o boom do bim - ed 147

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West Towers, em Alphaville: obra executada em BIM Nº 147 ano 12 ago 2015 www.sindusconsp.com.br OPINIÃO Eduardo Zaidan, Lucio Soibelman, Rodrigo Luna ENTREVISTA DO MÊS Rodrigo Garcia O boom do BIM Modelo que eleva a eficiência das empresas tem despertado o interesse das construtoras brasileiras

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A crise econômica alimentada pela crise política acentuou o declínio da construção. O cenário no início de agosto se caracterizava por obras sendo concluídas sem novas para iniciar, pagamentos atrasados por falta de recursos públicos, vendas em queda dos estoques de imóveis, lançamentos imobiliários adiados, dificuldades na obtenção de financiamentos e escassez de novos contratos.

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West Towers, em Alphaville:

obra executada em BIM

Nº 147

ano 12

ago 2015

w w w. s i n d u s c o n s p . c o m . b r

OPINIÃO Eduardo Zaidan, Lucio Soibelman, Rodrigo Luna

ENTREVISTA DO MÊSRodrigo Garcia

O boom do BIMModelo que eleva a eficiência das empresas tem despertado o interesse das construtoras brasileiras

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3www.sindusconsp.com.br2 notícias da construção // agosto 2015

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3www.sindusconsp.com.br2 notícias da construção // agosto 2015

A crise econômica alimen-tada pela crise política acentuou o declínio da construção. O cenário no

início de agosto se caracterizava por obras sendo concluídas sem novas para iniciar, pagamentos atrasados por falta de recursos públicos, vendas em queda dos estoques de imóveis, lançamentos imobiliários adiados, dificuldades na obtenção de financiamentos e escassez de novos contratos.

No início de 2015, o SindusCon-SP e a FGV estimavam que, para uma queda de 1,5% do PIB, o produto da construção cai-ria 5,5% neste ano. Agora, preve-em que, para uma queda do PIB de 2%, o declínio do nosso setor será de 7%. Com viés de baixa.

A sondagem nacional realizada em julho pela FGV mostrava que apenas 9,5% dos empresários do setor pretendiam aumentar o con-tingente de pessoal empregado nos três meses seguintes, enquanto 43,4% iriam reduzi-lo. O dado re-forçou a previsão do SindusCon-SP de que o nível de emprego no setor deverá se reduzir em 480 mil pos-tos de trabalho ao longo de 2015, retrocedendo ao patamar de maio de 2010. Não será surpresa se o corte acabar sendo maior.

Na esfera política, o sindicato junta forças com a CBIC e outras

entidades da construção. Atua no Executivo para buscar equacionar os atrasos de pagamentos de obras e colabora na formatação da Fase 3 do Programa Minha Casa, Minha Vida, que o governo promete anun-ciar em 10 de setembro.

Espera-se que o governo não adie mais uma vez esse anúncio. Mesmo que não haja resultados práticos em 2015, ao menos o setor da construção poderá se pla-nejar para a prometida contratação

de mais 3 milhões de moradias até 2018. E uma inequívoca sinaliza-ção positiva será dada ao mercado.

Ao Legislativo, o setor da cons-trução tem oferecido propostas alternativas tanto aos excessos do ajuste fiscal como a mais rom-bos nas contas públicas. Lutamos por uma redução da desonera-ção menos prejudicial para todos. Propusemos elevar a remuneração dos depósitos no FGTS por meio de uma repartição dos resultados da

movimentação financeira do fundo, em vez da elevação de seus juros.

Mas a crise política se acirrou de tal maneira que no início de agosto os investimentos escasse-avam ainda mais e o ajuste fiscal parecia uma miragem distante. As entidades empresariais, dentre as quais o SindusCon-SP, exigiam a restauração da governabilidade, condição indispensável para es-tancar a crise e não perdermos de vez o grau de investimento.

Se esta restauração ocorresse, o País poderia impulsionar medi-das que promovessem um ajuste fiscal de qualidade, acompanha-do de uma agenda positiva para a reversão da paralisia econômica, preparando o terreno para refor-mas futuras que corrijam a crise estrutural das contas públicas.

Estaria assegurado, assim, o restabelecimento gradual da con-fiança dos investidores. Mas é preciso admitir que ainda haverá um longo percurso até chegarmos a esse novo cenário.

Por ora, sem fôlego financeiro no poder público e com uma eco-nomia que não suportaria novos aumentos da carga tributária, a expectativa é de que Executivo e Legislativo se empenhem na re-paração dos estragos cometidos, buscando o resgate de um mínimo de governabilidade.

editorial

UM MíNIMO dE GOVERNABILIdAdEJosé Romeu FeRRaz NetoPresidente do SindusCon-SP

ESPERA-SE QUE O GOVERNO NÃO ADIE MAIS UMA VEZ O ANÚNCIO

DO MCMV3

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5www.sindusconsp.com.br4 notícias da construção // agosto 2015

Sumário // agoSto 2015

03EDITORIAL

PALAVRA dO PRESIdENTE

06ENTREVISTAROdRIGO GARCIA FALA

SOBRE PPPs NA HABITAÇÃO

dE INTERESSE SOCIAL

20OPINIÃOLUCIO SOIBELMAN

dISCORRE SOBRE OS

GANHOS PROPORCIONAdOS

ÀS EMPRESAS PELO

PROCESSO BIM

22FOTO DO MÊS

24INDICADORES

27DESTAQUEPROJETO PLANTAS ONLINE II

COMPLETA dOIS ANOS

32SINDUSCON-SP EM AçÃO

35BALANçOdIRETORIA ATUAL dO

SINdUSCON-SP COMPLETA

PRIMEIRO ANO dE GESTÃO

38OPINIÃOJOSÉ CARLOS BAPTISTA

PUOLI FALA SOBRE OS

PROCESSOS JUdICIAIS

REPETITIVOS NA

CONSTRUÇÃO CIVIL

39REGIONAL

SIN

CO

EN

GE

NH

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IA

12CAPABIM GANHA ESPAÇO NO MERCAdO BRASILEIRO

Cadeia da construção civil aos poucos vai reconhecendo os ganhos que o processo BIM proporciona em termos de eficiência e produtividade. Na imagem, projeto em BIM mostra estrutura e arquitetura do empreendimento West Towers.

FOTO: JORGE ROSENBERG

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5www.sindusconsp.com.br4 notícias da construção // agosto 2015

PRESIDENTE José Romeu Ferraz Neto

VICE-PRESIDENTES Eduardo Carlos Rodrigues Nogueira, Eduardo May Zaidan, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Haruo Ishikawa, Jorge Batlouni, Luiz Antônio Messias, Luiz Claudio Minnitti Amoroso, Maristela Alves Lima Honda, Maurício Linn Bianchi, Odair Garcia Senra, Paulo Rogério Luongo Sanchez, Roberto José Falcão Bauer, Ronaldo Cury de Capua

DIRETORES DAS REGIONAIS Elias Stefan Junior (Sorocaba), Fernando Paoliello Junqueira (Ribeirão Preto), Germano Hernandes Filho (São José do Rio Preto), Márcio Benvenutti (Campinas), Mario Cézar de Barros (São José dos Campos), Mauro Rossi (Mogi das Cruzes), Paulo Edmundo Perego (Presidente Prudente), Ricardo Aragão Rocha Faria (Bauru), Ricardo Beschizza (Santos), Sergio Ferreira dos Santos (Santo André)

REPRESENTANTES JUNTO À FIESP Eduardo Ribeiro Capobianco, Sérgio Porto, Cristiano Goldstein, João Cláudio Robusti

ASSESSORIA DE IMPRENSA Enzo Bertolini (11) 3334.5659, Fabiana Holtz (11) 3334.5701

CONSELHO EDITORIAL Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Biachi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto, Ana Eliza Gaido e Rafael Marko.

DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDO Néctar Comunicação Corporativa (11) 5053.5110

EDITOR RESPONSÁVEL Paulo Silveira Lima (MTb 2.365-DF) [email protected]

REDAÇÃO Enzo Bertolini, Fabiana Holtz e Rafael Marko, com colaboração das Regionais: Bruna Dias (Bauru); Ester Mendonça (São José do Rio Preto); Giselda Braz (Santos); Geraldo Gomes e Maycon Moreno (Presidente Prudente); Camila Garcêz (São José dos Campos e Mogi das Cruzes); Marcio Javaroni (Ribeirão Preto); Lívia Lopes e Simone Marquetto (Sorocaba); Sueli Osório (Santo André) e Vilma Gasques (Campinas).

ARTE E DIAGRAMAÇÃO Fernanda Sant’Anna

REVISÃO Littera Scripta

PUBLICIDADE Comercial SindusCon-SP: Valéria Giolli (11) 3334.5694

Raízes Representações: Vando Barbosa (11) 99614.2513/2604.4589 [email protected]

ENDEREÇO Rua Dona Veridiana, 55, CEP 01238-010, São Paulo-SP

CENTRAL DE RELACIONAMENTO SINDUSCON-SP (11) 3334.5600

IMPRESSÃO: Pancrom Indústria Gráfica

TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 15.000 exemplares

AUDITORIA DE TIRAGEM: Parker Randall Brasil

opiniões dos colaboradores não refletem necessariamente posições do sindusCon-sP

[email protected] www.sindusconsp.com.br facebook.com/sindusconsp twitter.com/sindusconsp youtube.com/sindusconspmkt

Disponível na App Store e no Google Play

“O papel desta revista foi feito com madeira de florestas certificadas FSC e de outras fontes controladas.”

47NOVIDADES DO MERCADONOVOS PROdUTOS

E SERVIÇOS PARA A

CONSTRUÇÃO CIVIL

48AGENDACURSOS E EVENTOS

dO SINdUSCON-SP

49CONCRETOROdRIGO LUNA FALA

SOBRE dESAFIOS dO

SETOR IMOBILIÁRIO

50OPINIÃOEdUARdO ZAIdAN

ANALISA A CONJUNTURA

POLíTICO-ECONÔMICA

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7www.sindusconsp.com.br6 notícias da construção // agosto 2015 7www.sindusconsp.com.br6 notícias da construção // agosto 2015

Embora esteja há apenas cinco meses no cargo de secretário estadual de Habitação, Rodrigo Garcia tem antigas ligações com o setor. Iniciou na vida profissional como corretor de imóveis, foi dirigente do CRECI-SP. Como deputado estadual, presidiu a comissão da Assembleia Legislativa que estudou as parcerias público-privadas do Estado. Agora, ele defende o modelo das PPPs como salvação para os programas de habitação de interesse social.

A PPP é o novo modelo de financiamento da habitação

eNtreviSta // rodrigo garCia

FOTO

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RG

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7www.sindusconsp.com.br6 notícias da construção // agosto 2015 7www.sindusconsp.com.br6 notícias da construção // agosto 2015

Notícias da Construção // Como o se-nhor analisa o papel do estado de são Paulo no fomento da habitação popular?

Rodrigo Garcia // É importante lem-brar que São Paulo tem muita tradição na habitação de inte-resse social (HIS) por meio do orçamento estadual. Porque na década de 1980 tivemos uma lei que obrigou São Paulo a in-vestir 1% do ICMS do Estado em habitação. E a partir de então, com esse dinheiro carimbado, o governo foi protagonista com obras de HIS. Quando houve di-ficuldades no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e no Banco Nacional de Habitação (BNH), durante a década de 1990 e até o ano de 2008, a CdHU, ou seja, o governo do Estado de São Paulo foi o único protagonista na cons-trução de HIS em nosso Estado. Então, São Paulo já tem uma história muito grande por conta dessa vinculação orçamentária. A CdHU é uma empresa que tem 50 anos e que nos últimos 20 produziu muito, tem mais de 500 mil casas entregues à popu-lação. No ano de 2009, o gover-no federal lançou o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), programa que passou a dividir esse prota-gonismo. E o que fez o Estado? Avaliou o programa nacional, con-tinuou com seu programa direto pela CdHU e criou, em 2011, a Agência Paulista de Habitação Social, conhecida como Casa Paulista, que surgiu da necessi-dade de complementar recursos para o MCMV no Estado de São Paulo. de 2011 para cá, a Casa

Paulista foi o grande responsá-vel por viabilizar as unidades do MCMV Faixa 1.

NC // Qual é a sua filosofia de trabalho à frente da secretaria de estado da Habitação?

RG // Eu entendo que chego à se-cretaria agora em 2015 com a missão de consolidar esses avan-ços, seja na construção direta por meio da CdHU, seja no fomen-to que nós fazemos por meio da Casa Paulista, e além disso, avan-çar naquilo que é mais recente, e que no meu ponto de vista é mais inovador: as parcerias público- -privadas (PPPs) na habitação.

As PPPs começaram a ser estudadas em 2011. No ano de 2014, lançamos os editais de concorrência de PPPs aqui na capital, particularmente no cen-tro da cidade, que teve como característica, além da oferta de casa para quem precisa, a revita-lização urbana. Foi estabelecido o perímetro no centro ao longo da ferrovia, áreas extremamen-te degradadas, com o objetivo de recuperá-las. Buscou-se me-lhorar a qualidade de vida, pois o público-alvo desse projeto são pessoas que trabalham no cen-tro mas não moram ali – vamos evitar deslocamentos. O primeiro contrato assinado é para 3,3 mil unidades, com execução de obras iniciada neste mês.

