o auxÍlio reclusÃo: entre suas limitaÇÕes atuais e … coninter 3/gt 18/08. conceicao...

18
O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC 304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa. Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014, ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138 O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC 304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13- HUMANIZAR É PRECISO 1 Eric Fernando Mendes Conceição 2 Mariana Correa Netto RESUMO: Este artigo pretende analisar as configurações normativas e hermenêuticas atuais do auxílio-reclusão no direito brasileiro, buscando localizar suas principais diretrizes e limitações. Posteriormente, se observará como tal benefício se concretiza na realidade da vida das pessoas beneficiárias, quais são os basilares princípios protetores de sua existência e como as propostas da PEC 304/13 e do Projeto 5671/13 desvirtuam o mesmo, por meio de intenções rasas e incoerentes com o Estado Democrático de Direito. Palavras-chave: auxílio-reclusão, Estado democrático de Direito, crime. RESUMEN: En este artículo se analizan los ajustes regulatorios actuales y hermenéutico ayuda reclusión en la legislación brasileña, tratando de localizar a sus principales directrices y limitaciones. Posteriormente, se observará como tal beneficio se realiza en la realidad concreta de la vida de las familias, cuáles son sus principios rectores de protección de su existencia y cómo la propuesta PEC 304 / 13 y la ley 5671 /13 distorsionan a través de intenciones poco profundas e incompatible con el Estado democrático de derecho. Palabras clave: asignación para la reclusión, el Estado democrático de derecho, el crimen. 1 Mestrando em Direito Constitucional pelo Programa de Pós-Graduação de Direito Constitucional da Universidade Federal Fluminense ( PPGDC-UFF). 2 Mestranda em Direito Constitucional pelo Programa de Pós-Graduação de Direito Constitucional da Universidade Federal Fluminense ( PPGDC-UFF).

Upload: vudiep

Post on 27-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES

ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA

PEC 304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13- HUMANIZAR É

PRECISO

1Eric Fernando Mendes Conceição

2Mariana Correa Netto

RESUMO: Este artigo pretende analisar as configurações normativas e hermenêuticas atuais do

auxílio-reclusão no direito brasileiro, buscando localizar suas principais diretrizes e limitações.

Posteriormente, se observará como tal benefício se concretiza na realidade da vida das pessoas

beneficiárias, quais são os basilares princípios protetores de sua existência e como as propostas

da PEC 304/13 e do Projeto 5671/13 desvirtuam o mesmo, por meio de intenções rasas e

incoerentes com o Estado Democrático de Direito.

Palavras-chave: auxílio-reclusão, Estado democrático de Direito, crime.

RESUMEN: En este artículo se analizan los ajustes regulatorios actuales y hermenéutico ayuda

reclusión en la legislación brasileña, tratando de localizar a sus principales directrices y

limitaciones. Posteriormente, se observará como tal beneficio se realiza en la realidad concreta

de la vida de las familias, cuáles son sus principios rectores de protección de su existencia y

cómo la propuesta PEC 304 / 13 y la ley 5671 /13 distorsionan a través de intenciones poco

profundas e incompatible con el Estado democrático de derecho.

Palabras clave: asignación para la reclusión, el Estado democrático de derecho, el crimen.

1 Mestrando em Direito Constitucional pelo Programa de Pós-Graduação de Direito

Constitucional da Universidade Federal Fluminense ( PPGDC-UFF). 2 Mestranda em Direito Constitucional pelo Programa de Pós-Graduação de Direito

Constitucional da Universidade Federal Fluminense ( PPGDC-UFF).

Page 2: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

1) Introdução

O mundo contemporâneo é marcado por grandes transformações que levaram as

sociedades a se questionarem acerca de todos os âmbitos componentes da vida social.

Assim como a diversificação e dicotomias sentida nas artes, filosofia, economia e

ideologias, entre outros campos da vida social, o Direito também se reforça como

cenário de intensos questionamentos atuais. Diversificadas teorias, escolas e correntes

são produzidas, recuperadas ou rechaçadas nas ciências jurídicas a fim de captar e

responder juridicamente a autêntica crise instalada em nosso ramo científico.

Especificadamente, o Direito sente uma necessidade inerente de responder as

ansiedades sociais que, até então, não foram juridicamente satisfatórias. Em meio ao

aprofundamento das violações à humanidade, que fazem com que o ser humano seja

tratado como mero objeto dentro de uma perspectiva liberal ou militar dos poderosos; a

falência da representatividade democrática também leva a questionamentos acerca da

finalidade das ciências jurídicas. Deve o direito representar a proteção de um status quo,

impedindo que as sociedades alcancem novos patamares ou deverá assumir um

protagonismo de mudanças, no qual será um veículo motriz para transformações?

Nesta diapasão, devemos pensar que a atividade social exigida pela nossa

Constituição, que representa uma grande viragem normativa em nosso país pós-

ditadura, se enquadra nesses novos parâmetros. O constituinte originário previu uma

gama de direitos e garantias objetivando o controle da marginalidade e o avanço de

políticas públicas a fim de conformar uma sociedade marcada pela igualdade. Igualdade

esta não apenas formal, ou seja, aquela exigida perante a lei, mas também material, que

pressupõe o tratamento desigual entre os desiguais.

O seguro-reclusão pode ser entendido como um benefício afim dos propósitos

constitucionais acima elencados. O objetivo do constituinte em realiza-lo, foi proteger

as famílias do recluso, que, devido a prisão de seu ente querido, sofre um impacto

financeiro em sua renda, que sem a presença do Estado, levaria a entidade familiar à

Page 3: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

penúria. Assim, cumpre o Estado, pelo menos minimamente, seu compromisso moral e

constitucional de proteção da família, além de impossibilitar que a mesma seja punida

pelos crimes de seu recluso.

