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O CINEMA COMO FONTE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

DE HISTÓRIA

Autora: Lucinéia Aparecida Valim da Silva1

Orientadora: Regina Célia Alegro2

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo refletir acerca da importância do cinema como

fonte de ensino e aprendizagem em História. A busca da compreensão de sua

importância na produção da consciência histórica leva a analisar várias

possibilidades para sua utilização. O cinema precisa ser visto no contexto escolar,

não como meio de “matar a aula”, mas, como fonte que, sendo bem utilizada, é

capaz de levar à produção de conhecimento histórico. Para tanto, é necessária a

compreensão do processo a ser desenvolvido para a utilização do cinema como

fonte. Na oficina desenvolvida com professores da Rede Pública de Ensino

realizamos discussões sobre a temática tendo ficado claro que muitos não utilizam o

cinema como fonte, por insegurança. Ao compreendermos o desenvolvimento das

ações pedagógicas com a utilização de filme, a aula torna-se mais agradável e os

alunos são levados ao desenvolvimento de um saber comprometido com a mudança

pessoal e social, pois a análise do filme como documento estimula a que se

compreendam como agentes fundamentais no processo de transformação da

sociedade, a tornarem-se críticos e cidadãos comprometidos com seu meio social.

Assim a exploração de filmes em sala de aula permite alcançar os objetivos

propostos pelas Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Para tanto é preciso

repensar a prática dos professores em relação à utilização de fontes históricas em

sala de aula, assim, o contexto escolar vai aos poucos se alterando de forma

positiva.

Palavras-chave: Ensino de História; Cinema; Documentos na sala de aula.

1- INTRODUÇÃO

O avanço tecnológico tem sido notório em todas as áreas do saber. No

tocante a área de Ensino, é fundamental que se compreenda esta evolução e a

veja como estratégias para se alcançar a grande meta que é o ensino-

aprendizagem. Para tanto, temos a necessidade de acesso à tecnologia, bem

1 Aluna PDE 2011

2 Departamento de História, Universidade Estadual de Londrina.

como, o conhecimento da utilização dos mesmos. Cabe-nos a tarefa de

buscarmos os recursos e, sobretudo o conhecimento de tais. (CINELLI, 2003,

p.13), afirma:

Começa a era da comunicação audiovisual e eletrônica, e se trata

processo complexo que abrange a pedagogia, a psicologia e

Sociologia, que por sua vez, engloba o racional e o imaginário e

formulam problemas teóricos, abstratos, como também problemas

teóricos, abstratos, como também problemas de material, técnica e

de infra-estrutura.

No tocante a utilização das tecnologias, assim como o cinema como

fonte no processo de ensino e aprendizagem de História, podemos perceber

que muitos não utilizam o cinema, por não terem a compreensão de sua

importância, bem como, a falta da busca de melhor utilização do mesmo. Ao

optarmos pelo cinema enquanto fonte cabe o desafio de buscarmos a

compreensão desta proposta através das pesquisas já realizada, bem como,

das reflexões com professores, sobre esta prática.

A escolha desta temática tem por base, o reconhecimento da riqueza

deste recurso em possibilidades e a compreensão de que, por falta de

conhecimento e até mesmo de acesso a filmes que possam colaborar

ricamente com o processo educacional, os mesmos deixam de ser utilizado. A

intenção é que se possa ter um novo olhar, por parte dos professores sobre o

filme como recurso didático. A proposta é de que este material possa servir de

subsidio para auxilio dos professores nas aulas de História e áreas afins.

Este trabalho foi realizado com professores da Rede Pública de Ensino

de Escolas Estaduais de Londrina, através de oficinas. Para tanto houve a

divulgação da mesma entre professores por via de e-mail aos Colégios, e os

professores interessados, fizeram a inscrição para participação das atividades.

O mesmo foi realizado no Colégio Estadual Nilo Peçanha, e contou com a

participação de professores de várias escolas. Além da teoria foram

proporcionadas atividades práticas. Para as mesmas contamos com a

colaboração de professores convidados (não inscritos na oficina) para nos

auxiliar nas atividades práticas, tais como: fazer recortes de filmes; práticas

com recortes de filmes; produção de desenhos animados pelos alunos; a

importância de analisarmos a trilha sonora dos filmes. Em todas as atividades

houve um total envolvimento dos participantes e, sobretudo, o contentamento

no desenvolvimento das mesmas. Através das atividades propostas foi possível

a troca de experiências possibilitando a visualização das limitações comuns ao

se trabalhar o cinema como fonte.

