150

O CENTRO COLABORADOR DA OMS PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA EM

ENFERMAGEM E SUAS PARCERIAS INTERNACIONAIS

Isabel Amélia Costa Mendes1

Carla A. Arena Ventura2

Maria Auxiliadora Trevizan3

RESUMO

Desde 1988 a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP) atua como um Centro Colaborador da OMS para o desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. Esta reflexão destaca algumas de suas ações de parceria internacional, relacionadas ao seu papel como um Centro de Referência da OMS no período de 1988 a 2010. Por meio de análise documental foram discutidos fatos extraídos de documentos oficiais e arquivos deste Centro Colaborador. Este artigo apresenta parcerias internacionais do Centro Colaborador com a Organização Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde, Organização dos Estados Americanos, Sociedade Honorífica de Enfermagem Sigma Theta Tau International, Associação Latino-Americana de Escolas e Faculdades de Enfermagem, o International Council of Nurses, a International Confederation of Midwives, o International Council on Women´s Health Issues e o International Network for Doctoral Education in Nursing. A análise do histórico do Centro Colaborador revela uma evolução constante de suas ações, sempre em busca de adaptação às diretrizes da Organização Mundial de Saúde e coerência com suas metas frente à Enfermagem como profissão e ao seu papel como formador de recursos humanos. Descritores: enfermagem, pesquisa em enfermagem, intercâmbio educacional internacional, gestão em saúde

THE WHO COLLABORATING CENTRE FOR NURSING RESEARCH DEVELOPMENT AND ITS

INTERNATIONAL PARTNERSHIPS

ABSTRACT

Since 1988, the University of São Paulo at Ribeirão Preto College of Nursing (EERP/USP) is designated a World Health Organization Collaborating Center for Nursing Research Development. This reflection emphasizes some of its international partnerships related to its role as a WHO Collaborating Centre from 1988 to 2010. Based on documental analysis, authors discuss activities

1 Professor Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Diretora do Centro

Colaborador da OMS para o desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Secretária Geral da Rede Global de

Centros Colaboradores da OMS para o Desenvolvimento da Enfermagem e Obstetrícia, Ribeirão Preto, São Paulo,

iamendes@usp.br. 2 Professor Doutor da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Coordenadora Executiva

da Rede Global de Centros Colaboradores da OMS para o Desenvolvimento da Enfermagem e Obstetrícia, Ribeirão

Preto, São Paulo, caaventu@eerp.usp.br. 3 Professor Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da

OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, São Paulo, trevizan@eerp.usp.br.

151

selected from official documents and the WHO Collaborating Centre archives. This article presents the international partnerships developed by the Collaborating Centre with the World Health Organization, Pan American Health Organization, Organization of American States, International Nursing Honor Society Sigma Theta Tau International, Latin American Association of Nursing Schools and Faculties, the International Council of Nurses, the International Confederation of Midwives, the International Council on Women´s Health Issues and the International Network for Doctoral Education in Nursing. The analysis of the history of this Collaborating Centre reveals a constant evolution in its actions, in order to adapt to WHO guidelines and to be coherent to Nursing profession goals and the Center’s role to build human resources capacities. Descriptors: nursing, nursing research, international educational exchange, health management