Neste artigo, pretendemos realizar uma proposta diferente de observação do

seguro-reclusão. Em um primeiro momento, vamos demonstrar a configuração jurídica

do benefício em nosso ordenamento jurídico, despontando seus princípios inerentes, os

progressos e os embaraços ainda constantes em sua normatividade atual de acordo com

a doutrina especializada. Posteriormente, procuraremos a efetividade social do auxílio,

ou seja, como este se satisfaz sociologicamente e suas subjetividades visíveis. Quer

dizer, vislumbrar quais as dinâmicas sociais presentes nas famílias beneficiárias e como

este cumpre com o intuito de contenção da marginalização social. Por fim, avaliaremos

as propostas de alterações legislativas que intentam esvaziar este benefício

previdenciário, quais sejam a PEC 304\13 e o Projeto 5671\13, bem como as falácias

justificadoras presentes nos discursos de seus autores, e a consequente aberração

jurídica legitimada, caso as mesmas sejam aprovados pelo Congresso Nacional.

2) O auxílio-reclusão e sua normatividade no direito brasileiro

contemporâneo: avanços e limites.

Objetivando fundar uma nova perspectiva democrática e de justiça, a

Constituição brasileira de 1988 elencou diversos direitos e garantias, considerados

fundamentais, até então negligenciados juridicamente pela nação. Por via da

necessidade de ultrapassar os traumas do período antecedente, demarcado pelo

autoritarismo e repressão, além do fator social, no qual maior da parte da sociedade

brasileira se encontrava à margem “milagre do crescimento”, a “Constituição cidadã”

previu a inauguração de uma nova base político-jurídico para o país. Era a urgência da

de um novo fundamento constitucional que velasse por uma democracia plena e

socialmente equilibrada, no qual o Estado assumia para si a obrigatoriedade de equalizar

Page 4: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

as diferenças sociais que tanto marcaram a história nacional. Enfim, foi a iluminação de

uma nova era constitucional: o Estado democrático de Direito.

Entre os diversos princípios que despontam a formalização de um Estado

demarcado por uma sociedade constitucionalmente democrática, sem dúvidas, a

dignidade da pessoa humana se sobrepõe em importância. Este princípio é a força-

motriz da constituição, uma vez que eleva o ser humano a sua dignidade útil e sem o

qual nenhum sistema político-jurídico poderia ser considerado justo. Daí a preocupação

do constituinte em discernir todos os direitos e garantias fundamentais que julgou serem

premissas para fazer valer a centralidade do homem e da sociedade na vida estatal. Isto,

pois, toda organização política serve o homem, e não o homem que serve os aparelhos

organizatórios (CANOTILHO, 1998, p.219). Justamente por este viés interpretativo que

o constituinte originário instituiu o benefício do auxílio-reclusão.

O auxílio-reclusão não adentrou em nosso sistema normativo somente em nossa

constituição atual. Sua origem pátria remonta à previsão pelo extinto Instituto de

Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM) , e posteriormente também legitimado

pelo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB). Somente em 1960,

este ganha normatividade jurídica, ao ser previsto pela Lei Orgânica da Previdência

Social. Curiosamente, o benefício ganhou contornos bem sólidos no decorrer da

Ditadura Militar, uma vez que foi continuamente utilizado neste período de “chumbo”

da história nacional, com o intuito de não desamparar as famílias de presos políticos.

Atualmente, o auxílio-reclusão possui contornos e percepções mais elaboradas.

Ele é a contraprestação paga pelo Estado aos beneficiários do segurado da Previdência

Social que se encontra recolhido à prisão, durante todo o período que este estiver

recluso, sob o regime penal fechado ou semi-aberto. Quer dizer, não é cabível,

previamente, ao segurado que estiver em livramento condicional ou cumprindo pena em

regime aberto, como bem lembra o próprio site da Previdência Social, órgão

governamental responsável pelo seu pagamento. Sua previsão constitucional está

disposta no capítulo VII, denominado “Ordem Social”, no qual trata da Seguridade

Social. Esta colocação normativa abona o acúmen do constituinte de que o auxílio-

reclusão se enquadra nas ações harmônicas exigidas do Estado e de toda a sociedade,

que visam a manutenção da qualidade de vida dos cidadãos, especificadamente

Page 5: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

direcionados à saúde, assistência social e previdência. É justamente no último,

especificadamente, que se encontra a determinação do referente auxílio.

A configuração do auxílio-reclusão como benefício previdenciário pressupõe a

necessidade de preenchimento de inúmeros requisitos previstos na legislação para sua

concessão aos dependentes. De antemão, é determinante, até pelo respeito ao princípio

contributivo que rege a Previdência nacional, que só terá o direito reconhecido o preso

tenha sido contribuinte previdenciário. Só nisto, observa-se o contraste da realidade

constitucional com a opinião popular, que fomenta inúmeras formulações rasas e

infundadas, de que todo dependente teria tal direito, de forma indiscriminada. No

entanto, este é somente a primeira de diversas requisições instituídas para a percepção

do tão comentado benefício.