Ficou evidente que o interesse pela oficina se deu pela necessidade de

buscarmos alternativas didáticas para auxilio na dinamização das aulas, diante

do fato de que o cinema torna a aula mais atraente e dinamiza as exposições

de conteúdos. A proposta é que esta produção ao final do PDE venha auxiliar

na prática pedagógica cotidiana, levando a uma melhoria na forma de se

trabalhar os conteúdos e que nesta feita leve a professores e alunos à

concretização de seus objetivos.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA: O CINEMA COMO FONTE E A SUA

IMPORTÂNCIA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA.

2.1. O Cinema como fonte de pesquisa e ensino em História.

Nas últimas décadas, temos acompanhando uma grande evolução

tecnológica que muitas vezes não tem ocupado o espaço da sala de aula.

Desta feita torna-se também necessário que esta evolução faça parte do

contexto escolar. Para tanto, temos dois desafios: O acesso aos recursos e a

necessidade do conhecimento de seu manuseio.

No processo de reflexão sobre a prática escolar torna-se necessário a

busca de alternativa de fontes a ser utilizada. Para tanto, é importante termos

claro a diferença entre as fontes e os recursos. Fonte histórica “é todo e

qualquer tipo de registro e vestígio do passado deixado por sujeitos históricos,

que permite a análise, interpretação e reconstrução de um acontecimento ou

período histórico”. (ABRÃO, 2002). Já o recurso didático pode ser

compreendido como “componentes do ambiente de aprendizagem que

estimulam o aluno”. Podendo também ser compreendido como “[...] métodos

pedagógicos empregados no ensino de algum conteúdo ou transmissão de

informações”. (UEM, 2008). Analisando estes conceitos temos claro que fonte é

um recurso didático que pode ser utilizado no trabalho docente com o objetivo

de alcançar o processo de ensino- aprendizagem.

Entre as fontes utilizadas didaticamente podemos contar com as fontes

audiovisuais (cinema, televisão e registros sonoros), que cada vez mais devem

ser utilizadas como forma de atrativos aos alunos, tendo claro sua importância

no processo de ensino- aprendizagem.

Vários autores apontam o cinema como importante fonte, sobretudo, no

ensino de História.

Pelo que representa como criação e como manifestação do imaginário. Por envolver um complexo processo econômico produtivo. Pela quantidade de informações que contém e que nem sempre correspondem exatamente aos objetivos de seus autores. Pelo valor enquanto testemunho de uma sociedade e de uma época. Como um campo de possibilidades para resgatar ações de diferentes grupos humanos atuando nas várias dimensões do social. (MEIRELLES, 2008).

A mídia leva a formulação de conceitos que interfere na vivência

familiar e social, porém, estes conceitos necessitam serem repensados no

contexto formal. Se a utilização de filmes leva a este contexto, os mesmos

podem ser utilizados no contexto informal desde que, passando por uma

análise e organização de sua utilização, “os mesmos instrumentos que levam à

construção dos conceitos espontâneos podem ser retomados para a

caminhada em direção à construção dos conceitos científicos”. (ABUD, 2005, p.

310). Este processo somente ocorre quando alguns fatores são observados:

[...] quando a informação recebida se relaciona com um conjunto

individual de esquemas e de estruturas mentais, que transforma a

informação em conhecimento, em novos esquemas e novas

estruturas que irão enriquecer o repertório cognitivo ou simbólico

daquele que aprende. A formação é um processo de produção no

qual se destacam dois aspectos: o primeiro é o das operações

mediante as quais o conhecimento é gerado e o segundo são os

condicionantes que facilitam a geração desse conhecimento. (ABUD,

2005, p.312)

O reconhecimento da importância do cinema como fonte é

inquestionável, porém, é fundamental que o mesmo não seja visto como

apenas para cobrir falta de professor ou o espaço da aula sem nenhum critério

de análise para sua utilização.

O filme pode ser utilizado em sala de aula de várias maneiras,

[...] serve a várias finalidades no contexto educativo, dão subsídios

para trabalhar inúmeros conteúdos, estimulam debates e ampliam a

percepção da turma sobre o assunto em pauta ou ainda despertar

questionamentos sobre determinada cena vivenciada pelo educando

ou que faz parte de sua realidade social, serve para correlacionar

passado e presente [...]. (PASCHOA, 2010p, p.1).

