o bem ou o mal? -...

Recanto das Letras

Central de Produção Capítulo 033

O BEM OU O MAL?

Novela de

MATHEUS RICCAZ

Colaboração de

OTÁVIO SARTI

Personagens deste capítulo

ALBERTO

ANDRESSA LUÍSA

BÁRBARA

FERNANDO

HERBERT

LETÍCIA

MANUELA

AGENOR

ROBERTO

VERÔNICA

MARIANA

MARÍLIA

MARISA

PEDRO

Participação especial

MÉDICO

27/08/2014

O BEM OU O MAL? Capítulo 33 Pag.: 1

CENA 1/ AP ALBERTO/ INTERIOR/ NOITE.

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO

ANTERIOR. LETÍCIA E MARISA.

LETÍCIA Veneno... É agora que eu tiro aquela Mariana do

meu caminho. E eu e o Pedro ficaremos juntos,

finalmente...

MARISA Mas esse veneno é muito poderoso. Vê lá como

você vai usar isso hein?

LETÍCIA Pode deixar, sei como agir em situações como es-

ta. Já pensei até como vou fazer pra esse plano se

concretizar.

LETÍCIA PEGA O CELULAR.

LETÍCIA (TEL) Alô Mariana? Oi querida, sou eu Letícia. É

que o Pedro me deu o telefone daí e resolvi te li-

gar pra marcar um almoço entre nós duas pra nos

conhecermos melhor, que tal? (T) Ah, claro!

Amanhã está bom pra você? (T) Ok querida, bei-

jos, tchau!

LETÍCIA DESLIGA.

MARISA E ai deu em quê?

LETÍCIA E ai que o plano tá começando a dar certo. Já

marquei o tal almoço com a Mariana, e é bom ela

aproveitar, pois esse será o último almoço da vida

dela.

CLOSE NELA.

CENA 2/ AP VILLANUEVA/ INTERIOR/ NOITE.

FERNANDO E MARIANA CONVERSAM NA SALA.

FERNANDO Quem estava falando com você ao telefone?

MARIANA A Letícia, uma amiga do Pedro que veio aqui ho-

je.


FERNANDO Amiga do Pedro? (T) E o que ela queria?

MARIANA Marcar um almoço comigo, amanhã aqui em ca-

sa.

FERNANDO Aqui em casa? Não poderia ser num restaurante

sofisticado?

MARIANA E tem algum problema dela almoçar aqui em ca-

sa?

FERNANDO Claro que sim. Você mal a conhece, ela foi apre-

sentada a você hoje pelo Pedro.

MARIANA Mas o almoço é justamente pra isso, pra nos co-

nhecermos melhor, mais nada.

FERNANDO Eu não sei não... Tem certeza de que é seguro?

MARIANA Claro... Se é amiga do Pedro, é de confiança.

FERNANDO Então tá, faça esse almoço. Mas tome cuidado,

mesmo sendo amiga do Pedro, você não a conhe-

ce... Hoje em dia temos que desconfiar até mes-

mo da nossa própria sombra. (BEIJA A TESTA

DE MARIANA)

FERNANDO SOBE E MARIANA FICA PENSATIVA.

CENA 3/ PONTA VERDE/ PLANOS GERAIS/ EXTERIOR/ DIA.

PLANOS GERAIS AMANHECENDO.

CENA 4/ CASA VERÔNICA/ LOCALIZAÇÃO/ EXTERIOR/ DIA.

LOCALIZAÇÃO DA CASA DE VERÔNICA.

CENA 5/ CASA VERÔNICA/ INTERIOR/ DIA.

MANUELA ESTÁ SENTADA NA SALA, PENSATIVA.

A CAMPAINHA TOCA E ELA VAI ATENDER.

MANUELA Agenor!


AGENOR ENTRA.

MANUELA Tá fazendo o quê aqui? Veio se encontrar comigo

às escondidas?

AGENOR Pra falar a verdade, não meu repolho. Eu vim

aqui te contar uma novidade.

MANUELA Novidade? Ah, já sei: Você finalmente se separou

daquela vadia, não foi?

AGENOR Também não é isso!

MANUELA Então o que é?

AGENOR Eu vim aqui pedir pra que você arrume suas trou-

xas. Você, a Verônica e o Roberto. Eu comprei

um apartamento lá na Ponta Verde e quero a mi-

nha família perto de mim.

MANUELA Oh meu amor...

MANUELA BEIJA AGENOR.

AGENOR vocês vão se mudar hoje.

MANUELA Hoje? Justo hoje?

AGENOR Ora e por que não?

MANUELA É por que assim meu amor... (T) O Roberto so-

freu um acidente por esses dias e ele recebe alta

hoje.

