Um conto europeu adaptado por Sílvia Moral

Ilustrado por Sandra Aguilar

O bosque das histórias

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Era uma vez uma menina que gostava muito de ouvir histórias.

Queria sempre que alguém lhe contasse uma: pedia-o ao pai, à mãe, à avó,

aos irmãos mais velhos, …

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Um dia, a menina foi dar um passeio num bosque que havia perto da sua casa.

Ali encontrou um cuco que cantava «cu-cu, cu-cu».

— Porque cantas sempre a mesma canção? — quis saber a menina.

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O cuco explicou-lhe que punha sempre os seus ovos nos ninhos de outro

pássaro. Quando o ovo se abria, o cuco bebé atirava ao chão os outros ovos

que estavam no ninho.

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Mas como o espírito do bosque tudo via, castigou-o obrigando-o a cantar

«cu-cu» uma e outra vez, de dia e de noite.

— Isto é um conto ou uma história verdadeira? — perguntou a menina.

— Cu-cu — respondeu o cuco, e foi-se embora a voar.

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A menina, que não sabia se havia de acreditar na história do cuco, continuou

o seu passeio pelo bosque, até que chegou perto de uns sombrios e altivos

abetos. Junto deles, havia três abetos que não tinham crescido.

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— Porque não têm nem uma só folha verde? — perguntou a menina.

As três pequenas árvores explicaram-lhe que queriam muito ver o sol,

pois tinham ouvido dizer que era muito bonito, mas os outros abetos

eram tão altos que não o permitiam.

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Como nunca tinha chegado aos três pequenos abetos um único raio de sol,

as suas folhas eram muito escuras, quase pretas.

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— Isto é um conto ou uma história verdadeira? — perguntou a menina.

Os abetos não responderam. Agitaram suavemente os seus ramos e deles

caíram uma folhinhas escuras que pareciam lágrimas.

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Então, a menina foi buscar uma enxada. Arrancou um a um os três abetos

e plantou-os de novo num lugar onde o sol brilhava radioso.

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Depois, foi buscar água a um rio que ficava ali perto e regou-os.

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A menina, cansada de tanto caminhar, voltou para casa, onde a sua mãe

a esperava…

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— Contas-me uma história, mãe? — perguntou a menina.

— Claro que sim! Vou contar-te uma muito linda à noite.

Depressa adormecerás e muitos sonhos terás.

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Na manhã seguinte, a menina regressou ao bosque, pois ali também

os animais, as árvores e até as pedras lhe contavam histórias.

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Ela nunca sabia se eram histórias inventadas ou verdadeiras, mas nunca deixou

de passear pelo bosque nem de se interessar pelas coisas que lhe contavam…

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