Cabe ressaltar que existe uma equiparação prevista em lei para a utilização do

benefício para o menor infrator (jovens entre 16 e 18 anos). Este não se enquadra

categoricamente na figura do recluso, uma vez que se encontra protegido pelo Estatuto

da Criança e do Adolescente (ECA). Assim sendo, aquele que é apreendido por ato

infracional e esteja em custódia do Juizado da Infância e da Juventude, desde que

também seja contribuinte previdenciário, pode justificar a gozo do benefício aos seus

dependentes. Casos estes em que, não muito raramente, se configura a mãe do menor

como beneficiária, porém não deslegitima que sejam outros familiares habilitados,

desde que comprovem a essencialidade do menor para o seu sustento.

É a Lei 8213 de 1991 que determina os requisitos legais para a concessão do

subsídio. De acordo com seu artigo 80, o mesmo seguirá as mesmas condições da

pensão por morte, desde que o segurado preso não receba remuneração da empresa a

qual trabalhava, nem esteja em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou mesmo abono

de permanência em serviço. Complementando, o parágrafo único institui a exigência de

comprovação da situação de efetivo recolhimento à prisão, não havendo carência, já

que, como a pensão por morte, os destinatários são os beneficiários e não o próprio

segurado (PEREIRA, 2012, p.66).

A reivindicação para a fruição não termina com essas exigências. Especificando

e adicionando novas condições, o artigo 116 do decreto 3048 de 1999 determina que a

última contribuição previdenciária seja inferior ou igual a R$ 360,00. Este valor,

obviamente, não se tornou estanque, passando a ser atualizado de acordo com Portarias

Page 6: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

do Executivo, sendo atualmente fixado em R$ 1.025,81 (de acordo com a Portaria

Interministerial MPS/MF nº 19, de 10/01/2014). Esta fixação de valor máximo de

contribuição a possibilitar o acesso a um benefício contributivo gera a primeira das

grandes discussões da doutrina quanto ao tema.

Esta formulação legal que estabelece um teto máximo de contribuição se

espelhou na alteração constitucional trazida pela Emenda 20 de 1998 que reformulou

diversas disposições da previdência. Foi incluso no inciso IV, do artigo 201 da Carta

Magna, a equiparação do auxílio ao salário-família, instituído a condição de baixa renda

para a possibilidade de seu desfrute. Em outros termos, a reforma constitucional, em

tese, objetivou retirar da proteção previdenciária os dependentes do segurado que até

sua reclusão possuía meios suficientes para prover satisfatoriamente sua família.

A doutrina mais abastada considera tal reforma um contrassenso jurídico, sendo

flagrantemente inconstitucional. Como é sabido, nossa Constituição em seu artigo 5º,

caput, dispõe acerca do princípio da isonomia: Todos são iguais perante a lei, sem

distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros

residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade. Assim sendo, desigualdades de tratamento da lei não pode se

dar de forma absurda ou arbitrária, devendo apenas ocorrer no intuito de se obedecer à

razoabilidade e a busca da igualdade material (tratar os desiguais, a medida de sua

desigualdade) ordenado os preceitos normativos, inclusive os constitucionais por

atuação do constituinte reformador. Neste sentido confirma Bandeira de Mello, ao

denotar os contornos legítimos da desigualdade possibilitada pelo âmbito normativo:

“a) que a desequiparação não atinja, de modo atual e absoluto, um só indivíduo;

b) que as situações ou pessoas desequiparadas pela regra de direito sejam efetivamente distintas entre si, vale dizer, possuam características, traços, nelas residentes, diferençados;

c) que exista, em abstrato, uma correlação lógica entre os fatores diferenciais existentes e a distinção de regime jurídico em função deles, estabelecida pela norma jurídica;

d) que, in concreto, o vínculo de correlação supra-referido seja pertinente em função dos interesses constitucionalmente protegidos, isto é, resulte em diferenciação de tratamento jurídico fundada em razão valiosa – ao lume do texto constitucional – para o bem público.” (BANDEIRA DE MELLO, 2005, p. 41).

Page 7: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

Pela reflexão apurada da distinção criada pelo constituinte derivado, é visível a

falta de explicação plausível. Primeiramente, o auxílio-reclusão não se direciona ao

recluso e sim aos seus dependentes, o que cria o contorno de renda máxima

incompatível com as finalidades do benefício; que é a proteção da família desamparada

pela impossibilidade daquele permanecer a sustentando, devido ao cumprimento da

pena. Esta evidência é comprovada, inclusive, pela previsão dada pelo jurista Arnaldo

Zanela, em seu artigo “Previdência Social: auxílio-reclusão”, em que, de acordo com o

artigo 482, d, do Código de Leis Trabalhistas, que versa este ser motivo de dispensa por

justa causa a condenação criminal. Ora, se este é motivo atual passível de demissão do

empregado, como pode o constituinte se aferir da condição financeira pretérita do

segurado para garantir a exclusão de seus beneficiários? Claramente, em uma situação

normal e plausível de relação de trabalho, não interessaria o empregador manter a

relação trabalhista com um recluso, muito mais por se abster sem grandes ônus para o

seu desfazimento, alinhado também pelos estigmas que um “presidiário” carrega

socialmente. Por conseguinte, a condição da necessidade familiar seria suficiente, justa

e juridicamente aceitável para a definição dos contemplados pelo auxílio, não

fomentando assim discriminações odiosas dentro do ordenamento jurídico, respeitando,

conclusivamente, o princípio que rege a seguridade social que é a universalidade da

cobertura e do atendimento a quem dela necessita.