EL CENTRO COLABORADOR DE LA OMS PARA EL DESARROLLO DE LA INVESTIGACIÓN EN

ENFERMERÍA Y SUS PARCERIAS INTERNACIONALES

RESUMEN

Desde 1988 la Escuela de Enfermería de Ribeirão Preto de la Universidad de São Paulo (EERP/USP) es un Centro Colaborador de la OMS para el desarrollo de la Investigación en Enfermería. Esta reflexión destaca algunas de sus acciones de parcerias internacionales, relacionadas a su rol como un Centro de Referencia de la OMS en el período entre 1988 y 2010. Por medio de análisis documental fueron discutidos hechos extraídos de documentos oficiales y archivos de este Centro Colaborador. Este artigo presenta las parcerias internacionales desarrolladas por el Centro Colaborador con la Organización Mundial de Salud, Organización Panamericana de Salud, Organización de los Estados Americanos, Sociedad Honorífica de Enfermería Sigma Theta Tau International, Asociación Latinoamericana de Escuelas y Facultades de Enfermería, el International Council of Nurses, la International Confederation of Midwives, el International Council on Women´s Health Issues y el International Network for Doctoral Education in Nursing. El análisis de la história del Centro Colaborador revela una evolución constante de sus acciones, siempre en la búsqueda de adaptarse a las metas de la Organización Mundial de Salud y de coherencia con sus metas frente a Enfermería como profesión y a su rol como formador de recursos humanos. Descriptores: enfermería, investigación en enfermería, intercambio educacional internacional, gestión en salud Introdução

Desde 1987 a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

(EERP/USP) estabeleceu a internacionalização como uma de suas metas prioritárias. Estruturou-se

de forma a incrementar suas parcerias internacionais como estratégia de desenvolvimento de seu

pessoal. Nesse contexto, apresentou-se à Organização Mundial da Saúde (OMS) como um

potencial Centro Colaborador. Esta reflexão destaca algumas de suas parcerias internacionais

relacionadas ao seu papel como um Centro de Referência da OMS no período de 1988 a 2010. Por

meio de análise documental foram discutidos fatos extraídos de documentos oficiais e arquivos

deste Centro Colaborador.

152

A Organização Mundial da Saúde, criada após a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo

de promover a saúde de seus Estados Membros, designa Centros Colaboradores para comporem

uma rede de cooperação internacional e desenvolver atividades ligadas aos programas instituídos

por sua Assembléia Geral(1).

Nesse sentido, um Centro Colaborador desempenha um papel estratégico para a

Organização Mundial da Saúde atuando junto aos seus Escritórios Regionais e Ministérios da

Saúde locais no auxílio e fortalecimento das instituições de saúde, bem como na elaboração e

adoção de políticas públicas em consonância com as diretrizes da Organização(2).

A Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP) foi

designada, em 1988, Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para o

Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, constituindo-se, na época, no primeiro centro de

referência na área no Brasil e na América Latina, por um período de quatro anos, sujeito a novo

processo de redesignação(3-4).

De 1988 a julho de 2010, a EERP-USP foi quatro vezes redesignada como Centro

Colaborador da OMS por períodos consecutivos de quatro anos. Estes momentos de construção

coletiva dos processos de redesignação(5) encaminhados à OPS resultaram em oportunidades

únicas de reflexão conjunta sobre as ações da Escola como Centro Colaborador e na conseqüente

adoção de novos caminhos a serem trilhados no futuro.

Deve-se ressaltar que durante sua designação como Centro Colaborador, é membro de

duas redes: a) Rede Global de Centros Colaboradores da OMS para o Desenvolvimento da

Enfermagem e Obstetrícia, integrada atualmente por 44 Centros distribuídos nas seis regiões4 da

OMS e, b) Rede Pan-Americana de Centros Colaboradores para a Enfermagem e Obstetrícia

(PANMCC).

A análise do histórico do Centro Colaborador revela uma evolução constante de suas ações,

sempre em busca de adaptação às diretrizes da Organização Mundial de Saúde(6) e coerência com

suas metas frente à Enfermagem como profissão e frente à Escola, como formadora de recursos

humanos.

Durante esses vinte e dois anos, o Centro Colaborador expandiu e consolidou sua atuação

internacional, efetivando parcerias com organizações internacionais e não governamentais,

4 A OMS atua nas seguintes regiões: África, Europa, Leste do Mediterrâneo, Sudeste da Ásia, Oeste do Pacífico e

Américas.

153

fazendo parte de redes e associações com atuação decisiva no desenvolvimento de pesquisas e de

recursos humanos para a investigação em enfermagem e na implementação de políticas de saúde,

exercendo a função de pólo formador de bacharéis, licenciados, mestres e doutores em

enfermagem.

