o burro falante enlouquecido dos brandburgs

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 O Burro Falante Enlouquecido dos Brandburgos Os Brandburgos tinham uma roça num terreno escarpado que ia do chão até o alto de um morro. Eles plantavam ali melancia, abóbora, mandioca,  batata da terra, batata inglesa e outras plantas rasteiras. Pois, como a roça deles ficava as encostas do morro, só podiam cultivar ali  plantações rastei ras. Isso porque as árvores dificilmente se firmariam, pois o peso da copa delas faria com que desabassem, com o balançar  proporci onado pelo vento, indo parar na rodovia que passava lá embaixo. A casa ficava no topo do morro. Era uma construção um tanto esquisita. Tinha o formato de um castelo, mas não era um castelo. Pois não queriam chamar atenção dos ocupantes dos veículos que passavam na rodovia. Embora chamassem, por ser o lugar reconhecidamente estranho.  No entanto, os Brandburgos tinham um burro muito maior que os burros que nós conhecemos, e para ressaltar ainda mais essa diferença, o burro deles era falante. Eles nunca explicaram a ninguém de onde trouxeram esse  burro, que muito os ajudava na plantação, por isso mesmo ninguém saberia dizer qual seria a origem dele. De qualquer forma, os Brandburgos eram tidos como pessoas estranhas, alheias à sociedade, pois viviam de maneira quase que subsistente, pouco necessitando, portanto, de ajuda de outras pessoas, senão dos membros da  própria família. Tudo naquele sítio tinha seu tamanho incrivelme nte exagerado, como se tivessem sidos produzidos em outros planetas, muito diferentes do planeta Terra. (Publicado no Mokolóton em 10/8/11) Por incrível que pareça, logo ao amanhecer num dia em que ninguém esperava, o burro começo u a gritar lá no alto do morro e a cavar a terra como se estivesse louco. Ele era muito forte e cavava com tanta força e agilidade, que conseguia em pouco tempo espalhar terra na direção da rodovia, que passava lá embaixo, logo após um extenso e complic ado emaranhado de cipó que escondia a proprie dade, antes de u m muro de  parede bem sólida. Depois desse muro ainda havia uma cerca de arame farpado.

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Os Brandburgs são moradores do longínquo planeta Guimon, um planeta extrassolar. Eles moram no alto de um morro e têm um burro falante.

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O Burro Falante Enlouquecido dos Brandburgos

Os Brandburgos tinham uma roça num terreno escarpado que ia do chão até

o alto de um morro. Eles plantavam ali melancia, abóbora, mandioca, batata da terra, batata inglesa e outras plantas rasteiras.

Pois, como a roça deles ficava as encostas do morro, só podiam cultivar ali plantações rasteiras. Isso porque as árvores dificilmente se firmariam, poiso peso da copa delas faria com que desabassem, com o balançar 

 proporcionado pelo vento, indo parar na rodovia que passava lá embaixo.

A casa ficava no topo do morro. Era uma construção um tanto esquisita.

Tinha o formato de um castelo, mas não era um castelo. Pois não queriamchamar atenção dos ocupantes dos veículos que passavam na rodovia.Embora chamassem, por ser o lugar reconhecidamente estranho.

 No entanto, os Brandburgos tinham um burro muito maior que os burrosque nós conhecemos, e para ressaltar ainda mais essa diferença, o burrodeles era falante. Eles nunca explicaram a ninguém de onde trouxeram esse

 burro, que muito os ajudava na plantação, por isso mesmo ninguém saberiadizer qual seria a origem dele.

De qualquer forma, os Brandburgos eram tidos como pessoas estranhas,alheias à sociedade, pois viviam de maneira quase que subsistente, pouconecessitando, portanto, de ajuda de outras pessoas, senão dos membros da

 própria família.

Tudo naquele sítio tinha seu tamanho incrivelmente exagerado, como setivessem sidos produzidos em outros planetas, muito diferentes do planetaTerra.