Essa experiência nos moti-vou a avançar em PPPs em ou-tros municípios. Estamos come-çando esse avanço na Região Metropolitana de São Paulo.

NC // o senhor esteve visitando o sindusCon-sP e apresentou aos empre-sários o projeto da Fazenda albor. Como será executado esse projeto?

RG // Estamos publicando neste mês de agosto um chamamen-to para ouvir a iniciativa privada sobre uma proposta de parceria público-privada numa área da CdHU, de 2,7 milhões de me-tros quadrados, localizada no en-troncamento do Rodoanel Trecho Leste com a Rodovia Presidente dutra, distribuída entre os muni-cípios de Arujá, Itaquaquecetuba

“A CRISE ECONÔMICA QUE VIVEMOS ABRE UM CAMINHO PARA PPPs

DE INTERESSE SOCIAL”

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e Guarulhos. A PPP da Fazenda Albor será provavelmente a maior que iremos realizar num único lote aqui no Estado.

NC // Quantas unidades o projeto prevê?

RG // Nós estamos desenhando, ini-cialmente, 10 mil unidades, mas vai ganhar a concorrência justa-mente quem oferecer um número maior de unidades versus um vo-lume menor de contraprestação. Além da construção de unidades habitacionais, essa PPP ofere-ce receitas acessórias que vão torná-la economicamente viável. Imaginamos o seguinte: o agen-te privado constrói as HIS, ven-de para um público específico, o

qual nós vamos determinar, pode construir habitações do mercado popular (HMPs), que serão vendi-das a preços de mercado para um público que tem uma renda mais alta, sem subsídio do Estado. Vai

também poder construir um cen-tro logístico, vai poder explorar centros comerciais, que vão gerar receita para esse parceiro priva-do. Isso fará com que seja menor a contraprestação do Estado, que basicamente é o valor do subsí-dio que a gente dá mais os custos dos serviços que a gente exige, como os custos de condomínio e de manutenção predial. Ou seja, se for construído um apar-tamento que custa, por exemplo, R$ 100 mil e eu exijo que o par-ceiro venda ele por R$ 70 mil, o Estado está dando um subsídio de R$ 30 mil, que se soma à con-traprestação que será paga em 20 anos ao parceiro privado.

A estratégia do governo Alckmin é utilizar a CdHU para fazer casas em cidades menores, e a Casa Paulista para construir

casas em parceria com o Minha Casa, Minha Vida em cidades médias e grandes. As PPPs serão concentradas em grandes cida-des, porque a gente considera que a atração econômica para as parcerias está nos grandes cen-tros. Com isso, teremos condições de atender a todos os públicos. E a PPP nos dá a possibilidade de extrapolar o nosso orçamento do 1%, e consequentemente de fazer mais.

NC // o senhor acredita que conseguirá viabilizar novas PPPs neste momento de crise econômica?

RG // Por mais paradoxal que seja, a crise econômica que vivemos abre um caminho para PPPs de interesse social. Se o Brasil estivesse num momento de eco-nomia saudável, em desenvol-vimento, com crescimento alto, provavelmente, as PPPs que es-taríamos assinando seriam de infraestrutura. A crise nos leva a olhar para PPPs de interesse mais social, e a área da habitação tem essa vocação.

NC // o setor da construção civil aguar-da com grande expectativa o lançamen-to da Fase 3 do mCmV. e o governo de são Paulo, o que espera?

RG // O governo de São Paulo pre-tende renovar o convênio com o governo federal do Casa Paulista. O primeiro convênio, assinado em 2012, previa a construção de 100 mil unidades, nós cons-truímos cerca de 106 mil, ou seja, extrapolamos o que previa o

“NÃO PODEMOS ACHAR QUE OS QUASE 90% DE SUBSÍDIO DO

MCMV PARA A FAIXA 1 SERÃO PARA SEMPRE”

eNtreviSta // rodrigo garCia

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9www.sindusconsp.com.br8 notícias da construção // agosto 2015

convênio. Vamos agora aguardar as regras da Fase 3 para reno-var, porque a gente acredita que, mesmo com a correção dos valo-res que será feita no MCMV3, ela não será suficiente para o Estado de São Paulo, nas grandes ci-dades, fechar a conta. Também queremos avaliar a nova faixa que deverá ser lançada, a Faixa 1-FGTS, que é muito bem-vinda para São Paulo, pois somos um Estado que tem nível de renda mais elevado, e a nova faixa vai abranger uma grande parcela da população que hoje não pode ser atendida pelo programa.

NC // então é garantido que o Programa Casa Paulista vai continuar...

RG // Sim, o Casa Paulista vai continuar neste governo. Quero destacar que São Paulo não está parado. Temos um grande nível de investimento, na proporção do nosso orçamento, e mesmo com a crise, estamos agora dis-cutindo se vamos investir mais ou um pouco menos, mas não estamos cogitando descontinuar o programa.

NC // Voltando um pouco à questão das PPPs, e no interior, quando teremos novidades?

RG // Nós já estamos com dis-cussões avançadas com a ci-dade de Campinas. O prefeito Jonas donizette nos procurou,

nossa equipe está dialogando com Campinas, que é a maior cidade do interior, e estamos avaliando levar uma PPP para lá. É importante destacar que as prefeituras têm um papel fun-damental nas PPPs: ou elas nos ajudam com terrenos, como foi o caso da cidade de São Paulo, ou elas nos ajudam com a constru-ção de equipamentos públicos e, eventualmente, com mudanças de zoneamento, quando o terre-no é do Estado, como é o caso da Fazenda Albor. Ali será prati-camente uma nova cidade, com mais de 30 mil pessoas, que vão demandar postos de saúde, escolas e toda infraestrutura de serviços públicos.

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NC // Com relação aos projetos da CDHu, que é a outra perna do tripé que sustenta a filosofia de sua gestão, o que pode ser destacado?

RG // Nós estamos com 30 mil unidades em obras, que têm um orçamento inicial de quase R$ 3 bilhões de investimento da companhia. Além das casas, a CdHU, por meio de seus contra-tos, faz toda a infraestrutura dos bairros – como guias, sarjetas e asfalto. Além dessas 30 mil uni-dades, temos grandes programas

de urbanização de comunidades. destaco o bairro dos Pimentas, em Guarulhos, e o Jardim Santo André, em Santo André. A CdHU também é a executora dos progra-mas Litoral Sustentável e Serra do Mar, que já removeram mais de 9 mil famílias de áreas de ris-co, fazendo reassentamento em unidades habitacionais. O Serra do Mar focou na Baixada Santista e o Litoral Sustentável ampliou os benefícios para o litoral sul e para o litoral norte. Foram adquiridos diversos terrenos nos municípios

do Guarujá e de São Sebastião, que serão em breve objeto de obras de habitação, para abrigar as famílias que serão removidas pelos programas.

NC // Que palavra de esperança o senhor pode dar para o empresário da construção civil neste momento difícil, de crise?

RG // Eu enxergo na parceria público-privada o caminho para o investimento na habitação de interesse social. Vivemos uma era em que o Brasil não é mais um país de jovens. É um país de pessoas maduras caminhando para ser um país de idosos. Isso significa que a maior parte dos orçamentos públicos será con-sumida por essa nova realidade etária da população – gastos muito fortes com saúde e segu-ridade social. Vai sobrar cada vez menos recurso para inves-timento. Então, não podemos achar que este 1% do ICMS, por exemplo, vai ser eterno. Não podemos achar que os qua-se 90% de subsídio do MCMV para a Faixa 1 serão para sem-pre. Já hoje, o governo federal tem dificuldade para pagar em dia as obras. Então, a PPP é o novo modelo de financiamento da habitação de interesse so-cial, do meu ponto de vista. É por isso que estamos buscando parcerias com o SindusCon-SP e demais entidades para estu-dar modelos que parem em pé economicamente e que deem uma luz de investimento para o setor da construção civil.

eNtreviSta // rodrigo garCia

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CaPa // eSPeCial bim

Adotado em larga escala pela in-dústria da construção em paí-ses da Ásia, América do Norte e Europa, o Building Information

Modeling (BIM, Modelagem de Informação da Construção) aos poucos vai ganhando espaço entre as construtoras brasileiras. Empresários, engenheiros e arquitetos têm percebido os ganhos que o processo BIM oferece em termos de qualidade, eficiência, produtividade e retornos financeiros. São muitos os cases de sucesso, que estimulam as empresas a investir em tecnologia e ca-pacitação de mão de obra.

O BIM é um processo integrado que cria modelos tridimensionais que congregam to-das as disciplinas de projetos, gerando mais do que um mero modelo visual da edificação – um banco de dados completo, com infor-mações multidisciplinares relativas a todo o ciclo de vida do empreendimento, desde a concepção do projeto, passando pelo orça-mento, o planejamento da obra e a constru-ção, até a manutenção na fase de uso. Além de ajudar a concluir os empreendimentos mais rapidamente, o BIM permite detectar as incompatibilidades construtivas, evitando

Ao elevar a eficiência e a produtividade, BIM ganha espaço entre as construtoras brasileirasMercado já compreende os ganhos que o processo oferece no planejamento e na execução das obras, e empresas passam a adotá-lo buscando melhorar sua competitividade

erros na obra e no planejamento. “O BIM é um instrumento, mas o que está por trás é uma nova maneira de pensar que interli-ga toda a cadeia produtiva”, afirma André Glogowsky, membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do SindusCon-SP e do conselho da Hochtief do Brasil.

O modelo também gera quantitativos automáticos dos materiais a serem utili-zados na obra e informações sobre cus-tos e prazos de execução, proporcionando maior precisão na elaboração do orçamen-to e otimizando as compras das constru-toras. “Esse processo otimiza toda a ca-deia da construção”, enfatiza Fernando Correia, membro do CTQ e diretor da Sinco Engenharia.

Investir em BIM demanda treinamen-to dos profissionais, aquisição de licenças de softwares e contratação de consultorias. Pesquisa mundial realizada em 2013 pela consultoria Mc Graw Hill, dos EUA, mostra que a proporção de empresários que repor-tam ter alcançado retorno positivo com seus investimentos em BIM chega a 97% no Japão, na Alemanha e na França. No Brasil, essa taxa de sucesso é de 85%, maior que

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13www.sindusconsp.com.br12 notícias da construção // agosto 2015

a de países como Estados Unidos (74%) e Reino Unido (59%).

Nesse estudo, os construtores foram convidados a falar sobre os principais be-nefícios proporcionados pela adoção do BIM. Redução de erros e omissões (41%), estreitamento da colaboração entre constru-tora e escritórios de projetos (35%), ganhos de imagem empresarial (32%), redução de retrabalho (31%), redução dos custos de construção (23%), melhoria do controle de custos (21%) e redução do tempo de execu-ção do projeto (19%) foram os pontos posi-tivos mais citados.

O mercado já assimilou que os benefícios gerados pela implantação do BIM justificam plenamente os recursos investidos em tecno-logia e treinamento. O aumento da eficiência no planejamento e no controle da execução da obra, que gera ganhos de produtividade, é o fator mais visível. “Momentos de crise ofe-recem oportunidades para a reorganização do mercado e da indústria”, afirma o vice--presidente do SindusCon-SP e diretor da dox, Francisco Vasconcellos Neto.

O processo BIM proporciona a redução de riscos, pois tudo é modelado e verificado

previamente, por meio do desenvolvimento dos projetos executivos de forma comparti-lhada entre as várias disciplinas.

MUDANÇAS PROFUNDASA adoção do BIM pelas empresas e pelo poder público provoca uma mudança cul-tural profunda, pois todo o mercado terá que se adaptar ao novo conceito, adequan-do processos e adotando uma nova siste-mática de trabalho.

No campo empresarial, há a aceleração das etapas de desenvolvimento dos proje-tos. Boa parte das informações que seriam detalhadas apenas na fase de projeto exe-cutivo passam a ser discutidas desde a con-cepção do produto.

Outra mudança relevante se dá em

O SOFTWARE, POR SI SÓ, NÃO MUDA A NADA – É PRECISO MUDAR A EMPRESA

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Perspectiva em BIM do LED Barra Funda mostra estrutura e instalações hidráulicas e elétricas

Page 14: O Boom do BIM - Ed 147

15www.sindusconsp.com.br14 notícias da construção // agosto 2015

CaPa // eSPeCial bim

1978

Tecnologia BIM é

desenvolvida pelo

americano Chuck

Eastman, professor

da Universidade

Carnegie Mellon

2003Nos EUA, o setor

público passa a

exigir BIM para

obras públicas

2006SindusCon-SP inicia

articulações para

a introdução do

BIM no País

2009Comissão de estudos

da ABNT, sob

coordenação do

SindusCon-SP,

conclui o projeto

da Norma BIM

37 ANOS DE BIM

relação à interação entre as disciplinas. Convencionalmente, a elaboração dos pro-jetos executivos de uma obra é um processo sucessivo e compartimentado. Com o BIM, a troca de informações é compartilhada todo o tempo, possibilitando que as disci-plinas interajam num único modelo, que é discutido e adaptado continuamente.

