "The Definite Maybe"18,lançado pela Internet. No site (mo-vies.yahoo.com/onlinefilmfestival) osvisitantes podem votar no melhor curta-metragem e no melhor curta de animação,entre 24 filmes. Muitos deles saíram desites de cinema independente como Ifilm(www.ifilm.com) e do excelente AtomFilms.

Os vencedores do Yahoo Festival terãoseus filmes distribuídos nos sites Atom-Films, IFilm, IMDb e pelo programaAdvantage da Amazon. Outros sites decinema que participam da festa do Yahoo:CinemaNow (www.cinemanow.com),Honkworm (www.honkworm.com),IMDB (www.imdb.com), Hit-Play (www.hitplay.com), Mandalay(www.mandalay.com), Pop (www.pop.com),empresa da DreamWorks e SightSound(www.sighsound.com).

O site StreamSearch (www.streamsearch

17 www.imdb.com/title/tt0220100/18 www.ifilm.com/filmdetail?ifilmid=5760

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.com) promove também um festival, queacontece desde fevereiro na Internet. O Stre-amSearch tem uma quantidade enorme defilmes de cinema e TV, em sua maioria pro-duções comerciais, e funciona também comouma agenda de vídeos e filmes em outros si-tes.

4.7.12 Pocket Movies

O Pocket Movies (www.pocketmovies.net) éum site pessoal criado em agosto de 2000 porJérôme Neuvéglise, um francês que destinaseu tempo livre para distribuição de curtas-metragens na Internet. Embora a estruturacomercial do site seja pequena, o Pocket Mo-vies consegue atingir um público fiel e re-lativamente grande, alcançando uma popula-ridade semelhante a de grandes sites distri-buidores de curtas-metragens. O site possuium acervo de ótima qualidade, porém exis-tem restrições de espaço em banco de da-dos devido à falta de investimento. SegundoJérôme “existe um custo alto para que hajauma transferência de arquivos do banco dedados do site para um computador pessoalde 50/60 GB por dia (fluxo atual dedownlo-adsdiários)” (2003, www.pocketmovies.net)e para manter o site ativo, muitas vezesé preciso retirar alguns vídeos e adiar asatualizações nos curtas-metragens distribuí-dos. Ainda assim o número de pessoas quefreqüentam e participam dos fóruns disponí-veis no site é significativo.

4.7.13 Ifilm

O IFILM (www.ifilm.com) é atualmente umdos maiores sites destreamingde vídeo,atraindo uma audiência mensal de aproxima-damente sete milhões de consumidores de

entretenimento. Possui uma vasta coleção decurtas-metragens, clipes, comerciais etrai-lersde filmes e jogos.

A rede do IFILM inclui parceiros de dis-tribuiçãoonlinecomo o Yahoo Movies, Win-dowsMedia, RealNetworks, Xolox19 e tam-bém parceiros de distribuiçãooffline20 comoos canais Independent Film Channel21 eNBC22. A IFILM também oferece um cardá-pio para soluções de marketing para comuni-cação em banda larga.

4.7.14 BMW Films

É uma série de curtas-metragens, intitulada“The Hire”, criada pelos maiores talentos deHollywood, como o diretor John Woo, ba-sicamente para fazer propaganda dos carrosda BMW (famosa marca de carros). Há nosite (www.bmwfilms.com) a possibilidadede comprar o DVD, com oito vídeos estre-lados pelo ator Clive Owen (de “IdentidadeBourne”) no papel do motorista. As mano-bras exibicionistas dos carros nos vídeos sãofeitas por uma equipe especializada de mo-toristas da BMW.