Desde a escola dos Annales se estabelece uma nova concepção

histórica e a busca de novas fontes históricas. Através desta escola vive-se um

novo momento na concepção histórica, no tocante a fonte documental sob o

ponto de vista de que um documento é uma fonte de informação.

(NAVARRETE, 2008).

Aos verificarmos as Diretrizes Curriculares verificamos que se

apresenta como fundamental a análise histórica, levando assim a reflexões a

respeito do contexto histórico, dando-nos a possibilidade do diálogo com

formas variadas para a formação da consciência histórica. “O cinema sem

dúvida serve à história como fonte, seja servindo de análise do pensamento

social de uma sociedade, seja servindo como recorte histórico recontando um

fato da história [...]”. (PASCHOA, 2010). Vale salientar, que esta deve ser a

proposta da opção da utilização do filme em sala de aula. Tem-se claro que os

filmes comerciais não são produzidos para fins didáticos, necessitando de uma

análise apurada antes de sua utilização como fonte.

O filme não passa de um momento lúdico proposto na maioria das vezes como o intuito de cobrir aulas de um professor que faltou, ou a maneira de ilustrar e explicar um determinado fato ou acontecimento histórico sem uma analise previa por parte do professor quando, por exemplo, poderia utilizar-se de algumas cenas necessárias se este tivesse passado por análise previa do professor. (PASCHOA, 2010).

Emerge então necessidade da revisão da prática didática, e desta

forma estaremos mais perto de alcançarmos o grande alvo educacional que é

termos uma escola com atrativos para que nossos alunos queiram envolver-se

no processo de ensino-aprendizagem, pelo reconhecimento da importância do

saber.

2.2- O cinema e sua utilização na escola

Diante da exposição da validade do cinema na escola, cabe-nos o

desafio de levar esta proposta pedagógica para professores, auxiliando

aqueles que já utilizam o cinema como fonte e despertando aqueles que ainda

hoje somente utilizam a forma tradicional que mesmo com a Escola Nova

continuou sendo utilizado. Segundo Schmidt e Cainelli:

[...] tornou-se uma forma de o professor motivar o aluno para o conhecimento histórico, de estimular suas lembranças e referências sobre o passado e, dessa maneira tornar o ensino menos livresco e dinâmico [...] Estimulou-se o uso de mapas históricos, gravuras, filmes, que permitiriam refazer as imagens do passado [...]. (2005, p. 93).

Ao trabalharmos com filmes cabe ao professor verificar o conteúdo

estudado e relacioná-lo ao filme que precisa ser analisado de forma previa,

para que os objetivos propostos sejam alcançados. Diante disto, é fundamental

que o professor tenha a compreensão da importância do domínio da utilização

desta importante fonte. Para Napolitano (2006), o professor não precisa se

tornar um crítico de cinema, mas as informações prévias do filme em questão

são extremamente importantes, para que as atividades em sala de aula se

tornem mais produtivas e interessantes.

Através da análise, podemos observar que mesmo muitas escolas

hoje dispondo de materiais de multimídia, muitas professores não os utilizam

por afirmarem desconhecer a forma de funcionamento. Vivemos em um

momento em que o acesso dos alunos a tecnologia por vezes “força” o

professor a buscar conhecimento de novas fontes e o aprimoramento dos

conhecimentos na área tecnológica. Os alunos, na maioria das vezes, são

aqueles que auxiliam aos professores na utilização dos mesmos.

A busca de novas fontes auxiliares é fundamental, pois, melhora a

qualidade de ensino, bem como, a própria alto estima do professor ao verificar

os resultados através de seu trabalho.

Com a utilização do filme na escola, o professor deve “levar em conta o

problema da adequação e da abordagem por meio de reflexão prévia sobre os

seus objetivos gerais e específicos”. (NAPOLITANO, 2010, p.16). O

planejamento da ação pedagógica é fundamental, pois, é necessário com o

planejamento organizar a forma de trabalhar o filme, sobretudo, pelo fato de

termo um espaço de tempo que na maioria das vezes, não corresponde ao

tempo do filme, tendo que ajustar os horários ou a opção por recortes, desde

que não comprometa os objetivos propostos.