Infelizmente, esse não é o posicionamento do Supremo Tribunal Federal ( STF),

corte jurídica máxima do país, que reconheceu a constitucionalidade do dispositivo

alterado e contradizendo posições claras da maioria doutrinária:

PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AUXILIO-RECLUSÃO. ART. 201, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LIMITAÇÃO DO UNIVERSO DOS CONTEMPLADOS PELO AUXÍLIO-RECLUSÃO. BENEFÍCIO RESTRITO AOS SEGURADOS PRESOS DE BAIXA RENDA. RESTRIÇÃO INTRODUZIDA PELA EC 20/1998. SELETIVIDADE FUNDADA NA RENDA DO SEGURADO PRESO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. I- Segundo decorre do art. 201, IV, da Constituição, a renda do segurado preso é que a deve ser utilizada como parâmetro para a concessão do beneficio previdenciário e não a de seus dependentes. II- Tal compreensão se extrai da redação dada ao referido dispositivo pela EC 20/1998, que restringiu o universo daqueles alcançados pelo auxílio reclusão, a qual adotou o critério da seletividade para apurar a efetiva necessidade dos beneficiários. III – Diante disso, o artigo 116 do Decreto 3.048/1999 não padece do vicio da

Page 8: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

inconstitucionalidade. IV- Recurso extraordinário conhecido e provido. (RE 587365, Relator (a) Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 25/03/2009, repercussão geral-mérito.Dje-084 divulg. 07/05/2009, public. 08/05/2009, ement vol. 02359-08 pp 0136).

Para a manutenção do auxílio-reclusão, assim como sua concessão, é cogente a

observância de requisitos enumerados pelo decreto já comentado, sob pena de sua

extinção ou suspensão. Faz-se imprescindível, por exigência do artigo 117, §1º do artigo

já revelado, que os beneficiários cumpram a obrigatoriedade, trimestralmente, de

comprovar, por via de atestado de autoridade competente, a permanência de reclusão em

regime fechado ou semi-aberto de seu respectivo segurado. Esta requisição preceitua o

resguardo da condição contínua de reclusão do provedor, que é “fato gerador” do

benefício, uma vez que tal pode ser extinto, seja pela colocação definitiva do mesmo em

liberdade (ou regime aberto), óbito no cumprimento da pena privativa de liberdade

(caso em que será convertida em pensão por morte), ou mesmo suspensa pela sua fuga

ou não apresentação da comprovação, por negligência. Aqui, novos questionamentos

podem ser expostos.

É plausível, se não sociologicamente, pelo menos juridicamente, a extinção do

benefício por término da pena de efetiva/parcial reclusão ou óbito do segurado; bem

como sua suspensão pela não apresentação do atestado. Todavia, a sua suspensão por

fuga não se mostra razoável. Prevalece o entendimento da doutrina majoritária,

conjuntamente com jurisprudências condizentes, que só caberia a restituição do

benefício, caso o fugitivo fosse capturado. Espanta a isenção de nossos juristas pela

ausência de críticas quanto ao dispositivo da lei e a solução encontrada pelo legislador

como causa suspensiva do direito previdenciário, sem levantar possibilidades (não

foram encontradas opiniões divergentes, dentro de uma pesquisa realizada) acerca da

legitimidade constitucional de tal “resolução jurídica”.

A fuga concretizada pelo aprisionado configura uma situação peculiar, com

evidências explícitas da singularidade social que tal fato possui. A responsabilidade de

tal ato deve ser dirigida ao fugitivo (mitigado pela compreensão de que a busca pela

liberdade é inerente ao ser humano), em concorrência com a ineficiência obrigacional

do Estado de valer seu poder coercitivo e, por fim, impedir o escape. A família, ou seja,

os dependentes financeiros, em nada pode ser responsabilizada e muito menos punida

Page 9: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

por ato exclusivo de seu provedor e pela incapacidade de ação estatal. Claramente, o

mero fato da fuga, não tende a alterar a situação de inópia vivida pelo núcleo familiar já

que, dificilmente, seu provedor, em condições de fugitivo, encontraria meios hábeis

para satisfazer as necessidades de seus familiares. Consequentemente, não é somente a

efetiva prisão do segurado que cria a situação de calamidade social e sim, com mais

razoabilidade, a existência de uma pena privativa de liberdade daquele que

impossibilita, por meios legítimos, de continuar o sustento de seus entes. É, em nosso

ver, um novo meio imoral de se apenar a família por erros cometidos por seu familiar

preso, o que, prima facie, configura sua inconstitucionalidade, já que a pena não pode

ultrapassar a figura do preso (princípio da pessoalidade, que justifica também, a

inconstitucionalidade da exigência de “baixa renda” já discernida).

O valor pago pelo auxílio-reclusão obedece correções previstas, também, em

portarias do Executivo e, por determinação legal, não poderá ser inferior ao salário

mínimo. Esta imposição procura resguardar a dignidade dos familiares, pois se assim

não fosse, as contínuas ingerências inflacionárias dinamitariam o seu real poder de

sustento. Cabe ressaltar, por fim, que divergentemente da opinião popular, o auxílio

assume um valor global, ou seja, o valor auferido de acordo com a contribuição

realizada pelo recluso não é devido para cada um dos dependentes, mas este quantitativo

total é rateado. Isto preceitua que salvo a existência de um único dependente, o

benefício recebido será sempre menor que o salário mínimo vigente, o que desmitifica a

opinião corrente de que o auxílio-reclusão criaria uma situação de privilégio aos

familiares do preso, já que, de acordo com este frágil discurso, estes receberiam mais

que um trabalhador não condenado com rendas auferidas pelo mínimo salarial

permitido.