AGENOR (REAGE) A criatura sofre um acidente e vocês

não me contam nada né?

MANUELA Eu achei que você não queria mais saber do Ro-

berto por ele ser gay... Você mesmo disse isso,

uma, duas ou várias vezes.


AGENOR Mas ele continua sendo meu filho meu repolho,

independente dele ser gay ou não. (T) Faz assim:

Você e a Verônica passam a noite lá no aparta-

mento novo, e o Roberto passa a noite lá em casa.

MANUELA Se for assim, tudo bem, desde que aquela vadia

não vá encher o saco do meu filho...

AGENOR Em relação a isso, você pode ficar despreocupada

meu amor... (CHEGA PERTO DE MANUELA E

A BEIJA) Agora eu tenho que ir... Disse a Gabri-

ele que ia ao supermercado do outro lado da ci-

dade. (T) O caminhão de mudanças estará pas-

sando aqui mais tarde.

AGENOR E MANUELA SE BEIJAM NOVAMENTE.

AGENOR SAI, MANUELA SENTA NO SOFÁ E FICA PENSATIVA.

CENA 6/ PONTA VERDE/ PLANOS GERAIS/ EXT/ TARDE.

PLANOS GERAIS DA TARDE.

CENA 7/ AP VILLANUEVA/ INTERIOR/ TARDE.

MARIANA TERMINA DE COLOCAR A MESA. A CAMPAINHA

TOCA, ELA VAI ATENDER.

MARIANA Entra Letícia.

LETÍCIA ENTRA.

LETÍCIA Demorei?

MARIANA Demorou nada!

LETÍCIA Umm, cheirinho bom...

MARIANA É a comida do Pedro. Ele preparou tudo, mas teve

que ir pro restaurante e deixou a bomba em mi-

nhas mãos.

LETÍCIA Ah, que pena... Mas é bom, pois assim ficamos

sozinhas e nos conhecemos melhor.


MARIANA Pois é. A comida ainda tá no forno, mas você de-

seja alguma coisa? Uma água, um suco?

LETÍCIA Desejo sim: um suco.

MARIANA PEGA O SUCO NA GELADEIRA E O COLOCA NO COPO.

LETÍCIA BEBE O SUCO.

MARIANA Me fale mais sobre você, como você conheceu o

Pedro...

LETÍCIA (CORTA) Como eu conheci o Pedro? Ah, isso é

uma longa história. Eu estava atravessando a rua

quando o Pedro veio e me atropelou, mas foi tudo

sem querer, eu não estava prestando atenção ao

sinal. Ai ele me levou ao médico, depois em casa.

Eu recusei dele me levar em casa, mas ele insistiu

tanto que eu acabei aceitando. Ele foi tão educado

comigo, você tem muita sorte de estar namorando

uma pessoa como o Pedro... (FINGE) Vocês

formam um casal tão bonitinho.

MARIANA Acho que tenho sorte mesmo, me sinto tão feliz,

tão segura ao lado do Pedro, ainda mais agora que

estamos esperando um filho.

LETÍCIA Por isso que eu desejo a vocês toda a felicidade

do mundo. E pra completar, vamos fazer um

brinde.

MARIANA Brinde? Mas eu não posso beber Letícia, estou

grávida, esqueceu?

LETÍCIA E quem disse que vamos tomar álcool, Darling?

Vamos brindar com suco.

CORTE DESCONTÍNUO PARA MARIANA JÁ NO SOFÁ

BRINDANDO COM LETÍCIA. ELAS TOMAM UM GOLE DO SUCO.

LETÍCIA DERRAMA UM POUCO DO SUCO DE PROPRÓSITO EM

SUA ROUPA.


LETÍCIA Ai, que desastrada, sujei minha roupa.

MARIANA Peraí, vou pegar uma toalha.

MARIANA VAI ATÉ O LAVABO. LETÍCIA APROVEITA QUE ESTÁ

SOZINHA NA SALA, PEGA O FRASCO COM VENENO E DESPEJA

NO COPO DE MARIANA. MARIANA VOLTA DO LAVABO

TRAZENDO A TOALHA.

MARIANA Aqui está a toalha.

LETÍCIA (LIMPANDO A SUJEIRA DA ROUPA) Muito

obrigado Mariana, sei que estou incomodando.

MARIANA Não incomoda nada.

LETÍCIA Não vai beber o suco?

AMBAS BEBEM O SUCO. LETÍCIA OBSERVA MARIANA

BEBENDO. MARIANA TERMINA DE BEBER.

LETÍCIA Voltando ao assunto acho que mudei de ideia.

Acho que o Pedro não escolheu a pessoa certa pra

estar com ele.

MARIANA Do que você está falando? Ficou louca?