Algumas faculdades de audiovisual brasi-leiras mantêm servidores com vídeos expe-rimentais ou trabalhos de curso de seus alu-nos disponíveis em sites, onde usuários po-dem acessar e assistir gratuitamente. Issocolabora também para a divulgação dos cur-sos de audiovisual no Brasil, que já são umdos mais concorridos dos vestibulares, mos-

19 Programa para compartilhamento de arquivoscomo o Kazaa. Busca muito eficiente para ar-quivos de áudio, vídeo,softwares, imagens, etc.(www.xolox.nl)

20 disponível fora da Internet também21 www.ifctv.com/ifc22 www.nbc.com

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trando os trabalhos desenvolvidos na facul-dade, para que estudantes possam assistir eoptar melhor por um curso de cinema ou pelafaculdade.

O curso de Imagem e Som da Universi-dade Federal de São Carlos mantém, desde2002, um banco de dados digital para vídeosfeitos pelos alunos, com o objetivo de divul-gar toda a produção audiovisual do curso di-gitalmente, independente da forma de cap-tação. Esse serviço do servidor é gratuito,mas só permite 25 conexões simultâneas, oque pode ser alterado e aumentado de acordocom a demanda de usuários. O site (vi-deos.ies.ufscar.br) utiliza a tecnologia da Re-alNetworks.

4.8 Tecnologia na distribuição devídeos na Internet

Uma grande parte dos vídeos disponibiliza-dos na Internet utilizam uma tecnologia cha-madastreaming, que é uma forma de trans-mitir áudio e/ou vídeo através da Internetou de qualquer outra rede. Essa ferramentapermite que o vídeo possa ser assistido semprecisar aguardar odownloadcompleto doarquivo. Isso permite, entre outras coisas,transmissão ao vivo de rádio e TV através daInternet.

Quando se fazdownload tradicional deum arquivo de vídeo, por exemplo, é neces-sário que todo o arquivo seja salvo no com-putador para só então abrí-lo, ou seja, sãodois processos: um de fazer odownload,“baixar”, e outro de abrir o arquivo. Com ostreamingo computador fica constantementerecebendo o áudio ou vídeo, que já é apre-sentado ao usuário quase que instantanea-mente.

Quando se faz uma transmissão emstrea-

ming, o computador do usuário precisa rece-ber as informações da Internet rapidamente.Quando isso não acontece, a transmissãoé temporariamente interrompida, por issoexiste a necessidade de que os usuários pos-suam Internet rápida (banda larga) para quea distribuição alcance êxito. A cada dia, no-vas técnicas são desenvolvidas e tecnologiasaperfeiçoadas, mas ainda falta muito paraque as transmissões emstreamingalcancemuma qualidade de som e imagem semelhan-tes a um DVD. O motivo é simples: velo-cidade e estabilidade da conexão. Como amaioria dos usuários ainda não tem uma co-nexão veloz o suficiente, é preciso abrir mãoda qualidade para que a transmissão se torneviável. Quanto maior a qualidade do áudioe/ou vídeo, mais rápida precisa ser a cone-xão do usuário e, também, do provedor ondeo servidor destreamingestá hospedado.

Na área destreaming, como em todomercado emergente, as empresas fabricantesde programas vivem uma verdadeira guerrapara conquistar consumidores. Há pelo me-nos setesoftwaresdisputando a preferênciado usuário. Para o internauta, isso tem al-gumas conseqüências ruins: a necessidadede instalar vários programas no computadorpara ouvir e ver o conteúdo oferecido portodos os sites. Embora não exista um pa-drão único parastreaming, três empresas jáse firmaram como líderes absolutos: a Re-alNetworks, fabricante do RealPlayer, atuallíder de mercado; a Microsoft, que dispõe doWindows Media Player e a Apple, criadorado QuickTime (www.apple.com/quicktime).Os três padrões são incompatíveis entre si,por isso a maioria dos sites distribuidores deprodutos audiovisuais disponibilizam e/ouutilizam todas as tecnologias, sempre dando

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opção de download dos trêsplayerse o usuá-rio escolhe qual programa utilizar.

A RealNetworks se beneficiou do seu pró-prio pioneirismo e tem um grande número deadeptos, mas a Microsoft investe muito paraconquistar o mercado - chegando a distribuirseu programa no pacote de instalação do sis-tema operacional Windows, uma excelenteestratégia que ajuda osoftwarea se fixar nomercado rapidamente.