Além disso, por meio de dispositivos mó-veis um modelo 3d obtido com o uso do BIM pode ser levado para o canteiro, tor-nando mais eficiente a comunicação e fa-cilitando a execução e o controle de tudo o que é executado.

As vantagens na utilização do BIM não se limitam ao modelo 3d, elas podem ser observadas no planejamento e controle de prazos da obra, na orçamentação e con-trole das quantidades executadas, na me-lhora da logística do canteiro e no aumen-to da produtividade do trabalho da equipe técnica da construtora. Enfim, em várias outras dimensões.

UTILIZAÇÃO EM ALTAO mercado nacional dá mostras de que a utilização do processo BIM está se popu-larizando. Construtoras brasileiras de por-tes variados, como Método, Matec, JSHS, Gafisa, Sinco, Hochtief, Odebrecht, entre outras, utilizam BIM em suas obras já há algum tempo, muito em função da exigên-cia de empreendedores privados. Embora não seja exatamente pioneiro nessa área,

o País tem progredido rapidamente nes-se processo. “Em relação a Reino Unido e Estados Unidos, estamos atrás. Mas nos en-contramos bem à frente do resto da América Latina”, afirma Glogowsky.

Na Hochtief, o uso do BIM começou há mais de 20 anos na Europa. No Brasil, desde o ano 2000 a empresa passou a ter mudanças para a adaptação à nova manei-ra de trabalhar em BIM. O software, por si só, não muda a nada – é preciso mudar a empresa. A utilização da plataforma come-çou há cinco anos. Entre mais de uma de-zena de obras realizadas com o BIM, seja para planejamento ou para outras etapas, Glogowsky destaca o hotel Four Seasons, o Edifício JK 18 e a escola americana Grader, além de data centers e obras no Rio de Janeiro. “Aplicamos o BIM na empresa e nos projetos. Em alguns fazemos todas as etapas, em outros, apenas em parte.”

O próximo passo da empresa é desen-volver o BIM 5d, abrangendo a orçamenta-ção. Ainda em processo inicial, a Hochtief depende da interligação de toda a cadeia para avançar. “O Brasil precisa evoluir nas bibliotecas de preços dos fornecedores em BIM. As empresas no País só usam 5% do potencial do processo. Ainda se não viu to-dos os grandes benefícios, mas chegaremos lá”, acrescenta Glogoswky.

A Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) entregou, na primeira quinzena de agosto, a torre residencial do Life Essential

Page 15: O Boom do BIM - Ed 147

15www.sindusconsp.com.br14 notícias da construção // agosto 2015

2010Membros do CTQ

fazem visita técnica à

Universidade Carnegie

Mellon, em Pittsburgh

(EUA)

2010SindusCon-SP

realiza, em setembro,

o 1º Seminário

Internacional BIM

2014SindusCon-SP

cria a Academia BIM

2015SindusCon-SP realiza,

no dia 22 de setembro,

o 6º Seminário

Internacional BIM

design (LEd) Barra Funda, empreendi-mento que integra em um único complexo hotel, escritórios, lojas e praça. A arquite-tura, estrutura, instalações prediais e veda-ções foram projetadas a partir do processo BIM. “Com isso, pudemos observar todos os processos construtivos, materiais utili-zados, cronograma da obra e fases de ins-talação”, explica Antonio Ciampi, diretor de Construção da OR. “Com essas informa-ções reunidas, pudemos garantir a excelên-cia do produto, aumentando sua qualidade e garantindo os prazos firmados”, afirma.

No ano passado, a Sinco inaugurou, em Alphaville, o empreendimento West Towers, composto por duas torres de escritórios e um centro comercial, também planejado e executado em BIM. Agora em outubro, a construtora deverá entregar o Shopping Norte Cantareira, projeto totalmente desen-volvido pelo processo.

O BIM também é um processo impor-tante para os fornecedores de produtos e materiais para construção. A eles cabe gerar os objetos virtuais que compõem bibliotecas e inserir dados confiáveis de desempenho, manutenção, logística e descarte ou desmonte. Segmentos de pro-dução customizada, tais como drywall, steel frame e pré-fabricados em geral po-dem ser beneficiados com a integração entre concepção e produção, com ganhos potenciais expressivos.

Há mais de duas décadas, a Petrobras

vem exigindo a modelagem em BIM nos seus contratos para a construção de plata-formas marítimas. A companhia detectou um aumento significativo da qualidade dos projetos, em função da integração dos da-dos entre todas as fases: planejamento, pro-jeto, suprimento, construção e montagem. Agora, resolveu replicar a experiência em terra firme.

A Petrobras recentemente inaugurou sua nova sede na cidade de Santos [veja a foto do mês, nas páginas 22 e 23], cujos projeto e execução em BIM foram uma exigência feita na licitação da obra. dessa forma, a estatal segue os passos de governos de pa-íses como os EUA – que desde 2003 exige que prédios públicos sejam construídos por esse processo, tornando-se o grande fomen-tador da implantação do BIM.

Em palestra realizada em outubro de

“MUDANçA NO MERCADO SERÁ MAIS

AMPLA QUANDO CONTRATANTES DEMANDAREM O

USO DO BIM”

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CaPa // eSPeCial bim

2013 no SindusCon-SP, o então gerente se-torial de Projeto e Suprimento, Marco Mota, listou os benefícios que a Petrobras obteve com a utilização do BIM na implantação da sede santista: facilidade na execução de al-terações e ajustes de projeto, diminuição dos retrabalhos na compatibilização das discipli-nas, aumento de produtividade, facilidade no gerenciamento das informações e na comu-nicação entre as disciplinas e facilidade no levantamento de quantitativos e especifica-ções, otimizando os processos de suprimento de materiais e equipamentos, entre outros.

O Ministério do desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MdIC) enco-mendou a consultores brasileiros e europeus um estudo comparando o estágio de ado-ção do BIM no Brasil e na União Europeia. Publicado no início de agosto, o trabalho

[veja relatório em www.sindusconsp.com.br] mostra que a primeira iniciativa do Estado brasileiro com resultados públicos se deu em 2010, quando ocorreu a contratação para desenvolvimento de uma versão inicial de Biblioteca BIM para a tipologia de edificação do programa Minha Casa, Minha Vida, por demanda do MdIC e da Agência Brasileira de desenvolvimento Industrial (ABdI), como parte do programa Ações Estruturantes para a Modernização da Construção.

No ano passado, surgiram licitações com a exigência de utilização do BIM – uma para projetos de cerca de 270 aero-portos regionais, organizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por in-termédio do Banco do Brasil, e outra re-ferente a dois hospitais, pelo governo de Santa Catarina. Este foi o primeiro Estado

A implantação e a utilização do BIM em tempos de crise é o tema prin-cipal do 6º Seminário Internacional BIM – Modelagem da Informação da Construção, a ser realizado pelo SindusCon-SP no dia 22 de outubro, no Caesar Business Faria Lima, na Vila Olímpia, zona oeste de São Paulo.

Consolidado como o mais im-portante evento no Brasil focado na Modelagem da Informação da Construção (BIM), o Seminário traz esse ano especialistas dos Estados Unidos para mostrar quais os ga-nhos conquistados e medidos pelas empresas que adotaram o BIM no país, além dos números de um dos principais centros de pesquisa mun-diais no BIM, o CIFE da Universidade de Stanford.

Pensado e organizado pelo GT BIM do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, o evento vai trazer aos iniciantes no tema, um painel de-dicado a desmitificar o BIM, mostran-do de forma clara o que exatamente é esse jeito novo de trabalhar e onde já chegamos no Brasil e no exterior. Representantes de importantes pro-vedores de serviços BIM no Brasil vão apresentar e debater as diferentes al-ternativas de implantação do processo em empresas e empreendimentos.

Na ocasião, novas experiências brasileiras bem sucedidas de im-plantação de BIM também estarão presentes, por meio da exposição de cases de destaque, assim como exem-plos inspiradores do exterior, como a famosa implantação de BIM para

desenvolvimento e licenciamento de obras em Cingapura.

A antecipação dos temas e ten-dências futuras é marca registrada do seminário, que este ano foca a tecnologia do laser scanning e seu uso no desenvolvimento do projeto e na operação do edifício, além do futuro da construção de edifícios e infraestrutura, na visão de renomado estrategista internacional.

A participação no seminário continua imprescindível para profis-sionais e empresas de projeto, cons-trução, gerenciamento de obras, fabricantes de componentes e sis-temas construtivos e contratantes de obras que desejam se iniciar no BIM ou que já estão usando esse novo processo.

eVeNto Debate bIm em temPos De CRIse

Para mais informações e inscrições, consulte o portal do sindusCon-sP – www.sindusconsp.com.br.

A organização do evento está a cargo do GT BIM, integrado por André Glogowsky, Fernando Corrêa, Fernando Fernandes, Francisco Vasconcellos e Paulo Sanchez.

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17www.sindusconsp.com.br16 notícias da construção // agosto 2015

a anunciar a intenção de desenvolver um programa de implantação do BIM, porém ainda não estabeleceu regulamentação al-guma nesse sentido.

Enquanto a utilização da plataforma pelo setor público no Brasil se restringe a ações isoladas como as citadas, nos Estados Unidos várias prefeituras já exigem que os projetos enviados para seus órgãos de licen-ciamento de obras sejam desenvolvidos em BIM. Ao estabelecer a obrigatoriedade, toda a cadeia da construção tem que trabalhar nessa plataforma.

Já em Cingapura, o poder público ela-borou um plano de ação com o intuito de fomentar a adoção do BIM pelas empresas. Um fundo de US$ 186 milhões foi desti-nado para o reembolso dos custos dos es-critórios de engenharia e arquitetura na implementação da ferramenta. Além do fi-nanciamento, o governo local paga metade

das despesas de treinamento e a realização de seminários. Até o fim deste ano, a expec-tativa do governo é que 96% das empresas instaladas no país estejam utilizando o BIM.

BIM NA EUROPAO trabalho desenvolvido para o MdIC mostra que os diversos países da União Europeia têm sido agentes ativos na implantação do BIM.

O governo do Reino Unido colocou o BIM no centro de suas estratégias de desenvolvi-mento, por considerar que esse seria um mo-vimento crucial para o aprimoramento da in-dústria britânica da construção. Em 2011, foi estabelecida uma norma tornando obrigatório, a partir de 2016, o BIM colaborativo em 3d com informações de projeto e materiais para todos os projetos centrais.

de acordo com o então ministro do Gabinete do Governo, Francis Maude, “esta estratégia governamental de quatro anos para

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CaPa // eSPeCial bim

a implementação do BIM mudará a dinâ-mica e os comportamentos da cadeia de fornecimento da indústria da construção, permitindo novas formas mais eficientes e colaborativas de se trabalhar. A adoção do BIM em todo o setor nos colocará na van-guarda da nova era de construção digital e fará do Reino Unido um dos líderes mun-diais no BIM”.

O governo da França designou, em ju-nho de 2014, um embaixador digital para a Indústria de Edificações. Ele passou a ser o responsável pelo desenvolvimento da política digital de BIM e de um programa operacional para a sua execução na indús-tria francesa de edificações. Os objetivos do governo francês são modernizar o processo de entrega de projetos de edificações, ele-var a colaboração entre as partes interessa-das, melhorar a qualidade das construções e reduzir seus custos. O BIM será exigido progressivamente em licitações públicas a partir de 2017.

Na Holanda, a Rijksgebouwendienst (RdG – Agência Governamental de Construção), tornou obrigatório, a partir de novembro de 2011, o BIM nos projetos do governo com valor acima de 10 milhões de

euros e em grandes projetos de manutenção de edificações – a RdG gerencia o conjunto de grandes propriedades do país, que cor-responde a 7 milhões de metros quadrados.

Hoje, para desenvolver novos projetos, o governo holandês contrata um consórcio pri-vado para construir e operar, além de provi-denciar seu financiamento. O governo paga ao consórcio uma taxa para a viabilidade do projeto por toda a duração do contrato, que é de longo prazo – na maioria das vezes, até 30 anos. Ao final de 2012, 13 tipos de contrato estavam em implementação (para seis estradas e sete prédios), com um valor agregado de mais de 6 bilhões de euros. O governo estima que tais contratos poupem 800 milhões de euros aos cofres públicos.

Na Finlândia, a Senate Properties, em-presa pública vinculada ao Ministério de Finanças, é a grande promotora da adesão do BIM. Ela faz a gestão de aproximada-mente 10,5 mil edificações em uma área de mais de 6,4 milhões de metros quadra-dos. Ao tornar obrigatório o BIM em todos seus projetos desde 2007, contribuiu para o aumento de sua adoção, e diversas ou-tras organizações do setor público segui-ram seu exemplo.

O SindusCon-SP, consciente de seu papel no aumento da eficiência da indústria da construção civil, abraçou o desafio de apoiar a cadeia produtiva da construção, promovendo a integra-ção do BIM em seus processos. Assim surgiu a Academia BIM, um fórum dedicado ao estudo, à discussão e à disseminação do conhecimento desse modelo voltado aos profissionais de toda a cadeia do setor.