Este artigo apresenta as parcerias desenvolvidas pelo Centro Colaborador com a Organização

Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde, Organização dos Estados Americanos,

Sociedade Honorífica de Enfermagem Sigma Theta Tau International, Associação Latino-Americana de

Escolas e Faculdades de Enfermagem, o International Council of Nurses, a International

Confederation of Midwives, o International Council on Women´s Health Issues e o International

Network for Doctoral Education in Nursing no período de 1988 a julho de 2010.

Parcerias com Organizações Internacionais

As parcerias internacionais constituem parte substancial das atividades do Centro

Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, especialmente ligado

a algumas organizações internacionais, que exercem, atualmente, um papel relevante na

delimitação das agendas políticas nacionais em diferentes áreas, como a saúde e educação.

Desde sua designação, o Centro Colaborador intensificou e expandiu a sua rede de

relacionamentos e atuação junto a organizações internacionais, pontuadas na presente reflexão.

O Centro Colaborador, Organização Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana da

Saúde/Washington e Representação da OPAS no Brasil

A parceria do Centro Colaborador com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e

Organização Pan-Americana da Saúde (OPS) foi ascendente. Nessa perspectiva, o Centro

implementou atividades de cooperação com a OMS através do envio de achados de pesquisa em

áreas específicas, contribuindo também para a elaboração dos Relatórios Anuais da Organização.

A Organização Pan-Americana da Saúde em Washington atua como um escritório da OMS,

trabalhando junto aos países da região das Américas para melhorar a saúde e qualidade de vida da

população. Como a EERP-USP e seu Centro Colaborador localizam-se nesta região, a colaboração

com a OPS é bastante expressiva e diversificada e o contato com os profissionais que trabalham na

organização em Washington são contínuos.

154

Verifica-se, portanto, um fluxo importante de atividades desenvolvidas em parceria com a

Organização Pan-Americana da Saúde em diferentes áreas do cuidado à saúde. Considerando que

a EERP-USP é o único Centro Colaborador de Enfermagem no Brasil, possui um papel relevante de

mobilização de seus pares para a consecução das atividades desenvolvidas pela OPS no Brasil.

A Representação da OPS no Brasil colabora com o Ministério da Saúde, agências de

seguridade social e outras instituições governamentais, organizações não governamentais,

universidades e grupos comunitários para fortalecer o sistema de saúde nacional, estadual,

municipal e local(7).

Os programas desenvolvidos pela OPS no Brasil abrangem o apoio aos governos federal,

estadual e municipal no processo estratégico de gestão e planificação da saúde; a participação nas

ações conjuntas com outros países e com iniciativas sub-regionais para a execução e

acompanhamento de mandatos derivados de foros de integração, como por exemplo, o

MERCOSUL; a promoção de políticas para a resolução de problemas estruturais do sistema de

saúde e a cooperação para o desenvolvimento institucional e operacional de políticas de recursos

humanos, dentre outros.

Nesse contexto, o Centro Colaborador participa em vários projetos implementados pelo

Ministério da Saúde do Brasil em consonância com as diretrizes estabelecidas pela OPS, como o

Programa de Saúde da Família.

Em 2002, este Centro Colaborador constituiu um Observatório de Recursos Humanos em

Saúde(5), parte da Rede Nacional de Observatórios. Esta rede é regulamentada pela Secretaria de

Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde. Compõe um projeto de

âmbito continental da OPS, já implantado em diversos países da Região das Américas. O propósito

geral da Rede é propiciar o mais amplo acesso a informações e análises sobre recursos humanos

de saúde no país, facilitando a melhor formulação, acompanhamento e avaliação de políticas e

programas setoriais, bem como a regulação social dos sistemas de educação e trabalho no campo

da saúde.

O objetivo do Observatório sediado no Centro Colaborador é desenvolver pesquisas e

sistematizar as informações oriundas das produções de programas de pós-graduação circunscritas

a área de recursos humanos que subsidiam a formulação de políticas municipais, estaduais e

nacionais(5).