(Publicado no Mokolóton em 10/8/11)

Por incrível que pareça, logo ao amanhecer num dia em que ninguémesperava, o burro começou a gritar lá no alto do morro e a cavar a terracomo se estivesse louco. Ele era muito forte e cavava com tanta força eagilidade, que conseguia em pouco tempo espalhar terra na direção darodovia, que passava lá embaixo, logo após um extenso e complicadoemaranhado de cipó que escondia a propriedade, antes de um muro de

 parede bem sólida. Depois desse muro ainda havia uma cerca de aramefarpado.

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Assim, dada a loucura do burro falante, desceu uma melancia de tamanhomais ou menos idêntico a um tambor, desses que os postos colocamgasolina ou óleo diesel, e ganhou velocidade até transpor o muro e a cerca

 para depois atingir a rodovia e se esborrachar nela, derramando uma ondavermelha do líquido vermelho adocicado saído da melancia gigante, quedentro de pouco tempo mancharia o negro asfalto tingindo-otemporariamente de vermelho.

 Não bastando a derrubada da melancia, o burro maluco continuava a cavar num lugar e noutro, como se estivesse enfurecido, e logo em seguida surgiua seus pés uma raiz de mandioca de tamanho maior que o da melancia, por ser mais comprida, que a uma patada certeira do burro desceu o morro.

Essa também pulou o muro e a cerca; atravessou a rodovia e continuou seu percurso morro abaixo.

 Nesse momento passava um único carro na rodovia, em velocidadeacelerada. O motorista desviou da raiz de mandioca em segundos e quasederrapou, mas parou logo adiante parou para ver o que acontecia. Masficou assustado e imediatamente decidiu prosseguir viagem.

Era um carro de passeio, portanto, leve demais. Teria sido esmagado se araiz de mandioca caísse sobre ele.

Publicado em 14/8/11

A raiz de mandioca, depois de atravessar a rodovia, arrebentou a cerca doterreno da parte de baixo do morro e continuou seu percurso acelerado até

encontrar algum obstáculo que a arrebentasse.

O motorista e seus passageiros mal suspiraram depois do susto damandioca, se apavoraram de novo ao vir descer do morro uma batata-docede tamanho praticamente igual ou até maior que o da mandioca. Essaconseguiu passar por cima do muro e da cerca de arame farpado do sítio,atravessar a rua sem tocar no asfalto e inda passar por cima da cerca doterreno que existe depois da rodovia. A batata-doce literalmente voou,como se tivesse asas e ainda por cima autonomia para ir aonde quisesse.

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Os ocupantes do carro ficaram apavorados e saíram logo dali. Nem tiveramcoragem de ficar e ver o que aconteceria depois.

Lá em cima uma mulher saiu da casa, sem roupa, e gritou com o burro:

- Por que você está fazendo isso, seu burro idiota de uma praga? Pare jácom essa baboseira porque senão vou engaiolar você!

Mas o burro deu um coice daqueles bem caprichados e certeiros nagigantesca mulher, e ela desceu voando e foi parar num emaranhado decipós tão grossos como cordas e resistentes como cabos de aço, na parte de

 baixo do morro. Ali ela ficou presa de costa para baixo e as mãos paracima. Como seu corpo era grandalhão e bem mais escuro que o ébano,

ficou parecendo uma peça defumada gigante, pendurada para ser fatiada para o consumo.

Entretanto, o burro, ao dar o coice muito forte na sua dona, perdeu oequilíbrio e também despencou, indo parar no emaranhado de cipó.Ficaram assim pendurados no ar, como mercadoria exposta para venda emaçougue, o burro falante maluco e sua dona esquisita.

Ambos estavam imóveis e em silêncio, como se estivessem mortos.

Postado em 17/8/11

Quando o Sr. Stone saiu da casa no alto do morro e deparou com aquelacena inusitada e ridícula, disse:

- Afinal, o que foi que aconteceu aqui?

A mulher respondeu:

- O seu burro falante ficou louco de uma vez. Desterrou algumas raízes e asrolou morro abaixo. Quando dei bronca nele, deu-me uma patada e vim

 parar aqui.

- Está se vendo o que aconteceu?

- Me tire daqui, Stone. Estou pendurada há muito tempo e não consigomexer o corpo.

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- Darei um jeito em vocês dois, já, já. Aguardem – disse o Sr. Stone, e saiudali.