Vale salientarmos a importância de relacionarmos os filmes a proposta

pedagógica e a mesma a faixa etária, bem como, o nível de compreensão dos

alunos, pois, é fundamental esta adequação para que os resultados sejam

positivos. Outro cuidado especial deve ser tomado ao trabalharmos o filme em

sala de aula, sempre lembrando que o mesmo não foi produzido com fim

didático, por isso, é fundamental a estruturação do projeto em trono da

utilização do filme como fonte. Paschoa (2010) afirma “Direcionando a prática

deve-se salientar a importância do saber ler nas entrelinhas tão bem aplicadas

pelo historiador quando se trata de documentos históricos, devem também ter

aplicação quando se trata da leitura de imagens”.

Para Marc Ferro (1976), ”o filme é uma fonte para entendermos os

comportamentos, as visões de mundo, os valores, as ideologias de uma

sociedade ou de um momento histórico”. O filme leva o expectador a uma

compreensão da época, contexto, analise da sociedade que por vezes faz com

que o aluno repense sua própria vida. Neste processo vemos a grande

importância do filme como fonte.

3- METODOLOGIA: IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

A implementação do projeto “O cinema como fonte no processo de ensino e

aprendizagem de História”, teve início na Semana Pedagógica realizada no Colégio

Estadual Nilo Peçanha, no município de Londrina – Pr., na qual houve a participação

da Direção, Equipe Pedagógica, Professores e Funcionários. Na oportunidade foi

realizada exposição do projeto; considerações sobre a utilização do filme como fonte

e foi aplicado um questionário sobre a utilização do filme em sala de aula, (se os

mesmos utilizavam o filme como fonte; a contribuição do filme no aprendizado e o

interesse pelo projeto). Também foi lançado o convite para a participação na Oficina

de História. Através do questionário pode ser observado que a utilização do filme

está muito relacionada à área do saber e, embora muitos afirmassem o interesse

pela oficina, teriam dificuldades em participar devido a outros compromissos.

A oficina foi constituída da carga horária de 30 h/a. Na mesma houve a

participação de professores da Rede Estadual de Educação, de vários colégios e

áreas de conhecimento. Com isto ficou claro que a busca por alternativas didáticas

tem sido preocupação de todas as áreas, assim como o interesse em relação à

utilização do filme como fonte. As atividades foram organizadas em unidades de

acordo com o conteúdo trabalhado.

- Na primeira etapa da oficina foi realizada a apresentação do projeto e

exposição oral sobre a temática O cinema e a Escola: Problemas e Possibilidades,

com base no texto de Napolitano (2010, p.11-30).

Na segunda etapa a temática destacou a história do cinema, através da

projeção de slides e, ao mesmo tempo, estratégias para se trabalhar o filme na

íntegra. O filme trabalho foi Cinema Paradiso, dirigido por Giuseppe Tornatore. Após

a apresentação do filme houve a participação dos professores da oficina nas

abordagens sobre as possibilidades e dificuldades de se trabalhar com este e outros

filmes na íntegra.

Na terceira etapa a temática foi sobre filmes comerciais. Após exposição

teórica sobre o tema, foram explorados recortes de variados filmes tais como:

“Quanto Vale ou é Por Quilo”, “A Cruzada”, “Cleopatra”, “Lutero”, “1492- A Conquista

do Paraiso”, “O que é isto Companheiro”, “Titanic”, “Dança com Lobos” e outros.

Deu-se ênfase a discussão sobre os temas a serem trabalhamos com os mesmos.

Na quarta etapa a temática foi trilhas sonoras. Desta feita foram realizadas

exposições sobre a história do cinema no contexto da trilha sonora, apresentação de

trechos de filmes com e sem a trilha sonora e a importância da mesma na produção

cinematográfica, bem como, a contribuição desta análise ao trabalharmos o filme em

sala de aula.

Na quinta etapa a atividade teve como enfoque a produção de recortes de

filmes. A mesma foi desenvolvida no laboratório de informática do Colégio, no qual

foram realizadas orientações práticas de como fazer recortes de filmes e conversão

de vídeo. Para esta atividade contamos com a participação de um assessor

pedagógico do CRTE no Núcleo Regional de Londrina.