155

O Centro Colaborador e a Organização dos Estados Americanos

A Organização dos Estados Americanos (OEA) congrega os países do continente americano

com o fim de fortalecer a cooperação e desenvolver interesses comuns. Trata-se de um fórum

para o diálogo multilateral e a ação concertada na região(8). Em 2002, o Centro Colaborador

consolidou parceria com a OEA através da Comissão Inter-Americana para o Controle do Abuso de

Drogas (CICAD).

A CICAD é uma agência da OEA que possui os seguintes objetivos: servir como espaço

político para debate entre os países americanos sobre todos os aspectos relacionados ao

problema das drogas; promover a cooperação multilateral na área de drogas; executar programas

de ação para fortalecer a capacidade de seus Estados membros para prevenir e tratar o abuso de

drogas, bem como combater a produção e o tráfico de drogas ilícitas; promover a pesquisa na área

de drogas e desenvolver e recomendar padrões mínimos para a legislação de drogas, para

tratamento e para medidas de controle(9-10).

Nessa perspectiva, a missão da CICAD é fortalecer as capacidades humanas e institucionais

e canalizar os esforços coletivos de seus membros para reduzir a produção, tráfico, uso e abuso de

drogas nas Américas.

Dentre as atividades desenvolvidas pela CICAD, destaca-se o Projeto da CICAD de Escolas

de Enfermagem sobre Prevenção do Uso e Abuso de Drogas, Integração Social e Promoção da

Saúde na América Latina(10). Este projeto baseia-se no pressuposto de que os enfermeiros são os

agentes chave na área da saúde, capazes de produzir mudanças e transformações no âmbito da

comunidade. Desempenham uma função essencial no desenho e execução de programas de

promoção à saúde e prevenção em vários campos interdisciplinares. O Projeto de Escolas de

Enfermagem abarca Universidades da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador,

Honduras, México, Peru e Venezuela. O Centro Colaborador atuou como instituição parceira do

projeto desde 2002 até 2008.

Como resultado desta parceria com a CICAD/OEA, foram oferecidos dois cursos presenciais,

denominados Programas Regionais de Capacitação em Pesquisa(11) aplicada ao estudo do

fenômeno das Drogas para Enfermeiros da América Latina e 4 cursos online, denominados

Programas de Especialização On-line de Capacitação em Investigação sobre o Fenômeno das

Drogas, ambos para a formação em pesquisa na área de álcool e drogas. Os dois primeiros cursos

contaram com a participação de 33 enfermeiros dos seguintes países latino-americanos:

156

Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru e Venezuela. Os quatro cursos

online foram abertos à participação, além de enfermeiros, de outros profissionais de saúde e áreas

afins (advogados, assistentes sociais, dentistas, psicólogos, pedagogos e médicos e contaram com

a participação total de 128 alunos dos seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia,

Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Moçambique, Nicarágua, Peru,

República Dominicana e Venezuela(5).

Cabe ainda ressaltar que a utilização das ferramentas de ensino à distância propiciaram o

intercâmbio de experiências e conhecimentos entre todos os envolvidos no processo, bem como o

aprimoramento acadêmico dos profissionais de saúde latino-americanos, Caribe e da África de

língua portuguesa.

Parcerias com Associações de Enfermagem ou de Áreas Relacionadas

O Centro Colaborador desenvolve atividades de cooperação com diferentes associações de

enfermagem ou de áreas relacionadas.

O Centro Colaborador e a Sociedade Honorífica de Enfermagem Sigma Theta Tau International

A Sigma Theta Tau International foi fundada em 1922 por seis estudantes de enfermagem

da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. A sociedade se iniciou com um capítulo e seis

membros. Durante os últimos 84 anos, ela se ampliou para 423 capítulos em todo o mundo, com

mais de 300.000 membros nomeados que residem em mais de 90 países diferentes.

São objetivos da Sociedade Honorífica: desenvolver os membros no âmbito de suas

carreiras, construir capítulos fortes e incentivar a liderança cooperativa, aperfeiçoar os vínculos

globais no âmbito da organização e de seus membros, preparar e posicionar enfermeiros para

liderar em ambientes complexos e diversificados voltados ao cuidado à saúde, aperfeiçoar a base

científica da enfermagem através do conhecimento acadêmico e pesquisa, incentivar o trabalho

relacionado à prática acadêmica nas vidas profissionais dos membros, identificar, assegurar e

utilizar uma variedade de recursos para garantir o futuro da organização(12).