LETÍCIA Você sabe muito bem do que estou falando Mari-

ana. Você não é mulher suficiente pra um cara

como o Pedro, mas pena que ele não consegue

enxergar isso.

MARIANA (SEM ENTENDER) Você ficou louca Letícia?

LETÍCIA Estou louca! (T) Louquíssima de amor pelo Pe-

dro.

MARIANA Louca de amor... pelo Pedro?

NESSE MOMENTO MARIANA COMEÇA A PASSAR MAL.

LETÍCIA (IRÔNICA) Me desculpe bebê, mas ou é você ou

é eu.


MARIANA (PASSANDO MAL) Você não...

LETÍCIA Sim... Eu precisei fazer isso caso eu queira ficar

com o Pedro. E a única coisa que nos impede de

ficarmos juntos são você e esse mequetrefe de fi-

lho que você está esperando. Foi tudo uma arma-

ção e você caiu direitinho Mariana. Achou o quê?

Que eu marquei essa droga de almoço pra nos

conhecermos melhor? Realmente você não sabe

nada da vida queridinha e infelizmente vai ficar

sem saber, pois sua vida acaba aqui, e agora!

LETÍCIA PEGA SUA BOLSA.

LETÍCIA Bye, bye baby! Faça uma boa viagem ao inferno!

LETÍCIA SAI. MARIANA ESTÁ NO CHÃO, PASSANDO MAL. NESSE

MOMENTO FERNANDO ENTRA EM CASA E ENCONTRA

MARIANA CAÍDA NO CHÃO.

FERNANDO (DESESPERADO) Mariana, o que aconteceu?

MARIANA NÃO CONSEGUE RESPONDER, ELA SUA MUITO.

FERNANDO (JÁ DISCANDO O TELEFONE) Você não está

bem... (TEL) Alô, é da emergência? (T) Por fa-

vor, a minha irmã está passando mal. Venham

depressa, é urgente, ela está grávida! Ok! Obriga-

do!

CENA 8/ HOSPITAL/ CORREDOR/ INTERIOR/ TARDE.

MARIANA É LEVADA NA MACA PELOS MÉDICOS. FERNANDO

OS SEGUEM. OS MÉDICOS ENTRAM COM MARIANA EM UMA

SALA QUE FERNANDO É BARRADO.

CENA 9/ HOSPITAL/ SALA DE ESPERA/ INTERIOR/ TARDE.

FERNANDO E PEDRO ESPERAM POR NOTÍCIAS DE MARIANA.

PEDRO Eu ainda não entendi. A Mariana estava passando

mal quando você chegou...


FERNANDO Eu também não entendi direito o que houve. Ela

tinha marcado aquele almoço lá em casa com a

tal Letícia. Eu precisei sair e quando voltei ela es-

tava caída no chão, suando frio e tremendo esqui-

sito.

NESSE MOMENTO O MÉDICO CHEGA.

MÉDICO Vocês são parentes da paciente Mariana Villanu-

eva?

FERNANDO Somos sim. Eu sou o irmão e esse aqui é o noivo

dela. O que aconteceu com a Mariana?

MÉDICO Ela foi envenenada.

PEDRO E FERNANDO FICAM CHOCADOS.

PEDRO (SEM ACREDITAR) Envenenada?

MÉDICO Sim, fizemos uma lavagem estomacal nela, pra

podermos retirar o veneno e por sorte, não foi

dessa vez que uma paciente nossa veio à óbito.

FERNANDO (ALIVIADO) Graças a Deus!

PEDRO Mas a Mariana estava grávida, o veneno de al-

guma forma prejudicou a gravidez dela?

MÉDICO Infelizmente sim! Nós conseguimos salvar a Ma-

riana, mas ela acabou perdendo o bebê.

PEDRO SE EMOCIONA COM A REVELAÇÃO.

FERNANDO Podemos ver a Mariana?

MÉDICO Pode sim! Acompanhem-me.

O MÉDICO SAI, SEGUIDO DE PEDRO E FERNANDO.


CENA 10/ HOSPITAL/ QUARTO MARIANA/ INTERIOR/ TARDE.

MARIANA ESTÁ RECEBENDO MEDICAMENTO DA ENFERMEIRA.

O MÉDICO ENTRA COM FERNANDO E PEDRO. A ENFERMEIRA

SAI.

MARIANA O que aconteceu? Onde estou?

FERNANDO Aconteceu algo terrível Mariana.

MARIANA O que aconteceu Fernando? (T) Fala logo que já

estou ficando nervosa.

FERNANDO O doutor disse que você foi envenenada.

MÉDICO Nós fizemos uma lavagem estomacal em você,

mas infelizmente não tivemos chances de salvar o

bebê que você estava esperando.

MARIANA FICA CHOCADA.

MARIANA Quer dizer então que eu perdi meu filho?