Na sexta etapa da oficina a temática foi O Cinema como arte. Após a

exposição oral, com explanação teórica o professor Juliano da Silva Pereira,

apresentou seu projeto “Histórias animadas: a confecção de animações no ensino

de História”. O mesmo apresentou algumas produções (caseiras) de filmes

animados que contou com a participação dos seus alunos através de desenhos e

produção oral e escrita. Foram oferecidas orientações sobre o procedimento da

produção destes filmes animados. Vale salientar o despertar para estas atividades,

por serem desconhecidas aos participantes, mas possíveis de serem realizadas e o

envolvimento dos alunos que as mesmas possibilitam.

Na sétima etapa trabalhamos com propostas da utilização de filmes na

escola com base nos teóricos citados, ressaltando mais uma vez as possibilidades e

cuidados na utilização dos mesmos.

Na oitava etapa foi realizada a apresentação do projeto de Mostra de

Cinema, desenvolvido no Colégio Nilo Peçanha no período noturno. O mesmo conta

com a participação de todo o corpo docente e discente, sendo que os filmes são

selecionados pelos professores e organizado formas de análises dos mesmos pelos

alunos. Vale salientar a participação de todos os alunos de forma extremamente

positiva o que é comprovado a partir das avaliações e entrevistas realizadas com os

alunos e transformadas em um filme a ser apresentado aos alunos.

Na nona etapa os professores foram orientados a desenvolverem um projeto

para a utilização do filme Narradores de Javé e do filme Tempos Modernos. Os

mesmos apresentaram coerência e total relação com as propostas apresentadas na

oficina, o que deixa claro a contribuição da mesma na prática pedagógica dos

professores envolvidos no projeto.

No término da oficina foi realizada uma avaliação da mesma e nos

depoimentos podemos perceber a contribuição que este projeto trouxe para os

participantes, sendo esta não apenas mais uma oficina, mas que, de forma prática

trouxe grandes contribuições com possibilidades de serem reproduzidas em sala de

aula, que realmente é a proposta da mesma. Uma das participantes afirmou: “Posso

afirmar que os poucos conhecimentos que já tinha a respeito foram reafirmados e

potencializados e outras tantas novas idéias e práticas que foram apresentadas,

foram assimiladas e estão em processo de fermentação. Isto é, este curso me

proporcionou boa base e ótimas idéias para a utilização desse recurso audiovisual

na sala de aula”. Acredita-se que a proposta de pensar o cinema como fonte de

ensino foi alcançada, pois a mesma pode ser sentida a partir da participação dos

mesmos nas atividades propostas e de forma especial na produção de projetos para

a utilização de filmes em sala de aula. Uma das participantes, afirmou: “É importante

destacar que a proposta de trabalhar com filme na disciplina de história afastam-se

da noção ainda muito presente na educação brasileira de que alunos são meros

receptores de conteúdos prontos”. A partir das avaliações temos claro que o

repensar da prática é fundamental assim como a compreensão de que pensar o

filme implica na relação conteúdo/filme/objetivos, assim os resultados serão

possivelmente positivos.

4- DISCUSSÕES NO GRUPO DE TRABALHO EM REDE – GTR

As discussões propostas através do GTR tiveram por objetivo levar os cursistas

ao repensar da prática pedagógica, sobretudo, no tocante a utilização do cinema

como fonte e aprendizado em História. É consenso de que as fontes são

elementares para o processo do Ensino e Aprendizagem, assim como o papel do

professor como mediador deste processo. Reconhece-se que o Estado tem feito

investimentos significativos em tecnologias educacionais, porém, tem-se a

necessidade de espaços para que cada vez mais os professores tenha

conhecimento da utilização dos recursos tecnológicos e manuseio dos mesmos.

Outro aspecto constatado é a necessidade de manutenção destes recursos

(computadores, TV-pendrive, vídeos e outros) e maior interatividade de profissionais

do CTRE a disposição das escolas no tocante a utilização de recursos tecnológicos.

É importante salientar que é fundamental a organização de oficinas sobre a

utilização destes recursos, assim como, da conservação dos mesmos.

Os debates foram desenvolvidos levando a reflexão da importância de se

avaliar as várias possibilidades da utilização do filme como fonte, bem como, todo

processo de encaminhamento para que os alunos sejam levados a prática da leitura

de filmes. Pode-se verificar o interesse e participação dos cursistas pela proposta e

o reconhecimento da importância desta temática, sobretudo, pelo fato de serem

propostas viáveis e práticas que possibilita uma mudança na prática escolar.