O ideal da Sociedade Honorífica é criar uma comunidade global de enfermeiros que

liderarão na utilização do conhecimento e tecnologia a fim de aprimorar a saúde das pessoas em

nível mundial. Considerando que todas as exigências para o estabelecimento de um capítulo foram

157

atendidas pela EERP-USP e que seu pedido foi aprovado pela House of Delegates em novembro de

2001, a Sociedade Honorífica da FIERP Pró-Sigma Theta Tau International da Escola de

Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo passou a fazer parte do Capítulo RHO

UPSILON, o 426 capítulo da Organização. Possui atualmente 563 membros. Dessa forma, a EERP-

USP como único capítulo da Sigma Theta Tau International na América Latina vem fazendo a

diferença para a enfermagem na região.

O Centro Colaborador e a Associação Latino-Americana de Escolas e Faculdades de Enfermagem

(ALADEFE)

A ALADEFE é uma organização não governamental de caráter internacional, criada em

outubro de 1986 em Havana, Cuba. É uma associação de integração de interesses entre os

profissionais de enfermagem, que possui os seguintes objetivos: refletir sobre o papel histórico-

social da profissão e sua inserção no desenvolvimento da saúde nos países da região, identificar

situações críticas que devem ser superadas pela profissão, buscar a cooperação técnica entre os

países em desenvolvimento para o avanço da prática de enfermagem e promoção e

desenvolvimento da educação de enfermeiros na América Latina(13).

A ALADEFE tem a missão de buscar a excelência no campo da docência, pesquisa e

extensão entre Escolas e Faculdades de Enfermagem da América Latina. Possui membros na

Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, Honduras, México,

Panamá, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. O Centro Colaborador é membro da

ALADEFE e, no período deste estudo, intensificou sua participação nas Assembléias, eventos, no

apoio à gestão e no intercâmbio com Escolas e docentes que integram essa associação de

ensino(5). Verifica-se, assim, o reconhecimento pelo Centro Colaborador da importância da

ALADEFE na região e a sua inserção cada vez mais extensa nas atividades propostas por esta

associação.

O Centro Colaborador e o International Council of Nurses (ICN)

O International Council of Nurses é a maior organização de profissionais de saúde do

mundo, representando 15 milhões de enfermeiros em 133 países, através de suas associações

nacionais de enfermagem(14).

158

A missão deste Conselho é representar a enfermagem em todo o mundo, liderando o

avanço da profissão e influenciando as políticas de saúde. Nesse sentido, o ICN, criado em 1899,

trabalha para assegurar a qualidade do cuidado de enfermagem para todos, aumentando a

visibilidade das políticas de saúde no âmbito global.

O ICN trabalha em três áreas chave e cruciais para o melhoramento da enfermagem e da

saúde: a prática profissional, regulação e bem-estar econômico e social. Dois projetos de grande

relevância para a organização são a Classificação Internacional da Prática de Enfermagem e a

Liderança para a Mudança. O Centro Colaborador, através da Rede Global de Centros

Colaboradores, participou de vários projetos do ICN. É importante lembrar também que docentes

deste Centro Colaborador têm envidado esforços para participar das Conferências Bianuais do

Conselho.

O Centro Colaborador e a International Confederation of Midwives (ICM)

A International Confederation of Midwives (ICM) possui como missão buscar melhores

resultados para as mulheres, seus filhos recém-nascidos e família durante todo o ciclo de criação

da criança, usando a filosofia e modelo de cuidado desenvolvido pela Confederação(15). São

objetivos da organização: trabalhar para melhorar a saúde da mulher, promover e fortalecer a

profissão de parteira e promover os objetivos da organização internacionalmente. Para tanto, a

Confederação apóia associações de parteiras em associação com seus governos e representa a

obstetrícia em organismos internacionais.