Observamos, em linhas gerais, os contornos atuais referentes ao auxílio-reclusão

no Brasil. Diferentemente de informações correntes, para a concessão do referente

benefício, não é todo recluso que possui a qualidade jurídica suficiente para possibilitar

aos seus dependentes o seu recebimento. Pelo contrário, a sistemática jurídica

estabelece múltiplos requisitos a serem preenchidos, sendo os principais a prévia de

contribuição previdenciária, conjuntamente com a comprovação de baixa renda do

recluso (condição considerada constitucional pela Suprema Corte). Logo, não somente

se configura plenamente compatível com o princípio da dignidade da pessoa humana,

Page 10: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

como também necessita-se extirpar suas ainda incoerências contemporâneas para que

atinja sua máxime que é a atuação de um Estado Social coerente, com a busca

incessante da contenção das marginalidades sociais.

3) O auxílio-reclusão como justiça, sua realidade social e frese

política legitimada pela PEC 304/13 e o Projeto de Lei 5671/13

De acordo com dados obtidos no site da Previdência Social, o auxílio-reclusão

vem, desde junho de 1998, aumentando sua base de beneficiados, tendo atingido em

2009 o total de 25.078 auxílios liberados. Ainda assim, de acordo com estes dados

oficiais, o total, se comparado com a margem global de benefícios pagos pelo referido

órgão, representou apenas 0.09%. Estes dados revelam o baixo impacto financeiro do

benefício-reclusão, em contraste com o frenesi causado socialmente pelo seu

pagamento.

Não são poucos os sites populares na internet que refletem acerca do que

consideram “injusto” o pagamento do benefício. A opinião disseminada se dá pela

interpretação errônea de que o auxílio-reclusão seria um prêmio à família do preso por

este ter cometido um crime, sendo comum e ironicamente denominado “bolsa-

marginal” ou “auxílio-bandido” e “prêmio-crime”. O que se revela é a completa

leviandade em se perceber a sua utilidade social e seu importante papel de minimizador

das marginalidades tão características da sociedade brasileira.

O auxílio reclusão, como os demais benefícios pagos pela Previdência, possui

um valor máximo a ser pago aos dependentes do recluso, além da exigência de baixa

renda promulgada constitucionalmente. Obviamente, pelos requisitos aqui elencados,

esse benefício se destina aos mais necessitados, aqueles que efetivamente sentirão a

ausência financeira de seu ente preso. Seu objetivo maior é resguardar a família do

aprisionado, que tende a ter uma situação precária pela coerção estatal, marginalizando-

se ainda mais do que quando este, parcamente, contribuía para o sustento do lar. É a

própria reflexão moral de um Estado que pretende ser social, que visa proteger seus

Page 11: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

cidadãos e não fazer com que erros do recluso alcance financeiramente aqueles em que

nada contribuíram para tal fato divergente. Afinal, já se torna suficientemente doloroso

o sofrimento trazido pela ausência física de seu parente e pela sua condição de

indignidade, que em nome de um Direito penal falido, lhe coloca em situações

deploráveis de cárcere tão comuns no sistema presidiário nacional.

Não bastasse esta advertência, a exigência da prévia contributiva do recluso

denota outro dado sociológico interessante. É razoável pensar, dentro de uma

possibilidade fática e não meramente legal (afinal o Direito representa uma ciência

humana, logo conectado com a dinâmica social), que se o então recluso contribuía para

a previdência social, a ilicitude não tenderia a ser sua prática principal. Esta

contribuição corrobora a densa possibilidade do aprisionado ser um trabalhador comum,

legitimado em seu anseio pela sobrevivência e que, por questões díspares da vida,

cometeu um ato criminoso. Afinal, mais uma vez diferentemente do pensamento

popular, a reclusão de regime fechado ou semi-aberto pode ser alcançada por diversos

crimes e não apenas pelo crime de latrocínio, tráfico de drogas ou, em resumo, crimes

hediondos. Neste sentido, a humanização do benefício precisa ser alcançada, a fim de

que se interprete a realidade a qual se propõe proteger e exterminar, por vez, as

desconfianças de sua eticidade.

Em brilhante artigo intitulado “Acesso à justiça, exclusão social e auxílio-

reclusão: constatações de uma pesquisa empírica”, Elizabete David Novaes e Maressa

Mello de Paula cientificam esta discussão. Como premissa, analisam que deve se ter em

mente que o acesso à justiça aos mais necessitados não é uma realidade vivida no país

(muito embora prevista constitucionalmente), associado ao fato de que o cárcere

somente cumpre sua função de retirar o criminoso do convívio social. A conjugação

desta triste verdade enfatiza a permanência de uma sociedade em que maiorias são

colocadas ao relento, impossibilitando o exercício da ampla defesa na dinâmica penal,

estratificando ainda mais uma sociedade hierarquizada em que o Direito Penal se

direciona ferozmente aos necessitados.

Observam as autoras que o acesso informativo também não é cumprido após a

condenação do apenado, principalmente quando este é pobre. Basta afirmar a

fragilidade da Defensoria Pública no Brasil, representado pela sua inexistência em

muitos estados federativos e quando existe, esta é escassa de funcionários, se

Page 12: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

comparado os muitos pedidos de assessoria gratuita. Fatores que provocam a

permanência da injustiça aos mais pobres, que não possuem, em muitos casos,

informação imprescindível para o acesso ao seu direito previdenciário, pelo órgão

governamental.

A fim de substanciar as dinâmicas reais provocadas pelo recebimento do auxílio

em questão, as eminentes pesquisadoras efetivaram uma pesquisa de campo com

famílias beneficiárias. Por meio de entrevistas não direcionadas, a contemplação da vida

concreta destas se tornou possível, expondo situações individuais e outras corriqueiras

que fazem parte de seu cotidiano.