Entre as ações a que se propõe, a Academia oferece para todos os públi-cos um curso introdutório para ampliar o conhecimento do empresário sobre o

assunto. “Precisamos divulgar com clareza os benefícios da adoção de BIM para a indústria da construção hoje. Implantá-lo é uma decisão estra-tégica”, salienta Paulo Sanchez, vice--presidente do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP.

A carga de 32 horas é dividida com aulas teóricas sobre o conceito da modelagem de informação da cons-trução e 16 horas de treinamento em algumas das ferramentas disponíveis no mercado.

“Estamos desenvolvendo módu-los complementares mais específicos,

como 3D e 4D, voltados a coordena-dores de projetos e a profissionais de planejamento e controle de obras”, in-forma Sanches. Os novos cursos terão carga de 16 horas, com as primeiras turmas formadas no final deste ano em São Paulo e por todo o país.

A Academia, conta com o apoio da Bentley e Archibus, já realizou cursos e palestras na capital e em Ribeirão Preto (SP). Estão progra-mados novos cursos, São Paulo em setembro, outubro em Belo Horizonte (BH) e Salvador (BA) e em novembro em Uberlândia (MG).

aCaDemIa bIm RePReseNta ComPRomIsso Com a eFICIêNCIa

Para mais informações, agenda e inscrição, acesse www.sindusconsp.com.br.

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19www.sindusconsp.com.br18 notícias da construção // agosto 2015 19www.sindusconsp.com.br

Uma pesquisa mostrou que 65% dos 400 entrevistados das áreas de arquitetura, engenharia, construção e operação já estão usando BIM na Finlândia. O estudo apontou que 84% dos entrevistados concordam que a demanda por BIM dos clientes e das em-preiteiras, respectivamente, é a maior moti-vadora da adesão ao BIM.

Na Noruega, o BIM é obrigatório para todos os projetos de construção pública desde 2010. Lá, a estratégia de longo prazo do governo tem por objeto elevar o valor dos prédios para inquilinos e usuá-rios e reduzir substancialmente os gastos operacionais e de construção e os danos à propriedade.

ENTUSIASMO BRASILEIROA missão do SindusCon-SP é melhorar a produtividade do setor, e isso passa pela disseminação de conhecimento, inovação, processos e ferramentas que tragam mais transparência, eficiência e rapidez à indús-tria da construção. O BIM está inserido nes-se contexto pelos inúmeros benefícios que traz. “A mudança no mercado brasileiro só se dará de maneira mais ampla quando as empresas contratantes de uma obra, incor-poradoras e o poder público demandarem o uso do BIM”, salienta Vasconcellos.

Para Glogowsky, o grande salto será dado quando toda a cadeia de fornecedo-res for interligada. “Nos EUA estima-se que quando toda a cadeia está interligada em BIM há uma economia de 10% a 20% no custo. No Brasil ainda não dá para dimensionar, pois não temos toda a ca-deia interligada.”

dados da pesquisa da Mc Graw Hill in-dicam que 70% dos empresários no Brasil declararam ter planos para adotar o proces-so dentro de um período de até dois anos. O índice é maior que os registrados no Reino Unido, França e Alemanha (41%), Austrália e Nova Zelândia (39%), Japão e Coreia do Sul (25%) e EUA e Canadá (14%).

Os avanços estão acontecendo, mas ain-da falta amadurecimento e entendimento dos benefícios que o BIM proporciona para os investidores e contratantes da construção civil, sejam eles poder público ou privado.

Nesse panorama, fica claro que o BIM é um processo que veio para ficar, com tendência de se disseminar entre as em-presas da cadeia da construção brasilei-ra. “É o instrumento que torna possível a verdadeira industrialização da atividade da construção civil”, finaliza Paulo Sanchez, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP e diretor da Sinco.

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oPiNião

LuCIo soIbeLmaNDoutor em Engenharia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, e professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade do Sul da Califórnia (EUA)

Conceito tecnológico que se dissemina fortemente pela construção civil mundo afo-ra, o Building Information

Modeling (BIM) é muito mais do que um conjunto de ferramentas para o desenvolvimento digitalizado em 3d dos projetos de edificações. O BIM, em sua essência, é uma questão relativa ao planejamen-to. Existem algumas maneiras de implantá-lo numa construtora, e todas elas exigem mudanças nos processos da empresa.

Observando-se a prática das construtoras brasileiras, pode-mos dizer que o que atualmente prevalece no País é o chamado Lonely BIM (BIM Fracionado). A construtora contrata separada-mente os diversos projetos indi-viduais – de hidráulica, elétrica, estrutura, arquitetura etc. – e uma gerência de BIM faz a com-patibilização desses elementos, inserindo as informações e os de-senhos num software específico.

Essa forma de se trabalhar o BIM dá certo, produz bons resul-tados. Mas é mais difícil, traba-lhoso, lento e caro. O projeto final é o resultado das interpretações do gerente de BIM sobre os di-versos projetos individuais dos sistemas construtivos.

de forma diversa, no Social BIM (BIM Integrado), os vários projetistas realizam seus respec-tivos trabalhos no software BIM de sua preferência, exportando os projetos para o programa de compatibilização da construtora.

Os engenheiros da construtora abrem o projeto final para ajustá--lo aos padrões da empresa e en-tão são geradas as informações para orçamentos, compras de ma-terial, acompanhamento da obra.

Todos – engenheiros, projetistas, fornecedores – trabalham em BIM, em um processo integrado. Pode-se dizer que todos os funcionários da empresa passam a ser gerentes BIM. O Social BIM altera, assim, os processos de toda a cadeia.

Um momento de crise de merca-do, como o atual, é o ideal para uma construtora implementar o BIM. Aproveita-se a conjuntura de menor volume de trabalho para realizar o treinamento do pessoal. A cons-trutora acumula ganhos de com-petitividade para crescer quando o mercado voltar a se aquecer. Este é o modo de atuação típico de empre-sas dos Estados Unidos: investir em produtividade no período de baixa para se tornarem mais competitivas. Mas no Brasil, o empresário tende a fazer o oposto – investir nos momen-tos de mercado em alta.

Toda inovação apresenta riscos para o empresário. Não existe um

consenso sobre qual é o melhor comportamento face à inovação: fazer parte dos first movers – gru-po dos que se movem em direção à tecnologia inovadora desde o pri-meiro momento – ou dos followers – aqueles que partem para a ino-vação quando a tecnologia já está consolidada no mercado. A escolha do caminho depende da estratégia empresarial de cada um.

No caso dos Estados Unidos, as empresas foram arrastadas para o BIM pelos clientes. A U.S. General Services Administration (GSA) – agência que administra o patrimônio imobiliário do gover-no americano – exige que todos os novos prédios públicos sejam projetados e construídos em BIM. dessa mesma forma agem os grandes bancos e as empresas lí-deres de mercado, como a Apple.

No Brasil, percebe-se, mesmo que devagar, um movimento nesse sentido. Recentemente, a Petrobras exigiu que o prédio de seu centro administrativo em Santos fosse construído em BIM. Outros exem-plos aqui e acolá apontam para um mercado cada vez mais exigente.

Não há motivos para se resistir a essa tendência. O BIM tem o poten-cial de tornar os processos da cons-trutora mais eficientes, para que ela entregue ao cliente um produto me-lhor, construído em menos tempo, com custo mais baixo. O momento é ideal para investir e capacitar as empresas para a competição por um mercado em crescimento – esperemos – no futuro próximo.

Mudança nos processos e aumento de eficiência

UM MOMENTO DE CRISE DE MERCADO,

COMO O ATUAL, É O IDEAL PARA

UMA CONSTRUTORA IMPLEMENTAR O BIM

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SEDE DA PETROBRAS EM SANTOS Em um terreno de 25 mil metros quadrados no Valongo, centro histórico de Santos, a Petrobras está construindo a sede da Unidade de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Santos (UO-BS). O projeto prevê três torres, com capacidade para cerca de 2 mil pessoas cada uma – o primeiro prédio, com 13 andares, foi concluído em 2014. Por exigência da estatal, o projeto executivo, sob coordenação do escritório Contier Arquitetura, foi inteiramente desenvolvido em BIM nas disciplinas de arquitetura, estruturas, instalações prediais e fundações. A Construcap foi a responsável pela primeira fase da obra.

foto do mÊS // agoSto 2015

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iNdiCadoreS

Emprego na construção paulista por Regional SindusCon-SP

Emprego na construção paulista por setores

Estoque de empregados, participação % e variações - jun/2015

Estoque de empregados, participação % e variações - jun/2015

* Variação: Ano - Acumulado no ano contra o mesmo período do ano anterior; 12 meses - Variação do mês contra o mesmo mês do ano anterior

Regionais índice Particip. *Variação (%) *Variação absoluta

(%) Mês* Ano 12 meses Mês* Ano 12 meses

Sede (capital) 379.234 46,3 -1,01 -6,57 -7,64 -3.868 0 -31.371

Santo André 44.316 5,4 1,05 -8,18 -8,55 459 -7.022 -4.141

Campinas 85.149 10,4 -1,14 -7,80 -9,68 -978 -791 -9.127

Ribeirão Preto 51.808 6,3 -1,50 -6,24 -9,06 -791 -1.012 -5.163

Santos 30.554 3,7 0,12 -7,18 -7,54 38 459 -2.491

Sorocaba 87.822 10,7 -0,69 -6,03 -5,88 -612 9 -5.483

São José dos Campos 75.432 9,2 -1,32 -3,67 -4,73 -1.012 38 -3.745

Bauru 24.967 3,0 -0,46 -2,24 -3,91 -116 -151 -1.015

São José do Rio Preto 31.311 3,8 0,03 -2,36 -2,84 9 -3.868 -914

Presidente Prudente 9.260 1,1 -1,60 -25,30 -26,13 -151 -612 -3.275

Total 819.853 100,0 -0,85 -6,48 -7,53 -7.022 -7.338 -66.725

Segmento Estoque Particip. *Variação (%) *Variação absoluta

(%) Mês* Ano 12 meses Mês* Ano 12 meses

Preparação de terreno 37.246 4,5 -0,77 -7,39 -7,54 -288 -3.015 -3.037

Imobiliário 254.351 31,0 -1,23 -8,53 -9,16 -3.155 -24.141 -25.641

Infraestrutura 106.642 13,0 -0,06 -9,97 -10,22 -59 -11.838 -12.142

Obras de instalação 131.567 16,0 -0,75 -6,70 -8,49 -994 -9.788 -12.202

Obras de acabamento 74.402 9,1 -0,70 -2,89 -4,78 -528 -2.256 -3.738

Obras 604.208 73,7 -0,82 -7,65 -8,59 -5.024 -51.038 -56.760

Incorp. de imóveis 71.998 8,8 -0,49 -0,99 -2,29 -357 -726 -1.684

Eng. e arquitetura 86.576 10,6 -1,37 -5,99 -8,48 -1.200 -5.668 -8.025

Outros serviços 57.071 7,0 -0,77 -0,57 -0,45 -441 -326 -256

Serviços 215.645 26,3 -0,92 -2,99 -4,42 -1.998 -6.721 -9.965

Total 819.853 100,0 -0,85 -6,48 -7,53 -7.022 -57.759 -66.725

PARA CONSULTAR MAIS INDICADORES, ACESSE:

www.sindusconsp.com.br

O portal do SindusCon-SP agora abriga o Construdata – maior banco de dados econômicos da construção brasileira.

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25www.sindusconsp.com.br24 notícias da construção // agosto 2015

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27www.sindusconsp.com.br26 notícias da construção // agosto 2015 27www.sindusconsp.com.br26 notícias da construção // agosto 2015

aNa maRIa CasteLoMestre em Economia pela USP, professora no MBA da Construção e coordenadora de projetos na FGV, coeditora da revista Conjuntura da Construção e consultora especialista em construção

O total de empregos ativos na construção manteve em junho a tendência de retração observada

desde outubro de 2014. dessa forma, o estoque de trabalhadores com carteira encerrou o semestre com redução de 8,8% em relação ao mesmo período do ano passa-do, superando as projeções mais pessimistas feitas no final do ano.

A retração observada no em-prego nesses seis meses do ano é o retrato fiel da atividade se-torial, que a cada mês vem se enfraquecendo. Todas as regiões do País registram a mesma dinâ-mica negativa. Assim, a pergun-ta que decorre desse cenário é se o setor já chegou ao seu ponto mínimo de atividade: chegamos ao fundo do poço?

O setor da construção possui ciclos longos, assim a atividade hoje é resultado de negócios con-tratados há mais de seis meses. da mesma forma, a evolução dos negócios no momento atual já está definindo a atividade futura das empresas.

Nesse sentido, as perspectivas são bastante negativas. Sondagem da FGV realizada em julho com os empresários do setor de todos os segmentos e portes diversos mos-trou que a carteira de contratos das empresas está em patamar

muito baixo, ou seja, não há indi-cações de retomada à vista.

O pessimismo setorial está fortemente relacionado à própria deterioração dos fundamentos da economia. Indiscutivelmente, assistiu-se nos últimos meses uma diminuição da confiança em função da piora do ambien-te macroeconômico e político do País. Esse cenário mais negativo tem levado a sucessivas revisões

das projeções de crescimento para o PIB brasileiro e para o setor em 2015.