O Centro Colaborador mantém intercâmbios com a ICM desde a sua primeira designação(5),

intensificados com a organização do Congresso da ICOWHI em 2004.

O Centro Colaborador e o International Council on Women´s Health Issues (ICOWHI)

O International Council on Women’s Health Issues (ICOWHI) é uma associação internacional

sem fins lucrativos dedicada à promoção da saúde, do cuidado à saúde e bem estar das

mulheres(5).

Nessa perspectiva, o Conselho realiza algumas ações específicas: exploração dos fatores

biológicos, sócio-econômicos, culturais, políticos e espirituais que afetam o desenvolvimento e

saúde da mulher em seu ciclo de vida; identificação das áreas de necessidade, facilitação,

159

implementação e avaliação de soluções para os problemas em potencial e atuais vivenciados por

mulheres de todas as idades; estímulo à abordagens multidisciplinares e multisetoriais da saúde e

bem-estar das mulheres e promoção e apoio à pesquisas sobre a saúde da mulher.

Em 2000, o Centro Colaborador foi eleito para sediar o 15° Congresso Internacional da

ICOWHI, realizado de 07 a 09 de novembro de 2004. O evento contou com 572 participantes de 16

países: África do Sul, Austrália, Áustria, Brasil, Canadá, Colômbia, Chile, França, Hong Kong, China,

Oman, Inglaterra, México, Portugal e Tailândia(5).

O Centro Colaborador e o International Network for Doctoral Education in Nursing (INDEN)

O INDEN representa uma rede de educadores na área de enfermagem interessados em

melhorar a saúde de todos através da pesquisa e o ensino de doutorado(5).

A idéia de criação do grupo foi gerada durante um evento organizado pela Escola de

Enfermagem da Universidade de Michigan em 1995 nos EUA. Como conseqüência, em 1997, na

Reunião do ICN no Canadá, alguns pesquisadores da área se reuniram por um dia para debate

sobre o futuro do doutorado em enfermagem e a relevância da formalização desta rede. Foi

formado um grupo de discussão e em 1999, foi organizada uma nova reunião dos interessados

durante a Reunião do ICN em Londres. Como resultado das discussões, elaborou-se o documento

“Aims and Procedures, International Network for Doctoral Education in Nursing”(16). Vários docentes

da EERP-USP participaram deste processo e atualmente são membros ativos desta rede. Como resultado

deste intercâmbio, os programas de doutorado da EERP-USP foram representados nos encontros

realizados pelo INDEN. Desde 1988 e visando cumprir com os objetivos propostos em suas designações,

o Centro Colaborador não tem medido esforços para atingir as metas estabelecidas em seus planos de

ação.

Considerações Finais

A reflexão sobre os intercâmbios realizados pelo Centro Colaborador demonstra a consolidação de

sua atuação internacional, com a efetivação de intercâmbios formais e informais em todos os continentes

e a participação em redes e associações com atuação decisiva na implementação de políticas de saúde em

todo o mundo.

160

Nessa perspectiva, não se pode deixar de enfatizar os benefícios percebidos pelo Centro

Colaborador com o aumento destes intercâmbios. Além do desenvolvimento de pesquisas colaborativas

entre os integrantes das instituições cooperantes e do compartilhamento de seus resultados, constata-se o

crescimento e amadurecimento proporcionado a todos os membros do Centro Colaborador, docentes,

funcionários e alunos, em função do aprendizado derivado do compartilhamento de experiências na área

de enfermagem e saúde. Em suma, o trajeto histórico deste Centro Colaborador demonstra a força de sua

comunidade e seu empreendedorismo ímpar. Apesar de possuir um espaço consolidado

internacionalmente no âmbito da enfermagem, a construção dos intercâmbios internacionais corresponde

a um processo dinâmico que deve ser monitorado e avaliado permanentemente pelo Centro Colaborador,

para que continue a exercer o seu papel de liderança e de referência internacional.

Referências

1. WHO. Working for Health. Geneva: an introduction to the World Health Organization. Geneva:

WHO, 2007.