Entre as conclusões presentes, afirmam as cientistas que todas as famílias

entrevistadas convergiram para a importância do pagamento do benefício e que este é

essencial para o provimento familiar, além de possibilitar recursos para visitas rotineiras

ao seu familiar preso. Este foi o relato emocionado da “entrevistada 1”, ao confirmar:

“A única coisa é que eu gasto um tantão indo visitar ele na cadeia. Quando teve a rebelião na cadeia que ele estava queera aqui perto, ele foi transferido para longe. Eu gasto mais dinheiro para visitar ele. E agora eu recebo o dinheiro, que antes ele não me dava nada.” (NOVAES & DE PAULA, 2009, p.84).

Em continuidade, outros depoimentos são relevadores das nuances que precisam

ser concatenadas à efetividade social do auxílio-reclusão. Muito interessante o

comentário, por mais de uma entrevistada, da ausência de informação oficial (como pré-

confirmado) quanto ao seu direito. A comunicação da possibilidade de auxílio estatal,

quando seu familiar, contribuinte costumeiro da previdência se encontra em cárcere, se

deu por vias de uma intensa rede de relações sociais que são formalizadas em suas

vizinhanças. A situação anacrônica, além da pobreza emergente comum entre os

vizinhos dos beneficiários, enfatiza que o encarceramento não é uma excepcionalidade

vivenciada. Em outros momentos da entrevista, familiares abonam a experiência de se

ter um familiar recluso como um fato habitual entre suas relações pessoais, sendo este o

meio efetivo de comunicação do direito previdenciário. Infeliz verdade, como

demostrado a seguir:

Page 13: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

“É que aqui no meu bairro tem mais gente que está na cadeia, e as vizinhas me falaram que se ele tivesse carteira de trabalho que eu receberia dinheiro enquanto ele estava preso” (Entrevistada 01)

“A minha comadre que me contou, ela recebia do marido queestava preso, aí eu fui lá na sua faculdade para que pedissem o dinheiro para mim. (Entrevistada 03)

“Eu pedi sim (o auxílio-reclusão). Aqui no bairro todo mundo sabe desse benefício, né, tem bastante gente que já foi presa por aqui.” (Entrevistada 04)” (NOVAES & DE PAULA, 2009, p.83).

Este trabalho realizado, em que procurou a vivência factual dos que usufruem do

auxílio reclusão, reflete aspectos muitas vezes negligenciados, seja pelos poderes, seja

pela sociedade. A ausência de pesquisas de campo no âmbito jurídico quanto à

existência concreta do benefício (em uma rápida pesquisa, não foram encontrados

outros trabalhos do ramo jurídico que buscassem ouvir os beneficiários) estimula a

ignorância da importância socializante e da marginalidade financeira que aqueles que o

obtém vivem. Preceito suficiente para o avanço de preposições legais esdrúxulas que

estratificam preconceitos e estigmas quanto ao auxílio em debate, que em nada se

conformam com a incessante realização de uma sociedade igualitária e afeita aos mais

necessitados. Modelos destas propostas abomináveis que tão-somente atestam o fosso

entre a política brasileira e os parâmetros de justiça e igualdade, estão a PEC 304/13 e o

Projeto de Lei 5671/13.

Intencionando recepcionar as abominações sociais que censuram a existência do

auxilio-reclusão no direito brasileiro, a Proposta de Emenda Constitucional 304/13

(PEC 304\13) e o Projeto de lei 5671/13 sugerem alterações legislativas, a fim do que

julgam ser uma resposta aos clamores sociais pelas “injustiças” trazidas pela sua

continuidade, nos moldes atuais. A PEC 304/13, apresentada pela deputada Antônia

Lúcia (PSC-AC) sugere a extinção do auxílio.

Em contrapartida ao aniquilamento do benefício previdenciário, esta emenda

constitucional cria um benefício mensal no valor de um salário mínimo para as vítimas

de crimes e suas famílias. Este novo benefício objetiva pagar à pessoa ofendida por um

crime, durante o tempo em que esta estiver afastada ou no caso de sua morte, a seus

familiares; de acordo com legislação posterior. Em consonância com o substituído,

Page 14: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

prevê que esta nova modalidade de “auxílio-vítima” será impossibilitada aos que

usufruem de pensão por morte, auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.

Nas palavras da própria deputada, isto seria uma medida de justiça, uma vez que

ao disponibilizar o pagamento previdenciário pra vítima e não para a família do recluso,

assumiria o Estado seu papel de amparo aos injustiçados pela atividade criminal. Não

satisfeita, ainda declara considerar uma aberração o Estado ter benefícios ao criminoso e

seus familiares, enquanto que a vítima permanece desamparada, sendo isto um estímulo

à atividade criminosa. Em outras palavras, na percepção da representante popular, o

auxílio-reclusão seria uma bonificação ao aprisionado por este não seguir as proibições

exigidas pelo Estado.

A proposta, claramente popularesca, ganhou imensa visibilidade, sendo discutida

em diversos fóruns na internet e petições eletrônicas, no intuito de pressionar os órgãos

do Poder Legislativo a aprovarem a emenda. A neurose pública chegou a tal ponto, que

o próprio sítio eletrônico da Câmara dos Deputados disponibilizou uma enquete para

verificar o apoio popular à proposta apresentada. No dia 26/04/2014, a imensa maioria

dos votantes (precisamente 94,52%) apoia à emenda, contra os parcos 5,04% que se

posicionaram contra seu teor.

Já a proposta de lei 5671/13 é menos abrupta que a famigerada emenda.