Em seu último boletim, a FGV/Ibre já apontou para retração superior a 2% para o PIB no ano corrente.

A construção civil, que repre-senta metade do investimento re-alizado no País, sofre diretamen-te os efeitos desse agravamento das perspectivas da economia.

A queda na atividade afeta a arre-cadação de impostos. Assim, os governos federal, estaduais e mu-nicipais cortam investimentos ou reduzem o ritmo de suas obras. A queda no emprego e no salário real está tendo efeitos contracio-nistas sobre o rendimento total dos trabalhadores.

Ao mesmo tempo, o baixo ní-vel de vendas e lançamentos no segmento de edificações tem se somado à quase paralisia das obras de infraestrutura, com efeitos negativos sobre a renta-bilidade das empresas. Por fim, a queda no faturamento real do varejo de materiais sugere que os gastos com reforma e autocons-trução também estão em ritmo mais lento.

diante desse quadro, os nú-meros da construção também estão sendo revistos para pior: a queda do PIB mais consistente com a evolução global do am-biente econômico é de 7% em 2015. Por sua vez, o número de empregos com carteira no setor deverá encerrar o ano com re-dução de 10,8%. Na compara-ção de dezembro de 2014 com o mesmo mês de 2015, essa queda representará a redução de cerca de 480 mil postos de trabalho, patamar próximo ao de maio de 2010.

Deterioração da economia afeta setor

PREVISÃO PARA QUEDA DO

PIB EM 2015 CHEGA A 7%,

SEGUNDO A FGV

iNdiCadoreS

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27www.sindusconsp.com.br26 notícias da construção // agosto 2015 27www.sindusconsp.com.br26 notícias da construção // agosto 2015

deStaque

No dia 12 de agosto, foram com-pletados dois anos de parce-ria da Secretaria Municipal de Licenciamento (SEL) com o

SindusCon-SP, o Secovi e a AsBea. Esse convênio, chamado de Plantas Online II, surgiu com o objetivo de retomar a pio-neira iniciativa de cooperação entre setor privado e o poder público que já havia tido sucesso com o primeiro Plantas Online, lançado em 2001.

diferentemente da estrutura de 14 anos atrás, quando o setor de Licenciamentos era um departamento da Secretaria da Habitação, desde 2013 existe uma

secretaria específca para cuidar do assun-to. Assim, parte do projeto Plantas Online II exigia justamente a criação de toda a es-trutura de uma secretaria municipal, não apenas no que se refere aos profissionais e técnicos, mas também em termos de espa-ço físico, tecnologia e mobiliário.

O projeto começou com as reformas de três andares (do 20º ao 22º) do Edifício Martinelli, no centro de São Paulo. Além da reestruturação de seu espaço físico, a Secretaria de Licenciamento também recebeu ajuda para a informatização de dados cadastrais e de toda a estrutura adequada para a realização de suas ati-

Plantas Online completa dois anos

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Reforma teve um custo total

de cerca de R$ 2 milhões

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deStaque

vidades. Essa reforma toda teve um custo de cerca de R$ 2 milhões.

As segunda e terceira fases do projeto foram feitas por meio de licitações, pela Prefeitura de São Paulo. Então foram re-formulados o 19º e o 23º andares e, em seguida, o 25º e o 8º – este finalizado no mês passado, com a definição do layout.

“É duro criar uma secretaria do nada. Mas a grande sacada do prefeito foi ter pensa-do em uma secretaria dedicada aos licen-ciamentos, desvinculada da Habitação”, afirma a secretária Paula Motta Lara, com-plementando que, desde o início dos traba-lhos, “inovação, desburocratização, trans-parência e eficiência foram as condições básicas da nova secretaria”. Segundo ela, “hoje estamos resgatando as condições favoráveis ao desenvolvimento urbano e à produção habitacional e melhorando um novo sistema de licenciamentos que tem sido reconhecido como eficaz”.

TECNOLOGIAdesde sua criação, a SEL vem trabalhan-do para modernizar e agilizar os procedi-mentos de licenciamento e torná-los mais

SECRETARIA RECEBEU AJUDA PARA A

INFORMATIZAçÃO DE DADOS CADASTRAIS

E A IMPLANTAçÃO DE ESTRUTURA ADEQUADA

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29www.sindusconsp.com.br28 notícias da construção // agosto 2015

eficientes. O passo mais forte neste senti-do foi dado com a implantação do Sistema SEL (Sissel). desenvolvido por Julio César de Sousa, servidor da SEL, o sistema agiliza o licenciamento de obras, uma vez que reú-ne de maneira prática todas as informações necessárias para a emissão de um alvará. Tabelas que antes eram feitas manualmente agora são produzidas de modo automatiza-do e padronizado, o que evita erros e torna a análise mais rápida.

Interligado com o Sisacoe e o Simproc, sistemas da prefeitura que antigamente eram utilizados na aprovação de proces-sos, porém com uma interface muito mais simples e prática, o Sissel oferece autono-mia aos técnicos da secretaria, já que eles mesmos podem produzir e emitir um alvará. O tempo médio de emissão do documento passou de cerca de seis horas para apenas 12 minutos.

O sistema também passou a permitir que os próprios técnicos tramitem proces-sos e documentos para seus supervisores, sem que seja necessário passar pelo expe-diente, o que antes gerava gargalos que di-ficultavam o trabalho.

O Sissel, em sua segunda fase de im-plantação, funciona nas divisões Segur-2, Parhis-1, Comin-2 e em toda a Unidade de Gestão Técnica de Análise (GTEC), que, em quatro meses, reduziu 1.570 dos 6 mil pro-cessos de anistia que estavam em análise, bai-xando para 4.430 o número de seu estoque.

CASA PARA QUEM PRECISAdentre tantos bons números obtidos pela SEL, alguns merecem destaque. Para Paula Motta Lara, os principais deles são os que se referem às habitações populares. Nos qua-tro primeiros meses de 2015, a secretaria autorizou a construção de 4.438 unidades habitacionais populares. Foram 51 proces-sos aprovados, 14 referentes a Habitação de Interesse Social (HIS), 33 a Habitação de Mercado Popular (HMP), além de qua-tro projetos mistos. A maioria desses novos empreendimentos está localizada nas zonas leste e norte da cidade, sobretudo na região das subprefeituras da Penha e do Tucuruvi.

desde a criação da SEL, em julho de 2013, já foram licenciadas 39.487 unida-des de habitação popular na cidade. “Na época da prefeita Marta Suplicy, separamos

Plantas Online II viabilizou o mobiliário para a instalação da secretaria Paula Motta Lara destaca que SEL trouxe inovação

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licenciamentos HIS do Aprov I (residencial) e trouxemos para dentro do núcleo de habi-tações populares. Assim, criamos também a Coordenadoria de Parcelamento do Solo e Habitação de Interesse Social (Parhis) espe-cífica para tratar do assunto, além de uma subcomissão específica para HIS, a Saehis, que tem como objetivo o licenciamento de grandes empreendimentos, cuja decisão, de acordo com a legislação aplicável, envolve a análise e anuência de outros órgãos, mu-nicipais e estaduais, além da SEL. Os nú-meros mostram que esta foi uma decisão acertada”, comemora a secretária.

Todo esse avanço é fruto do trabalho da prefeitura em adequar a legislação para pro-mover a construção de HIS e HMP na cida-de. Para atender a Parhis, a SEL já publi-cou três decretos direcionados a alinhar as

normas municipais às condições estabeleci-das pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

A evolução tecnológica poderia levar à conclusão de que, ao sistematizar proces-sos, os equipamentos digitais poderiam, eventualmente, resultar em redução de pes-soal. “Pelo contrário, estamos contratando. Uma cidade como São Paulo tem uma de-manda diária altíssima de novos pedidos, que somam de 600 a mil por mês, além de todos os processos ainda represados”, ana-lisa Paula. “No residencial, já conseguimos colocar tudo no computador, mas ainda há muita coisa que, neste processo, precisa ser consultada em mapotecas. Trabalhamos em processos híbridos e ainda hoje en-tram aqui dados tabulados incorretamente. Precisamos de uma equipe maior. Estou pe-dindo mais técnicos ao prefeito”, afirma.

deStaque

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SiNduSCoN-SP em aÇão

A presidente dilma Rousseff san-cionou no último mês de ju-lho a Lei Brasileira da Inclusão (Lei nº 13.146/2015), também

chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência, que assegura e consolida os direitos da Pessoa com deficiência (PCd). O estatuto prevê, dentre os seus vários orde-namentos, a aplicação de regras específicas para a construção e reforma de edificações, que incluem, por exemplo a reserva de 3% das moradias adaptadas para as PCds em unidades habitacionais de programas públi-cos ou que contenham subsídios públicos, como o Minha Casa, Minha Vida.

A medida determina ainda que as edifica-ções de uso multifamiliar devam assegurar o acesso de PdCs às áreas de uso comum, além de garantir acessibilidade ou adaptação razoável nas unidades habitacionais no piso térreo e nos de-mais pisos.

Para o vice-presiden-te de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa, o estatuto representa um grande avanço para a sociedade. Ele avalia que, no entanto, a apro-vação de projetos junto aos órgãos públicos pode sofrer atrasos em função das novidades. Haruo ressaltou que o SindusCon-SP tem pro-curado debater o assunto com os parlamen-tares no Congresso Nacional antes da sua regulamentação, que deve ocorre num pra-zo de 180 dias a contar do dia 6 de julho, quando a lei foi sancionada. “Estamos fa-zendo uma análise técnica para ver qual é a maneira correta.”

Assim que o estatuto entrar em vi-gor, será obrigatório que conste nas ARTs do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) a responsabilidade

profissional declarada de atendimento às re-gras de acessibilidade previstas em legislação e em normas técnicas pertinentes.

Na avaliação da assessora jurídica do SindusCon-SP, Rosilene Carvalho, o esta-belecimento da cota de reserva de 3% das unidades deveria levar em conta um indica-dor baseado num sistema de cadastros de PCds, o que permitiria desenvolver projetos adequados à realidade. “Como que você fixa um percentual se não há o cadastro das pes-soas com deficiência e nenhuma informação georeferenciada? Não existem dados dessa população para que se possa dizer que es-ses percentuais reservados vão ser preenchi-dos”, observa Rosilene, esclarecendo que o Estatuto da Pessoa com Deficiência foi elabo-

rado de acordo com de-terminações previstas na Constituição Federal e na Convenção Internacional sobre os direitos das Pessoas com deficiência e seu protocolo facultati-vo, da qual o Brasil é sig-natário desde 2009.

O vice-presidente de Habitações Populares do SindusCon-SP, Ronaldo Cury, defendeu que seria mais adequado para as PCds que o governo fornecesse uma linha de crédito especialmente voltada aquisição de imóveis. Segundo ele, o grande proble-ma para boa parte desse público é a falta de recursos financeiros próprios que permi-tam a compra da moradia própria. “Em vez de aumentar a exigência de se fazer mais unidades adaptadas, e não adaptáveis, por que não criar uma linha especial de crédito, de benefício para quem tem deficiência?”, questiona. “Se houvesse um desconto maior, essa pessoa seria estimulada a comprar um imóvel. Mas ela não tem crédito para com-prar”, avalia. “Isso não significa que o setor seja contra o estatuto”, ressalta Cury.

Estatuto PCD traz impactospara o setor da construção

ESTATUTO REPRESENTA UM GRANDE AVANçO

PARA A SOCIEDADE

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33www.sindusconsp.com.br32 notícias da construção // agosto 2015

As divergências em torno do Projeto de Lei nº 863/15, que eleva a alíquota de contribuições sobre a folha de pa-gamento de 56 setores da economia

que haviam sido contemplados com desonera-ção fiscal, levou o setor produtivo brasileiro a aprofundar o diálogo com o governo e o Con-gresso Nacional na busca de uma alternativa viável para as empresas. A questão preocupa vários segmentos, uma vez que a majoração irá causar pro-fundos impactos, principal-mente sobre a construção civil, num período em que a economia brasileira está desaquecida.

A proposta, que faz parte do pacote do governo para aumentar a arrecadação, pre- tende que as empresas passem a recolher entre 2,5% e 4,5% do faturamento ao Insti-tuto Nacional do Seguro Social (INSS). Na avaliação do vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, a medida re-presenta uma “arbitrariedade do governo”. Além disso, segundo ele, a diferença de alíquo-tas por setor não é o tratamento mais adequado.

“Na nossa cabeça, isso não tem o menor cabimento. Que se faça uma lei que valha para todo mundo ou que se adote uma alíquota line-ar para todos, deixando aberta a possibilidade

de as empresas voltarem para os 20% sobre a folha”, avalia Zaidan.

A expectativa do governo federal sobre a aprovação do PL é grande. No começo do ano, a previsão do Ministério da Fazenda era de que a mudança pudesse gerar um aumento na ar-recadação da ordem de R$ 5,3 bilhões, ainda em 2015. Para Zaidan, a proposta representa

uma oneração que sufoca as empresas.