Através da elaboração de um plano de aula com a utilização de filmes como

fonte, pode-se perceber o domínio desta prática por poucos e as limitações de

outros, porém, a troca de experiências foi de grande valia, sobretudo, no tocante a

sugestões de desenvolvimento de trabalho, assim como, de filmes que oportuniza

uma melhor dinâmica das aulas. No processo de interatividade os teóricos e

propostas apresentados foram discutidos com muita propriedade, além da troca de

sugestões de filmes de acordo com a proposta curricular.

Ao avaliarmos as participações dos cursistas do GTR, temos claro que existe

uma grande carência na área metodológica e que busca-se alternativa não para a

substituição do livro didático, mas, a busca de novas alternativas que possa somar

ao mesmo e sobretudo, de forma mais atraente uma vez que fora do espaço escolar

existem grandes motivações e diante disto a escola precisa buscar cada vez mais

possibilidades levar ao interesse pela participação das atividades proposta, desta

feita pode-se observar pela narração dos cursistas de que o filme, objetivando

aprendizado, sendo este, planejado de acordo com os objetivos, possibilita a

conquista dos alunos para a buscar do saber de uma forma dinâmica.

5- CONCLUSÃO

O momento atual é de busca de possibilidades de avanço em todas as áreas

do saber. A evolução tecnológica tem tomado conta dos espaços e entre eles o

espaço escolar. Diante disto cabe aos profissionais da área de educação buscar

novas alternativas que leve a um maior empenho dos alunos na busca do saber,

assim como, muitos docentes precisam ser despertados das muitas alternativas

possíveis e de acesso que podem tornar a aula mais atraente e que possibilite o

alcance do objetivo maior que é o a produção do conhecimento histórico.

Diante desta perspectiva esse trabalho foi importante, pois possibilitou à

proponente e aos professores participantes do projeto, através de atividades práticas

e teóricas, repensarem a ação pedagógica e perceberem que a utilização do filme

abre várias possibilidades. É necessário que o professor se veja como mediador no

processo de ensino aprendizagem, e para tanto, é fundamental que o mesmo

busque conhecer fontes de ensino, tais como, o filme, que é uma fonte possível de

ser utilizada, pois a maioria das escolas estaduais do Paraná conta com a TV-

pendrive, aparelhos de vídeos, assim, o acesso à utilização de filmes.

Observamos que muitos dos professores envolvidos neste trabalho estão

comprometidos com mudanças, por isso, a busca por um saber mais. A escolha

pela implementação do projeto com professores, e não com alunos, se deu pelo fato

dos docentes serem multiplicadores junto aos seus pares assim como garantem a

utilização mais segura do cinema como fonte em sua prática pedagógica.

No seu desenvolvimento das atividades foi possível constatar que existe

realmente uma carência muito grande dos docentes e busca de alternativas

didáticas que venham, sobretudo, trazer resultados em curto prazo, pois a

necessidade é urgente.

Diante do trabalho desenvolvido pode-se verificar que a utilização do filme

como fonte e aprendizado em História é possível através de dinâmica que oportunize

aos profissionais explorarem o mesmo em sala de aula. Fica-nos a certeza de que a

discussão pode ir muito mais além, em função da preocupação de profissionais da

área de ensino em trabalhar o cinema como fonte. A participação de professores

neste projeto demonstrou o interesse por esta temática, e pelas avaliações e

depoimentos pode-se perceber a contribuição em relação ao aprofundamento

teórico e prático da utilização do filme como fonte.

Importante salientar a sugestão da maioria dos docentes envolvidos no

projeto de que os núcleos possibilitem maiores discussões sobre metodologias que

auxiliem na prática pedagógica. Quanto à utilização do cinema como fonte, pode-se

perceber pelas avaliações que esta prática pode contribuir para um melhor empenho

do profissional como o desempenho dos alunos.

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MEIRELLES, Willian. O cinema como fonte para o estudo da História. História e Ensino. Revista do Laboratório de Ensino de História/UEL. Londrina: vol. 8. Edição Especial. 2008.

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. Ed. 4ª, São Paulo.

NAVARRETE, Eduardo. O cinema como fonte histórica: diferentes perspectivas teórico-metodológicas. Revista Acadêmica Multidisciplinar - DCS/UEM, n. 16, Maringá, 2008.

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