Sugerida pelo deputado André Moura (PSC-SE), concidentemente do mesmo partido da

deputada antecedente, esta lei objetiva o rateio do benefício-reclusão entre os familiares

do recluso e os da vítima. Em consonância com a opinião refletida pela deputada, sugere

o deputado ser injusto se beneficiar apenas os familiares do aprisionado, deixando a

vítima e seus familiares sem proteção social ou financeira. Além do mais, em sua

entrevista ao próprio veículo de comunicação da Câmara dos Deputados, reafirma o

autor do projeto à fatídica opinião, já explicitada aqui suas falhas, que o valor médio do

auxílio é de R$ 900,00, bem acima do valor do salário mínimo. Assim, apontando o que

considera ser um caminho mais equilibrado, explica que sua preposição legislativa não

busca o fim do benefício, mas sim a divisão, em partes iguais, entre os familiares da

vítima e do segurado.

Tais sugestões de alteração legislativas podem ser configuradas como aberrações

jurídicas. Em seus discursos há um completo desvirtuamento do propósito social do

benefício, na qual se objetiva atrair a atenção das maiorias contra as minorias

Page 15: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

necessitadas, com argumentativas falseadas. Antes de adentrarmos nos princípios

jurídicos, além daqueles já comentados e que resguardam o auxílio-reclusão como fonte

de igualdade social, façamos algumas prévias.

Primeiramente, a argumentativa utilizada de que não há previsão legislativa que

socorra a vítima de crimes no ordenamento jurídico se mostra falível. Nossa

Constituição descreve em seu artigo 245: “A lei disporá sobre as hipóteses e condições

em que o Poder Público dará assistência aos herdeiros e dependentes carentes de

pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor do

ilícito”. Ou seja, existe a previsão constitucional para a configuração assistencial aos

dependentes das vítimas de crimes. O que carece é a omissão legislativa para a

efetividade deste mandamus constitucional, havendo, então, uma preocupação máxima

do constituinte tanto com os dependentes da vítima quanto com os do recluso e a

intenção explícita de prever separadamente ambas, não fazendo substituir uma pela

outra. Logo, tal intencionalidade seria uma verdadeira fraude ao constituinte originário,

dilapidando reflexamente as proteções sociais de competência do Estado, que este não

pode se eximir de efetivar.

Além deste argumento jurídico, temos dados sociológicos que afirmam o baixo

impacto do benefício perante a população carcerária nacional. Segundo fontes da

Previdência Social, no ano 2009, aproximadamente 25.000 auxílios foram liberados,

ocasionando um gasto estimado de R$148.000.000. Se compararmos os gastos da

Previdência Social com o pagamento de benefícios, que foi na ordem de R$ 224,876

bilhões, percebemos que o valor global do auxílio tão atacado é irrisório para as

despesas previdenciárias (cerca de 0,5% do total). Tem-se também a realidade que a

população carcerária brasileira neste período, de acordo com o Ministério da Justiça, era

próxima dos quinhentos mil, reafirmando que nem 5% dos reclusos recebem o

benefício, quer dizer, porcentagem ínfima. De tal modo, observa-se o baixo impacto

financeiro e de captação da população carcerária que o auxílio-reclusão possui no país (

e aqui sim, em nossa visão, ocorre uma séria deficiência do Estado em resguardar as

famílias dos reclusos carentes, retirando a potencialidade do benefício como política

pública protetiva da população carente).

Destarte aos tamanhos ataques que a configuração do benefício sofre, este se

apresenta como fundamental. Ele se adequa perfeitamente, além dos preceitos de justiça

Page 16: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

social e outros já discutidos, à proteção da família determinada ao Estado pelo artigo

226 de nossa Carta Maior. A dignidade da entidade familiar, sofrida pelo impacto

financeiro de ver seu provedor condenado e impossibilitado de concorrer para o sustento

é o cerne do auxílio em questão. Neste sentido, acertadamente, o constituinte instituiu a

proteção familiar do recluso como norma cogente constitucional, efetivando sua

manutenção e não ausentando a responsabilidade dos poderes públicos perante tal

propósito. Nesse sentido que a doutrina reconhece o mesmo não como um benefício

previdenciário de natureza indenizatória, mas sim alimentar, já que intenciona garantir a

subsistência dos familiares do preso, que pela exigência (questionada neste artigo) da

baixa renda, configura ser uma família não apenas prejudicada pela ausência de seu

parente recluso, mas também vítima das desigualdades sociais. Finalizando, arremata

Zambitte:

“Daí a importância da participação estatal, por meio de instrumentos legais, propiciando uma correção ou, ao menos, minimização das desigualdades sociais. Além disso, o Estado não pode aceitar a desgraça alheia como resultado de sua falta de cuidado com o futuro - devem ser estabelecidos, obrigatoriamente, mecanismos de segurança social.”(ZAMBITTE, 2008, p.1).

4) Conclusão

O seguro-reclusão se consolida como uma importante proteção constitucional,

na qual, a família do recluso fica minimamente resguardada pela ausência do suporte

financeiro de seu recluso a cumprir pena em regime fechado ou semi-aberto. Sua

essencialidade é demonstrada pelo direcionamento às famílias marginalizadas, uma vez

que, mesmo inconstitucionalmente na opinião da doutrina avançada, a emenda

constitucional 20/98 exige a baixa renda como requisito de concessão. Além do mais,

podemos observar que, apesar da neurose social causada pela interpretação incorreta do

benefício, legislativamente transpostas pela PEC 304/13 e do Projeto 5671/13, este não

se dirige ao preso, nem mesmo causa grande impacto aos cofres públicos. O que se

verifica é justamente o contrário, a continuidade da escassez financeira de diversas

famílias que necessitariam do benefício, visto que somente uma pequena parcela da

Page 17: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

população carcerária é capaz de cumprir os delineamentos legais. Requisitos que, ao

nosso ver, são excessivos, excludentes e estritamente objetivos, pois não levam em

consideração as especificidades e necessidade de cada família para sua concessão.