“Na verdade, é errado falar em desoneração. O que o governo está fazendo é onerar, ele está aumen-tado o imposto”, afirma. “Alguns setores serão sufo-cados. Como o País precisa manter empregos e produ-zir, para aumentar a oferta na economia, este não é o

momento de se fazer isso.”O vice-presidente do SindusCon-SP ressal-

tou que a entidade abriu canais de diálogo com representantes dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, e também no Congresso Nacional, na busca de soluções de consenso. “É preciso aumentar a flexibilidade para que o setor produtivo possa encontrar caminhos para aumentar a oferta e não agravar a questão do desemprego. Quando se causa o desemprego, a produtividade da economia dá um passo atrás”, analisa Zaidan.

“QUE SE FAçA UMA LEI QUE VALHA PARA TODOS OU SE ADOTE UMA

ALÍQUOTA LINEAR”

Fim da desoneração é visto com preocupação pelo setor

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35www.sindusconsp.com.br34 notícias da construção // agosto 2015 35www.sindusconsp.com.br34 notícias da construção // agosto 2015

SiNduSCoN-SP em aÇão

O SindusCon-SP apresentou no fi-nal de agosto, durante o Concre-te Show 2015, o manual Gestão Ambiental de Resíduos da Cons-

trução Civil – Avanços Institucionais e Melhorias Técnicas. O documento contém orientações sobre os procedimentos cor-retos que devem ser adotados no encami-nhamento de resíduos e reúso de mate-rial gerado pelo setor de construção civil. O trabalho foi desenvolvido pelo Comitê de Meio Ambiente (Comasp) do SindusCon-SP, sob a coordenação da Esco-la Politécnica da USP [download disponível em www.sindusconsp.com.br].

de acordo com a coordenadora-técnica do Comasp, Lilian Sarrouf, o objetivo do levantamen-to foi o de elaborar um conjunto de orientações sobre o uso de resíduos em canteiros de obras, com base nas práticas de reúso e reciclagem considerando critérios de desempenho (qualidade do material; especifica-ção de projeto; técnicas de execução) e gerenciamento dos riscos associados a essas práticas.

“Foram feitos levantamentos em dez canteiros, obras residenciais e comerciais de tipologia vertical. desses levantamen-tos, foi possível identificar indicadores de geração de resíduos e analisar as alternati-vas para reúso e reciclagem com exemplos práticos”, informou. O trabalho de pesquisa contou com a colaboração de seis constru-toras associadas.

Na avaliação de Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, vice-presidente do SindusCon-SP, esta nova versão do manu-al – lançado originalmente em 2005 – é fundamental para o mercado por tratar de questões mais práticas em relação ao re-úso de materiais e resíduos e por agregar os dados do estudo feito com base no le-vantamento de campo, nos dez canteiros de obras.

“O manual contempla atualizações de muita relevância na reutilização e recicla-gem de resíduos na construção e mostra os avanços da sua primeira década. O documento original, que tratava do assun-to de uma forma mais geral, se tornou íco-ne e é referência em todo o País”, afirma. “Nesta atualização, focamos mais em questões práticas e operacionais, de ma-neira a consolidar os processos de reúso, o que melhora efetiva-mente os índices de

reaproveitamento do material pelas cons-trutoras no Brasil inteiro”, analisa.

durante seminário no Concrete Show também foi apresentado o Sistema de Gerenciamento Online de Resíduos Sólidos (Sigor) Módulo Construção Civil, ferramenta que realiza a gestão de in-formações sobre os resíduos gerados na construção civil, desde a fase de geração até a etapa de descarte correto [leia mais na página 40].

Manual de gestão de resíduos é apresentado no Concrete Show

NOVO MANUAL É FUNDAMENTAL POR TRATAR DE QUESTÕES MAIS

PRÁTICAS EM RELAçÃO AO REÚSO

E POR AGREGAR DADOS DE ESTUDO

EM CANTEIROS

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35www.sindusconsp.com.br34 notícias da construção // agosto 2015 35www.sindusconsp.com.br34 notícias da construção // agosto 2015

e Abrainc”, destaca o presidente José Romeu Ferraz Neto.

Por meio dessa articulação, o SindusCon-SP lutou firmemen-te contra os atrasos de pagamen-tos das obras do PAC e do progra-ma Minha Casa, Minha Vida e, e se opôs à reoneração da folha de pagamentos.

Mediante a apresentação de propostas, o sindicato busca re-

verter outras ameaças à atividade da construção: o projeto de lei que altera a remuneração do FGTS, o anteprojeto de unificação do PIS e da Cofins, e o projeto de lei de regulamentação da terceirização da mão de obra.

Em paralelo, o sindicato tra-balhou para a implementação de uma gestão corporativa, profis-sionalizando e otimizando pro-cessos. A Falconi Consultores de

Elevar a eficiência do SindusCon-SP como um instrumento para o for-talecimento da constru-

ção paulista e para o incremento de sua produtividade, em meio à maior crise econômica das últimas décadas. Este tem sido o principal desafio enfrentado pela atual dire-toria do sindicato, que completou o seu primeiro ano de gestão.

Em agosto de 2014, a dire-toria assumiu em meio à forte desaceleração da atividade do setor, acentuada pela incerteza das eleições presidenciais que se avizinhavam. diante da visível re-tração nos investimentos, a previ-são era de que a crise econômica persistiria em 2015, mas o país se recuperaria rapidamente após um forte e breve ajuste fiscal.

O que não se esperava era uma queda tão abrupta e persis-tente da atividade econômica, alimentada por uma crise políti-ca, com danos tão graves à cons-trução que levarão o setor à perda de 750 mil trabalhadores no biê-nio 2014-2015.

Com todas essas dificuldades, o SindusCon-SP lutou para evitar que as medidas de reequilíbrio fiscal adotadas pelo governo pre-judicassem ainda mais o setor. Por isso, tem figurado na linha de frente dos debates com o governo e com outras entidades do setor. “Hoje estamos 100% alinhados com instituições como Fiesp, CBIC, Secovi, Abramat, Anamaco

Em meio à crise, um ano de lutas pelo fortalecimento da construção

SINDUSCON-SP LUTOU PARA EVITAR QUE MEDIDAS

ADOTADAS PELO GOVERNO

PREJUDICASSEM AINDA MAIS

O SETOR

balaNÇo // 1 aNo de geStão

Resultados foi contratada para desenvolver um programa de reor-ganização e vem trabalhando dia-riamente com a equipe interna na melhoria dos processos, na cria-ção de indicadores e no estabele-cimento de metas de melhoria.

A gestão de receitas e gastos foi aperfeiçoada e investiu-se na capacitação dos colaboradores com a contratação de gestores técnico e financeiro para profissio-nalizar as ações do sindicato. “Mais eficiência, transparência nos pro-cessos internos e agilidade geram mais energia para o SindusCon-SP atender as demandas dos seu asso-ciados”, destaca Romeu Ferraz. “O sindicato foi repensado para este momento de grandes desafios.”

Visando melhorar o suporte às construtoras, foi intensificada a produção de informações econô- micas. Periodicamente, têm sido produzidas novas pesquisas, análi-ses e estudos para orientar e em- basar as empresas em seu dia a dia. Grupos de estudos e fóruns de debates têm gerado propostas alter-nativas nas áreas tributária, jurídica e trabalhista, a fim de superar uma conjuntura extremamente adversa.

Tudo o que é feito está aber-to a sugestões – que, na medida de sua pertinência, são imple-mentadas. Outro ponto relevante é a integração entre a sede e as regionais. “Valorizamos a ativi-dade empresarial no interior do Estado”, afirma o presidente, des-tacando a itinerância das reuniões

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balaNÇo // 1 aNo de geStão

da diretoria realizadas nas regio-nais, proporcionando encontros com empresários e conhecendo a realidade local do setor.

“Conquistamos avanços em todas as áreas. Não houve nada que tenha ficado parado neste período”, resume Romeu Ferraz. “Hoje, o sindicato deve ser enten-dido como um grande instrumen-to à disposição das empresas. A eficiência, de forma isolada, não se mostra suficiente para ga-rantir competitividade”, analisa.

INDÚstRIa Do FutuRoA produtividade é a grande bandei-ra da atual gestão. O SindusCon-SP criou um Centro de Educação Continuada, para levar aos em-presários, engenheiros, mestres de obras e outros profissionais das construtoras todos os con-teúdos relevantes produzidos in-

ternamente em temas atuais como gestão, tecnologia e inovação.

O entendimento é o de que a produtividade demanda a melho-ria de processos e procedimentos, bem como o estabelecimento de metas – é necessário o uso roti-neiro de indicadores. Por meio do Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ), as maiores empresas do setor estão disponibilizando as suas experiências, difundindo as boas práticas para auxiliar o con-junto da indústria.

A construção sustentável é ou- tra das principais bandeiras em-punhadas pela atual gestão. O entendimento é o de que a sus-tentabilidade deve ser aplicada a todos os processos da constru-ção. Pautas como a pegada hí-drica, a redução de emissões de carbono, a descontaminação de áreas e a destinação de resíduos

sólidos foram extensivamente trabalhadas nos últimos meses. As melhores práticas têm sido di-vulgadas, para que cada empresa possa escolher a alternativa que lhe seja mais adequada. durante a Concrete Show foi lançado o manual “Gestão Ambiental de Resíduos da Construção Civil”, com informações e orientações ao empresário do setor sobre os avanços na área e as melho- rias técnicas.

O Grupo de Jovens Líderes também mereceu destaque neste ano. Trata-se de um grupo multi-disciplinar, formado para pensar o futuro das empresas, em todas as atividades. Jovens administrado-res, advogados, contadores, pro-fissionais de marketing, além de engenheiros, arquitetos e projetis-tas participam desse fórum de de-bates, no qual se realiza a troca de

Público de cerca de 500 pessoas participou de seminário sobre a Norma de Desempenho, em junho último

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publicação mais abrangente do se-tor da construção civil. Neste mês, foi lançado o novo portal na inter-net [veja matéria à página 32].

O SindusCon-SP reestruturou seu departamento de comuni-cação externa e assessoria de imprensa para ampliar nacional-mente o alcance das suas ações em todas as esferas de atuação, sempre de maneira relevante. Foram adquiridas ferramentas para facilitar a comunicação com a mídia e acompanhar pau-tas das quais o SindusCon-SP é fonte.

Todas essas ações foram os primeiros passos de uma gran-de mudança que está em cur-so na entidade. “Momentos de baixa econômica para o nosso setor nos dão a oportunidade de realizar mudanças mais profun-das e estruturais para nos pre-parar para a retomada do ciclo da construção. O SindusCon-SP estará preparado”, finaliza o pre-sidente Romeu Ferraz.

experiências e o intercâmbio inter-nacional, visando à formação de lideranças. São jovens dispostos a construir a empresa do futuro.

ReaLIzaÇÕes eXPRessIVasO segmento da habitação popular teve formado um atuante grupo de trabalho (GT), que tem lutado jun-to ao governo federal pela regula-rização dos pagamentos em atraso do Minha Casa, Minha Vida e feito propostas para o aperfeiçoamento da terceira fase do programa.

No segmento imobiliário, a gestão desenvolveu trabalhos com secretarias municipais da capital, tratando de assuntos de grande repercussão, como Lei de Zoneamento e Código de Obras e Edificações, e firman-do a parceria do Plantas Online [veja reportagem à página 28]. No segmento de obras públi-cas, as principais pautas foram as discussões sobre a revisão da Lei nº 8.666 (Lei Geral de Licitações e Contratos) e a

respeito das Parcerias Público-Privadas (PPPs).

O CTQ tem sido extremamente atuante, realizando mais de 100 reuniões nos últimos 12 meses. dez eventos do CTQ atraíram um grande público – destaque para o seminário de Sistemas Prediais, em maio, e para o seminário Norma de Desempenho – Avanços e Necessidades para a Implantação Plena, em junho. Além da Norma de desempenho, o CTQ foi atuante na revisão das normas de esquadrias e piscinas e tem sido um agente irra-diador do BIM para toda a cadeia de produção da construção civil [veja a matéria de capa]. O comitê também é o promotor das Rodadas de Inovação da Construção, as quais reúnem construtores e forne-cedores para discutir soluções téc-nicas e inovações nos projetos de obra e manutenção predial.

A comunicação com os diversos públicos também foi aperfeiçoada. Notícias da Construção foi refor-mulada em junho para se tornar a

Seminário de Tecnologia de Sistemas Prediais discutiu a questão da inovação em tempos de escassez de recursos naturais

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oPiNião

Aprovado em março últi-mo, o Novo Código de Processo Civil (NCPC) – Lei nº 13.105/2015

– passará a valer, efetivamen-te, apenas em março de 2016. Importante, pois, que a socieda-de brasileira e os diversos ramos do empresariado aproveitem este momento para buscar informa-ções a respeito das novas regras que irão regular o modo de pro-cessamento das ações judiciais.

O NCPC escolheu, entre ou-tras metas, buscar maneiras para, o mais rapidamente possí-vel, pacificar o entendimento dos Tribunais a respeito de temas que são repetidas vezes questionados no Judiciário. Essa circunstân-cia – a existência de polêmicas jurídicas que acarretam o apare-cimento de inúmeros processos judiciais semelhantes – é um fe-nômeno que tem sido frequente no mercado imobiliário, em espe-cial quando se trata de casos en-volvendo direitos do consumidor. Isso porque várias práticas co-merciais e cláusulas dos contra-tos de venda e compra de imóveis acabam gerando divergências e sendo objeto de intenso questio-namento judicial.