MÉDICO Sinto muito...

O MÉDICO SAI DO QUARTO. MARIANA COMEÇA A CHORAR.

PEDRO A ABRAÇA.

MARIANA (CHORANDO) Foi ela, ela conseguiu...

PEDRO Foi ela o quê?

MARIANA Aquela tal da sua amiga, a Letícia, ela é a culpada

por toda dor e sofrimento que estou passando

agora.

PEDRO (SEM ACREDITAR) A Letícia?

MARIANA Foi ela quem me envenenou.

PEDRO (COM RAIVA) Aquela desgraçada...

MARIANA (CHORANDO) Ela começou dizendo que queria

um almoço comigo, depois tomamos um copo de


suco, e logo depois ela me envenenou e me disse

coisas horríveis.

FERNANDO Que tipo de coisa?

MARIANA Ela disse que estava apaixonada pelo Pedro e que

pra os dois ficarem juntos ela tinha que tirar a

mim e o filho que estava esperando do caminho.

FERNANDO (ROSNA) Vadia!

PEDRO (DECIDIDO) Mas isso não vai ficar assim. Eu sei

onde ela mora, vou tirar satisfações sobre isso.

PEDRO BEIJA MARIANA.

PEDRO Mais tarde eu volto pra ficar com você meu amor.

ELE SAI. MARIANA CHORA E FERNANDO A ABRAÇA.

CENA 11/ AP ALBERTO/ INTERIOR/ TARDE.

MARISA ESTÁ NA SALA PENSATIVA.

MARISA (PRA SI) eu estava errada. Não deveria ter cola-

borado naquele plano maléfico da Letícia, não

deveria. Me arrependi amargamente de tê-la tra-

zido de volta para o Brasil. A volta dela só me

trouxe problemas. Vou acabar com isso agora!

MARISA PEGA O TELEFONE E COMEÇA A DISCAR.

CENA 12/ CARRO PEDRO/ INTERIOR/ TARDE.

PEDRO DIRIGE. O CELULAR DE PEDRO COMEÇA A TOCAR. ELE

ATENDE.

PEDRO (CEL) Alô?

MARISA (OFF) Pedro?

PEDRO (CEL) Quem é?

MARISA (OFF) É a Marisa, mãe do Alberto.


PEDRO (CEL) Oi dona Marisa, pode falar...


MARISA NO TELEFONE.

MARISA (TEL) Desculpe incomodar, mas tive que ligar

pra você pois preciso lhe fazer uma revelação.

PEDRO (OFF) Revelação?

MARISA (TEL) Sim! Acho que você já deve conhecer a

Letícia.

CENA 14/ CARRO PEDRO/ INTERIOR/ TARDE.

PEDRO ESTACIONA O CARRO EM QUALQUER LUGAR.

PEDRO (CEL, SURPRESO) Letícia?

MARISA (OFF) Sim, a Letícia, a que você atropelou por

acidente um dia desses.

PEDRO (SURPRESO, CEL) Você a conhece?


MARISA AO TELEFONE.

MARISA (TEL) Sim, conheço. Ela é a minha sobrinha. A

Letícia me contou tudo.

NESSE MOMENTO LETÍCIA ENTRA EM CASA E COMEÇA A

OUVIR A CONVERSA, ESCONDIDA. MARISA NÃO A VÊ E

CONTINUA AO TELEFONE.

PEDRO (OFF) Contou tudo o quê?

MARISA (TEL) Ela me contou que era apaixonada por vo-

cê e que precisava tirar a Mariana do caminho de-

la, caso ela quisesse ficar contigo!

PEDRO (OFF) Eu já estou sabendo. Aquela desgraçada

vai se ver comigo...


COM RAIVA, LETÍCIA SE APROXIMA DE MARISA E ARRANCA O

TELEFONE DA MÃO DELA E LOGO DEPOIS O DESLIGA. MARISA

SE ASSUSTA.

LETÍCIA (COM RAIVA) Sua desgraçada! Então quer dizer

que você resolveu me dedurar pro Pedro não é?

MARISA Eu já cansei de você Letícia. A sua chegada aqui

no Brasil foi a chave pra entrada da desgraça na

minha vida. Você só tem me trazido problemas

desde que chegou aqui.

LETÍCIA Eu não estou nem aí pra isso, foi você quem quis

assim, ou acha mesmo que foi de minha livre e

espontânea vontade voltar a morar nesse país de

merda? A vontade foi sua, tudo pra separar o seu

filhinho da sua norinha, coisa que não deu certo.

Aliás: O que eu ainda estou fazendo aqui não é

mesmo?

MARISA É verdade! O que você ainda está fazendo aqui?