Assim, conclui-se que o auxílio-reclusão necessita de mais pesquisas que vão

além dos aspectos legais, no intuito de adentrar na realidade social que o envolve, as

desigualdades que o contorna e, principalmente, entender como a Constituição ganha

vivacidade perante esta parcela da sociedade. Somente assim, exterminará, em

definitivo, as apreensões de que este seria um benefício injusto, propostas legislativas

absurdas, seja em sua dinâmica jurídica ou social. Reflexamente, os intuitos do

constituinte em prevê-lo serão valorizados: resguardar o bem-estar da família do

recluso, a dignidade de seus membros e a conformação maior de um Estado Social e

Democrático de Direito.

Bibliografia

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. O Conteúdo Jurídico do Princípio da

Igualdade. São Paulo: Malheiros, 2005.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Proposta divide auxílio financeiro entre família do

preso e da vítima. 2013. Disponível em:

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/ASSISTENCIA-SOCIAL/448406-

PROPOSTA-DIVIDE-AUXILIO-FINANCEIRO-ENTRE-FAMILIA-DO-PRESO-E-DA-

VITIMA.html.

_______. Câmara dos Deputados. PEC acaba com auxílio-reclusão de criminoso e cria

benefício para vítimas de crimes. 2014. Disponível em:

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/ASSISTENCIA-SOCIAL/460890-PEC-

ACABA-COM-AUXILIO-RECLUSAO-DE-CRIMINOSO-E-CRIA-BENEFICIO-PARA-

VITIMAS-DE-CRIMES.html.

_______.Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Ministério da

Educação, 1988.

_______. Lei 8213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de Benefícios da

Previdência Social. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 14 de agosto de 1991.

_______. Ministério da Justiça. Sistema Prisional. Disponível em

http://portal.mj.gov.br/main.asp?View={D574E9CE-3C7D-437A-A5B6

22166AD2E896}&BrowserType=NN&LangID=ptbr&params=itemID%3D%7B364AC56A-

DE92-4046-B46C-6B9CC447B586%7D%3B&UIPartUID=%7B2868BA3C-1C72-4347-BE11-

A26F70F4CB26%7D.

_______. Previdência Social. Auxílio-reclusão: uma abordagem conceitual. 2009.

Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_091124-161649-231.pdf.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição.

2ª ed. Coimbra: Ed. Almedina, 1998.

GONÇALVES, Daniel da Silva. Discussão sobre o benefício do auxílio reclusão. In:

Revista Jurídica de Presidente Prudente. Presidente Prudente, v6, nº6, 2010.

Page 18: O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E … CONINTER 3/GT 18/08. CONCEICAO NETTO.pdf · 2Mariana Correa Netto RESUMO: ... Em um primeiro momento, ... assistência social

O AUXÍLIO RECLUSÃO: ENTRE SUAS LIMITAÇÕES ATUAIS E AS ABERRAÇÕES JURÍDICAS PROPOSTAS PELA PEC

304/2013 E O PROJETO DE LEI 5671/13 - HUMANIZAR É PRECISO – CONCEIÇÃO, Eric Fernando Mendes; NETTO, Mariana Correa.

Salvador BA: UCSal, 8 a 10 de Outubro de 2014,

ISSN 2316-266X, n.3, v. 18, p. 121-138

1. 1

GRAGNER, Fábio. Previdência teve arrecadação e gasto recorde em 2009. In: Folha de

São Paulo. 2010.

MONTENEGRO, Manuel Carlos. Auxílio-reclusão ajuda no sustento de famílias de

40,5 mil presos segurados do INSS. In: Portal do CNJ. 2013. Disponível em:

http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/26167-auxilio-reclusao-ajuda-no-sustento-de-familias-de-

405-mil-presos-segurados-do-inss.

NOVAES e DE PAULA, Elizabeth David, Maressa Mello. Acesso à justiça, exclusão

social e auxílio-reclusão: constatações de uma pesquisa empírica. In: Revista Jurídica COC.

Ribeirão Preto: Editora COC, ano 1, nº1, 2008.

PEREIRA e LOPES, Sarah Caroline de Deus e Tassya Gonzales. Maximização dos

Direitos Fundamentais pelo benefício previdenciário do auxílio-reclusão. In: Revista SJRJ.

Rio de Janeiro, v.19, nº 35, 2012.

RODRIGUES, Daiane Dias. As restrições estabelecidas pela Emenda Constitucional

20/1998 na concessão do beneficio previdenciário de auxílio reclusão frente aos princípios

constitucionais de proteção. In: Revista do Instituto de Estudos Previdenciário. Belo

Horizonte, ano 08, nº. 29, 2014. Disponível em:

http://www.ieprev.com.br/conteudo/id/33969/t/as-restricoes-estabelecidas-pela-emenda-

constitucional-20-1998-na-concessao-do-beneficio-previdenciario-de-auxilio-reclusao .

ZAMBITTE, Fábio. Curso de Direito Previdenciário. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

ZANELA e BAEZ, Arnaldo e Narciso Leandro Xavier. Previdência Social: Auxílio-

Reclusão. In: Unoesc & Ciência-ACSA. Joaçaba, v.1, n.2, jul\dez, 2010.