Para resolver, ou pelo menos

tentar mitigar, os problemas que decorrem dessa situação, o NCPC cria, entre outros meca-nismos, o chamado incidente de resolução de demandas repetiti-vas (art. 976). Tal incidente tem por objetivo fazer com que se te-nha uma técnica processual que permita que o assunto seja jul-gado por um colegiado de cada

tribunal – primeiro nos Estados e depois, conforme o caso, em Brasília – de forma que a decisão ali proferida passe a ser aplicada a todos os demais processos com a mesma discussão.

dentre outros temas da atua-lidade do mercado da construção civil que poderiam, em tese, ser submetidos a esse mecanismo, podemos citar a cobrança de cor-retagem e a fixação de percentual a ser devolvido ao comprador em caso de rescisão do compromisso

de venda e compra, além da po-lêmica a respeito da validade da cláusula de tolerância quanto ao prazo de entrega.

Esses três exemplos já dão uma ideia da importância da novidade processual. Seja para alterar práticas comerciais even-tualmente entendidas como ilegais, seja para confirmar a legalidade de outras, haverá a formação do entendimento, que passará a servir de critério para a solução dos casos contenciosos com maior rapidez.

Isso causará evidentes reper-cussões no processo de tomada de outras decisões empresariais que devam levar em considera-ção o desfecho das decisões do tribunal. Essa é, portanto, uma das mais importantes inovações do NCPC. As empresas devem estar desde já atentas às novi-dades processuais trazidas pela nova lei, adaptando seus pro-cessos decisórios. Ao mesmo tempo, cada vez mais será ne-cessário buscar conhecimento a respeito do conteúdo das deci-sões judiciais, visto que estas, mais direta e rapidamente, pas-sarão a influenciar o modo pelo qual os negócios imobiliários são praticados.

Construção Civil e os processos judiciais repetitivos

José CaRLos baPtIsta PuoLIDoutor em Direito Processual Civil pela USP, sócio de Duarte Garcia Caselli Guimarães Terra Advogados e membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP

A DECISÃO PROFERIDA POR UM TRIBUNAL

PASSARÁ A SER APLICADA A TODOS OS DEMAIS PROCESSOS

COM A MESMA DISCUSSÃO

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39www.sindusconsp.com.br38 notícias da construção // agosto 2015 39www.sindusconsp.com.br38 notícias da construção // agosto 2015

Teve início no dia 3 de agosto, em Santo André, o programa Meu Novo Mundo para as empresas da cons-trução civil. Um encontro de acolhi-

mento e integração foi realizado com porta-dores de deficiência e seus familiares, além de representantes das empresas contratan-tes, da Regional Santo André, do Sesi-SP e do Senai-SP.

O objetivo do programa Meu Novo Mundo é propiciar à pessoa com deficiên-cia, na condição de aprendiz, o despertar de sua vocação para o mundo do trabalho, por meio da formação profissional articula-da ao esporte e à qualidade de vida. O pro-grama tem responsabilidade compartilhada entre Senai-SP e Sesi-SP, com certificação pelo Senai-SP.

Segundo Jorge José Nunes, diretor do Senai Santo André, o curso de aprendizagem industrial Assistente Administrativo, escolhi-do para dar início ao programa, tem por objeti-vo proporcionar aos aprendizes formação ini-cial visando à qualificação para atuar no apoio aos setores administrativo, contábil, financeiro e de recursos humanos das empresas.

Estruturado para atender à demanda das indústrias na área de Gestão e Administração e para efetivar a inclusão de pessoas com deficiência na indústria, o curso será de-senvolvido em três anos letivos. As empre-sas que manterão os 16 alunos aprendizes dessa primeira turma em Santo André são a Construtora Pellegrini Ltda., a Ponto Forte Construções e Empreendimentos Ltda. e a Kostal Eletromecânica Ltda.

“O público-alvo é formado por pessoas com deficiência – especialmente aquelas em situação de maior vulnerabilidade so-cial. São pessoas que encontram grandes barreiras para sua efetiva inclusão na so-ciedade, na escola e no mercado formal de trabalho, seja por conta da falta de acesso

à informação, por resistências pessoais e familiares ou por dificuldades oriundas da própria deficiência”, afirma Nunes.

Segundo Camila Urfali dias da Silva, agente de atividades de responsabilidade social do Sesi Santo André, o melhor ca-minho para fazer com que as pessoas com deficiência se fixem nas empresas, criem vínculos e façam carreira é investir em aprendizagem. “Isso fará com que um pro-jeto de inclusão se transforme em plano de vida, de carreira, e não simplesmente em um processo de cumprimento de normas que tem data para iniciar e para terminar. Ao participar, a pessoa com deficiência terá acesso a formação profissional de qualida-de, a um certificado reconhecido no mer-cado e a um contrato de trabalho desde o início do curso”, reforça.

Camila afirma que o SindusCon-SP está sendo extremamente importante para o programa ao divulgá-lo. Maria Cristina Machiaveli, coordenadora de Recursos Humanos da Construtora Pellegrini, conta que o Meu Novo Mundo chegou ao seu co-nhecimento por meio do diretor da empre-sa, Oswaldo Pellegrini Junior, após reunião no SindusCon-SP, quando foi discutida a dificuldade do setor da construção civil em cumprir a cota obrigatória de PCds e apren-dizes. “Após contato com o Sesi, o Senai e a Regional Santo André, a Construtora Pellegrini firmou termo de compromisso para a entrada no programa”, relata.

Para Sergio Ferreira dos Santos, dire-tor da Regional Santo André, o setor da construção civil sempre encontrou dificul-dades em buscar a pessoa com deficiência e também o menor aprendiz para traba-lhar na construção. “Com este programa, vislumbra-se uma maior possibilidade de atendimento às leis federais e também de inclusão social”, ressalta.

Santo André é pioneira no programa Meu novo Mundo

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41www.sindusconsp.com.br40 notícias da construção // agosto 2015

regioNal

Resultado de um trabalho em con-junto que envolveu o Comitê de Meio Ambiente do SindusCon-SP (Comasp), a Companhia de Tec-

nologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e a Secretaria de Meio Ambiente (SMA), o Sistema Estadual de Gerenciamento Online de Resíduos Sólidos (Sigor) Módulo Construção Civil foi entregue ao Governo do Estado de São Paulo. A ferramenta passou a auxiliar a Cetesb na gestão das informações sobre o fluxo dos resíduos produzidos pelo se-tor da construção civil, desde a sua geração até o processo de des- carte correto. O sistema foi adotado como refe-rência a partir da publica-ção do decreto Estadual nº 60.520, e o municí-pio de Santos foi esco-lhido para ser o piloto na implantação do Sigor.

O sistema permite que Estado, municípios e setores da socieda-de civil tenham acesso a informações sobre a situação dos resíduos sólidos em São Paulo. O banco de dados do Sigor traz informações como a listagem de transportadores cadas-trados nos municípios, a relação de áreas de destinação separadas por tipo de resíduo que estão licenciadas, a legislação e as nor-mas referentes aos resíduos da construção, manuais e publicações, além de progra-mação de eventos e treinamentos. O Sigor pode ser acessado pela internet, no endere-ço www.sindusconsp.com.br/sigor.

Os trabalhos de desenvolvimento do software e do conteúdo do sistema foram iniciados em 2013 e envolveram as equi-pes do Comasp e da SMA. A ação conjunta resultou na produção de um conteúdo com

parâmetros técnicos que permitirão realizar a análise dos dados obtidos para a elabora-ção de indicadores para o setor.

de acordo com a coordenadora técnica do Comasp, Lilian Sarrouf, a primeira fase da implantação no município de Santos ocorreu no segundo semestre de 2013 e, no início de 2015, foram retomados os tra-balhos. “Nesse período, a prefeitura traba-lhou na reestruturação interna necessária. Até o final do segundo semestre de 2015, o Sigor deverá estar implantado e disponibili-zado para toda a cidade”, informou.

Além de Santos, ou-tros cincos municípios do Estado de São Paulo já aderiram ao sistema: Sorocaba, São José do Rio Preto, Assis, Catanduva e Presidente Prudente. As cidades de São Vicente, Santo André e Jundiaí já de-monstraram interesse em adotar o Sigor. Os processos de formali-zação dos pedidos são feitos pelas prefeituras à Cetesb.

Uma vez realizada a etapa de adesão, são verificadas as condições locais de im-plantação do sistema, que envolvem a conferência da legislação local e a defini-ção das áreas que irão receber os resíduos. Todos os agentes envolvidos com o Sigor passam também por um processo de capa-citação, que inclui a realização de seminá-rios e treinamentos específicos conduzidos pelo SindusCon-SP. dessa etapa participam os geradores (construtoras), as empresas de transporte dos resíduos, o pessoal das áreas de destinação e os agentes públicos.

GLauCo FIGueIReDo

Sigor deve ser implantado em Santos até o fim do ano

SISTEMA PERMITE O ACESSO A

INFORMAçÕES SOBRE A

SITUAçÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

NO ESTADO DE SÃO PAULO

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Uma série de medidas adotadas pela Secretaria de Urbanismo de Campinas visando acelerar os pro-cessos de embargo de obras, interdi-

ção de edificações e aprovação de projetos de pequenas construções entraram em vigor na cidade no mês de julho. A Regional Campinas participou da ação, apresentando sugestões que foram incorporadas às deliberações.

A primeira medida, que entrou em vi-gor no início do mês de julho, é a lei com-plementar que dispõe sobre a Aprovação Responsável Imediata (ARI), para projetos de construção de edi-ficações unifamiliares e de comércio de pe-queno porte. Essa lei autoriza a Secretaria de Urbanismo a fazer as aprovações rápidas de projetos com até 500 m2 para residên-cias e construções co-merciais. Agora, todo o trâmite será feito em três dias úteis.

Outras providências, que também entraram em vigor em julho, fo-ram tomadas para liberar os casos para-dos e o tempo necessário para analisar e avaliar os processos de embargo de obras e interdição de edificações. Essas medi-das visam agilizar a vistoria das obras que estão paradas na cidade. Com a mudan-ça, os empreendedores podem apresentar os documentos para evitar o embargo e a interdição por parte dos fiscais, durante ou após a vistoria. dessa forma, se a obra estiver embargada por falta de documenta-ção – como, por exemplo, o alvará de exe-cução – os trabalhos poderão ser retomados após a fiscalização.

de forma semelhante, se o imóvel es-tiver interditado por motivo de seguran-ça, o proprietário deve anexar o Laudo de Estabilidade e Segurança com a Anotação de Responsabilidade Técnica, emitida pelo técnico responsável. Com isso, a interdição é suspensa após a fiscalização.

As medidas não excluem a exigência da documentação para provar a regulari-dade do empreendimento, mas agiliza o processo e não penaliza o proprietário pela falta de documentos.

Para o diretor da Regional Campinas, Márcio Benvenutti, as medidas estão de acor-do com as propostas fei- tas pelo SindusCon-SP à prefeitura. “São so-luções pontuais, de resposta rápida e muito positivas. A administra-ção municipal está per-cebendo as necessida-des do setor e buscando formas de agilizar os processos da constru-ção civil – que passa por um momento difí-cil, assim como toda a

economia”, destaca. Segundo Benvenutti, todos os projetos para alteração da legis-lação do setor estão sendo discutidos com as entidades representativas, assim como o Plano diretor de 2016.

“As mudanças não são rápidas, mas as entidades estão sendo ouvidas. Os projetos também são destinados a aten-der o mercado de uma maneira global e, este é um grande diferencial. dessa for-ma, com a prefeitura ouvindo as entida-des para resolver os entraves, ela resolve também os problemas pontuais das em-presas”, observa.

Campinas apoia medidas para acelerar aprovação de projetos

“A PREFEITURA ESTÁ PERCEBENDO AS NECESSIDADES

DO SETOR E BUSCANDO FORMAS

DE AGILIZAR OS PROCESSOS”

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como dores localizadas (nas costas e nas articulações), lesões ocorridas fora do am-biente de trabalho e ferimentos registrados nas frentes de obras. Os dados foram mape-ados e considerados dentro do período de 15 dias, que compreende o prazo máximo de validade dos atestados médicos.

de acordo com a médica e superinten-dente do Instituto de Ensino e Pesquisa Armênio Crestana, do Seconci-SP, Norma Suely de Almeida Araújo, os afastamentos

decorrentes de dores nas costas são refle-xo de uma espécie de epidemia que atinge profissionais dos mais diversos segmentos. “Em 37,1% dos atestados, as causas se referiram a dor nas costas, nas juntas e em ombros. Há uma epidemia mundial de do-res nas costas. É um problema que atinge desde o operário da construção civil até o mais alto executivo de uma multinacio-nal”, avalia.

Norma ressalta ainda que, consideran-do os dias úteis, a maior incidência de emissão de atestados ocorre às segundas. Para a médica, algumas hipóteses como a realização de atividades físicas sem a devi-da preparação e os trabalhos informais ou bicos podem ser os principais causadores dessas lesões.