O Quicktime em sua versão 6.0 atingiu orecorde23 de 25 milhões dedownloadsemmenos de 100 dias. Isso ocorreu pelo fato dosoftwaresuportar agora o formato MPEG4,que a Apple pretende divulgar e transformarem um padrão de vídeo na Internet. Segundoa empresa, o MPEG-4 tem melhor qualidadeque o formato MPEG-2, usado em DVDs.

Essessoftwaresjuntos cobrem mais de90% das necessidades do internauta na visu-alização destreaming.

As empresas continuam pesquisando pararesolver os diversos problemas que aindaatrapalham a distribuição de vídeos na Inter-net. Existem ainda muitos fatores que po-dem atrapalhar a transmissão, como um pos-sível congestionamento na rede, por exem-plo, onde várias pessoas tentam assistir aum vídeo ou filme no mesmo momento e,quando isso ocorre, o computador do usuá-rio não consegue receber as informações deforma rápida o suficiente e a transmissão éinterrompida.

A Real, fabricante do Real Player, lançouhá algum tempo uma tecnologia chamadaSureStream. Quando um áudio ou vídeo é

23 Dados do site“http://www.lojapple.pt/news/news.html“ dedi-cada a alguns destaques das notícias dos principaisportais de notícias relacionados com a Apple -18/out/2002

transmitido em SureStream, sua qualidade seadapta às condições de rede e velocidade deconexão do usuário, ou seja, quanto mais rá-pidas estiverem as condições de rede, melhorserá a qualidade do áudio/vídeo transmitido.Esta qualidade pode variar durante a repro-dução. A Microsoft, logo em seguida, criouum sistema semelhante para o Windows Me-dia Player, desta forma as empresas seguemna disputa do mercado e surgem novas for-mas de melhorar o processo de distribuição.

Outra tecnologia que deu início à popula-rização da distribuição de produtos audiovi-suais na Internet é o Divx, umcodec(com-pressor/descompressor) que permite a exibi-ção de vídeo em alta qualidade. O Divx foibaseado nocodecMPEG-4, que é embutidono Windows Media, da Microsoft, e rapida-mente ganhou status por sua poderosa capa-cidade de compressão, permitindo a troca defilmes inteiros pela rede, sendo capaz de re-duzir um vídeo cerca de 15% do seu tama-nho, sem perda de qualidade. Desta forma, épotencializada a possibilidade de manipularcom eficiência a qualidade das imagens casoexistam problemas de comunicação e de lar-gura de banda, muito comuns na visualiza-ção dostreaming. Se houver uma queda navelocidade e na quantidade de dados recebi-dos da rede, oplayermanda uma solicitaçãode reajuste da qualidade da imagem para oservidor evitando que haja uma interrupção ea perda de qualidade seja pouco perceptível,já que somente a qualidade de alguns objetosé alterada e não de todo o vídeo como na tec-nologia SureStream. O Divx atualmente nãopermite ostreamingde vídeo, mas já possuium projeto em desenvolvimento.

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4.9 Projeção digitalO impacto das tecnologias digitais na distri-buição cinematográfica já é tema de debatesconstantes. A transmissão digital de dadosvia satélite está revolucionando a distribui-ção de filmes. Segundo Edson Sofiatti, daempresa Star One24, “um filme pode estar aomesmo tempo em cinemas dos quatro can-tos do país com custos muito menores para odistribuidor em relação à cópia em película”(2003, www.starone.com.br). Os sistemasde transmissão e armazenamento da imageme do som de um filme, além das tecnolo-gias de compressão e transmissão, se bene-ficiam também de tecnologias originalmentedesenvolvidas para outros setores, como porexemplo, os sistemas de criptografia, desen-volvido para o setor bancário, o que torna osistema seguro.

