ceic - itau conceicao
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8/16/2019 CEIC - Itau Conceicao
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Universidade Presbiteriana Mackenzie
Centro Empresarial Itaú:
do edifício à cidade
Jaime Cupertino
Orientador:
Ruth Verde Zein
Dissertação apresentada à universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para a obtenção do título de Mestre em Arquitetura
São Paulo Agosto de 2009
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Dedico a
Neuza e Jairo que me deram regua e compasso
Ti, Fabio e Teo que me deram um sentido.
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Agradecimentos
Nadia Somech por sutilmente me envolver na idéia.
Ruth Verde Zein pelo continuo incentivo, orientação e paciência.
Christina MB Cupertino por me orientar no nebuloso território da filosofia.
Eduardo Martins Ferreira e Rogério Batagliese pela indignação a cada pensamento de desistir.
Santiago d’Ávila por sua incansável ajuda e paciência.
Teo Menna pelo design.
Haile Nunes, Raquel M M Pereira e Tatiana Fuentes por
manterem as coisas andando bem.
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Resumo
Esta dissertação parte da análise do projeto do Centro Empresarial Itaú (CEI), de que sou co-autor, buscando configurar um caso de pesquisa em projeto.
Este projeto representa um caso particular da produção da cidade, sendo um raro exemplo de ação direta da Emurb, ou seja do Esta- do, na urbanização da cidade, onde podemos perceber suas quali- dades e limitações.
A estrutura da dissertação tem o ponto de partida a experiência do autor, contrariando a forma convencional de passar do geral para o particular.
Analisa o projeto do CEI, não de forma sistemática e descritiva, mas buscando retomar o processo de projeto. Segue seu desen- volvimento no tempo, identificando os pontos mais relevantes e tentando esclarecer os critérios e os contextos das decisões de projeto. O objetivo desse procedimento é permitir que as soluções principais sejam vistas e entendidas dentro do horizonte e do sen- tido que elas tinham quando foram tomadas.
O projeto é também analisado pela ótica de sua tipologia funcion-
al, entendendo de forma breve sua evolução histórica e comparan-do-o com outros projetos realizados dentro de contextos similares, tanto em relação ao programa, como em relação ao local: a cidade de São Paulo.
Por último analiso o que considero seu aspecto mais relevante, sua relação com a cidade, já não mais na escala da relação do edifício com seu entorno imediato, mas sim como um elemento do proces- so de construção da cidade, que surge a partir de ações do Estado quando este regulamenta sua ocupação ou executa diretamente
edifícios, espaços públicos e obras de infra-estrutura, mas princi- palmente da ação pulverizada de milhares de pessoas ou grupos que planejam e constróem edifícios.
Abstract
This dissertation departs from the analysis of the project of Cen- tro Empresarial Itaú (CEI), of which I am co-author, searching to configure a case of research in design.
This project represents a particular case of the development of the city, being an example of direct action of Emurb (meaning the State) in its urbanization, where we can perceive its qualities and limitations.
The structure of the dissertation has, as the starting point, the experience of the author. It analyzes the project of the CEI, not in a systematic and descriptive form, but searching to unveil the designing process. It follows its development in time, identifying
the relevant points and trying to clarify the criteria and the con- texts of the design’s decision making. The objective of this pro- cedure is to allow that the main solutions are understood inside of the horizon and in the direction that they had when they had been made.
The project also is analyzed by the optics of its functional typol- ogy, understanding its historical evolution and comparing it with other projects in similar contexts, either regarding the program, or
the site: the city of São Paulo. Finally I analyze what I consider itsmore important aspect, its relation with the city, not only trough the relation of the building with its immediate surroundings, but as an element of the process of construction of the city.
This process is here considered as a result of the action of the State, when it regulates its occupation or executes buildings, pub- lic spaces and infrastructure. But also mainly as an effect of the sprayed action of thousand of individuals or groups that plan and build.