Depois de me encher de problemas ainda acha

que vai continuar morando aqui, debaixo de meu

teto? Não vai mesmo.

ALBERTO VEM DO QUARTO.

ALBERTO Posso saber que gritaria é essa aqui?

LETÍCIA Você pode me expulsar daqui Marisa, mas antes

tenho uma revelação pra lhe fazer Alberto!

ALBERTO Que revelação?

LETÍCIA Por um acaso, a sua mamãezinha já lhe contou a

identidade de seu pai?

ALBERTO Não... Aliás, toda vez que eu tocava nesse assun-

to, ela sempre dava um jeito de fugir dele.

LETÍCIA Pois então eu conto...


MARISA Letícia, se você fizer isso...

LETÍCIA O seu papaizinho é o Herbert!

ALBERTO (SEM ACREDITAR) O Herbert?

LETÍCIA Sim, ele mesmo! E adivinha como eles se conhe-

ceram e aonde se conheceram? (T) Num bordel!

É isso mesmo: Num bordel. A sua mamãezinha

era uma cachorrona de quinta, uma vagabundazi-

nha, a quenga mais famosa do bordel da Madame

Sofia!

ALBERTO (SEM ACREDITAR) Mãe!...

MARISA (QUASE EM PRANTOS SE APROXIMA DE

ALBERTO) Alberto...

ALBERTO (FRIO) Não se aproxima de mim...

LETÍCIA Esperem queridos, ainda não terminei!... Tem

mais uma coisa: Não sou sua prima porcaria ne-

nhuma. Sou uma antiga colega dela no bordel.

Você foi fruto de um programa da sua mãe Alber-

to, e na ocasião o cliente dela foi seu pai Herbert.

ALBERTO (GRITA PARA MARISA) eu tenho nojo de vo-

cê! Nojo!

ALBERTO SAI CORRENDO DO APARTAMENTO, LETÍCIA SOLTA

UMA RISADA PRA MARISA E SAI ATRÁS DELE. MARISA CAI EM

PRANTOS.

MARISA (COM ÓDIO) Desgraçada! Vai me pagar por is-

so!

CLOSE NELA.

CENA 16/ CARRO ALBERTO/ INTERIOR/ TARDE.

ALBERTO AO CELULAR, FALA COM HERBERT, ENQUANTO

DIRIGE.


ALBERTO (CEL) Herbert? Preciso falar com você, onde vo-

cê está nesse momento. Na casa da Bárbara? (T)

Ok! De qualquer forma preciso ir aí te falar algo

muito importante. Tchau!

ELE DESLIGA. CAM FOCA NO CARRO QUE SEGUE ALBERTO.

CENA 17/ TAXI/ INTERIOR/ TARDE.

TAXISTA DIRIGE, ENQUANTO LETÍCIA DÁ AS ORDENS PRA ELE.

LETÍCIA Segue aquele carro!

O TAXISTA ACELERA.


CONTINUAÇÃO DA CENA 15: MARISA NO SOFÁ.

MARISA Meu Deus, a desgraçada revelou mesmo o meu

passado... Preciso avisar ao Herbert imediatamen-

te.

ELA PEGA O TELEFONE E COMEÇA A DISCAR. ALTERNAR CENA

COM HERBERT NA CASA DE BÁRBARA.

MARISA (TEL) Alô Herbert?

HERBERT (CEL) Fala Marisa!

MARISA (TEL) Eu te liguei pra avisar que a desgraçada da

Letícia contou tudo pro Alberto. Ela revelou tudo

sobre o nosso passado, inclusive a paternidade do

Alberto!

HERBERT (SEM ACREDITAR, CEL) Não acredito que ela

teve a coragem de fazer isso...

MARISA (TEL) ela revelou que você é o pai do Alberto.

Ele está indo atrás de você.

HERBERT (CEL) Eu estou sabendo, ele me ligou.


MARISA (TEL) A Letícia está indo atrás dele Herbert! Ela

também está indo pra aí!

HERBERT (ABISMADO, CEL) Mas como assim vindo pra

cá? Você permitiu isso sua inútil?

MARISA (TEL) Não tive como impedi-la. Ela saiu na

mesma hora que o Alberto, estava em estado de

choque com tudo o que aconteceu aqui... não tive

nem reação.

HERBERT (CEL) Tudo bem! Vem pra cá, pra casa da Bárba-

ra. Estou aqui! Se você conseguir alcançar a Letí-

cia, não permita que ela entre aqui dentro!

MARISA (TEL) Tudo bem, vou fazer o possível e o impos-

sível.

HERBERT (CEL) Mas vem correndo... correndo não! Voan-

do! E Depressa!

MARISA DESLIGA.

CENA 19/ CASA BÁRBARA/ SALA/ INTERIOR/ TARDE.