A mulher aproveitou a oportunidade para ralhar com o burro:

- Você vê o que fez, seu burro desvairado? Quase me manda parar lá noasfalto. E que o pior de tudo é que a você também.

- Eu não sabia o que estava fazendo. Eu não sabia – disse o burro. – Semadame me entende, me perdoa. Madame compreende seu burro simpáticoe querido. Ele agiu com insanidade mental, mas merece receber o perdãode madame. Madame me perdoa?

- Ora, seu burro! Claro que te perdoo, meu queridinho de mamãe. Sei quevocê agiu por temperamento de raiva momentânea. Só que devemos criar umas regras para que você não repita esse ato tão... Ordinário.

- Que regras, madame? Não está pensando em me castigar, está?

- Ainda não. Ou seja, ainda não sei. Mas você bem que merece. Além domais, neste momento estamos nós dois castigados, só de estarmos

 pendurados aqui, feitos presuntos no defumador.

- Madame às vezes fala de jeito tão engraçado que faz burro falante rir. – Ao dizer tais palavras, o burro riu escancaradamente. Depois ficou sério e

 perguntou para madame:

- De que jeito o Sr. Stone vai tirar a gente daqui.

Madame respondeu:

- Eu, não sei. Mas você, gostaria que cortasse as cordas que o seguram.

Assim você ia despencar e se esborrachar lá embaixo.

- Oh, madame! Por que tanta maldade? É desse jeito que madame diz quequer me perdoar?

Madame riu.

- Você tem razão, meu burrinho idiota. Pensei mal de você, de repente. Masacho que foi só brincadeira. Uma maneira de rir com o fito de esquecer que

estou pendurada aqui.

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- Está bem, madame. Vou considerar.

Esta história maluca continua nos próximos capítulos do blog Mokolóton, oextraterrestre.

Aguarde.

Publicado em 24/12/11

O Sr. Stone foi até à cidade mais próxima e alugou um veiculo esquisito emforma de trator, mas que se firmava entre sapatas e conseguia subir morros,sempre na horizontal. Tinha ainda uma plataforma que se erguia a alturasreguláveis.

- Para que você precisa disso, Stone? – perguntou o Sr. Clemens, dono daloja, curioso por saber em que raio de negócios entrara o Sr. Stone.

- Preciso retirar uma carga que guardei no topo do morro, tempos atrás – respondeu. – Agora se acumulou lá no alto, e com essa máquina o trabalhofica mais fácil.

- Vou mandar Hitch ir com você, está bem? Ele sabe manejar a máquina eo ajudará nesse trabalho tão... penoso.

- Não! Não preciso da ajuda de Hitch! Isto é, o trabalho não é tão penoso

assim. E eu sei manejar muito bem a máquina – respondeu o Sr. Stonemuito depressa, com medo de descobrirem sua que eram sua mulher e seu

 burro falante que estavam pendurados.

O pior de tudo era que a mulher estava sem roupa. “Devia tê-la cobertacom um lençol, antes de vir para cá”, pensou o Sr. Stone. Porém, agora jáera tarde demais.

Todavia, ficou preocupado com a cena que fariam se descobrissem sua

mulher pendurada lá no morro, ainda sem roupa.

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“Ninguém vai ficar sabendo disso”, pensou. “Somente eu, minha mulher eo burro”. Confortou-se por fim com as próprias palavras o preocupado Sr.Stone.

Porém, ele não sabia que alguns carros que trafegavam na avenida paravam para ver a cena. As pessoas desciam dos carros, viam durante algum tempoa cena. Muitas se perguntavam como poderiam ajudar.

Mas a mulher disse que não se preocupassem, pois o marido dela tinha idoà cidade, em busca de equipamentos apropriados.

- Se é assim que ela pensa que se fará, que se faça – disse um homem aoentrar no carro e seguir viagem.

- Mas, afinal, como ela foi parar lá?

- Não sabemos. Ainda não sabemos.

Sim, eles não sabiam. Ninguém ainda sabia. Tanto que apareceram algunscarros de jornais, rádios e TVs, e seus donos os estacionaram noacostamento da rodovia.