Resumo / Abstract
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Introdução 6 Justificativa 9
Fundamentos do Método 11 A pesquisa em projeto
Centro Itaú Conceição- Processo de projeto Origem do projeto 19
Precedentes 20 E3 e E4 (1982-1985) 26 Área computável e volumetria 26 Torre escritório e Pavimento Tipo 31 Arquitetura e marketing 33 Arquitetura e Arte 35 E2 - Torre Itaúsa (1985-1990) 37
Portal de Acesso 38 Pavimento Tipo 39 Volumetria e Estrutura da torre 39 E5 – Torre Eudoro Vilela (2000 – 2005) 40 Jones Lang LaSalle 41 Forma de desenvolvimento do projeto 44 Torre e Pavimento Tipo 44
Sumário
Edifícios Administrativos 73 Tradição e inovação 74 A tradição americana 75 A Tradição Européia 76 Análise de projetos 77
Precedentes 79 Localização (contexto urbano) 91 Áreas públicas, privativas e acessos 94 Área privada comum 95 Programas usos / espaços 96 Pavimento tipo 98 Estrutura e tecnologia 99
A construção da cidade 92
Projeto CURA 93 CURA Conceição 97 Private Owned Public Space 105
Considerações finais 114
Referências / Lista de imagens 116
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Arquitetura não é uma experiência que as palavras vão traduzir posteriormente. Como o próprio poema, ela é em sua presença, que constitui os meios e os fins da experiência. No entanto, ao reconhecer que a experiência humana é sempre mediada linguisticamente, e dado nosso contexto tecnopolítico particular, podemos perguntar: o que a arquitetura representa como estágio
da vida cotidiana do final desse século XX ? 1
Introdução
A proposta de escrever um texto sobre um projeto sempre me pre- ocupou. Como esta claro no pensamento de Perez-Gomez a rela- ção da arquitetura com a palavra é uma relação indireta, que pode ser significativa ou não, mas nunca a expressará completamente, portanto ao iniciar um esforço nesta direção temos que estar pre- parados para seu previsível fracasso.
Gostaria, de inicio, para explorar melhor esta idéia, partir de uma experiência particular, que foi entrar pela primeira vez na Casa da Cascata, de Frank L. Wright, projeto largamente conhecido por todos arquitetos e que pessoalmente já conhecia a partir de varias publicações há mais de três décadas.
Por mais que se conheça a obra do arquiteto, que já tenham sidovistos fotos, filmes, plantas ou perspectivas, aproximar-se e estar lá deflagra uma experiência. Uma experiência particular, única, assim como a que é vivida em cada obra arquitetônica, não im- porta sua relevância ou qualidade, nem mesmo a consciência que temos de que estamos vivendo uma experiência.
A Casa da Cascata, devido ao seu caráter icônico no mundo da ar- quitetura, tem uma imagem específica associada a ela que é a vista onde aparece a cascata e a casa, de forma que, sempre que nos refe-
rirmos a esta obra é esta a imagem que virá à mente. Porem o local de onde é possível esta visão não tem uso nenhum e as pessoas não iriam até lá para nada, ou seja, esta é uma percepção da casa que não existe durante seu uso e sua única função é reforçar a imagem inicial da concepção de Wright.
Surge aqui uma dificuldade adicional, já que não são somente as palavras que tem uma relação limitada com a experiência da ar- quitetura, mas também como vemos aqui, as imagens. Talvez a
1 HOLL, Steven; PALLASMAA; PEREZ-GOMEZ, Alberto Juhani. Question of Perception: Phenomenology of Architecture. Tokyo: a+u Publishing, 2006. p. 8.
Casa da cascata. Arq. Frank Lloyd Wright.
Casa da cascata. Arq. Frank Lloyd Wright.
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relação através das imagens seja ainda mais perigosa, pois induz à ilusão de que se está conhecendo a realidade diretamente, en- quanto que a palavra sempre aciona a mediação da imaginação. O mais impressionante neste caso é que, sendo a obra prima de um arquiteto genial, quase todas as vistas reais tem o mesmo impacto
estético da vista oficial e seriam muito mais próximas da experi- ência “in loco”.
O importante a assinalar aqui é que a presença física num espaço projetado e construído supera, em todos os sentidos, as formas de representação daquele projeto, que é a um só tempo processo, re- lação, conhecimento e construção (no sentido literal e no existen- cial). A representação, seja através de qualquer imagem, seja atra- vés do discurso, desencadeia sempre a constatação de sua própria incompletude, quando falamos da questão da experiência.
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