“Uma das hipóteses é a de que o traba-lhador normalmente se acidenta no lazer. É aquela pelada do final de semana, para a qual ele não fez o condicionamento, e também na construção civil, onde ocorrem os bicos – seja para ajudar um amigo seja

MAIOR INCIDÊNCIA DE EMISSÃO DE ATESTADOS OCORRE ÀS SEGUNDAS

O setor da construção civil registrou uma considerável queda no nú-mero de trabalhadores afastados por motivo de saúde. Um levan-

tamento realizado pelo Serviço Social da Construção de São Paulo (Seconci-SP) apontou uma redução de 39% na média de dias em que um profissional ficou afastado do trabalho, entre 2012 a 2014. A pesqui-sa realizada pela entidade analisou um to-tal de 260 mil atendimentos ocorridos du-rante esse período e constatou que desse total apenas 4,9% dos casos resultaram na emissão de atestados, o que corresponde a aproximadamente 13 mil trabalhadores, em números absolutos.

O estudo levou em consideração os mais variados tipos de causa de afastamento,

Seconci: afastamentos pormotivo de saúde diminuem

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para aumentar a renda”, analisa, ressal-tando que a questão ergonômica no local de trabalho também deve ser observada pelas empresas.

REDUÇÃO NOS AFASTAMENTOSGERAM UMA DIMINUIÇÃO DEIMPACTO NA PRODUTIVIDADE

de acordo a pesquisa, a duração média de dias de afastamento caiu de 2,3 dias, em 2012, para 1,4 dia, em 2014. Essa redu-ção também foi considerada como positiva pelo Seconci-SP por gerar menos impactos na produtividade das empresas. Na avalia-ção de Norma Suely, a elevação do nível de conscientização dos trabalhadores da construção civil e a realização de atividades preventivas foram consideradas como fun-damentais para a reversão do quadro.

Juntos, SindusCon-SP e Seconci-SP ofe- recem ao trabalhador da construção civil

uma série de orientações e serviços educa-tivos e preventivos em programas de saúde e segurança – como Análise Ergonômica dos Postos de Trabalho, Programa de Conservação Auditiva, Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, entre outros.

“Um dos motivos de diminuição no nú-mero de afastamentos que podemos apon-tar é que o trabalhador da construção civil está frequentando o Seconci-SP para ações preventivas. Isso tem impactado na redução da quantidade de dias que ele precisa ficar afastado”, afirma Norma. “À medida que vão surgindo, a gente consegue debelar os problemas com mais rapidez e o trabalhador tem capacidade de voltar à sua atividade laboral em menor tempo, gerando menos impacto na produção”, observa. “Isso é uma coisa já de conhecimento antigo: Prevenir é melhor do que remediar.”

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ClaSSifiCadoS

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ClaSSifiCadoS

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Arquitetos, projetistas e profissionais da cons-trução contam com mais uma opção prática e versátil para ajudar em cada detalhe da concep-ção dos mais variados projetos arquitetônicos. Acaba de ser lançado o Espaço Técnico Placo, uma ferramenta de consulta dinâmica em que

o usuário descreve os parâmetros de especifi-cação de seu projeto e acessa uma biblioteca completa de tipologias em drywall que atendem às suas necessidades. Produzida em BIM, a bi-blioteca está disponível para consulta e downlo-ad em www.placo.com.br/espacotecnico.

Para simplificar o trabalho do eletricista e eli-minar desperdícios com a sobra de materiais, a Cobrecom Fios e Cabos Elétricos disponibiliza suas principais linhas de fios e cabos em ro-los de 100 m em embalagem plástica termo-encolhível. O material, que é 100% reciclável, tem como diferencial facilitar o trabalho de

instalação dos condutores elétricos, já que o eletricista pode puxar vários cabos de uma úni-ca vez ao passá-los pelos conduítes. A embala-gem foi planejada para que os fios e cabos não embaracem quando puxados e permite que, em caso de sobras, o produto fique guardado de maneira organizada até o próximo uso.

A Belmetal lançou os painéis Aluacero, que são indicados para fachadas ventiladas e 100% reci-cláveis. Thiago Vasques, gerente do setor de desenvolvimento de produtos Aluacero da Belmetal, destaca que esse painel é feito de um material diferenciado e vem para substituir os que são utili-zados no ramo da construção civil, como o brise, entre outros. Segundo o executivo, “a montagem do Aluacero é 40% mais rápida que qualquer outro produto. Além disso, a economia na estrutura de fixação é de até 60%”. Entre as obras que já usam o Aluacero, está o Centro de Treinamento do São Paulo F.C.

Biblioteca BIM com soluções completas em drywall

Embalagem termoencolhível

Painéis para fachadas ventiladas

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NovidadeS do merCado

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EVENTOS CURSOSSETEMBRO

3º Congresso Jurídico da Construção

Dia 3, das 8h às 19h, no Caesar Business Faria Lima, em São Paulo

17º Seminário Tecnologias de Estruturas: Projeto e Produção com Foco na Racionalização e Qualidade

Dia 30, das 8h às 18h, no Caesar Business Faria Lima, em São Paulo

OUTUBRO

6º Seminário Internacional BIM – Modelagem da Informação da Construção

Dia 22, das 8h às 18h, no Caesar Business Faria Lima, em São Paulo

NOVEMBRO

8º Seminário sobre Legalização de Empreendimentos no Município de São Paulo

Dias 10 e 11, das 8h às 18h, no Caesar Business Faria Lima, em São Paulo

2º Fórum Internacional Segurança e Saúde do Trabalho

Dias 12 e 13, das 8h às 18h, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo

SETEMBRO

Introdução ao BIM com aulas práticas

Dias 11, 12, 18 e 19, das 9h às 18h, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo

Fundamentos fiscais sobre ICMS, IPI e ISS, aplicados à construção civil

Dia 14, das 9h às 18h, na Regional São José do Rio Preto

eSocial – Versão Atualizada 2.1 – Regras de Validação e Perguntão da RFB

Dia 15, das 9h às 18h, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo

Palestra Fiesp – Os 3 Rs da Gestão de Pessoas

Dia 16, das 9h às 18h, na Regional Campinas

Cálculos Financeiros Aplicados às Operações Imobiliárias

Dias 17 e 18, das 9h às 18h, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo

Especialista (do nível básico ao avançado) do MS Project 2013

Dias 17, 18 e 19, das 9h às 18h, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo

ageNda

Informações: www.sindusconsp.com.br Inscrições: [email protected] ou (11) 3334-5600

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O empresário Rodrigo Luna tomou posse, na primeira semana de agosto, da presidência da seção brasileira da Federação Internacional Imobiliária (Fiabci-Brasil)

CONVERSA COM ROdRIGO LUNA

Notícias da Construção // o senhor assume a Fiabci-brasil, que é uma das principais representações do setor imobiliário do País, num momento de forte crise econômica. Qual será a linha de atuação da nova diretoria?

Rodrigo Luna // A Fiabci-Brasil, como entidade pri-vada ligada ao setor imobiliário, defende e traba-lha com três importantes fundamentos: o apoio à iniciativa privada, o direito pleno da propriedade e o estado democrático de direito. Com base nesses pilares, a entidade lutará pelo desenvolvimento do setor, buscando incentivar um mercado equilibrado, ético e pujante.

NC // Nesse contexto, quais são os principais desafios do setor?

RL // Existem alguns pontos que não permitem que a iniciativa privada possa produzir habitações em maior quantidade e qualidade. Entre eles estão o surgimento de altos custos de contrapartidas exi-gidas dos empreendimentos imobiliários, as altas taxas de juros atuais, inflação acima das projeções e o início de escassez do crédito imobiliário. Além disso, a demora em lançar a terceira fase do progra-ma Minha Casa, Minha Vida também interfere no desempenho do setor.

NC // se a crise é mesmo um momento de oportunidades, o que a atual conjuntura oferece aos empreendedores?

RL // Sempre podemos olhar o lado cheio do copo. Momentos como este são propícios para que as empresas possam cuidar de suas estruturas, me-lhorando as eficiências, diminuindo seus estoques

e ajustando o caixa. O setor imobiliário é uma ativi-dade de capital intensivo e exige de seus players um absoluto controle e racionalidade de suas contas. Empresas bem-dirigidas e financeiramente saudá-veis propiciam um mercado próspero e, por conse-quência, confiável.

NC // e o que precisa ser feito para superar o momento difícil?

RL // Vivemos um momento político, ético e econô-mico bastante instável em nosso país. Tudo isso tem projetado um enorme abalo na confiança da população, dos investidores e do setor produtivo. Necessita-se que nossos governantes olhem com muita atenção para essas questões e passem a priorizar as ações de correção de rumo rapidamen-te. Já temos um grande aumento do desemprego, fruto do atual panorama, e se não houver uma drás-tica e rápida convergência dos poderes Executivo e Legislativo, a sociedade civil brasileira irá amar-gar consequências ruins que poderão perdurar por muitos anos.

NC // 2016 será um bom ano para o setor?

RL // Os próximos anos dependem, exclusivamente, da velocidade de definições em relação às discus-sões políticas e de consequente avanço do ajuste fiscal. À medida que se postergam as soluções, mais tempo será necessário para invertermos a cur-va de confiança e de humor. Levando isso em con-sideração, se os ajustes acontecerem ainda neste ano, poderemos ter um 2016 já com ritmo de recu-peração econômica.

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“Se os ajustes acontecerem, podemos ter um 2016 já com ritmo de recuperação econômica”

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oPiNião

A confiança do empresa-riado nunca esteve tão baixa. Particularmente, a do empresário da cons-

trução recuou 4,7% entre junho e julho, alcançando 70,2 pontos na sondagem mensal realizada pela FGV. Esse é o menor nível desde que a série foi iniciada, em julho de 2010. O declínio desse índice tem sido uma constante.

Entre todos os setores produti-vos da economia, construção civil e indústria de máquinas e equi-pamentos são os que têm seus desempenhos mais fortemente dependentes do investimento. Respondem por mais de 90% de tudo o que se investe no Brasil.

Mas investimento é sinônimo de confiança. O construtor, como todos os demais agentes econô-micos, está acostumado a atuar em ambiente de incerteza, a cor-rer riscos. Isso está no seu dNA e é a base da seleção natural do empreendedorismo. Pesquisas comprovam que o ser humano não é avesso ao risco, ele é aves-so, sim, à perda. O problema é que hoje não se consegue avaliar o risco. O risco parece infinito e a perda, inevitável.

A incerteza quanto ao futuro é absoluta, pois diferentemente dos acontecimentos do passado, a crise política atual não está circunscrita, não tem contor-nos visíveis nem abrangência de personagens facilmente identi-ficável. Ninguém sabe até onde

podem chegar, por exemplo, as investigações da Operação Lava Jato – quais serão as suas con-sequências, quem será atingido, qual sua duração. Assim, não se consegue vislumbrar o fim da crise política.

A crise na esfera política se reflete no ambiente econômico. decisões importantes para a re-vitalização da economia não são tomadas, são postergadas. Essa paralisia é fruto de um governo acuado pela oposição, sem for-ça junto aos próprios aliados e, portanto, impossibilitado de agir.

Quando quem ocupa um espaço deixa espaço, perde espaço.

O governo deveria estar pla-nejando fazer a economia an-dar, mas não consegue. deveria aumentar o investimento públi-co. Propôs acertadamente uma reorganização fiscal, mas não consegue negociar e liderar a implementação das medidas ne-cessárias, e as contrações fiscal e monetária que fariam senti-do num ambiente de confiança, acabam debilitando ainda mais o organismo econômico. O remédio prescrito pode matar o paciente.

Ainda há tempo, mas a presi-dente e seus auxiliares precisam vir a público reconhecer que os rumos que perseguiram estavam equivocados, que cometeram erros e que aprenderam lições importan-tes para não mais repeti-los com condução errática e intervencionis-ta da economia. Também é neces-sário que o governo tenha firmeza, convicção, apresentando ideias e metas claras à sociedade.

A saída da crise não será sem dor. A sociedade deve ser conven-cida de que vale a pena sofrer um pouco agora em troca de um futuro melhor. O governo precisa propor e implantar as reformas que nun-ca foram feitas. Precisa negociar e arbitrar as perdas de setores que foram privilegiados no passado.

E, acima de tudo, preparar o País para competir no mundo. Competitividade é uma das pala-vras-chave para destrancar a por-ta de saída da crise. É necessário investir na formação de profissio-nais de excelência, racionalizar a administração pública, quebrar paradigmas, facilitar o ambiente de negócios.

No entanto, olhando para o cenário atual, não parece fac-tível que o que precisa ser feito venha a se realizar. As incertezas por certo alimentarão a falta de confiança, o que impedirá a re-tomada do crescimento. Ao que parece, o fim da crise econômica está mais longe do que pensáva-mos a princípio.

Falta de confiança impede a retomada

eDuaRDo zaIDaN Vice-presidente de Economia do SindusCon-SP

GOVERNO TEM DE TER FIRMEZA E

APRESENTAR IDEIAS E METAS CLARAS

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