BÁRBARA E HERBERT.

BÁRBARA Com quem você estava falando?

HERBERT Com a Marisa! Parece que a coisa ficou feia!

NESSE MOMENTO, NUM ROMPANTE, ALBERTO ENTRA NA

CASA.

ALBERTO (TOM) E ficará ainda mais Herbert! (T) Ou posso

dizer: “papai”...

HERBERT E BÁRBARA FICAM TENSOS. CLOSES ALTERNADOS.

CENA 20/ CARRO MARISA/ INTERIOR/ TARDE.

MARISA DIRIGE.


MARISA Preciso alcança-la. Se aquela desgraçada aprontar

mais uma eu acabo com a raça dela.

CLOSE.

CENA 21/ CASA BÁRBARA/ FRENTE/ EXTERIOR/ TARDE.

LETÍCIA SAI DO TAXI. TAXI VAI EMBORA. LETÍCIA FICA

OBSERVANDO A CASA DE BÁRBARA.

LETÍCIA (PRA SI) Hora da jurupoca piar... O show vai

começar!

ELA ANDA EM DIREÇÃO A CASA.


CONTINUAÇÃO DA CENA 19: ALBERTO, BÁRBARA E HERBERT.

ALBERTO Vamos Herbert... eu mereço uma explicação!

HERBERT É verdade meu filho: Eu sou seu pai! Aposto que

a Letícia te contou tudo.

ALBERTO Tudo e mais um pouco! Ela ainda revelou o pas-

sado da minha mãe.

NESSE MOMENTO, BÁRBARA COMEÇA A FICAR NERVOSA.

HERBERT Mas meu filho, o passado não importa mais. O

que passou, passou! Quem vive de passado é mu-

seu.

ALBERTO (ALTERADO) Não me importa o que houve anos

atrás entre você e a minha mãe! Se vocês deram,

subiram ou desceram, isso não me interessa, não

me importa, não quero saber! O que eu quero sa-

ber é o por que de você ter me abandonado aqui.

Abandonado a mim e a minha mãe quando nós

mais precisávamos de você?

HERBERT VAI FALAR, MAS NESSE MOMENTO A CAMPAINHA

TOCA. BÁRBARA VAI ABRIR. É LETÍCIA.

LETÍCIA Olá Baby! Quanto tempo não nos vemos querida.


BÁRBARA (SURPRESA) Letícia?

LETÍCIA ENTRA.

LETÍCIA Eu mesma, em carne e osso! Vim acabar com es-

sas historinha de passado de uma vez.

MARISA ENTRA NUM ROMPANTE.

MARISA (ROSNA) Mas antes eu acabo com você sua va-

gabunda.

MARISA CORRE EM DIREÇÃO A LETÍCIA E COMEÇA A PUXAR

SEUS CABELOS.

MARISA (GRITANDO) Sua desgraçada, vou acabar com

você! Vagabunda!

LETÍCIA (GRITANDO) Me solta sua biscateira!

HERBERT APARTA A BRIGA.

HERBERT Parem! Aqui não é a casa da Madame Sofia pra

vocês estarem se engalfinhando.

NESSE MOMENTO ANDRESSA LUÍSA DESCE AS ESCADAS.

ANDRESSA L. Que gritaria é essa? Deu pra ouvir lá de cima! O

que está acontecendo aqui? E quem é essa Ma-

dame Sofia?

TODOS FICAM TENSOS.

CENA 23/ HOSPITAL/ QUARTO ROBERTO/ INTERIOR/ TARDE.

MANUELA ARRUMA AS COISAS DE ROBERTO QUE ACABOU DE

RECEBER ALTA DO HOSPITAL. VERÔNICA E ROBERTO À PARTE.

VERÔNICA Não podemos deixar o Roberto na casa daquela

vagabunda.

MANUELA Sem discussão Verônica. O Roberto vai pra lá

enquanto se recupera. O seu pai garantiu que vai

cuidar bem dele.


VERÔNICA Espero que sim, pois se eu descobrir que aquela

vadia aporrinhou meu irmão eu sento a mão na

cara dela. Coisa que eu já deveria ter feito a mui-

to tempo.

VERÔNICA VOLTA SUA ATENÇÃO PARA ROBERTO.

VERÔNICA Roberto, consegue se lembrar de mim?

ROBERTO Lembrar de você? Quem és tu? Quem sou eu?

Aonde estou?

VERÔNICA Meu Deus, essa memória precisa voltar logo. Só

assim posso descobrir quem atrapalhou o plano da

Maria Clara.

CLOSE EM VERÔNICA AFLITA.


CONTINUAÇÃO DA CENA 22. MESMOS PERSONAGENS.

ANDRESSA L. Vamos! Mereço uma explicação. Quem é essa tal

madame Sofia?