- Senhoras e senhores – disse uma repórter da TV local -, não sabemoscomo, mas uma mulher e um burro estão pendurados em cipós muitogrossos, parecendo cordas. Não podemos mostrar a mulher porque ela estásem roupa.

Outros diziam:

- O marido dela, como castigo, amarrou os dois e os penduraram no alto domorro.

Só não informavam como o marido dela conseguiu fazer isso.

- Nenhuma explicação para o acontecido até agora. A mulher se recusa afalar.

Além de se manter calada quanto ao assunto, a mulher pediu ao burro quenão abrisse a boca. Pois, se descobrissem que o burro deles era falante, asituação se complicaria ainda mais.

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Essa história maluca continua nos próximos posts do blog Mokolóton, oextraterrestre.

Aguarde!

Postado no blog em 28/12/11

Apesar de o Sr. Stone dizer que não precisava da ajuda de Hitch,empregado do Sr. Clemens, este pediu em secreto ao empregado:

- Vai lá antes dele, pelo atalho. Pegue o scraft e corra até lá. (Lembrandoaqui que scraft é o nome do carro conversível veloz deles.) Depois meconte tudo o que viu lá na fazenda.

- Está bem, Sr. Clemens – disse prontamente seu funcionário competente eguardião. Isto é, guardião de observar tudo o que acontece em volta paradepois contar, em forma de anedotas, para o povo rir.

Coitado do Sr. Stone, que saiu dali a dirigir a geringonça, muito mais lerdado que o scraft de Hitch, com o destino ao sítio. No entanto, nem por cima,imaginava o que acontecia lá.

☺☻☺

 No sítio havia uma movimentação de pessoas no sopé da montanha. Eudisse no começo que a casa dos Brandburgos fica no topo de um morro.

Mas, dado o tamanho do bicho, vou trocar por montanha.

Pois bem, algumas pessoas pararam seus carros para ver a movimentaçãodos homens do resgate, no trabalho de tirar a mulher e o burro, até àquelahora ainda pendurados no ar.

Os fotógrafos procuravam um melhor ângulo para bater suas fotos. Se bemque pouco ou nada adiantava o trabalho deles, porque nem os jornais, nema TV podiam mostrar fotos de nus. Era mais mesmo assim, mais fácil dizer,

 por puro divertimento.

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Foi nessa agitação toda que o possante scraft de Hitch chegou e seestacionou a certa distância do local. Mais que depressa ele desceu do carroe se posicionou também com sua filmadora que capta imagens que é uma

 beleza e sorriu.

“Ah! O patrão vai ficar orgulhoso do meu trabalho aqui”, disse para ele próprio, contente de ter obtido êxito nessa aventura maluca. Se perguntando como foi que a mulher e o burro foram parar lá no alto.

Os homens do resgate, que em nossa terra são chamados de “bombeiros”,subiram até onde estava a mulher e a cobriram com um lençol.

As pessoas reclamaram.

- Deixa assim como está! Senão vai perder a graça ficar aqui olhando – disse um homem que já tinha filmado a mulher de vários ângulos. Ele se

 perguntava o tempo todo por que a mulher estava nua. Só que, dali,ninguém sabia responder. Era só a imaginação que corria solta.

- Vai ver que ela pendurou o burro, depois se pendurou, pra castigar omarido.

- Mas pendurou o burro como, com aquele peso todo?

- Não sei! Vai ver que usou uma grua.

Os “bombeiros” por fim tiraram a mulher de lá. Depois foi a vez do burrofalante. Este, por sua vez, teve de se manter calado, por exigência da dona,claro, porque ninguém poderia saber que ele falava.

Imagine então um burro que gosta muito de falar ter de se manter calado!

☺☻☺

Depois que o trabalho de retirada dos dois foi concluído, chegou o Sr.Stone com sua máquina barulhenta que lhe prestaria o valioso serviço.

Contudo, ao contrário de executar sua tarefa, teve de se esquivar dosrepórteres, que corriam atrás dele em busca de explicações para o fato tão...Inusitado.

Tudo o que ele sabia dizer era:

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- Não sei!

Esta história maluca continua, nos próximos posts do blog Mokoloton, o

extraterrestre. Aguarde.

Publicado em 30/12/11