O filme será transmitido para os cinemasinteressados, que armazenarão os dados nocomputador e terão o direito de exibi-lo umcerto número de vezes. Isso permite umaenorme agilização da distribuição de filmese uma redução considerável dos custos detransporte, estocagem e legendagem.

Essa economia beneficia, num primeiromomento, o distribuidor. Pequenos produ-tores poderão ganhar também, pois terãoacesso a circuitos de exibição maiores, já queo custo de produção de cópias no novo sis-tema é bastante inferior ao de cópias em pe-lícula. Do lado do espectador, a grande van-tagem é assistir a cópias sempre novas, semperdas de qualidade de imagem e som, dis-poníveis num número maior de salas.

Junto com a evolução na qualidade de

24 Empresa com o primeiro serviço deacesso à Internet via satélite do Brasil –http://www.starone.com.br

captação de imagens em vídeo, a sofis-ticação dos recursos de computação grá-fica, a expansão da Internet em bandalarga e a possibilidade técnica de gravarem vídeo na velocidade de projeção docinema, pode-se agregar um quinto ele-mento e chegar ao que podemos chamar de“e-cinema - electronic cinema” (BLASIIS,2002, www.kinoforum.org). Esse último ele-mento é a projeção digital.

Neste novo formato, poderemos exibirprodutos audiovisuais originados de vídeoou de película e finalizados eletronicamente,com resolução de mais de 2 milhões depi-xels25 e som multicanal digital. Este novoproduto poderá ser "transmitido"via satéliteou fibra ótica de um único centro de distri-buição para muitas salas de cinema e tam-bém poderá ser exibido a partir de CDs comalta resolução de imagens. Nos dois casos, aprojeção digital representa uma grande eco-nomia para os setores de produção e distri-buição, o que poderá trazer uma grande de-mocratização de alcance nos meios de proje-ção.

Poderemos ter de volta salas de cinema depequeno porte (principalmente nas cidadesdo interior), com programações compradasvia Internet e exibida via satélite; em algunscasos, a programação poderá ser adquiridaem consignação, de acordo com a demandade sessões necessárias para cada local. Essenovo cinema pode ser um aliado das gran-des distribuidoras, que buscam nele uma ma-neira de baratear seus custos de distribuição,pode também propiciar o surgimento de no-vas distribuidoras independentes o que, em

25 Os pixels podem ser definidos como pontos quecompõem a imagem, quanto maior o número de pi-xels, maior será a definição da imagem obtida.

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conjunto com as demais transformações jáem andamento, pode se tornar um importantefator para o aumento da participação de fil-mes brasileiros no mercado exibidor.

A grande questão do momento é quemirá pagar por uma transformação tão radi-cal no setor audiovisual. Atualmente, deacordo com a Associação Cultural Kinofo-rum, um blockbusteramericano gasta emtorno de US$ 15 milhões em cópias para asua distribuição mundial. No total, o mer-cado dos grandes estúdios gasta por volta deUS$ 4 bilhões ao ano em distribuição e exi-bição, num mercado mundial de cerca de 125mil salas de cinema (35 mil das quais situa-das nos Estados Unidos). Uma análise feitacom os custos atuais de instalação de umasala de projeção digital conclui que, em dezanos, teremos por volta de 135 mil salas pa-drão contra cinco mil digitais. Mesmo coma grande pressão que os produtores exerce-rão sobre as redes de exibição para que seadeqüem ao sistema de projeção digital, oscustos falarão mais alto ao exibidor. Seráuma grande disputa entre produtores e exi-bidores.

Esses fatores não impedem que a projeçãodigital possibilite o surgimento de espaçosalternativos de exibição para produtos quepoderiam jamais chegar ao público de outraforma, ou até mesmo deixarem de ser produ-zidos.