TODOS FALAM AO MESMO TEMPO.

ANDRESSA L. (CORTA) Um de cada vez!

LETÍCIA Eu falo! (T) Madame Sofia era uma cafetina. E

nós quatro: Eu, a sua mãe, o Herbert e a Marisa

trabalhávamos lá. Nós éramos prostitutas. E o

Herbert era o cafetão.

ANDRESSA L. (PLERPLEXA) O quê? A minha mãe era uma

prostituta? É isso mãe?

LETÍCIA Não! Não é só isso não bebê! Tem mais coisa.

ANDRESSA L. O que? Pode falar tudo.

LETÍCIA O Herbert é o seu pai!

ANDRESSA QUASE CAI PRA TRÁS AO OUVIR ISSO.


ANDRESSA L. O Herbert é o meu pai?

BÁRBARA (COM RAIVA) Você não podia ter feito isso sua

desgraçada.

LETÍCIA Me poupe né Bárbara! Um dia a verdade ia bater

à sua porta e esse dia chegou.

BÁRBARA Vagabunda! Você vai me pagar por isso.

BÁRBARA ABRE A PORTA DE SUA CASA.

BÁRBARA (P/ LETÍCIA) Agora que você já fez seu showzi-

nho, pode sair da minha casa. Saiam todos vocês.

TODOS VÃO SAINDO, MAS ANDRESSA SE PRONUNCIA.

ANDRESSA L. Você fica Herbert! O resto faz o que minha mãe

mandou.

LETÍCIA, MARISA E ALBERTO SAEM. HERBERT SE SENTA AO

LADO DE ANDRESSA.

ANDRESSA L. (CHORANDO) Agora você vai me explicar tudo!

Do início ao fim!

CENA 25/ CASA BÁRBARA/ FRENTE/ EXTERIOR/ TARDE.

MARISA, ALBERTO E LETÍCIA.

ALBERTO (ABALADO) Não vou pra casa agora. Vou bus-

car a Marília na clínica e depois vou dar uma vol-

ta. Preciso relaxar digerir mais essa história.

MARISA Tudo bem meu filho. Acho que vou fazer o mes-

mo.

ALBERTO CAMINHA EM DIREÇÃO AO SEU CARRO E SAI.

MARISA FICA AS SÓS COM LETÍCIA.

MARISA Você conseguiu não é sua desgraçada? Mas saiba

que não vai ficar assim!

LETÍCIA Quero é prova querida! A sua ruína só está no

início!


LETÍCIA CHAMA UM TÁXI, ENTRA E VAI EMBORA.

MARISA (PRA SI) E a sua vida está por um fio Letícia.

Vou acabar com sua raça.

CLOSE NELA.


ANDRESSA, HERBERT E BÁRBARA.

ANDRESSA L. Mãe, me deixa sozinha com o Herbert, por favor!

BÁRBARA Tudo bem minha filha. Qualquer coisa estou no

escritório!

BÁRBARA SAI. ANDRESSA E HERBERT FICAM SOZINHOS.

ANDRESSA L. Agora você vai me explicar Herbert: Por que vo-

cê nunca me contou a verdade? Por que nunca me

disse que era meu pai?

HERBERT Eu bem que tentei minha filha. Mas não quis que

você descobrisse que sua mãe era uma prostituta

no passado...

ANDRESSA L. (CORTA) e com isso você sustentou uma mentira

durante anos e anos por causa de um segredo do

passado. (T) Saiba Herbert, que quem vive de

passado é o museu! Não me importo nem me im-

portaria com o tal passado da minha mãe. O que

passou, passou! O que importa é o presente e não

o passado. (T) Ela foi a pessoa quem me criou,

quem me deu amor, a mim e a minha irmã. E

apesar dos apesares, eu a amo muito. Você con-

segue imaginar o que é passar o dia dos pais sem

um pai por perto? Sabe o que é você ser questio-

nada na escola? Sabe o que é um colega seu per-

guntar se eu tinha um pai? Sabe o que é ficar sem

uma resposta pra dar? Não! Você não sabe!


HERBERT É por isso que estou aqui filha! Eu me arrependi,

eu voltei. Quero fazer você e a sua irmã feliz pelo

simples fato de saberem que tem um pai. Uma

pessoa em que vocês possam confiar, que vocês

possam se sentir protegidas. Eu voltei e quero te

amar muito minha filha. Consegue compreender

isso?

ANDRESSA L. Compreendo sim Herbert.

HERBERT Então já que você me compreende eu acho que

você deveria vencer esse seu orgulho e me perdo-

ar. Me perdoa minha filha, por tudo! Por toda dor

que eu fiz você e a sua irmã sentirem, me perdoa.