2. Tuler Matias. Os centros colaboradores da OMS e as redes no mundo. In: Capítulo 1 – Saúde e

Cooperação: capacidades, conhecimentos e ações dos Centros Colaboradores da OPAS/OMS no Brasil.

Organização Pan-Americana da Saúde. Rede de Centros Colaboradores da PAS/OMS no Brasil:

potencialidades e perspectivas. Brasília: OPAS, 2010, pp. 23-26.

3. Mendes Isabel Amélia Costa, Gir Elucir, Trevizan Maria Auxiliadora. Escola de Enfermagem de

Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo: Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde. Rev.

Latino-Am. Enfermagem [serial on the Internet]. 1993 [cited 2010 May 17] ; 1(spe): 53-68. Available

from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11691993000300008&lng=en. doi:

10.1590/S0104-11691993000300008.

4. Mendes, Isabel Amélia Costa; Trevizan, Maria Auxiliadora. Ações do centro colaborador da OMS

para o desenvolvimento da pesquisa em enfermagem: o caso brasileiro. São Paulo: Acta Paulista de

Enfermagem, v. 13, n. 2, p. 9-15, 2000.

5. Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Arquivos do Centro

Colaborador da OMS para o desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. 1988 – 2010.

6. WHO. Strategic Directions for Nursing and Midwifery. Geneva: WHO, 2010.

161

7. PAHO. La importancia del personal de enfermería: Centros Colaboradores de la OMS para la Red de

Enfermería y Partería. XXXII Reunión del Comité Asesor de Investigaciones en Salud de la Organización

Panamericana de la Salud. Washington: PAHO, 1997.

8. OAS. Charter of the Organization of American States. Protocol of Buenos Aires. Buenos Aires: OAS,

1967.

9. Luis Margarita Antonia Villar, Mendes Isabel Amélia Costa, Carvalho Emilia Campos de, Mamede

Marli Villela, Wright Maria da Gloria Miotto, Chisman Anna McG. Experiência de parceria entre

universidade e organismo internacional capacitando enfermeiros docentes da América Latina para

investigação do fenômeno da droga. Rev. Latino-Am. Enfermagem [serial on the Internet]. 2004 Apr [cited

2010 May 17]; 12(spe): 307-315. Available from:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692004000700003&lng=en. doi:

10.1590/S0104-11692004000700003.

10. Wright Maria da Gloria Miotto, Chisman Anna McG, Mendes Isabel Amélia Costa, Luis Margarita

Antonia Villar, Carvalho Emilia Campos de, Mamede Marli Villela. O papel da cooperação técnica &

financeiro para avançar a profissão de enfermagem na área de redução da demanda na América Latina:

desafios e perspectivas. Rev. Latino-Am. Enfermagem [serial on the Internet]. 2004 Apr [cited 2010 May

17]; 12(spe): 301-306. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-

11692004000700002&lng=en. doi: 10.1590/S0104-11692004000700002.

11. Mendes Isabel Amélia Costa. A integração da enfermagem na América Latina e os desafios no

preparo de lideranças para o desenvolvimento de pesquisas na área de drogas. Rev. Latino-Am.

Enfermagem [serial on the Internet]. 2005 Oct [cited 2010 May 17]; 13(spe): 765-770. Available from:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692005000700001&lng=en. doi:

10.1590/S0104-11692005000700001.

12. Sigma Theta Tau International. Vision of 75 Years: An Anniversary Celebration 1922-1997,

Center for Nursing Press: Indianapolis, 1997.

13. ALADEFE. Plan de Trabajo ALADEFE-UDUAL – 2008/2010. Disponível em http://www.aladefe.org.

14. ICN. International Council of Nurses Biennial Report. Health Systems Strengthening: working

together to achieve more. ICN Report 2007-2009. Geneva: ICN, 2009.

15. ICM. International Council of Midwives History. Disponível em:

http://www.internationalmidwives.org/AboutICM/History/tabid/338/Default.aspx.

162

16. INDEN. Aims and procedures, International Network for Doctoral Education in Nursing. Disponível

em: http://www.umich.edu/~inden/about/aims.html.