A conjunção desses fatores não está tãolonge de nós, mas já é o resultado de um pro-cesso em andamento. Atualmente, convivemduas grandes vertentes: aqueles que produ-zem eletronicamente para exibir em películaou em digital, e aqueles que produzem empelícula para finalizar e exibir por meio óp-tico ou eletrônico. No campo óptico, pratica-mente tudo já foi experimentado e as novas

tecnologias apontam para sua superação - hápelo menos dez anos a computação gráficae a composição digital dominam o chamado"cinema de efeitos especiais".

Futuramente a Internet irá complementaro processo de digitalização dos filmes lan-çados nos cinemas podendo realizar a suatransmissão para os projetores digitais naexibição em grande escala. A exclusão dapelícula nesses procedimentos de exibiçãodigital de um filme pode ser uma conseqüên-cia. Isto aconteceu recentemente pela pri-meira vez, em caráter experimental com odesenho animado “Titan A.E”26 dos estúdiosFox.

O desenho animado de ficção científica foicompletamente transmitido pela Internet daCalifórnia (EUA) para um projetor digital deum cinema em Atlanta (EUA). O arquivo detamanho “gigante” (50 gigabytes), mesmocom conexões hiper velozes especiais, de-morou 4 horas para completar odownload.O filme “Star Wars - A Ameaça Fantasma”,por exemplo, foi exibido digitalmente, mas“Titan A. E” é o primeiro filme a ser trans-mitido pela Internet.

Os grandes executivos das empresas en-volvidas na operação acreditam que aindavai demorar muitos anos para que o cinemaveja o fim da película, pois os custos parauma exibição digital ainda são muito altose as transmissões via Internet colocam emrisco a questão dos direitos autorais e a pi-rataria.

26 www.preview-online.com/may_june00/feature_articles/TitanAe/

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5 Conclusão

Mesmo que ainda demore a ser tão agradávelver um filme pela Internet quanto no cinemaou na TV, o cinema digital já está funcio-nando como laboratório de ensaio para novoscineastas, reduzindo enormemente os custosde produção e distribuição. Se um filme rom-per barreiras e conquistar um público na In-ternet, é mais que meio caminho andado parachegar à tela grande.

Das experiências cinematográficas onlinepoucas exploram o conceito mais amplo deinteratividade. Mas não é obrigatório quetudo seja interativo. Atualmente abusa-sedemais no emprego da palavra "interativi-dade"e nem sempre se usa esse termo nosentido mais exato. “Fundamentalmente, in-teratividade é a propriedade de um sistemade admitir a intervenção ativa de um agenteexterno como um concriado da obra” (MA-CHADO, 2002, www.justoaqui.com.br).

Nem sempre o que se vende como intera-tividade dá de fato ao espectador esse poten-cial criativo. Por exemplo, há filmes lança-dos no mercado em DVD e vendidos como"filme interativo". Na verdade, o especta-dor que entra nesse filme não monta seu pró-prio filme, mas apenas obtém um filme for-matado especialmente para ele. Uma sériede questionários inseridos ao longo da narra-tiva vai permitindo ao programa selecionarapenas aquelas situações dramáticas que oespectador teoricamente deve considerar asideais. O resultado é um filme linear, atémesmo convencional, só que personalizado,ou seja, nele só acontece o que o especta-dor, em função de seus valores, gostaria queacontecesse em todo e qualquer filme.

O estudo das ferramentas de trabalho dis-ponibilizadas na Internet é uma forma de

“parametrizar o diálogo entre os procedi-mentos analógicos e os recursos digitais,aplicados não somente nos canais de cinemana Internet, mas na produção audiovisual emgeral” (MASSAROLO, 2001, p.2).

O resgate da linguagem audiovisual ea atualização dos “conteúdos cinemáticos”(MASSAROLO, 2001, p.3) fazem parte doprocesso de integração dos procedimentos deprodução. Na era do entretenimento digitalnão existem dúvidas de que a Internet é amídia ideal para a exibição e a promoção defilmes e vídeosonline, e uma das questõescentrais que fica em aberto na produção au-diovisual independente são as relações entreos produtores das mídias digitais e as empre-sas de telefonia e provedores, principalmentesobre direitos autorais.

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