ANDRESSA L. Eu não sou uma pessoa que guarda mágoas fa-

cilmente. Eu perdoo sim.

HERBERT Me dá um abraço minha filha.

ANDRESSA L. Claro que dou pai.

EMOCIONADOS, ANDRESSA E HERBERT SE ABRAÇAM. CAM

FOCA NELES, LOGO DEPOIS EM BÁRBARA EMOCIONADA NA

PORTA DO ESCRITÓRIO QUE ESCUTOU A CONVERSA

ESCONDIDA.

CENA 27/ PONTA VERDE/ PLANOS GERAIS/ EXTERIOR/ NOITE.

ANOITECE.

CENA 28/ HOSPITAL/ QUARTO MARIANA/ INTERIOR/ NOITE.

PEDRO ACARICIA MARIANA QUE DORME.

PEDRO (PARA SI) Como ela pôde fazer uma atrocidade

dessas? Envenenar você pra ficar comigo! Ela re-

almente passou dos limites. Mas isso não ficará

assim meu amor! Vou fazer justiça. Vou me vin-

gar por você meu amor. Vou acabar com a Letí-

cia!


CLOSE EM PEDRO DETERMINADO.

CENA 29/ AP ALBERTO/ INTERIOR/ NOITE.

LETÍCIA ESTÁ JOGADA NO SOFÁ TOMANDO CHAMPANHE. SE

SENTE VITORIOSA.

LETÍCIA Eu venci a batalha e a guerra! Acabei com todos

eles! Eu sou invencível, sou imortal! Eu saí viva,

ilesa de tudo isso. Vou arrumar minhas trouxas,

aproveitar que a Marisa não está aqui e assaltar o

cofre dela e sumir no mundo pra nunca mais vol-

tar.

NESSE MOMENTO, O CELULAR DE LETÍCIA TOCA.

LETÍCIA (CEL) Alô? Sim sou eu! Claro que eu sei quem tá

falando. O que você quer comigo? Marcar encon-

tro? Estou no meio de uma comemoração, não

posso! (T) Tá bem! (T) Você está na garagem?

(T) Ok. Estou descendo! Tchau.

ELA DESLIGA. CLOSE NO ROSTO TENSO DE LETÍCIA.

CENA 30/ PONTA VERDE/ PRAIA/ EXTERIOR/ NOITE.

ALBERTO DE MÃOS DADAS COM MARÍLIA OBSERVAM O MAR.

ALBERTO Eu nunca pude imaginar que o Herbert e a minha

mãe mentiriam pra mim esse tempo todo. Estou

inconformado.

MARÍLIA Mas pensa pelo lado bom meu amor: O pai que

você achou que nunca existia está de volta! O

Herbert reconheceu o erro dele ter te abandonado

ainda bebê, e por isso ele está de volta pra resga-

tar o que ele perdeu. Pensa bem, conversa com o

Herbert e tudo irá se esclarecer.

ALBERTO Acho que irei fazer isso mesmo meu amor. Mas

antes tenho que passar em casa, conversar com

minha mãe que há essa hora já deve ter chegado.


Depois terei minha conversa com o Herbert. Vem

comigo?

MARÍLIA Claro meu amor. Vamos!

ELES CAMINHAM EM DIREÇÃO AO CARRO E PARTEM.

CENA 31/ EDIFÍCIO AMÉRICA/ GARAGEM/ INTERIOR/ NOITE.

O CARRO DE ALBERTO ACABA DE ENTRAR NA GARAGEM. ELE

FAZ A MANOBRA E ESTACIONA. ELE E MARÍLIA DESCEM DO

CARRO.

ALBERTO Acho que será muito longa a minha conversa com

o Herbert.

MARÍLIA Mas vai dar tudo certo Alberto, você vai ver.

ELES CAMINHAM EM DIREÇÃO AO ELEVADOR. CAM FOCA EM

UM CORPO CAÍDO NO CHÃO NO LADO OPOSTO DA GARAGEM.

ALBERTO VÊ O CORPO.

ALBERTO Olha Marília, tem alguém caído ali.

ELES CORREM EM DIREÇÃO AO CORPO. AO CHEGAR MAIS

PERTO, ALBERTO FICA CHOCADO COM O QUE VÊ.

ALBERTO (CHOCADO) Meu Deus!

É LETÍCIA, QUE SE ENCONTRA ESTIRADA NO CHÃO E COM

QUATRO MARCAS DE TIROS EM SEU PEITO.

MARÍLIA (SEM ACREDITAR) É a Letícia, Alberto!

ALBERTO (EM CHOQUE) E ela está morta!

CAM DÁ UM CLOSE EM LETÍCIA MORTA NO CHÃO. CORTA.

FIM

o bem ou o mal? -...

Documents